Buscar

1 - UNIDADE I - TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Material de apoio 
Professor: Lucas Goulart Consulmagno Prata 
Apresentação Docente: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS: 
• Marlon Tomazette. Curso de Direito Empresarial. Vol. 2 e 3. Editora Saraiva 
• André Santa Cruz. Direito Empresarial Volume Único. Editora Método/Gen 
• Fabio Ulhoa Coelho. Curso de Direito Comercial. Volume que trata de títulos de 
crédito, contratos e recuperação judicial e falência. RT 
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: 
 PROVA: 8,0 TRABALHO ORAL: 2,0 (ENTREGA 15/09/2021) – TEMA: 
UNIDADE V (grupos) 
5. Contratos Empresariais 5.1. Contrato de Franquia: 
5.2. Contrato Bancário: 5.2.1. Contrato de Depósito; 
5.2.2. Contrato de Mútuo; 5.2.3. Contrato de 
Desconto; 5.2.4. Contrato de Abertura de Crédito. 5.3. 
Contrato de Arrendamento Mercantil 5.4. Contrato de 
Cartão de Crédito 
• Semana AV1 – 06/10/2021 – Segundo calendário acadêmico 
• Semana AV2 – 24/11/2021 – Segundo calendário acadêmico 
• Semana AV3 – 08/12/2021 – Segundo calendário acadêmico 
 
 
• Graduado em Direito pelas Faculdades Integradas Vianna Junior Juiz de Fora – MG; 
• Pós-graduação Stricto Sensu: Mestrado em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis – 
UCP, cuja linha de pesquisa é Processo e efetivação da Justiça; 
• Foi Procurador Geral do Município de Belmiro Braga – MG; 
• Foi advogado, durante quatro anos, no escritório Bittencourt e Bissoli Advogados Associados em 
Juiz de Fora – MG, atuando especificamente na defesa dos interesses de grandes empresas e 
também pessoas físicas; 
• Atualmente é advogado com experiência e ênfase no Direito do Consumidor; Direito Civil, 
Direito Processual Civil, Direito Empresarial e Direito Tributário. 
• É professor de Direito Processual Civil, Direito Empresarial, Direito Tributário e Prática 
Processual Civil, no Centro Universitário Estácio, campus de Juiz de Fora – MG. Foi professor 
orientador do núcleo de prática jurídica do Centro Universitário Estácio, campus de Juiz de Fora 
– MG. 
• Foi professor da Pós-graduação lato sensu da PUC - MG 
• Publicou artigos em livros e revistas e organizou livro com múltiplos autores. 
• 
 
FREQUÊNCIA: 
 Diária ao final da aula (resumo 1 semana após falta: 
lucasconsulmagno@hotmail.com) 
 
SALA DE AULA VIRTUAL: https://estudante.estacio.br/login 
 
METODOLOGIA AULA: 
https://www.youtube.com/watch?v=LCRNEbhne-0 (Propósito: Construção 
Conhecimento e conhecimento como via de mão dupla) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://estudante.estacio.br/login
UNIDADE I – TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
INTRODUÇÃO E CONCEITO: 
➔ Os títulos de crédito são, em síntese, instrumento de circulação de riqueza, e a 
sua principal função é justamente permitir que essa circulação se dê de forma 
rápida e segura, o que só é possível, por conta do conjunto de regas e princípios, 
que formam o regime jurídico cambial (direito cambiário). (André Santa Cruz). 
 
➔ O crédito se funda em uma relação de confiança entre dois sujeitos: O que concede 
(credor) e o que dele se beneficia (devedor). Trata-se de mecanismo de enorme 
importância a economia, permitindo dinamicidade nas relações entre pessoas 
com reflexos econômicos, com maior circulação das riquezas. (permitindo 
compra e venda de mercadoria com prazo para pagamento entre fabricante e 
fornecedor até chegar ao consumidor final). 
 
➔ Título de crédito (cheque, duplicata, nota promissória) é o documento 
necessário para o exercício do direito, literal (só vale o que está escrito) e 
autônomo (a invalidade de uma obrigação não invalida outra, se houver) , nele 
mencionado. (Cesare Vivante por Fabio Ulhoa Coelho). 
 
 
➔ Título de crédito é um documento, que se reporta a um fato, ele diz que alguma 
coisa existe. Em outros termos, o título prova a existência de uma relação 
jurídica. Constitui prova de que certa pessoa é credora de outra; Se alguém 
assina um cheque e o entrega para outra pessoa, o título documenta que esta outra 
pessoa é credora da que lhe forneceu. (Fabio Ulhoa) 
 
OBS: O título de crédito é objetivo, não se documenta nele nenhuma outra obrigação 
(como fazer, dar, não fazer. O que se costumeiramente faz por meio de contrato), mas tão 
somente uma relação de crédito. 
Ex: Quando se emite um cheque, em regra, o que se documenta é que uma pessoa 
deve X a outra pessoa, em virtude de uma relação jurídica precedente. 
OBS: O título de crédito possui característica marcante de ser considerado pela lei 
processual, como título executivo extrajudicial, o que facilita sua cobrança em juízo 
(por meio de ação de execução). 
 
CPC 
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: 
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture 
e o cheque; 
OBS: O título de crédito possui facilidade negocial do direito nele mencionado 
(crédito), em virtude da autonomia, enquanto sua característica (a relação jurídica 
cambial, de crédito exarada no título, é autônoma face a relação jurídica contratual que 
lhe deu causa). 
Ex: Se eu sou detentor de uma nota promissória, ou de um cheque pós datado 
(exceção), no valor de R$ 500,00, posso ir até o banco que possuo conta, e caso 
ele aceite, entrego o título a ele, antes do vencimento, ele me antecipa parte do 
valor contido no título (R$ 300,00), e no vencimento o banco desconta a totalidade 
do valor contido no título. 
OBS: Relação cambial x Relação civil: As relações cambiárias são regidas pelo direito 
cambiário e as relações civis são regidas pelo direito civil. 
Ex: Cessão de crédito é regida pelo Direito Civil, portanto, trata-se de uma 
relação civil e não cambiaria, onde uma pessoa cede a um terceiro, um crédito que 
eventualmente tenha. Endosso de título de crédito (instrumento de circulação do 
título entre pessoas) é regida pelo regime jurídico cambial (relação cambial). 
Perceba que a questão de fundo é parecida, transferência de crédito, mas a 
primeira é regida pelo direito civil e a segunda pelo direito cambiário (a 
diferença resulta na maior segurança e facilidade para receber, negociar 
quando se trata de regime cambiário) 
 
➔ PRINCÍPIOS DO DIREITO CAMBIÁRIO: 
- Cartularidade (documentalidade): 
 
Código Civil 
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício 
do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito 
quando preencha os requisitos da lei. 
Para André Santa Cruz, o princípio da cartularidade, dispõe que “o exercício de qualquer 
direito representado no título pressupõe a sua posse legítima. A posse do título (cartula) 
é imprescindível para a comprovação da própria existência do crédito e de sua 
exigibilidade. Pode-se afirmar, que em razão de tal princípio que o direito de crédito 
mencionado na cártula não existe sem ela, não pode ser transmitido sem sua tradição 
e não pode ser exigido sem sua apresentação.” 
OBS: A expressão cartularidade advém do latim chartula (papel pequeno, pedaço de 
papel, escrito de pouca extensão), que remonta a ideia de papel, no sentido de que a 
apresentação do documento seria essencial para o exercício do direito. 
OBS: O princípio da cartularidade envolve as seguintes ideias e suas consequências: 
a) O crédito deve estar materializado (coisificado) em um documento escrito (título); 
b) Não há que se falar em título de crédito verbal; 
c) A materialização do documento não afasta a possibilidade de título de crédito 
emitido a partir dos caracteres de computador ou meio técnico equivalente 
(eletrônico ou virtual) – CCB/02 - Art. 889, § 3º 
Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a 
indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do 
emitente. 
§ 3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em 
computador ou meio técnico equivalente e que constem da 
escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos 
previstos neste artigo. 
d) A posse do título pelo devedor presumeo pagamento do título, pois a entrega da cártula 
ao devedor presume a quitação; 
e) Só é possível protestar o título (meio de coerção ao pagamento) apresentando-o; 
f) Só é possível executar o título apresentando-o, não suprindo a sua ausência nem 
mesmo a apresentação de cópia autenticada, segundo André Santa Cruz. Há 
controvérsia mencionada posteriormente. 
 
OBS: Para a transferência do crédito, é necessária a transferência material do título; 
a) Não se admite transferência parcial do título de crédito – CC/02 - Art. 912, 
parágrafo único. 
CC 
Art. 912 
Parágrafo único. É nulo o endosso parcial. 
OBS: Clausula proibitiva de endosso (transferência). 
Código Civil 
Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de 
juros, a proibitiva de endosso, a excludente de responsabilidade 
pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a observância de 
termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados 
em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações. 
COMO ISSO FOI COBRADO EM PROVA: 
Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-SC Prova: 
CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto 
A aposição de cláusula proibitiva de endosso no título de crédito 
é considerada pelo Código Civil como 
A) nula de pleno direito. 
B) não escrita. 
C) anulável. 
D) válida, se aceita expressamente pelo tomador. 
E) inexistente, se dada no anverso do título. 
RESPOSTA: B 
OBS: Não há que se falar em exigibilidade do crédito sem a apresentação do 
documento. 
a) Os títulos de créditos são de apresentação necessária ao credor; 
b) Em regra, cópia autenticada do título de crédito não supre a apresentação do 
original (Fabio Ulhôa, sustenta que ao se admitir, não se pode assegurar que 
quem está com a cópia, não tenha feito circular o original). Há entendimento 
jurisprudencial em sentido diverso; 
TJMG 
Relator(a): Des.(a) Vicente de Oliveira Silva 
Data de Julgamento: 08/10/2019 
Data da publicação da súmula: 18/10/2019 
Ementa: 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO DE TÍTULO 
EXTRAJUDICIAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. 
EXIBIÇÃO DE CÓPIA AUTÊNTICADA. APRESENTAÇÃO 
DA VIA ORIGINAL DO CONTRATO. 
PRESCINDIBILIDADE. SENTENÇA CASSADA. I - 
Consoante prevê o art. 798, I, do atual CPC, incumbe ao credor 
instruir a petição inicial da execução com o título executivo 
extrajudicial. II - Tratando-se de execução pautada em cópia 
autenticada de cédula de crédito bancário promovida pelo 
credor originário, acompanhada de detalhamento do crédito, 
desnecessária se mostra a exigência formal de via original, 
sobretudo em se tratando de título que não é passível de 
circulação. III - Recurso conhecido e provido. 
 
Trecho do voto do relator: 
Ao analisar as folhas da aludida cédula de crédito bancário (fls. 
32/37), nota-se que elas foram devidamente autenticadas pelo 
tabelião do 28º Ofício de Notas da Comarca do Rio de 
Janeiro/RJ, o que somente foi possível em razão da apresentação 
do original. 
 
Assim, contrariamente o entendimento externado na sentença 
combatida, entendo que não há de se falar em obrigatoriedade 
de juntada do original do contrato, se o exequente juntou a cópia 
autenticada da Cédula de Crédito Bancário. 
 
STJ 
"PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL. 
TÍTULOS QUE SE APRESENTAM POR CÓPIA. 
ADMISSIBILIDADE. I - A execução pode excepcionalmente 
ser instruída por cópia reprográfica do título extrajudicial 
em que fundamentada, prescindindo da apresentação do 
documento original. II - Tal conclusão ainda mais se apresenta 
quando não há dúvida quanto à existência do título e do débito e 
quando comprovado que não circulou. Recurso Especial não 
conhecido". (REsp 820121/ES, Rel. Ministro HUMBERTO 
GOMES DE BARROS, Rel. p/ Acórdão Ministro SIDNEI 
BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/08/2010, DJe 
05/10/2010). 
 
c) Sem apresentação do título de crédito o devedor não está obrigado ao 
pagamento (devendo o credor ajuizar ação de conhecimento). 
d) Se o credor perder o título de crédito (extravio ou deterioração) ou for 
injustamente desapossado (esbulho) pode pedir em juízo a substituição do título 
de crédito ou impedir que o pagamento seja feito a terceiros. 
 
CC 
Art. 908. O possuidor de título dilacerado, porém identificável, 
tem direito a obter do emitente a substituição do anterior, 
mediante a restituição do primeiro e o pagamento das despesas. 
Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for 
injustamente desapossado dele, poderá obter novo título em 
juízo, bem como impedir sejam pagos a outrem capital e 
rendimentos. 
 
- Literalidade: 
É a característica segundo a qual somente produzem efeitos jurídico-cambiais os atos 
lançados no próprio título de crédito, nem mais nem menos. 
“A literalidade, é o princípio que assegura as partes da relação cambial a exata 
correspondência entre o teor do título e o direito que ele representa. Por um lado, o credor 
pode exigir tudo o que está expresso na cártula, não devendo se contentar com menos. 
Por outro lado. O devedor também tem o direito de pagar só o que está expresso no título. 
Assim, uma quitação parcial, deve ser feita no próprio título, pois, caso contrário, 
poderá ser contestada. O mesmo ocorre com o aval e o endosso”. André Santa Cruz 
 
 
 
SÚMULA 387 STF 
A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode 
ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do 
protesto. 
 
Ex.: 
a) aval deve ser dado no próprio título, senão não vale como aval; 
b) quitação do pagamento deve constar do próprio título. 
 
OBS: Quem paga parcialmente, deve exigir o escrito do pagamento parcial no título. Aqui 
vale a máxima de “quem paga errado paga até aprender a pagar certo”. 
 
- Autonomia (abstração e independência): 
OBS: Mais importantes dos princípios do direito cambial, que é a autonomia das 
obrigações documentadas no título. Quando um único título documenta mais de uma 
obrigação, eventual invalidade de uma não prejudica das demais (são autônomas). 
OBS: André Santa Cruz diz: “Pelo princípio da autonomia entende-se, que o título de 
crédito configura documento constitutivo de direito novo, autônomo, originário e 
completamente desvinculado da relação que lhe deu origem. O legitimo (de boa-fé) 
portador do título pode exercer seu direito e crédito sem depender das demais 
relações que o antecederam, estando imune a eventuais vícios anteriores.” TRATA-
SE DE REGRA DE DIREITO CAMBIÁRIO PARA GARANTIR SEGURANÇA 
NA CIRCULAÇÃO DO CRÉDITO. 
Ex: Antônio vende a Maria o seu carro usado, aceitando receber metade do preço 
no prazo de 60 dias. Neste caso emite-se uma nota promissória, obrigando o 
comprador a pagar o valor no prazo. Percebe-se que se desenvolveu uma relação 
jurídica (primeira) de compra e venda precedente, documentado pelo título de 
crédito. 
Imagine que Antônio (vendeu o carro para Maria) é devedor de Carlos, e caso este 
concorde, o débito de Antônio poderá ser pago a Carlos com a transferência do 
crédito em razão da nota promissória da primeira relação jurídica com Maria. 
Realiza-se então o endosso da nota, de Antônio para Carlos (segunda) . Nesta 
hipótese, o título que representava somente a obrigação de Maria pagar 
Antônio, passou a representar outras duas relações, a de Antônio pagando 
Carlos e a de Maria pagar o título a Carlos (terceira). 
 
 
 
 
 Vende 1ª relação jurídica 
Antônio (Proprietário do carro) Maria (compradora carro) 
 
Nota promissória para pagamento em 60 dias (Título de crédito – Devedor Maria) 
 
Endosso do título de Antônio para Carlos 2ª rel. jurídica 
Antônio (possuidor do título) deve Carlos (credor de Antônio) 
 
 3ª rel. jurídica 
Maria (devedora originária de Antônio) passa a dever Carlos 
 
CONCLUSÃO: Se o automóvel adquirido por Maria possuir algum vício, isso não a 
exonera de pagar Carlos (ela que vá discutir via ação própria contra Antônio), em virtude 
de seruma relação cambial. 
OBS: A autonomia é garantia de efetiva circulação do título de crédito, garantindo um 
mínimo de segurança para o terceiro alheio a relação jurídica que originou o título. 
- Abstração: Segundo parte da doutrina, trata-se de subprincípio derivado da autonomia, 
onde o título de crédito, quando posto em circulação (via endosso), se desvincula 
(abstrai-se) da relação fundamental que lhe deu origem. (Fabio Ulhoa) 
Fran Martins diz que os direitos decorrentes do título de crédito são abstratos, não são 
dependentes do negócio que deu lugar ao nascimento do título. 
OBS: abstratos seriam os direitos (de crédito), uma vez que o título de crédito emitido 
liberta-se da sua causa (o contrato) que não poderá futuramente ser alegado para 
invalidar as obrigações decorrentes do título de crédito. Este passa a conter direitos 
(de crédito) abstratos (separados), não cabendo a exigência de contraprestação para 
poder ser satisfeita a obrigação. Apresentou o título, tem direto ao crédito, em regra; 
OBS: Trata-se de regra de direito cambiário, o que em mais um ponto se diferencia do 
tratamento das regras de direito civil puramente. Pressuposto da abstração é a 
circulação do título, de modo que não circulou o título está vinculado a relação 
originária. 
OBS: Cada pessoa que se obriga no título de crédito assume uma obrigação nova 
(autônoma). A autonomia comumente referida na teoria cambiária é a autonomia entre 
os diversos atos cambiários praticados no título. Uma vez emitido, o título pode 
circular independentemente do destino ou resultado do negócio jurídico originário, 
pois cada obrigação consubstanciada no título de crédito tem existência própria e 
autônoma (independente) das demais. 
 
CC 
Art. 905. O possuidor de título ao portador (sem indicação do 
nome da pessoa que vai levantar, não é nominal) tem direito à 
prestação nele indicada, mediante a sua simples apresentação 
ao devedor. 
OBS: Após a circulação do título de crédito, a pessoa que recebe o documento passa 
a ser titular de um direito autônomo, independente da validade da relação jurídica 
anterior existentes entre os possuidores. 
- Inoponibilidade das exceções (defesas) pessoais ao credor de boa-fé: Segundo aprte 
da doutrina trata-se de subprincípio da autonomia, que traz uma consequência processual, 
pois limita as matérias de defesa que poderão ser alegados por um devedor quando 
demandado em uma ação de execução de título extrajudicial. 
OBS: Tendo o título de crédito circulado, o devedor de um título não pode recusar o 
pagamento ao portador, de boa-fé (terceiro que não emitiu) simplesmente alegando 
relações pessoais com quem emitiu o título. Somente podem exercer o direito de defesa 
sobre título em si (alguma formalidade não observada, por exemplo). 
Ex: No exemplo anterior de Antônio, Maria e Carlos. Em uma ação de execução de título 
extrajudicial proposta por Carlos em face de Maria (devedora originária de Antônio), esta 
somente pode utilizar de matérias de defesa com relação a Carlos, e não a Antônio (Ex: 
prescrição do título; nulidade do título). Não podem ser levantadas nos embargos de 
Maria, questões relativas ao vício do automóvel adquirido de Antônio, pois essas são 
defesas pessoais contra o vendedor do bem e Carlos não pode ser prejudicado. 
 
OBS: Atenção ao sujeito de má-fé. Se Carlos sabe que Maria, no prazo legal, notificou 
Antônio de sua intenção de rescindir a compra do automóvel, em razão de vício, e 
mesmo assim concorda em receber a nota promissória, sujeita-se a discussão em 
juízo da existência ou não do vício, ampliando o limite das exceções (defesas) a serem 
alegadas pelo devedor. 
 
COMO ISSO FOI COBRADO EM PROVA: 
São princípios basilares dos títulos de crédito: 
a) A dependência, a cartularidade e a literalidade 
b) A autonomia; a cartularidade e a literalidade 
c) A autonomia, a fungibilidade e a intrasmissibilidade 
d) A dependência, a fungibilidade e a abstração 
e) A abstração, a cartularidade e a intransmissibilidade. 
GABARITO: B 
 
 
 
• INFORMÁTICA E O FUTURO DO DIREITO CAMBIÁRIO 
- Princípios do direito cambiário e sua relação com o avanço tecnológico. 
OBS: Fabio Ulhôa vem dizendo que os títulos de crédito surgiram na Idade Média como 
instrumentos de facilitação da circulação do crédito comercial. Ocorre que o mundo está 
em constante evolução e com a tecnologia não é diferente, que alteram substancialmente 
algumas regras dos títulos de crédito, especialmente quanto aos princípios da 
cartularidade e literalidade. 
• Quanto a cartularidade, com o avanço da tecnologia, o título sequer será 
emitido em via física, não havendo sentido em se condicionar a cobrança do 
crédito à posse de um papel inexistente. 
 
• Já a literalidade haverá também por ser ferida, na medida em que não existirá 
mais o papel, podendo-se falar em uma adaptação a tal postulado, de modo que 
o que não está no arquivo eletrônico, não está no mundo. Ulhôa propõe uma 
reelaboração do conceito de Vivante sobre títulos de crédito, elaborado a quase 
um século atrás, no sentido de ser conceituado como “documento, cartular ou 
eletrônico, que contempla cláusula cambial, pela qual os coobrigados 
expressam a concordância com a circulação do crédito nele mencionado de 
modo literal e autônomo.” 
Ex: Decisão do STJ reconhecendo como titulo executivo extrajudicial contrato com 
assinatura digital, dispensando a presença de duas testemunhas, tendo em vista que o 
processo de certificação para assinatura do contrato traz a segurança necessária. 
Adequação do direito ao contexto social 
➔ NATUREZA DA OBRIGAÇÃO CAMBIAL: 
OBS: Fabio Ulhôa afirma que a natureza da obrigação cambial lembra a solidariedade 
passiva do direito civil (possiblidade de cobrança da dívida por inteiro, de qualquer um 
dos devedores, o que é permitido quando se fala em título de crédito com mais de um 
devedor), mas não pode com ela ser confundida em razão de alguns aspectos: 
1) Nem todos os devedores solidários têm direito de regresso ao pagar uma 
obrigação cambial, o que difere da solidariedade civil. 
 
Ex: Quem subscreve uma nota promissória (devedor principal, não tem a quem 
regredir), após pagar não pode exigir dos demais devedores coobrigados. Na 
solidariedade civil entre três devedores originários, caso um pague pode 
regressar sua quota parte. 
 <- Devedor principal – coobrigado 1 – coobrigado 2 – coobrigado 3 – 
portador do título (credor) / cadeia de endosso. CASO O PORTADOR COBRE 
DO DEVEDOR PRINCIPAL E ELE PAGUE, NÃO HÁ REGRESSO. 
 
2) Nem todos os codevedores respondem regressivamente perante os demais. Os 
devedores anteriores respondem perante os posteriores, mas os posteriores não 
podem ser acionados pelos devedores anteriores 
Ex: Em uma cadeia de endossos (transferências), podem existir vários devedores, 
de modo que os anteriores respondem pelos posteriores, mas o inverso não de 
admite. O devedor nessa cadeia de endosso que paga libera os posteriores, 
mas se torna credor dos anteriores. 
 
A (devedor emitente do título) em favor de B (credor) – B (para pagar uma dívida 
com C) endossa a C que endossa a D que endossa a E que endossa F que endossa 
G que endossa a H (PORTADOR DO TÍTULO). Caso H cobre de D e este 
pague, D somente terá regresso em desfavor dos anteriores (C, B, A), podendo 
exigir a integralidade da dívida (e não somente eventual quota parte como na 
solidariedade civil), estando os posteriores (E, F e G), desobrigados. 
 
3) Em regra, o regresso cambial se exerce pela totalidade e não somente pela 
quota parte. 
OBS: Percebe-se que há uma hierarquia entre devedores de um mesmo título de 
crédito, própria do regime cambiário (devedores obrigados anteriores não podem cobrar 
dos posteriores). 
OBS: A depender do título a lei elegerá um devedor principal, reservando os demais 
o lugar de codevedores. Assim no cheque e na nota promissória, por exemplo,o devedor 
principal é o emitente (quem emite), podendo serem os demais, endossantes e avalistas 
que são classificados como codevedores. 
CONCLUSÃO Há traços de uma responsabilidade solidária no regresso cambial, com 
peculiaridades. 
 
• CARACTERÍSTICAS DO TÍTULO DE CRÉDITO: 
 
 - Formalismo: Os títulos de créditos são considerados formais em decorrência do 
princípio da legalidade ou tipicidade estrita, no sentido de que as pessoas não dispõem 
de liberdade de inventar títulos de créditos e dar ao invento efeitos jurídicos reservados 
por lei aos títulos de créditos em sentido estrito. São aqueles formalmente previstos em 
lei e com regras próprias. 
- Bens móveis: São considerados bens móveis. 
 - Efeito pro solvendo (a solver; a ser pago); Essa característica significa apenas que a 
simples emissão e entrega do título ao credor, não significa que houve efetivação do 
pagamento. A simples emissão título de crédito não significa que houve novação. 
Representará, tão somente, uma quantia em dinheiro que o credor receberá em 
momento futuro, ou seja, para pagamento futuro. Se e quando este ocorrer, aí sim, 
haverá a extinção da obrigação correspondente. 
- Negociabilidade: É um bem suscetível de ser negociado como qualquer outro bem 
com valoração econômica (dada sua autonomia, abstração da relação jurídica que 
originou), como um diamante, um automóvel, por exemplo. Portanto, o direito de crédito 
se materializa no título e ambos, o documento e o crédito mencionado no título, podem 
ser colocados em circulação como consequência de um negócio realizado. 
Ex: É possível começar a construir um empreendimento a ser colocada a 
venda, na planta, sem ter dinheiro em caixa. Realiza-se a venda na planta 
e recebendo o valor das unidades imobiliárias a serem vendidas em títulos 
de crédito (30, 60, 90 dias), a construtora vai antecipando os valores junto 
ao banco (com pequeno desconto), e com isso o papel (titulo) vai virando 
dinheiro. 
- Certeza e liquidez da obrigação; A obrigação contida nos títulos de créditos é 
considerada líquida por ser certa, quanto à sua existência, e determinada, quanto ao 
seu objeto. Essa modalidade é expressa por uma cifra, por um algarismo, quando se trata 
de dívida em dinheiro. São considerados títulos executivos extrajudiciais. (art. 784 
CPC) 
- Consagram obrigações quesíveis (quérable): Cabe ao credor, em regra, dirigir-se ao 
devedor para receber a importância devida. 
 
• CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
Com relação a causa: 
Causais: São causais aqueles que somente podem ser emitidos nas hipóteses em que a 
causa esteja expressamente autorizada por lei. 
Ex: a duplicata mercantil somente pode ser gerada para a documentação de crédito 
oriundo de compra e venda mercantil, sendo esta (a compra e venda mercantil), 
a causa que justifica sua emissão. 
 
Não causais/abstratos: Pode ser criado em qualquer hipótese, sem causa especifica que 
faculte sua criação. 
 Ex: Cheque e nota promissória 
 
Quanto a circulação: 
Ao portador (a quem porta): Quando o título não ostenta o nome do credor, e podem 
circular por mera tradição. Sendo assim, qualquer pessoa que esteja com a simples posse 
do título é considerada titular do crédito nele mencionado, sendo que a mera tradição 
opera a transferência. 
 Ex: Cheque sem nominar. Quem portar o título pode descontar ou depositar. 
 
 
 CC 
Do Título ao Portador 
Art. 904. A transferência de título ao portador se faz por simples 
tradição. 
Art. 905. O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele 
indicada, mediante a sua simples apresentação ao devedor. 
Parágrafo único. A prestação é devida ainda que o título tenha entrado 
em circulação contra a vontade do emitente. 
Art. 906. O devedor só poderá opor ao portador exceção fundada em 
direito pessoal, ou em nulidade de sua obrigação. 
Art. 907. É nulo o título ao portador emitido sem autorização de lei 
especial. 
Art. 908. O possuidor de título dilacerado, porém identificável, tem 
direito a obter do emitente a substituição do anterior, mediante a 
restituição do primeiro e o pagamento das despesas. 
Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for 
injustamente desapossado dele, poderá obter novo título em juízo, bem 
como impedir sejam pagos a outrem capital e rendimentos. 
Parágrafo único. O pagamento, feito antes de ter ciência da ação 
referida neste artigo, exonera o devedor, salvo se se provar que ele tinha 
conhecimento do fato. 
Nominativos: São os que identificam o seu credor e sua transferência. A transferência 
da titularidade, nestes casos, não depende da mera entrega do documento: é preciso, 
praticar um ato formal que opere a transferência de titularidade (endosso, tipicamente 
cambial, nos títulos nominais à ordem, e cessão civil nos títulos nominais não a ordem, 
que são outros documentos que representem dívida, mas não se enquadram na definição 
de títulos de crédito, aplicando-se o regime civil). 
Nominativos à ordem – Circulam mediante tradição, acompanhada de 
endosso (assinatura no verso ou anverso do título); 
Nominativos não à ordem - Circulam mediante tradição acompanhada 
da cessão de créditos (regime civil) 
 
COMO FOI COBRADO EM PROVA: 
A cláusula “não à ordem” 
Impede a circulação mediante endosso. CERTO ou ERRADO? 
CERTO: Neste caso, circula mediante cessão civil e não endosso. 
CC 
Do Título Nominativo 
Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo 
nome conste no registro do emitente. 
Art. 922. Transfere-se o título nominativo mediante termo, em 
registro do emitente, assinado pelo proprietário e pelo 
adquirente. 
Art. 923. O título nominativo também pode ser transferido por 
endosso que contenha o nome do endossatário. 
§ 1º A transferência mediante endosso só tem eficácia perante o 
emitente, uma vez feita a competente averbação em seu registro, 
podendo o emitente exigir do endossatário que comprove a 
autenticidade da assinatura do endossante. 
§ 2º O endossatário, legitimado por série regular e ininterrupta de 
endossos, tem o direito de obter a averbação no registro do 
emitente, comprovada a autenticidade das assinaturas de todos os 
endossantes. 
§ 3º Caso o título original contenha o nome do primitivo 
proprietário, tem direito o adquirente a obter do emitente novo 
título, em seu nome, devendo a emissão do novo título constar no 
registro do emitente. 
Art. 924. Ressalvada proibição legal, pode o título nominativo 
ser transformado em à ordem ou ao portador, a pedido do 
proprietário e à sua custa. 
Art. 925. Fica desonerado de responsabilidade o emitente que de 
boa-fé fizer a transferência pelos modos indicados nos artigos 
antecedentes. 
Art. 926. Qualquer negócio ou medida judicial, que tenha por 
objeto o título, só produz efeito perante o emitente ou terceiros, 
uma vez feita a competente averbação no registro do emitente. 
 
Quanto à estrutura 
 Os títulos pode ser uma ordem de pagamento ou promessa de pagamento. 
 
Título de crédito com ordem de pagamento (letra de cambio, cheque, duplicata): São 
aqueles em que o emitente (sacador) da ordem de pagamento, em regra, não assume 
diretamente a obrigação para o pagamento. O emitente apenas dá uma ordem para terceiro 
(sacado) pague a quantia ao beneficiário/tomador; 
Ex: Cheque. Emitido por A (correntista do banco) para que o banco B 
pague ao credor C 
 
Títulos de créditos que envolvem uma promessa de pagamento (nota promissória): 
Próprio emitente quem assume a obrigação para o pagamento ao beneficiário. 
Ex: Nota promissória. O próprio emitente assume a promessa de pagar ao 
beneficiário/tomador. 
 
Quanto ao modelo: 
 
Vinculados: Somente produzem efeitos cambiais (sem prejuízos dos civis) os títulos que 
atendem ao padrão exigidos (há uma vinculação ao padrão). 
Ex: Cheque. O emitente não é livre para escolher a disposição formal dos 
elementos essenciais à criaçãodo título. Deve necessariamente usar o 
papel fornecido pelo banco, por exemplo. 
 
Livres: Não existe padrão de utilização obrigatória. 
Ex: Nota promissória. Qualquer papel serve, desde com as informações 
previstas em lei 
 
• DISPOSITIVOS DO CÓDIGO CIVIL SOBRE O TEMA: 
Dos Títulos de Crédito 
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício 
do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito 
quando preencha os requisitos da lei. 
Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao 
escrito a sua validade como título de crédito, não implica a 
invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. 
Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a 
indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do 
emitente. 
§ 1º É à vista o título de crédito que não contenha indicação de 
vencimento. 
§ 2º Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não 
indicado no título, o domicílio do emitente. 
§ 3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em 
computador ou meio técnico equivalente e que constem da 
escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos 
previstos neste artigo. 
Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, 
a proibitiva de endosso, a excludente de responsabilidade pelo 
pagamento ou por despesas, a que dispense a observância de 
termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados 
em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações. 
Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, 
deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados. 
Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste 
artigo pelos que deles participaram, não constitui motivo de 
oposição ao terceiro portador, salvo se este, ao adquirir o título, 
tiver agido de má-fé. 
Art. 892. Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem, 
lança a sua assinatura em título de crédito, como mandatário ou 
representante de outrem, fica pessoalmente obrigado, e, pagando 
o título, tem ele os mesmos direitos que teria o suposto mandante 
ou representado. 
Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos 
os direitos que lhe são inerentes. 
Art. 894. O portador de título representativo de mercadoria tem 
o direito de transferi-lo, de conformidade com as normas que 
regulam a sua circulação, ou de receber aquela 
independentemente de quaisquer formalidades, além da entrega 
do título devidamente quitado. 
Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só 
ele poderá ser dado em garantia, ou ser objeto de medidas 
judiciais, e não, separadamente, os direitos ou mercadorias que 
representa. 
Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do 
portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas 
que disciplinam a sua circulação. 
Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha 
obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por 
aval. 
Parágrafo único. É vedado o aval parcial. 
Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio 
título. 
§ 1º Para a validade do aval, dado no anverso do título, é 
suficiente a simples assinatura do avalista. 
§ 2º Considera-se não escrito o aval cancelado. 
Art. 899. O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na 
falta de indicação, ao emitente ou devedor final. 
§ 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o 
seu avalizado e demais coobrigados anteriores. 
§ 2º Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a 
obrigação daquele a quem se equipara, a menos que a nulidade 
decorra de vício de forma. 
Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos 
efeitos do anteriormente dado. 
Art. 901. Fica validamente desonerado o devedor que paga título 
de crédito ao legítimo portador, no vencimento, sem oposição, 
salvo se agiu de má-fé. 
Parágrafo único. Pagando, pode o devedor exigir do credor, além 
da entrega do título, quitação regular. 
Art. 902. Não é o credor obrigado a receber o pagamento antes 
do vencimento do título, e aquele que o paga, antes do 
vencimento, fica responsável pela validade do pagamento. 
§ 1º No vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda 
que parcial. 
§ 2º No caso de pagamento parcial, em que se não opera a 
tradição do título, além da quitação em separado, outra deverá ser 
firmada no próprio título. 
Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os 
títulos de crédito pelo disposto neste Código. 
Do Título À Ordem 
Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso 
ou anverso do próprio título. 
§ 1º Pode o endossante designar o endossatário, e para validade 
do endosso, dado no verso do título, é suficiente a simples 
assinatura do endossante. 
§ 2º A transferência por endosso completa-se com a tradição do 
título. 
§ 3º Considera-se não escrito o endosso cancelado, total ou 
parcialmente. 
Art. 911. Considera-se legítimo possuidor o portador do título à 
ordem com série regular e ininterrupta de endossos, ainda que o 
último seja em branco. 
Parágrafo único. Aquele que paga o título está obrigado a 
verificar a regularidade da série de endossos, mas não a 
autenticidade das assinaturas. 
Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição 
a que o subordine o endossante. 
Parágrafo único. É nulo o endosso parcial. 
Art. 913. O endossatário de endosso em branco pode mudá-lo 
para endosso em preto, completando-o com o seu nome ou de 
terceiro; pode endossar novamente o título, em branco ou em 
preto; ou pode transferi-lo sem novo endosso. 
Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante 
do endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da 
prestação constante do título. 
§ 1º Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante 
se torna devedor solidário. 
§ 2º Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra 
os coobrigados anteriores. 
Art. 915. O devedor, além das exceções fundadas nas relações 
pessoais que tiver com o portador, só poderá opor a este as 
exceções relativas à forma do título e ao seu conteúdo literal, à 
falsidade da própria assinatura, a defeito de capacidade ou de 
representação no momento da subscrição, e à falta de requisito 
necessário ao exercício da ação. 
Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor com os 
portadores precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao 
portador, se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. 
Art. 917. A cláusula constitutiva de mandato, lançada no 
endosso, confere ao endossatário o exercício dos direitos 
inerentes ao título, salvo restrição expressamente estatuída. 
§ 1º O endossatário de endosso-mandato só pode endossar 
novamente o título na qualidade de procurador, com os mesmos 
poderes que recebeu. 
§ 2º Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, 
não perde eficácia o endosso-mandato. 
§ 3º Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato 
somente as exceções que tiver contra o endossante. 
Art. 918. A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, 
confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao 
título. 
§ 1º O endossatário de endosso-penhor só pode endossar 
novamente o título na qualidade de procurador. 
§ 2º Não pode o devedor opor ao endossatário de endosso-penhor 
as exceções que tinha contra o endossante, salvo se aquele tiver 
agido de má-fé. 
Art. 919. A aquisição de título à ordem, por meio diverso do 
endosso, tem efeito de cessão civil. 
Art. 920. O endosso posterior ao vencimento produz os mesmos 
efeitos do anterior.

Continue navegando