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Crimes contra a ADM

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Dos Crimes Contra a Administração Pública
Arts.312-359-H
•Divisão dos Crimes contra a Administração Pública
-Capítulo I = crimes praticados por funcionários públicos contra a Administração (crimes funcionais);
-Capítulo II = crimes praticados por particulares contra a Administração;
-Capítulo III = crimes contra a Administração da Justiça;
-Capítulo IV = crimes contra a ordem fiscal (crimes de responsabilidade fiscal).
•Crimes praticados por funcionários públicos contra a Administração
*Observações iniciais:
Obs.1: Os crimes praticados contra a Administração Pública por funcionário público estão sujeitos a extraterritorialidade incondicionada da lei penal (art. 7º, I, “c”, do Código Penal).
Obs.2: A progressão de regime nos crimes contra a Administração Pública está condicionada a reparação do dano ou a devolução do produto do ilícito (art. 33, §4º do Código Penal).
Obs.3: Todo crime funcional corresponde a ato de improbidade. Porém, nem todo ato de improbidade configura crime funcional.
Obs.4: Aplica-se o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública praticados por funcionário
público? R: STF e STJ divergem em seu entendimento. Para o STF = sim. STJ = não. Por outro lado, nos crimes praticados por particulares, STF e STJ admitem a aplicação do princípio da insignificância. Que salada de confusão boa para foder o concurseiro.
•Espécies de crimes funcionais
	Crime Funcional Próprio
	Crimes Funcional Impróprio
	-Faltando a qualidade de servidor, o fato passa a ser um insignificante penal. (puro ou propriamente dito).
-Só funcionário público pode cometer.
- (ex: prevaricação)
	-Faltando a qualidade de servidor, o fato deixa de configurar crime funcional, mas permanece como crime comum.
- (ex: peculato furto)
	Se faltar a qualidade de funcionário público = atipicidade absoluta.
	Se faltar a qualidade de funcionário público = atipicidade relativa
•Conceito de funcionário público
-Art. 327, CP – “Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.”
-Abrange tanto cargo público (estatutário) quanto emprego público (celetista). Função pública não se confunde com encargo público (múnus público), encargo público não é abrangido pela expressão funcionário público.
-E que porra é essa de encargo público? Atribuições dadas a algumas pessoas por lei, como tutores, curadores, administrador judicial, testamenteiro, depositário judicial, defensor dativo, inventariantes judiciais etc.
-Obs – tem julgado do STJ no sentido de que advogado que atua como advogado dativo, por força de convênio com o Poder Público, é funcionário público para fins penais. (STJ, 5ª Turma, HC 264.459-SP, Info 579)
-Titulares de cartórios de notas e registro são considerados servidores públicos para fins penais. Tá escrito os TITULARES, otário e não os funcionários dos respectivos cartórios, que são contratados livremente e não ocupam cargo público.
•Funcionário público atípico ou por equiparação
-§ 1, do 327 = quem trabalha em empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Adm. Não estão abrangidos os funcionários atuantes em empresa contratada para presta serviço atípico para a Adm. Pública (ex: empresa de cerimonial).
•Causa de aumento de pena
-§ 2, do 327 – “A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público”. 
-Presta atenção – fala em: administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública e fundação instituída pelo poder público
 –E o caralho das autarquias??? O legislador cagou no pau e não fez menção às Autarquias, ou seja, estão fora desse rol. Não estando no rol, não cabe aplicação dessa causa de aumento na hipótese do cargo em comissão, função de confiança ou assessoramento for de autarquia. Seria analogia in malam partem, que é vedada pelo ordenamento jurídico. (a justiça é muito injusta, Rogerinho. Tem que acabar a justiça!!) 
-Prefeito, Governador, Presidente, (o agente político) quando autores de crimes funcionais entra nesse rol? STF entendeu que sim. Minoria entende que não se aplica para cargos eletivos. Então fodeu, se cair na prova é rezar e adivinhar a posição que a banca segue.
***Responsabilidade extrapenal da pessoa jurídica por atos de corrupção – Lei n. 12.846/2013 – Lei Anticorrupção Empresarial.
•Crimes em espécie
•Peculato
-Tipos de peculato: 
a) Peculato apropriação, art. 312, caput, 1° parte;
b) Peculato desvio, art. 312, caput, 2° parte;
c) Peculato furto, art. 312, § 1; 
d) Peculato culposo, art. 312, § 2;
e) Peculato mediante erro de outrem (peculato estelionato), art. 313;
f) Peculato eletrônico, arts. 313-A e 313-B.
a) Peculato Apropriação e Peculato Desvio
-Infração de maior potencial ofensivo, não admite suspensão condicional do processo, salvo se for crime tentado (porque incide redução).
-É crime próprio, sujeito ativo é funcionário público.
-Admite concurso de pessoas com pessoa não funcionário público, porém esta deve saber da condição de funcionário do autor, se não souber é apropriação indébita. Art. 30 do CP, circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam, SALVO quando elementares do crime. Condição de funcionário é elementar do tipo.
*Art. 552 da CLT considera que Diretor de Sindicado quando praticar malversação (nem sei que isso) ou dilapidação do patrimônio das associações ou entidades sindicais ficam equiparados ao crime de peculato. Esses diretores não são funcionários públicos nem por equiparação, mas o STJ vai no sentido que esse artigo foi recepcionado pela CF. (que confusão, hein).
-Sujeito passivo: Estado / Administração (ah vá); se o bem apropriado ou desviado for de propriedade particular, também será vítima o proprietário (ex: peculato de peça de carro apreendido).
-Conduta – o agente apodera-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel que tem sob sua posse legítima, em razão do cargo, passando, arbitrariamente, a comportar-se como se dono fosse (uti dominus). Inverte o animus da posse.
-Consumação = no momento da apropriação.
-Voluntariedade = dolo, vontade consciente do agente em transformar a posse da coisa em domínio.
-Cabe tentativa 
-Peculato Desvio é a mesma bosta do peculato apropriação, só que coloca desvio no lugar de apropriação. O funcionário dá destinação diversa à coisa, em beneficio próprio ou de outrem, o proveito pode ser material ou moral, a vantagem não precisa ser econômica.
-Crime próprio.
-Tem que ter a posse lícita e depois desvie.
**Peculato de uso – STF considerou atípica a conduta “peculato de uso” de veículo para a realização de descolamentos por interesse particular. 
	Servidor que utiliza temporariamente bem público em interesse particular, sem intenção de se apoderar ou desviar definitivamente a coisa, comete crime?
	Se o bem é infungível e não consumível: NÃO
Ex: usar carro oficial para levar seu cachorro no veterinário, usar o computador da repartição para fazer trabalho escolar. (depende do caso concreto, se o consumo de gasolina for de grande monta, pode configurar peculato)
	Se o bem é fungível ou consumível: SIM
Ex: servidor pagar suas contas pessoais com dinheiro público, ainda que restitua a quantia antes que descubram.
	Exceção:
Se o agente é Prefeito, haverá crime porque existe expressa previsão legal nesse sentido no art. 1º, II, do Decreto-Lei n.º 201/67:
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores:
II - Utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos;
-Assim, o peculato de uso é crime se tiver sido praticado por Prefeito.
	**** Tramita no Congresso Nacional um projeto de lei para tornar típica a conduta do peculatode uso.
b) Peculato Furto

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