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[Resumo] Microbiologia - Fungos / Micologia Médica

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Sarah Fungos
Fungos
quinta-feira, 1 de outubro de 2020 08:08
 Página 1 de Microbiologia 
INTRODUÇÃO
Os fungos têm uma estreita relação com os homens desde a época mais remota, há relatos de até 
3000 A.C na Índia da utilização de fungos em várias situações, como para alimentação, para atingir 
um estado de consciência alterada (no qual eles acreditavam que estavam entrando em contato 
com deuses) e até para envenenamento.
Além disso, existem evidências fósseis que esses organismos existem a mais de 300 milhões de anos, 
logo fazem parte da Idade Devoniana. 
Por muito tempo os fungos não tinham uma classificação de Reino a parte, visto que eles tinham 
uma aparência muito similar às plantas e, assim, eles eram classificados dentro do Reino Plantae. 
Porém, em 1969, eles foram reconhecidos como fungos e classificados no próprio reino (Fungi) por 
H. Whittaker, que conseguiu demonstrar que as plantas e os fungos eram bastante diferentes 
através de estudos de morfologia e nutrição.
Atualmente, existem 3 principais domínios, onde o Reino Fungi está inserido dentro do Domínio 
Eukarya. Já são descritas mais de 200 mil espécies de fungos, mas, na área médica, os mais 
importantes são os patógenos primários e oportunistas, que já são descritas cerca de 300 espécies.
Patógeno primário é aquele que é verdadeiramente patogênico, ou seja, não é necessária nenhuma 
condição de base do hospedeiro para esse organismo causar a doença. Já os fungos oportunistas 
necessitam de fatores associados ao hospedeiro para invadir seu organismo e causar a doença.
---------------------------------------------------------------------------------------------
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS FUNGOS
Os fungos são organismos eucariontes, ou seja, eles têm um núcleo que tem um envoltório, uma 
membrana com característica fosfolipídica. Eles podem apresentar 1 ou mais núcleos, então podem 
ser unicelulares ou pluricelulares. Não possuem clorofila, portanto não conseguem fazer 
fotossíntese, sendo, então, organismo heterotróficos.
Uma outra diferença de plantas e fungos é que os fungos não armazenam amido, a principal reserva 
energética deles é o glicogênio. Também podem acumular lipídios para evitar a desidratação da 
célula fúngica e para proteção de altas temperaturas.
O citoplasma da célula fúngica é rico em organelas, é possível ver o núcleo, o nucleossomo, 
membrana citoplasmática, mitocôndrias, retículo endoplasmático, glóbulo lipídico, vacúolo etc. Os 
ribossomos da célula fúngica são ribossomos 80S, o que os distingue das bactérias, que possuem 
ribossomos 70S.
O genoma do fungo é constituído de DNA, que é o menor que existe entre os seres eucariontes, 
mas, mesmo assim, ele é grande, tendo de 12 a 88 Mpb (mega pares de base). Comparando com 
uma bactéria padrão, a exemplo da E. Coli, o DNA do fungo é 11 vezes maior.
Lembrando que os fungos são organismos eucariontes porque seus núcleos são limitados por um 
envoltório nuclear. O seu DNA grande consegue ficar dentro do núcleo por conta das histonas, que 
são proteínas que conseguem compactar o DNA para que ele consiga ficar organizado dentro do 
núcleo.
Em relação à mobilidade dos fungos, a maioria não apresenta flagelo, ou seja, é sem mobilidade, 
14/09 - 1 - Características gerais dos fungos
segunda-feira, 14 de setembro de 2020 08:37
 Página 2 de Microbiologia 
Em relação à mobilidade dos fungos, a maioria não apresenta flagelo, ou seja, é sem mobilidade, 
com exceção de organismos dentro da divisão Chytridiomycota, que são fungos flagelados. Então, 
olhando na escala evolutiva, a divisão Chytridiomycota é a divisão mais primitiva que se tem. Os 
resquícios de flagelo são importantes porque esses microrganismos são aquáticos e vivem em 
ambientes úmidos (ricos e solos encharcados) e esses flagelos servem para movimentação desses 
fungos.
A maioria desses microrganismos são saprófitos, ou seja, alimentam-se de matéria orgânica em 
decomposição. Podem ser parasitas de plantas e animais invertebrados.
Dentro dessa divisão Chytridiomycota existem cerca de 1000 espécies diferentes. Uma das espécies 
que mais tem chamado atenção é a Batrachochytrium dendrobatidis (Bd), porque ela acaba 
causando uma doença chamada quitridiomicose (Chytridiomicose) em anfíbios, principalmente rãs e 
sapos. A Bd infecta o interior das células da camada mais externa da pele do animal, que é formada 
de queratina. A queratina dá rigidez à pele do animal, ajuda a evitar lesões, a fazer a hidratação 
("bebe água pela pele") e a absorção de eletrólitos importantes (sódio e potássio) do animal.
Uma vez que o Bd infecta o interior dessas células há um processo de hiperplasia e hiperqueratose, 
fazendo com que a pele do animal fique mais espessa, o que altera os níveis de eletrólitos, que faz 
com que o anfíbio tenha um colapso cardíaco, podendo vir a morte. Uma das características 
interessantes dessa doença é que o animal é encontrado virado para cima.
No Brasil, nós temos vários problemas relacionados à quitridiomicose, porque há uma redução da 
população de anfíbios, que implica no aumento da população de insetos e gera um impacto na 
saúde muito grande, uma vez que se aumenta o número de insetos transmissores de doenças, entre 
elas a malária, a dengue e a febre amarela. Além disso, a alteração na cadeia alimentar, isto é, a 
diminuição do número de anfíbios, também dificulta a sobrevivência de outros animais, como aves e 
répteis, que muitas vezes se alimentam deles. Um outro impacto importante, nesse contexto, é o na 
alimentação, tendo em vista que o Brasil é o 2º maior criador de rãs do mundo. Então, a diminuição 
do número desses anfíbios acaba gerando um impacto econômico muito grande.
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ESTRUTURA DA CÉLULA FÚNGICA
Observando a célula fúngica como um todo de fora para dentro, a camada mais externa é a parede 
celular, depois dela há a membrana plasmática que envolve o citoplasma e dentro do citoplasma 
existem as organelas.
A parede celular do fungo, diferente da das plantas, é uma parede celular sem celulose. A principal 
constituição dessa parede são polissacarídeos (90%), onde a quitina (N-acetilglicosamina) é um dos 
mais importantes. Fora a quitina, há outros polissacarídeos, como glucana e galactomanana; e 
algumas proteínas, melanina etc.
Essa parede celular é importante porque ela acaba sendo a superfície de contato da célula com o 
meio externo, ou seja, com a célula do hospedeiro. Então, ela é uma importante sede de antígenos. 
É a parede celular que dá a forma à célula fúngica e a protege contra a pressão osmótica. Além disso, 
a parede é um importante mecanismo de virulência do fungo.
Além de polissacarídeos, a parede celular apresenta proteínas importantes, uma delas é a melanina. 
Os fungos podem apresentar uma quantidade maior ou menor de melanina na sua parede celular 
(que deixam a parede mais escura/amarronzada) ou também podem ter melanina distribuída nas 
células, fazendo com que as estruturas fiquem amarronzadas. Quando o fungo tem grande 
quantidade de melanina na sua parede celular e distribuída pela célula, ele é chamado de fungo 
negro ou fungo demáceo.
A principal melanina do fungo é a Di-hidroxinaftalenomelanina, que tem uma composição 
hidrofóbica que acaba evitando a desidratação da célula fúngica quando o fungo está exposto ao 
 Página 3 de Microbiologia 
hidrofóbica que acaba evitando a desidratação da célula fúngica quando o fungo está exposto ao 
meio ambiente e/ou quando ele está exposto a altas temperaturas. Assim como no ser humano, a 
melanina também protege o fungo contra a radiação ultravioleta. Além disso, a melanina tem um 
fator essencial para o fungo na sua patogênese, pois consegue remover os radicais oxidativos dos 
fagócitos, protegendo a célula fúngica da fagocitose; consegue proteger contra enzimas proteolíticas 
e, além disso, os fungos que têm uma quantidade maior de melanina na sua célula possuem umaredução de sua susceptibilidade frente aos antifúngicos.
Alguns microrganismos fúngicos têm um envoltório externo além da parede celular, que é 
denominado de cápsula.
É o caso dos fungos do gênero Cryptococcus, responsáveis pela criptococose. Sua cápsula tem uma 
composição mucopolissacarídica, formada principalmente de glucuronoxilomanana (GXM), que tem 
uma importância muito grande na virulência desse fungo. Essa cápsula facilita a adesão do 
Cryptococcus na célula hospedeira e, além disso, acaba dificultando a fagocitose, visto que tem a 
capacidade de aumentar e diminuir o seu tamanho.
Logo em seguida da parede celular, nós temos a membrana plasmática.
A membrana plasmática dos fungos é uma membrana bem similar a dos outros microrganismos 
eucariontes. Então, ela tem uma bicamada fosfolipídica, que possui vários compostos inseridos nela, 
como algumas proteínas (enzimas importantes que auxiliam na produção de componentes tanto 
para a parede celular quanto para a cápsula) e o ergosterol, que é o esterol responsável pelo 
controle osmótico da célula. A membrana pode ter outros tipos de esterol (fergosterol, zimosterol 
etc.), mas o mais frequente é o ergosterol, que é, inclusive, o principal alvo de ação de grande parte 
dos antifúngicos disponíveis atualmente.
OBS.: Pneumocystis spp. é o único fungo que não possui membrana celular, portanto também não 
possui o ergosterol. Ergosterol é diferente de colesterol. Colesterol é um esterol presente na célula 
de mamíferos. O ergosterol é um tipo de esterol, porém presente na célula fúngica.
-----------------------------------------------------------------------------------------------
FISIOLOGIA DOS FUNGOS
Os fungos não sintetizam seu próprio alimento como as plantas, então eles precisam obter esse 
alimento do meio externo. A principal fonte de energia do fungo é o carbono.
Supondo um substrato, por exemplo uma pele com queratina, em que caia uma estrutura 
reprodutiva do fungo, a estrutura vai germinar e esse microrganismo vai começar a produzir 
estruturas que são responsáveis pela absorção dos nutrientes desse substrato. Uma hifa, por 
exemplo, consegue tomar o substrato em questão de segundos, emitindo prolongamentos em 
direção de onde tem a demanda de substrato para poder lançar enzimas para o meio para degradar 
essas moléculas complexas e transformá-las em moléculas simples, como monômeros, para depois 
absorver por processos passivos ou ativos.
Então, as hifas possuem uma gama muito grande de enzimas que hidrolisam componentes do 
substrato. Alguns exemplos de enzimas são: lipase, querastase, proteinase, lactase, amilase etc. Os 
fungos conseguem degradar até mesmo substâncias como couro, ferro, plástico (alguns fungos 
formam biofilmes em superfícies plásticas como cateter), entre outras.
Os fungos são grandes produtores de substâncias tóxicas, como as micotoxinas, que podem causar 
câncer hepático, câncer esofágico e vários sintomas desagradáveis.
Para absorção de nutrientes, o fungo ainda requer uma certa quantidade de água. Então, o fungo só 
cresce e produz estruturas como hifas apenas em condições adequadas e uma dessas condições é a 
quantidade de água do meio.
 Página 4 de Microbiologia 
Tem fungos que crescem em uma atividade de água menor e outros em uma atividade de água 
maior. Porém, todos os fungos necessitam dessa água para a absorção de nutrientes e sua 
consequente germinação.
Em uma situação de escassez de água, os fungos são capazes de produzir estruturas de resistência, 
como o esclerócio (visível a olho nu, parecem sementinhas e na verdade são o envelopamento de 
hifas). Uma vez que as condições favoráveis retornam, as hifas envelopadas se desenvolvem e o 
fungo volta a crescer. Um grande exemplo de fungo produtor de esclerócios é o Aspergillus alliaceus. 
Outra estrutura de resistência é o clamidoconídio (ou clamidósporos), que acaba ajudando na 
identificação dos microrganismos.
Em relação à temperatura de crescimento, os fungos podem ser psicrófilos (crescem em uma 
temperatura de 5 a 20°C, com temperatura ótima de 15°c), mesófilos (crescem de 20 a 45°C, com 
temperatura ótima de 35°C) ou termófilos (crescem de 45 a 70°C, com temperatura ótima de 50°C).
A maior parte dos fungos de importância clínica são caracterizados como mesófilos. O fungo 
filamentoso se desenvolve na temperatura em torno de 25 a 30°C e a levedura se desenvolve a uma 
temperatura de 30 a 40°C.
Para o crescimento do fungo, outros parâmetros também são importantes, como o pH, luz, 
diferentes nutrientes, vitaminas e o meio.
Em relação ao pH, o fungo gosta de um pH mais ácido, geralmente de 5,6 a 6,8. Porém, tudo em 
fungos tem exceções, visto que eles conseguem se adaptar muito facilmente ao meio, então existem 
desde fungos que se desenvolvem em um pH 1,5 até fungos que se desenvolvem num pH 11.
Dependendo do fungo, ele tem uma certa preferência em um pH um pouco mais ácido que os 
outros, como as leveduras, que gostam de um pH em torno de 4. Já os fungos filamentosos gostam 
de um pH entre 5 e 6. Lembrando que, mesmo com as preferências, muitos fungos conseguem se 
adaptar.
O fungo também necessita de luz ou da ausência de luz para poder germinar e reproduzir. Para que 
haja a germinação, normalmente chamada de esporulação, geralmente há a necessidade da 
presença de luz. Já o crescimento do micélio vegetativo, que é o micélio responsável por absorver os 
nutrientes, geralmente há uma preferência para crescer na ausência de luz.
Existem vários nutrientes importantes para os fungos, tanto macronutrientes, quanto 
micronutrientes. Em relação aos macros, os fungos se desenvolvem muito bem principalmente na 
presença de carbono e nitrogênio, mas há outros macronutrientes importantes, como potássio, 
magnésio, fósforo. Além de micronutrientes como zinco, ferro, cobre etc.
As vitaminas funcionam como fator de crescimento para os fungos.
Existem vários meios que a gente pode sintetizar esses nutrientes para o crescimento dos fungos em 
laboratório (ágar batata dextrose, ágar extrato de malte, ágar milho, BHI, etc.). Entre eles, existe o 
meio Ágar Sabouraud, que é composto principalmente por peptona, que é uma fonte de nitrogênio, 
e glicose, que é uma fonte de carbono, formando um meio utilizado na recuperação de fungos.
Em relação à obtenção de oxigênio, a maior parte dos fungos são aeróbios obrigatórios. Porém, 
existem aqueles microrganismos que crescem numa quantidade mínima de oxigênio, que são 
classificados como anaeróbios facultativos. Eles são facilmente encontrados no nosso dia a dia, 
porque consumimos produtos feitos pela fermentação de leveduras e outros fungos filamentosos, 
que conseguem crescer em uma quantidade menor de oxigênio (fungos fermentadores). Existem, 
ainda, os fungos que crescem na ausência de oxigênio, que são os anaeróbios obrigatórios. Um 
exemplo é aquela divisão considerada mais primitiva, a Chytridiomycota.
 Página 5 de Microbiologia 
O fungo também requer CO2, tanto para as reações de carboxilação (síntese de ácidos graxos), 
quanto para sua diferenciação celular.
Alguns fungos conseguem mudar sua forma, ou seja, eles conseguem se transformar de 
filamentosos para leveduriformes ou de leveduriformes para filamentosos na presença de CO2 e 
também, e principalmente, em virtude da temperatura. Essa característica é conhecida como 
dimorfismo.
Os fungos que são patógenos primários ou patógenos verdadeiros dentro de micologia médica são 
considerados fungos dimórficos, que são aqueles que alteram sua forma principalmente na 
dependência de mudança de temperatura.
Um exemplo de fungo dimórfico é o Paracoccidioides brasiliensis, causador da 
paracoccidioidomicose, doença muito comum no ES. Esse fungo se encontra no meio ambiente a 25°
C na sua forma filamentosa, porém quando ele infecta o hospedeiro ela vai até os alvéolos 
pulmonares e chegando lá, em virtude da mudança de temperatura (37°C) e alguns outros fatores, 
esse microrganismo muda sua forma para a leveduriformes.Outros exemplos são: Blastomyces 
dermatidis, Coccidiodos immitis, Histoplasma capsulatum, entre outros.
Sobre as relações ecológicas conforme a fonte de nutrientes, os fungos podem ser saprófitos, 
parasitas ou simbiontes. Os saprófitos vivem em decomposição de organismos mortos (Ex.: Orelha 
de pau decompondo um tronco de árvore apodrecido). Os parasitas podem parasitar tanto animais, 
quanto plantas e humanos, retirando o alimento do seu hospedeiro vivo destruindo as células, 
podendo levar a doenças e causar a morte (Ex.: Formigas zumbi / Sapinho ou candidíase oral / 
Micoses de unha). Já a relação simbionte é estabelecida, por exemplo, entre um fungo e uma 
cianobactéria formando o líquen. É uma relação onde ambos lados têm benefícios.
CICLO DE VIDA
O ciclo de vida dos fungos pode ser de 2 formas, ou de forma assexuada ou de forma sexuada.
Na reprodução assexuada, é uma reprodução típica de organismo assexuado, onde ele tem um tipo 
de ciclo mitospórico (em azul).
Já na reprodução sexuada há uma alternância, ora ele tem um ciclo mitospórico, ora ele tem um 
ciclo mitospórico.
 Página 6 de Microbiologia 
Então, na assexuada não há necessidade de microrganismos de "sexos" distintos (alfa ou beta / 
positivo ou negativo), porque o próprio organismo se reproduz sem ter a fusão com outro organismo 
de sexo distinto. Todo esse ciclo é formado por microrganismos haploides (uma célula n dá origem a 
outra célula n).
Já no ciclo de reprodução sexuada, são necessários 2 tipos de "sexos"/hifas distintas, uma positiva e 
uma negativa (matching). Então, essas hifas de polaridades diferentes se atraem por meio de 
feromônios, fundem seus citoplasmas (plasmogamia) e também seus núcleos (cariogamia), que gera 
um zigoto 2n. Esse zigoto 2n vai passar por um processo de meiose, formando o organismo haploide, 
que vai se reproduzir por processos mitospóricos.
OBS.: Nem sempre são encontradas descritas as 2 formas de reprodução em todos os gêneros 
fúngicos. 
 Página 7 de Microbiologia 
Os fungos, dependendo do meio onde ele é semeado (no caso no laboratório em meios sintéticos, 
com fonte de carbono e nitrogênio) podem crescer de 2 formas, ou com forma leveduriforme 
(leveduras) ou com uma forma filamentosa (fungos filamentosos).
As leveduras são colônias que são muito pequenas se comparadas às colônias de fungos 
filamentosos. Essas colônias, geralmente, em meios como o Sabouraud, crescem apenas de uma 
única coloração, que é mais branca/creme. Há exceção de algumas colônias que produzem pigmento 
betacarotenoide ou pigmento à base de melanina, que são mais escuras. As colônias de leveduras 
têm um aspecto brilhoso ou podem ter um aspecto mais pastoso.
Já as colônias de fungos filamentosos são, por exemplo, aquelas que crescem nos alimentos em 
casa, conhecidas popularmente como bolores ou mofos. Essas colônias são grandes e possuem 
vários aspectos e colorações diferentes. Podem ser, por exemplo, felpudas ou pulverulentas (em 
forma de pó).
14/09 - 2 - Características gerais dos fungos / Foco em 
morfologia
segunda-feira, 14 de setembro de 2020 13:01
 Página 8 de Microbiologia 
FUNGOS FILAMENTOSOS
O fungo filamentoso (bolor) é um microrganismo multicelular (apresenta mais de um núcleo). Ele é 
constituído por hifas e dividido em micélio vegetativo e micélio reprodutivo.
O micélio vegetativo é o micélio aderido/abaixo à superfície do substrato (conjunto/emaranhado de 
hifas). As hifas vão crescendo de acordo com a demanda de nutrientes. O micélio reprodutivo é o 
que está acima da superfície de nutrientes.
(visível o micélio reprodutivo)
A hifa nada mais é do que o prolongamento que cresce de forma apical e rápida de acordo com a 
demanda de nutriente. É através do micélio que os fungos se expandem.
 Página 9 de Microbiologia 
Resumindo, na superfície de um substrato um conídio germina e as hifas começam a se formar 
originando o micélio vegetativo (hifa vegetativa). A medida que esse microrganismo cresce acima do 
substrato, ele vai formar o micélio aéreo, também chamado de micélio reprodutivo, porque é onde 
ficam as estruturas reprodutivas.
Os fungos filamentosos apresentam várias cores e formas diferentes. As colônias podem ter uma 
borda lisa ou irregular, podem produzir pigmentos ou não, podem ter texturas diferentes (mais 
algodonosa, mais cotonosa, mais pulverulenta etc.), podem estar umbilicadas (com uma 
protuberância), podem estar com sulcos (rugosa), entre outras variações.
CARACTERÍSTICAS DAS HIFAS
 Página 10 de Microbiologia 
CARACTERÍSTICAS DAS HIFAS
As hifas podem ser de 2 tipos de acordo com sua septação. Podem ser hifas asseptadas/cenocíticas 
ou hifas septadas.
O septo não é vedado/fechado, ele contém poros que permitem a passagem de substâncias e 
organelas de uma célula para outra.
As hifas também podem ser classificadas em hialinas ou demáceas. As hialinas são aquelas 
claras/translúcidas ou pigmentadas pelo corante utilizado para a visualização (caso azul acima). As 
demáceas/negras são as hifas amarronzadas, que possuem um excesso de melanina na sua célula.
Dependendo da hifa nós conseguimos assumir ou prever um determinado diagnóstico quando esses 
microrganismos estão invadindo a célula do hospedeiro. Se a hifa é hialina e cenocítica, 
provavelmente é o caso de uma mucormicose. Se a hifa é hialina e septada, provavelmente é o caso 
de uma hialohifomicose. Se a hifa é demácea pode ser uma feohifomicose ou uma 
cromoblastomicose.
A hifa tem poros que permitem a passagem de organelas de uma célula para outra. Além disso, ela 
sofreu vários processos de adaptação para conseguir sobreviver no meio. Então, quando uma hifa é 
lesada, por exemplo num corte, ela não morre, porque ela produz o Corpúsculo de Woronin, que é 
como se fosse uma estrutura arredondada que veda o poro da célula fúngica, não permitindo que as 
organelas e as substâncias sejam extravasadas para o meio extracelular, o que poderia levar à 
morte.
 Página 11 de Microbiologia 
MODIFICAÇÕES DO MICÉLIO
Nos fungos filamentosos, essas hifas podem se modificar e se transformar em várias estruturas 
distintas. Elas podem formar vesículas, artroconídios (fragmento da hifa), rizoides (similares às 
raízes, em fungos mais primitivos), hifas em espiral, além de estruturas de resistência.
 Página 12 de Microbiologia 
A exemplo de estrutura de resistência tem-se o esclerócio, que é formada na escassez de água, é um 
grão duro formado por um emaranhado de hifas. Além disso, há os clamidoconídios, que também 
são estruturas de resistências formadas na escassez de água.
 Página 13 de Microbiologia 
DEFINIÇÕES -
Em relação à reprodução dos fungos, eles podem ser assexuados ou sexuados.
DEFINICOES - ASSEXUADO 
Os fungos assexuados recebem uma denominação de anamorfos, estado em que os fungos 
produzem estruturas de reprodução assexuada. A reprodução assexuada abrange 4 modalidades: 
Fragmentação de artroconídios, fissão de células somáticas, brotamento ou gemulação do 
blastocoídio-mãe e produção de conídios.
Os fungos filamentosos anamórficos (no seu estado assexuado) são caracterizados por possuírem 
estruturas como os conidióforos, células conidiogênicas e conídios.
Conidióforos são células/hifas que sustentam as células conidiogênicas. As células conidiogênicas 
são as que fazem conidiogênese, isto é, dão origem aos conídios. Por fim, os conídios são estruturas 
assexuadas de reprodução. A dispersão de conídios é o que permite a perpetuação desses fungos.
As células conidiogênicas podem ser de 2 tipos, ou uma célula fialídica (parece uma garrafinha, igual 
acima) ou anelídica (pegar exemplo). Os conídios nem sempre serão arredondados, eles podem ter 
 Página 14 de Microbiologia 
acima) ou anelídica (pegar exemplo). Os conídios nem sempre serão arredondados, eles podem ter 
várias formas diferentes, como fusiforme ou em forma de boomerang.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONIDIOS SEGUNDO SACCARDO
Não precisa decorar
Os conídios podem ser,por exemplo, amerosporos (não têm septo), didimosporos (1 septo dividindo 
em 2), fragmosporos (a célula foi se fragmentando), dictiosporos (septos transversais e 
longitudinais), estaurosporos (formato de estrela), helicosporos (espiral), entre outros.
DEFINIÇÕES - ESTRUTURAS SEXUADAS
O fungo quando está na sua fase sexuada é chamado de teleomorfo. Enquanto na forma assexuada 
a estrutura reprodutiva dos fungos é chamada de conídio, na forma sexuada essa estrutura é 
chamada de esporo. Uma das diferenças é que esses esporos ficam dentro de bolsas. Além de estar 
dentro de uma bolsa, como são estruturas sexuadas, geralmente estão em número par.
No caso de um fungo da divisão Ascomycota, as bolsas são chamadas de ascos e os esporos de 
ascosporos. Os ascos geralmente ficam dentro de corpos de frutificação, que são estruturas 
fechadas com uma abertura que permite que os ascosporos sejam liberados para o meio quando 
 Página 15 de Microbiologia 
fechadas com uma abertura que permite que os ascosporos sejam liberados para o meio quando 
maduros. Esse corpo de frutificação na forma sexuada que tem um aspecto de pera é chamado de 
peritécio.
Há outros tipos de corpos de frutificação na forma sexuada, como por exemplo o cleistotecio (forma 
circular) e o apotecio (forma de taça).
IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS FILAMENTOSOS
Como eu faço para identificar um fungo filamentoso?
O fungo filamentoso é identificado não só pelo seu aspecto macromorfológico, mas também pela 
sua micromorfologia.
Não há como fazer a identificação do fungo filamentoso olhando apenas o seu micélio vegetativo. É 
necessário olhar as suas estruturas reprodutivas para isso.
Então, as estruturas reprodutivas dos fungos filamentosos, juntamente com sua macromorfologia, 
responsáveis pela identificação de gênero e espécie.
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MORFOLOGIA FUNGOS LEVEDURIFORMES
As leveduras são microrganismos unicelulares, geralmente arredondados e que se reproduzem 
 Página 16 de Microbiologia 
As leveduras são microrganismos unicelulares, geralmente arredondados e que se reproduzem 
praticamente por brotamento ou gemulação.
O brotamento ou gemulação é quando uma célula-mãe se divide formando uma célula idêntica 
(reprodução com divisão de citoplasma através de estrangulamento). A célula-filha é chamada de 
blastoconídio/gêmula.
Esse blastoconídio normalmente se solta da célula-mãe, mas pode acontecer de ela continuar presa, 
acabar se alongando e formar uma pseudohifa.
Levedura também pode formar a estrutura de resistência chamada clamidoconídio, que, em 
comparação a esse meio de leveduras, é uma estrutura arredondada, com uma parede espessa e o 
citoplasma corado, podendo estar na parte terminal na hifa ou intercalada na hifa.
OBS.: É através do clamidoconídio que é possível identificar a Candida Albicans
 Página 17 de Microbiologia 
Os blastoconídios podem sofrer um processo chamado de pleomorfismo fúngico, ou seja, essas 
leveduras podem mudar de forma, deixando de ser o blastoconídio ao se alongar e formar uma falsa 
hifa (pseudohifa).
Pseudohifas são blastoconídios prolongados e ligados entre si, lembrando o aspecto de hifa. 
Observar que parecem septos, mas não há passagem/poro, pois são indivíduos unicelulares e 
separados, que estão apenas ligados entre si.
Algumas leveduras também podem formar hifas verdadeiras, como é o caso do trycosporum. A hifa 
verdadeira pode, inclusive, fragmentar-se e formar artroconídios.
MACROMORFOLOGIA DAS LEVEDURAS
Diferente dos fungos filamentosos, as leveduras possuem colônias menores, podem ser brancas ou 
beges (em meio básico, de ágar Sabouraud), podem produzir pigmento betacarotenoide ou, ainda, 
podem ser uma levedura negra (muita melanina não só na parede, mas também distribuída por toda 
a célula). São colônias pequenas, pastosas ou cremosas, brilhantes ou opacas, lisas ou rugosas.
------------------------------------------------
Existem fungos que se comportam ora como levedura, ora como fungo filamentoso. Esses fungos 
são denominados como dimórficos ou termodimórficos.
Os fungos dimórficos são aqueles que quando está na temperatura ambiente (25°C) ele está na 
forma filamentosa e quando ele passa para uma temperatura mais elevada, como a temperatura 
corporal (37°C) esse microrganismo deixa sua forma filamentosa para se transformar na sua forma 
leveduriforme, que é a forma mais virulenta.
CLASSIFICAÇÃO E TAXONOMIA DOS FUNGOS
 Página 18 de Microbiologia 
CLASSIFICAÇÃO E TAXONOMIA DOS FUNGOS
Até o ano de 2000, o Reino Fungi era dividido em 4 filos (Zygomycota, Chytridiomycota, Ascomycota 
e Basidiomycota / do mais primitivo para o mais evoluído), com exceção da chytridiomycota, todos 
têm agentes causadores de doenças no humano.
Porém, em 2007, essa classificação foi revista e refeita, avaliando parâmetros filogenéticos. Na nova 
classificação o Reino Fungi foi dividido 7 filos.
A partir do Reino Fungi há um Sub-reino Dikarya, onde se tem os fungos mais evoluídos (filos 
Ascomycota e Basidiomycota). Como são os mais evoluídos, eles possuem hifas septadas.
O resto ficou dividido em 5 filos (Chytridiomycota, Neocllimastigomycota, Blastocladiomycota e 
Glomeromycota) , que são os mais primitivos, então o micélio desses fungos é cenocítico 
(asseptado). Na verdade, ele pode até ter o septo, mas é tão pequeno/primitivo e difícil de visualizar 
no microscópio óptico (confirmar aula pratica?), que é considerado asseptado.
O filo Zygomicota mudou de nome para Glomeromycota, que é dividido em subfilos, sendo o 
Mucoromycotina e o Entomopthoromycotina os mais importantes, por possuírem agentes 
causadores de doenças em humanos.
Estudaremos os fungos desses subfilos mencionados da divisão Glomeromycota, que são mais 
primitivos (asseptados) e os fungos do Sub-reino Dikarya (filos Ascomycota e Basidiomycota), que 
são mais evoluídos (septados).
 Página 19 de Microbiologia 
MICOSE SUPERFICIAL PROPRIAMENTE DITA: PITIRÍASE VERSICOLOR
Didaticamente nós estudamos as micoses da seguinte forma: as micoses superficiais (onde temos as 
propriamente ditas e as cutâneas), as micoses profundas (onde temos as micoses de implantação, 
sendo que iremos estudar as de implantação por fungos demáceos), as micoses sistêmicas 
endêmicas (causadas por patógenos primários) e as micoses sistêmicas oportunistas (causadas por 
patógenos oportunistas).
As micoses superficiais propriamente ditas atingem a parte mais superficial da pele, atingindo o 
extrato córneo ou a cutícula do pelo. Essas micoses causam uma resposta imune celular 
praticamente ausente ou mínima e raramente são sintomáticas, são tratadas geralmente em virtude 
dos seus aspectos estéticos. Alguns exemplos são: a pitiríase versicolor, piedra branca, piedra preta, 
tinha negra etc.
As micoses superficiais cutâneas são aquelas que acometem não só a pele, mas também o pelo e a 
unha. Nesse caso, são micoses sintomáticas, que produzem resposta imune celular. Nesse grupo, 
existem dermatofitoses, candidíases e micoses causadas por fungos filamentosos não dermatófitos.
Malassezia spp.
Como iremos falar da pitiríase versicolor, iremos falar um pouco do seu agente, que é uma levedura. 
A malassezia produz colônias leveduriformes, pequenas, brilhantes e cremosas no meio de cultura. 
Porém, quando esse microrganismo está invadindo, por exemplo, o extrato córneo, ele deixa o 
estado leveduriforme para também formar hifas ou pseudohifas.
Sendo assim, a malassezia é uma levedura, porém uma levedura polimórfica, já que muda de forma 
dependendo se ela está colonizando ou invadindo (não é dimorfismo, que é dependente de 
15/09 - 1 - Micoses superficiais propriamente ditas + 
Pitiaríase Versicolor
sexta-feira, 18 de setembro de 2020 14:42
 Página 20 de Microbiologia 
dependendo se ela está colonizando ou invadindo (não é dimorfismo, que é dependente de 
temperatura).
As malassezias podem ser encontradas em toda a superfícieda pele, tanto em humanos, quanto em 
animais. Desde que nascemos, já começamos a ser colonizados pela malassezia, colonização baixa e 
que se estabiliza entre 6 a 12 meses de idade. Quando se inicia a puberdade, há uma alteração de 
fatores hormonais, que têm uma implicação na atividade das glândulas sebáceas, assim esse 
microrganismo pode proliferar.
A malassezia é consideara um microrganismo comensal, isto é, ela pode colonizar, por exemplo, 
nossa pele ou nosso couro cabeludo sem causar doença. No entanto, ela pode tornar-se patogênica 
dependendo de alguns fatores predisponentes.
Taxonomia atual
Em relação à taxonomia de malassezia, ela é um grupo de microrganismos que foi estudado mais a 
partir de 1965, então os estudos que o envolvem são mais recentes. Antes de 1965, apenas 3 
espécies eram reconhecidas (funfor, cincodiliase e paquidermatis).
Depois de 1965 ficou definido que esse microrganismo faz parte do filo Basidiomycota (meio incerto 
ainda), da classe Malasseziomycetes (mudou em 2013), da ordem Malasseziales, da Família 
Malasseziaceacea e do Gênero Malassezia.
A malassezia se encontra no seu estado anamorfo, não há descrição do seu estado sexuado 
(telomorfico)?
OBS.: Subfilo: Ustilaginomycotina
Há cerca de 17 espécies de Malassezia, a maior parte descrita depois dos anos 2000, tanto isoladas 
de animais quanto isoladas de humanos. Dentro dessas 17, apenas 10 sãocausadoras de micoses em 
humanos.
CARACTERÍSTICAS DO GENERO
A malassezia tem uma característica muito peculiar, porque são leveduras lipodependentes, então 
elas dependem de lipídio para crescer, com exceção da M. pachydermatis (muito encontrada em 
pele de rinocerontes e no conduto auditivo de cães).
A levedura de malassezia pode assumir formatos diferentes dependendo da espécie, pdoendo ser 
mais esférica ou mais elipsoidal. E é uma levedura que se reproduz por brotamento.
 Página 21 de Microbiologia 
A malassezia não consegue sintetizar acido graxo insaturado, por isso ela habita ambientes que há 
maior área de sebo (regiões gordurosas do corpo), como por exemplo o tronco, nos braços, atrás da 
orelha. Então, ela libera lipases para degradar esses triglicerídeos do sebo para produzir lipídios, que 
é sua principal fonte de energia. Essas lipases são formadas a partir de genes transcritos de seu 
genoma.
Além das leveduras, ela produz hifas ou pseduohifas, podendo formar um pseudomicélio ou micélio 
verdadeiro. Porém, não é possível identificar a malassezia por seus aspectos morfológicos. 
 Página 22 de Microbiologia 
Para a identificação desse microrganismo é necessário uma série de testes. Ela é caracterizada pela 
sua fisiologia, morfologia, assimilação do Tween (20, 40, 60 e 80), prova da catalase e meios de 
cultura (um meio de crescimento para malassezia deve ter a fonte de lipídios, então, por exemplo, 
pode utilizar o agar sabouraud dextrose com cloranfenicol e o azeite de oliva).
Tween é um tensoativo, estereficado, formado de polioxietileno sorbitano. Os números significam a 
quantidade de unidades de oxietileno sorbitano.
Existem alguns meios prontos para o crescimento da malassezia, como o Mdixon E o Leeming and 
Notman (LNA). Nesses meios há agar malte, glicerol, bile e Tween 40. No LNA há também azeite de 
oliva.
IDENTIFICACAO DE ESPECIES EM MALASSEZIA
Exxiste uma série de testes para identificaao da malassezia:
OBS.: Por exemplo, se a malassezia crescer a 32 graus so pode ser a sympodallis, se der catalase 
negativa a restricta.
 Página 23 de Microbiologia 
Hoje em dia, com o aparecimento de várias espécies novas, tem sido recomendada a identificação 
molecular, mas com enfoque polifásico. Então, primeiro se faz os métodos convencionais 
(bioquímicos, fisiológicos etc.), daí se associa a uma técnica molécula.
O mais indicado para se identificar malassezia é o sequenciamento, da região ITS (região conservada 
não codificadora de proteína) e D1/D2 do DNA ribossomal.
Conseguimos identificar esse microrganismo também por meio de genes codificadores de proteínas, 
como betatubulina, actina, calmodulina. Uma técnica recente muito boa para identificar levedura é a 
MALDI-TOF, que é a espectrometria de massa.
MALASSEZIA X DOENÇAS DE PELE
Como já foi dito, as malassezias são leveduras muito bem adaptadas na pele, fazendo parte da 
colonização normal da pele, isso dificulta para estabelecer se esse microrganismo que está na pele é 
o único que está promovendo a doença ou se ele apenas está associado.
Entre as doenças de pele em que o microrganismo está associado, há a pitiríase versicolor, a 
dermatite seborreica (“caspa”), dermatite atópica, foliculites e a psoríase. Dentre essas espécies 
causadoras de doenças de pele, a mais isolada é a Malassezia globosa, isto é, é a mais associada com 
doenças em humanos.
Existem também as doenças que a malassezias podem diretamente causar, que são doenças um 
pouco mais invasivas, como pneumonia, sepse, peritonite e fungemia.
ESTADOS DE CONVIVÊNCIA MALASSEZIA COM A PELE
Falando de como esse microrganismo interage com a pele e como ele está associado a doenças, a 
malassezias pode conviver com o ser humano em 3 esstados de convivência.
 Página 24 de Microbiologia 
Um dos estados é o estado comensal, em que a levedura está colonizando a pele, está retirando 
alimento das células, mas não causa doença porque está em equilíbrio com a pele.
Outro estado seria o patogênico, em que a levedura já prolifera, por causa de fatores 
predisponentes, porém raramente inflige inflamação. Esse é caso da pitiríase versicolor (PV).
Ainda, a malassezias pode estar implicda com doenças com inflamação visível, como é o caso de 
dermatite seborrecia (ds), dermatite atópica (DA) e psoríase.
PITIRÍASE VERSICOLOR
A PV é uma micose superficial benigna. E caracterizada por apresentar uma fina descamação da 
pele, que pode provocar o aparecimento de manchar. Essas manchas podem ter uma coloração mais 
amarronzada (hipercromiantes) ou podem ter uma coloração mais avermelhada ou branca 
(hipocromiante), todas ligadas à produção de melanina.
As máculas pdoem causar uma descamação fina na pele, são maculas com borda irregular e 
tamanhos diferentes, podendo confluir e formar o que chamamos de mapa geográfica (juntas 
tomam um tamanho maior da pele).
Os principais locais atingidos pro esse microrganismo são: tronco, ombro, parte superior do braço, 
pescoço e face (menos frequente).
As principais malassezias associadas a PV são a M. globosa,a M. sympodialis e a M. furfur.
O desenvolvimento acontece da seguinte forma: a malassezias está no seu estado leveduriforme, se 
houver qualquer fator que predispõe esse microrganismo a alterar sua forma, ela passará de 
levedura para filamento (pseudohifa ou hifa) e conseguirá invadir o extrato córneo, causando a 
doença
Manifestacoes clinicas
Podemos observar, por exemplo, máculas com manchas hiporomiantes, que geralmente acontece 
em peles mais escuras. EM peles mais claras, as manchas soa normalmente mais 
avermelhadas;castanhas.
Esse microrganismo gosta muito de calor e umidade, por isso algumas regiões são mais propicias a 
aparecerem as manchas, como a região inguinal nos homens.
 Página 25 de Microbiologia 
.sinonimias
A malassezias possui alguns sinônimos, como micose de praia (a exposição ao sol ajuda a observar as 
manchas e a radiação uv é um fator predisponente para a invasão do fungo no extrato córneo), pano 
branco (por causa das colorações esbranquiçadas nas manchas), tinea versicolor (versicolor = várias 
cores), dermatomicose furfurácea (porque a lesão esfarela facilmente) e machas de fígado.
Aspectos epidemiológicos
A malassezias está presente principalmente em populações de regiões tropicais e subtropicais, mas 
também estão presentes em locais de clima frio e seco numa porcentagem bem menor.
Pode atingir todas as raças e ambos sexos, acredita-se que tem uma maior prevalência no sexo 
masculino. É relatada em qualquer idade, mas é mais frequente entre 18 a 25 anos,justamente 
porque é nessa faixa em que há alterações hormonais, que aumentam a atividade das glandulaas 
sebáceas. Sendo assim, há mais disponibilidade de lipídios para o crescimento do fungo. 
O período de incubação é indeterminado nas zonas tropicais e úmidas, visto que o tempo quente 
ocorre o tempo todo. Para as pessoas que moram em regiões de clima frio e seco que viajam 
temporariamente as áreas tropicas, pode se observar um período de incubação de 5 a 20 dias. 
Os fatores predisponentes para a passagem do estado de colonização ao patogênico são calor, 
umidade, exposição ao sol, uso de cremes e bronzeadores oleosos, corticosteroides (diminuem a 
imunidade), falta de higiene, deficiência na produção de linfocinas (IL, IFN), gravidez (alteração 
hormonal), deficiência nutricional, hiperidrose e o uso de contraceptivos orais (hormônios).
Patogenia
Os principais fatores de virulência da malassezia é sua capacidade de mudar de forma, esse 
microrganismo sai de um estado totalmente leveduriforme e começa a ter hifas e pseudohifas. Fora 
isso, a malassezia produz queratinase e lipase, que são muito importantes no processo de invasão.
A pitiríase versicolor hipocromiante ocorre mais em pessoas de pele escura/morena. Ocorre uma 
alteração da síntese de melanina e a formação, então, das manchas mais claras. O que acontece é 
que esses microrganismos degradam os lipídios do extrato córneo, reação que forma o ácido 
azeláico (ácido dicarboxílico). Esse ácido compete com uma enzima da síntese de melanina, a 
tirosinase, então diminui a produção de melanina.
A produção desse ácido azeláico pelo fungo pode ser estimulada na pele pela presença da luz solar, 
assim como a produção da pitiriacitrina. Essas 2 substâncias podem reduzir a quantidade de 
melanócitos.
 Página 26 de Microbiologia 
Já na pitiríase versicolor hipercromiante há um aumento no tamanho dos melanossomos e uma 
distribuição na pele, então há uma produção maior de melanina.
Diagnostico clinico
O diagnóstico clínico é bastante simples, observa-se manchas na pele e existem 3 evidências que 
podem ajudar a confirmar a PV. 
Há o Sinal de Besnier, que é a raspagem da lesão gerar um esfarelamento. O Sinal de Zireli é quando 
se estira a pele da lesão (na região próxima vc puxa com o polegar e do outro lado com o indicador) 
e a mácula começa a esfarelar. Além disso, também é usada a lâmpada de Wood, que é uma 
lâmpada de luz UV, que quando projetada nas manchas da PV emite uma fluorescência 
verde/amarelada.
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Diagnostico laboratorial
Antes do diagnostico laboratorial, o médico tem que solicitar o exame microscopico direto e a 
cultura, além de colocar o possível diagnóstico para orientar o pessoal do laboratório.
O médico pode pegar o material colocando um durex na lesão e depois restirando, mas pode 
também ser feita uma raspagem da lesão, gerando as escamas, que é o material clínico. 
No laboratório, essas escamas são colocadas em uma lâmina, onde se adiciona KOH, que é um 
clarificante que degrada estruturas não-fúngicas, além de adicionar tinta parker, que é uma tinta 
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clarificante que degrada estruturas não-fúngicas, além de adicionar tinta parker, que é uma tinta 
azul que vai impregnar na parede celular do microrganismo, possibilitando a visualização das 
estruturas.
Como o microrganismo saiu do estado comensal e entrou no patogênico, é possível ver no 
microscópio hifas, pseudohifas e um emaranhado de levedura, ficando em um aspecto chamado de 
"macarrão com almôndega".
Cultura
Na cultura, é possível ver apenas a levedura. Essa levedura leva mais tempo para crescer do que o 
normal, em torno de 7 dias. Sua temperatura de incubação vai de 30 a 37°C. A micromorfologia 
desse microrganismo em cultura não ajuda a identificar espécie, visto que só aparece a levedura, os 
blastoconídios.
Tratamento
O tratamento pode ser tanto tópico, com o uso de loções, cremes e soluções. Dependendo do grau e 
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O tratamento pode ser tanto tópico, com o uso de loções, cremes e soluções. Dependendo do grau e 
do tempo das doenças, pode ser utilizado um antifúngico sistêmico.
Como tópico, damos preferência ao cetoconazol, que é um azólico. Pode ser usada também uma 
solução a base de hipossulfito de sódio (20 a 40%) ou de sulfeto de selênio. 
Se a doença estiver da forma sistêmica e for preciso um antifúngico sistêmico, pode ser utilizado de 
preferência o Itraconazol (200 mg/dia durante 5d) ou o cetoconazol (200 mg/dia durante 10d).
É normal ter recorrência da doença, visto que convivemos normalmente com colônias do fungo na 
nossa pele, então se fatores predisponentes para a proliferação do microrganismo aparecerem, ele 
irá invadir novamente.
Algumas pessoas têm problemas com a PV, como prurido, então algumas acabam fazendo profilaxia. 
Para isso normalmente se utiliza um antifúngico sistêmico, como o Itraconazol em dose única de 400 
mg a cada mês por 6 meses.
Há 3 tipos de evolução para a Pitiríase Versicolor.
Pode ocorrer a cura tanto clínica, quanto micológica.
Pode ocorrer a recidiva, que é bem comum, relacionada a fatores de predisposição.
Além disso, há a possibilidade de uma PV crônica. Nesse caso, o paciente não tem melhora mesmo 
com tratamento adequado, e não se sabe ainda o porquê que isso acontece.
Obs
Malassezia - Um breve update. Informações publicadas recentemente
Alguns autores escreveram que as Malassezinas, produzidas pela malassezia, induzem a apoptose de 
melanócitos, que promovem a despigmentação cutânea.
Outras 2 substâncias foram descritas, a Pityrialactona (responsável pela fluorescência sob a lâmpada 
de Wood) e a Pityriarubinas (responsável pela limitada resposta inflamatória nas lesões de PV)
 Página 30 de Microbiologia 
Dermatofitose é uma micose que fica restrita ao extrato córneo, mas também pode atingir os seus 
anexos, como pelo e unha. Ela pode evoluir tanto de forma subaguda quanto de forma crônica.
Ela é causada por um grupo de fungos que têm características fisiológicas, patogênicas e 
taxonômicas muito semelhantes. Eles se diferem apenas em questões nutricionais e em produção 
enzimática.
Esses fungos pertencem ao filo Ascomycota, Ordem Onygenales e 3 gêneros diferentes: 
Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton. Esses microrganismos estão na sua fase assexuada 
(anamorfo), porém Trichophyton e Microsporum já têm reconhecidas suas fases sexuadas, que é 
chamada de Arthroderma (Nanínia é o nome antigo para essa fase dos Microsporum).
Esses fungos têm afinidade muito grande por queratina, então eles têm a capacidade de invadir os 
tecidos queratinizados. Eles conseguem promover uma resposta imunológica do hospedeiro e as 
lesões podem ser sintomáticas.
Ainda, esse grupo de fungos tem em comum pertencer a grupos de fungos filamentosos, que 
apresentam hifas hialinas septadas, podendo produzir artroconídios.
ECOLOGIA DOS DERMATÓFITOS
Em relação à ecologia dos dermatófitos, eles podem ser geofílicos, zoofílicos ou antropofílicos.
Os geofílicos são aqueles microrganismos que vivem nos solos, principalmente onde se tem pena, 
escama de peixe e outros materiais ricos em queratina. Na realidade, a maior parte dos dermatófitos 
são geofílicos.
Os zoofílicos são os microrganismos que vivem do parasitismo de animais. Já os antropofílicos são os 
que vivem de parasitismo das células humanas.
GEOFILICOS
Os fungos geofílicos, que vivem no solo rico em queratina, possuem poucas espécies que são 
causadoras de doenças em humanos e animais. Porém, esses microrganismos quando conseguem 
invadir a célula humana acabam causando uma reação inflamatória exacerbada, visto que para ele 
se adaptar a pele do hospedeiro, ele precisa dispor de vários recursos para a invasão.
15/09 - 2 - Micoses superficiais cutâneas - Dermatofitoses
sexta-feira, 18 de setembro de 2020 19:54
 Página 31 de Microbiologia 
Como é um microrganismo evolutivamente distante dos vivem em humanos,eles conseguem ser 
eliminados rapidamente. Então, a pessoa que é infectada com fungos geofílicos tem a tendência de 
ter uma cura espontânea.
Entre os dermatófitos de maior prevalência que são geofílicos podemos citar o Microsporum 
gypseum, Microsporum nanum e o Trichophyton terrestre.
ZOOFILICOS
Os fungos zoofílicos são aqueles que em certo período da vida viviam no solo, mas evoluíram, 
abandonaram o solo e passaram a ter contato com aqueles animais que tinham contato com esse 
solo (conseguiram se adaptar ao parasitismo de animais). Então, comparando os zoofílicos com os 
geofílicos, os primeiros são mais evoluídos. Por conta disso, quando infectam células humanas, 
acabam provocando uma resposta imunológica moderada e podem causar infecções mais agudas, 
porém restritas às áreas onde o hospedeiro é encontrado.
Estima-se que 30% das dermatofitoses humanas são causadas por fungos zoofílicos. Não só os 
humanos, mas também os animais podem sofrer com essas doenças, principalmente os cães, gatos, 
bovinos, suínos etc.
ANTROPOFILICOS
Os antropofílicos são a maior parte (70%) dos fungos que causam dermatofitoses em humanos, visto 
que são adaptados ao parasitismo da célula humana. Nesse caso, a resposta inflamatória é mais 
branda. No entanto, na hora de tratar as infecções por esses microrganismos, há a tendência de uma 
certa resistência ao tratamento.
Então, eles podem causar infecções crônicas, com evolução lenta e a resposta inflamatória pode ser 
baixa ou pode nem existir.
 Página 32 de Microbiologia 
baixa ou pode nem existir.
As doenças causadas por esses fungos são frequentes em comunidades e podem causar surtos, 
porque há transmissão inter-humana. Essa transmissão pode ocorrer de forma indireta ou direta 
(banhos em piscinas, escovas de cabelo etc.).
DISTRIBUICAO GEOGRAFICA E EPIDEMIOLOGIA
Em relação à distribuição geográfica e epidemiologia desses microrganismos, grande parte são 
cosmopolitas (pode ser encontrado praticamente em qualquer lugar do mundo), principalmente 
Trichophyton rubrum, que é o fungo mais frequente nos casos de dermatofitose. Porém, existem 
fungos que são endêmicos em algumas regiões, como o Trichophyton megninii na Europa, o 
Trichophyton concentricum na América do Sul e Ilhas do Pacífico. 
No Brasil, há frequências diferentes dependendo das regiões. Por exemplo, nas regiões sul e 
sudeste, o dermatófito mais frequente é o T. rubrum, M. canis e T. mentagrophytes. Já na região 
nordeste (clima mais quente e seco), há mais T. tonsurans, mas também T. rubrum e M. canis.
Sendo assim, são microrganismos que estão associados às condições climáticas, que causam 
infecção principalmente em regiões tropicas e subtropicais (mais quentes e úmidas). Estão 
relacionados, também, às práticas sociais (contato com o sol, higienização etc.) e à mobilidade da 
população (Ex.: Europa e colônias europeias).
FATORES PREDISPONENTES
Vários fatores são responsáveis para o desenvolvimento da dermatofitose, entre eles corticoterapia 
(fator predisponente para quase todas doenças fúngicas), diabetes (diabetes 
descompensada/cetoacidose/glicose no sangue).
Além disso, o crescimento do microrganismo é favorecido em pessoas que usam sapatos fechados o 
dia todo ou roupas sintéticas, pessoas que têm uma má higienização, pessoas que têm contato com 
animais e/ou pessoas que deixam áreas do corpo com umidade (Ex.: lavar o pé e não secar).
PATOGENIA
MECANISMOS DE DEFESA INATO
Nosso organismo possui mecanismos de defesa inatos para as dermatofitose.
O primeiro deles é a própria pele, sua estrutura física e química, que mantém uma defesa contra 
esses microrganismos. Porém, se essa estrutura é rompida, ocorrendo uma alteração na pele, como 
o pH, a disponibilização de mais nutrientes para o fungo, entre outros, esse microrganismo pode 
 Página 33 de Microbiologia 
o pH, a disponibilização de mais nutrientes para o fungo, entre outros, esse microrganismo pode 
invadir.
Um outro mecanismo é a exposição à luz ultravioleta, que acaba sendo uma defesa inata, porque 
esses microrganismos não suportam a luz UV.
Temperatura corporal e falta de umidade também são mecanismos de defesa inatos. Além disso, 
romper a microbiota, diminuindo outros fungos e bactérias da pele também pode ajudar. 
Ainda, a queratinização (renovação do extrato córneo) é também um mecanismo de defesa inato do 
hospedeiro.
Fatores que favorecem a infecção
Alguns mecanismos vão favorecer a infecção, como por exemplo quando se rompe a estrutura física 
da pele, quando muda a constituição da pele na utilização de produtos (hidratantes etc.), quando a 
temperatura da pele está mais baixa que a do corpo, quando muda o pH da pele, entre outros.
Uma vez que esse microrganismo se adere à célula do hospedeiro ele pode ficar disponível por 
vários dias, mas em mais ou menos 6 horas esse conídio aderido acha seu substrato e começa a 
germinar, daí inicia a secreção de enzimas (proteases, lipases, fosfatases etc.) para ele poder 
invadir, penetrando o tubo germinativo dos tecidos e, então, absorvendo os nutrientes e 
promovendo o crescimento fúngico. 
Com o crescimento, há a formação de estruturas reprodutivas, então há a formação de novos 
conídios. Com isso, muitas vezes são liberados metabólitos tóxicos, que muitas vezes acabam 
desenvolvendo uma resposta inflamatória na célula do hospedeiro.
Patogênese - epiderme
Falando um pouco de patogênese de cada tipo de infecção (pele, unha e pelo), geralmente ela 
ocorre da seguinte forma:
Pele
Podemos ver na imagem um homem com um propágulo fúngico na sua pele, que consegue 
penetrar. Ele pode conseguir invadir a célula ou por forças mecânicas ou pela produção de 
substâncias químicas (enzimas).
Uma vez que ele entra no extrato córneo, os conídios começam a germinar e crescer, em um 
desenvolvimento circular e centrífugo, ou seja, de dentro para fora (a lesão é formada no local da 
inoculação de dentro para fora).
Com o crescimento do fungo, ele libera metabólitos tóxicos para a célula do hospedeiro, 
 Página 34 de Microbiologia 
Com o crescimento do fungo, ele libera metabólitos tóxicos para a célula do hospedeiro, 
desenvolvendo uma resposta inflamatória. Então, há uma lesão na área que circunscreve o local da 
inoculação, geralmente com a borda um pouco mais elevada e eritematosa (vesículas e descamação) 
e a parte central tendendo à cura. Logo, na borda da lesão é onde se tem o fungo na sua forma ativa 
e no centro, normalmente, ele já morreu.
Pelo
A patogênese do pelo ocorre, geralmente, de forma secundária à evolução da pele, ou seja, o fungo 
está em busca de novas fontes de queratina e, com isso, ele invade o pelo em direção ao 
infundíbulo. Então, o fungo remove a cutícula e ganha o pelo (sai da parte mais externa para a parte 
mais profunda).
Esse microrganismo consegue colonizar o pelo de 2 formas, que chamamos de parasitismo endotrix 
ou ectotrix.
O parasitismo endotrix é quando o microrganismo parasita por dentro do pelo. Nesse caso, quando 
o pelo vai emergir geralmente ele se quebra.
Já o parasitismo ectotrix é quando o microrganismo parasita por fora do pelo. Essa invasão fúngica é 
mantida justamente por causa de movimentos contrários de crescimento do pelo e entrada do 
fungo (pelo crescendo para fora e fungo indo em direção à nova fonte de queratina).
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fungo (pelo crescendo para fora e fungo indo em direção à nova fonte de queratina).
No exame microscópico direto, é possível ver artroconídios dentro do pelo (parasitismo endotrix), 
podendo haver quebra do folículo piloso quando o pelo emerge.
Unhas
A unha se divide da seguinte forma: próxima da cutícula, há a parte proximal, onde se tem uma 
região branca que parece uma lua, conhecida como lúnula. Longe dessa parte proximal, que seria a 
borda livre da unha, há a parte distal. Ainda, podemos identificar as regiões de leito ungueal e 
lâmina ungueal.
Vários outros microrganismos podem causar micose de unha, que é chamada de onicomicose.Mas, 
na onicomicose por dermatófito, a invasão se dá da parte distal para a parte proximal. Então, o 
fungo invade a borda livre e vai crescer em direção à parte proximal.
Outros microrganismos que causam onicomicose, por exemplo, leveduras do gênero Candida ou 
Malassezia, podem realizar uma invasão a partir da região proximal, fazendo um desgaste da 
cutícula. Raramente algum dermatófito também causa onicomicose nessa região proximal.
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AGENTES
Dentre os agentes de dermatofitose, temos os Trichophyton, os Microsporum e os Epidermophyton.
Do gênero Trichophyton (maioria antropofílico), as espécies mais frequentes são: T. rubrum, T. 
mentagrophytes (zoofílico), T. tonsurans, T. schoenleinii, T. verrucosum, T. concentricum e T. 
violaceum.
Já no gênero Microsporum, as espécies mais prevalentes são M. canis (zoofílico) e M. gypseum 
(geofílico).
O gênero Epidermophyton só tem 2 espécies, mas só o Epidermophyton floccosum (antropofílico) 
que causa dermatofitose. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Em relação às manifestações clínicas, existem 2 tipos de classificação: a corrente inglesa e a corrente 
francesa. Usaremos a inglesa.
Na corrente inglesa, tinea se refere à verme e a segunda palavra se refere a uma parte do corpo. 
Então, temos Tinea corporis (tinha do corpo), Tinea facei (tinha da face), Tinea pedis (tinha do pé), 
Tinea unguium (tinha das unhas), Tinea cruris (tinha inguino-crural), Tinea capitis (tinha do couro 
cabeludo), Tinea barbae (tinha da barba) e Tinea manum (tinha da mão).
Na corrente francesa, infecção de pele é chamada de epidermofitíase, infecção de unha é chamada 
de onicomicose e infecção de couro cabeludo é chamada de tinea ou tinha.
TINEA CORPORIS/ T. FACEI
São lesões inflamatórias mais ou menos intensas, que podem ser únicas ou múltiplas e têm um 
desenvolvimento centrífugo. Então, elas começam por uma lesão avermelhada, que vai desenvolver 
de forma centrífuga, onde se tem uma área mais inflamatória, que pode ser pruriginosa ou não, e 
uma área circunscrita com várias vesículas. Podem ser lesões descamativas.
A maior incidência é em crianças e adultos, sem predileção por sexo. Os principais agentes são 
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A maior incidência é em crianças e adultos, sem predileção por sexo. Os principais agentes são 
Trichophyton rubrum, T. mentagrophytes, Microsporum canis, M. gypseum e Epidermophyton 
floccosum.
TINEA MAMUM
Como o nome diz, os dermatófitos infectam a palma da mão. As lesões podem ser eczematoide ou 
podem ter um aspecto de hiperceratoide, com bastante descamação.
Podem atingir a palma da mão, mas também podem atingir entre os dedos (regiões interdigitais).
Além disso, podem ter um aspecto desidrótico, quando formam vesículas com líquidos.
Os principais agentes são T. rubrum, T. mentagrophytes e t. T. tonsurans.
TINEA BARBAE
Atingem não só a barba, mas também o bigode. As lesões causadas pela Tinea barbae são lesões que 
podem ter alopécia cicatricial, além de formações de pústulas foliculares únicas ou agrupadas. Além 
disso, podem ter um aspecto descamativo.
Os principais agentes são T. rubrum, T. mentagrophytes e T. verrucosum.
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TINEA PEDIS
É a dermatofitose causada nos pés, que pode ser tanto na sola (mais frequente), na lateral ou entre 
os dedos. A Tinea pedis pode ocorrer de 3 formas.
Ela pode ser intertriginosa, quando se tem fissuras entre os dedos, fissuras que podem sangrar, ter 
um leve prurido e que podem formam um odor fétido, principalmente quando se tem infecção 
secundária por bactéria. Esse é o famoso "pé-de-atleta", bastante frequente em pessoas que fazem 
natação (muito contato com água e não secam o pé direito).
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Outra forma é a forma desidrótica, que é quando há a presença de vesículas na região plantar ou até 
na região dorsal do pé. Essas vesículas contêm líquido.
Além disso, existe a forma hiperceratósica, que forma placas tanto na sola quanto na lateral do pé. 
Essas placas têm a coloração avermelhada e um caráter escamoso.
Os principais agentes são T. rubrum, T. mentagrophytes e Epidermophyton floccosum.
TINEA UNGUIUM
Também conhecida como onicomicose dermatofítica. Pode atingir as unhas tanto das mãos quanto 
dos pés, porém é mais frequente nas dos pés.
A Tinea unguium é classificada de várias formas.
A primeira delas é a subungueal distal e/ou lateral, que é a mais frequente. Pode atingir tanto a 
borda livre da unha em direção à região proximal, quanto pode atingir a lateral da unha. Uma vez 
que esse fungo começa a consumir a queratina local, há uma mudança de coloração da unha, 
ficando mais opaca/esbranquiçada (dependendo do fungo até mais avermelhada/amarronzada, 
como no T. rubrum). Essa unha fica mais espessa (engrossamento e esfarelamento) e pode ocorrer 
uma distrofia. Os principais agentes são T. rubrum e T. mentagrophytes.
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A branca superficial possui manchas que aparecem na lâmina superior da unha, principalmente na 
parte média. Esse tipo de onicomicose é raro, acontecendo geralmente em pacientes com alguma 
imunodeficiência. Os principais agentes são T. rubrum e T. mentagrophytes.
A subungueal proximal também é rara e vai atingir a região próxima a cutícula (proximal) em direção 
à região distal. A unha fica em um aspecto mais opaco, podendo ficar mais 
amarronzado/avermelhado (T. rubrum). Os principais agentes são T. rubrum e T. mentagrophytes.
Ainda, existe a Tinea unguium chamada de distrófica total, que pode ocorrer por evolução de 
qualquer uma das outras mencionadas quando o paciente não dá a atenção devida ao tratamento. A 
doença, então, acaba se tornando crônica e o microrganismo vai consumindo toda a queratina local 
e acaba destruindo a unha (a lâmina ungueal), podendo evoluir em queda. Nesse caso, o fungo se 
alimenta dos restos de queratina que ficam no local. Os principais agentes, também, são T. rubrum e 
T. mentagrophytes.
TINEA CRURIS
A Tine cruris atinge região inguinal, mas pode atingir também regiões de grandes pregas, como 
axilares e inframamárias. Nesse caso, tem-se uma extensa maceração do extrato córneo. Ocorre em 
regiões que costumam ser mais úmidas e quentes, o que propicia a invasão do microrganismo.
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Ela evolui de forma insidiosa, parecendo uma mancha avermelhada, que pode se estender e confluir 
da região frontal do corpo e entre as coxas para a região das nádegas, formando uma única placa.
Pode ocorrer a formação de vesículas e de pústulas, com uma borda bastante eritematosa. São 
lesões que, durante a noite, coçam bastante, sendo esse prurido noturno uma das maiores queixas 
dos pacientes.
OBS.: É importante prestar atenção que existe uma doença que atinge tecido superficial chamada 
eritrasma, causada por uma bactéria filamentosa, que gera lesões bem parecidas com a Tinea cruris. 
Para diferenciá-las, usa-se a Lâmpada de Wood (luz UV), sendo que se for eritrasma a coloração da 
lesão fica avermelhada (os dermatófitos, principalmente Microsporum, geralmente apresentam 
coloração verde e amarelo fluorescente).
Os principais agentes são T. rubrum, T. mentagrophytes e Epidermophyton floccosum. 
TINEA CAPITIS (do tipo Tinha tonsurante)
Essa micose é a mais frequente, acomete principalmente crianças com idade escolar de 4 a 10 anos 
de idade, visto que elas não possuem ácidos graxos e cadeia longa (ação antifúngica). Pode aparecer 
em adultos e idosos, mas são mais assintomáticas.
É caracterizada pelo aparecimento de placas únicas ou múltiplas, com diâmetros pequenos ou 
maiores. São placas de alopécia em que se pode observar fragmentos de pelo emergindo do folículo 
piloso.
Os principais agentes são Microsporum canis (frequente nas regiões sul e sudeste do Brasil) e 
Trichophyton tonsurans (frequente nas regiões norte e nordeste do Brasil).
Como é um agente antropofílico, é facilmente contagioso.
A tinha tonsurante pode ser do tipo microspórica ou tricospórica/tricofítica.A microspórica é causada geralmente por Microsporum e é caracterizada por apresentar apenas 
uma placa de um diâmetro grande. Nesse caso, o tipo de parasitismo do pelo é o tipo ectotrix. Por 
ser causada por Microsporum, na lâmpada de Wood apresenta uma fluorescência esverdeada.
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A tricospórica é praticamente o contrário, existem pequenas lesões, porém múltiplas. Como seu 
nome indica, ela é causada por espécies do gênero Trichophyton. Nesse caso, a maior parte faz 
parasitismo do tipo endotrix, logo quando o pelo vai emergir ele acaba quebrando. No microscópio 
possível ver o pelo tomado por artroconídios.
TINEA CAPITIS (do tipo Tinha supurativa)
A Tinha supurativa é um outro tipo de Tinea capitis, que é bastante frequente no couro cabeludo de 
mulheres e crianças, mas pode ocorrer em barba e bigode de homens (referente a lesões 
secundárias).
Ela pode formar placas, que são mais elevadas, além de microabcessos. Gera uma área em que se vê 
sinais inflamatórios bem evidentes (edema, secreção de pus etc.). O paciente tem perda de cabelo, 
porém não permanente. 
Os principais agentes são Microsporum gypseum (geofílico) e Trichophyton mentagrophytes. 
Também são conhecidas como Kérion Celsi.
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TINEA CAPITIS (do tipo Tinha fávica)
A Tinha fávica é a mais rara. É causada por um único agente, que é o Trichophyton schoeleinii (que 
também pode gerar dermatofitoses em outras partes do corpo).
Ela começa ao redor do folículo piloso, onde vai liberando gotículas, que formam uma massa e, 
então, crostas. Essas crostas possuem um odor bem fétido (similar à urina do rato) e são chamadas 
de godet ou de escútulas. Essa massa nada mais é que um emaranhado de hifas.
Nesse caso, há uma foliculite muito intensa, que gera cicatrização do folículo piloso e evolução para 
alopécia definitiva.
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O T. schoeleinii é dificilmente encontrado no Brasil. Seu parasitismo é um pouco diferente, existe o 
parasitismo do tipo endotrix, onde se vê artroconídios dentro do pelo, mas também nitidamente a 
presença de bolhas (único Trichophyton que forma essa bolha dentro do pelo). Há também o 
parasitismo do tipo ectotrix.
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TINEA IMBRICATA
A Tinea imbricata também é chamada de Tokelau (ilha do pacífico onde a doença foi primeiramente 
descrita). Ela é típica de populações isoladas, podendo ocorrer também microepidemias familiares.
Essa dermatofitose é caracterizada pela formação de círculos excêntricos, de tamanhos diferentes, 
que têm a borda mais branco-acinzentada e um aspecto escamoso. Ela é pruriginosa, podendo 
formar um aspecto liquenizante. Nesse caso, há a ausência de sinais inflamatórios.
O único agente de Tinea imbricata é o Tricophyton concentricum, que, como é um agente 
antropofílico, pode gerar transmissão inter-humana (causando as microepidemias familiares) e pelo 
compartilhamento de objetos íntimos.
QUAIS SÃO AS FERRAMENTAS DIAGNÓSTICAS DISPONÍVEIS?
Uma vez que o paciente apresenta clínica de dermatofitose, o mais indicado é que seja coletado o 
material, a ser levado para um laboratório. O médico deve solicitar um exame microscópico direto e 
a cultura. 
Pesquisa direta do material clinico
O exame microscópico direto consiste em pegar a amostra que foi coletada, isto é, os pelos ou as 
escamas de pele ou de unha, e olhar no microscópio para ver ser esse material tem alguma estrutura 
fúngica. O material é colocado sobre uma lâmina e corado/tratado com KOH 30% (clarificante, 
degrada as escamas deixando mais evidentes as estruturas fúngicas) e com Tinta Parker (tinta azul 
que impregna na parede celular facilitando a visualização do fungo).
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que impregna na parede celular facilitando a visualização do fungo).
Nas escamas epidérmicas e ungueais é possível ver a hifa, que indica que é um processo onde o 
microrganismo está causando a doença, ou os artroconídios, que seria a fragmentação dessas hifas, 
que indica a mesma coisa. Observar que são hifas hialinas septadas.
Lembrando que, uma vez feito o exame microscópico direito, deve ser pedido também o isolamento 
do fungo (cultura). O material, então, será semeado em meios específicos para dermatófitos, por 
isso é tão importante que o médico envie sua suspeita clínica. Depois de mais ou menos 7 a 14 dias, 
se o microrganismo crescer, será possível fazer a identificação.
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No pelo (também tratado com o KOH 30%, com tinta parker ou não) é possível o tipo de parasitismo 
dentro do pelo (endotrix) com os artroconídios e o tipo de parasitismo fora do pelo (ectotrix) 
também com os artroconídios. Também deve ser solicitada a cultura.
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Diagnóstico laboratorial: Histopatológico
Não é necessário fazer o corte histológico, visto que pelo exame microscópico direto já se consegue 
ver as estruturas fúngicas.
Nesse caso, é bastante utilizado o Ácido Periódico de Schiff.
Cultura
A cultura é feita por análises microscópicas e análises macroscópicas.
Nas análises macroscópicas, como é fungo filamentoso hialino, devem ser observadas a textura 
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Nas análises macroscópicas, como é fungo filamentoso hialino, devem ser observadas a textura 
(pulverulenta, granular, camurçada, cotonosa etc.), a topografia (plana, pregueada, cerebriforme, 
convexa etc.), a cor da colônia e a pigmentação (no reverso da colônia). 
Nas análises microscópicas, observamos o micélio vegetativo, onde se vê se as hifas são septadas ou 
asseptadas, hialinas ou demáceas, se tem presença de hifas em espiral, em raquete, entre outros. 
Nas estruturas reprodutivas, observa-se se existem microconídios ou macroconídios.
Por exemplo, o M. canis (zoofílico) é caracterizado por ter uma colônia com aspecto de gema de ovo, 
mais glabra, menos peluda, amarelada (reverso bem amarelado) e com seu conídio grande 
(macroconídio). Então, são fungos filamentosos hialinos septados que produzem macroconídios 
(mas também pode apresentar microconídios). Esses macroconídios têm as pontas afiladas 
(fusiforme) e são do tipo fragmosporo (todo fragmentado). Ao contar as células no macroconídio, 
para ser M. canis, é necessário ter mais de 6 células. Sua parede celular é mais espessa, podendo ser 
lisa ou um pouco equinulada (com uns espinhos).
O M. gypseum (geofílico) é bastante diferente, sua colônia é mais pulverulenta, que vai de um 
branco a bege (amarelo clarinho), seus macroconídios não são tão fusiformes (pontas mais 
arredondadas, como um charuto de desenho animado) e é possível ver microconídios das hifas 
hialinas septadas. Ao contar as células dentro dos macroconídios de M. gypseum só se chega até 6 
células.
O T. rubrum (que mais gera dermatofitose) possui uma colônia branca, mais cotonosa e com o 
reverso avermelhado. Ele forma hifas hialinas septadas com microconídios paralelos a elas e em 
forma de lágrima.
O T. mentagrophytes tem uma característica diferente de todos os dermatófitos, que é a produção 
de uma hifa em espiral. Então, ele possui uma hifa hialina septada com uma modificação, que é sua 
formação em espiral. Fora isso, possui conídios arredondados, que podem estar agrupados ou fixos 
na hifa. A colônia é uma colônia mais esbranquiçada e pulverulenta. 
O T. tonsurans parece uma centopeia, tem uma hifa hialina septada com microconídios alternados, 
um para um lado e um para o outro da hifa (ficam parecendo patinhas de centopeia). A colônia é 
uma colônia mais sulcada (com valas) e com coloração mais bege.
O T. schoenleinii (muito difícil de isolar) possui uma colônia com aspecto de vela derretida, numa cor 
mostarda e com periferia esbranquiçada. Não se vê presença de conídios, são visíveis só as hifas, 
mais alargadas e formando o que chamamos de candelabro flaboso.
Os tricophytons podem produzir macroconídios, que geralmente têm uma forma de caneta, mas são 
mais raros.
O E. floccosum tem uma característicade produzir macroconídios, que podem estar agrupados em 
cachos, todos dispostos na hifa, parecendo uma clava e com até 9 septos. Pode produzir também 
um único conídio fixo à hifa. Sua colônia é diferente de todas as outras, porque tem um aspecto que 
começa mais esbranquiçado, mas fica mais amarelo-esverdeado na periferia.
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TRATAMENTO
TRATAMENTO TOPICO
Se há uma infecção que não está disseminada e não acomete cabelos e unhas, como por exemplo 
Tinea corporis, Tinea cruris e Tinea pedis tipo seco, pode ser feito o tratamento tópico, que vai 
consistir de cremes, loções, sabonetes.
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Pode ser a base de algumas substâncias, como solução de iodo, ácido salicílico e ácido benzóico, 
principalmente em lesões de pele glabra, pés e unhas. Ainda, podem ser usados alguns derivados 
imidazólicos, como miconazol, oxiconazol, tioconazol e o isoconazol.
Como se fala mais de pele/pé, o tratamento dura de 2 a 4 semanas. No caso de pele e região 
inguinal, cerca de 2 semanas, já no pé demora um pouco mais, chegando a 4 semanas.
TRATAMENTO SISTEMICO
Agora, falando de Tinea capitis, que atinge o couro cabeludo, de uma Tinea corporis extensa, de uma 
onicomicose crônica ou de uma Tinea pedis crônica, o tratamento deve ser sistêmico.
Nesse caso, usa-se griseofulvina (antifúngico utilizado apenas para dermatofitose) para as Tinea 
capitis (30-45 dias), pedis (45 dias) e corporis (20 dias). Para crianças, uma dosagem de 10 a 20 
mg/kg e para adultos 500 mg/dia. Esse medicamento tem sido usado principalmente para a Tinea 
corporis extensa.
Além disso, é possível utilizar itraconazol (100 mg/dia), fluconazol (150 mg/semana) e terbinafina 
(250 mg/dia) para o tratamento de Tinea corporis (2-4 semanas), Tinea capitis (4-6 semanas) e Tinea 
unguium (3-6 meses para as mãos ou mais de 6 meses para os pés).
OBS.: O tratamento da Tinea corporis é o mais rápido e o da Tinea unguium é o mais demorado.
OBS. 2: Lembrar que os fungos antropofílicos têm tendência à resistência, visto que eles estão mais 
adaptados à célula humana.
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INTRODUÇÃO
Já falamos das micrses superficias propriamente ditas e das micoses superficiais cutâneas. Agora, 
falaremos um pouco das micoses "subcutâneas" causadas por fungos demáceos. 
Esse termo subcutâneo já não é tao utilizado, visto que nem todas as micoses causadas por fungos 
demaceos são só subcutaneas. A principal nomenclatura utilizada atualmente é "Micoses de 
implatação".
FUNGOS DEMÁCEOS
Falando um pouco dos fungos demáceos, são fungos cosmopolitas, grande parte deles vivem no 
solo, em vegetações, decompondo matéria orgânica. São microrganismos que são praticamente 
"avirulentos". Eles têm uma característica muito marcante que é a presença exacerbada da melanina 
na sua parede celular.
Então, quando se observa tanto a macro quanto a micromorfologia desses microrganismos, é 
possível ver que o micélio vegetativo é escuro. Porém, pode ser que a colônia cresça esbranquiçada, 
sendo apenas relevante observar o micélio vegetativo, logo o reverso da placa, que sempre estará 
enegrecido por conta das hifas amarronzadas.
21/09 - 1 - Micoses de implantação - Cromoblastomicose
terça-feira, 22 de setembro de 2020 21:13
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Esses fungos são pleomórficos, isto é, eles mudam sua forma dependendo se estão na natureza ou 
no tecido do hospedeiro.
A melanina é importante para esses fungos em diversos fatores, principalmente por eles estarem 
muito presentes no ambiente (fora de hospedeiros). A melanina, então, evita a desidratação da 
célula fúngica e protege da radiação ultravioleta. Além disso, ela tem um papel importante na 
patogênese do fungo, visto que consegue: remover os radicais oxidativos dos fagócitos, diminuindo 
a fagocitose; diminuir a susceptibilidade a antifúngicos e proteger contra enzimas proteolíticas.
Espectro de doenças causadas por fungos melanizados
Existem mais de 150 espécies de fungos demáceos, que estão distribuídas em 70 gêneros. A cada dia 
se tem um número maior de especies, visto que novas delas são constantemente relatadas, 
principalmente porque hoje em dia se tem uma população maior de imunocompretidos.
Então, esses microrganismos conseguem causar um espetro amplo de doenças, desde doenças 
superficiais até doenças disseminadas e de sítio profundo, por isso a nomenclatura "subcutânea" 
não é utilizada mais.
Como exemplos, nós temos: micose superficial cutânea causada por agentes de feohifomicose, 
cromoblastomicose, feohifomicose causando micose subcutânea, micetoma causando micose 
subcutânea, feohifomicose causando micose de sítio profundo ou disseminada etc.
SINDROMES CLINICAS
Fungos demáceos podem causar micose superficial cutânea, como por exemplo a Tinea Nigra; 
podem causar micose subcutânea, como por exemplo a cromoblastomicose, o micetoma e a 
feohifomicose; além disso, podem causar micoses sistêmicas, como as feohifomicoses sistêmicas.
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Variáveis associadas à plasticidade morfológica dos fungos demáceos
Esses microrganismos são fungos pleomórficos, ou seja, mudam de forma. Essas variáveis estão 
associadas à mudança morfológica desse microrganismo principalmente quando ele está no tecido 
do hospedeiro.
Então, esse microrganismo, quando está no solo por exemplo, está na sua forma micelial, contendo 
o micélio vegetativo e as hifas. Porém, quando ele infecta o hospedeiro e começa a desenvolver a 
doença, esse fungo apresenta formas diferentes daquela que está no solo, devido às diferenças 
teciduais, como o pH mais baixo, uma tensão menor de oxigênio e uma temperatura mais elevada.
Esse microrganismo, então, produz estruturas diferentes no tecido, como por exemplo a célula 
muriforme, que é uma estrutura arredondada bastante melanizada, que pode ser única ou dividida 
em 2 (septos longitudinais ou transversais). Essa célula recebe vários nomes diferentes: corpo 
esclerótico, corpo fumagoide, célula fumagoide, célula muriforme etc. Além disso, esses fungos 
podem produzir alterações nas hifas, formando o que chamamos de hifa toruloide, uma hifa 
acastanhada mais inchadinha (mais gordinha). Essas condições teciduais podem influenciar na 
produção de vários outros componentes celulares.
Dependendo da estrutura que se acha no tecido e do fungo que é isolado, é possível chegar no 
diagnóstico da doença.
PORTA DE ENTRADA
A porta de entrada desses microrganismos, como estamos falamos de micose de implantação, é o 
trauma transcutâneo. Esses microrganismos são encontrados no ambiente em matéria orgânica em 
decomposição, em material em putrefação, em ambientes úmidos etc. Então, o homem se acidenta 
e esse microrganismo é inoculado dentro do tecido, sendo que onde esse microrganismo é 
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e esse microrganismo é inoculado dentro do tecido, sendo que onde esse microrganismo é 
inoculado é o local onde vai se desenvolver a lesão.
ASPECTOS EPIDEMIOLOGICOS DAS MICOSES DE IMPLANTAÇÃO
Essas doenças têm aspectos epidemiológicos muito parecidos.
São típicas de regiões tropicais e subtropicais, com exceção da feohifomicose, que como possui a 
doença sistêmica pode ocorrer em qualquer lugar com pacientes imunocomprometidos e alguns 
outros fatores.
As pessoas mais atingidas são aquelas que trabalham com agricultura, com construtivismo e com 
construção civil, visto que estão mais em contato com o solo, principalmente os trabalhadores 
rurais. Por esse fator, elas acabam sendo consideradas doenças ocupacionais e acabam atingindo 
mais os homens. Já a idade com mais prevalência é aquela que condiz com a faixa onde a força de 
trabalho é maior (mais ou menos de 30 a 50 anos de idade).
Essas doenças geralmente ocorrem em casos isolados, com exceção da esporotricose, que pode 
gerar epidemias.
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Essas doenças são doenças que infelizmente não possuem notificação compulsória, isto é, são 
limitadas e negligenciadas

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