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Cooperativas: Conceito e Legislação

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MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS 
Alexandre Gialluca 
Direito Empresarial 
Aula 06 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
15 – COOPERATIVA 
 
15.1 – CONCEITO 
 
Cooperativa é uma forma de sociedade entre indivíduos que tem como objetivo uma atividade comum, e que seja 
trabalhada de forma a gerar benefícios iguais a todos os membros, os chamados cooperados. A base do 
funcionamento de uma cooperativa é a ação mútua, em cooperação. 
 
RAZÃO DA EXISTÊNCIA: é a prestação de serviços ao sócio-cooperado. 
 
Exemplos: cooperativa de trabalho, de crédito, de agropecuária, de habitação, etc... 
 
15.2 – Legislação Aplicável: 
 
- Em primeiro lugar, devemos aplicar os artigos 1093 e s.s do Código Civil. Todavia, há de se ter em conta que há 
legislação especial regulando o tema, a qual também deve ser aplicada. 
 
Art. 1.093. A sociedade cooperativa reger-se-á pelo disposto no presente Capítulo, 
ressalvada a legislação especial. 
 
 
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Lei 5764/197, Art. 1.096. No que a lei for omissa, aplicam-se as disposições referentes à 
sociedade simples, resguardadas as características estabelecidas no art. 1.094. 
 
- Se a Lei das Cooperativas for omissa, aplicam-se as regras da sociedade simples. 
 
15.3 – Características Específicas* 
 
Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: 
 
I - variabilidade, ou dispensa do capital social; 
 
II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da 
sociedade, sem limitação de número máximo; 
 
III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar; 
 
IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda 
que por herança; 
 
V - quorum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios 
presentes à reunião, e não no capital social representado; 
 
VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a 
sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação; 
 
VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas 
pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; 
 
VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de 
dissolução da sociedade. 
 
CAPITAL SOCIAL VARIÁVEL: 
 
• A IDEIA CENTRAL DA COOPERATIVA NÃO É O LUCRO, MAS SIM A AJUDA MÚTUA ENTRE OS COOPERADOS 
 
• Princípio das Portas Abertas / Livre Acesso / Livre Adesão: a cooperativa está constantemente disponível 
ao ingresso de novos associados. Imaginemos, por exemplo, a Unimed, que é cooperativa médica cujo 
objetivo é prestar serviços aos médicos cooperados, melhorando os canais de comunicação entre médico 
e paciente, bem como viabilizando a entrada de médicos novos em hospitais tradicionais. A princípio, 
 
 
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qualquer médico pode ingressar na Unimed, desde que pague a cota-parte correspondente. Logo, como 
cada cooperado que entra injeta dinheiro na sociedade, o capital social varia constantemente. 
 
• Importa mais as características pessoais do sócio do que o seu aporte financeiro: importa mais que o 
cooperado esteja alinhado ao escopo da cooperativa do que o valor que ele pretende integralizar. 
 
NÚMERO MÍNIMO: o número mínimo garante que a cooperativa alcance o seu escopo e, ao mesmo tempo, tenha, 
pelo menos, uma administração. Quanto ao limite máximo, é inexistente, uma vez que a ideia é permitir a livre 
adesão. 
 
- A limitação do valor da soma das quotas sociais tem como objetivo garantir a democratização da cooperativa do 
ponto de vista interno. 
 
Regra: PLURALIDADE DE SÓCIOS 
 
 Art. 6º As sociedades cooperativas são consideradas: 
 
I - singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas, sendo 
excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as 
mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem 
fins lucrativos; 
 
II - cooperativas centrais ou federações de cooperativas, as constituídas de, no mínimo, 
3 (três) singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados individuais; 
 
III - confederações de cooperativas, as constituídas, pelo menos, de 3 (três) federações 
de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades. 
 
Art. 6o A Cooperativa de Trabalho poderá ser constituída com número mínimo de 7 
(sete) sócios. (Lei 12.690/2012) 
 
SINGULARIDADE DE VOTO (1 cooperado - 1 voto): cada cooperado tem direito a 1 (um) voto. Trata-se de norma 
que reflete o princípio da isonomia – busca premiar a cooperação mútua, governança coletiva, sem privilégios ou 
preferencias. 
 
15.4 – Responsabilidade do Cooperado 
 
 
 
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- O sócio cooperado só responde pelo valor de suas cotas se a responsabilidade for limitada. Por outro lado, sendo 
ilimitada, a responsabilidade é solidária. 
 
Art. 1.095. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada 
ou ilimitada. 
 
§ 1o É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo 
valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a 
proporção de sua participação nas mesmas operações. 
 
§ 2o É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e 
ilimitadamente pelas obrigações sociais. 
 
(MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto) Não é característica da sociedade cooperativa: 
 
a) Variabilidade ou dispensa do capital social 
b) Não limitação de número máximo de sócios 
c) Limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar 
d) Intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, salvo por herança. 
e) Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade. 
 
Letra: D 
 
(CESPE - TJBA – 2019 - Juiz de Direito Substituto) 
 
De acordo com o Código Civil, é característica das sociedades cooperativas: 
 
a) o concurso de sócios em número mínimo necessário para compor a administração da sociedade, sem limitação 
de número máximo. 
b) a intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ressalvados os casos de 
transmissão por herança. 
c) a indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ressalvado o caso de dissolução da sociedade. 
d) a impossibilidade, aliada à invariabilidade, de dispensa do capital social. 
e) o quórum, para a assembleia geral funcionar e deliberar, fundado no percentual do capital social representado 
pelos sócios presentes à reunião. 
 
 
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16 – SOCIEDADE EM NOME COLETIVO 
 
- Somente a Pessoa Física pode ser sócia neste tipo societário. 
 
- A sociedade em nome coletivo é o único tipo societário no qual todos os sócios são responsáveis solidária e 
ilimitadamente. 
 
Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, 
respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais. 
 
17 – SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES 
 
Sócio comanditado: pessoas físicas responsáveis ilimitadamente 
 
Sócios comanditários: pessoa física ou jurídica responsáveis apenas pelo valor de suas quotas. 
 
Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: 
os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas 
obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. 
 
Parágrafo único. O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários 
 
Art. 1.042. A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o uso 
da firma, nos limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes. 
 
- Na sociedade em comandita simples não há a figura do administrador profissional, pois somente o sócio podeexercer a administração. 
 
18 - SOCIEDADE ANÔNIMA (Lei 6404/76) 
 
18.1 Conceito: é a sociedade cujo capital social está dividido em ações. 
 
18.2. Características: 
 
 
 
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• É uma sociedade institucional: a S.A, ao invés de possuir um contrato social como a LIMITADA, possui um 
Estatuto Social. O Estatuto Social diferencia-se do Contrato, pois deve, necessariamente, observar a Lei 
6.404/76. 
• A S.A sempre será empresária, isto é, nunca terá natureza simples: a S.A sempre será registrada na Junta 
Comercial em razão de sua natureza empresária, não podendo nunca ser registrada no cartório. 
 
18.3. Espécies de S/A (art. 4°, da Lei 6.404/76) 
 
Cia aberta (art. 4° da Lei de S/A) 
 
- É aquela em que seus valores mobiliários são admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários com o 
objetivo de captar recursos. 
 
Exemplo: ações, debentures, etc... 
 
Exemplos (CIA aberta): 
 
CVC BRASIL OPERADORA E AGÊNCIA DE VIAGENS S.A. 
Embraer S/A 
Localiza Rent a car S/A 
Petróleo Brasileiro S.A (PETROBRAS) 
Cielo S/A 
Gol Linhas Aereas S/A 
 
Cia fechada 
 
- É aquela em que seus valores mobiliários não são admitidos à negociação ao mercado de valores 
mobiliários. 
 
Art. 4° Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores 
mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de 
valores mobiliários. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
 
 
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§ 1° Somente os valores mobiliários de emissão de companhia registrada na Comissão 
de Valores Mobiliários podem ser negociados no mercado de valores mobiliários. 
(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
§ 2° Nenhuma distribuição pública de valores mobiliários será efetivada no mercado sem 
prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) 
§ 3° A Comissão de Valores Mobiliários poderá classificar as companhias abertas em 
categorias, segundo as espécies e classes dos valores mobiliários por ela emitidos 
negociados no mercado, e especificará as normas sobre companhias abertas aplicáveis 
a cada categoria. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
§ 4° O registro de companhia aberta para negociação de ações no mercado somente 
poderá ser cancelado se a companhia emissora de ações, o acionista controlador ou a 
sociedade que a controle, direta ou indiretamente, formular oferta pública para adquirir 
a totalidade das ações em circulação no mercado, por preço justo, ao menos igual ao 
valor de avaliação da companhia, apurado com base nos critérios, adotados de forma 
isolada ou combinada, de patrimônio líquido contábil, de patrimônio líquido avaliado a 
preço de mercado, de fluxo de caixa descontado, de comparação por múltiplos, de 
cotação das ações no mercado de valores mobiliários, ou com base em outro critério 
aceito pela Comissão de Valores Mobiliários, assegurada a revisão do valor da oferta, 
em conformidade com o disposto no art. 4o-A. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
§ 5° Terminado o prazo da oferta pública fixado na regulamentação expedida pela 
Comissão de Valores Mobiliários, se remanescerem em circulação menos de 5% (cinco 
por cento) do total das ações emitidas pela companhia, a assembléia-geral poderá 
deliberar o resgate dessas ações pelo valor da oferta de que trata o § 4o, desde que 
deposite em estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores 
Mobiliários, à disposição dos seus titulares, o valor de resgate, não se aplicando, nesse 
caso, o disposto no § 6o do art. 44. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
§ 6° O acionista controlador ou a sociedade controladora que adquirir ações da 
companhia aberta sob seu controle que elevem sua participação, direta ou indireta, em 
determinada espécie e classe de ações à porcentagem que, segundo normas gerais 
expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, impeça a liquidez de mercado das 
ações remanescentes, será obrigado a fazer oferta pública, por preço determinado nos 
termos do § 4o, para aquisição da totalidade das ações remanescentes no mercado. 
(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
Exemplos (CIA fechada): 
 
Azul Linhas aéreas Brasileiras 
Refinaria Nacional De Sal S/A 
FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. 
VIGOR ALIMENTOS S.A. 
 
 
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YAKULT S/A. INDUSTRIA E COMERCIO 
 
ATENÇÃO: não existe S.A de natureza mista. Ou ela é aberta ou ela é fechada. 
 
18.4. Mercado de capitais 
 
- É o ambiente onde se efetua as diversas operações envolvendo os valores mobiliários emitidos por uma Cia 
aberta. 
 
18.5 CVM – entidade autárquica federal de natureza especial, com qualidade de agência reguladora. 
 
• A competência da CVM é exercida de três formas: 
 
a) Tem uma função regulamentar; 
b) Uma função autorizante; 
c) Uma função fiscalizatória. 
 
 
18.6 Constituição da S/A 
 
18.6.1 Requisitos Preliminares 
 
- Os requisitos preliminares devem ser observados tanto pelas sociedades de capital aberto quanto pelas de 
capital fechado. 
 
• Regra geral: a S.A é pluripessoal 
• Exceções: a S.A é unipessoal no caso da empresa pública e da subsidiária integral (Art. 251). A título de 
exemplo, podemos pensar nas empresas públicas cujo único acionista é a União, ou ainda, nas subsidiárias 
integrais da Petrobrás, na qual ela é a única acionista (ex.: Liquigás e Transpetro). Vale destacar que as 
subsidiárias integrais facilitam as operações de venda ou de transformação societária realizadas pelo 
acionista único. 
 
 
 
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Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos 
preliminares: 
 
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o 
capital social fixado no estatuto; 
 
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão 
das ações subscritas em dinheiro; 
 
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário 
autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em 
dinheiro. 
 
Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei 
exige realização inicial de parte maior do capital social. 
 
Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como 
único acionista sociedade brasileira. 
 
§ 1º A sociedade que subscrever em bens o capital de subsidiária integral deverá aprovar 
o laudo de avaliação de que trata o artigo 8º, respondendo nos termos do § 6º do artigo 
8º e do artigo 10 e seu parágrafo único. 
 
§ 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária integral mediante aquisição, por 
sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou nos termos do artigo 252. 
 
18.6.2. Constituição propriamente dita 
 
a) Cia aberta (subscrição pública ou sucessiva) 
 
 - Registro de emissão na CVM 
 
- Contratação de instituição financeira para intermediação dos valores mobiliários (underwriting) 
 
- Assembleia de fundação 
 
b) Cia fechada (subscrição particular ou simultânea) 
 
- Escritura pública ou, 
 
 
 
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- Assembleia de fundação 
 
18.7. Valores mobiliários 
 
- São títulos de investimento emitidos por uma companhia com a finalidade de captação de recursos. 
 
Exemplos: 
 
Ações 
Debêntures 
Bônus de subscrição 
Partes beneficiárias 
 
16.8 Ações 
 
16.8.1 – Conceito: ações são títulos de investimento emitidos por uma companhia, que representam frações do 
capital social e que conferem aos seus titulares o direito de ser sócio de uma S/A. 
 
18.8.2. Formas de integralização: 
 
• Bens 
• Dinheiro 
• Crédito (ex.: duplicata, nota promissória). 
 
ATENÇÃO: quem integraliza com crédito, responde pelo pagamento do título utilizado. 
 
Art. 7º Lei 6.404/76: “O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro 
ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliaçãoem dinheiro.” 
 
Art. 10. A responsabilidade civil dos subscritores ou acionistas que contribuírem com 
bens para a formação do capital social será idêntica à do vendedor. 
 
Parágrafo único. Quando a entrada consistir em crédito, o subscritor ou acionista 
responderá pela solvência do devedor. 
 
 
 
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LEMBRE-SE: não há como integralizar por meio da prestação de serviços. 
 
18.8.3. Valor das ações 
 
a) Valor nominal 
 
- É o resultado da operação (capital social dividido pelo número de ações). 
 
Ex.: 
 
Capital Social – R$ 10.000.000,00 
Ações – 1 milhão de ações 
Valor cada ação: R$ 10,00 (dez reais) 
 
Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital social e 
estabelecerá se as ações terão, ou não, valor nominal. 
 
b) Valor patrimonial 
 
- É o resultado da operação (patrimônio líquido dividido pelo número de ações). 
 
Ex.: 
 
Patrimônio Líquido – R$ 15.000.000,00 
Ações – 1 milhão de ações 
Valor cada ação: R$ 15,00 (quinze reais) 
 
• DILUIÇÃO INJUSTIFICADA DO VALOR PATRIMONIAL DAS AÇÕES QUANDO DA EMISSÃO DE NOVAS 
AÇÕES: 
 
Valor Patrimonial: R$ 15,00 
Valor Nominal: R$ 10,00 
 
 
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- Se a CIA emitir novas ações com preço de emissão inferior ao valor patrimonial das ações já existentes, haverá a 
redução do valor patrimonial destas ações. 
 
Exemplo: 
 
S/A – CAPITAL SOCIAL DE R$ 10.000.000,00 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO DE R$ 15.000.000,00 
NÚMERO DE AÇÕES: 1 MILHÃO 
Valor Patrimonial : R$ 15,00 
Valor Nominal: R$ 10,00 
NOVA EMISSÃO DE 1 MILHÃO DE AÇÕES 
VALOR DE R$ 5,00 
 
Exemplo: 
 
S/A – CAPITAL SOCIAL DE R$ 15.000.000,00 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO DE R$ 20.000.000,00 
NÚMERO DE AÇÕES: 2 MILHÕES 
Valor Patrimonial: R$ 10,00 
 
Ações com Valor Nominal 
 
Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal. 
 
§ 1º A infração do disposto neste artigo importará nulidade do ato ou operação e 
responsabilidade dos infratores, sem prejuízo da ação penal que no caso couber. 
 
§ 2º A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal constituirá reserva de 
capital (artigo 182, § 1º). 
 
c) Valor de Mercado/ Valor de Negociação 
 
- O valor de negociação é aquele que o mercado de valores mobiliários atribui aquela ação em especial. 
 
 
 
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D) Valor Econômico 
 
- É aquele que os peritos entendem, após a elaboração de estudos técnicos específicos, que as ações 
possivelmente valeriam se fossem colocadas à venda no mercado de capitais. 
 
E) Preço de emissão 
 
- É aquele estabelecido unilateralmente pela cia emissora 
 
18.8.4. Responsabilidade do acionista 
 
Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a 
responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações 
subscritas ou adquiridas. 
 
18.8.5. Quanto à espécie 
 
 Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus 
titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição. 
 
a) Ordinárias (ON): são aquelas que conferem direitos comuns ao acionista. Frise-se que toda ação ordinária 
confere direito de voto (Art. 110). 
 
Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da assembleia-
geral. 
 
b) Preferenciais (PN): são ações que conferem ao acionista certas vantagens econômicas ou políticas. Todavia, 
algumas ações preferenciais podem não ter direito ao voto. Em geral, isso é feito como contrapartida a outorga 
de mais vantagens ao acionista. É por esta mesma razão que as ações preferenciais sem direito a voto adquirirão 
esse direito se a companhia deixar de pagar os dividendos que consubstanciam a vantagem econômica pretendida 
por mais de 03 exercícios consecutivos. 
 
 
 
 
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Art. 111. O estatuto PODERÁ deixar de conferir às ações preferenciais algum ou alguns 
dos direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo com 
restrições, observado o disposto no artigo 109. 
 
§ 1º As ações preferenciais sem direito de voto adquirirão o exercício desse direito se 
a companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três) exercícios 
consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que fizerem jus, direito 
que conservarão até o pagamento, se tais dividendos não forem cumulativos, ou até 
que sejam pagos os cumulativos em atraso. 
 
§ 2º Na mesma hipótese e sob a mesma condição do § 1º, as ações preferenciais com 
direito de voto restrito terão suspensas as limitações ao exercício desse direito. 
 
• Qual o número máximo de ações sem direito de voto que uma cia pode emitir? 
 
Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus 
titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição. 
 
§ 1º As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferenciais da companhia 
aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes. 
 
§ 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no 
exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das 
ações emitidas 
 
Vantagens políticas 
 
Exemplos: 
 
Representatividade na Administração 
 
Art. 18. O estatuto pode assegurar a uma ou mais classes de ações preferenciais o direito 
de eleger, em votação em separado, um ou mais membros dos órgãos de administração. 
 
- Em uma sociedade anônima é muito importante ter representatividade na administração, já que a boa gestão é 
pressuposto estratégico para que a companhia lucre. Logo, essa representatividade é essencial, sendo uma 
vantagem política que pode ser acoplada a ação preferencial. 
 
 
 
 
 
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Golden Share 
 
- A chamada “ação de ouro”, muito utilizada nos processos de desestatização (privatização), é aquela que confere 
ao ente desestatizante o poder de vetar ao que foi definido na Assembleia, ainda que ele não tenha mais direito 
a voto para participar desta. 
 
Art. 17, § 7º ”Nas companhias objeto de desestatização poderá ser criada ação 
preferencial de classe especial, de propriedade exclusiva do ente desestatizante, à qual 
o estatuto social poderá conferir os poderes que especificar, inclusive o poder de veto 
às deliberações da assembleia-geral nas matérias que especificar.(Incluído pela Lei nº 
10.303, de 2001)” 
 
Exemplos: 
 
(i) na Vale, a posse das ações de classe especial garante ao governo, por exemplo, o veto de mudanças na 
denominação social das empresas, assim como na atividade fim, em mudanças de sede e no controle acionário. 
 
(ii) Na Embraer, a golden share dá ao Estado, além dos direitos citados, o poder de veto de decisões relativas à 
“capacitação de terceiros em tecnologia para programas militares” e à “interrupção de fornecimento de peças de 
manutenção e reposição de aeronaves militares.” 
 
Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus 
titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição. 
 
 § 1º As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferenciais da companhia 
aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes. 
 
 § 2º O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no 
exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das 
ações emitidas. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
c) Gozo/Fruição (art. 44, §5°) 
 
Exemplo¹: imagine a situação na qual uma companhia decida encerrar suas atividades, promovendo a sua 
liquidação total. Neste caso, ela arrecadará todos os seus bens, vendendo-os e, com o dinheiro desta venda, 
pagará os seus credores. Se a dívida da empresa com os credores for de R$ 8 milhões e a liquidação tiver 
arrecadado um valor total de R$ 10 milhões, os R$ 2 milhões que restam comporão o chamado acervo. Esse acervo 
http://ri.embraer.com.br/show.aspx?idCanal=UCZ2tsp0QeM07fvoT8OubA==16 
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será dividido entre os acionistas na proporção de suas ações. Nota-se, portanto, que esta é uma hipótese aplicável 
apenas ao encerramento da companhia. 
 
Exemplo²: imagine que a companhia tenha um lucro inesperado e não saiba o que fazer com ele. Nesta situação, 
é possível que ela realize a chamada amortização do acervo, por meio da qual se antecipa o pagamento aos 
acionistas. Neste contexto, se um indivíduo que participou da amortização deseja vender suas ações, o comprador 
não terá direito a participação no acervo, porquanto o vendedor já teria recebido o que de direito. Assim, para 
evitar que o comprador celebre a compra e venda das ações sem saber desse fato, a lei determina que as ações 
daquele que participou da amortização recebam o nome de ações de gozo/fruição, ainda que pertençam a uma 
categoria como nome específico (ex.: ações ordinárias). 
 
Art. 44, § 5º - As ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações 
de fruição, com as restrições fixadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral que 
deliberar a amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da companhia, as 
ações amortizadas só concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às ações não 
a amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido monetariamente. 
 
 
 
 
 
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18.8.6 Acionista Controlador 
 
- O acionista controlador é aquele do Art. 116 da Lei das S.A. 
 
Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo 
de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: 
 
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos 
votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a maioria dos 
administradores da companhia; e 
 
b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o 
funcionamento dos órgãos da companhia. 
 
Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a 
companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e têm deveres e 
responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e 
para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente 
respeitar e atender. 
 
- Além de ter maioria nas deliberações e poder para eleger os administradores, o acionista controlador tem que 
mostrar que ele tem esse poder. 
 
 
 
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Observação – Alienação do Controle 
 
Tag Along 
 
- Tag along é um mecanismo de proteção a acionistas minoritários de uma companhia que garante a eles o direito 
de deixarem uma sociedade, caso o controle da companhia seja adquirido por um investidor que até então não 
fazia parte da mesma. 
 
 Art. 254-A. A alienação, direta ou indireta, do controle de companhia aberta somente 
poderá ser contratada sob a condição, suspensiva ou resolutiva, de que o adquirente se 
obrigue a fazer oferta pública de aquisição das ações com direito a voto de 
propriedade dos demais acionistas da companhia, de modo a lhes assegurar o preço no 
mínimo igual a 80% (oitenta por cento) do valor pago por ação com direito a voto, 
integrante do bloco de controle. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
- O tag along envolve apenas as ações com direito de voto e não as ações preferenciais. 
 
Exemplo: se as ações que integram o bloco de controle foram vendidas a R$ 100,00 cada uma, aquele que vendeu 
tem o direito de exigir que quem comprou o bloco realize oferta pública de aquisição das ações com direito a voto 
de propriedade dos demais acionistas por pelo menos R$ 80,00. Ou seja, alonga-se o direito do acionista 
controlador para o acionista que tem direito a voto, mas não tem o controle, viabilizando que este último venda 
suas ações em igualdade de condições. 
 
18.8.7. Acordo de acionista 
 
- O acordo de acionistas é um contrato parassocial que visa regular o exercício do voto dos acionistas aderentes. 
Não se confunde com o estatuto social, obrigando apenas os acionistas que dele são parte. 
 
Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência 
para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão ser 
observados pela companhia quando arquivados na sua sede. (Redação dada pela Lei nº 
10.303, de 2001) 
 
Finalidade: estabilização de opiniões e posições acionárias, e consequentes diretrizes de votos. 
 
 
 
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Tipos de Acordo de Acionistas 
 
Acordo de Comando - Para organizar o controle; 
 
Acordo de Defesa – Para reunir minoritários e pleitear direitos de acordo com percentuais exigidos pela lei. 
 
Acordo misto – Firmado entre Controladores e Minoritários para evitar ou extinguir litígios. 
 
 
• E se o acionista não votar em conformidade com o acordo ? 
 
Exemplo¹: imagine que há um acordo de voto entre João e Eduardo para eleger o administrador. No dia da 
votação, João vota conforme o acordo (SIM) e Eduardo decide contrariar o acordo, votando NÃO, juntamente com 
Maria, que não fazia parte do acordo. Em tese, o administrador que o acordo pretendia eleger não seria eleito em 
razão das ações de Eduardo e Maria totalizarem 30% e as de João apenas 25%. Todavia, como se trata de acordo 
assinado e arquivado na sede da companhia, esta deverá respeitá-lo. Ou seja, a companhia será obrigada a não 
computar o voto de Eduardo, de tal sorte que o administrador pretendido pelos termos do acordo acabará sendo 
eleito. 
 
João – 25% 
Eduardo – 20% 
Maria – 10% 
 
Exemplo²: imagine que o acordo era entre Eduardo e Maria e esta vote NÃO (contra o acordo), juntamente com 
João. Neste caso, ainda que Eduardo tenha votado SIM e o voto de Maria não seja computado em razão do seu 
voto ter contrariado o acordo, o administrador pretendido pelos termos do acordo não seria eleito. Diante desta 
situação, a lei permite que Eduardo ingresse com medida judicial para dar execução específica ao acordo, o que 
significa que o juiz suprirá a vontade de Maria, passando o voto desta a ser tido como SIM. Outra seria a abstenção 
da Maria ou se ela não comparecesse a Assembleia, caso em que Eduardo, que é parte prejudicada, poderia votar 
por ela. 
 
 
 
 
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Art. 18, § 8º O presidente da assembleia ou do órgão colegiado de deliberação da 
companhia não computará o voto proferido com infração de acordo de acionistas 
devidamente arquivado. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
Art. 18, § 3º Nas condições previstas no acordo, os acionistas podem promover a 
execução específica das obrigações assumidas. 
 
 Art. 18, § 9º O não comparecimento à assembleia ou às reuniões dos órgãos de 
administração da companhia, bem como as abstenções de voto de qualquer parte de 
acordo de acionistas ou de membros do conselho de administração eleitos nos termos 
de acordo de acionistas, assegura à parte prejudicada o direito de votar com as ações 
pertencentes ao acionista ausente ou omisso e, no caso de membro do conselho de 
administração, pelo conselheiro eleito com os votos da parte prejudicada.(Incluído pela 
Lei nº 10.303, de 2001)

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