Prévia do material em texto
ASSUNTO: O SEGUNDO REINADO (PARTE 2) E A CRISE DO IMPÉRIO Resumo Teórico A política externa do Segundo Reinado 1) A Questão Christie (1862–1865) – Antecedentes: Cancelamento dos Tratados Comerciais em 1843 e o Bill Aberdeen em 1845. – 1° episódio: afundamento de um navio inglês (Príncipe de Gales) em 1861. – 2° episódio: conflitos entre oficiais ingleses e soldados brasileiros em 1862. – William Christie (embaixador inglês no Brasil) aprisiona 5 navios brasileiros no porto do RJ a título de indenização. – O BRASIL paga indenização, mas exige desculpas da INGLATERRA por invadir porto do RJ. – Arbítrio internacional de Leopoldo I (BÉLGICA) favorável ao BRASIL; – Negativa inglesa resultou no rompimento de relações diplomáticas entre os dois países em 1863 – INGLATERRA desculpa-se oficialmente em 1865 e reata relações com o Brasil. 2) A Guerra do Paraguai (1864-1870) a) Evolução histórica do Paraguai: • De Francia a Solano Lopez: reformas no Paraguai (Haciendas da Pátria, educação, cotonicultura) b) Causas: 1) Disputas na região platina: As disputas pela navegação nos rios da bacia platina, a existência de territórios fronteiriços em litígio, as alianças e contra alianças entre os países da região (a intervenção do Brasil na política interna do Uruguai, apoiando o Partido Colorado em oposição ao Blanco, a aproximação entre Brasil e Argentina de Bartolomeu Mitre) 2) Política expansionista de Solano López: Tentativa de formar o grande Paraguai em busca de uma saída para o mar 3) Oposição inglesa ao nacionalismo platino. c) Participação de soldados negros e mulatos, livres e escravos, nas tropas brasileiras. • A participação de negros e mulatos nas tropas do exército brasileiro na Guerra do Paraguai, levou os militares a condenarem a instituição da escravidão, o que fortaleceu as campanhas abolicionistas em curso. Fonte: Ricardo Salles. Guerra do Paraguai. Memórias e imagens. Biblioteca Nacional, 2003. 3) Consequências da guerra. – Paraguai: economicamente ficou arruinado; grande parte da população foi vítima do conflito, destruição do seu potencial industrial e eliminação das fazendas da pátria. – Brasil: aumento da dívida externa brasileira, o fortalecimento da identidade nacional, por meio dos voluntários e a valorização do hino e da bandeira imperiais; a consolidação do Exército brasileiro, até então desprestigiado frente ao poder da Guarda Nacional; o avanço da questão abolicionista pelo emprego de libertos e escravos na guerra. Observações: A vitória na Guerra do Paraguai conferiu prestígio, como instituição, ao Exército brasileiro, levando os militares a se insubordinarem contra os desmandos dos políticos civis. Alguns oficiais, influenciados pelos ideais republicanos e pela filosofia positivista passaram a contestar o regime monárquico, sendo levados a integrar o movimento que destituiu a monarquia em 1889. Crise do Império – Golpe Republicano 1) Contexto geral da crise do Império: Transformações econômicas, sociais e políticas que ocorreram na segunda metade do século XIX. a) O fim do tráfico negreiro que acabou por liberar capitais para o surto industrial. b) A expansão do café para o oeste de São Paulo, que permitiu o fortalecimento de uma nova elite econômica que buscava maior autonomia de governo, ao mesmo tempo que se mostrava disposta a participar mais ativamente das decisões políticas. c) O descontentamento do Exército, que voltou fortalecido da Guerra do Paraguai, questionando sua posição subalterna na esfera política, passando a exigir maior participação política. MóDULO DE ESTUDO d) O avanço do abolicionismo, principalmente após a Guerra do Paraguai, fez com o Imperador perdesse sua base sociopolítica na medida que os escravocratas culpavam o trono pelos prejuízos causados pela abolição dos escravos. e) Por fim, todas essas situações contribuíram para o avanço do Republicanismo, que tem no Manifesto Republicano de 1870 e na fundação do Partido Republicano de 1873 dois momentos de grande relevância. f) Ao que tudo indica, o Império fragilizou-se por não conseguir atender às novas expectativas resultantes destas transformações, ruindo aos poucos, sem esboçar qualquer reação capaz de deter seu desmoronamento. 2) Aspectos específicos da crise a) A Questão Religiosa: – Igreja atrelada ao Estado pelo Padroado e Beneplácito. (Constituição de 1824) – 1864 – Bula Syllabus (Papa Pio IX): maçons expulsos dos quadros da Igreja. – D. Pedro II proíbe tal determinação no Brasil. – Bispos de Olinda e Belém descumprem imperador e são presos. – Posteriormente anistiados. – Igreja deixa de prestar apoio ao Imperador. Charge de Bordallo Pinheiro, de 1875, fazendo referência à Questão Religiosa. A legenda original era: Afinal... deu a mão à palmatória! Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Quest%C3%A3o_religiosa.jpg>. Acesso em 15/07/2017. b) Questão Militar: – Exército desprestigiado pelo governo: baixos soldos, pouca aparelhagem e investimentos. – Exército fortalecido nacionalmente após a Guerra do Paraguai. – Punições do governo a oficiais que manifestavam-se politicamente. • Sena Madureira, Cunha Matos. – Penetração de ideias abolicionistas e republicanas positivistas nos quadros do Exército associam o Império ao atraso institucional e tecnológico do país. c) Questão Abolicionista: – Movimento abolicionista: intelectuais, camadas médias urbanas, setores do Exército. – Prolongamento da escravidão por meio de leis inócuas: • Lei do Ventre Livre (1871): Emancipação dos filhos dos escravos. • Lei dos Sexagenários ou Saraiva-Cotegipe (1885): libertação dos escravos com mais de sessenta anos de idade, embora estes devessem trabalhar mais cinco anos gratuitamente, a título de indenização. • Lei Áurea (1888): Abolição da Escravidão – aristocracia tradicional retira do governo imperial sua última base de sustentação. – Império é atacado por todos os setores, sendo associado ao atraso e decadência. d) Questão Republicana: – 1870: Manifesto Republicano (RJ) – dissidência radical do Partido Liberal. – 1873: Fundação do PRP (Partido Republicano Paulista), vinculado a importantes cafeicultores do Estado. – Descompasso entre poderio econômico dos cafeicultores do oeste paulista e sua pequena participação política. – Abolicionismo em contradição com o escravismo defendido por velhas elites aristocráticas cariocas. – Ideia do Federalismo – maior autonomia estadual. – Apoio de classes médias urbanas, também pouco representadas pelo governo imperial. Observações: As transformações econômicas e sociais que o Brasil viveu em meados do século XIX estiveram em muitos momentos associados a ascensão dos cafeicultores do oeste paulista. Este grupo que se mostrava disposto a ter maior influência no processo político nacional, fez duras críticas ao centralismo imperial definido na Constituição de 1824. A síntese do projeto dos cafeicultores do oeste paulista se apresenta no Manifesto Republicano de 1870 em que destacamos a defesa do federalismo em oposição ao unitarismo monárquico. e) A Proclamação da República (15/11/1889): – 1888 – D. Pedro II tenta implementar reformas políticas inspiradas no republicanismo por meio do Visconde de Ouro Preto: • Autonomia provincial, liberdade de culto e ensino, senado temporário, facilidades de crédito... – Reformas negadas pelo parlamento que é dissolvido pelo imperador. – Republicanos espalham boatos de supostas prisões de líderes militares. – Marechal Deodoro da Fonseca simboliza historicamente este momento. Observações: A Proclamação da República figura entre os mais destacados temas da história nacional. Para esse episódio, existem asmais variadas explicações. Não podemos, no entanto, desconhecer o quadro de instabilidade em que estava mergulhado o Império. A relação do Trono com a Igreja Católica também estava desgastada, especialmente após os episódios envolvendo a Igreja, o Estado e a maçonaria. Após 1870, com o término da Guerra do Paraguai, a situação tende a se agravar quando a percepção por parte dos militares de sua limitada atuação política, estava diretamente associada ao modelo político vigente. Além disso, a participação dos escravos naquele conflito contribuiu para mudar a visão sobre a escravidão por parte de alguns militares que passaram a simpatizar com a causa abolicionista. O avanço dessas ideias comprometia, em muito, a relação do Imperador com os escravocratas, que cobravam uma atuação do Estado a fim de que não tivessem seus interesses econômicos contrariados. Enfim, a condição de continuidade de uma monarquia parecia cada vez mais remota devido à saúde do Imperador e à questão de gênero da sucessora (Princesa Isabel). Na interpretação de muitos, o golpe republicano foi MóDULO DE ESTUDO a conjugação de interesses dos cafeicultores, classe média e militares, ficando a população mais uma vez marginalizada do contexto histórico do seu país como atesta o jornalista Aristides Lobo ao afirmar que ’’O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem saber o que significava. Muitos acreditavam estar vendo uma parada.’’ Homenagem da Revista Illustrada à Proclamação da República. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/71/Republica_no_ brasil.jpg>. Acesso em: 15/07/2017. 3) Diferentes projetos Republicanos: Ainda que unidos em torno do ideal republicano, os idealizadores da República divergiam quanto ao modelo e aos objetivos a serem alcançados. a) República Positivista: Pensamento predominante entre os militares, pretendiam um governo forte e centralizado (unitarismo), valorizador do mérito e disciplinado pela razão, evidenciado na proposta de um estado laico. Prevaleceu entre 1889 e 1894, durante a chamada República da Espada. b) República Liberal: Especialmente os cafeicultores do oeste Paulista pautavam sua proposta nos ideais liberais inspirados no modelo federalista norte-americano, isto é, federalismo descentralizado com grande autonomia para os estados. Prevaleceu entre 1894 e 1930, durante a chamada República Oligárquica. c) República Jacobina: as camadas médias urbanas, inspiradas nas decisões da Convenção Francesa, na qual se destacavam as lideranças do partido Jacobino, pretendiam expandir o conceito de cidadania com a formação de uma República com forte participação popular e favorável à criação de medidas com alcance social. Postura predominante entre setores da classe média urbana. 01. (Enem 2010 – 2ª aplicação) Leia o texto: “Para o Paraguai, portanto, essa foi uma guerra pela sobrevivência. De todo modo, uma guerra contra dois gigantes estava fadada a ser um teste debilitante e severo para uma economia de base tão estreita. Lopez precisava de uma vitória rápida e, se não conseguisse vencer rapidamente, provavelmente não venceria nunca”. (LYNCH, J. “As Repúblicas do Prata: da Independência à Guerra do Paraguai”. BETHELL, Leslie (Org.). História da América Latina: da independência até 1870, v. III. São Paulo: EDUSP, 2004.) A Guerra do Paraguai teve consequências políticas importantes para o Brasil, pois: A) representou a afirmação do Exército Brasileiro como um ator político de primeira ordem. B) confirmou a conquista da hegemonia brasileira sobre a Bacia Platina. C) concretizou a emancipação dos escravos negros. D) incentivou a adoção de um regime constitucional monárquico. E) solucionou a crise financeira, em razão das indenizações recebidas. 02. (UFG/2005) Durante o Segundo Reinado, as relações entre o Brasil e a Inglaterra ficaram tensas. Nesse clima, a Questão Christie (1863) foi deflagrada pela A) resistência das elites escravistas brasileiras em extinguir o tráfico de africanos, gerando descontentamento entre os diplomatas ingleses. B) decisão do governo brasileiro de não renovar o tratado de comércio com a Inglaterra, favorecendo a situação financeira do governo imperial. C) aprovação da Lei Bill Aberdeen pelo Parlamento inglês, proibindo o tráfico de escravos no Atlântico, sob pena da apreensão de navios negreiros. D) pilhagem da carga de um navio inglês naufragado no Brasil e pelo aprisionamento, pela Inglaterra, de navios brasileiros no Rio de Janeiro. E) instabilidade nas relações comerciais do Brasil com a Inglaterra, decorrente da entrada de produtos industrializados, principalmente dos Estados Unidos. 03. (FGV-RJ/2007) No curso do século XIX, os principais conflitos militares, em termos de número de vítimas e impactos sociais, ocorreram no continente americano: a Guerra de Secessão, nos Estados Unidos, entre 1861 e 1865, e a Guerra do Paraguai, envolvendo os governos do Paraguai, da Argentina, do Uruguai e do Brasil, entre 1864 e 1870. Assinale a alternativa que identifica corretamente um efeito comum a esses dois episódios. A) A abolição do regime republicano de governo e o crescimento das influências de militares na vida política. B) A aceleração do crescimento industrial em detrimento da expansão das atividades agroexportadoras. C) A crise do escravismo, fosse por sua abolição, fosse pelo aumento de críticas à sua vigência. D) A corrida armamentista e a implementação do serviço militar obrigatório. E) A adoção de políticas alfandegárias de natureza protecionista associadas ao reforço do intervencionismo estatal. 04. (Enem/2010 – 1ª aplicação) Substitui-se então uma história crítica, profunda, por uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruição da mais gloriosa república que já se viu na América Latina, a do Paraguai. CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado). O imperialismo inglês, “destruindo o Paraguai, mantém o status quo na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado economicamente livre”. Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem alguma repercussão. DORATIOTO, F. Maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (adaptado). 3 Exercícios http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/71/Republica_no_ MóDULO DE ESTUDO Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas estão refletindo sobre A) a carência de fontes para pesquisa sobre os reais motivos dessa Guerra. B) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa Guerra. C) o resultado das intervenções britânicas nos cenários de batalha. D) a dificuldade de elaborar explicações convincentes sobre os motivos dessa Guerra. E) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e argentino durante o conflito. 05. (Unicamp/2012) A política do Império do Brasil em relação ao Paraguai buscou alcançar três objetivos. O primeiro deles foi o de obter a livre navegação do rio Paraguai, de modo a garantir a comunicação marítimo-fluvial da província de Mato Grosso com o restante do Brasil. O segundo objetivo foi o de buscar estabelecer um tratado delimitando as fronteiras com o país guarani. Por último, um objetivo permanente do Império, até o seu fim em 1889, foi o de procurar conter a influência argentina sobre o Paraguai, convencido de que Buenos Aires ambicionava ser o centro de um Estado que abrangesse o antigo vice-reino do Rio da Prata, incorporando o Paraguai. (Adaptado de Francisco Doratioto, Maldita Guerra: nova história da Guerra doParaguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 471.) Sobre o contexto histórico a que o texto se refere é correto afirmar: A) A Guerra do Paraguai foi um instrumento de consolidação de fronteiras e uma demonstração da política externa do Império em relação aos vizinhos, embora tenha gerado desgastes para Pedro II. B) As motivações econômicas eram suficientes para empreender a guerra contra o Paraguai, que pretendia anexar territórios do Brasil, da Bolívia e do Chile, em busca de uma saída para o mar. C) A Argentina pretendia anexar o Paraguai e o Uruguai, mas foi contida pela interferência do Brasil e pela pressão dos EUA, parceiros estratégicos que se opunham à recriação do vice-reino do Rio da Prata. D) O mais longo conflito bélico da América do Sul matou milhares de paraguaios e produziu uma aliança entre indígenas e negros que atuavam contra os brancos descendentes de espanhóis e portugueses. 06. (Vunesp/2011) A Guerra do Paraguai (1864-1870) foi definida, por alguns historiadores, como um momento de apogeu do Império brasileiro. Outros preferiram considerá-la como uma demonstração de seu declínio. Tal discordância se justifica porque o conflito sul-americano A) estabeleceu pleno domínio militar brasileiro na região do Prata, mas provocou grave crise financeira no Brasil. B) abriu o mercado paraguaio para as manufaturas brasileiras, mas não evitou a entrada no Paraguai de mercadorias contrabandeadas. C) freou o crescimento econômico dos países vizinhos, mas permitiu o aumento da influência americana na região. D) ajudou a profissionalizar e politizar o Exército brasileiro, mas contribuiu na difusão, entre suas lideranças, do abolicionismo. E) fez do imperador brasileiro um líder continental, mas gerou a morte de milhares de soldados brasileiros. 07. (UPE/2012) Analise a charge a seguir. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Quest%C3%A3o_religiosa.jpg>. Acesso em 15/07/2017. A charge de Bordallo Pinheiro, publicada em 1875, mostra o imperador D. Pedro II sendo castigado pelo Papa em clara alusão à chamada Questão Religiosa. Sobre esse episódio do final do regime monárquico no Brasil, é correto afirmar que A) a tensão entre Estado e Igreja não contribuiu para a crise da monarquia no Brasil. B) a origem da Questão foi a não determinação de expulsão de maçons das irmandades religiosas por D. Pedro II, descumprindo determinação papal. C) apesar da opinião pública contrária, o imperador manteve na prisão, até o cumprimento total da pena, os dois bispos por não acatarem suas determinações. D) na província de Pernambuco, as determinações de D. Pedro II foram postas em prática pelo bispo de Olinda. E) após o incidente, a Igreja passou a condenar oficialmente a prática da escravidão negra no Brasil. 08. (Enem/2010 – 2ª aplicação) A dependência regional maior ou menor da mão de obra escrava teve reflexos políticos importantes no encaminhamento da extinção da escravatura. Mas a possibilidade e a habilidade de lograr uma solução alternativa – caso típico de São Paulo – desempenharam, ao mesmo tempo, papel relevante. FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000. A crise do escravismo expressava a difícil questão em torno da substituição da mão de obra, que resultou A) na constituição de um mercado interno de mão de obra livre, constituído pelos libertos, uma vez que a maioria dos imigrantes se rebelou contra a superexploração do trabalho. B) no confronto entre a aristocracia tradicional, que defendia a escravidão e os privilégios políticos, e os cafeicultores, que lutavam pela modernização econômica com a adoção do trabalho livre. C) no “branqueamento” da população, para afastar o predomínio das raças consideradas inferiores e concretizar a ideia do Brasil como modelo de civilização dos trópicos. D) no tráfico interprovincial dos escravos das áreas decadentes do Nordeste para o Vale do Paraíba, para a garantia da rentabilidade do café. E) na adoção de formas disfarçadas de trabalho compulsório com emprego dos libertos nos cafezais paulistas, uma vez que os imigrantes foram trabalhar em outras regiões do país. 09. (Enem/2010 – 2ª aplicação) Ó sublime pergaminho Libertação geral A princesa chorou ao receber A rosa de ouro papal Uma chuva de flores cobriu o salão E o negro jornalista MóDULO DE ESTUDO De joelhos beijou a sua mão Uma voz na varanda do paço ecoou: “Meu Deus, meu Deus Está extinta a escravidão” MELODIA, Z.; RUSSO, N.; MADRUGADA, C. Sublime Pergaminho. Disponível em http:// www.letras.terra.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010. O samba-enredo de 1968 reflete e reforça uma concepção acerca do fim da escravidão ainda viva em nossa memória, mas que não encontra respaldo nos estudos históricos mais recentes. Nessa concepção ultrapassada, a abolição é apresentada como A) conquista dos trabalhadores urbanos livres, que demandavam a redução da jornada de trabalho. B) concessão do governo, que ofereceu benefícios aos negros, sem consideração pelas lutas de escravos e abolicionistas. C) ruptura na estrutura socioeconômica do país, sendo responsável pela otimização da inclusão social dos libertos. D) fruto de um pacto social, uma vez que agradaria os agentes históricos envolvidos na questão: fazendeiros, governo e escravos. E) forma de inclusão social, uma vez que a abolição possibilitaria a concretização de direitos civis e sociais para os negros. 10. (Enem/2015) Texto I Em todo o país a Lei de 13 de maio de 1888 libertou poucos negros em relação à população de cor. A maioria já havia conquistado a alforria antes de 1888, por meio de estratégias possíveis. No entanto, a importância histórica da Lei de 1888 não pode ser mensurada apenas em termos numéricos. O impacto que a extinção da escravidão causou numa sociedade constituída a partir da legitimidade da propriedade sobre a pessoa não cabe em cifras. ALBUQUERQUE, W. O jogo da dissimulação: Abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras. 2009 (adaptado). Texto II Nos anos imediatamente anteriores à Abolição, a população livre do Rio de Janeiro se tornou mais numerosa e diversificada. Os escravos, bem menos numerosos que antes, e com os africanos mais aculturados, certamente não se distinguiam muito facilmente dos libertos e dos pretos e pardos livres habitantes da cidade. Também já não é razoável presumir que uma pessoa de cor seja provavelmente cativa, pois os negros libertos e livres poderiam ser encontrados em toda parte. CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. Sâo Paulo: Cia. das Letras. 1990 (adaptado). Sobre o fim da escravidão no Brasil, o elemento destacado no texto I que complementa os argumentos apresentados no texto II é o(a) A) variedade das estratégias de resistência dos cativos. B) controle jurídico exercido pelos proprietários. C) inovação social representada pela lei. D) ineficácia prática da libertação. E) significado político da Abolição. 11. (Enem/2010 – 1ª aplicação) I. Para consolidar-se como governo, a República precisava eliminar as arestas, conciliar-se com o passado monarquista, incorporar distintas vertentes do republicanismo. Tiradentes não deveria ser visto como herói republicano radical, mas sim como herói cívico-religioso, como mártir, integrador, portador da imagem do povo inteiro. CARVALHO, J. M. C. A formação das almas: O imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. II. Ei-lo, o gigante da praça, / O Cristo da multidão! É Tiradentes quem passa / Deixem passar o Titão. ALVES, C. Gonzaga ou a revolução de Minas. In: CARVALHO, J. M. C. A formação das almas: O imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. A PrimeiraRepública brasileira, nos seus primórdios, precisava constituir uma figura heroica capaz de congregar diferenças e sustentar simbolicamente o novo regime. Optando pela figura de Tiradentes, deixou de lado figuras como Frei Caneca ou Bento Gonçalves. A transformação do inconfidente em herói nacional evidencia que o esforço de construção de um simbolismo por parte da República estava relacionado A) ao caráter nacionalista e republicano da Inconfidência, evidenciado nas ideias e na atuação de Tiradentes. B) à identificação da Conjuração Mineira como o movimento precursor do positivismo brasileiro. C) ao fato de a proclamação da República ter sido um movimento de poucas raízes populares, que precisava de legitimação. D) à semelhança física entre Tiradentes e Jesus, que proporcionaria, a um povo católico como o brasileiro, uma fácil identificação. E) ao fato de Frei Caneca e Bento Gonçalves, terem liderado movimentos separatistas no Nordeste e no Sul do país. 12. (Unicamp/2013) Assinale a afirmação correta sobre a política no Segundo Reinado no Brasil. A) Tratava-se de um Estado centralizado, política e administrativamente, sem condições de promover a expansão das forças produtivas no país. B) O imperador se opunha ao sistema eleitoral e exercia os poderes Moderador e Executivo, monopolizando os elementos centrais do sistema político e jurídico. C) O surgimento do Partido Republicano, em 1870, institucionalizou uma proposta federalista que já existia em momentos anteriores. D) A política imigratória, o abolicionismo e a separação entre a Igreja e o Estado fortaleceram a monarquia e suas bases sociais, na década de 1870. 13. (IFMG/2014) Analise a charge publicada em 1887. AGOSTINI, Ângelo. Revista Ilustrada. Disponível em: <http://lounge.obviousmag.org. Acesso em: 27 jul. 2013. Nela, o artista retrata o imperador Dom Pedro II como um governante omisso A) diante dos graves problemas da nação publicados pelos jornais. B) acerca das notícias sobre as pressões inglesas pelo fim do tráfico. C) frente à onda de manifestações feministas divulgadas pela imprensa. D) diante das manchetes diárias sobre a destruição das matas nacionais. 5 http://www.letras.terra.com.br/ http://lounge.obviousmag.org/ 14. (IBMEC/2008) Utilize o texto abaixo para responder ao teste “O povo assistiu bestializado à proclamação da República, segundo Aristides Lobo; não havia povo no Brasil, segundo observadores estrangeiros, inclusive os bem informados como Louis Couty; o povo fluminense não existia, afirmava Raul Pompéia. (…) O povo sabia que o formal não era sério. Não havia caminhos de participação, a República não era para valer. Nessa perspectiva, o bestializado era quem levasse a política a sério, era o que se prestasse à manipulação. Num sentido talvez ainda mais profundo que o dos anarquistas, Na charge, identifica-se uma contradição no retorno de parte dos “Voluntários da Pátria" que lutaram na Guerra do Paraguai (1864-1870), evidenciada na A) negação da cidadania aos familiares cativos. B) concessão de alforrias aos militares escravos. C) perseguição dos escravistas aos soldados negros. D) punição dos feitores aos recrutados compulsoriamente E) suspensão das indenizações aos proprietários prejudicados. a política era tribofe. Quem apenas assistia, como fazia o povo do Rio por ocasião das grandes transformações realizadas a sua revelia, estava longe de ser bestializado. Era bilontra. (CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a república que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 140 e 160.) Glossário: tribofe = deboche e bilontra = esperto Segundo o texto do historiador José Murilo de Carvalho, a Proclamação da República brasileira: A) foi uma passeata de militares que lideraram o povo até o Passo Imperial e, de lá, tiraram D. Pedro II que foi imediatamente deportado para a França; era o início da "república da espada". B) não contou com a participação do povo que ficou à margem no dia 15 de novembro, apenas assistindo às manifestações e assim permaneceu nos anos que se seguiram, à margem dos interesses públicos. C) foi realizada no dia 15 de novembro de 1889 por insistência do Partido Republicano Paulista, PRP, que desejava criar uma ligação entre a nossa proclamação e a Revolução Francesa, proclamando-a um século depois. D) contou com a participação do povo que não assistiu pura e simplesmente às ações de Marechal Deodoro e dos republicanos históricos. Apesar de ser colocado à margem do processo, o povo se posicionou e tomou para si o papel de protagonista dessa história. E) foi liderada por Silva Jardim, do grupo jacobino, os mais exaltados do movimento, que desejavam o fim da monarquia a qualquer preço e foram incumbidos de tirar a família real do palácio e levá-los para a prisão. 15. (Enem/2014) De volta do Paraguai Cheio de glória, coberto de louros, depois de ter derramado seu sangue em defesa da pátria e libertado um povo da escravidão, o voluntário volta ao seu país natal para ver sua mãe amarrada a um tronco horrível de realidade!... AGOSTINI. A vida fluminense, ano 3. n. 128.11 jun. 1870. In: LEMOS. R. (Org.). Uma história do Brasil através da caricatura (1840-2001). Rio de Janeiro: Letras & Expressões. 2001. Adaptado. MóDULO DEESTUDO