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5º período - Processo Penal I

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01/03/2021 OneNote
https://onedrive.live.com/redir?resid=85586F2802C2331D%211318&authkey=%21APGUJ7yyLYaQe0o&page=View&wd=target%28Processo Penal I.one%7Cce5… 1/29
Processo Penal I 
Introdução 
Direito Público - Interesse da coletividade; 
Direito Privado - interesse dos particulares. 
 
O processo penal, assim com o direito penal, são ramos do direito público. O processo penal julga as
infrações penais e aplica as penas correspondentes. É função do Estado. O poder do Estado é limitado pela
Lei. 
 
Histórico 
Quando o Brasil foi descoberto (1500), predominavam as Ordenações Afonsinas, que tinham previsões de
direito processual penal. 
Logo após, em 1521, passou a vigorar as Ordenações Manuelinas em Portugal. 
De 1603 a 1830, vigorou as Ordenações Filipinas, primeiramente como uma espécie de tratado com a
Espanha e, em 1643, com Portugal se livrando da Espanha (1640), foi promulgada uma lei lastrada nas
Ordenações Filipinas. 
 
Com a Revolução Francesa e outros, tenta-se a reforma da normal penal. 
Até o Código Criminal do Império, os crimes e as penas não estavam bem definidas, ficavam ao critério do
juiz. As penas eram desumanas. Com o Código Criminal, os crimes passaram a ser definidos e as penas a
sofrer limitações. 
 
Código de Processo Criminal de Primeira Instância (1832): liberal e dava muitas garantias aos acusados. Além
dos juízes de direito, haviam também os de paz, que exerciam funções policiais (eleitos, sem formação
acadêmica). Distinguia-se crimes públicos de crimes particulares. 
Nos crimes públicos o promotor público agia, mas qualquer pessoa poderia. 
Nos crimes particulares, inclusive homicídio, o particular poderia agir, pois considerava-se que os crimes
ofendiam a segurança individual, e não coletiva, 
O código acima foi alterado 2 vezes, em 1841, quando se tirou dos juízes de paz as funções policiais,
fortalecendo a repressão do Estado, e em 1871, que criou o Inquérito Policial. 
 
Com a Constituição de 1891, se permitiu que cada estado membro tivesse o seu CPP. Deixou de existir a
unidade processual, persistindo até 1934. 
O habeas corpus surge no Brasil em 1830 e aparece no Código de Processo Criminal do Império de 1832. A
reforma do CPP foi sancionada em 1832, após abdicação de Dom Pedro I. 
 
O atual CPP é de 1941 (DL 3.689, de 03/10/1941) e também tratava de questões relacionadas à execução da
pena. Em 11/07/1984 surge a Lei de Execução Penal. 
As leis 11.689/08, 11.690/08 e 13.964/19, alteraram bastante o CPP. 
 
Conceitos Elementares do Processo Penal 
Jus Puniendi 
Poder-dever do Estado de aplicar o direito material à um caso concreto quando houver a comprovação de
que o sujeito praticou um crime. 
Para José Frederico Marques, o Jus Puniendi é o direito que tem o Estado de aplicar a pena cominada no
preceito secundário da norma penal incriminadora, contra quem praticou a ação ou omissão descrita no
preceito primário, causando um dano ou lesão jurídica. 
O Estado tem o dever, a obrigação de agir. Quando o Estado não age ocorre a desordem civil. 
O Jus Puniendi é classificado em abstracto e concreto: 
• Jus Puniendi in abstracto: é o preceito secundário da norma penal incriminadora. São os intervalos de
pena mínima e pena máxima cominadas (que está na lei). É o plano legislativo; 
• Jus Puniendi in concreto: é a pena aplicada (a pena dada ao fato); 
 
Jus Libertatis 
É o direito que tem todo e qualquer indivíduo de se defender. 
 
Persecutio Criminis 
Onde o Jus Puniendi e o Jus Libertatis se interagem, onde suas ações se desenvolvem; 
01/03/2021 OneNote
https://onedrive.live.com/redir?resid=85586F2802C2331D%211318&authkey=%21APGUJ7yyLYaQe0o&page=View&wd=target%28Processo Penal I.one%7Cce5… 2/29
 
O Direito Processual Penal é uma coletânea de normas (princípios e regras) específicas que regem a
pretensão punitiva do Estado e a defesa do jus libertatis. 
Diferentemente do Direito Processual Penal, que é mais amplo, o Processo Penal é a ação penal; 
É a fase processual acusatória da persecução penal; 
Não se aplica a pena sem o processo; 
Caráter instrumental; 
 
 
Finalidades do Direito Processual Penal 
1. Impor limites ao poder estatal de punir e disciplinar seu exercício a fim de evitar arbitrariedades; 
2. Assegurar direitos e garantias individuais ao acursado, possibilitando sua ampla defesa; 
3. Descobrir a verdade e os acontecimentos que ocorreram. 
• Imediata: viabilizar a constatação da verdade processual sobre a materialidade do delito e sua
autoria; 
• Mediata: reintegração e restauração da ordem jurídica e social eventualmente violadas; 
 
Relação do Processo Penal com Outros Ramos do Direito 
Constitucional - base do ordenamento jurídico. Várias ligações: legalidade de prisão, direitos na prisão (calar,
identificar, etc.), competência do tribunal do júri, habeas corpus, respeito à integridade física e moral dos
presos, princípio da presunção de inocência, dentre outros. 
O princípio da inocência não pode ser analisado de forma absoluta (ex: prisão cautelar). Não pode o preso
ser submetido a constrangimento (ex: identificado civilmente). 
Penal - operacionaliza o direito penal. Não pode haver aplicação da pena sem processo. O direito processual
é instrumento do direito material, ou seja, este acaba sendo uma operação necessária para a aplicação do
direito processual. 
Civil - o crime causa dano que precisa ser reparado e algumas situações tem influência no caso (ex:
composição dos danos civis). 
Administrativo - organização judiciária e execução da pena. 
Comercial - fraudes, falência > crimes. 
Internacional - cartas rogatórias, imunidades, extradição, dentre outros. 
Ciências Auxiliares - todas que servem ao processo penal - medicina legal, perícia técnica, balística, dentre
outros; 
• Medicina Legal: laudos cadavéricos, toxicologia (envenenamento, drogas), exames de DNA. 
• Psiquiatria e psicologia forense: distúrbios mentais (inimputabilidade), medidas de segurança
(periculosidade), execução da pena (classificação dos condenados). 
• Criminalística (ou polícia científica): prova pericial, documentoscopia, balística, exame de local,
impressões digitais, coleta de vestígios e outros. 
 
 
Sistemas Processuais Penais 
Existem, basicamente, três sistemas regentes do processo penal. Entretanto, vários ordenamentos jurídicos
buscam adotar parcelas de cada um dos três, formando sistemas alternativos. Dentre os principais: (a)
inquisitivo, (b) acusatório, (c) misto. 
 
O sistema inquisitivo é caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que exerce,
também, a função de acusador; a confissão do réu é considerada a rainha das provas; não há debates orais,
predominando procedimentos exclusivamente escritos; os julgadores não estão sujeitos à recusa; o
procedimento é sigiloso; há ausência de contraditório e a defesa é meramente decorativa. 
 
O sistema acusatório possui nítida separação entre o órgão acusador e o julgador; há liberdade de acusação,
reconhecido o direito ao ofendido e a qualquer cidadão; predomina a liberdade de defesa e a isonomia
entre as partes no processo; vigora a publicidade do procedimento; o contraditório está presente; existe a
possibilidade de recusa do julgador; há livre sistema de produção de provas; predomina maior participação
popular na justiça penal e a liberdade do réu é a regra. 
 
O sistema misto, surgido após a Revolução Francesa, uniu as virtudes dos dois anteriores, caracterizando-se
pela divisão do processo em duas grandes fases: a instrução preliminar, com os elementos do sistema
inquisitivo, e a fase de julgamento, com a predominância do sistema acusatório. Num primeiro estágio, há
procedimento secreto, escrito e sem contraditório, enquanto, no segundo, presentes se fazem a oralidade, a
publicidade, o contraditório, a concentração dos atos processuais, a intervenção de juízes populares e a livre
apreciação das provas. 
01/03/2021 OneNote
https://onedrive.live.com/redir?resid=85586F2802C2331D%211318&authkey=%21APGUJ7yyLYaQe0o&page=View&wd=target%28Processo Penal I.one%7Cce5… 3/29Sistema inquisitório 
Até o século XII, predominava o sistema acusatório. Entre os séculos XII e XIV vai sendo substituído pelo
inquisitório. Inicialmente é adotado pela Igreja Católica (séc. XIII - criado o Tribunal da Inquisição). Decorre
basicamente da inatividade das partes, que prejudicava o combate à violência. 
A maior prova é a confissão do indivíduo. O juiz poderia inclusive torturar a pessoa, para que ele
confessasse. 
Somente um órgão acusa e julga. 
 
Fases: 
1. Geral: autoria e materialidade (investigação preliminar); 
2. Especial: condenação e castigo (processamento) 
 
Características 
1. Gestão e iniciativa das provas nas mãos do juiz; 
2. O juiz não precisava ser invocada, atuava de ofício; 
3. Juiz parcial; 
4. Acusado é parte fraca; 
 
i. Divisão de funções: O juiz pode exercer as funções de acusar, defender e julgar, indistintamente –
mistura de tarefas em um único sujeito processual; 
ii. Produção de provas: O juiz possui ampla liberdade para produção de provas, substituindo-se aos
sujeitos processuais; 
iii. Isonomia processual: os interesses da acusação são privilegiados (corre tudo em segredo); 
iv. Início do processo: com a noticia criminis- apenas a suposição já é suficiente para iniciar Ação Penal; 
v. Garantias da defesa: o réu não possui – ou possui pouquíssimas – garantias e direitos individuais
assegurados; 
vi. Status do réu: objeto do processo; 
vii. Publicidade do processo: os atos processuais são, em regra, sigilosos, conforme ato discricionário do
juiz; 
viii. Prisão e liberdade provisória: a regra é a prisão. Presume-se a culpa do réu; 
ix. Correlação com a forma de governo: regimes ditatoriais. 
 
Sistema Acusatório 
O Estado assume a acusação no lugar do juiz. O povo participa ativamente da acusação e julgamento. Deixou
de ser usado quando se mostrou insatisfatório. Foi criado na Grécia e posteriormente substituído pelo
sistema inquisitório, todavia, após a revolução francesa, o sistema inquisitório cai e volta o acusatório. 
 
O réu é tratado como sujeito e não como objeto da relação. É um processo das partes, com igualdade de
condições (acusação/defesa). É assegurada a ampla defesa. Ao acusador compete provar a acusação, ao
acusado assegura-se o silêncio. 
 
No processo acusatório original, o juiz deveria permanecer inerte. Hoje, o juiz pode determinar ex officio a
produção de provas. A produção das provas não é atividade exclusiva das partes. 
 
Características 
1. Separação das funções de acusar e julgar; 
2. O juiz não age de ofício; 
3. Juiz imparcial; 
4. Há contraditório; 
5. Paridade de armas ; 
6. Processo público e oral; 
7. Todas as provas tem o mesmo valor; 
8. A cautelar é exceção; 
9. Possibilidade de recurso 
10. Mais eficiente; 
11. Inquérito policial: procedimento ADMINISTRATIVO. 
 
i. Divisão de funções: Clara distinção entre as funções de acusar, defender e julgar, exercidas por
diferentes sujeitos processuais; 
ii. Produção de provas: incumbe aos sujeitos processuais (acusação e defesa) a produção das provas que
sustentam suas alegações; 
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iii. Isonomia processual: os sujeitos processuais encontram-se em situação de equilíbrio processual; 
iv. Início do processo: com o oferecimento da acusação na fase processual – há uma investigação, tem
que estar fundamentado; 
v. Garantias da defesa: asseguram-se ao réu as garantias e direitos individuais que possibilitam sua
ampla defesa e o exercício do contraditório; 
vi. Status do réu: sujeito de direitos; 
vii. Publicidade do processo: os atos processuais são, em regra, públicos, admitindo-se o segredo de
justiça se houver previsão legal e decisão fundamentada; 
viii. Prisão e liberdade provisória: a regra é a liberdade. Presume-se a inocência do réu; 
ix. Correlação com a forma de governo: regimes democráticos. 
 
E o Brasil? 
Não há um sistema único, mas sim um sistema misto.[ 
Constituição federal 
• Direitos e garantias (art. 5º) 
• Atribuições especificas 
• Poder Judiciário (julgar) 
• Ministério Público (titular da ação penal pública) 
• Defesa 
• Segurança Pública 
 
• Código de Processo Penal 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: ... 
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de
qualquer das partes. 
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas
partes. 
Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação ou da
defesa, providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos
autos, se possível. 
- Produção de provas ex officio pelo juiz 
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de
portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial. 
- Juiz acusador 
 
Posição majoritária: o Brasil é ACUSATÓRIO! 
STF: Toda norma deve ser interpretada sob a égide constitucional ou, na impossibilidade, ser afastada sua
aplicabilidade por ser INCOSTITUCIONAL 
Existe AP com pena sem IPL, mas não existe pena para IPL sem AP 
Inquérito policial: fase pré-processual 
 
É possível justificar, sob o prisma da CF, a produção ex officio de prova pelo juiz? 
Sim, pois o juiz tem que conduzir o processo, sendo necessário, excepcionalmente, determinar produção de
provas (exemplo da defesa que fica no celular e perde a oportunidade de arrolar testemunha). 
Porém, diante da negligencia do MP, o juiz deve absolver o réu, pois não pode pedir provas para prejudicar o
réu. 
 
 
Princípios do processo penal 
Regras genéricas que balizam a criação das leis, mas que geralmente estão fora da própria legislação. 
 
Dignidade Humana 
Conjunto de atributos pessoais de natureza moral, intelectual, física, material que dão a cada homem a
consciência de suas necessidades, de suas aspirações, de seu valor, e o tornam merecedor de respeito e
acatamento perante o corpo social – Antônio Cláudio Mariz de Oliveira 
 
Qualidade intrínseca e indissociável de todo e qualquer ser humano. 
Irrenunciável e inalienável. 
É inata ao ser humano, pelo simples fato de existir. 
Um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil e do Estado Democrático de Direito. 
 
Pode ser visto sob dois prismas 
01/03/2021 OneNote
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1. objetivo ➟ garantia de um mínimo material para subexistência humana (p.ex., art. 7o, IV, CF); 
2. subjetivo ➟ sentimento de respeitabilidade e autoestima, inerente ao ser humano. 
 
 
Devido Processo Legal 
Art. 5º, inciso LIV. 
O princípio significa dizer que se devem respeitar todas as formalidades previstas em lei para que haja
cerceamento da liberdade (seja ela qual for) ou para que alguém seja privado de seus bens. 
O devido processo legal é o princípio reitor de todo o arcabouço jurídico processual, possuindo caráter
constitucional. Todos os outros derivam dele. 
 
Norteia a persecutio criminis, o jus puniendi e o jus libertatis. 
Pretensão punitiva estatal - defesa da liberdade do acusado. É um princípio aglutinador de normas e
princípios, "as peças do quebra cabeça devem estar encaixadas, sob a pena de nulifade processual". 
 
 
Igualdade ou Isonomia Processual 
Igualdade formal não é sinônimo de justiça, pois nem todos estão no mesmo pé de igualdade, sendo assim, a
igualdade formal não interessa para o devido processo legal, mas sim a igualdade material. Veda-se o
tratamento desigual sem qualquer finalidade ou fundamentação objetiva licita acolhida pelo Direito. 
 
Então, cresce, em importância, o outro lado da moeda da igualdade de todos perante a lei. Essa igualdade,
na essência, representa uma isonomia calcada nas condições pessoais de cadagrupo de seres humanos. Se
alguém precisa de um suporte financeiro do Estado para se defender num processo-crime, é válido que
assim se faça, pois o rico contrata advogado, o pobre não teria condições. 
 
 
Princípio da verdade real (material) 
Relacionado com a produção de provas. Vigora em todos que adotam o sistema acusatório. Busca-se a
solução do caso como efetivamente ocorreu. Demonstrar com segurança o crime e seu autor. Busca-se a
verdade real com o conjunto das provas. A confissão do réu é vista com reservas. 
Descobrir a verdade processual é colher elementos probatórios necessários e lícitos para se comprovar, com
certeza (dentro dos autos), quem realmente enfrentou o comando normativo penal e a maneira pela qual o
fez, em consonância com o que realmente aconteceu fora dos autos. Nos autos do processo, o juiz tem que
ter o mínimo de dados necessários (meios de provas) para julgar admissível ou não a pretensão acusatória. 
 
Art. 156, II do CPP é a consagração clara do princípio da verdade processual – A prova da alegação incumbirá
a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: determinar, no curso da instrução, ou antes de
proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
É fruto do sistema inquisitivo pois visa a reconstrução do fato cometido por meio da atuação ex officio do
juiz. 
 
• Livre convencimento do juiz 
Não quer dizer que ele pode decidir de qualquer jeito, sem fundamentação. O livre convencimento é
pautado na lei e nos fatos trazidos nos autos. 
Pode o magistrado determinar as provas necessárias para a instrução, indeferindo as diligências meramente
protelatórias. Tudo em busca da verdade real. 
 
 
Publicidade dos atos processuais 
Compatível com o sistema acusatório, representa a condição em que os atos do procedimento estão ao
alcance do público em geral. A sociedade é a maior interessada na correta aplicação da Lei penal, por isso
deve ocorrer aos olhos de todos, salvo nas hipóteses expressamente previstas na CF. 
Não é absoluto. A lei poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
o interesse social o exigirem. 
Aplica-se ao processo criminal, mas não ao inquérito policial. 
 
 
Oficialidade 
Significa ser a persecução penal uma função primordial e obrigatória do Estado. As tarefas de investigar,
processar e punir o agente do crime cabem aos órgãos constituídos do Estado, através da polícia judiciária,
do Ministério Público e do Poder Judiciário. Igualmente, relaciona-se à legalidade, no âmbito penal. 
01/03/2021 OneNote
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Na lição de ESPÍNOLA FILHO, sendo iniciada por denúncia ou queixa, “não só não deixa a ação penal de ser
um instituto de direito público, como conserva, em toda a sua extensão, caráter perfeitamente público, sob
a direção e sujeita à decisão do juiz, órgão da justiça pública". 
 
 
Oficiosidade 
A autoridade policial e o Ministério Público, regra geral, tomando conhecimento da possível ocorrência de
um delito, deverão agir ex officio para que o processo criminal seja instaurado por estas autoridades,
tratando-se principalmente de ação penal pública. 
 
Se o processo penal for privado, instaurar-se-á com queixa-crime, que deve conter o requerimento da
instauração do inquérito policial. 
 
 
Contraditório 
Oportunidade que se dá ao acusado de desdizer as afirmações feitas pela parte autora. 
Não somente o debate que as partes realizam no processo sobre a relação de direito material, mas é
principalmente a igualdade de oportunidades no processo, igualdade de tratamento que se funda na
liberdade de todos perante a lei. 
 
Art. 5º, LV, CF 
“aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” 
 
 
Ampla Defesa 
Significa que ao réu é concedido o direito de se valer de amplos e extensos métodos para se defender da
imputação feita pela acusação. Encontra fundamento constitucional no art. 5.º, LV. Considerado, no
processo, parte hipossuficiente por natureza, uma vez que o Estado é sempre mais forte, agindo por órgãos
constituídos e preparados, valendo-se de informações e dados de todas as fontes às quais tem acesso,
merece o réu um tratamento diferenciado e justo, razão pela qual a ampla possibilidade de defesa se lhe
afigura a compensação devida pela força estatal. 
 
A sua importância cada vez mais é consagrada pela Constituição Federal, como demonstra a nova redação
do art. 93, II, d (Emenda 45/2004), cuidando da rejeição de juiz para promoção no critério da antiguidade:
“Na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado
de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se
a votação até fixar-se a indicação” (grifamos). 
 
Lembremos que há, no contexto do júri, o princípio da plenitude de defesa, a ser tratado em seguida, que
apresenta diferença com o princípio em comento. A ampla defesa gera inúmeros direitos exclusivos do réu,
como é o caso de ajuizamento de revisão criminal – o que é vedado à acusação –, bem como a oportunidade
de ser verificada a eficiência da defesa pelo magistrado, que pode desconstituir o advogado escolhido pelo
réu, fazendo-o eleger outro ou nomeando-lhe um dativo, entre outros. Outro ponto fundamental da ampla
defesa é a possibilidade de autodefesa, ou seja, pode o réu, em narrativa direta ao juiz, no interrogatório,
levantar as teses de defesa que entender cabíveis. Estas, por sua vez, por ocasião da sentença, devem ser
levadas em conta pelo julgador. 
 
Formas de Defesa 
• Autodefesa 
Exercida pelo próprio réu, sem interferência de um defensor (mas ele está presente) 
Facultativa, renunciável – exerce se desejar 
Direito de presença (direito de ser interrogado) 
Acompanhar, pessoalmente, os atos de instrução 
É obrigatória a presença do réu em seu interrogatório? 
Não. Inclusive, em 2018, o STF decidiu que a condução coercitiva do réu para fins de interrogatório, é
absolutamente inconstitucional – direito de permanecer em silencio 
 
• Defesa técnica 
Exercida pelo defensor do réu, profissional detentor do ius postulandi amplo 
Obrigatória, irrenunciável – não tem como dispensar a presença do advogado 
01/03/2021 OneNote
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Ex: se um ministro for processado criminalmente, apesar de ter vasto saber jurídico, não poderá se auto
defender, deverá constituir advogado 
E se o réu não tiver advogado ou não puder constituir defensor? 
O juiz é OBRIGADO a nomear um defensor (arts. 261 e 263 do CPP) - Defensor Público ou Defensor Dativo 
O réu é HIPOSSUFICIENTE 
 
A simples constituição ou nomeação de advogado para atuar no processo é suficiente para se comprovar a
efetividade da defesa? NÃO! 
O advogado precisa apresentar uma defesa efetiva. 
Atuação negligente, superficial, desatenciosa -> réu indefeso (art. 497, V, CPP). 
Cabe ao juiz conduzir o processo e zelar para a preservação dos direitos e garantias constitucionais
assegurados aos sujeitos processuais. 
Se houver infringência à garantia constitucional da ampla defesa, qual a consequência imediata? 
No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se
houver prova de prejuízo ao réu (STF, Súmula 523). 
 
Existe ampla defesa no âmbito do Inquérito Policial? 
Não. Inquérito não é processo e não se destina a decidir qualquer conflito ou litígio (STF, HC 90232/AM).
Contudo é perfeitamente possível haver atos de defesa, mas não é necessário notificar. 
A ampla defesa se aplica tão somente a defesa, já o contraditório se aplica para o MP mas também para a
defesa. 
 
 
Plenitude da Defesa - Tribunal do Júri 
Significaque, no Tribunal do Júri, busca-se garantir ao réu não somente uma defesa ampla, mas plena,
completa, o mais próxima possível do perfeito. Amplo quer dizer vasto, largo, muito grande, rico,
abundante, copioso; pleno significa repleto, completo, absoluto, cabal, perfeito. O segundo é,
evidentemente, mais forte que o primeiro. 
 
No Tribunal do Júri, onde as decisões são tomadas pela íntima convicção dos jurados, sem qualquer
fundamentação, onde prevalece a oralidade dos atos e a concentração da produção de provas, bem como a
identidade física do juiz, torna-se indispensável que a defesa atue de modo completo e perfeito –
logicamente dentro das limitações impostas pela natureza humana. 
 
 
Imparcialidade do juiz 
Pressupõe juiz independente que não sofrerá coações políticas ou funcionais, que possam ameaçá-lo no
exercício de suas funções, comprometendo a verdade. – livre convencimento. 
 
  
Presunção de inocência 
CF, art. 5º, LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória; 
 
A presunção de inocência gera os seguintes efeitos práticos: (a) o ônus da prova pertence à acusação,
bastando ao réu negar a prática da imputação ou, simplesmente, invocar o seu direito ao silêncio (claro que
se, por exemplo, a parte arguir legítima defesa ou alguma outra excludente, a defesas deverá provar); (b) as
medidas cautelares restritivas da liberdade, do patrimônio ou da intimidade devem ser decretadas com zelo
e rigor, somente em situações efetivamente necessárias. 
 
In dubio pro reo. 
Enquanto não for definitivamente condenado, presume-se o réu inocente. In dubio pro reo. 
Crítica: tal principio não pode ser entendido como presunção de inocência mas como regra que inverte,
totalmente, o ônus da prova para o MP.   
 
Damásio E. de Jesus assim se manifestava: 
O princípio do estado de inocência não impede que sejam determinadas medidas contra o réu antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória, desde que, de conteúdo cautelar, sejam provisórias e
necessárias (vide nota anterior). Tal necessidade pode decorrer de apreciação concreta ou abstrata. No
primeiro caso, cuida-se de consideração do juiz durante a instrução criminal (ex.: prisão preventiva). No
segundo, pode ocorrer que o próprio legislador, em face da natureza do delito, de circunstâncias sociais etc.,
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entenda conveniente, a priori, o estabelecimento de certas medidas cautelares de ordem processual penal
(ex.: recolhimento à prisão para apelar nas hipóteses de crimes do colarinho-branco). 
 
Decorrem da presunção de inocência (ou estado de inocência) os princípios da prevalência do interesse do
réu (in dubio pro reo) e da imunidade contra a autoacusação. Em caso de dúvida, avaliando-se o conjunto
probatório, deve o magistrado absolver o acusado – ou decidir qualquer questão em seu benefício. Pela
consideração à inocência, ninguém está obrigado a produzir prova contra si mesmo, visto ser indigno que o
Estado exija atitudes heroicas e inviáveis aos cidadãos 
 
Trata-se o réu como "suspeito", e não como criminoso antes da sua sentença condenatória transitada em
julgado. 
 
• Nemo Tenetur se Detegere 
Não autoincriminação ou não autoacusação 
Posição pacífica na doutrina e na jurisprudência (STF e STJ). Se o acusado tem o direito de permanecer em
silencio sem que isso implique em prejuízo à sua defesa, com mais razão NÃO PODE SER OBRIGADAO A
PRODUZIR PROVAS CONTRA SI MESMO 
Art. 8º da convenção de costa rica. 
 
• In dubio pro reu - favor rei. 
Impõe ao juiz seguir tese mais favorável ao acusado sempre que a acusação não tenha carreado prova
suficiente para obter condenação. 
Havendo prova insuficiente para condenar o réu, gerando certa dúvida ao juiz, o mesmo deve optar por
absolve-lo 
Art. 383, VI do CPP 
 
 
In dubio pro societate/societatis 
Na decisão de pronúncia, o juiz deve decidir, fundamentadamente, acerca da prisão ou liberdade do
acusado. Sua base de avaliação é o art. 312 do CPP, no qual estão os requisitos da prisão preventiva.
Lembremos ser a liberdade a regra; a prisão, exceção. 
 
Por isso, a mencionada expressão quer dizer que, havendo provas suficientes para condenar e também para
absolver, dependendo do prisma com que elas forem avaliadas, remete-se o caso à apreciação do júri (se
houver dúvida, vai pro júri na sentença de pronúncia). Também é aplicável no recebimento de denúncia. A
dúvida é essa: condena-se ou absolve-se, pois há provas nos dois sentidos. Envia-se o caso aos jurados. 
As qualificadoras imputadas na denúncia somente devem ser afastadas na pronúncia, quando
manifestamente improcedentes, sem qualquer base nas provas colhidas durante a formação da culpa. 
 
Promotor natural 
Garantia constitucional de toda e qualquer pessoa de ter um órgão de execução do MP com suas atribuições
previamente lei, a fim de lhe assegurar inamovibilidade e, consequentemente, as atribuições previstas em
lei. 
 
Juiz Natural 
O juiz natural e imparcial congrega dois princípios opostos ao tribunal ou juízo de exceção, órgão constituído
após a prática do crime, especialmente para julgar determinado réu. Busca-se o juiz previamente estipulado
pelas leis (natural), que, por tal razão, atue com imparcialidade. 
 
Por certo, nem sempre o juiz natural é imparcial; o destino conduz a situações peculiares, podendo colocar
frente a frente amigos íntimos ou inimigos capitais (por exemplo), motivo pelo qual há instrumentos
processuais para zelar pela imparcialidade da Justiça (exceção de suspeição ou de impedimento). 
 
Anote-se que a criação de Varas especializadas (como a Vara do Júri), transferindo para seu acervo todos os
feitos em trâmite noutras Varas de competência genérica, não fere o princípio do juiz natural, pois tal
decisão vale para qualquer réu, ou seja, não se elege um único acusado para ser julgado em Vara específica. 
 
Diferença de jurisdição e competência: 
• Jurisdição – poder de dizer o direito, só pode ser concedida pela Constituição Federal. 
• Competência – podem estar previstas na CF, no CPP. 
Ex: crimes dolosos contra a vida – competência do tribunal do júri. 
 
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Art. 5º, XXXV, CF - “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito”. 
Art. 5º, LIII, CF - “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”. 
Art. 5º, XXXVII, CF - “não haverá juízo ou tribunal de exceção”. 
 
Nenhum órgão, por mais importante que seja, poderá exercer a JURISDIÇÃO se tal poder não estiver
assentado na CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Ninguém poderá ser julgado por órgão jurisdicional instituído post
factum. 
 
Não se admite escolha de magistrado para julgar determinado caso e nem o magistrado escolher o caso que
deseja julgar. 
 
Nulidades: 
• Regra CONSTITUCIONAL: 
ABSOLUTA. 
Nada pode ser aproveitado, nem despacho de mero expediente. 
 
• Regra INFRACONSTITUCIONAL: 
RELATIVA (aproveitam-se os atos não decisórios, na forma do art. 567, CPP). 
Há momento certo pra ser arguido a nulidade e os atos preexistentes podem ser homologados. 
 
A criação de varas especializadas fere o princípio do juiz natural? 
Não, pois busca a efetividade do processo, não beneficiar a impunibilidade 
1. Hipótese: determinado conhecido de uma autoridade está respondendo um processo crime sobre
divulgação de dados pela internet e tal autoridade dá um jeito de conversar com o juiz especializado que é
seu amigo – FERE O PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. 
2. Hipótese: juízes que tem conhecimento vasto digital vão para vara especializada de crimes cibernéticos –
busca a efetividade, não fere o princípio. São alterações de competência gerais e abrangentes, válidas para
todas as pessoas e tomadas em nome do interesse público, sem visarqualquer réu específico 
Poder de auto-organização do judiciário (STF, HC 91509/RN). 
 
Identidade Física do Juiz 
O juiz que regeu o processo, proferiu a instrução e as provas, deverá ser o mesmo que dará a sentença. 
 
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a
intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do
assistente. 
(...) 
§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença  
 
Duração razoável do processo 
garantia de que todos possam ter acesso à justiça, sem que isso signifique demora na prestação jurisdicional.
Deve, portanto, ser razoável, proporcional ao caso concreto objeto de apreciação. 
  
Ônus da prova: 
• Acusação: autoria, materialidade, causas de aumento de pena, dolo, culpa 
• Defesa: excludentes de ilicitude, causas de diminuição da pena, extinção da punibilidade. 
• Juiz: pode determinar provas de oficio, mas não tem o dever de provar (art. 156 CPP) 
 
Fungibilidade dos Recursos 
O princípio da fungibilidade dos recursos permite que um recurso seja conhecido como se fosse outro, desde
que não haja má-fé da parte ou erro grosseiro (art. 579, CPP). 
Recebe como recurso cabível um recurso que não era adequado, desde que tempestivo. A lei menciona,
apenas, má-fé para a não aplicação do princípio da fungibilidade, mas a doutrina e a jurisprudência
acrescentaram o erro grotesco, o que é correto, pois os recursos são taxativamente previstos em lei. 
 
Duplo Grau de Jurisdição 
O duplo grau de jurisdição tem respaldo na Convenção Americana dos Direitos Humanos, determinando a
possibilidade de todo condenado ter acesso a um recurso, reavaliando o caso. Tal medida, no âmbito
criminal, é imperiosa, não se podendo impedir o réu de usufruir desse direito. 
 
Por certo, quem goza de foro privilegiado não dispõe desse benefício; não há como compatibilizar o
privilégio com tal direito. Ilustrando, quando o deputado federal é julgado, pela prática de um crime, pelo
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Plenário do STF, não há como valer-se de recurso para a reavaliação da sentença. Afinal, já está gozando do
privilégio de ter seu caso avaliado pela Suprema Corte do país. 
 
 
Inquérito Policial 
O inquérito policial é um procedimento preparatório da ação penal, com caráter administrativo, conduzido
por delegado de polícia, visando à formação da opinião do órgão acusatório acerca do cabimento ou
descabimento da ação penal. Não se trata, em verdade, de uma coletânea de provas, produzidas
inquisitivamente, a funcionar contra o réu, na finalização do processo, com a prolação da sentença. 
 
Tem o cunho protecionista, cuja finalidade precípua é permitir o ajuizamento de demandas criminais
lastreadas em provas pré-constituídas, vale dizer, somente se ingressa com ação penal contra alguém
havendo justa causa. 
 
O inquérito é a garantia de que ninguém será processado criminalmente de modo leviano, sem provas
mínimas a respeito da materialidade do crime e de indícios suficientes de autoria. Todavia, se já existir
elementos suficientes para o MP oferecer denúncia, não é necessário inquérito, por exemplo. 
 
Algumas provas técnicas, produzidas durante a fase do inquérito, pela urgência em coletá-las, terminam por
apresentar um formato definitivo, pois não são reproduzidas posteriormente. Exemplo disso é o laudo
necroscópico, referente a um homicídio. 
 
Avança-se, entretanto, no processo penal, permitindo-se que as partes questionem o laudo feito nessa fase,
valendo-se de assistentes técnicos, nada impedindo o seu refazimento sob o crivo do contraditório. 
 
 
 
Procedimento administrativo derivado da constatação de um ato delituoso, visando coletar provas para a
apresentação de uma peça (queixa ou denúncia), que eventualmente iniciará uma ação penal, persecutio
criminis. 
 
Características 
1. O processo penal é escrito. Todos os atos formalizados são escritos; 
2. É inquisitivo, não se submetendo ao contraditório ou a ampla defesa. Todavia, respeita-se algumas
nulidades, como a produção de provas ilícitas; 
3. A colheita da prova é voltada ao convencimento da autoridade policial e do Ministério Público. Por
isso, investiga-se o suspeito. O suspeito pode pedir a produção de provas, mas o delegado pode
indeferir essa solicitação. o indiciado pode até requerer qualquer diligência, mas esta será realizada a
juízo da autoridade; 
4. O inquérito é, por natureza, sigiloso, visto ser peça inquisitiva, logo, avessa à publicidade que campeia
no processo criminal (art. 20, CPP). O advogado, mesmo sem procuração (prerrogativa sua), pode
consultar os autos de qualquer inquérito. Entretanto, em casos excepcionais, visando-se à proteção da
intimidade de indiciado e/ou vítima, bem como à garantia da ordem pública, pode o juiz decretar sigilo
no inquérito (como pode fazê-lo em relação ao processo – art. 792, § 2º, CPP); nessa situação,
somente o advogado com procuração do indiciado ou da vítima poderá ter acesso aos autos; 
5. É administrativo; 
6. Valor probante relativo. Provas válidas deverão ser produzidas ou reproduzidas no processo criminal,
fora o inquérito policial; 
7. O inquérito é dispensável, desde que já tenha provas suficientes para o começo da perscutio criminis; 
8. Não se sujeita a nulidade, apenas algumas nulidades de atos realizados; 
9. Oficiosidade - a autoridade policial, conhecendo do fato, é obrigado a instaurar inquérito policial.
Podem ter início por ato da autoridade policial (de ofício), mediante requisição do juiz ou do
Ministério Público ou a requerimento da vítima (ou seu representante legal); 
10. Oficialidade - o estado tem o poder e dever de "tocar" o inquérito policial através do órgão
competente. Para tal, existe a polícia judiciária. A polícia judiciária é aquela que auxilia o poder
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judiciário, trazendo elementos para a investigação do crime. Sendo elas a polícia civil e a federal, que
investigam. 
11. Discricionariedade - o delegado estabelece, por mera discricionariedade, as investigações necessárias. 
12. Não se sujeita à nulidade, por falta de formalidades sacramentais, tão somente anula-se a prova 
13. Obrigatoriedade - o inquérito policial instaurado deverá, obrigatoriamente, ser concluído. O delegado
não pode determinar o arquivamento do inquérito policial. 
Art. 17.  A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. O juiz e o MP podem
propor o arquivamento do inquérito policial. 
 
Policia Administrativa - caráter de prevenção, prevenindo fatos delituosos. Policia militar, guarda
metropolitana, polícia rodoviária. Por exemplo, quando a polícia rodoviária faz um diligência verificando se
alguém está dirigindo embriagado, está acontecendo um ato administrativo preventivo. 
 
 
Início do Inquérito Policial 
 
 
Há, basicamente, cinco modos de dar início ao inquérito: 
 
a. de ofício, quando a autoridade policial, tomando conhecimento da prática de uma infração penal de
ação pública incondicionada (as ações públicas condicionadas e as ações privadas dependem de
provocação do ofendido), instaura a investigação para verificar a existência do crime ou da
contravenção penal e sua autoria; 
b. por provocação do ofendido, quando a pessoa que teve o bem jurídico lesado reclama a atuação da
autoridade; 
c. por delação de terceiro, quando qualquer pessoa do povo leva ao conhecimento da autoridade policial
a ocorrência de uma infração penal de iniciativa do Ministério Público; 
d. por requisição da autoridade competente, quando o juiz ou o promotor de justiça (ou procurador da
República) exigir, legalmente, que a investigação policial se realize, porque há provas suficientes a
tanto; 
e. pela lavratura do auto de prisãoem flagrante, nos casos em que o agente é encontrado em qualquer
das situações descritas no art. 302 do Código de Processo Penal (“está cometendo a infração penal”;
“acaba de cometê-la”; “é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração”; “é encontrado, logo depois, com
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração”). 
 
Pode a autoridade policial recusar-se a cumprir a requisição? Sim, se for manifestamente ilegal. Do
contrário, deve segui-la. 
Quanto ao requerimento do ofendido, pode indeferir de plano, mas convém mencionar a fundamentação,
pois cabe recurso ao chefe de polícia. Pode, ainda, a vítima requerer a intervenção do juiz ou do MP; diante
disso, tais autoridades podem requisitar a instauração do inquérito. 
 
Vale lembrar que, em caso de ação penal privada, somente se pode instaurar inquérito quando houver
requerimento do ofendido. 
Nos crimes de ação penal condicionada, a investigação só se procede mediante representação do ofendido
ou de seu representante legal, pedindo a instauração do inquérito policial, por mais que qualquer pessoa
possa denunciar o crime. 
 
A denúncia anônima, bastante incentivada nos dias de hoje, é capaz de provocar a atuação da autoridade
policial para investigar do que se trata. Quando conseguir alguns elementos, instaura, de ofício, o inquérito
para colher, oficialmente, as provas. Logo, a referida denúncia anônima tem papel secundário na persecução
penal, mas não se pode acoimá-la de ilegal ou abusiva. 
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A delatio criminis é a comunicação da ocorrência de um crime à autoridade policial, feita por qualquer
pessoa do povo (art. 5º, § 3º, CPP). 
A notitia criminis é o recebimento, pela autoridade policial, da comunicação da existência de fato criminoso.
Conhecimento espontâneo ou provocado do conhecimento de um fato aparentemente delituoso. 
 
Delegacias especializadas, por exemplo, delegacia de furtos e roubos, estelionatos, dentre outros, atuam em
crimes mais complexos, em que a autoria não é reconhecida e é necessária uma investigação mais pesada. 
Se alguém mata uma pessoa e é pego em flagrante, não vai para a delegacia de homicídio, por exemplo. 
 
Ocorre quando a autoridade policial tem conhecimento, espontâneo ou provocado, sobre um fato delituoso.
Será: 
1. espontânea (notitia criminis de cognição imediata/direta) - quando este conhecimento ocorre através
das atividades policiais rotineiras; 
2. provocada (notitia criminis de cognição mediata/indireta) - quando a autoridade policial toma
conhecimento da infração penal através de um expediente escrito; 
a. De terceiro - qualquer um do povo pode comunicar à autoridade penal da prática de um suposto
ilícito penal; 
b. Postulatória - qualquer um dos legitimados pelo art. 31 do CPP. 
3. de cognição coercitiva - ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso
mediante a apresentação do indivíduo preso em flagrante. 
4. Anônima ou inqualificada - sem identificação do denunciante, e não pode instaurar o IPL de ofício. É
necessária uma investigação preliminar de verossimilhança daquelas alegações. 
 
A instauração se efetiva mediante portaria ou prisão em flagrante. 
O ideal é a autoridade policial, justamente porque lhe compete a apuração da materialidade das infrações
penais e da sua autoria, proceder à classificação dos crimes e contravenções que lhe chegarem ao
conhecimento. Quando indiciar o suspeito (ver o tópico relativo ao indiciamento abaixo), o delegado deve
indicar o tipo penal no qual considera incurso o investigado. 
Naturalmente, a classificação feita pela autoridade policial não vincula o Ministério Público, nem tampouco
o juiz. 
 
Termo Circunstanciado - tomando conhecimento de um fato criminoso, a autoridade policial elabora um
termo contendo todos os dados necessários para identificar a ocorrência e sua autoria, encaminhando-o
imediatamente ao Juizado Especial Criminal, sem necessidade de maior delonga ou investigações
aprofundadas. 
 
Procedimento da Autoridade Policial 
 
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Prazos no Inquérito Policial 
Como regra, há o prazo de trinta dias para a conclusão do inquérito policial, na esfera estadual. Entretanto,
em face do acúmulo de serviço, torna-se inviável o cumprimento do referido prazo, motivo pelo qual a
autoridade policial costuma solicitar a dilação ao juiz. 
 
PROFESSOR MARTINS: O prazo é processual. 
NUCCI: Os dispositivos que disciplinam o prazo de duração do inquérito policial, diante da prisão do suspeito
(ou indiciado), consistem em normas processuais penais materiais, que lidam com o direito à liberdade, logo,
não deixam de ter cristalino fundo de direito material. 
Por isso, entendemos deva ser contado como se faz com qualquer prazo penal 
 
Quando o indiciado está preso em flagrante ou preventivamente, deve ser cumprido à risca o prazo de dez
dias (art. 10, CPP), pois há restrição ao direito fundamental à liberdade. Pode impetrar habeas corpus para
ser solto se o prazo se estender demais. 
 
Se o delegado tem dez dias para concluir o inquérito, e o promotor cinco dias para oferecer a denúncia,
havendo um percurso necessário de quinze dias para a ação penal ter início, caso a autoridade policial
remeta o inquérito no 11º dia ao fórum, mas, em compensação, o promotor denuncie no 12º dia, encontra-
se um ganho de três dias, entendendo a jurisprudência, nessa hipótese, que não se materializou o
constrangimento ilegal. 
 
Há outros prazos para a conclusão do inquérito. 
• Na hipótese de réu preso, tem a autoridade policial federal o prazo de 15 dias para concluir o inquérito
(Lei 5.010/66, que organiza a Justiça Federal de primeira instância), sujeito à prorrogação por outros
15 dias, se necessário. 
• Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), que é de 30 dias, em caso de indiciado preso, bem como de 90 dias,
quando solto (art. 51, caput). Esses prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvindo-se, previamente, o
Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade policial (art. 51, parágrafo único). 
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• Lei 1.521/51 (Crimes contra a Economia Popular) que o prazo de conclusão do inquérito é sempre de
10 dias (art. 10, § 1.º), esteja o sujeito preso ou solto, possuindo o promotor apenas 2 dias para
oferecer denúncia (art. 10, § 2.º). 
 
 
Indiciamento 
O indiciamento é ato privativo da autoridade policial, conforme seu livre convencimento, apontando
determinado suspeito, oficialmente, como autor do delito. É ato que formaliza a suspeição sobre
determinada pessoa. 
 
Chama-se o sujeito para ser indiciado, ou seja, qualificado e ouvido, registrando-se em sua folha de
antecedentes o ato. Não deixa de ser um constrangimento, motivo pelo qual deve ser legal. 
Se o indiciamento não tiver base mínima na prova colhida no inquérito até então, poder-se-á questioná-lo,
impetrando-se habeas corpus junto à autoridade judicial competente. Sustentamos não caber requisição de
juiz ou promotor para indiciar o suspeito, pois o ato cabe à autoridade policial. 
 
Se o membro do Ministério Público achar que há provas suficientes para denunciar o suspeito, deverá
propor a ação penal, independentemente do indiciamento. Recebida a ação pelo juiz, anota-se na folha de
antecedentes do mesmo modo. 
 
Identificação Criminal 
Não se confunda o indiciamento com a identificação criminal, que significa individualizar o suspeito para fins
de investigação e processo, evitando-se processar pessoa errada. A identificação permite colher todos os
dados de alguém,tornando certa a sua pessoa. Logo, se o Ministério Público quiser obter a certeza de quem
seja o suspeito, poderá requisitar a sua identificação criminal, mas não o indiciamento, que não lhe
compete. 
 
A identificação criminal, hoje, baseia-se na colheita das impressões datiloscópicas e em fotografia (art. 5º,
Lei 12.037/2009). Além disso, por força da Lei 12.654/2012, permite-se a coleta de material biológico para a
composição do perfil genético, que será armazenado em banco de dados sigiloso, gerenciado por unidade
oficial de perícia criminal. Por isso, como regra, somente se promove a sua realização caso o suspeito não
forneça dados confiáveis para a sua identificação. Do contrário, deve-se respeitar o disposto pela
Constituição Federal: “o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei” (art. 5º, LVIII). 
 
 
Relatório Final 
Findo o inquérito, a autoridade policial deve elaborar um relatório, dirigido ao juiz, narrando
pormenorizadamente o que foi realizado e, se for o caso, indicando outras provas a produzir (art. 10, §§ 1º e
2º, CPP). 
 
O juiz, então, encaminhará ao MP ou ao querelante, em caso de ação penal privada. 
 
Quando o acusado ou alguém a seu favor interpõe ou habeas corpus e este é deferido, determinando o
encerramento do inquérito policial. Esta é a forma anormal para o encerramento do inquérito policial. 
 
Arquivamento 
O arquivamento do inquérito não pode ser realizado pela autoridade policial (art. 17, CPP). Cabe ao
Ministério Público, quando se tratar de ação pública, requerer o arquivamento, que será (ou não) deferido
pelo juiz. Caso o magistrado discorde das razões levantadas pelo membro do MP, remeterá os autos ao
Procurador-Geral de Justiça (art. 28, CPP). 
 
Na esfera federal, a análise será feita por um colegiado de Procuradores da República. Se órgão superior do
Ministério Público concordar com as razões do promotor, insistirá no arquivamento e o juiz deverá acolher o
pleito, pois o titular privativo da ação penal é o MP. Discordando, designará promotor para oferecer
denúncia, em nome do Procurador-Geral, motivo pelo qual o designado é obrigado a fazê-lo. Afinal, não age
em seu nome, mas do chefe da instituição. 
 
Arquivado o inquérito, pode haver novas diligências investigatórias, sobre o mesmo fato, desde que surjam
provas novas, consideradas estas como efetivamente inéditas, ou seja, desconhecidas até então. Não se
pode reabrir a investigação criminal com provas antigas sob nova roupagem (ex.: testemunha que altera seu
depoimento, sem nenhuma razão plausível). Há a Súmula 524 do STF nesse prisma. 
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Quando se tratar de ação privada, não se fala em arquivamento. Envia-se o inquérito para o cartório da Vara
competente, onde aguardará a manifestação da vítima (art. 19, CPP). Se esta deixar ultrapassar o prazo de
seis meses, sem propor a ação penal, ocorrerá a decadência e a extinção da punibilidade do
indiciado/suspeito. 
 
 
Prisão 
Definitiva ou Provisória. 
 
Definitiva 
É aquela que se baseia em um decreto condenatório que tenha transitado em julgado, em suma, uma
sentença penal condenatória. 
 
Provisória 
Atender uma situação momentânea específica. 
No campo processual penal, há as seguintes espécies de prisão cautelar: (a) prisão temporária; (b) prisão em
flagrante (é pré-cautelar); (c) prisão preventiva; (d) prisão para aguardar o júri; (e) prisão para recorrer; (f)
condução coercitiva. 
 
Periculum Liberatatis - perigo em deixar o indiciado em liberdade. 
Cautelar não é antecipação da pena, porém, pode ser abatido do tempo de cumprimento estabelecido na
sentença. 
 
Jurisdicionalidade - A cautelar deverá ser decidida exclusivamente pelo judiciário. Depende de uma
manifestação judicial para sua validade, ou seja, só o juiz pode decretar uma prisão cautelar. 
 
Provisionalidade - Deve atender aos requisitos para uma prisão cautelar. 
 
Provisioriedade - Ela perdurará apenas por determinado tempo, não deve ser definitiva. 
A prisão preventiva não possui prazo estabelecido em lei. Por um lado, essa situação é positiva, visto que
cada processo tem as suas peculiaridades em relação ao trâmite, devendo findar o mais breve possível, mas
sem um termo fixo. 
 
De outra sorte, a ausência de um tempo predeterminado pode provocar a injusta extensão da prisão
cautelar por período inadequado, quase levando o réu a antecipar o cumprimento de eventual pena. 
Trabalham a doutrina e a jurisprudência, hoje, com os critérios da razoabilidade e da proporcionalidade.
Deve-se manter a prisão preventiva por tempo razoável, compreendido este como o período absolutamente
suficiente para findar a instrução, sem que o Estado-acusação ou o Estado-juiz tenha dado causa à dilação
indevida. 
 
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Excepcionalidade - a regra é não ocorrer a prisão cautelar, ela deve ser tratada como exceção a ser aplicada
no caso concreto. Não é aclamar a opinião pública, só porque a sociedade acha que é importante. Deve-se
analisar se é só a opinião ou é realmente pela ordem pública. 
 
Proporcionalidade - a prisão cautelar deve ser compativel com o caso. 
A Lei 12.403/2011, modificando o art. 313 do CPP, restringiu a decretação da preventiva aos: 
1. crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos; 
2. se o réu tiver sido condenado por outro delito doloso, sem sentença transitada em julgado; ou 
3. se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. 
 
Admite-se, também, uma prisão preventiva temporária, voltada à identificação do indiciado ou réu;
realizada, será imediatamente colocado em liberdade. 
 
Não haverá decretação de prisão preventiva se o juiz verificar a possibilidade do cometimento de crime
abrigado por alguma excludente de ilicitude (art. 23, CP). 
 
Medidas cautelares diferentes da prisão: 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades; 
 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao
fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas
infrações; 
 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato,
deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; 
 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução; 
 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha
residência e trabalho fixos; 
 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; 
 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça,
quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de
reiteração; 
 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a
obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; 
 
IX - monitoração eletrônica. 
 
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada
com outras medidas cautelares. 
 
 
Prisão Preventiva 
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Há três situações claras em que poderá ser imposta a prisão preventiva: 
i. a qualquer momento da fase de investigação ou do processo, de modo autônomo e independente
(arts. 311, 312 e 313, CPP); 
ii. como conversão da prisão em flagrante, quando insuficientes ou inadequadas outras medidas
cautelares (art. 310, II, CPP); e 
iii. em substituição à medida cautelar eventualmente descumprida (art. 282, § 4º, CPP). 
 
A prisão preventiva, diferentemente da prisão temporária, presta-se a tutelar tanto a fase de investigação
quanto a fase de processo, podendo ser decretada a qualquer tempo (art. 311, CPP). 
 
A lei prevê a possibilidade de se decretar a prisão preventiva durante o inquérito policial, possivelmente
focando os crimes que não comportam a decretação da prisão temporária, mas necessitam da medida de
cautela. São eles: prova da materialidade e indícios suficientes de autoria. 
 
Por isso, dispõe o art. 313 do CPP que a regra geral é a permissão da prisão preventiva para os crimes
dolosos e cuja pena máxima, privativa da liberdade, seja superior a quatro anos (I). Afasta-se, então, de
plano e como regra, a prisão preventiva autônoma para os crimes culposos e para as contravenções penais. 
 
Para os demais crimes dolosos, com pena igual ou inferior a quatro anos, a prisão somente será possível se,
presentes também as situações do art. 312, for reincidente (art. 64, I, CP) o aprisionado, por condenação
passada em julgado pela prática de outro crime doloso (art. 313, CPP). 
 
Nos casos em que houver dúvida quanto à identidade civil do acusado (ou indiciado), pela ausência de
elementos idôneos para o respectivo esclarecimento, a prisão preventiva também poderá ser decretada,
para quaisquer crimes dolosos, devendo o preso ser colocado em liberdade tão logo seja esclarecida a
questão, sem prejuízo da imposição de alguma outra medida cautelar (art. 313, parágrafo único, CPP), que
atenda os requisitos do art. 282, I e II, CPP. 
 
 Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: 
 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; 
 
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II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o
disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal; 
 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo
ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; 
 
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da
medida. 
 
 
A Lei nº 11.340/06, que cuida do sistema de proteção à mulher contra a Violência Doméstica e Familiar, já
havia incluído modalidade de autorização para a preventiva, quando o crime envolvesse violência doméstica
e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência (art. 42). 
 
A Lei nº 12.403/11 manteve a aludida modalidade de prisão preventiva, ampliando-a para a proteção da
criança, do adolescente e do idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, de modo a garantir a execução das
medidas protetivas previstas em leis (art. 313, III, CPP). Mas note-se. A depender da infração penal, ou seja,
a depender da pena cominada, a prisão preventiva nesses casos (art. 313, III, CPP) será decretada apenas
para garantir a execução das medidas protetivas de urgência, o que parece indicar a necessidade de
imposição anterior das mencionadas cautelares (protetivas de urgência). 
 
Cabe ponderar, no ponto, em relação às medidas protetivas de proteção à mulher, a permanência (validade)
do disposto no art. 20 da referida Lei Maria da Penha, que cuida da preventiva em casos de riscos imediatos
à pessoa ali tutelada. Cuida-se de legislação especial, não atingida pela superveniência da Lei nº 12.403/11. 
 
A prisão, quando decretada por juiz de primeiro grau, submete-se ao controle de legalidade realizado pelo
tribunal. Quando este valida a prisão, o controle passa, de imediato, ao tribunal superior. Ilustrando: do juiz
segue ao Tribunal de Justiça ou Regional Federal (estadual ou federal); deste colegiado ao Superior Tribunal
de Justiça; deste último ao Supremo Tribunal Federal. 
 
 
Exige-se para a decretação da prisão preventiva a prova da materialidade (existência do crime) e indícios
suficientes de autoria (elementos em grau satisfatório, apontando o indiciado como autor da infração
penal). Esses requisitos são os mesmos para o recebimento da denúncia ou queixa; por isso, o mais comum é
a decretação da preventiva juntamente com o recebimento da peça acusatória. (fumus comissi delicti). 
 
Para tanto, deve o juiz calcar-se em elementos concretos, existentes nos autos, apontando-os na sua
decisão; nada pode ser feito com base em dados abstratos (ex.: tendo em vista que o roubo é crime grave,
decreto a preventiva). Não se pode utilizar termos vagos, genéricos ou simples cópia das expressões
constantes de lei. 
 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica,
por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da
existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do
imputado. 
 
a) Garantia da ordem pública: Conceito vago. Perigo para sociedade. Fala-se em clamor público, abalo da
tranquilidade, gravidade do delito (não tem sido aceito, até porque todos são graves). Não pode ter por base
única a segurança do acusado. Deve ser muito bem justificada. 
 
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b) Garantia da ordem econômica: Tranquilidade e harmonia da ordem econômica diante da reiteração de
condutas que possam por em risco o Sistema Financeiro de ações ou mercado de ações e valores. A
imputação deve recair sobre crimes ofensivos à ordem econômica. 
 
c) Conveniência da instrução criminal: Risco para a instrução criminal. Sentido muito amplo. Coloca em risco
a coleta da prova ou o normal desenvolvimento do inquérito ou do processo. 
 
d) Assegurar a aplicação da lei penal: Visa evitar prejuízo para o cumprimento de eventual futura sentença
penal condenatória. Risco concreto de fuga. 
 
O requisito mais aberto e polêmico, para a decretação da prisão preventiva, é a garantia da ordem pública
(periculum libertatis). Por isso, deve-se focar nos seguintes fatores: 
1. gravidade concreta do delito; 
2. execução peculiar e anormal do crime; 
3. clamor público devidamente comprovado; maus antecedentes e/ou reincidência; 
4. envolvimento com o crime organizado; 
 
A garantia da ordem econômica configura-se com os mesmos requisitos da garantia da ordem pública, mas
com a peculiaridade de se buscar a possibilidade de reiteração criminosa. Noutros termos, afeta a ordem
econômica o agente que, já tendo cometido delito econômico-financeiro, persiste na mesma conduta,
mesmo após iniciada a investigação ou processo. 
 
Quanto à garantia da aplicação da lei penal, a fuga do agente é o maior fundamento para a preventiva. A
simples mudança de endereço, a ausência do réu do processo, o não comparecimento para ser interrogado
ou a não localização do acusado, por si sós, não representam causas para a preventiva. É essencial verificar o
contexto concreto. 
 
A conveniência da instrução processual liga-se à incolumidade da colheita deprovas, basicamente. Por isso,
quando há evidência de que o réu destrói provas ou ameaça testemunhas, torna-se palco para a preventiva. 
 
Criou-se a prisão domiciliar (art. 318, CPP). 
 
 
 
 
Prisão em Flagrante 
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A prisão em flagrante, nos moldes desenhados pela Lei 12.403/2011, é controlada, exclusivamente, pelo juiz.
Excepcionalmente, quando ocorre em crime de ação penal originária de tribunal (foro privilegiado), seu
controle passa ao colegiado. 
 
Lembra-se da figura da audiência de custódia, no qual o agente ativo é detido por flagrante mas tem uma
audiência para ele ser ouvido pelo juiz antes de decretar a decisão sobre os autos de prisão em flagrante. 
Desde o longínquo ano de 1992 vigora no País o Decreto nº 678/92, que obriga o Governo Brasileiro a
cumprir o tanto quanto disposto pela Convenção Americana de Direitos Humanos, conhecida pelo nome de
“Pacto de San José da Costa Rica”. Em seu art. 7º, item 5, aquele diploma prevê que toda pessoa presa deve
ser conduzida, “sem demora”, à presença de um juiz. 
Não se trata de uma antecipação do interrogatório. Mais ainda: não se está abrindo a oportunidade para o
avanço acerca das circunstâncias e elementares do delito posto então sob suspeita. A audiência destina-se
tão somente ao exame da necessidade de se manter a custódia prisional, o que significa que o magistrado
deve conduzir a entrevista sob tal e exclusiva perspectiva. 
 
 
Qualquer pessoa do povo pode realizar a prisão em flagrante (facultatividade) e os policiais devem efetivá-la
(obrigatoriedade), conforme prevê o art. 301 do CPP. Se for crime de ação penal privada, deve ter uma
anuência da vítima. 
 
Espécies: 
i. próprio - quando o agente está cometendo o crime ou acabou de cometê-lo (art. 302, I e II, CPP). 
ii. Impróprio - quando é perseguido, logo após, pela polícia, vítima ou terceiros, em situação que faça
presumir ser autor do delito (art. 302, III, CPP). O que deve ser decisivo aqui é a imediatidade da
perseguição (cuja definição ainda veremos, adiante), para o fim de caracterizar a situação de flagrante.
A perseguição, como ocorre em qualquer flagrante, pode ser feita por qualquer pessoa do povo (art.
301, CPP) e deve ser iniciada logo após o cometimento do fato, ainda que o perseguidor não o tenha
efetivamente presenciado. Não há um critério legal objetivo para definir o que seja o logo após
mencionado no art. 302, devendo a questão ser examinada sempre a partir do caso concreto, pelo
sopesamento das circunstâncias do crime, das informações acerca da fuga e da presteza da diligência
persecutória. 
iii. presumido - quando o agente é achado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que
façam presumir ser ele o autor do crime (art. 302, IV, CPP). É uma espécie de impróprio. 
 
A prisão em flagrante pode realizar-se a qualquer hora do dia ou da noite, mesmo que, para tanto, haja
necessidade de se invadir domicílio. Entretanto, pensamos serem viáveis, apenas, as hipóteses de flagrante
próprio (está cometendo a infração ou acaba de cometê-la), previstas no art. 302, I e II, CPP. Os casos de
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flagrante impróprio ou presumido (art. 302, III e IV, CPP) não permitem a certeza necessária para autorizar
quebrar a inviolabilidade de domicílio. 
 
Modalidades 
i. preparado - provocado, crime de ensaio, delito putativo por obra do agente ou delito de experiência.
Ocorre quando o agente é instigado a praticar o delito, caracterizando verdadeiro crime impossível.
Corroborando com essa definição, Norberto Avena afirma que o flagrante preparado "é aquele pelo
qual o agente é instigado a praticar o crime, não sabendo, porém, que está sob a vigilância atenta da
autoridade ou de terceiros, que só aguardam o início dos atos de execução para realizar o flagrante".
ILÍCITO. 
ii. forjado - uma situação falsa de flagrante criada para incriminar alguém. "É aquele armado, fabricado,
realizado para incriminar pessoa inocente. É a lídima expressão do arbítrio, onde a situação de
flagrância é maquinada para ocasionar a prisão daquele que não tem conhecimento do ardil. (...) É
uma modalidade ilícita do flagrante, onde o único infrator é o agente forjador, que pratica o crime de
denunciação caluniosa (art. 339 CP), e sendo agente público, também abuso de autoridade (Lei nº
4.898/65)". ILÍCITO. 
iii. esperado - quando terceiros (policiais ou particulares) dirigem-se ao local onde irá ocorrer o crime e
aguardam a sua execução. Neste caso, não há a figura de um agente provocador, ou seja, não há
indução para a prática do crime. É o caso de campanas realizadas pelos policiais que, após informações
sobre o crime, aguardam o início da sua execução no local, com a finalidade de prender o criminoso
em flagrante. 
iv. prorrogado - retardado, diferido, protelado ou por ação controlada quando, mediante autorização
judicial, o agente policial retarda o momento da sua intervenção, para um momento futuro, mais
eficaz e oportuno para o colhimento das provas ou por conveniência da investigação. Consiste, pois,
"no retardamento da intervenção policial, que deve ocorrer no momento mais oportuno do ponto de
vista da investigação criminal ou da colheita de provas". (Lima, p. 1286). Possui previsão legal no artigo
2º, inciso II, da Lei nº 9.034/1995 (organizações criminosas), artigo 53, inciso II, da Lei nº 11.343/06
(drogas) e artigo 4ºB, da Lei nº 9.613/98 (lavagem de capitais). 
 
 
A lavratura do auto de prisão em flagrante obedece a uma ordem prevista em lei (art. 304, CPP). A
autoridade deve ouvir, informalmente, todos os envolvidos, quando surgirem na delegacia para formar sua
convicção, se houve fato típico e hipótese de flagrante. A partir daí, ouvirá, formalmente, o condutor,
reduzindo seu depoimento a termo; assinado, será dispensado. Na sequência, ouvem-se as testemunhas,
finalizando-se com o interrogatório do indiciado. Finalizado o auto, comprovada a prática da infração penal,
a autoridade policial mandará recolher o conduzido ao cárcere, se não houver fiança. Caso não haja
comprovação de fato típico, o delegado relaxa a prisão e prossegue no inquérito para outras averiguações
(art. 304, § 1º, CPP). Há quem sustente que não pode a autoridade policial relaxar o flagrante, mas não
vemos como poderia ser o conduzido recolhido ao cárcere se, ao final do auto, ficar evidente não haver
tipicidade. 
 
Exigem-se, ao menos, duas testemunhas. O ideal é que ambas tenham presenciado o fato criminoso. Não
sendo viável, demanda-se a oitiva de duas testemunhas da apresentação do conduzido ao delegado. Por
outro lado, pode-se computar, quando necessário, o condutor como uma das testemunhas. 
 
O preso tem direito de ter sua prisão comunicada imediatamente à família ou a pessoa por ele indicada.
Após a lavratura do auto, a autoridade policial deve comunicá-lo ao juiz, em 24 horas, para a verificação de
sua regularidade. No mesmo prazo, encaminha-se cópia ao Ministério Público. Nessa ocasião, o magistrado
poderá: (a) relaxar a prisão, se a entender ilegal; (b) manter o flagrante, convertendo-o em prisão
preventiva, se presentes os requisitos do art. 312 do CPP e insuficientes as medidas cautelares alternativas;
(c) conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. 
No mesmo período de 24 horas, entrega-se ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, contendo o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas (art. 306, § 2º, CPP). 
 
 
Prisão Temporária 
Necessitava-se de instrumento ágil e eficiente para a prisão cautelar durante a fase investigatória, motivo
pelo qual se idealizou a prisão temporária. 
Trata-se de prisão cuja finalidade é a de acautelamento das investigações do inquérito policial, consoante se
extrai do art. 1º, I,da Lei nº 7.960/89, no que cumpriria a função de instrumentalidade, isso é, de cautela. E
será ainda provisória, porque tem a sua duração expressamente fixada em lei, como se observa de seu art.
2º e também do disposto no art. 2º, § 4º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos). 
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A citada Lei nº 7.960/89 prevê que a prisão temporária, ao contrário da prisão preventiva, dirige-se
exclusivamente à tutela das investigações policiais, daí por que não se pode pensar na sua aplicação quando
já instaurada a ação penal. 
 
É requerida por meio de representação do delgado ou requerimento do Ministério Público, não cabendo ao
juiz decretar a prisão temporária de ofício. 
 
O prazo da temporária é de cinco dias, prorrogáveis por outros cinco, quando absolutamente indispensável.
Para delitos hediondos e equiparados, pode-se utilizar um prazo de até trinta dias, prorrogáveis por outros
trinta, se absolutamente necessário. 
Embora possa o Tribunal controlar a legalidade da prisão temporária decretada pelo juiz, por ter prazo
exíguo, dificilmente consegue-se impetrar um habeas corpus, com julgamento a tempo de coibir eventual
abuso, antes de terminar o período da prisão cautelar. 
 
Os requisitos para a decretação da prisão temporária estão previstos no art. 1º da Lei 7.960/1989. Por
entendimento majoritário, deve-se conjugar o: 
inciso I (imprescindibilidade para a investigação policial); com o 
i. inciso III (relação de crimes que comportam a temporária, quando houver fundadas razões, de acordo
com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado [fummus
comissi delicti); ou com o 
ii. inciso II (indiciado sem residência fixa ou identidade certa) com o inciso III. 
*Há a necessidade da somatória do inciso I com o III ou II. 
 
 
Findo o tempo determinado pelo juiz (cinco ou mais dias, conforme o caso), a autoridade policial, sem
necessitar de alvará judicial, coloca o preso em liberdade. 
 
 
Liberdade 
Prisão ilegal = HC (ação autônoma de impugnação – Art. 5º, LXVIII, CF e arts. 647 e segs. CPP) - sempre que
alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo
nos casos de punição disciplinar. 
 
-> RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE - após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo
máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de
custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o
membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: 
I - relaxar a prisão ilegal (não prevista em lei/desrespeito às formalidades/excesso de prazo). 
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II - converter em preventiva, quando suficiente os requisitos do art. 312; 
III - conceder liberdade provisória (não cabe liberdade provisória quando couber prisão preventiva), com ou
sem fiança. 
 
-> PROVISÓRIA SEM FIANÇA 
A liberdade provisória, sem fiança, deve ser concedida, sempre, aos casos em que haja a possibilidade de
cometimento do delito sob o manto de alguma das excludentes de ilicitude previstas no art. 23 do Código
Penal (estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever
legal). 
 
Além disso, o CPP, art. 321 diz que: ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva,
o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art.
319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. 
 
-> PROVISÓRIA COM FIANÇA 
 
i. Direito do acusado para responder o processo em liberdade. 
ii. Garantia patrimonial. 
iii. Visa garantir despesas processuais, multa e eventual indenização. Também desmotiva 
iv. fuga (art. 336, CPP). 
v. Deve ser proporcional à gravidade do crime e possibilidade econômica de quem presta. 
vi. Depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública federal, estadual
ou municipal, hipoteca (art. 330, CPP). 
vii. Direito do acusado de ficar em liberdade durante o processo, se cumpridas as condições
estabelecidas. 
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viii. Pode ser cumulada com outras medidas cautelares (art. 319, CPP). 
ix. A fiança pode ser determinada quando da liberdade provisória ou como medida cautelar autônoma. 
x. Evita a prisão preventiva. 
 
A fiança pode ser fixada pela autoridade policial, quando se tratar de crime cuja pena privativa de liberdade
máxima não seja superior a quatro anos. Para os demais casos, depende do juiz a requerimento da parte
(art. 322, CPP). 
 
Reproduziu-se no Código de Processo Penal (art. 323), após a Lei 12.403/2011, as mesmas vedações à fiança
constantes da Constituição Federal (racismo, tortura, tráfico de drogas, terrorismo, hediondos e ação de
grupos armados). 
Vedou-se, também, fiança aos que tiverem, antes, quebrado a que lhe foi concedida, sem motivo justo, nos
casos de prisão militar ou civil e quando presentes os requisitos da preventiva (art. 324, CPP). 
 
Os valores da fiança foram significativamente aumentados (art. 325, CPP). Deve o magistrado verificar, com
firmeza, a capacidade econômica do preso, dentro dos limites legais, para estabelecer o valor da fiança. Não
pode exagerar no valor, sob pena de inviabilizar a soltura do acusado, o que não é o objetivo da fiança. 
 
As situações de quebra da fiança estão previstas no art. 341 do CPP. Ocorrendo quaisquer das hipóteses,
impõe-se a perda de metade do seu valor e abre-se a possibilidade de o juiz decretar a prisão preventiva ou
impor medidas cautelares alternativas, diversas da fiança. 
 
 
 
Medidas Cautelares Alternativas 
01/03/2021 OneNote
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A Lei 12.403/2011 inseriu no cenário processual penal medidas cautelares, restritivas da liberdade, porém
diversas da prisão. São previstas no art. 319 do CPP. Pretende-se aplicar, agora, as mesmas medidas
restritivas à liberdade como forma de contornar a decretação da prisão preventiva. 
Alguns requisitos das medidas cautelares alternativas parecem similares aos da prisão preventiva, embora,
na verdade, sejam eles menos intensos. 
 
Podem requerer a aplicação da medida cautelar as partes, ou ser decretada pelo juiz, de ofício, quando em
juízo. Na fase investigatória, depende de representação da autoridade policial ou de requerimento do
Ministério Público. 
 
 
 
Sujeitos e Partes do Processo Penal 
Juiz 
O juiz, na relação processual, encontra-se em posição imparcial e suprapartes, considerado o sujeito
principal na visão tríplice (autor-réu-juiz). Deve promover o impulso no procedimento, desde o recebimento
da peça acusatória até a decisão final de mérito. 
Deve zelar pela sua própria imparcialidade; detectada qualquer das situações descritas nos arts. 252
(impedimentos) e 254 (suspeições) do CPP, o próprio magistrado deve declarar-se impedido ou suspeito,
passando a condução do feito a outro juiz. Se não o fizer, cabe à parte ingressar com a exceção de
impedimento ou de suspeição. 
 
 
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As razões de suspeição, descritas no art. 254 do CPP, lidam com o aspecto humano do juiz, que vive em
sociedade, logo, pode cultivar amigos íntimos ou inimigos capitais, algo que pode desestruturá-lo para agir
com imparcialidade. 
 
As

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