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LIVRO - CEU e AGUA, Natação e Atividades Aquáticas, v3 revisado

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PROJETO CEU E ÁGUA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natação e Atividades Aquáticas nas Escolas: 
adaptação e iniciação aos nados, uma relação 
entre Esporte e Educação. 
 
 
Tiago Aquino da Costa e Silva (Paçoca) 
Jefferson Fiori Gomes 
Mérie Hellen Gomes de Araujo da Costa e Silva 
Kaoê Giro Ferraz Gonçalves 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecimentos especiais aos nossos familiares por estarem conosco até mesmo 
nos momentos de ausência; aos nossos amigos e colegas de profissão que fazem 
das nossas vidas um turbilhão de desejos, ideias e projetos; ao nosso guia lúdico 
Prof. Maurício Duran Pereira que nos apresentou a Ludicidade como “ferramenta 
para a vida”; e em especial aos nossos queridos alunos que passam e transformam 
as nossas vidas num BOOM de ALEGRIA! 
Que as aventuras lúdicas deste livro possam fazer parte do dia-a-dia dos 
profissionais de Educação Física e Esportes do nosso Brasil! 
 
Busquem a Inspiração, a Criação e a Transformação! 
 
Tiago Aquino da Costa e Silva (Paçoca), Jefferson Fiori Gomes, Mérie Hellen Gomes 
de Araujo da Costa e Silva e Kaoê Giro Ferras Gonçalves 
 
 
PREFÁCIO 
 
 Ao ser convidado para a escrita deste prefácio, me vi em uma sensação de 
felicidade, orgulho e responsabilidade para repassar a importância desta coleção e 
do tema a que se propõe. 
 O mundo atual vive na expectativa de uma vida mais sadia e duradoura e 
uma das opções para esta nova forma de viver é a prática da atividade física desde 
as idades iniciais. Quando levamos um povo a esta mentalidade do exercício como 
ferramenta para a aquisição de habilidades motoras, fortalecimento de 
comportamentos sociais através da convivência com os demais, modificação de 
hábitos e culturas, introduzimos um eixo norteador para o esporte como um fator de 
auxílio à educação. 
 A ideia de iniciar com a natação me remete a uma linha de pensamento em 
que o ser humano vem do líquido amniótico e, quando sai para o nosso convívio, já 
teve esta pequena adaptação. Quando ingressa na prática da educação física 
escolar, é como se fosse um retorno àquilo que já aconteceu em um momento 
anterior à entrada na vida humana. 
 Tenho certeza dos caminhos pelos quais esta coleção pode levar a que a 
prática da natação se incorpore ao currículo escolar, trazendo mais agilidade de 
raciocínio, melhor aproveitamento nas aulas e a formação de uma geração 
consciente da cultura esportiva. A Lei 689 do parlamento grego diz que “todo ser 
humano educado deveria saber ler e nadar”. 
 Acredito que para a natação escolar será um marco histórico, e para os CEUs 
de São Paulo a oportunidade de sair na frente para uma geração que será, a partir 
deste momento, base de vários outros projetos que serão iniciados. 
 Vivemos uma época de esportes. Os Jogos olímpicos de 2016 acontecerão 
no Brasil. O povo está deixando de ser “o país do futebol” para ser o país do 
esporte. 
 Tenho a total convicção de que, apesar de não ter como proposta a detecção 
de talentos, com certeza aparecerão possíveis nadadores que serão aproveitados 
posteriormente em programas voltados para o alto rendimento, o que tornará este 
projeto vital para a renovação aquática de nosso estado e país. 
 Esta publicação poderá, sem dúvida, ser o manual de cabeceira das escolas, 
com uma metodologia suave e de fácil compreensão. 
Saudações Aquáticas, 
Alberto Klar 
Professor Titular de Natação da FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas, SP. Técnico da Seleção Brasileira de 
Natação nos Jogos Olímpicos de Barcelona – 1992 e Atlanta – 1996. Técnico Olímpico de Triathlon de Atenas – 
2004. Autor do livro “365 dias nadando diferente” e da Coleção “Atividades Aquáticas – Pedagogia Universitária”. 
Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Atividades Aquáticas – FMU e UGF. Técnico com recordes 
mundiais, sulamericanos e brasileiros absolutos e de categoria. 
 
 
NATAÇÃO E ATIVIDADES AQUÁTICAS 
 
 
O esporte é um caminho educacional de muita relevância, pois pode ser 
experimentado e vivenciado de diversas formas, da prática recreativa ao alto 
rendimento, constituindo, portanto, um fenômeno cultural e social. O esporte atua 
como um processo facilitador de estimulação do desenvolvimento corporal do 
praticante. Nessa linha, a natação é considerada um dos esportes mais completos 
por dinamizar todas as ações corporais e motrizes, para Silva et al (2011). 
Atividades aquáticas são todas e quaisquer habilidades realizadas no meio 
aquático. A Natação é a ação de autopropulsão e auto-sustentação que o homem 
realiza no meio líquido com as estratégias do seu próprio corpo, desenvolvendo os 
nados pré-estabelecidos, para FINA (s/d). 
Já para Fernandes e Lobo da Costa (2006) a natação também é entendida 
como um conjunto de habilidades motoras que proporcionam o deslocamento 
autônomo, seguro e prazeroso no meio líquido, oportunizando as vivências corporais 
aquáticas. 
Por fim, para Velasco (1994) a natação deve proporcionar o prazer e gerar 
boas experiências, além de desenvolver integralmente o indivíduo. Para que isso 
seja possível, o professor deve ter uma boa relação com seu aluno, trabalhar de 
forma lúdica e utilizar uma pedagogia que atenda às necessidades do aluno. 
 
 
 
OS PRIMEIROS REGISTROS DA NATAÇÃO 
 
 
Embora seja difícil analisar com precisão o começo do nadar, é fundamental 
que tenhamos um ponto de partida para descobrir esse fenômeno. 
Sendo o planeta Terra coberto por cerca de três quartos de água, o homem 
em algum momento foi obrigado a se relacionar com o meio aquático, seja por 
sobrevivência ou por diversão. Com esse relacionamento o homem foi criando 
formas de locomoção na água que facilitassem suas necessidades básicas, para 
Andries Junior et al (2002). 
Nota-se que o nadar para o homem pré-histórico tinha função utilitária, seja 
na busca de alimentos e/ou como forma de refúgio dos perigos terrestres. 
Lewillie (1983) relata que os primeiros registos históricos que fazem 
referência à natação aparecem no Egito, no ano 5.000 a.C. nas pinturas da Rocha 
de Gilf Kebir, e a caracterizam como mera função de sobrevivência. 
 Já Bonacelli (2004) relata que no século XIII a.C. japoneses e chineses 
praticavam exercícios físicos aquáticos como práticas médicas, aos moldes das 
hidroterapias e das massagens. 
No período clássico, de 500 a 338 a.C. o nadar era considerado de grande 
utilidade, principalmente na Grécia, pois, para Platão, a inabilidade de ler, como a de 
nadar, davam prova de uma educação ineficiente (ANDRIES JUNIOR et al, 2002). 
Portanto, na Grécia, a ação do nadar era componente fundamental na educação dos 
seus respectivos cidadãos, sendo um bom caminho para o desenvolvimento corporal 
harmônico e social. 
Já em Roma, a natação também assumia grande importância na educação 
das crianças, bem como opção de treinamento físico aos soldados romanos, que 
eram lançados à agua com suas armaduras e precisavam demonstrar destreza e 
habilidade aquática. 
Com o surgimento do Cristianismo, a mentalidade do povo foi sendo 
direcionada para o culto excessivo da alma. O cultivo ou o tratamento do corpo foi 
sendo renegado e com isso as atividades corporais, como o nadar, foram colocadas 
em segundo plano. Na Idade Média acreditava-se que o contato constante com a 
água poderia disseminar e proliferar epidemias, o que, consequentemente, retardou 
o desenvolvimento da natação, para Andries Junior (2002). Então, devido aos 
fatores anteriormente citados, o interesse pela natação decresce em grande parte, e 
a prática de atividades corporais fica restrita à nobreza e aos militares. 
No Renascimento, entre o fim do século XIII e meados do XVII, a prática da 
natação volta a ressurgir do “período obscuro” a que esteve submetida durante a 
Idade Média, e é considerada como uma matéria legítima dentro das atividades 
físicas(REYES, 1998). Como fruto desta concepção, surgem os primeiros escritos 
referentes à natação, tais como é o livro do alemão Nicholas Wymman (1538) 
intitulado "Colymbetes, Sive de arti natandis dialogus et festivus et iucundus lectu" , 
cuja tradução livre é: "O nadador ou a arte de nadar, um diálogo festivo e divertido 
de ler". O autor destacava que era necessário um instrutor na orientação da natação, 
devido aos perigos do afogamento; e que a sustentação do corpo humano na água 
era possível com a aprendizagem de movimentos específicos. 
Assim, com o passar do tempo, a natação tornou-se substancial no 
aproveitamento educacional nos países da Europa, como a França e Inglaterra. 
É no século XIX, na Inglaterra, que a natação atinge seu maior apogeu. 
Segundo Machado (1984), em Londres encontrou-se uma das primeiras formas de 
aprendizagem da natação: “A execução dos gestos aprendidos era feita por etapas, 
até que o todo fosse assimilado e compreendido, para depois ser fixado e 
mecanizado. A aprendizagem era feita, sob o aspecto que ora abordamos, com o 
aluno preso em haste de metal, seguro por cordas ou cabos e até mesmo ouvindo 
gravações de ‘aprender a nadar’”. 
Em 1828 se constrói em Londres a primeira piscina coberta, e no ano 1837 
acontece a primeira organização competitiva da modalidade (REYES, 1998). 
Com o início das competições surge a necessidade da criação de órgãos 
institucionais e regulamentos que regem o esporte. Segundo a CBDA (2004) em 
1837 foi fundada a Sociedade Britânica de Natação; e o nado peito ou “clássico” era 
o adotado nas competições. Já em 1870, o instrutor inglês de natação J. Arthur 
Trudgeon observou, na América do Sul, um novo estilo de nadar, o trudgeon, hoje 
conhecido como nado crawl com pernada de tesoura. 
Compreender e entender o processo histórico do fenômeno NADAR é 
importante para a construção e desenvolvimento de novos processos pedagógicos 
condizentes com a atual necessidade e realidade. 
 
 
 
AS DIMENSÕES DO CONHECIMENTO DA NATAÇÃO E 
ATIVIDADES AQUÁTICAS 
 
 
A Natação deve garantir o desenvolvimento equilibrado da personalidade do 
individuo, oferecendo-lhe os meios para que ele mesmo consiga atingir seus fins. 
Auxilia na estruturação do esquema corporal, permitindo aos aprendizes adquirirem 
noções perceptivas do próprio corpo, através da vivência em diferentes meios. 
Permite também ampliar as noções espaciais vividas na exploração do meio 
aquático com o corpo no mesmo lugar, em deslocamento, em grande ou pequena 
profundidade; possibilita à criança elaborar estruturas fundamentais do pensamento 
abstrato; ensina o comando voluntário da respiração e possibilita a visualização das 
bolhas formadas no momento da expiração e, desta maneira, a criança pode ver, 
ouvir e sentir sua respiração. Por meio de procedimentos pedagógicos deve-se 
proporcionar a interação entre técnica e prazer (DAMASCENO, 1992). 
Um dos principais motivos de aderência da natação e atividades aquáticas 
junto aos programas pedagógicos são os benefícios que obtêm durante tais práticas. 
Os benefícios atuam diretamente em diferentes âmbitos: físico, psíquico, social, 
afetivo, emocional e fisiológico, e nos permite atingir, por fim, o desenvolvimento 
integral do aluno. 
Adaptado de Marin (2004) segue abaixo a relação dos objetivos aquáticos nas 
suas mais diferentes concepções: 
 
 
Objetivos Aquáticos Motrizes 
• Desenvolver as habilidades aquáticas básicas: respiração, flutuação e propulsão; 
bem como as habilidades específicas, como as técnicas dos nados, saídas e 
viradas; e 
• Favorecer aos alunos a possibilidade de desenvolverem as capacidades físicas, 
como: velocidade, força, flexibilidade e resistência geral. 
 
 
Objetivos Aquáticos Psíquicos 
• Compreender e aceitar o próprio corpo e suas respectivas ações no meio aquático; 
e 
• Desenvolver as capacidades psicomotoras: ritmo, lateralidade, noção espaço-
temporal, esquema corporal e relaxação. 
 
 
Objetivos Aquáticos Afetivo-Sociais 
• Favorecer o contato e a integração entre os alunos da Escola/Academia, 
contribuindo assim para a melhora do equilíbrio pessoal e estabilidade emocional; e 
• Contribuir, através das vivências motoras, para o desenvolvimento de valores 
como: fraternidade, igualdade, lealdade, amizade e outros. 
 
 
Objetivos Aquáticos relacionados à Saúde 
• Criar hábitos de vida saudáveis; e 
• Conhecer, valorizar e utilizar o meio aquático para a melhora de determinadas 
alterações do aparelho locomotor. 
 
O professor deve ter clareza dos objetivos da aula e da importância dos novos 
conhecimentos na sequência dos estudos, para que assim possa atender a 
necessidades futuras, para Pereira (1999). 
Os objetivos citados deverão ser contemplados nos planos de aulas de uma 
eficiente Pedagogia de Natação. 
PEDAGOGIA: Ensino e Aprendizagem da Natação e 
Atividades Aquáticas 
 
 
 A aprendizagem existe na vida de uma pessoa desde o nascimento até a sua 
morte, pois, nas experiências, sempre está aprendendo novas ações e interagindo 
com o ambiente. Na natação é possível afirmar que os alunos terão a aprendizagem 
motora. Schmidt e Wrisberg (2001) definem aprendizagem motora como mudanças 
nos processos internos que determinam a capacidade do indivíduo para produzir 
uma tarefa motora. Quanto mais o indivíduo pratica, mais ele aprende. 
 Schmidt e Wrisberg (2001) fazem diversas considerações acerca da prática de 
habilidades motoras. Os autores subdividem a prática a partir das seguintes 
características: 
 
- Quantidade de prática: refere-se ao número de execuções motoras e período 
de repouso durante o processo de aprendizagem de uma habilidade motora. 
Existem dois tipos de prática: a maciça e a distribuída. A prática maciça consiste 
numa maior quantidade de prática do que de repouso, enquanto que a prática 
distribuída consiste numa maior quantidade de repouso do que de prática. Acredita-
se que muita prática e pouco repouso sobrecarregam o aluno física e mentalmente. 
O professor deve adequar a prática e o repouso com o tempo disponível do aluno. 
 
- Formas de prática: refere-se ao modo como as habilidades motoras são 
aprendidas. Esse modo pode influenciar no aprendizado das mesmas. Existem duas 
formas de prática muito comuns no ensino da Educação Física: a prática parcial e a 
prática total. A prática parcial consiste em facilitar o aprendizado de uma tarefa, 
subdividindo-a em várias partes e treinando-as separadamente para depois uni-las. 
A prática total consiste em realizar a tarefa completa sem simplificação. 
 
- Sequência de realização das tarefas: para se praticar diferentes tarefas pode-
se utilizar a prática em blocos ou a prática randômica. Na prática em blocos o 
indivíduo tem um conjunto de diferentes tarefas a serem realizadas. A primeira tarefa 
será repetida algumas vezes, para depois passar para a prática de outra habilidade, 
e assim sucessivamente, até ter realizado todas as tarefas programadas. Na prática 
randômica o indivíduo irá realizar as diferentes tarefas aleatoriamente, sem repetir 
consecutivamente nenhuma tarefa. As práticas podem ser realizadas de forma 
constante ou variadas. Na prática constante o indivíduo treina apenas uma tarefa 
sem nenhuma variação de intensidade. Já na variada o indivíduo treina uma única 
tarefa, porém com variações de intensidade. 
 
- Diferenças individuais - objetivos do aluno: o professor deve respeitar os 
objetivos e a individualidade de cada um de seus alunos, conhecendo então a 
habilidade-alvo desejada pelos mesmos. Deve perceber o comportamento-alvo que 
o aluno deve possuir, ou seja, quais ações são necessárias para a realização bem 
sucedida da tarefa. 
 
- Transferência de aprendizagem: refere-se ao aproveitamento das experiências 
anteriores que os indivíduos possuem na prática de outras habilidades motoras para 
auxiliar no aprendizado de uma nova habilidade.Se as experiências anteriores 
contribuem para o aprendizado de uma nova tarefa, essa transferência é positiva; se 
as experiências anteriores não contribuem para o aprendizado de uma nova tarefa, 
essa transferência é negativa. Ocorrendo transferência positiva, ela pode ser 
considerada próxima ou para longe. A transferência próxima é quando um indivíduo 
adapta uma única tarefa a diferentes situações. A transferência para longe é quando 
o indivíduo aprende uma gama de habilidades motoras que poderão ser utilizadas 
futuramente em um tipo de esporte. 
 
 Nas Escolas de Natação nota-se que o ensino é organizado e sistematizado 
por “sequências pedagógicas” compostas por conteúdos pré-determinados para o 
aprendizado dos quatro nados. 
A Pedagogia mais utilizada, atualmente, nas aulas de natação, lança mão de 
recursos técnicos específicos, baseados na repetição de movimentos, separação de 
sequências, enfim, um instrumental que poderia ser classificado como tradicional, 
com o objetivo de conseguir o domínio do meio liquido, dos movimentos e da 
aprendizagem o mais rápido possível (PEREIRA,1999). 
Segundo Fernandes e Lobo da Costa (2006), quando o ensino é focado no 
produto, aspectos como a etapa de desenvolvimento da habilidade do nadar em que 
o aluno se encontra, sua faixa etária, seus interesses e possibilidades físicas 
particulares não são considerados, o que pode tornar a aprendizagem da natação 
um processo monótono e insignificante para quem aprende e repetitivo e 
desinteressante para quem ensina. 
 Complementado por Langendorfer & Bruya (1995), o nadar aprendido pelo 
modelo, orientado somente pelos quatro nados, resultaria num aprendizado pobre 
devido à baixa competência aquática que esse tipo de prática propicia. A adequação 
das tarefas de prática com os níveis de desenvolvimento motor aquático cria 
condições ótimas para o progresso na aprendizagem, incluindo-se, ainda, nesse 
modelo, os estilos formais e avançados de natação. 
 Algo que merece atenção no que diz respeito à concepção de uma Pedagogia 
da Natação, para Freudenheim (1995), é a observação dos movimentos 
culturalmente determinados, como os quatro nados formais de natação que 
emergem da combinação de habilidades básicas. Portanto, é importante diferenciar 
o nadar fruto da combinação de movimentos fundamentais e a natação, que é um 
conjunto de habilidades resultantes da especialização dessa combinação. 
 A Pedagogia da Natação Moderna racionaliza entre as pedagogias analítica e 
global. As atividades no meio aquático são organizadas a partir de uma sequência 
pedagógica do simples para o complexo, atendendo os diversos níveis pedagógicos 
encontrados nas aulas. 
 Dentro dessa proposta pedagógica, a primeira atividade a ser ensinada na 
piscina é a sobrevivência. Para Palmer (1990), é preciso identificar o nadar como a 
locomoção com segurança no meio líquido a partir de diferentes formas. 
 É primordial que a criança seja estimulada a deslocar-se de diferentes formas 
na água, para que depois possa aprender os nados culturalmente determinados. 
Essas primeiras experiências corporais são fundamentais para a fase de 
especialização técnica dos nados, constituindo assim uma proposta atual de 
aprendizagem. 
 A Pedagogia da Natação é entendida como um conjunto de ideias e vivências 
aplicadas e organizadas para a aprendizagem das atividades aquáticas e da 
natação, a fim de que os alunos possam atingir os objetivos propostos em relação 
aos conteúdos, resultando na sua respectiva assimilação. 
 Para Corrêa e Massaud (2007), a organização de uma Pedagogia da Natação 
apresenta boas vantagens, como: 
• Uso racional dos equipamentos esportivos na busca da construção do cidadão; 
• Fidelidade dos alunos na frequência das aulas, uma vez que suas expectativas e 
necessidades se tornam alvos de tal organização; 
• Redução dos cursos decorrentes da racionalização de processos; 
• Criação de novos negócios decorrentes e qualificação profissional, ampliando sua 
percepção para novas oportunidades; e 
• Clima de incentivo e participação da comunidade escolar. 
 Optou-se por reconhecer, para esta Pedagogia da Natação, as ações da 
natação e o domínio das habilidades aquáticas básicas, sendo-as: adaptação ao 
meio líquido, respiração, flutuação, propulsão e mergulho elementar; e as primeiras 
vivências dos nados crawl, costas, borboleta e peito, bem como as saídas, viradas e 
chegadas. 
 Para que os objetivos propostos em cada aula sejam alcançados de forma 
satisfatória e segura, o profissional de Educação Física deverá planejar de forma 
inteligente e antecipada as suas respectivas aulas, conhecendo assim seus 
conteúdos e métodos. 
 O professor deverá se comunicar com os seus alunos de forma participativa, 
respeitosa e com responsabilidade. A forma como ele se comunica com seus alunos 
é fundamental para uma aprendizagem significativa. Segundo Schmidt e Wrisberg 
(2001), existem duas técnicas diferentes de apresentação das habilidades motoras: 
instrução e demonstração. A instrução é verbal e nela o professor deve dar as 
principais características da tarefa. Já a demonstração baseia-se nas tarefas 
realizadas pelo professor, onde o gesto motor apresentado será referência para a 
execução do aluno. 
 A forma de demonstrar o movimento deverá ser de escolha do professor. 
Palmer (1990) defende que a demonstração realizada fora da piscina pode contribuir 
para a aprendizagem do aluno, as qual os alunos posteriormente imitarão. 
Conflitando com tal ideia, Velasco (1994) afirma que é fundamental, para a 
demonstração do movimento, que o professor esteja junto ao seu aluno, dentro da 
água, como modelo. 
 Nota-se que para o sucesso da aprendizagem da natação é fundamental a 
participação do professor. O professor deve ser firme, sem ser exigente e sem 
desprezar seus alunos, deve encorajar, elogiar, brincar, tornar a aula divertida e 
agradável e repreender quando necessário (PALMER, 1990). 
 Para Corrêa e Massaud (2004), o professor deve criar situações de desafio e 
superação para que possa alcançar o objetivo do aluno. O professor deve criar 
atividades lúdicas que auxiliem na socialização dos alunos e deve oportunizar 
vivências aquáticas que são importantes para facilitar o domínio da modalidade 
esportiva. 
 O professor de natação deverá ter conhecimentos prévios para a elaboração 
de suas aulas. Para Fernandes e Lobo da Costa (2006) os professores devem ter 
conhecimento sobre: 
• O indivíduo: que se altera, se modifica e se desenvolve com o tempo; 
• O ambiente: como o local da aula (piscina funda ou rasa, rio, mar e outros), o tipo 
de instrução dada (demonstração e/ou instrução verbal) e o método de ensino (por 
exploração, descoberta guiada ou comando); e 
• A tarefa: como as características de espaço (direção, níveis de profundidade da 
piscina e planos de movimento), do tempo (lento, rápido, acelerando ou 
desacelerando), do nível de esforço (alto, médio ou baixo), do uso ou não de 
materiais pedagógicos, dos relacionamentos (tarefas em duplas, trios ou em grupos 
maiores). Indica-se a variação das ações a fim de se proporcionar diversidade de 
experiências na água. 
 Para Baggini (2008) a não aptidão resulta das características do próprio 
indivíduo. Quando o indivíduo ainda não atingiu a maturação necessária, ele não 
será capaz de realizar uma determinada tarefa. O ambiente também pode influenciar 
na realização de uma tarefa. A tarefa, quando comparada com os outros dois 
fatores, é o agente que causa maior dificuldade na aprendizagem. Quanto mais 
complexa é a tarefa, mais difícil é aprendê-la. Portanto, o professor deve considerar 
os princípios da aprendizagem motora e utilizar estratégias para organizar a prática 
de modo coerente com a aptidão dos alunos. 
 Os erros são considerados fatores importantes para o diagnóstico da 
aprendizagem, e é através deles que deve se fazer as correçõese possíveis novos 
caminhos pedagógicos. 
 Quando se fala em erros, é preciso mencionar o feedback. Uma das principais 
funções é de fornecer ao aprendiz informações sobre o padrão de movimento que 
realizou, ou seja, através dele o aluno pode saber como executou o movimento e vai 
obter do professor a informação sobre como deveria ter feito, para Schmidt e 
Wrisberg (2001). 
 Para Baggini (2008) existem dois tipos de feedback: o intrínseco e o extrínseco. 
O feedback intrínseco origina-se de fontes internas ao corpo e é o meio pelo qual o 
indivíduo consegue detectar e talvez corrigir seu próprio erro. O feedback extrínseco 
origina-se de fontes externas ao corpo e é o meio pelo qual o professor detecta e 
corrige o erro do aluno. 
 O feedback extrínseco é o mais utilizado em aprendizagem motora, pois o 
professor tem mais facilidade do que o aluno em detectar o erro. Porém, deve-se ter 
cuidado com a frequência de utilização desse método, pois a dependência dele faz 
com que o aluno nunca seja capaz de detectar seus erros, o que é prejudicial para a 
aprendizagem. O professor deve estimular seu aluno a utilizar o feedback intrínseco. 
Quando o aluno errar o professor deve perguntar onde foi que ele errou e fazê-lo 
propor uma possível correção (BAGGINI, 2008). 
 Por fim, a prática da natação tem alcançado papel importante na promoção de 
um melhor desenvolvimento humano. Com o objetivo de satisfazer as necessidades 
de uma população geral, a Pedagogia da Natação tem diversas possibilidades de 
aplicação, como: a manutenção das condições físico-motoras, a prevenção de 
doenças, a reabilitação terapêutica e médica, a iniciação de uma prática desportiva e 
física, e como opção de lazer. 
Ao entendermos aprendizagem numa perspectiva ampla, as aulas de natação 
deixam de ser simplesmente o ensino do gesto natatório e passam a atentar para a 
formação integral da pessoa. Porém, seja numa visão restrita de ensino-
aprendizagem, seja com este posicionamento mais abrangente, o percurso da 
proposta de ensino deve ser constantemente revisitado a fim de mantê-lo ou 
aprimorá-lo, tornando a aprendizagem eficiente em diversos sentidos (OLIVEIRA, 
2011). 
Numa Pedagogia de Natação o planejamento e a avaliação assumem ações 
importantes para a construção de bons resultados. Para Luckesi (2005) o 
planejamento traça previamente os caminhos, a avaliação subsidia os 
redirecionamentos que venham a se fazer necessários no percurso da ação. 
Avaliar o processo de ensino-aprendizagem da natação é ainda uma prática 
incomum, com pouca literatura que atente especificamente para o tema. A maioria 
das iniciativas propõe ferramentas e momentos avaliativos, mas não contempla um 
plano de ensino com objetivos pré-definidos, para Oliveira (2011). 
 
 
 
 
 
 
Segue abaixo a esquematização do processo avaliativo para alunos, tanto 
para as avaliações dos níveis pedagógicos quanto para a primeira aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os principais instrumentos avaliativos são as fichas de observação que são 
realizadas através do relato verbal, desenhos, filmagens e fotografias, e a 
participação em festivais e competições (SANTOS, 1996). Quanto ao aspecto motor, 
devem ser avaliados o gesto técnico e a coordenação motora, por exemplo. Quanto 
ao desenvolvimento psíquico, indica-se a avaliação da motivação e proatividade. Já 
no campo social, avalia-se as atitudes e condutas dos alunos. 
Início 
Alteração do 
aluno para a 
nova turma 
Sim Não 
O aluno está 
apto a evoluir 
de nível? 
Avaliação Pedagógica do 
aluno 
Aluno solicita alteração de 
horário/ período 
Continua no mesmo 
nível pedagógico 
A avaliação realizada pelo professor em festivais e competições deverá 
observar o desenvolvimento técnico dos alunos, e posteriormente, apresentar os 
pontos negativos e positivos dos nados. 
A avaliação pode ser realizada com periodicidade mensal, principalmente 
para alunos no período de adaptação, já que os resultados mudam com rapidez de 
nível; bimestral, para alunos nas demais etapas de aprendizagem; ou trimestral para 
alunos de aperfeiçoamento, para Oliveira (2011). 
 
DICAS E ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS 
 
1. Respeitar o nível pedagógico e de desenvolvimento motor do aluno. 
2. O professor deverá adotar postura construtiva e participativa frente à 
aprendizagem significativa dos seus alunos. 
3. Dar valores e consistência ao ensino-aprendizagem aplicado em aula. 
4. O professor deverá ser incentivador de ações críticas e reflexivas dos alunos. 
5. Propor, aos alunos, situações de auto-superação e esforço pessoal, gerando 
confiança e segurança. 
6. Criar rotinas aos alunos desde o momento que adentrem o recinto de aula até a 
sua respectiva saída. 
7. O professor deverá usar uma linguagem pedagógica a todos os alunos. 
8. As explicações das atividades devem ser simples, objetivas e breves. 
9. Que a proposta pedagógica não se limite apenas à melhora de habilidades 
motrizes, mas que também possa desenvolver as capacidades psíquicas, as 
relações interpessoais, etc. 
10. Que os valores das experiências e vivências corporais sejam maiores do que os 
resultados técnicos. 
11. Que a aula possa se desenvolver entre a criatividade e felicidade. 
12. Que, perante atividades competitivas, prevaleçam sempre as ações cooperativas 
e éticas. 
13. Que seja ponto inspirador para uma prática saudável de atividade física. 
 
 
NATAÇÃO PARA CRIANÇAS 
 
 A partir do contexto do Esporte, a natação encontra-se como uma prática 
corporal vivenciada pelos seres humanos desde a antiguidade, com fins de 
sobrevivência, até a atualidade, tendo o lazer, a saúde e a educação como principais 
finalidades (REIS, 1982). Dessa forma, a natação, na esteira de sua rica evolução 
histórica, permeia elementos essenciais da Cultura Corporal de Movimento, sendo 
de grande relevância sua exploração nas mais diversificadas atividades no meio 
líquido, sobretudo com crianças, segundo Nakano et al (2011). 
 Essa relevância parece ser maior no período compreendido entre 3 e 6 anos, 
compreendendo o final da primeira ao fim da segunda infância, pois nesse período 
as experiências aquáticas adquiridas através da intervenção dos professores são de 
fundamental importância para o desenvolvimento infantil, nos campos motor, 
cognitivo, afetivo e social. Isso se fundamenta, para Le Boulch (1987) citado por 
Nakano et al (2011). 
 Oferecer atividades aquáticas adequadas às crianças consiste em um dos 
fatores mais importantes que contribuem para o desenvolvimento das suas 
capacidades, segundo Nakano et al (2011). É preciso fazer com que as crianças 
desenvolvam o gosto pela prática da natação por meio das atividades lúdicas, com 
objetivos claros e coerentes, fazendo com que elas possuam uma longa vida junto à 
prática da modalidade. 
 Já para alunos dos 6 aos 12 anos, é importante que as aulas não sejam 
focadas “apenas” nos objetivos específicos da natação, mas sim que busquem como 
alvo todas as potencialidades da criança no novo ambiente, para Corrêa e Massaud 
(2003). 
 Para Palmer (1990) as crianças se imitam aos movimentos que observam, 
portanto, o professor deve ser visual e oralmente correto para que os alunos 
entendam perfeitamente o que ele diz e executem os movimentos corretamente, da 
forma como observaram. 
 O ato de nadar, para uma criança, é muito mais perceptível do que em 
qualquer outra faixa etária, pois ela está em constante movimentação e descobre 
diferentes formas de deslocamento. A técnica ocorrerá posteriormente, para Velasco 
(1994). 
 O professor motiva uma aula pela sua disposição, pelo seu relacionamento 
com os alunos e pela sugestão de atividades adequadas ao nível de seus alunos. A 
motivação dos alunos se dá de forma intrínseca, pelo seu próprio prazer de realizar 
a atividade, ou de forma extrínseca, quando aspectos como a importância e a 
necessidade de aprenderestão envolvidas, para Benda (1999). 
 Por fim, o aluno deverá ser foco constante da aprendizagem da natação, com 
aulas ativas e motivadoras, proporcionando ações prazerosas e de boa aderência 
social e esportiva. 
 
 
 
TCHIBUM: A LUDICIDADE E A CRIANÇA 
 
 
“Nos caminhos da aprendizagem, encontramos duas cidades: a Rigorocidade e a 
Ludicidade. Ao optarmos pelo caminho da Ludicidade o processo ensino-
aprendizagem ocorre de maneira mais relaxada” (Maurício Duran Pereira, 2006) 
 
 
 Como ocorre com qualquer outra conceituação, será difícil apontar o significado 
do termo “ludicidade” com precisão, o que chamamos ludicamente de “acertar na 
mosca”. Ao buscar o entendimento do termo lúdico encontramos diversas definições. 
Para Marcellino (1990) o mais razoável é aceitar a imprecisão e abrangência do 
termo, relacionado às palavras: brinquedo, festa, jogo e brincadeiras como possíveis 
sinônimos para lúdico. 
 O lúdico abrange os jogos infantis, a recreação, as competições, as 
representações litúrgicas, teatrais e simbólicas, e os jogos de azar. A origem da 
palavra é grega – ludus – que significa brincar. O jogo está vinculado ao divertimento 
(prazer e alegria) e independe da cultura, da época e classe social. As atividades 
lúdicas fazem parte da vida da criança, presente na formação do pensamento e na 
descoberta de si (HUIZINGA, 1996). 
 O lúdico é essencial no crescimento saudável e harmônico das crianças. É 
importante para sua formação crítica e criativa, pois, embora rotulado como perda de 
tempo, é extremamente importante, já que a criança é naturalmente lúdica 
(CORTEZ, 1996). 
 As atividades lúdicas incorporam a alegria e o prazer na realização das 
atividades propostas, como o jogo e a brincadeira, para Silva et al (2008). 
 A criança que brinca e que vive a sua infância tornar-se-á um adulto muito mais 
equilibrado física e emocionalmente, suportando as pressões das responsabilidades 
adultas e com mais criatividade para solucionar os problemas que lhe surgirão 
(VELASCO, 1996). Nota-se então que o ato de brincar é fundamental na vida da 
criança, e é por essa ação que a criança “adquire” as habilidades para se tornar um 
adulto produtivo. 
 A brincadeira proporciona momentos de novas descobertas, representando um 
fator de grande importância no desenvolvimento e socialização da criança. A 
atividade lúdica compreende os conceitos de que a brincadeira refere-se ao 
comportamento espontâneo ao realizar as atividades (ALMEIDA e SHIGUNOV, 
2000). 
 As atividades lúdicas aquáticas, permeadas por um eficiente Sistema 
Pedagógico, devem proporcionar a comunicação do conteúdo a ser aprendido à 
criança, e isso acontece quando a linguagem pedagógica adotada pelo professor 
atinge a essência da criança – O MUNDO DA IMAGINAÇÃO. 
 Alguns estudos, referentes à influência da ludicidade no aprendizado da 
natação com crianças, mostram que o ensino e a aprendizagem tornam-se mais 
alegres e prazerosos. Pereira (2001) aponta a relação entre o "faz-de-conta" e as 
aulas temáticas de natação, criando um ambiente “lúdico-educativo”. Assim, contam-
se histórias às crianças envolvendo-as em um mundo de fantasia e realizações. 
 Por meio das atividades lúdicas, a criança reproduz muitas situações vividas 
em seu cotidiano, as quais, pela imaginação e pelo faz de conta, são reelaboradas. 
Esta representação do cotidiano se dá por meio da combinação entre experiências 
passadas e novas possibilidades de interpretações e reproduções do real, de acordo 
com suas afeições, necessidades, desejos e paixões. Estas ações são fundamentais 
para a atividade criadora do homem, segundo Vygotsky (1984). 
 As brincadeiras e a fantasia permitem também que a criança execute algumas 
atividades que são pré-determinadas, relacionadas a alguns movimentos básicos e 
fundamentais da natação enquanto atividade esportiva. Porém, não deixando de 
lado o prazer e a criatividade das aulas de natação, tanto para aquela criança menos 
hábil, com maiores dificuldades, quanto para aquela que tem maior facilidade na 
aprendizagem. As brincadeiras têm como objetivo ressaltar a importância do 
processo motivacional da criança para o aprendizado da natação, não enfatizando 
simplesmente a performance técnica, mas proporcionando também oportunidades e 
situações de lazer, recreação, saúde e segurança, para Venditti Junior e Santiago 
(2008). 
 O brincar favorece os participantes a desenvolverem confiança em si mesmos 
e nas suas respectivas capacidades, além de criar situações sociais e favorecer que 
as crianças sejam empáticas umas com as outras. Ele tem por objetivo direcionar as 
crianças e os adultos a desenvolver percepções sobre as outras pessoas e a 
compreender as exigências bidirecionais de expectativa e tolerância, 
complementado por Moyles (2002). 
 As atividades lúdicas que favorecem a socialização podem ser encontradas na 
forma de jogos, brincadeiras, danças e lutas, que envolvem o pegar, o agarrar, o 
palmear, o puxar, o empurrar, o sustentar, o carregar, o transportar, o rolar, o 
sacudir, o conduzir, o defender, o atacar, o coçar e o massagear. O lúdico nos 
condena à vida (LORENZETTO, 1996). 
 O lúdico passa a ser fator contextual para a aprendizagem de qualquer 
habilidade motora da criança. As atividades lúdicas aplicadas à natação baseiam-se 
na construção do pensamento criativo, pois o indivíduo terá oportunidade de 
elaborar diferentes situações motoras para diversos meios de atingir o objetivo final, 
para Silva et al (2008). 
 Além de ser uma atividade agradável em si, a atividade lúdica proporciona um 
prazer físico proveniente da sua capacidade funcionalista. 
“Quando exercitam o corpo, as crianças não conseguem ficar quietas, e 
expressam em altos brados a alegria pelo que seu corpo pode fazer, sem 
saber que este é o motivo (....) o prazer que tiramos da experiência de que 
nossos corpos e mentes estão operando e servindo-nos bem constitui a 
base de todas as situações de bem-estar” (BETTELHEIM 1990, p.42) 
 
 Ao realizar a prática aquática de forma saudável e com prazer, o aluno 
estabelece uma melhor relação e comunicação com o seu professor, resultando num 
vínculo harmônico e produtivo. 
 
 
A cada papo, um caso: 
 
 Na adaptação ao meio líquido o professor deve buscar a familiarização do 
aluno junto ao novo ambiente: o aquático, a fim de possibilitar maior segurança e 
confiança. É normal encontrar, nessa fase, alunos com fobia à água. Assim, o 
professor deverá adotar diversas estratégicas ludo-pedagógicas, como, por 
exemplo: posicionar uma “banheirinha” na beira da piscina e fazer com que a criança 
encha-a de água com ajuda de um balde; ou fazer de um regador de jardim um belo 
“chuveirinho”, e assim molhar a criança de forma saborosa e lúdica. Canta-se 
“cantando no chuveiro tomo um banho gostoso, vou lavando o meu cabelo pra ficar 
limpo e cheiroso”, facilitando assim a interação da criança ao ambiente, à atividade e 
ao professor. 
 
 
 O prazer do lúdico como experiência demonstra ser uma excelente forma de 
estabelecer uma comunicação, do professor com a criança, da criança com o jovem, 
do jovem com o adulto, do adulto com o idoso, trabalhando harmoniosamente nas 
necessidades diárias, da aprendizagem à dualidade comparação/competição 
(RETONDAR, 1996). 
 Para Silva et al (2008) as crianças são motivadas a participar das atividades 
lúdicas estabelecendo relação entre a experiência vivida e a solução do problema 
proposto. E “usufruem” do lúdico quando se sentem na possibilidade de resolver 
seus conflitos em meio aquático, como, por exemplo, o medo de imergir o rosto na 
água. 
 A criança, durante as aulas de natação, é estimulada a explorar o seu 
repertório motor em busca de uma solução criativa e adequada para atingir o 
objetivo proposto no plano pedagógico. A vivência aquática realizada de forma 
lúdica faz com que o aluno aprenda brincando. 
 Para Pereira(1999) a estrutura de uma aula lúdica é dividida em 3 fases: 
 
 
 
 
 As ações simbólicas vivenciadas nas atividades lúdicas durante a experiência 
motora dispõem de uma linguagem mágica que atua no universo motor, psíquico e 
afetivo-social. O universo lúdico permite ao aluno escapar da realidade, mas 
também propiciará um pensamento construtivo para si e suas ações (SILVA et al, 
2008). 
 Nadar é uma atividade saudável e prazerosa, se bem conduzida pelo 
professor. 
E o inverso também é verdade: se rotinas pedagógicas, propostas com pouca 
criatividade, são repetidas incansavelmente pelos alunos, esta vivência corporal 
ocorre em função apenas diretiva, e não construtiva. 
 A criança explora as formas e ações pelas quais os contos de fadas e/ou 
estórias ajudam a lidar com suas desordens psicológicas, ao identificarem nos 
personagens seus conflitos internos entre o bem e o mal. 
 As estórias lúdicas, através da identificação da criança com as personagens 
infantis, cenários e enredos, permite à criança lidar simbolicamente com o seu 
mundo interno, estreitando a relação entre o real e o imaginário, 
 Por fim, a ludicidade nas aulas de atividades aquáticas e natação infantil 
envolve a personificação do professor, a criação do ambiente lúdico e a tematização 
dos exercícios pedagógicos, criando assim um elo entre a ação motora no mundo 
imaginário e o resultado observado no mundo real (SILVA et al, 2008). 
 
PEDAGOGIA DA NATAÇÃO: ORGANIZAÇÃO E 
SISTEMATIZAÇÃO 
 
 
 A organização pedagógica deste livro situa-se em dois blocos essenciais: 
Adaptação ao meio líquido e Iniciação aos Nados. Em linhas gerais o nível 
pedagógico “Adaptação” prioriza a autonomia do aprendiz no meio aquático, bem 
como o domínio dos gestos natatórios. Já a segunda fase, a Iniciação dos Nados, 
compreende a aprendizagem e os primeiros contatos com os nados culturalmente 
determinados. 
 
 
 
FASE 1 - ADAPTAÇÃO 
 
 Compreende a fase inicial do aprendizado, sendo a adaptação à água 
unidade precursora deste período. Esta fase, quando bem desenvolvida, é capaz de 
promover a interação e harmonia do praticante com o meio em questão, permitindo, 
numa fase posterior, que as técnicas padronizadas da natação sejam apreendidas 
de forma eficiente. Quanto mais experiências forem vivenciadas nesta fase, maiores 
serão as possibilidades de desenvolvimento da técnica desportiva ou simplesmente 
de relação de prazer com a água saudável e satisfatória. (ANDRIES JÚNIOR et al, 
2002). 
 É nessa fase que o professor deverá oferecer, com prioridade, segurança aos 
seus alunos durante a prática, pois existem muitos deles com temor e medo da 
água. 
 Para a fase da Adaptação existem cinco unidades pedagógicas, sendo elas: 
adaptação ao meio líquido, respiração, flutuação, propulsão e mergulho elementar. 
Após aprendidos esses conteúdos, segue-se para a fase de Iniciação aos nados. 
 O objetivo principal dessa fase é oferecer uma proposta pedagógica baseada 
na aprendizagem significativa diversificada, com estímulos às diferentes e novas 
habilidades motoras, não sendo restritas aos padrões técnicos da modalidade. 
 Os conteúdos desenvolvidos na fase de Adaptação serão vivenciados, para 
cada turma de alunos, com diferentes procedimentos pedagógicos, pois existe uma 
interdependência em relação aos resultados alcançados a cada aula. 
 Um dos conteúdos fundamentais a ser vivenciado na fase de Adaptação é a 
respiração. Nesta fase, é notável a importância do domínio respiratório adequado, 
pois sua ausência impede a aquisição da mecânica natatória eficiente, para Castro 
(1979). 
 As aulas são envolvidas pela Ludicidade, através dos jogos, exercícios e 
brincadeiras. Segundo Pereira (1999), o aluno, por estar envolvido com a atividade 
lúdica, não ficará preocupado com os receios e os traumas que o meio líquido pode 
representar e, dessa forma, desenvolve-se e interage com o novo ambiente. 
 Para as aulas de natação infantil, diferentes estratégias são adotadas para os 
mesmos fins, recorrendo-se a artifícios como brincadeiras e aulas temáticas. Nestas, 
os objetivos propostos pelos professores são estruturados por elementos lúdicos e 
da fantasia, pois quando o aluno vivencia essa fase com prazer seu 
desenvolvimento acontece de forma natural, sem grandes resistências (PEREIRA, 
1999). 
 As aulas de natação infantil têm duração de 45 minutos, com até 8 alunos por 
professor, e devem ser planejadas semanalmente, considerando as necessidades e 
o perfil da turma, bem como o Cronograma de Conteúdos – Organização e 
Sistematização. As aulas são divididas em: 
- Parte Inicial: o aquecimento deverá conter diferentes exercícios (brincadeiras e 
jogos) visando a integração dos alunos e a preparação fisiológica do corpo para 
a parte principal da aula. Representa 20% do volume nadado ou do tempo de 
aula. 
- Parte Principal: essa fase contempla o objetivo específico da aula, dada pelo 
Cronograma de Conteúdos. Tais conteúdos devem priorizar as mais diversas 
vivências e experiências das habilidades motoras aquáticas. Representa 60% do 
volume nadado ou do tempo de aula. 
- Parte Final: na volta à calma é fundamental que aconteçam dinâmicas em 
pequenos grupos, como duplas e trios, causando relaxamento e descontração. 
Representa 20% do volume nadado ou do tempo de aula. 
 
 
OBJETIVOS GERAIS 
 Adaptar e ambientar o aluno ao meio aquático; 
 Dar base motora para a aprendizagem dos nados, na próxima fase 
pedagógica; 
 Dar subsídios para o aprendiz desenvolver e aprimorar o controle respiratório 
e o domínio do corpo no meio aquático; 
 Possibilitar a vivência dos diversos tipos de flutuação; e 
 O aluno deverá realizar, de forma segura e autônoma, o Nado de 
Sobrevivência (Nado Cachorrinho). 
 
 
CONTEÚDOS 
 Diferentes formas de deslocamento no meio aquático; 
 Respiração: inspiração (boca) e expiração na água (boca/nariz); 
 Flutuação: grupada, ventral, dorsal, vertical e horizontal com e sem materiais; 
 Deslizes: deslizar com auxílio ou não dos materiais, alternando as posições 
corporais; 
 Propulsão: deslocar-se utilizando, de forma rudimentar, os movimentos 
alternados de membros inferiores e superiores dos nados crawl e costas; 
 Nado de Sobrevivência: deslocar-se com o rosto “fora d´água” realizando 
movimentos livres alternados de membros inferiores e superiores; 
 Nado Submerso; 
 Mergulho: realizar a imersão total do corpo, permanecendo por 5 segundos; e 
 Saltos: saltar, com segurança, em diversas posições e formas com e sem 
auxílio do professor e/ou material. 
 
 
AMBIENTAÇÃO, FAMILIARIZAÇÃO E ADAPTAÇÃO AO 
MEIO LÍQUIDO 
O primeiro passo para o aprendizado da natação se constitui na familiarização 
ao meio líquido. É nesse período que o aprendiz explora o novo meio, buscando 
segurança, autonomia e também uma relação afetiva com o ambiente em que se 
está inserindo, sendo que um bom processo de familiarização irá influenciar no 
sucesso e continuidade da prática da natação, segundo Corazza et al (2005). 
Nesta perspectiva, a aprendizagem da natação, mais especificamente a fase 
de familiarização a este meio ambiente, deve promover o autoconhecimento, 
autodomínio e construção da própria imagem do indivíduo praticante em relação ao 
meio líquido, atingindo uma verdadeira autonomia pessoal, passível de transferência 
para outros segmentos e dimensões da vida humana (COUNSILMAN, 1980). 
Para Velasco (1994) a adaptação ao meio líquido é uma fase importante que 
deverá respeitar o desenvolvimento do aluno, iniciando pela ambientação e 
seguindo para a adaptação polissensorial, feita através da boca, nariz, olhos e 
ouvidos. 
A primeira fase de aprendizagem da natação parece ressaltar a questão de 
segurança e de adaptação a um novo meio, reforçando o papel da mediatização nas 
primeiras experiências de aprendizagem na água. Não basta que as crianças 
estejam em segurança,é preciso que se sintam seguras; a este pressuposto de 
estabilidade emocional é indispensável a autonomia afetiva, antecipadora da 
autonomia motora, para Velasco (1994). 
As unidades pedagógicas da Adaptação ao Meio Líquido são: ambientação, 
respiração geral, flutuação, propulsão e mergulho elementar. 
Por fim, esta fase deve englobar o domínio das possibilidades de movimento 
no meio líquido, a fim de que o indivíduo possa desenvolver a autonomia corporal 
nesse novo ambiente e o domínio sobre uma possível fobia existente. 
 
 
Aspectos pedagógicos da Ambientação, Familiarização e Adaptação ao Meio 
Líquido 
 A adaptação deverá ser realizada na parte rasa da piscina, em área restrita. 
Caso seja mais profunda, deve-se colocar plataformas que diminuam a 
profundidade e que deixem o aluno mais seguro e relaxado. 
 As primeiras vivências deverão ser realizadas de forma gradual, partindo de 
deslocamentos com apoios para os sem. 
 A exploração do ambiente deverá ser realizada andando pelo espaço, 
segurando as bordas e, posteriormente, movimentando-se os braços, 
permitindo maior autonomia. 
 Gradualmente, varia-se as formas, a velocidade e a direção dos 
deslocamentos no meio líquido. 
 
 
 Elementos educativos envolvidos 
 Concomitantemente ao desenvolvimento da adaptação ao meio líquido, 
percebe-se que o aprendiz passa a conhecer e aceitar o próprio corpo, bem como 
suas possibilidades de movimento no meio aquático, e o explora buscando 
segurança e uma relação afetiva com o ambiente em que se está inserindo. Este 
processo resulta na melhora da autoestima, harmonia/interação com o meio em 
questão e na adaptação polissensorial, desmistificando a sensação do temor 
propiciada pela água. 
 
 
 
RESPIRAÇÃO GERAL 
 
 Uma dificuldade com a qual o aprendiz se depara nos primeiros contatos com 
o meio aquático relaciona-se à respiração. A impossibilidade de utilizar o mecanismo 
respiratório habitual no meio aquático, pois a face se encontra temporariamente 
imersa, especialmente quando se encontra em decúbito ventral, implica a 
necessidade de aquisição de novos automatismos. 
 A inspiração no meio aquático é realizada pela boca para otimizar a 
quantidade de ar captada e evitar irritação da mucosa nasal por partículas de água 
inspiradas com o ar. Já a expiração, mais prolongada, pode ser feita pela boca e 
nariz, que terão que vencer a resistência da água, para Lotufo (s/d). Esse processo 
acontece para prevenção de perturbações nos seios nasais e nas mucosas nasais, 
pois se impede a passagem de água pelas vias respiratórias, as quais são 
facilmente irritáveis. 
 A respiração assume um duplo papel. Um papel fisiológico, relacionado à 
atividade corporal e à necessidade de efetuar trocas gasosas; e um mecânico, em 
virtude de influenciar diretamente a flutuabilidade do corpo. 
 Para a respiração acontecer haverá necessidade de conscientização desse 
novo processo, onde a expiração é predominantemente oral, a inspiração breve e há 
um maior controle da glote (VELASCO, 1994). 
 Na construção de novos esquemas para o meio aquático, devem ser 
respeitados todos os aspectos psicomotores do próprio corpo e do “novo” mundo 
exterior. São importantes alguns fatores de execução, como força, resistência, 
flexibilidade e velocidade, que estão intimamente relacionados à condição muscular 
e cardiovascular respiratória do aluno. E, acima de tudo, à maturidade das funções 
neurológicas e do grau de desenvolvimento, para Velasco (1994). 
 
 
Meio Terrestre Meio Aquático 
Dominância nasal Dominância bucal 
Ato reflexo Ato voluntário 
Inspiração reflexa Inspiração automática 
Expiração passiva Expiração ativa 
Comparação das principais características do mecanismo respiratório no meio terrestre e no meio 
aquático (adaptado de Mota, 1990). 
 
 
 Por fim, Carvalho (1994) propõe uma sequencia pedagógica para a 
abordagem da habilidade motora aquática básica – a respiração. Suas fases são: 
 Molhar a Face: o aluno deverá, desde cedo, não sentir reticências em manter 
a face molhada; 
 Imergir e abrir os olhos: tem por objetivo promover a imersão da cabeça, de 
forma parcial ou totalmente mergulhada. As primeiras imersões devem ser de curta 
duração (2 a 4 segundos), e conforme adquira maior confiança, o aluno irá prolongar 
o seu respectivo tempo; 
 Expiração na água: o aluno deverá realizar a expiração de forma ativa, 
vencendo a pressão exercida pela água; 
 Expiração Ritmada: consiste na criação de um ritmo respiratório, onde a fase 
inspiratória será realizada em intervalos temporais constantes; 
 Expiração Ritmada Associada ao Batimento Alternado dos Membros 
Inferiores: visa associar e sincronizar a função respiratória com a função propulsiva, 
deve-se apresentar tarefas que solicitem a sincronização entre o ato inspiratório e a 
ação dos membros inferiores. 
 Controle Respiratório: é efetuado frontalmente ou lateralmente, sendo 
realizado nos nados culturalmente determinados. 
 Nota-se a importância de uma boa proposta pedagógica para a respiração, 
sendo esta essencial para o sucesso da aprendizagem da natação e atividades 
aquáticas. 
 
 
Elementos educativos envolvidos 
 A respiração geral aplicada ao meio aquático desenvolve um novo 
automatismo fisiológico e mecânico, possibilitando o controle respiratório do 
aprendiz no novo meio. A aprendizagem dessa habilidade favorece a melhora da 
atenção e concentração, bem como as atitudes de cooperação e respeito aos 
amigos do grupo, uma vez que todos estão na mesma proposta pedagógica e 
integrados. 
 
 
 
EQUILÍBRIO E FLUTUAÇÃO 
 No meio aquático, o equilíbrio de um corpo depende da inter-relação das 
forças de Impulsão, Hidrostática e de Gravidade, sendo assim, é alterável através da 
respiração e da posição corporal. Ou seja, ao aumentar o volume de ar inspirado, 
aumenta-se o volume corporal imerso, pelo que também se aumenta o volume de 
água deslocada e, portanto, a intensidade da Força de Impulsão Hidrostática. Por 
outro lado, alterando a posição relativa dos diversos segmentos corporais, altera-se 
a localização do centro de massa e do centro de impulsão e, portanto, a relação 
entre as forças envolvidas na determinação do equilíbrio. 
 O domínio do equilíbrio no meio aquático está intimamente ligado com o 
domínio da propulsão, pois a posição mais vantajosa para o deslocamento neste 
meio é a horizontal. Portanto será necessário que o indivíduo refaça um conjunto de 
referências, procurando adaptar-se à nova posição, para Mota (1990). 
 
 
Meio Terrestre Meio Aquático 
Posição Vertical Posição Horizontal 
Cabeça Vertical Cabeça Horizontal 
Olhar Horizontal Olhar vertical 
Apoios plantares Perda de apoios plantares 
Ação exclusiva da força da 
gravidade 
Ação das forças da gravidade e 
empuxo hidrostático 
Comparação das alterações de comportamentos no meio terrestre e no meio aquático, em termos de 
equilíbrio (adaptado de Mota, 1990). 
 
 
 Intimamente ligado ao fenômeno equilíbrio está a flutuação. A flutuação, 
sendo exclusiva ao meio aquático, decorre da relação entre a densidade de um 
corpo e a do líquido onde esse se encontra. 
 A Flutuação é a habilidade de equilíbrio estático sem apoio na piscina ou de 
materiais flutuantes. 
 Arquimedes, em seu Princípio, afirma que: “Todo corpo mergulhado num 
fluido sofre uma força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido 
deslocado pelo corpo”. Tal princípio é fundamental para o entendimento geral da 
flutuação. 
 Quando um corpo está flutuando em um líquido, ele está sujeito à ação de 
duas forças de mesma intensidade, mesma direção (vertical) e sentidos opostos: a 
força-peso e o empuxo. Os pontos de aplicação dessas forças são, respectivamente, 
o centro de gravidade do corpo G e o centro de empuxo C, que corresponde ao 
centro de gravidade do líquido deslocado ou centro de empuxo. 
 
 
Projeções dasForças atuantes no corpo 
 
Situação 01 
Se o corpo permanece imóvel no ponto onde foi colocado, a intensidade da 
força de empuxo é igual à intensidade de força peso (E = P); 
 
Situação 02 
Se o corpo afundar, a intensidade da força de empuxo é menor do que a 
intensidade da força peso (E < P); 
 
Situação 03 
Se o corpo for levado à superfície, a intensidade da força de empuxo é maior 
do que a intensidade da força peso (E > P) . 
 
 
 
 A flutuação pode ser realizada em diferentes posições, seja dorsal, ventral, 
lateral ou diagonal. Existem alguns fatores que influenciam na flutuabilidade, são 
eles: composição corporal, faixa etária, gênero e nível de relaxamento muscular. 
 
 
Aspectos pedagógicos para a Flutuação 
 Inicia-se com o corpo do aprendiz apoiado em diversos pontos, geralmente 
auxiliado pelos materiais flutuantes. A primeira posição a ser vivenciada é a 
flutuação dorsal, onde o aluno estará com a respiração facilitada. 
 O aluno deverá realizar a flutuação com o “apoio psicológico” do professor. 
 À medida que o aprendiz se acostume com a flutuação, diminui-se a 
quantidade de apoio e varia-se a ação em diferentes posições. 
 Realizar o deslize (posição de flecha). 
 
 
 
Elementos educativos envolvidos 
 A aprendizagem da flutuação mostra o domínio profundo do empuxo e pode 
ser medida pelo tempo em que a pessoa fica na posição. 
 A adaptação e a transformação do equilíbrio corporal passam por uma 
consciencialização dos mecanismos que o orientam e pela percepção voluntária de 
inúmeras informações motoras que, em conjunto, permitem a aquisição de um “novo 
esquema corporal” devidamente enquadrado com o meio aquático, além de 
potencializar a confiança das possibilidades em cada aprendiz, contribuindo para o 
desenvolvimento e afirmação da própria personalidade. 
 
 
 
PROPULSÃO 
 Nadar é deslocar-se na água, e o deslocamento está diretamente relacionado 
com as ações propulsivas. 
 Na propulsão existe correlação direta e proporcional entre a qualidade 
respiratória e equilíbrio ótimo, que influi significativamente na aquisição dos gestos 
técnicos e na eficácia motora. Da sua correlação depende a quantidade e qualidade 
do repertório motor do aprendiz e a base das performances desportivas da natação. 
 
 
 Meio Terrestre Meio Aquático 
Membros 
superiores 
Dominantemente 
equilibradores 
Dominantemente 
propulsivas 
Membros 
inferiores 
Dominantemente 
propulsivas 
Dominantemente 
equilibradores 
 Comparação das alterações de comportamentos no meio terrestre e no meio aquático, em termos de 
propulsão (adaptado de MOTA, 1990). 
 
 
 A propulsão, em linhas gerais, acontece da seguinte forma: quanto menor for 
a intensidade da Força de Arrasto oposta à direção de deslocamento do nadador, 
maior será a sua velocidade em nado. Portanto, quanto maior a intensidade da 
Força Propulsiva e menor das Forças Opositoras, maior a propulsão. 
 A 3ª. Lei de Newton, conhecida como “Ação e Reação”, explica a formação 
das formações propulsivas: "A toda ação corresponde uma reação de mesmo 
módulo (intensidade), mesma direção (reta suporte) e sentidos (setas) contrários." 
 Se um nadador traciona ou empurra a água com seus membros inferiores e 
superiores, ele se moverá ou tenderá a se mover (reação) na direção oposta à ação 
de tracionar ou empurrar. 
 Existem três formas de Propulsão: 
 Movimentos de braçada: uma ação de braçada pode ser criada por ações de 
tração e empurre de mãos e braços na direção oposta ao movimento corporal 
(reação); 
 Movimentos de Remada: é através da rotação e/ou movimentos oscilatórios 
dos membros superiores (remada) que é gerada a força propulsiva. 
 Movimentos de Pernada ou Nadadeira: a força de reação age em oposição 
direta à força de ação ou geradora e é exatamente igual em magnitude. 
 Por fim, nota-se que a propulsão, através de suas forças, apresenta grande 
importância para a autonomia do aluno no meio aquático e no desenvolvimento dos 
nados. 
 
 
Aspectos pedagógicos para a Propulsão 
 Após o aprendiz ser capaz de se manter suspenso no meio líquido (flutuação) 
e ter o controle respiratório, é propício que o mesmo se desloque pela piscina 
livremente e em curto espaço; 
 Com o apoio do professor, o nadador deverá realizar movimentos de pernada, 
objetivando o equilíbrio, sustentação e propulsão da ação; 
 Com o apoio dos materiais flutuantes, repete-se a ação do item anterior. Os 
materiais oferecem mais estabilidade ao aprendiz; 
 Instiga-se o aprendiz a realizar movimentos de braçadas, de forma alternada 
e que direcionem a água deslocada para trás, assim, sua ação corporal será 
para frente; 
 Através de orientações parciais e de demonstração do exercício, o aluno 
deverá estar na “máxima” posição horizontal, e realizar os movimentos 
propulsivos de forma alternada; e 
 Realização do nado de sobrevivência, mais conhecido como “nado 
cachorrinho”, de forma satisfatória (segura e eficiente). 
 
 
Elementos educativos envolvidos 
 A vivência do nadador, a partir das ações propulsivas, traz a ele não somente 
a experiência motriz, mas também a possibilidade de conhecer e reconhecer os 
limites do seu corpo frente ao novo ambiente, bem como suas facilidades e 
dificuldades de ação. Desenvolve as capacidades psicomotoras, como: lateralidade, 
ritmo, percepção espacial e temporal, desenvolvimento do próprio esquema 
corporal, relaxação, etc. 
 
 
 
SALTOS 
 A aprendizagem do salto e do mergulho é o último “momento pedagógico” 
antes da iniciação da vivência dos nados culturalmente determinados. Como já 
vimos, o controle respiratório está presente em todas as habilidades aquáticas. 
Quando se fala em salto e/ou mergulho, foca-se a capacidade de bloquear a 
respiração de forma voluntária. 
 Além de ter aspectos lúdicos, o salto deve ser estimulado a fim de criar novas 
situações de mergulho. É preciso organizar a rotina pedagógica dos saltos, bem 
como do espaço. Para oferecer maior segurança, é essencial organizar a vivência 
para que não ocorram saltos perto de brinquedos, outros materiais e pessoas, para 
Figueiredo (2011). 
 Os saltos são considerados como o método de deslocamento de um indivíduo 
que está no meio terrestre para o meio aquático. Incluir os saltos na fase de 
Adaptação ao meio líquido é possibilitar a máxima autonomia e independência do 
aluno junto ao meio aquático. 
 
 
Aspectos pedagógicos para os Saltos 
 Partindo da posição de sentado no tapete flutuante ou borda da piscina, 
próximo da lâmina da água, faz salto com o apoio do professor; 
 O aluno deverá realizar o mergulho, sentado no tapete flutuante ou borda da 
piscina sem o apoio do professor; 
 O salto deverá ser realizado a partir da borda e com o aprendiz ajoelhado 
(joelho e pé) com o auxílio do professor; 
 O salto deverá ser realizado a partir da borda e com o aprendiz ajoelhado 
(joelho e pé) sem o auxílio do professor; e o aluno com os braços na posição 
de flecha; 
 O aluno deverá realizar o mergulho, em pé, com o auxílio do professor; 
 O aluno deverá realizar o mergulho, em pé, sem o auxílio do professor e com 
os braços em flecha; e 
 Realizar o mergulho na posição de “partida do atletismo”. 
 
 
Elementos educativos envolvidos 
 Paralelamente à aprendizagem do salto e mergulho, o nadador desenvolve o 
respeito pela água e pelas regras impostas para essa prática, onde o mesmo não 
poderá saltar sem a permissão do professor, sendo fator fundamental de segurança 
e de salvamento. Essa vivência e convivência com essas ações permite que a 
criança assimile e aceite as regras da sociedade, bem como os seus limites e 
desafios. 
 Permite desenvolver as funções de análise da situação e ação, o 
entendimento e previsões de possíveis resultados, o poder de decisão e a melhora 
da autoconfiança. 
 
 
 
FASE 1 - ADAPTAÇÃO 
CRONOGRAMA DOS CONTEÚDOS 
CRONOGRAMA DOS CONTEÚDOS– ORGANIZAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO 
 1a. Semana 2a. Semana 3a. Semana 4a. Semana 
1o. Mês 
Entrada na 
Água 
Deslocamentos 
Respiração 
Geral 
Deslocamentos 
Respiração 
Geral 
Ambientação 
Deslizes 
Mergulho 
Propulsão de 
Pernada e 
Braçada 
Flutuações 
Deslizes com 
Propulsão 
Deslocamentos 
Submersos 
2o. Mês 
Deslocamentos 
Submersos 
Deslizes com 
Propulsão 
Flutuações 
Propulsão de 
Pernada com 
materiais 
Respiração 
Geral 
Nado de 
Sobrevivência 
em curta 
distância 
Deslizes 
Submersos 
Propulsão de 
Pernada com 
materiais 
Impulsão + 
Deslizes + 
Propulsão Geral 
3o. Mês 
Propulsão de 
Braçada 
Saltos com 
auxílio 
Nado de 
Sobrevivência 
em curta 
distância 
Propulsão de 
Pernada e 
Braçada com 
materiais 
Saltos com 
auxílio 
Respiração Geral 
4o. Mês 
Saltos sem 
auxílio 
Nado de 
Sobrevivência 
Deslize com 
Impulso 
Propulsão de 
Pernada 
Nado de 
Sobrevivência 
em médias 
distâncias 
Crawl 
Rudimentar 
 Aplicação da Avaliação Pedagógica - Quadrimestral 
FASE 1 - ADAPTAÇÃO 
AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA 
 
Critérios de Avaliação 
ÓTIMO BOM REGULAR RUIM 
 
Itens a serem avaliados 
 Respiração 
 Realizar a Respiração Geral: Inspirar pela boca e expirar pelo nariz ou 
nariz/boca na água – repetir 8 vezes, permanecendo submerso por 3 segundos. 
Ótimo 
7 e 8 vezes 
Bom 
5 e 6 vezes 
Regular 
3 e 4 vezes 
Ruim 
0, 1 e 2 vezes 
 
 Flutuação 
 Flutuar em decúbito ventral, dorsal ou agrupado mantendo-se na posição por 5 
segundos. 
Ótimo 
Exercício Realizado 
Bom 
------- 
Regular 
---------- 
Ruim 
Exercício Não-Realizado 
 
 Deslize 
 Realizar o deslize na “posição de flecha” mantendo-se na posição por 6m. 
Ótimo 
Realizou totalmente o 
Bom 
Realizou 4m o 
Regular 
Realizou 2m o 
Ruim 
Não realizado 
percurso percurso percurso 
Obs: Marcar o percurso com o auxílio das pranchas/ cones. 
 
 Propulsão 
 Realizar a propulsão de pernada e braçada de forma alternada no percurso de 
12,5m. 
Ótimo 
Realizou totalmente o 
percurso 
Bom 
Realizou 10m do 
percurso 
Regular 
Realizou 6m do 
percurso 
Ruim 
Realizou abaixo 
de 6m o percurso 
Obs: Marcar o percurso com o auxílio das pranchas/ cones. 
 
 Mergulho 
 Bloquear a respiração e realizar o deslocamento submerso por 8 segundos. 
Ótimo 
Entre 6 e 8 seg. 
Bom 
------- 
Regular 
---------- 
Ruim 
Não realizado 
 
 Saltos 
 Realizar os saltos com entrada na água na posição sentada por 2 vezes, e mais 
2 vezes na posição em pé, totalizando assim 4 execuções. 
Ótimo 
4 execuções 
Bom 
3 execuções 
Regular 
2 execuções 
Ruim 
1 execuções 
 
 
 
FICHA DE AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA – ADAPTAÇÃO 
Escola: ____________________________________ Professor Avaliador:____________________________ 
Aluno: ___________________________________________________ Turma: _________________________ 
Conteúdo Exercício Ótimo Bom Regular Ruim 
Respiração 
Realizar a Respiração Geral: 
Inspirar pela boca e expirar 
pelo nariz ou nariz/boca na 
água – repetir 8 vezes, 
permanecendo submerso por 
3 segundos. 
( ) 
7 e 8 vezes 
( ) 
5 e 6 vezes 
( ) 
3 e 4 vezes 
( ) 
0, 1 e 2 vezes 
Flutuação 
 
Flutuar em decúbito ventral, 
dorsal e agrupado mantendo-
se na posição por 5 segundos. 
( ) 
Exercício Realizado 
 
 
 
 
( ) 
Exercício 
Não-Realizado 
Deslize 
Realizar o deslize na “posição 
de flecha” mantendo-se na 
posição por 6m. 
( ) 
Realizou 
totalmente o 
percurso 
( ) 
Realizou 4m o 
percurso 
( ) 
Realizou 2m o 
percurso 
( ) 
Não realizado 
Propulsão 
Realizar a propulsão de 
membros inferiores e 
superiores de forma alternada 
no percurso de 12,5m. 
( ) 
Realizou 
totalmente o 
percurso 
( ) 
Realizou 10m do 
percurso 
( ) 
Realizou 6 m do 
percurso 
( ) 
Realizou abaixo de 
6m o percurso 
Mergulho 
Bloquear a respiração e 
permanecer submerso durante 
8 segundos. 
( ) 
Entre 6 e 8 seg. 
 
( ) 
Não Realizado 
Saltos 
Realizar os saltos com 
entrada na água na posição 
sentada por 2 vezes, e mais 2 
vezes na posição em pé, 
totalizando assim 4 
execuções. 
( ) 
4 execuções 
( ) 
3 execuções 
( ) 
2 execuções 
( ) 
1 execução 
Total de Pontuação por Item 
( ) 
x 4 pontos 
( ) 
x 3 pontos 
( ) 
x 2 pontos 
( ) 
0 ponto 
Somatória de Pontos 
 
Total de Pontos _____________ 
O avaliador deverá aplicar a ficha de avaliação na sua totalidade, aferindo os itens de cada conteúdo através dos exercícios selecionados, e 
assim completar de acordo com os critérios. Deve-se fazer a somatória de pontos por item e multiplicar pelos valores pré-estabelecidos, 
obtendo o Total de Pontos. Para esta ficha de avaliação, o aluno deverá obter a pontuação igual ou superior a 17 pontos para passar ao 
próximo nível pedagógico (Iniciação). 
 
 
 
FASE 2 – INICIAÇÃO 
 
 Após a Fase 1 – Adaptação, segue-se a Fase 2 – Iniciação, ou seja, 
aprendizagem dos nados crawl, costas, borboleta e peito. Para Andries Junior et al 
(2002) na iniciação à natação não se deve objetivar a melhoria técnica dos nados 
determinados pela FINA (Federação Internacional de Natação), e sim centrar a 
atenção nas diversas formas e estilos de se nadar os nados técnicos. 
 Enquanto na Adaptação o objetivo principal era oferecer autonomia e 
independência do aluno junto ao meio aquático, na Iniciação é oferecer as primeiras 
experiências e aprendizagem dos nados competitivos, especificando o processo de 
ensino dos mesmos. 
 Na iniciação da prática desportiva de natação, busca-se explorar a eficiência 
das ações motoras para a propulsão, segundo Figueiredo (2011). Para 
aprendizagem dos nados pode-se estabelecer a seguinte ordem: crawl, costas, 
borboleta e peito, atendendo a certa lógica sequencial que facilita a aprendizagem, 
para Andries Junior et al (2002). 
 Para Mansoldo (1996), a ordem em que os nados são ensinados deve levar 
em consideração o grau de dificuldade e a faixa etária que será trabalhada, para 
assim definir a ordem pedagógica que será utilizada. 
 A natação está estruturada, basicamente, por quatro nados determinados 
culturalmente: livre (crawl), costas, borboleta e peito. A aprendizagem dos nados 
deve respeitar a ordem já citada, pois segundo Mansoldo (1996) esta sequência é a 
mais apropriada porque se assemelha às habilidades básicas do andar e correr, e 
aproveita-se as experiência já vivenciadas no meio aquático. 
 Coerentemente, inicia-se a aprendizagem pelo nado Crawl (Livre), onde os 
movimentos coordenativos são semelhantes aos realizados no andar, e a criança já 
apresenta tal experiência motora. A próxima etapa é a aprendizagem do nado 
Costas, onde os movimentos são próximos do nado crawl, alterando a posição 
corporal do aluno para o decúbito dorsal. As crianças, a partir de 5 e 6 anos, têm o 
processo maturacional adequado para o início da aprendizagem dos nados. 
 Ao se lançar a Teoria de Aprendizagem por Aproveitamento Motor, o terceiro 
nado sugerido é o Borboleta. Mesmo exigindo mais força do que o nado Peito 
aproveita-se nessa fase todo o repertório motor do aluno desenvolvido nas vivências 
de aprendizagem dos nados Crawl e Costas. Por fim, acontece a aprendizagem do 
nado peito, que em nada se assemelha aos anteriores. 
 As aulas de Iniciação aos Nados têm duração de 45 minutos, com até 10 
alunos por professor, e devem ser planejadas semanalmente, considerando as 
necessidades e o perfil da turma, bem como o Cronograma de Conteúdos – 
Organização e Sistematização. As aulas são divididas em: 
- Parte Inicial: com exercícios e dinâmicas deve-se preparar, fisiologicamente, o 
corpo do nadador para a Parte Principal. Representa 20% do volume nadado ou 
do tempo de aula. 
- Parte Principal: essa fase contempla o objetivo específico da aula, dada peloCronograma de Conteúdos. Tais conteúdos devem priorizar a aprendizagem dos 
nados, através dos exercícios educativos, corretivos e os sensoriais, bem como 
os exercícios de saídas e viradas. Os exercícios, no início do programa, devem 
ser de fácil execução e realizados em menores distâncias, e, posteriormente, 
realiza-se exercícios mais complexos e em médias/longas distâncias. 
Representa 60% do volume nadado ou do tempo de aula. 
- Parte Final: é fundamental que a volta à calma aconteça de forma relaxada, 
através de exercícios de recuperação ativa. Representa 20% do volume nadado 
ou do tempo de aula. 
 Com o objetivo de dinamizar as aulas de natação, contrapondo os processos 
pedagógicos monótonos e não desafiadores, é fundamental que o foco do ensino 
passe a ser o processo do aprender a nadar, e não somente o domínio biomecânico 
dos nados já citados. 
 A aprendizagem da natação sofre interferência direta e indireta dos fatores 
extrínsecos, como o ambiente, a escola, os materiais e o professores; e os 
intrínsecos, como a maturação e as vivências motrizes anteriores. 
Para a Fase 2 – Iniciação: o processo ensino-aprendizagem dos nados será 
baseado em sucessão de elos, ou seja, cada etapa deverá ser cumprida para iniciar 
outra nova. O processo ensino-aprendizagem é: 
1. Adaptação ao meio líquido; 
2. Respiração geral; 
3. Tipos de flutuação; 
4. Propulsão (pernada, braçada e remada); 
5. Saltos e Mergulhos; 
6. Coordenação de membros; 
7. Respiração específica; 
8. Coordenação geral; e 
9. Nado completo. 
 
A Fase 2 – Iniciação irá concentrar os seus conteúdos nos itens 6, 7, 8 e 9 do 
Processo Ensino-Aprendizagem citado acima. 
 
 
 
OBJETIVOS GERAIS 
 Coordenação de pernada e braçada dos nados crawl e costas com respiração 
específica; e 
 Primeiras vivências dos nados peito e borboleta. 
 
 
 
CONTEÚDOS 
 Respiração: realizar a específica do nado crawl com auxílio do rolamento dos 
ombros e rotação lateral de cabeça; 
 Deslizes: realizar com boa posição hidrodinâmica por longo percurso; e com 
impulso na borda; 
 Propulsão: domínio da pernada e braçada dos nados crawl e costas, nadando 
25m com boa técnica; 
 Mergulho: realizar mergulho com deslocamento submerso com mudanças de 
direção; 
 Saltos: saltar em pé, na posição de cabeça com os braços estendidos à frente 
(Mergulho Elementar); 
 Ondulações: movimentos simultâneos de membros inferiores com os braços 
posicionados no prolongamento do corpo, realizado de forma submersa; e 
 Nado peito: início da aprendizagem da pernada e braçada do nado peito. 
 
 
 
NADO LIVRE 
 
 
ERA UMA VEZ... 
Um jovem australiano chamado Harry Wickham, em 1893, introduziu nas 
competições de natação um nado com batimento de pernas alternado. Esse nado já 
existia entre os nativos da Ilha Rubiana, no Pacífico. Neste mesmo ano, Wickham 
perfez 66 jardas (60,35m) nos incríveis 44 segundos. Ao ver isso seu técnico 
australiano exaltado falou – Veja que forte rastejar na água! Daí o batismo do nome 
crawl ao nado, que em inglês significa rastejar. 
 
 
 
 O nado crawl, conhecido também como livre, evoluiu para ser o mais rápido 
dos quatro nados competitivos. 
 
Posição corporal: a análise da posição do corpo do nadador baseia-se em: posição 
da cabeça, posição horizontal do corpo e rotação do corpo sobre o eixo longitudinal, 
para Arellano (2001). 
 O nadador deverá posicionar-se em decúbito ventral, mantendo um bom 
alinhamento horizontal e lateral, a fim de obter uma melhor hidrodinâmica e 
eficiência do nado. Qualquer posição “não alinhada” reduz a velocidade do nadador. 
 
Principais falhas técnicas: baseado no alinhamento horizontal, adotar uma posição 
do corpo muito elevada e executar pernadas muito profundas. No alinhamento 
lateral o principal erro é projetar a cabeça para trás durante a respiração 
(MAGLISCHO, 1993). 
 
Movimentação da Pernada: A ação dos membros inferiores apresenta três funções: 
equilíbrio, sustentação e propulsão. 
O movimento global da pernada é alternado no plano vertical. Na fase 
descendente do batimento, o quadril e o joelho se flexionam para depois fazer um 
movimento de extensão total das pernas para baixo, como uma chicotada, 
resultando numa maior utilização de força. A pernada do nado crawl é utilizada como 
forma de propulsão, correspondendo a 25% do nado. A sua movimentação deverá 
ser realizada com maior intensidade nas provas de velocidade, e meia distância e 
menor nas maiores distâncias. 
Existem algumas classificações quanto a movimentação da pernada, para 
Corrêa e Massaud (2007): 
 Crawl dois tempos – para cada ciclo de braçada*, correspondem dois 
movimentos de pernada; 
 Crawl quatro tempos – para cada ciclo de braçada, correspondem quatro 
movimentos de pernada; e 
 Crawl seis tempos – para cada ciclo de braçada correspondem seis 
movimentos de pernada 
 * Ciclo de braçada – correspondente a um movimento completo de ambos os 
braços, em suas fases aquáticas, e de recuperação. 
 
Principais falhas técnicas: batimento alto de pernada, com os pés a saída água; 
batimento demasiado profundo; flexão exagerada do joelho; e reduzida extensão 
dos tornozelos (MAGLISCHO, 1993). 
 
Movimentação da braçada: Por meio de movimentos cíclicos, a braçada é 
responsável pela maior força propulsiva no nado crawl, sendo uma circundução 
alternada anteroposterior. Considera-se um ciclo quando acontece a execução 
completa da braçada direita e da esquerda. Para Andries Junior et al (2002), a 
movimentação da braçada do nado crawl apresenta 4 fases, são elas: 
- Entrada: deve ser feita perfurando-se a água num único ponto, à frente do corpo, 
entre o deltoide e a linha sagital. O cotovelo deverá estar ligeiramente flexionado. O 
momento da entrada na água será executado pelos dedos, seguidos pela mão, 
punho, pelo antebraço e braço. A mão deverá estar em pronação, ligeiramente 
inclinada para fora; 
- Apoio: Durante essa fase busca-se um ponto de apoio para iniciar a tração do 
movimento eficiente; 
- Tração: É o momento em que se efetiva a maior propulsão do nado. Partindo do 
ponto de apoio, o cotovelo começa a ser flexionado até atingir aproximadamente 
90º, fazendo-se este movimento até a linha dos ombros. Ultrapassada a linha do 
ombro, o cotovelo deve ser estendido gradualmente; e 
- Recuperação: sua função é completar o ciclo da braçada e iniciar outra. Essa fase 
não é propulsiva, portanto a musculatura precisa estar relaxada. O cotovelo é o 
primeiro segmento a sair da água, em seguida o braço, antebraço e a mão. O 
cotovelo deixa a água com uma pequena flexão e continua flexionado até a primeira 
metade. Acontece a extensão da braçada no início da segunda metade até a 
extensão total. 
 Apresenta também 2 tipos de braçada: simples, onde o cotovelo do nadador 
deve estar na primeira metade da recuperação, em relação à linha do ombro, no 
momento de apoio do braço que está à frente; e dupla, onde o cotovelo do nadador 
deve estar na segunda metade da recuperação, em relação à linha do ombro, no 
momento de apoio do braço que está à frente. 
 
Principais falhas técnicas: realizar a recuperação com demasiado esforço; durante o 
movimento de tração manter os cotovelos numa posição baixa e deslizar em 
demasia a mão para fora; e no momento de finalização da braçada realizar a 
extensão demasiada do cotovelo, empurrando a água só para cima (MAGLISCHO, 
1993). 
 
Movimentação respiratória: Os movimentos da cabeça devem ser coordenados 
com o rolamento do corpo, para que seja reduzida a tendência que os nadadores 
têm de elevar sua cabeça para fora d´água para realizar uma respirada. A inspiração 
é feita pela boca e a expiração é feita pelo nariz e/ou boca. Corrêa e Massaud 
(2007) afirmam que a inspiração deverá ser feita pela boca, mantendo-a o mais 
próxima possível da água e no momento em que um dos braços estiver realizando o 
apoio, e o outro a finalização

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