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1 Catarina Lopes – 2021.1 FISIOPATOLOGIA DA DOR CENTRAL PÓS AVC: 1) Introdução: Os mecanismos fisiopatológicos da DCAVC ainda não são totalmente compreendidos, além de serem bastante complexos. Contudo, existem teorias fisiopatológicas fundamentadas empiricamente a partir de estudos anatomoclínicos clássicos, como por exemplo: ● Estudos de imagem funcional do encéfalo ● Análise de registros eletrofisiológicos em vítimas de DCAVC ● Análises de modelos experimentais em animais. 2) Fisiopatologia: A origem da DCE está principalmente ligada ao comprometimento das vias espinotalâmicas. Quando há presença de uma ou mais lesão nessas estruturas, ocorre o desbalanço e ao mesmo tempo gera a reorganização funcional do sistema somatossensitivo, sendo expressos através de fenômenos como hiposensibilidade e hipersensibilidade, que dependendo do rearranjo funcional do sistema somatossentivo (rede neuronal), pode ocasionar a dor central. ● Teoria da desinibição termossensitiva: É uma das teorias mais aceitas atualmente para a fisiopatologia da DCAVC. Tá, mas o que a Teoria da Desinibição Termossensitiva propõe e explica? De acordo com essa teoria, os mecanismos da DCAVC se dão por meio da desinibição das vias do sistema espinotalâmico medial e dos circuitos límbicos nos centros moduladores da dor, alocados no tronco encefálico, como no núcleo parabraquial, substância cinzenta periaquedutal mesencefálica, tálamo medial e córtex do giro cingulado anterior. Por meio de estudos através de imagens encefálicas com ressonância magnética (RM) em pacientes com lesões isquêmicas talâmicas, é imprescindível o envolvimento da parte caudal do núcleo ventral posterolateral do tálamo para a ocorrência de DCAVC. Além disso, o córtex insular além de estar envolvido no processamento da percepção térmica, essa mesma estrutura também integra os mecanismos emocionais da experiência dolorosa. A “Assimbolia da Dor”: (consiste na reação emocional ausente ou inadequada diante aos estímulos dolorosos) foi relacionada a lesões presentes nas regiões insulares posteriores. Diante disso, observaram- se que havia reações afetivas excessivas em pacientes com DCAVC, a partir disso, foi postulado que essas 2 Catarina Lopes – 2021.1 reações eram consequência da hiperatividade talâmica e do déficit da inibição cortical. Há evidências de que haja hiperatividade glutamatérgica e que os receptores de NMDA estão relacionados com o mecanismo de sensibilização dos neurônios talâmicos em pacientes com DC. Nesse sentido, o desequilíbrio entre a atividade glutamatérgica no núcleo ventro posterior, zona de convergência das aferências somatossensitivas e das unidades intratalâmicas e corticotalâmicas (ambas gabaérgicas), poderia participar da origem da DCAVC. A lesão dos núcleos reticulares gabaérgicos inibitórios talâmicos reduz a atividade inibitória dos núcleos intralaminares e gera hipersensibilidade no VP. As lesões no SNC privam as regiões do encéfalo, assim como também rompem com o padrão normal da atividade dos neurônios que ocorre em etapas precoces de desenvolvimento. Os neurônios que estão envolvido no processamento da nocicepção podem modificar sua reatividade e como consequência disso, alterar a atividade dos mecanismos inibitórios ou excitatórios à distância da lesão original, gerando um desbalanço/desequilíbrio entre as modalidades sensitivas, como dor e temperatura, o que causa a DCAVC. ● Deformidade da neuromatriz da dor: São modificações de experiências mesmo na ausência de estímulos aferentes, tornando a fisiologia da percepção deficiente. ● Gatilho de hiperexcitabilidade neuronal: Ocorre nos neurônios preservados do trato espinotalâmico lesado. Uma das teorias para esse mecanismo é que há ativação microglial direta dos neurônios sobreviventes do trato. Além disso, a lesão interrompe inibição da atividade da via descendente. A desinibição da via descendente também é importante no desenvolvimento da CSPS (Dor crônica pós AVC.) Pensa-se que as lesões do tálamo lateral (inibitório da dor) desinibem o tálamo medial. Esse processo de desinibição do tálamo lateral para o tálamo medial, pode estar relacionado com à interrupção dos neurônios GABAérgicos nos núcleos talâmicos póstero-laterais ventrais. O tálamo normal no CSPS pode ser o gerador da dor central, principalmente por meio do aumento da expressão dos canais de cálcio.