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1 A TCC, MÉTODOS E AS PERTURBAÇÕES 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE AS TCCS ............................. 5 PRINCIPIOS BÁSICOS DA TCC ............................................................. 7 MODELO COGNITIVO COMPORTAMENTAL ...................................... 10 NÍVEIS DE PROCESSAMENTO COGNITIVO ...................................... 13 TÉCNICAS DA TCC PODE AGRUPAR-SE EM: ................................... 15 NA TERAPIA COGNITIVA, OS CLIENTES APRENDEM A: .................. 17 DURAÇÃO E FOCO DA TERAPIA ........................................................ 19 Métodos comportamentais ..................................................................... 22 Referências ............................................................................................ 24 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é considerada por muitos a principal abordagem cognitiva da atualidade, constituindo uma integração de conceitos e técnicas cognitivo-comportamentais e diferenciando-se umas das outras de acordo com o enfoque predominante, cognitivo ou comportamental (Souza & Candido, 2010). A pesquisa e a prática clínica mostram que a TCC é efetiva na redução de sintomas e taxas de recorrência, com ou sem medicação, em uma ampla variedade de transtornos psiquiátricos (Knapp & Beck, 2008). A TCC consiste em um sistema de psicoterapia que se baseia na teoria na qual o modo como o indivíduo estrutura as suas experiências determina o modo como ele se sente e se comporta (Dattilio & Freeman, 1998). De acordo com a teoria, os sentimentos não são determinados por situações, mas sim pela forma como as pessoas interpretam tais situações. Nesse sentido, os transtornos psicológicos decorrem de um modo distorcido ou disfuncional de perceber os acontecimentos, influenciando assim, os afetos e os comportamentos (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1997). O tratamento inicial da TCC é focado no aumento da consciência por parte do paciente de seus pensamentos automáticos, e um trabalho posterior terá como foco as crenças nucleares e subjacentes (Knapp & Beck, 2008). O tratamento pode começar identificando e questionando pensamentos automáticos, o que pode ser feito através da orientação do terapeuta para que o paciente avalie tais pensamentos, principalmente quando há uma excitação emocional durante a sessão (Knapp & Beck, 2008). A TCC é uma terapia de curto prazo, com duração média de cinco a vinte sessões, é focalizada diretamente no problema, para os casos 4 comórbidos, o tratamento pode ser estendido por um período acima de vinte sessões. A TCC tem como premissa o princípio de que as cognições influenciam e controlam as emoções e os comportamentos; o modo como o indivíduo age ou se comporta pode afetar de forma significativa os padrões de pensamentos e emoção de um sujeito. A função cognitiva tem um papel essencial na TCC, visto que o ser humano avalia constantemente a relevância dos acontecimentos, tendo as cognições associadas às reações emocionais. Assim, no momento em que ocorre um evento, ocorre à avaliação cognitiva, desencadeando as emoções e consequentemente o comportamento do sujeito. Knapp destaca que a TCC tem como premissa a inter-relação entre cognição, emoção e comportamento. Um evento no cotidiano de um sujeito pode gerar diferentes formas de sentir e agir, mas não é o evento em si que desencadeia as emoções e os comportamentos, e sim o que se pensa em relação ao evento, ou seja, as emoções e os comportamentos são influenciados pelo que o indivíduo pensa. Observa também as distorções cognitivas, que são alternativas sistemáticas com que os indivíduos interpretam suas experiências. 5 SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE AS TCCS As abordagens em TCC compartilham bases comuns, embora haja diferenças consideráveis em princípios e procedimentos entre elas devido ao fato de que os pioneiros no desenvolvimento de intervenções cognitivo- comportamentais terem vindo de diferentes fundamentos teóricos. Por exemplo, ao passo que Aaron Beck e Albert Ellis tinham bases psicanalíticas, outros teóricos, como Meichenbaum, Goldfried e Mahoney, foram originalmente treinados em modificação do comportamento. De acordo com Dobson & Dozois, as abordagens atuais em TCC compartilham três proposições fundamentais. A primeira é o papel mediacional da cognição, que afirma que há sempre um processamento cognitivo e avaliação de eventos internos e externos que podem afetar a resposta a esses eventos; a segunda defende que a atividade cognitiva pode ser monitorada, avaliada e medida; e a terceira, que a mudança de comportamento pode ser mediada por essas avaliações cognitivas e, desta forma, pode ser uma evidência indireta de mudança cognitiva. A TCC pode ser contrastada dos tratamentos puramente comportamentais, nos quais a cognição não é uma variável explicativa importante e não é primariamente o foco da intervenção. Portanto, as abordagens voltadas estritamente para a mudança de comportamento, como o modelo estímulo-resposta, não são cognitivo-comportamentais; da mesma forma, qualquer terapia unicamente baseada em mudança cognitiva não é cognitivocomportamental. Qualquer forma de terapia que não inclua a proposição do modelo mediacional como componente importante do plano de tratamento não está incluída no escopo da TCC, e o termo “cognitivo- comportamental” não pode ser aplicado. Em resumo, uma característica definidora da TCC é o conceito de que os sintomas e os comportamentos disfuncionais são cognitivamente mediados e, logo, a melhora pode ser produzida pela modificação do pensamento e de crenças disfuncionais. TCCs são aplicadas a problemas ou transtornos específicos, uma característica que reflete sua herança da terapia comportamental e explica em 6 parte o limite de tempo de tratamento. Ao invés de implicar uma limitação das TCCs, sua natureza focada em problemas reflete um esforço contínuo para documentar efeitos terapêuticos, estabelecer fronteiras terapêuticas e identificar a terapia mais eficaz para um determinado problema. Um terceiro ponto em comum, o pressuposto de controle do paciente, enfatiza que o paciente é o agente ativo de seu tratamento.O pressuposto de controle do paciente é possível pelo tipo de problemas com os quais as TCCs clássicas tipicamente lidam, que incluem transtornos e problemas específicos, problemas de autocontrole e habilidades gerais de solução de problemas. Relacionado com o pressuposto de controle do paciente há um quarto ponto em comum: muitas TCCs são explícita ou implicitamente educativas por natureza, uma vez que o modelo terapêutico pode ser ensinado e a lógica para a intervenção é comunicada ao paciente, o que representa um contraste de outras abordagens psicoterápicas. O quinto ponto em comum deriva diretamente de seu processo educativo, já que a maioria das TCCs estabelece o objetivo implícito de que o paciente aprenderá sobre o processo terapêutico ao longo da terapia. Além de superar os problemas na terapia e, assim, aprender a prevenir recorrências, os pacientes também aprendem habilidades terapêuticas que eles próprios podem aplicar com abrangência a uma gama de diferentes problemas em suas vidas. Na TCC, os pacientes tornam-se seus próprios terapeutas. Conforme Dobson & Dozois apontaram, mesmo que terapias identificadas como cognitivo-comportamentais compartilhem uma série de características teóricas e práticas, e apesar de suas diversas sobreposições de procedimentos, “é tão apropriado afirmar que há de fato uma só abordagem cognitivo- comportamental quanto o é afirmar que há uma só terapia psicanalítica”.42 Entretanto, ao passo que TCCs em geral envolvem toda uma variedade de abordagens, a TC conforme desenvolvida por Beck, com seu conjunto próprio de princípios e metodologias e técnicas muito específicas, é razoavelmente uniforme. 7 PRINCIPIOS BÁSICOS DA TCC A prática clínica da terapia cognitivo-comportamental (TCC) baseia-se em um conjunto de teorias bem-desenvolvidas que são usadas para formular planos de tratamento e orientar as ações do terapeuta. A TCC é uma abordagem de senso comum que se baseia em dois princípios centrais: 1. nossas cognições têm uma influência controladora sobre nossas emoções e comportamento; e 2. o modo como agimos ou nos comportamos pode afetar profundamente nossos padrões de pensamento e nossas emoções. Os elementos cognitivos dessa perspectiva foram reconhecidos pelos filósofos estóicos Epíteto, Cícero, Sêneca, entre outros, 2 mil anos antes da introdução da TCC (Beck et al., 1979). O estóico grego Epíteto, por exemplo, escreveu em seu Enchiridion que “os homens não se perturbam pelas coisas que acontecem, mas sim pelas opiniões sobre as coisas” (Epitectus 1991, p. 14). Também nas tradições filosóficas orientais, como o taoísmo e o budismo, a cognição é considerada como uma força primária na determinação do comportamento humano (Beck et al., 1979; Campos, 2002). A perspectiva de que o desenvolvimento de um estilo saudável de pensamento pode reduzir a angústia ou dar uma maior sensação de bem-estar é um tema comum entre muitas gerações e culturas. O filósofo persa da Antigüidade Zoroastro baseou seus ensinamentos em três pilares principais: pensar bem, agir bem e falar bem. Benjamin Franklin, um dos pais da constituição dos Estados Unidos, escreveu extensamente sobre o desenvolvimento de atitudes construtivas, as quais ele acreditava que influenciavam favoravelmente o comportamento (Isaacson, 2003). 8 Aaron T. Beck foi a primeira pessoa a desenvolver completamente teorias e métodos para aplicar as intervenções cognitivas e comportamentais a transtornos emocionais (Beck, 1963, 1964). Embora tenha partido de conceitos psicanalíticos, Beck observou que suas teorias cognitivas eram influenciadas pelo trabalho de vários analistas pós-freudianos, como Adler, Horney e Sullivan. O foco destes nas auto-imagens distorcidas pressagiava o desenvolvimento de formulações cognitivo comportamentais mais sistematizadas dos transtornos psiquiátricos e da estrutura da personalidade (D. A. Clark et al., 1999). A teoria dos construtos pessoais (crenças nucleares ou auto-esquemas) de Kelly (1955) e a terapia racional-emotiva de Ellis também contribuíram para o desenvolvimento das teorias e dos métodos cognitivo- comportamentais (D. A. Clark et al., 1999; Raimy, 1975). As primeiras formulações de Beck centravam-se no papel do processamento de informações desadaptativo em transtornos de depressão e de ansiedade. Em uma série de trabalhos publicados no início da década de 1960, ele descreveu uma conceitualização cognitiva da depressão na qual os sintomas estavam relacionados a um estilo negativo de pensamento em três domínios: si mesmo, mundo e futuro (a “tríade cognitiva negativa”; Beck, 1963, 1964). A proposta de Beck de uma terapia cognitivamente orientada com o objetivo de reverter cognições disfuncionais e comportamentos relacionados foi então testada em um grande número de pesquisas (Butler e Beck, 2000; Dobson, 1989; Wright et al., 2003). As teorias e os métodos descritos por Beck e por muitos outros colaboradores do modelo cognitivo-comportamental estenderam-se a uma grande variedade de quadros clínicos, incluindo a depressão, os transtornos de ansiedade, os transtornos alimentares, a esquizofrenia, o transtorno bipolar, a dor crônica, os transtornos de personalidade e o abuso de substâncias. Foram realizados mais de 300 estudos controlados da TCC para uma série de transtornos psiquiátricos (Butler e Beck, 2000). Os componentes comportamentais do modelo de terapia cognitivo- comportamental tiveram seu início nos anos de 1950 e 1960, quando 9 pesquisadores clínicos começaram a aplicar as idéias de Pavlov, Skinner e outros behavioristas experimentais (Rachman, 1997). Joseph Wolpe (1958) e Hans Eysenck (1966) foram pioneiros na exploração do potencial das intervenções comportamentais, como a dessensibilização (contato gradual com objetos ou situações temidos) e treinamento de relaxamento. Muitas das abordagens iniciais ao uso dos princípios comportamentais para a psicoterapia prestavam pouca atenção aos processos cognitivos envolvidos nos transtornos psiquiátricos. Pelo contrário, o foco era moldar o comportamento mensurável com reforçadores e em eliminar as respostas de medo através de exposição. À medida que a terapia comportamental se expandia, vários investigadores proeminentes – como Meichenbaum (1977) e Lewinsohn e colaboradores (1985) – começaram a incorporar as teorias e estratégias cognitivas a seus tratamentos. Eles observaram que a perspectiva cognitiva acrescentava contexto, profundidade e entendimento às intervenções comportamentais. Além disso, Beck defendeu a inclusão de métodos comportamentais desde o início de seu trabalho, pois reconhecia que essas ferramentas são eficazes para reduzir sintomas, e conceitualizou um relacionamento estreito entre cognição e comportamento. Desde a década de 1960 houve uma unificação das formulações cognitivas e comportamentais na psicoterapia. Embora ainda existam alguns puristas que possam argumentar sobre os méritos de se utilizar uma abordagem cognitiva ou comportamental isolada, terapeutas mais pragmáticos consideram os métodos cognitivos e comportamentais como parceiros eficazes tanto em teoria quanto na prática. 10 MODELO COGNITIVO COMPORTAMENTAL Os principais elementos do modelo cognitivo-comportamental estão esquematizados na Figura 1.1. O processamento cognitivo recebe um papel central nesse modelo, porque o ser humano continuamente avalia a relevância dos acontecimentos internamente e no ambiente que o circunda (p. ex., eventos estressantes, comentários ou ausência de comentários dos outros, memórias de eventos do passado, tarefas a serem feitas, sensações corporais), e as cognições estão freqüentemente associadas às reações emocionais. 11 Por exemplo, Richard, um homem com um transtorno de ansiedadesocial, teve os seguintes pensamentos enquanto se preparava para participar de uma festa em seu bairro: “Não vou saber o que dizer... Todo mundo vai ver que estou nervoso... Vou parecer um desajustado... Vou travar e querer ir embora imediatamente”. As emoções e as respostas psicológicas estimuladas por essas cognições desadaptativas eram previsíveis: ansiedade severa, tensão física e excitação autonômica. Ele começou a suar, sentia um frio na barriga e ficou com a boca seca. Sua resposta comportamental também foi problemática. Em vez de enfrentar a situação e tentar adquirir habilidades para dominar as situações sociais, ele telefonou para a pessoa que o convidou e disse que estava gripado. A evitação da situação temida reforçou o pensamento negativo de Richard e tornou-se parte de um ciclo vicioso de pensamentos, emoções e comportamento que aprofundou seu problema com a ansiedade social. Cada vez que fazia uma manobra para fugir de situações sociais, suas crenças sobre ser incapaz e vulnerável se fortaleciam. Essas cognições de medo, então, 12 amplificaram seu desconforto emocional e tornaram menos provável que se envolvesse em atividades sociais. Ao tratar problemas como os de Richard, os terapeutas cognitivo- comportamentais podem partir de uma série de métodos voltados para todas as três áreas de funcionamento patológico identificadas no modelo básico de TCC: cognições, emoções e comportamentos. Por exemplo, Richard poderia ser ensinado a reconhecer e mudar seus pensamentos ansiosos, a utilizar o relaxamento ou a geração de imagens mentais para reduzir as emoções ansiosas ou a implementar uma hierarquia gradual para romper o padrão de evitação e desenvolver habilidades sociais. No processo psicoterapêutico da TCC, há uma busca pelo desenvolvimento de processos conscientes e adaptativos de pensamento, como o pensamento racional e a solução de problemas. Além disso, espera-se que o paciente reconheça e modifique sua maneira patológica de pensar, especificamente em dois níveis de processamento de informações, que são os pensamentos automáticos e os esquemas (Wright et al., 2008). A TCC preza por uma aliança terapêutica segura, que se embase em cordialidade, atenção, respeito genuíno, empatia e competência. Além disso, busca enfatizar problemas atuais e situações que provoquem aflição no paciente. No processo de tratamento, são utilizadas técnicas que visam 13 reestruturação de pensamento, humor e comportamento NÍVEIS DE PROCESSAMENTO COGNITIVO Foram identificados três níveis básicos de processamento cognitivo por Beck e seus colegas (Beck et al., 1979; D. A. Clark et al., 1999; Dobson e Shaw, 1986). O nível mais alto da cognição é a consciência, um estado de atenção no qual decisões podem ser tomadas racionalmente. A atenção consciente nos permite: 1. monitorar e avaliar as interações com o meio ambiente; 2. ligar memórias passadas às experiências presentes; 3. controlar e planejar ações futuras (Sternberg, 1996). Na TCC, os terapeutas incentivam o desenvolvimento e a aplicação de processos conscientes adaptativos de pensamento, como o pensamento racional e a solução de problemas. O terapeuta também dedica bastante esforço 14 para ajudar os pacientes a reconhecer e mudar o pensamento patológico em dois níveis de processamento de informações relativamente autônomo: pensamentos automáticos e esquemas (Beck et al., 1979; D. A. Clark et al., 1999; Wright et al., 2003). Pensamentos automáticos são cognições que passam rapidamente por nossas mentes quando estamos em meio a situações (ou relembrando acontecimentos). Embora possamos estar subliminarmente conscientes da presença de pensamentos automáticos, normalmente essas cognições não estão sujeitas à análise racional cuidadosa. Esquemas são crenças nucleares que agem como matrizes ou regras subjacentes para o processamento de informações. Eles servem a uma função crucial aos seres humanos, que lhes permite selecionar, filtrar, codificar e atribuir significado às informações vindas do meio ambiente. Ao contrário da terapia de orientação psicodinâmica, a TCC não postula estruturas ou defesas específicas que bloqueiam os pensamentos da consciência (D. A. Clark et al., 1999). Em vez disso, a TCC enfatiza técnicas destinadas a ajudar os pacientes a detectar e modificar seus pensamentos profundos, especialmente aqueles associados com sintomas emocionais, como depressão, ansiedade ou raiva. A TCC ensina os pacientes a “pensar sobre o pensamento” para atingir a meta de trazer as cognições autônomas à atenção e ao controle consciente. A TCC não quer encobrir problemas reais. Se uma pessoa estiver passando por dificuldades substanciais, métodos cognitivos e comportamentais são usados para ajudá-la a enfrentar a situação. Contudo, em pessoas com transtornos psiquiátricos, normalmente há oportunidades excelentes de apontar erros no raciocínio e outras distorções cognitivas que podem ser modificadas com as intervenções da TCC. 15 TÉCNICAS DA TCC PODE AGRUPAR-SE EM: Técnicas mais cognitivas: são todas as técnicas destinadas a descobrir e modificar os pensamentos, esquemas, crenças, ideias automáticas irracionais, como por exemplo identificar erros e distorções de pensamento; avaliação dos rótulos negativos, procura de variações nos pensamentos automáticos, clarificação de valores pessoais, identificar e mudar previsões negativas, identificar evidências a favor e contra o pensamento automático, desenvolver um pensamento amigável (em vez de auto- crítico), despolarização das comparações, etc. Técnicas mais comportamentais: técnicas que envolvem ativação do comportamento, ação, estimulando um movimento positivo e a esperança, como por exemplo técnicas de relaxamento e de exposição aos sintomas e situações temidos, provocação dos sintomas de ansiedade temidos, modelagem e ensaio de novos comportamentos, agir de acordo com um horário de atividades de prazer, exercícios de role- play, exercícios de imagens mentais, etc Técnicas emocionais, que envolvem a compreensão, identificação e a gestão das emoções, como por exemplo o mindfulness (aceitação - 16 plena), desenvolver a inteligência emocional, auto- motivação, reconhecer as emoções dos outros, gerir relacionamentos, auto- compaixão, exposição às emoções temidas, experienciar prazer e emoções positivas, etc. Técnicas interpessoais, que visam uma boa comunicação e relação social, como por exemplo saber ouvir e comunicar, compreender a linguagem corporal, gerir o não- verbal , auto expressão, assertividade, etc. A TCC tem princípios muito claros e diretos, pois é muito compreensível e lógica, de forma a utilizar-se no dia-a-dia. Mas muitas vezes não pensamos nem agimos de forma lógica e ainda menos racional, devido a uma série de fatores, como hábitos pouco construtivos ou ao estado de humor negativo do momento. Qualquer problema psicológico pode ser descrito ou explicado em termos de pensamentos, emoções e comportamentos. 17 NA TERAPIA COGNITIVA, OS CLIENTES APRENDEM A: Distinguir entre pensamentos, sentimentos e a própria realidade. Muitas vezes usamos as palavras “pensar” e “sentir” como sinônimos (por exemplo, “Eu sinto que seria uma má decisão comprar esse carro” – Esse é um pensamento, não um sentimento). Na verdade, nós às vezes não são somos conscientes dos pensamentos automáticos que acompanham sentimentos. 18 Por exemplo, pode sentir-se particularmente triste depois de receber críticas de um chefe sem estar consciente do pensamento, “Agora eu nunca terei a promoção e não será capaz de dar ao luxo de comprar uma casa.” Na terapia cognitiva, os clientes primeiro treinam, identificam, escrevem e distinguem entrepensamentos e sentimentos. Tornar-se consciente das maneiras que os seus pensamentos influenciam os seus sentimentos. Os clientes em terapia cognitiva analisam as suas próprias experiências, associadas a uma mudança no humor e na ligação destes com as suas respostas comportamentais. O que estava a pensar antes de notar que estava a ficar triste? Quando tem o pensamento automático: “Eu não consigo fazer nada direito”, como se sente? Quando enfrentar esses pensamentos e sentimentos é mais provável que você faça algo construtivo ou desistir? Que tipo de comportamento aumenta a probabilidade de sucesso? Por exemplo, se não age como gostaria de agir, poderão existir pensamentos ou crenças auto- desmoralizantes, críticos ou perfeccionistas que paralisam a ação; se estamos a exigir demasiada perfeição de um comportamento, isto pode criar tanta tensão que o mais certo é uma paralisação, devido ao medo de falhar, como se esta “falha” fosse uma catástrofe. Avaliar criticamente a veracidade de seus pensamentos automáticos e suposições. Os clientes em terapia cognitiva são incentivados a desafiar os seus pensamentos automáticos, considerando os factos, a realidade, as explicações alternativas e a conduzir experiências comportamentais informais. O objetivo é não adotar uma visão irrealisticamente otimista ou positiva. Pelo contrário, aprende-se a considerar o bem e o mal, as provas a favor e contra, e chegar a um pensamento mais correto e lógico, menos preconceituoso, e muitas vezes a conclusões mais razoáveis e flexíveis. Por exemplo, imagine que (a) recebe feedback crítico de seu chefe, (b) 19 tem o pensamento automático: “Eu não consigo fazer nada direito”, e então (c) se sente triste. Pode aprender a avaliar criticamente o conteúdo real do feedback, as circunstâncias do feedback e que provas você tem (pró e contra) que você não consegue fazer nada direito, a fim de avaliar a precisão e utilidade do que o pensamento inicial automático lhe sugeria. Desenvolver as habilidades para perceber, interromper e intervir ao nível dos pensamentos automáticos e como eles acontecem. Finalmente, o objetivo da terapia cognitiva é desenvolver as habilidades para modificar processos cognitivos habituais. Como acontece com qualquer habilidade, é preciso tempo e prática para obter a eficácia de aplicar técnicas de terapia cognitiva. DURAÇÃO E FOCO DA TERAPIA A TCC é uma terapia voltada para o problema geralmente aplicada em um formato de curto prazo. O tratamento para depressão ou transtornos de ansiedade descomplicados normalmente dura de 5 a 20 sessões. Entretanto, cursos mais longos de TCC podem ser necessários se houver condições co- mórbidas ou se o paciente possuir sintomas crônicos ou resistentes a tratamento. A TCC para transtornos de personalidade, psicoses ou transtorno bipolar pode precisar ser estendida para além das 20 sessões. Além disso, pacientes com doenças crônicas ou recorrentes podem se beneficiar com um desenho de terapia no qual a maior parte da TCC é mais pesada nos primeiros meses de tratamento (i.e., com visitas semanais), mas depois o terapeuta continua a atender o paciente em sessões de reforço intermitentes por períodos mais longos. Psiquiatras experientes nesse método 20 podem usar a TCC em combinação com farmacoterapia em sessões curtas durante a fase de manutenção de depressão recorrente, transtorno bipolar ou outras doenças crônicas. A TCC normalmente é aplicada em sessões de 45 a 50 minutos. Mas sessões mais longas têm sido implementadas com sucesso para o rápido tratamento de pacientes com transtornos de ansiedade (Öst et al., 2001). Sessões de menos de 50 minutos normalmente são recomendadas para pacientes internados, pessoas com psicose e outros com sintomas graves que interferem substancialmente na concentração (Kingdon e Turkington, 2004; Stuart et al., 1997; Wright et al., 1992). Além disso, sessões curtas de 25 minutos provaram ser eficazes para o tratamento de depressão se combinadas com um programa auxiliar via computador (Wright et al., 2005). Uma forma breve de TCC aplicada em combinação com um programa de computador foi descrita para o tratamento de transtorno de pânico (Newman et al., 1997). Um outro formato para sessões abreviadas de terapia às vezes é usado por psiquiatras experientes em TCC. São empregadas sessões curtas com medicações e auxiliares de tratamento, como a terapia assistida por computador e livros de auto-ajuda, como alternativa à tradicional “hora de 50 minutos”. A TCC concentra-se primordialmente no aqui-e-agora. No entanto, é essencial ter uma perspectiva longitudinal – incluindo a consideração do desenvolvimento na primeira infância, histórico familiar, traumas, experiências evolutivas positivas e negativas, educação, história de trabalho e influências sociais – para entender completamente o paciente e planejar o tratamento. É enfatizada uma abordagem voltada para o problema porque a atenção às questões atuais ajuda a estimular o desenvolvimento de planos de ação para combater sintomas como desesperança, desamparo, evitação e procrastinação. Além disso, as respostas cognitivas e comportamentais a eventos recentes são mais acessíveis e verificáveis do que as reações a ocorrências no passado distante. Um benefício adicional de trabalhar primordialmente no funcionamento atual é uma redução da dependência e da regressão no relacionamento terapêutico (Wright et al., 2003). 21 Uma das vantagens da abordagem da TCC é a aquisição de habilidades que podem reduzir o risco de recaída. Aprender como reconhecer e mudar pensamentos automáticos, utilizar métodos comportamentais comuns e implementar as outras intervenções descritas anteriormente neste capítulo podem ajudar os pacientes a lidar futuramente com ativadores dos sintomas. Por exemplo, uma pessoa que aprende a reconhecer erros cognitivos nos pensamentos automáticos pode ser mais capaz de evitar o pensamento catastrófico em situações estressantes com as quais poderá se deparar após o término da terapia. Durante as fases finais da TCC, em geral o terapeuta se concentra especificamente na prevenção da recaída ao ajudar o paciente a identificar problemas em potencial, os quais têm uma alta probabilidade de causar dificuldades. Depois, são utilizadas técnicas de treinamento para praticar maneiras eficazes de enfrentamento. A TCC é uma das formas mais amplamente praticadas de psicoterapia para transtornos psiquiátricos. Essa abordagem de tratamento se baseia em preceitos sobre a função da cognição no controle da emoção e dos comportamentos humanos, os quais foram traçados através de escritos de filósofos desde a Antigüidade até os dias de hoje. Os construtos que definem a TCC foram desenvolvidos por Aaron T. Beck e outros psiquiatras e psicólogos influentes, a partir dos anos de 1960. A TCC distingue-se por uma grande quantidade de pesquisas que examinaram suas teorias básicas e demonstraram a eficácia do tratamento. O processo de aprendizagem para se tornar um terapeuta cognitivo- comportamental qualificado envolve estudar as teorias e os métodos básicos, examinar exemplos de intervenções de TCC e praticar essa abordagem de tratamento com pacientes. 22 Métodos comportamentais O modelo de TCC enfatiza que a relação entre cognição e comportamento é uma via de duas mãos. As intervenções cognitivas descritas acima, se implementadas com sucesso, têm probabilidade de ter efeitos salutares no comportamento. Da mesma forma, mudanças positivas no comportamento normalmente estão associadas a uma melhor perspectiva cognitiva. A maioria das técnicas comportamentais usadas na TCC destina-se a ajudar as pessoas a: 1. romper padrões de evitação ou desesperança; 2. enfrentar gradativamente situações temidas;3. desenvolver habilidades de enfrentamento; 4. reduzir emoções dolorosas ou excitação autônomica. São utilizados vários métodos psicoeducativos na TCC. As experiências de ensino nas sessões normalmente envolvem usar situações da vida do paciente para ilustrar os conceitos. 23 Comumente, o terapeuta dá breves explicações e as acompanha com perguntas que promovam o envolvimento do paciente no processo de aprendizagem. Várias ferramentas estão disponíveis para auxiliar os terapeutas a promover a psicoeducação. Alguns exemplos são a leitura de livros de auto- ajuda, apostilas, questionários de avaliação e programas de computador. 24 Referências Abramson LY, Seligman MEP, Teasdale J: Learned helplessness in humans: critique and reformulation. J Abnorm Psychol 87:49-74, 1978. Alloy LB, Ahrens AH: Depression and pessimism for the future: biased use of statistically relevant information in predictions for self versus others. J Pers Soc Psychol 52:366-378, 1987. Antonuccio D., Burns D., Danton WG (2002), Antidepressants: a triumph of marketing over science? Prevention & Treatment 5:Article 25. Apa. 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