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1 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 TUTORIA 4 – parte 1 TRONCO ENCÉFALICO – PONTE ANATOMIA DA PONTE - A ponte fica entre o mesencéfalo e o bulbo. - É a parte mais diladata do tronco encefálico e formada por estrias transversais que se fundem para formar o pedúnculo cerebelar medio. - Sulco basilar: divide a ponte em duas metades e é também o local onde passa a artéria basilar. ➢ NERVOS CRANIANOS DA PONTE: Formado por quatro pares de nervos cranianos: - Nervo trigêmeo (V) - Nervo abducente (VI) - Nervo facial (VII) - Nervo vestibulo-coclear (VIII) ➢ VISÃO DORSAL DA PONTE: - Posteriormente a ponte forma o assoalho do IV ventrículo (fossa rombóide). - Interiormente, o corpo do trapézio divide a ponte em uma parte ventral (base da ponte) e uma parte dorsal (tegmento da ponte). TRATOS E LEMNISCOS TRATOS: vias neurais são chamadas de tratos, que representam as estradas do sistema nervoso central. Os tratos são formados por neurônios que fazem sinapse uns com os outros, e esses neurônios podem ser classificados em neurônios de primeira ordem, segunda ordem ou terceira ordem dependendo de sua localização. Além disso, os tratos são nomeados de acordo com sua origem (primeira metade do termo) e término (parte restante do termo). Por exemplo, o trato espinotalâmico começa na medula espinhal (“espino”) e termina no tálamo (“talâmico”). Os tratos podem ser chamados de “lemniscos”, "pedúnculos" ou "fascículos", dependendo de seu curso, localização e projeção. FASCÍCULO: se refere a um trato mais compacto. LEMNISCO: trato sensitivo que tem como destino o tálamo, formado por um feixe em forma de fita. Sulco basilar te gm en to b as e 2 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 BASE DA PONTE ➢ FIBRAS LONGITUDINAIS: - Trato cortico-espinhal - Trato cortico-nuclear: nasce nas áreas motoras do córtex cerebral → e termina nos núcleos motores dos nervos cranianos do tronco encefálico (Na ponte: facial, trigêmeo e o abducente) - Trato cortico-pontino: nasce em várias áreas do córtex cerebral → e fazem sinapses nos neurônios dos núcleos pontinos. ➢ FIBRAS TRANSVERSAIS: - As fibras transversais constituem os axônios dos neurônios dos núcleos pontinos, que ultrapassam o plano mediano e se conectam no cerebelo, pelo pedúnculo cerebelar médio. TEGMENTO DA PONTE - Apresenta os NÚCLEOS HOMÓLOGOS A MEDULA, que são os núcleos dos nervos cranianos III, V, VI, VII e VIII e formação reticular. • Núcleo do nervo facial → as fibras do nervo fácil vão passar por cima do núcleo do nervo abducente formando uma elevação – colículo facial. • Núcleo do nervo abducente • Núcleo salivatório superior e o Núcleo lacrimal → juntos vãos inervar as glândulas submandibular, sublingual e lacrimal. • Núcleos do Nervo trigêmeo → (núcleo sensitivo principal, que é uma continuação do núcleo espinhal do trigêmo, localizado no bulbo) Estímulos sensitivos e motores de boa parte da cabeça. • Núcleos cocleares → (dorsal e ventral) recebe as fibras da porção cóclear do nervo vestíbulo-coclear, estando relacionados a audição. • Lemnisco lateral → formado por fibras carregando impulsos auditivos dos núcleos cocleares. • Núcleos vestibulares (superior e lateral) → relacionados a informações de equilíbrio e postura advindos do ouvido interno, chegando ao núcleo vestibular e seguindo para o cerebelo. - FIBRAS LONGITUDINAIS: • Lemnisco lateral → associado aos estímulos auditivos. • Lemnisco trigeminal → responsável pela sensibilidade trazida pelos núcleos do nervo trigêmeo. • Lemnisco medial → junção dos fascículos grácil e cuneiforme (medula espinhal), formado desde o bulbo. • Lemnisco espinhal → junção dos tratos espinho-talamico anterior e lateral - FORMAÇÃO RETICULAR: (rede de neurônios dispersos e não compactados na forma de núcleo) 3 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 • Núcleos da rafe → camada fina de células nervosas, que possuem a função de secretar serotonina para o resto do cérebro. • Locus cerúleos → formado por um aglomerado de neurônios capazes de sintetizar catecolaminas, em especial a noradrenalina. ▪ Seu papel é fundamental no desencadeamento de respostas ao estresse e às reações de fuga. O Cerúleo é também fundamental na fisiologia do sono e no início e manutenção do sono REM. NERVOS CRANIANOS DA PONTE ➢ NERVO TRIGÊMEO (V): • É um nervo misto (funções sensitivas e motoras), sendo a sensitiva consideravelmente maior. • Se divide em 3 ramos (por isso seu criativo nome) – localizados no mesencéfalo, ponte e bulbo. • O V par é o responsável pela sensibilidade geral (dor, calor, frio, tato) de toda a face e da sensibilidade geral dos 2/3 anteriores da língua. • A função motora é responsável pela motricidade dos músculos da mastigação (músculo masseter, músculo temporal, músculo pterigoideo...) ➢ NERVO ABDUCENTE (VI): • Sua função é exclusivamente motora, sendo o responsável pela movimentação do músculo reto lateral (responsável por movimentar o olho para fora). ➢ NERVO FACIAL (VII): • É um nervo misto. • Possui uma raiz motora (o nervo facial propriamente dito) e uma raiz sensitiva e visceral (o nervo intermédio). • Seu componente motor é o responsável pela motricidade dos músculos da mímica facial (expressão facial) – exceto o elevador da pálpebra superior. • Seu componente sensitivo é responsável pela sensibilidade especial (sensorial) de gustação dos 2/3 anteriores da língua. Também inerva as glândulas salivares maiores (submandibular e sublingual) e a glândula lacrimal. ➢ NERVO VESTIBULOCOCLEAR (VIII): • É composto por uma porção vestibular e outra porção coclear. A parte vestibular possui funções relacionadas ao equilíbrio. Já a parte coclear está envolvida com a audição. LESÕES DA PONTE ➢ LESÕES DO NERVO FACIAL: - Lesões do nervo facial em qualquer parte do seu trajeto resulta em paralisia facial dos músculos da expressão fácil. - Os músculos perdem o tônus e tornam-se flácidos: • Exemplo do músculo bucinador: quando está flácido, deixa com que ocorra vazamento de saliva pelo ângulo da boca do lado lesado. • Como a musculatura do lado oposto está normal, ocorre desvio da comissura labial para o lado normal, evidente quando o indivíduo sorri. 4 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 • O indivíduo não consegue soprar, assoviar e nem enrugar o lado correspondente a lesão. - A paralisia facial é classificada em duas: • Paralisia facial central → compromete a funcionalidade do primeiro neurônio motor (localizado no córtex) - lesões no trato cortico- nuclear. ▪ Possuem causa vascular, tumoral e traumática. ▪ Os sintomas: Plegia ou pararesia do quadrante inferior da face, do lado contralateral. Hipertonia e hiperreflexia. Presença de contrações involuntárias (espasmos). Obs. É importante lembrar que, o neurônio advindo do córtex cruzam antes de chegar ao núcleo facial. • Paralisia periférica (ou paralisia de Bell) → comprometimento do segundo neurônio motor (presente no núcleo facial, na ponte) – sensibilidade. ▪ Possui causa alérgica, autoimune, virótica entre outros. ▪ Sintomas: Plegia ou paresia de toda a hemiface homolateral/ ipislateral a lesão. Hipotonia e hiporreflexia. - Lesões do nervo facial, em seu trajeto, podem está associadas a lesão do VIII par (nervo vestíbulo-coclear) e também do nervo intermédio (parte sensitiva do nervo facial), com isso: • Perda da sensibilidade gustativa nos 2/3 anteriores da língua. • Alterações de equilíbrio e diminuição da audição. ➢ LESÃO DA BASE DA PONTE: - Lesões na base da ponte comprometem o trato cortico-epinhal e as fibras do nervo abducente. - Comoas fibras do trato cortico-espinhal só se cruzam no bulbo, uma lesão ao nível da ponte, causa hemiplegia no lado contralatral a lesão. (exemplo → lesão no lado direito da ponte, perda de motricidade do lado esquerdo). - Lesão do nervo abducente causa paralisia do músculo reto lateral do mesmo lado da lesão, o que impede o movimento do olho em direção lateral (abdução). • Como o olho não afetado move-se normalmente, os movimentos dos dois olhos deixam de ser conjugados, com isso o indivíduo vê duas imagens no objeto (diplopia). • Além disso, lesão do nervo abducente causa desvio do bulbo ocular em direção medial (estrabismo convergente). - Quando a lesão da base da ponte estende um pouco lateralmente, compromete as fibras do nervo facial, acrescentando os sinais de lesão do nevo (a lesão da base da ponte + lesão do nervo facial → SÍNDROME DE MILLARD-GUBLER) 5 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 ➢ LESÃO DA PONTE AO NÍVEL DO NERVO TRIGÊMEO: - Lesões na base da ponte podem comprometer em conjunto o trato cortico-espinhal e as fibras do nervo trigêmeo. - Lesão no trato cortico-espinhal causa hemiplegia do lado contralateral a lesão. - Enquanto que, lesões do nervo trigêmeo causam perturbações motoras e sensitivas: • Motora – paralisia da musculatura mastigadora do mesmo lado da lesão e desvio da mandíbula para o lado paralisado. • Sensitivas – anestesia da face do mesmo lado da lesão e perda do reflexo corneano. Obs. Reflexo corneano: leve toque da córnea com uma mecha de algodão provoca um piscar bilateral (via aferente é o nervo trigêmeo). Obs. A lesão pode se estender ao lemnisco medial (fascículo grácil e cuneiforme), determinando a perda da propriocepção consciente, do tato epicrítico e da sensibilidade vibratória do lado oposto ao lesado.