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Anestesiologia como área de atuação


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Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo 
ANESTESIOLOGIA COMO ÁREA DE ATUAÇÃO 
Anestesiologia – 10/02/2021 – Prof. Lilia Perez 
“SEDARE DOLOREM OPUS DIVINUM EST” (Hipócrates) 
“Nenhuma descoberta já feita na medicina se mostrou mais benéfica para a raça humana do que a descoberta 
da anestesia, não só porque ela aliviou as terríveis dores da cirurgia, mas também porque toda a estrutura 
da medicina moderna tirou força de seu sucesso e da cirurgia ela mesma foi capaz de realizar, com sua ajuda, 
um avanço maior no último século do que em todos os milênios anteriores!” (Armstrong Davidson, 1959) 
Anestesia significa a condição de ter a sensibilidade bloqueada ou temporariamente removida, com ou sem 
consciência, a inconsciência não é obrigatória na anestesia. Isso permite que os pacientes passem por cirurgia 
e outros procedimentos sem angústia e a dor que experimentariam e outra maneira. 
• Há poucos registros de tentativas de aliviar a dor durante os procedimentos cirúrgicos. 
• A anestesia é fruto da busca incessante da humanidade pelo alívio da dor e do sofrimento. 
o Antes de 1846: acupuntura, hipnose, ação sedativa de algumas plantas álcool. 
o Depois de 1846: grandes avanços em técnicas de anestesia inalatória. 
História da anestesia 
• 460-377 a.C: Hipócrates usa a esponja saporífera (ópio, mandrágora e outras substâncias); 
• 1275: Raymundus Lullius descobre o éter e o chama de vitríolo doce; 
• 1667: Primeira transfusão de sangue envolvendo um ser humano; 
• 1733: Frobenius muda o nome de vitríolo para éter; 
• 1771: Joseph Priestley isola o oxigênio 
• 1772: Pristley sintetiza o oxido nitroso (gás hilariante); 
• 1792: Curry, utilizando o tato, realiza a primeira intubação traqueal; 
• 1799: Davy se torna a primeira pessoa a inalar o óxido nitroso em Bristol; 
“O óxido nitroso em sua extensa utilidade parece ser capaz de destruir a dor física, ele provavelmente poderia 
ser usado com vantagens durante operações cirúrgicas nas quais não ocorressem em grandes efusões de 
sangue” 
o 1804: isolada a morfina a partir do ópio 
o 1831: Síntese de clorofórmio por Gurthirie e Liebing 
o 1845: Horace Wells tenta demonstrar as propriedades do N20 e fracassa em Boston 
o 1846: Primeira demonstração pública de anestesia para cirurgia por William Morton 
o 1847: Dr. Roberto Lobo administra a 1ª anestesia no RJ, Brasil. Procedimento feito com éter. 
o 1851: Invenção da seringa na França 
o 1874: Primeira anestesia venosa em humanos; 
o 1898: Bier realiza a 1ª anestesia subaracnóide 
o 1934: Waters emprega tionembutal 1ª vez. 
Qual o papel da anestesia? 
É a especialidade que envolve a proteção e manejo médico de pacientes mantidos inconscientes e/ou 
insensíveis à dor física e ao estresse emocional durante procedimentos cirúrgicos, obstétricos e diagnósticos. 
Anestesiologia → Crescimento exponencial 
• Centro cirúrgico/Diagnóstico; 
• Ambulatório de Dor (subespecialidade, duração de 1 a 2 anos) 
• Cuidados Paliativos 
• Medicina Intensiva 
• Consultas pré-anestésicas; 
Rotina 
• “Mas anestesista é médico” 
• “O anestesista é o primeiro a chega e o último a sair.” 
• “A culpa é do anestesista” 
• “Anestesista só fica sentado no celular” 
• “Anestesista só sabe suspender cirurgia” 
• “Anestesia é só aplicar injeção” 
Qual o papel da anestesia? 
• A anestesiologia é a quinta especialidade médica mais procurada do país. 
• São quase 21 mil profissionais dessa modalidade atuando no Brasil; 
• O médico Anestesista é, por natureza, um profissional multidisciplinar. 
• São fundamentais em hospitais, clínicas e centros de urgências. 
• A função dos Anestesista não é apenas aplicar a anestesia!!! 
Pré-requisitos: 
São competências essenciais para o profissional 
• Resolutividade (com rapidez e segurança) 
• Vontade constante de estudar e se atualizar. 
• Capacidade de lidar com situações críticas; 
• Resiliência para lidar com fadiga e estresse 
• Capacidade de trabalhar em equipe 
• Exercer liderança em alguns momentos 
Farmacologia, fisiologia, fisiopatologia, clínica médica e terapêutica. 
Estágio curricular de 3 anos como ME em CET reconhecido pela SBA ou MEC; 
A atuação baseia-se nos princípios do Código de Ética Médica e Res. 2174/17 
• Realizar consulta pré-anestésica previa em todo procedimento eletivo; 
• Avaliar previamente condições mínimas de segurança do centro cirúrgico. 
• Não realizar anestesias simultâneas; 
• Acompanhar paciente até seu destino final no CRPA/UTI; 
• Não se afastar de anestesias em andamento sem substituição devida; 
• Obter termo de consentimento para procedimentos eletivos 
• Preencher ficha de anestesia. 
Riscos ocupacionais 
Os anestesiologistas estão incluídos entre os profissionais que exercem atividades que expõem as doenças 
ocupacionais estando constantemente sujeitos há um considerável número de fatores perigosos para a sua 
saúde. 
Biológico: 
• Infecções 
Físicos: 
• Ruídos. 
• Baixas temperaturas 
• Radiação/Laser 
• Acidentes elétricos 
Químicos 
• Poluição anestésica 
Comportamentais: 
• Bornout/estresse ocupacional 
• Ergonomia 
Ruídos ambientais excessivos 
• As salas de cirurgia costumam ser ruidosas 
• NIOSH: aceitáveis 86 dB período contínuo de 8h ou 90dB se são contínuos. 
• Hospitais: Nível de ruído de 45 dB e no máximo 145 db por mínimos períodos; 
• Ruídos em salas de cirurgia não devem ultrapassar 55 dB. 
Consequências: 
→ Zumbido auditivo 
→ PAIR 
→ Estresse, HAS, doenças cardiovasculares 
• Os ruídos refletidos sendo a origem difícil de localizar 
• Níveis elevados de ruídos interferem na comunicação e percepção de alarmes 
• A ASA enfatiza que o nível aceitável é aquele que permite a audição da variação de tonalidade 
emitindo pelo oxímetro de pulso; 
• Causa: são conversas, são tons metálicos, sistemas de aquecimento, alarmes de equipamento, 
alarmes de equipamento, músicas etc. 
• Os ruídos podem afetar o conforto e a segurança do paciente; 
Radiação 
• Ionizante: Raio x e isótopos radioativos capazes de ionizar átomos e moléculas 
• Não-ionizante: laser, micro-ondas; 
Os anestesiologistas estão frequentemente expostos a radiações sobretudo em ambiente diagnóstico e 
intervenção como na medicina intervencionista dor, UTI e alguns tipos de cirurgias (ortopédicas, vasculares, 
etc); 
• O grau de exposição à radiações ionizantes é descrita em unidades 
• A exposição deve ser a mais baixa possível seguindo normas de radioproteção; 
• Evitar que a radiação por exposição ocupacional atingia 10% da dose máxima de 5 REM; 
• A irradiação desencadeia efeitos cumulativos deletérios para o organismo: 
o Lesões oculares, queimadura, alopecia, infertilidade, doenças malignas 
FATORES DE RISCO: 
→ Duração da exposição 
→ Distância do equipamento emissor; 
→ Barreira protetora 
→ Educação da equipe 
→ Monitorização 
Acidentes elétricos 
o Para sofrer um choque, o anestesiologista precisa estar em contato com um circuito elétrico em 
dois pontos, gerando assim uma diferença de potencial elétrico. 
o Pode causar lesão tecidual, contração muscular, parada ventilatória, FV, morte 
o A gravidade do choque é determinada pela quantidade de corrente e duração do fluxo 
 
Infecções 
A exposição acidental com instrumento perfurocortante contendo material biológico é o acidente 
ocupacional mais comum envolvendo profissionais da área de saúde principalmente em ambientes 
cirúrgicos. 
Risco de infecção 
• Extensão da lesão e quantidade de fluido biológico; 
• Condições sistêmicas do profissional; 
• Características dos microrganismos 
• Condutas realizadas após a exposição 
Os patógenos mais importantes são HBV, HCV e HIV 
Os ferimentos perfurocortantes contaminados com líquidos corporais ou secreções são as causas mais 
frequentes de anestesiologistas; 
A hepatite C é a patologia mais comumente adquirida pelo contato de conjuntiva 
Prevençãoo Calendário vacinal atualizado; 
o Usar EPI durante procedimentos; 
o Descarte adequado de materiais, isolar secreções corporais com barreiras 
Poluição anestésica 
• O NIOSH emitiu recomendação oficial sobre limite da exposição aos agentes anestésicos 
• N2O: LIMITE DE 25 ppm durante o período de anestesia; 
• Halogenados: 2 ppm por período que exceda 1h 
• Possibilidade de ação teratogênica por inalação crônica; 
• Devem ser adotadas atitudes práticas para diminuir exposição 
• Uso de circuitos fechados, testes de vazamento 
Sintomas 
• Cefaleia 
• Fadiga 
• Irritabilidade 
• Teratogenia 
• Abortos 
Burnout: 
• Esgotamento emocional 
• Despersonalização 
• Baixa satisfação pessoa; 
Os anestesiologistas estão entre os profissionais médicos com maiores prevalências da síndrome de Bornout 
e estresse ocupacional. A incidência é ainda maior durante o período de residência 
• Falta de reconhecimento 
• Pressão por produtividade 
• Regime de trabalho 
• Ausência de plano de carreira 
• Ambientes confinados 
• Privação de sono 
• Situações críticas