Buscar

ELAINE - CORRIGIDO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL/CAPES
CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA - CEAD
COORDENAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA DE LETRAS- PORTUGUÊS
ELAINE CÂNDIDA CARVALHO SILVA
LITERATURA DA SECA: aspectos políticos e sociais em O quinze, de Raquel de Queiroz	Comment by Cliente: Vamos mudar esse título, pq achei um trabalho com o mesmo titulo na internet
PIRACURUCA – PIAUI
2020
ELAINE CÂNDIDA CARVALHO SILVA
LITERATURA DA SECA: aspectos políticos e sociais em O quinze, de Raquel de Queiroz
PIRACURUCA – PIAUI
2020
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	3
2 O REGIONALISMO E O ROMANCE DE 30: UMA CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE	6
2.1	Algumas considerações sobre o regionalismo	7
2.2 Romance de 30: uma construção da identidade do Nordeste	9
2.3 O Brasil das Secas	10
3 1915ꓽ “A SECA E O SERTÃO SOB O OLHAR DE RAQUEL DE QUEIROZ”	12
3.1 O Quinze ꓽ ficção e realidade	14
3.2 Relações de poderꓽ A morte como denúncia social	15
3.3 Chico Bentoꓽ A força da resistência do homem Nordestino	16
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS	19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	21
1 INTRODUÇÃO
A literatura da Seca surgiu do romance regionalista, ganhando destaque na literatura brasileira no início na década de 30, do século XX, graças ao chamado Modernismo na segunda fase, que foi um período muito rico para nossa produção literária, cuja a tônica é chamar a atenção para os problemas sociais da região Nordeste. Com grande destaque para os autores nordestinos como Graciliano Ramos e Jorge Amado que abordavam variadas perspectivas do contexto espacial, social e cultural do sertão nordestino, em especial, as características imanentes ao fenômeno climático da seca.
Ao realizar a leitura da obra de Raquel Queiroz O quinze, é sabido informar que a mesma apresenta característica de um indivíduo de vida simples, um sertanejo que assim como inúmeros espalhado pelo Brasil afora, deseja por dias melhores, sendo a fuga uma alternativa utilizado por muitas famílias que vivem no sertão nordestino, a autora ainda nos remete a compreender que em é preciso criar coragem e denunciar os descaço social e político que acomete os sertanejos nordestinos., além de dar muita atenção à linguagem e ao modo de falar característico regional. No início, a obra foi desprezada por ter sido escrito por uma mulher com tão pouca idade, mas pouco tempo depois causou grande alvoroço entre os intelectuais da época, afinal, era de se esperar que uma ficção com temática tão regionalista, de caráter reivindicatório apontando os problemas do sertão através de um romance não fosse aceito pela sociedade.
O romance, escrito pela autora quando ela tinha apenas 19 anos, foi publicado em 1930 e se refere, desde o título, à grande seca de 1915 que assolou o Nordeste do Brasil. A autora nos apresenta uma realidade de pessoas do interior do Ceará, retrata a vida do vaqueiro Chico Bento, no entanto a vida deste vaqueiro não é bem diferente de muito nordestino, os quais tem como alternativa a imigração para uma cidade que lhe dará oportunidade de melhoria de vida. 
O tema foi escolhido através do comparativo em que a autora nos apresenta em toda vida do vaqueiro Chico Bento, onde a mesmo está em compatibilidade com a realidade de muitos sertanejos nordestino. A questão de pesquisa que nortou o presente estudo foi: Qual a importância da obra de Raquel Queiroz O quinze, na luta pelos direitos sociais e políticos dos sertanejos do sertão nordestino?
A obra de Raquel de Queiroz dialoga com os leitores e provoca a sensibilização para a “causa” nordestina, fazendo dela ainda hoje um clássico da literatura. Num certo sentido, procura-se aqui, discutir tanto o fator social quanto o político, sendo que os mesmos podem ser observados por meio da analise literária. Num regionalismo marcado pelo modernismo, busca-se a realização de um comparativo trazendo para o leitor a representação da seca do nordeste com as abordagens apresentadas na referida obra assim como também investigar como as pessoas nordestinas são tratadas nas literaturas em uma visão antropológica, espacial e econômica, analisando na ficção figurações das secas – e de temas
associados, fazendo um paralelo com o hoje ∕ o Homem atual nordestino.
O referido trabalho tem por relevância destacar especificamente no que se refere às figurações do fenômeno da seca e de seus efeitos, fazendo uma abordagem sobre a realidade dos sertanejos nordestina com a referida obra literária, assim como também perspectivas variadas sobre o contexto espacial e social do sertão nordestino. 
Para realização desse estudo, foram utilizados aportes teóricos que favoreceram a produção dessa análise, bem como de pesquisas bibliográficas através de análise de artigos de revistas acessados virtualmente, como também pesquisas em livros que investigam sobre o tema em destaque.
A metodologia foi desenvolvida com pesquisa bibliográfica, análise da obra O Quinze de Raquel de Queiroz. A ideia da pesquisa era, abordar sobre os problemas sociais e políticos vivenciado pelo o personagem, trazendo uma reflexão para os dias atuais. Fundamentado principalmente nos estudos de Coutinho (1955), Tamaru, (2004), Bosi (2006), Barroso (2013), Dutra (2015). Outras leituras também foram importantes para construirmos o trabalho.
Temos a história de personagens vivenciando as consequências de um terrível seca que ocorreu no Ceará em 1915 e que acaba dando título ao livro. Essa obra traça um verdadeiro panorama da seca de uma forma impressionante, com uma linguagem direta, que mesmo assim consegue nos emocionar.
Acredita-se nesta investigação que o uso da Literatura da seca no processo de aquisição da leitura desperte a curiosidade e a necessidade de ser um leitor, garantindo condições para que ela represente o mundo e a vida através das palavras, deixando criatividade, prazer e aprendizagem entrelaçados.
Sendo assim, será através das pesquisas bibliográficas, que se tornará possível verificar a importância da Literatura da seca como fonte de cultura e conhecimento, relatando sobre a deficiência de políticas públicas efetivas voltadas para os problemas sociais que afeta a região Nordeste, tendo em vista, que os principais afetadas é a população que vivem em condições de vulnerabilidade social, assim como tem cunho qualitativo uma vez que se busca interpretar valores, opiniões, atitudes e é utilizada para fenômenos que vão além de quantificar e medir.
Este trabalho está dividido em dois capítulos, o primeiro intitulado sobre O regionalismo e o romance de 30: uma construção de identidade, traz uma abordagem sobre o regionalismo literário por estar ligado à análise de uma determinada região que pode focar tanto as questões culturais, linguísticas, quanto as geográficas. Importante frisar que a Literatura Regionalista não concerne somente o problema da seca; ao contrário, ela busca também de certa maneira, uma identidade cultural local que possa levar ao restante do país os costumes de modo geral de um povo de uma determinada região. Nos seus subtópicos, algumas considerações sobre o regionalismo tratar-se-á sobre a vida sofrida de um povo e assim sucessivamente. 
O segundo capitulo intitulados sobre a seca no sertão, o qual busca-se encontrar as pontes que ligam o Nordeste ao conjunto da sociedade brasileira sob olhar de Raquel de Queiroz, dando sentido assumido numa dada época, mais especificamente a década de trinta do século XX. Já os subtópicos encontram-se relacionados a fuga de um sertanejo pela a busca de melhores condições de vida.
Finalmente as considerações finais abordam conclusão relativas às analises apontadas e alguma contribuições deste trabalho para o ramo educacional.
2 O REGIONALISMO E O ROMANCE DE 30: UMA CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE
“Se considerarmos regionalista qualquer livro que, intencionalmente ou não, traduza peculiaridades locais, teremos que classificar desse modo a maior parte da nossa ficção” (PEREIRA, 1988, p. 8). Sob esse aspecto, é provável que mesmo hoje acabássemos considerando regionalistaquase toda a produção literária nacional. Desde a segunda metade do século XVIII, pelo menos, tivemos escritores preocupados em construir uma literatura brasileira; na busca desse objetivo, uma das estratégias que buscavam era justamente traduzir para o texto literário a realidade e a linguagem locais, regionais. Nesse sentido, era regional todo texto que não era urbano.
O regionalismo pode ser estudado de várias maneiras: quanto ao assunto, quanto à linguagem, ou ainda quanto ao arranjo narrativo. Na obra “O Quinze”, ora o tema parece relacionado ao mundo rural, ora como algo ultrapassado, às vezes de maneira provinciana, mas também como literatura popular, como representação da violência e até como uma espécie de nacionalismo falhado. A verdade é que nenhuma dessas relações está errada ou equivocada, sendo que as características abordadas pelos autores possuem suas individualidades fictícia. 
Um ponto importante a ser destacado é que a autora Rachel de Queiroz, em sua obra “O Quinze”, retrata um regionalismo diferente e autêntico, dando enfoque ao papel da mulher como sujeito histórico atuante e resistente diante da seca nordestina. Esta personagem forte e vanguardista será figurada na imagem de Conceição, protagonista da obra “O Quinze”, que mesmo estando mergulhada em um contexto conservador e paternalista, luta não só contra o sofrimento da seca no Nordeste, mas também por seu reconhecimento social como mulher independente e atuante.
Conceição tinha vinte e dois anos e não falava em casar. As suas poucas tentativas de namoro tinham-se ido embora com os dezoito anos e o tempo de normalistaꓼ dizia alegremente que nascera solteirona. Ouvindo isso, a avó encolhia os ombros e sentenciava que mulher que não casa é um aleijão... ( QUEIROZ, 2020, p.20)
Neste sentido, a autora Rachel de Queiroz, imersa neste contexto, em sua obra, o Regionalismo da década de 1930 presente na obra, apontando a importância da representação feminina personificada na figura de Conceição, como uma mulher resistente e vanguardista à sua época.
2.1 Algumas considerações sobre o regionalismo 
O regionalismo foi um período marcante principalmente pelo o modernismo, o qual tinha como representantes autores como Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz, José Lins, Jorge Amado e Érico Veríssimo, sendo que ambos abordavam em suas literaturas obras em que remetiam aos problemas vivenciados pelos brasileiros, os quais podemos destacar o fator social, econômico e naturais. Todavia são dificuldades e desafios que apresentavam a individualidade de cada autor, trazendo consigo uma representação da diversidade cultural presente no país. 
Assim não podemos desconsiderar a origem do regionalismo no Romantismo aliado ao processo de formação da história literária brasileira e sua ligação com a representação da identidade nacional. Temos que considerar acima de tudo o regionalismo como instrumento de afirmação nacional/regional, crítica social, investigação da dimensão psicológica do componente nativista que lhe serviu como definição desde seu surgimento e o seu lastro com o real como necessidade fundadora e tributário do subdesenvolvimento econômico e social do país. 
De uma maneira geral, o regionalismo é uma expressão literária que valoriza peculiaridades locais, tanto no aspecto geográfico quanto cultural. Como afirma Coutinho (1955), toda obra de arte é regional quando apresenta como pano de fundo um lugar ou quando parece brotar desse local particular, e em um sentido mais restrito. Assim sendo, podemos compreender o quanto a individualidade regional é fundamental para que os autores possam explanar a problemática local. É desse modo que são gerenciadas as relações fictícias com a realidade de um povo.
O autor parafraseado acima ainda complementa que ser regional uma obra que não somente é localizada numa região, como também retira a sua “substância real” das particularidades deste lugar, quer dizer, “do fundo natural – clima, topografia, flora, fauna etc. [...] [e] das maneiras peculiares da sociedade humana estabelecida naquela região e que a fizeram distinta de qualquer outra” (COUTINHO, 1955, p. 146-7). 
Com o Regionalismo de 30, algumas temáticas irão representar e elucidar as mazelas sofridas pelo povo nordestino, como o tema da seca, da fome, do cangaço, do messianismo, assim como também outros pontos, como a corrupção e o paternalismo. Dessa forma, a questão social será amplamente explorada por estes autores regionalistas, que irão demonstrar a dura realidade do Nordeste e de sua população, que apesar das amplas barreiras sociais que lhes foram impostas, não tomaram uma posição passiva diante do contexto vivido.
Além da miséria sofrida pelo povo, a Tradição nordestina também será uma forte marca desta segunda fase do Modernismo, com forte ênfase na memória coletiva. A cultura popular irá legitimar a tradição nordestina e a forma leve de escrita destes autores, marcada pelo realismo, trará certa identificação do leitor com a vida e situações dos personagens da literatura de 30.
Portanto, não devemos pensar o regionalismo literário brasileiro apenas sob a perspectiva no âmbito de uma manifestação estética. Estiveram associadas a ele manifestações políticas e sociais, tendo que ser analisado como uma das etapas históricas do Brasil nesse sentido, podemos considerar o regionalismo com traços de uma certa Literatura Engajada, ainda que de forma não intencional. Os temas que Rachel de Queiroz abordou em sua obra, isto é, problemas sociais como a miséria, a fome, a relação do homem sem privilégios como os poderosos, os infortúnios sociais aparecem como problemas caracterizadores da literatura de viés regionalista.
Dessa forma de acordo com Tamaru, (2004), dentre estes autores regionalistas:
Rachel de Queiroz estaria junto daqueles que constroem a região como espaçode saudade, da tradição. Embora também se reporte ao litoral, o sertão é o espaço radicional por excelência, aquele que dá originalidade ao nordeste. Para tanto, elabora obras tendo como material de invenção suas próprias lembranças, experiências, imagens, enunciados e formas de expressão conservados de uma identidade ameaçada de se perder. (TAMARU, 2004, p.19).
Rachel de Queiroz, foi uma mulher que surpreendeu com a simplicidade da linguagem, com o despojamento da estrutura narrativa e que causou inquietação aos de sua época, desde suas primeiras obras. “O Quinze”, escrito pela autora quando esta possuía apenas 19 anos, causou espanto de muitos, devido ao tema tão rude apresentado por uma mulher tão jovem. Em que os romances dessa época geralmente eram leves e possuíam temas amorosos e “açucarados”, muito diferentes dos que a jovem autora abordava, sobre a seca do Ceará.
2.2 Romance de 30: uma construção da identidade do Nordeste
	Nas décadas de 1930 e 1940, o Brasil e o mundo viveram profundas crises, e nesse contexto os romancistas brasileiros começaram a analisar de maneira crítica e denunciativa os problemas sociais, de viés realístico, o romance emprega a religiosidade como um aspecto da identidade regional desses conforme se verifica nas ações de D. Inácia e sua filha Conceição, desde o primeiro capítulo da obra, que se depara com a seca e a falta de chuva e entre orações e pedidos fortalece sua esperança. A fé explicitamente se faz presente nos dias sofridos e escaldantes do sertão nordestino.
Para Queiroz (2020, p.17);
Depois de se benzer e de beijar duas vezes a medalhinha de São José, Dona Inácia concluiu: “Dignai-vos ouvir nossas súplicas, ó castíssimo esposo da Virgem Maria, e alcançai o que rogamos. Amém.” Vendo a avó sair do quarto do santuário, Conceição, que fazia as tranças sentada numa rede ao canto da sala, interpelou-a: - E isto chove, hein, Mãe Nácia? Já chegou o fim do mês... Nem por você fazer tanta novena...Dona Inácia levantou para o telhado os olhos confiantes:- Tenho fé em São José que ainda chove! Tem-se visto inverno começar até em abril.
A obra de Raquel de Queiroz é um dos mais importantes romances regionalistas da segunda fase do modernismo;o problema que moveu a sensibilidade da autora nessa obra foi a seca e as consequências desta sobre o homem bem como as alternativas de superação que a realidade nordestina lhes ofereceu naquele momento tenso de 1915. A propósito, Barroso (2013, p. 61) opina que o “mundo da ficção se constrói com elementos da realidade”. No caso presente, a realidade escolhida pela ficcionista foi o universo social, político e econômico do nordeste brasileiro: uma região que ela conhecia porque nasceu e viveu ali.
           	Dutra (2015, p. 24) afirma que
Os romances desta geração eram voltados principalmente para as causas sociais, exercendo um papel de denúncia e crítica social. Nessa época, a região da seca nordestina estava muito visada e, por isso, tornou-se um tema bastante corriqueiro nas obras. Por conta desse papel social, alguns especialistas consideram essa fase como “neorrealista”, já que resgata ideais consagrados pelos romances de Machado de Assis, como, por exemplo, o condicionamento do caráter humano pelo meio em que ele vive. 
Raquel de Queiroz consegue em sua obra trazer à tona a realidade do povo nordestino, uma realidade que infelizmente guarda na atualidade vestígios de descaso e opressão e sofrimento, por isso, “o Quinze” faz-se uma obra tão atual mesmo tendo sido escrita no começo do século passado. 
Diante desta perspectiva Queiroz (2020, p. 30) apresenta o seguinte relato:
Chico Bento parou. Alongou os olhos pelo horizonte cinzento. O pasto, as várzeas, a caatinga, o marmeleiral esquelético, era tudo de um cinzento de borralho. O próprio leito das lagoas vidrara-se em torrões de lama ressequida, cortada aqui e além por alguma pacavira defunta que retorcia as folhas empapeladas. Depois olhou um garrotinho magro que, bem pertinho, mastigava sem ânimo uma vergôntea estorricada. E ao dar as costas, rumo à casa, de cabeça curvada como sob o peso do chapéu de couro, sentindo nos olhos secos pela poeira e pelo sol uma frescura desacostumada e um penoso arquejar no peito largo, murmurou desoladamente: - Ô sorte, meu Deus! Comer cinza até cair morto defome!
Na obra a autora mostra, que, de fato a seca traz danos, a muitos trabalhadores, e a muitas vidas como a de Chico Bento, danos esses muitas vezes irreversíveis, mas, as condições climáticas somente acentuam as disparidades já existentes. A negação da terra aos trabalhadores por parte dos grandes proprietários é, no caso do nordeste brasileiro, frequentemente disfarçada por uma vilã que foge do controle humano, a Seca.
Raquel de Queiroz demonstra em “O Quinze” esse papel paliativo das medidas tomadas pelo Estado, mostrando as condições desumanas do trabalho nos campos de concentração e nos demais locais onde os retirantes eram enviados como empregados, chamando a atenção dos leitores, para real condição do povo nordestino.
Duramente Chico Bento trabalhou todo o dia no serviço da barragem. Só de longe parava para tomar fôlego, sentindo o pobre peito cansado e os músculos vadios. E o almoço, ao meio – dia, onde, junto ao pirão, um naco de carne cheiroso emergia, mal o soergueu e animou. Já era tão antiga, tão bem instalada a sua fome, para fugir assim, diante do primeiro prato de feijão, da primeira lasca de carne!... E até lhe amargou o gosto daquela carne, lembrando-se de que Cordulina, a essa hora, engolia talvez um triste resto de farinha, e junto dela, devorada a magra ração, os meninos choravam.(QUEIROZ, 2004, p. 106 – 107).
A obra vai tecendo a história central, da família de Chico Bento de uma maneira que a imigração forçada é mostrada em toda sua extensão, apresentando a indecisão e o medo, reforçando a imposição da partida em busca da possibilidade de melhores condições de vida, dentre outros fatores relevantes.
2.3 O Brasil das Secas 
A problemática da seca era uma questão tanto social quanto natural, a qual surgia no início do século XX, como expiração para a construção de obras literárias, tendo como principais fonte de desenvolvimento a perspectiva de vida da população do sertão nordestino, os quais abordavam principalmente a vida sofrida. 
Todavia os autores apresentavam na literatura as questões sociais mais presente na vida dos sertanejos os quais destacam principalmente a escassez da água, o que acomete os demais problemas ambientais, tendo em vista que a água é fonte de vida.
Pensando assim o ano de 1915 foi, enfim, um ano em que os problemas vividos pelos nordestinos chegaram ao ápice, haja vista o fato de milhares de pessoas migrarem em direção ao sul na busca de melhores condições de vida.
Nesse entendimento, Queiroz (2020, p.77) propõe que:
O vaqueiro foi aos alforjes e veio com uma manta de carne de bode, seca, e um saco cheio de farinha, com quartos de rapadura dentro. já as mulheres tinham improvisado uma trempe e acendiam o fogo. E a carne foi assada sobre as brasas, chiando e estalando o sal. Pondo na boca o primeiro pedaço, Chico Bento cuspiu: - lá! sal puro! Mesmo que pia! Mocinha explicou: - Não tinha água mode lavar... Sem se importarem com o sal, os meninos metiam as mãos na farinha, rasgavam lascas de carne, que engoliam, lambendo os dedos. Cordulina pediu: - Chico, vê se tu arranja uma agüinha pro café... Apesar da fadiga do longo dia de marcha, Chico Bento levantou-se e saiu; a garganta seca e ardente, parecendo ter fogo dentro, também lhe pedia água. Os meninos, passado o furor do apetite, exigiam com força o que beber, gemiam, pigarreavam, engoliam mais farinha, ou lambiam algum taco de rapadura, entretendo com o doce a garganta sedenta. Pacientemente, a mãe os consolava: - Esperem aí, seu pai já vem.
Assim, nesta obra também é percebido que além da seca nordestina, também o desemprego assola esta povo, é perceptível na obra de Queiroz, o sofrimento de Chico Bento, sendo que após a perca do emprego, não lhe restou outra alternativa ha não ser, ir em busca de novas oportunidade, tendo em vista, que deixava para traz sua família, a qual dependia da renda adquirida por Chico Bento para o sustento familiar, é por meio do contanto desse relato politico social que o autor busca politica públicas eficiente no auxilio ao povo nordestino que vivem em situação de vulnerabilidade social.
A autora ainda elenca sobre o termo ao afirmar que:
Subitamente, Conceição teve uma idéia:
- „Por que vocês não vão para São Paulo? Diz que lá é muito
bom...Trabalho por toda a parte, clima sadio...Podem até enriquecer...‟
O vaqueiro levantou os olhos, e concordou, pausadamente:
- „É...Pode ser...Boto tudo nas suas mãos, minha comadre. O que eu
quero é arribar. Pro Norte ou pro Sul...‟
Timidamente, Cordulina perguntou:
-„E é muito longe, o São Paulo? Mais longe do que o Amazonas?
- „Quase a mesma coisa. E lá não tem, sezão, nem boto, nem jacaré...É
uma terra rica, sadia...‟
Chico Bento ajuntou:
- „Eu já tenho ouvido contar muita coisa boa do São Paulo. Terra de
dinheiro, de café, cheia de marinheiro...‟
Conceição levantou-se, rebatendo o vestido:
- „Pois então está dito: São Paulo! Vou tratar de obter as passagens.
Quero ver se daqui a alguns anos voltam ricos...‟ (QUEIROZ, 2004, p.
115 – 116)
É assim, que surge o novo cenário da vida de Chico Bento e sua família, o Sudeste, vai ser apresentado ao leitor a partir dos sentimentos mais fundos da própria família imigrante. A saga da família de Chico Bento é a saga de todas as famílias imigrantes, que encontram no deslocamento para o Sul, a única saída para a situação de penúria em que viviam no sertão nordestino.
Neste sentindo, O Quinze versa a produção cultural que surge de uma estrutura histórica dotada de problemas sociais voltados ao contexto cearense. O acesso disso implica o entendimento comum dos indivíduos de um grupo sobre o ambiente natural e social da época. Assim, entendemos, que o romance de Raquel de Queiroz emana fundamentos de grande significância da experiência humana que retrata o mundo do nordestino cearense, com características que perpassam as dimensões do cotidiano, do senso comum presentes pelas desgraças ocasionadas pela seca. 
3 1915ꓽ “A SECA E O SERTÃOSOB O OLHAR DE RAQUEL DE QUEIROZ”
Nas palavras de Bosi (2006, p. 392) “O herói opõe-se e resiste agonicamente as pressões da natureza e do meio social”. Desta formo temos na literatura o contexto de um homem que almeja por oportunidades de sobrevivência no sertão, sem perspectiva de vida só lhe resta uma alternativa de ir busca de uma vida melhor, para que isso seja possível, o retirante e sua família fogem do sertão ne esperança de dias melhores. Todavia este mesmo relato é vivenciado pelo personagem de Chico Bento da obra de O Quinze de Raquel Queiroz. 
O problema da seca já vem ocorrendo há muito tempo atrás, diante desta perspectiva a iniciativa demonstra o descaso, praticado à época, tendo em vista que direcionava a causa do flagelo da seca aos sertanejos que ali viviam assolados pela seca. Quando trazemos esta abordagem para a análise literária é sabido destacar a desigualdade social como mais presente junto ao povo, são situações que emergem as desigualdades sociais que contribuem para que o homem vá em busca novas perspectiva de vida.
Vale frisar que a obra O Quinze, nos remete a compreender o sofrimento vivido pelas famílias com vulnerabilidade social na região nordestina do país. Tendo como consequência o desinteresse de governantes para a busca de soluções efetivas tanto na questão ambiental quanto social e psicológica, tendo em vista que a vida do sertão é retratada por uma dimensão de sofrimentos.
O drama da seca é um fenômeno presente no mundo-da-vida e na cultura sertaneja dos personagens de Queiroz. Cada qual responde a mesma realidade de modo singular e com drama próprio que, não raro, entrecruza-se com a tragédia alheia. Mãe Inácia é dona de uma fazenda localizada nos arredores de Quixadá. Após muitas ponderações é persuadida, por sua sobrinha Conceição, a sair de suas terras para aguardar no litoral cearense o pior da seca passar. Vicente, vaqueiro de boa condição e filho de Mãe Inácia, opta por permanecer na fazenda e cuidar dos bois, pois constata que o retiro será fatal aos animais. Chico Bento é um pobre vaqueiro. 
No entanto com ordens da patroa ele é obrigado a abrir as porteiras da fazenda e soltar as reses para o destino duvidoso. Sem trabalho e sustento, Chico Bento junto com sua esposa Cordulina e seus cinco filhos peregrinam para o mesmo fado incerto dos bois. Conceição, professora de posição feminista além da época, escolhe cuidar dos retirantes da seca no campo de concentração logrado em Fortaleza. Com vocação para ser titia, ela é madrinha de um dos filhos de Chico Bento, compadre de sua família.
A seca é o acontecimento comum a todos os personagens descritos. Como fenômeno compartilhado pelo mundo-da-vida deles, a seca fornece elementos que constituem uma significação subjetiva de pertencimento a um grupo (Schutz, p 34, 2012). Assim, Vicente ajuda Chico Bento a obter dinheiro para a sua emigração, ao comprar um boi debilitado pelo valor acima do real. Conceição por sua vez, ajuda Mãe Inácia, hospedando-a em sua casa, e auxilia Chico Bento no campo de concentração dos refugiados sertanejos.
A cumplicidade se torna uma característica cotidiana desses personagens. Uma situação que chama atenção ao leitor é quando, mesmo em condição miserável, ao encontrar outros retirantes em situação semelhante de fome, Chico Bento divide sua reserva de jabá.
E o bode sumiu-se todo...
Cordulina assustou-se:
– Chico, que é que se come amanhã?
A generosidade matuta que vem na massa do sangue, e florescia no altruísmo
singelo do vaqueiro, não se perturbou:
– Sei lá! Deus ajuda! Eu é que não havera de deixar esses desgraçados roerem osso podre... (Queiroz, 1930/2004, p. 50).
 	Raquel de Queiroz usou de um fenômeno natural, social e econômico que enfrentava na época para escrever ―vidas secas, fazendo uma crítica aos governos da época, utilizando seca como fenômeno natural e social, pois a fome e a miséria fizeram com que o autor criasse um cenário propicio ao momento em que se encontrava, momento de seca, pessoas retirando-se de suas localidades, passando fome e sede, mas com esperança de um futuro melhor.
Portanto, a seca, a fome, os retirantes durante o período de estiagem, as ações dos governos em combate as secas e todos os elementos citados, influenciaram bastante para que Raquel utilizasse de seus recursos para colocar de forma crítica toda a problemática referente a esse período de grande importância para a sociedade nordestina.
3.1 O Quinze ꓽ ficção e realidade 
Diante da análise da obra observa-se que o romance dar-se por meio de uma narrado onisciente, o qual é encontrado na terceira pessoa, no entanto o narrador onisciente tem como característica a apresentação do romance sem que haja a participação na história, o mesmo vai de encontro com cada representação, transmitindo ao leitos reflexões voltadas para o fictício.
A autora, busca por meio da personagem de Chico Bento a representação de um indivíduo comum, com características fortes e marcante do povo do sertão nordestino, no entanto faz parte marcante da obra questões sociais causadas tanto pela seca quanto pela fome. Raquel Queiroz utiliza de sua obra meios para que o leitor possa sentir de perto os sentimentos, os desejos, as dores e os sentimentos reais na vida dos retirantes do sertão nordestino.
O emprego do pensamento contido na história literária, o qual utiliza da ficção apresentar informações em concordância com a realidade de um povo. Todavia são situações distinta o qual engloba tanto o universo factual quanto o imaginário atribuindo ao leitor a compreensão de vida. Diante deste contexto Bosi (2006) para que haja a construção da história é de suma importância que o autor tenha conhecimento sobre a vida de seus personagens, só assim poderá dar-lhe um direcionamento e um entendimento para os leitores.
Bosi, enfatiza a importância para que haja a interlocução entre o fictício com o fato real, pois este é um forte mecanismo para a atrair a atenção dos leitores, todavia não há como delimitar um caminho só a ser percorrido, é preciso que haja esta variação entre o real com o imaginário.
Desta forma entende-se a relação da autora com a utilização da ficção literária tendo em vista que a mesmo encontra-se direcionadas a vida dos cearenses no ano de 1915, todavia a obra abre espaço para que os personagens possam vivenciar a posição factual. Baseado nesta perspectiva Walty (1985, p.48) informa que “a ficção pode ser a saída, a libertação, a absoluta denúncia ou a reduplicação do real a que está submetida”, entretanto este é um meio utilizado pela autora para que por meio da ficção pudessem evidenciar na literatura a realidade das dificuldades vivenciadas pelos cearenses.
3.2 Relações de poderꓽ A morte como denúncia social
Através da obra de Raquel Queiroz, nos remete a compreender o quanto o psicológico do personagem encontra-se abatido, onde não há mas esperança, não há mais o que fazer para que a família continue e viver no sertão. Desta forma a autora nos leva a compreensão de que existem vários Chico Bento pelo o sertão nordestino, que mesmo diante de lutas e vitorias, ainda há muitas famílias que vivem como a do personagem apresentado por Raquel Queiroz. Cabe destacarmos que não é somente a seca que afeta a este povo as influencias politicas é fortemente marcada em suas vidas, sendo que o coronelismo imposto no sertão aumenta-se o medo de ir em busca lutar pelos seus direitos.
É sabido informar que a temática o quanto a temática encontra-se relacionado a realidade sofrida do povo do sertão do nordestino, sendo o fator o fator social o crucial para que as famílias abandonem suas casas e vá em busca da construção de uma nova história. Entretanto estas famílias acabam que invadindo terrenos, sofrendo com a descriminação por parte da sociedade. No entanto são seres humanos em fuga de uma vida sofrida, que em busca de sonho acabam que vivendo de forma desumana. 
Nas palavras de Ferreira (1978) sobre a realidade do Nordestino na época abordada na obra podemos perceber que a função literária apresenta aspectossociais que servirão de reflexão para os leitores, a fim de que eles tenham uma visão expressiva no que diz respeito à realidade que se constrói através das abordagens ficcionais das situações espelhadas no verossímil.
É visível que o cotidiano dos trabalhadores era de jornadas de fome, a alimentação era insuficiente diante do esforço físico dos operários, que recebiam pouco e ainda dividiam o que possuíam com os numerosos familiares. Se a marcha nas obras era marcada pela fome, o dia-a-dia dos familiares era ainda mais. Os retirantes que não conseguiam ocupação esperavam pela assistência obtida através do trabalho dos parentes, já que longe do núcleo urbano ficava complicada a recorrência à caridade pública. Então, para os que não conseguiam serviço, só restava aguardar pelo parco auxílio que seria levado para casa. (FERREIRA, 1978, p. 8)
 Com seus recursos estilísticos, Raquel de Queiroz apresenta aspectos sociais e econômicos que constroem o cenário do sertão tal como ele é. O homem nordestino oprimido que aparece na obra e questão é uma figura típica porque representa a massa dos imigrantes que, fugindo da seca, da exploração, da vergonha, buscam no sul ou simplesmente longe dali condições de existência que pudessem superar as contradições que os desumanizam em busca da liberdade e da dignidade. Ela supera seu caráter de regionalidade e se torna universal porque a liberdade um valor que transcende o espaço geográfico imediato.
Agora, ao Chico Bento, como único recurso, só restava arribar. Sem legume, sem serviço, sem meios de nenhuma espécie, não havia de ficar morrendo de fome, enquanto a seca durasse. Depois, o mundo é grande e no Amazonas sempre há borracha...Alta noite, na camarinha fechada que uma lamparina moribunda alumiava mal, combinou com a mulher o plano de partida. Ela ouvia chorando, enxugando na varanda encarnada da rede, os olhos cegos de lágrimas. Chico Bento, na confiança do seu sonho, procurou animá-la, contando-lhe os mil casos de retirantes enriquecidos no Norte... (QUEIROZ, 2020, p. 10)
 
 
No caso presente, os personagens como o de Chico Bento são entes da vida real, cuja situação dramática transformou –os em indivíduos de uma trajetória mítica pelo território, tornando-os assim ficcionais, já que sua saga existencial reflete o drama universal da busca da liberdade e dignidade. 
3.3 Chico Bentoꓽ A força da resistência do homem Nordestino
A triste realidade de Chico Bento inicia pela a falta de chuva, onde sem ela não há como dar continuidade ao trabalho do campo, no entanto por meio de uma carta Chico Bento é informado sobre a falta condição de manter o gado na região, desta forma o personagem tem até o dia de São João para rezar e pedir a chuva, está é uma imposição dada pelo o fazendeiro para que o Chico possa continua a trabalhar na fazendo. Visto que a chuva não chegada Chico Bento ficou desempregado. Costa evidencia que: “[...] alguns sertanejos reagiriam de modo diverso, porém questionável. Abandonariam o gado e os empregados das fazendas, deixando-os à mercê da sorte (COSTA, 2005, p.52).
No entanto chegou o dia de São João e nada da chuva, era a hora de ir embora, a hora de buscar novas oportunidades, já que tanto a mulher quanto os filhos dependiam do trabalho de Chico Bento para o seu sustento. “sentem-se permanentemente ameaçados de se verem enxotados com suas famílias e de caírem na condição ainda mais miserável dos deslocados rurais” (RIBEIRO, 1995, p. 361). 
Visto que, não havia mais o que ser feito, Chico Bento e sua família vai em busca de oportunidade de emprego, tendo como direção a região do Norte, o mesmo tinham como meta a oferta de trabalho voltado para extração de borracha. Entretanto Chico Bento não consegue partir por e lhe negado o direito de adquirir passagens de três, já que o mesmo não possui nenhum valor aquisitivo para que possa garantir aos governantes o valor dado pela a passagem. 
Diante de nenhuma escolha, Chico Bento viu-se diante de uma situação triste e desestimuladora, pois mesmo diante de tamanho sofrimento vivido no sertão, fica alí a sua história um pouco de sim, porém é a hora de partir, já que sem a chuva não há como sobreviver.
Entretanto ainda tinha muito o que acontecer na vida de Chico Bento e sua família partia Brasil a fora, no entanto o mesmo não tinha nem dimensão do quanto seria difícil. Foi um percurso com sofrimento onde a fome afetava a todos, um de seus filhos não consegue mais controlar a fome, e ao avistar uma roça, alimenta-se de mandioca crua, não sabe ele que alí é o seu fim, pois o envenenamento foi fatal o levando a morte.
 
Lá se tinha ficado o Josias, na sua cova à beira da estrada, com uma cruz de dois paus amarrados, feita pelo pai. Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de fome, estrada afora. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida, para cair depois no mesmo buraco, à sombra da mesma cruz (QUEIROZ, 2004, p. 67).
Porém o desespero toma de conta do personagem, cada dia que passa a fome aumenta, e ver seus filhos nesta situação faz com que ao avistar uma cabra Chico Bento acaba que matando para que possa saciar a fome da família, porém o dono animal ver a ação do personagem o qual de imediato retira dele a carne da cabra, os deixando ainda com mais fome. 
Caindo quase de joelhos, com os olhos vermelhos cheios de lágrimas que lhe corriam pela face áspera, suplicou, de mãos juntas: — Meu senhor, pelo amor de Deus! Me deixe um pedaço de carne, um taquinho ao menos, que dê um caldo para a mulher mais os meninos! Foi pra eles que eu matei! Já caíram com a fome!... — Não dou nada! Ladrão! Sem-vergonha! Cabra sem-vergonha! A energia abatida do vaqueiro não se estimulou nem mesmo diante daquela palavra. Antes se abateu mais, e ele ficou na mesma atitude de súplica. E o homem disse afinal, num gesto brusco, arrancando as tripas da criação e atirando-as para o vaqueiro: — Tome! Só se for isto! A um diabo que faz uma desgraça como você fez, dar-se tripas é até demais!...(QUEIROZ, 2020, p.72).
Esse sentimento acima já nos mostra o quanto sofrido encontrava-se Chico Bento e sua família, diante te tamanha fome e cansaço eis que o personagem suplica pela carne, onde alimentaria a todos que já estavam extremamente cansados e já não aguentava mais a caminhada sem antes de fazer uma refeição. Mesmo diante de pedido de suplica de Chico Bento, o dono do animal vai embora e leva toda a carne consigo, restando apenas suas tripas sujas. 
O sofrimento e eminente nesta família, todos já estavam desmotivados e já não conseguia continua com a vida de retirante, forma muitas dificuldades que a família enfrentava, já não bastasse a morte por envenenamento de um de seus filhos, outro filho desaparece.
No entanto, sem saber o que fazer e pra onde seguirem a esposa de Chico Bento vai em busca de ajuda, a qual chega por meio de um compadre o qual os ajuda com roupas assim como passagens para que a família chegasse até a capital cearense. No entanto a vida sofrida não acaba aqui, chegando na capital a família passou a morar assim como outras famílias em curral, vida está que acontecia de forma desumana.
Por mais que Chico Bento lutasse mas sua esposa, as dificuldades os perseguia, era visível o quanto todos estavam fracos e cansado. No entanto vendo o sofrimento e a aparência do filho a esposa de Chico Bento não via outra saída, o qual dava seu filha para que fosse cuidado por uma comadre, já que se ele continuasse com ela poderia ter um final fatal assim como os outros filhos. 
Chico Bento é um homem de fé e de coragem, mesmo diante das dificuldade não desistia, visto que com o trabalho na barragem estava chegando ao fim Chico Bento e sua esposa com ajuda de uma comadre partia para região Sudeste, era um ambiente novo, porém muitos falavam que lá havia emprego e se ganhava dinheiro. “ – Eu já tenho ouvido contar muita coisa boa do São Paulo. Terra do dinheiro, de café, cheia de marinheiro...” (QUEIROZ, 2020, p.115). 
A obra O Quinze, teve publicação no ano de 1930, no entanto não é bem diferente da situaçãovivenciada hoje, tendo em vista que muitas famílias do sertão nordestino, ainda vão em busca de dias melhores, oportunidade emprego, sendo que a realidade não é muito diferente dos anos de 30. No entanto muitas coisas mudaram, sim mudaram, hoje o país contra com programas sociais que ajudam a por a comida na mesa, programas que levam água para as casas. Mas mesmos diante das ajudas provindas do governo federal, não há como mudar todo o contexto histórico do povo do sertão nordestino, sendo que são características próprias, algum que faz parte da cultura deste povo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, traçou-se caminhos diversos para criarmos um diálogo penetrante e coeso respondendo aos problemas aqui exposto, pois sabemos que a literatura desempenha junto a todas as sociedades humanas cultas um papel essencial no sentido de construir seus valores mais sublimes. Ao analisarmos a obra percebemos que a função literária apresenta aspectos sociais que servirão de reflexão para os leitores, a fim de que eles tenham uma visão expressiva no que diz respeito à realidade que se constrói através das abordagens ficcionais das situações espelhadas no verossímil.
Toda a história de vida e a garra presente dos personagens, mantida durante a obra, mesmo em momentos de extrema dor que fariam pessoas mais frágeis desistirem da batalha, reflete o desejo de seguir em frente, de deixar para trás os obstáculos e começar vida nova. A autora Rachel de Queiroz ofereceu aos personagens a força necessária para seguir em frente, mesmo que o futuro não seja tão promissor quanto os sonhos desejariam. A partir da leitura de “O Quinze”, sensibiliza-se para a realidade social nordestina, em que a mudança na vida da família de Chico Bento e de tantos outros retirantes nordestinos foi forçada por uma elite que capturou a terra, a água e que elegeu a seca a responsável pelos males da região.
Diante do estudo realizado constatou-se que a obra O Quinze, tem como fonte estimuladora a problemática da seca, trazendo para o leitor demais problemas socias que são decorrente da falta de politica social, os quais regem sobre os moradores. Destacar-se ainda a importância de trabalhar a economia local, tendo em vista que o fator do desemprego é gritante, onde sem a chuva no sertão as famílias encontram-se a mercê da morte.
Distante de esgotar as interpretações possíveis desta obra, pode-se constatar que a leitura desta obra nos provoca uma experiência de entendimento de mundo e da vida da cultura cearense, em suas dimensões do cotidiano, do senso comum da memória. Tais aportes são evidenciados nos costumes e ações dos personagens da obra, que exalam ao mundo uma expressão que retrata a relação do sertanejo com a seca, a emigração e não podemos deixar de citar a fé na chuva.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORA, Antônio Soares. Introdução a teoria da Literatura. São Pauloꓽ Cultrix, 2006.
BARROSO, Pereira Eloísa. Historia e Literatura: um percurso metodológico no estudo da cidade. Miscelânea, Assis, v.13, jan.-jun. p. 57-75, 2013.
BENJAMIM, Walter. O narrador. In: Os pensadores. Trad. Otília B. F. Arantes. São
Paulo: Abril Cultura, 1975.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira.43.ed. São Pauloꓽ Cultrix,2006.
CAVALCANTE, Talita Lopes. A grande seca do Nordeste. Atualizado em 05 de novembro
de 2015. Disponível em: http://www.museudeimagens.com.br/grande-seca-do-nordeste/.
Acesso em 23 dez 2020.
COSTA, Liduina Farias Almeida da. O sertão não virou mar: nordestes, globalização e imagem pública da nova elite cearense. São Paulo: Annablume, 2005
COUTINHO, Afrânio. O regionalismo na prosa de ficção. In: A literatura no Brasil. Rio de Janeiro: São José, 1955, pp. 145-226. vol. II.
DUTRA, Kátia.  119 anos de Graciliano Ramos. 2015. Disponível em ꓽ https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/a-realidade-social-e-a-linguagem-no-romance-vidas-secas/. Acesso em 20 de set 2020.
FERREIRA, Maria Nazareth. A imprensa operária no Brasil. 1880-1920. Petrópolis-RJ: Vozes, 1978.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5 ed. São Paulo Atlas. 2010
PEREIRA, Lucia Miguel. Prosa de Ficção – de 1870 a 1920. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
QUEIROZ, Raquel de. O quinze.113°. ed. Rio de Janeiroꓽ José Olympio, 2020.
1978.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiroꓽ A formação e o sentido do Brasil. 2.ed. São Pauloꓽ Companhia das Letras,1915. 
SCHUTZ, Alfred. Sobre fenomenologia e relações sociais. Petrópolis, RJ. Vozes. 2012
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. Ed. 23ª. São Paulo. Cortez. 2007.
TAMARU, Angela Harumi. A construção literária da mulher nordestina em Rachel de Queiroz. Universidade Estadual de Campinas: Instituto de Estudos da Linguagem. São Paulo, 2004.
WALTY, Ivete Lara Camargos. O que é ficção. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.