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Morte celular

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MORTE CELULAR 
• Quando a célula sofre injúria ela pode responder de três formas: adaptação 
celular, lesão reversível e, dependendo do tempo que se encontrar exposta à 
injúria ou de qual célula estamos falando, morte celular (lesão irreversível). 
→ Morte celular é um processo com sucessões de eventos, sendo muito difícil 
estabelecer qual é o fator que determina a irreversibilidade da lesão, ou seja, o 
chamado ponto de não retorno (ex.: quando a célula já é incapaz de restaurar 
sua função mitocondrial e quando há evidencias de dano na membrana 
celular). 
→ A morte celular pode ocorrer através da necrose ou através da apoptose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Necrose: 
 
→ É a morte celular ocorrida em organismo vivo e seguida de autólise (autólise é 
degradação enzimática das enzimas da própria células). 
→ Entendida como um conjunto das alterações morfológicas específicas 
(macroscópicas e microscópicas) indicativas de morte celular em animal vivo. 
→ É sempre patológica. 
→ Todo foco de necrose está associado com inflamação. 
→ Causas de necrose: redução de energia (redução de oxigenação); produção de 
radicais livres (por metabolismo intenso de uma célula ou quando tem 
hipoperfusão da célula); ação direta sobre enzimas; agressão direta à 
membrana citoplasmática. Mesmo a via sendo diferente, todas terão o mesmo 
processo/consequência: ativação de enzimas celulares e degradação do 
conteúdo celular 
→ Morfologia de uma célula em processo de necrose: reconhecer o tecido 
normal que está falando para ser feita uma comparação. Na célula necrosada 
vai haver alterações nucleares (picnose nuclear= núcleo picnótico; cariorrexe= 
fragmentação do núcleo picnótico; cariólise= não há mais a visualização do 
núcleo) e alterações do citoplasma (eosinofilia de citoplasma= a célula degrada 
proteína que começa a se condensar tendo uma afinidade maior pela eosina/ 
eosinofilia, assim ficando com uma coloração rosa mais forte; vai haver a 
quebra de ribossomos). 
 
➢ Macro e microscopicamente, as áreas de necrose tem aspectos 
particulares conforme sua natureza (tecido do qual estamos falando), 
sendo eles: necrose isquêmica; necrose caseosa; necrose por 
liquefação ou coliquativa; necroses gangrenosas (consequências da 
necrose); necrose de gordura. 
❖ Necrose isquêmica ou necrose de coagulação: caracteriza-se 
pela preservação da arquitetura básica dos tecidos mortos. 
Possui como características microscópicas células anucleadas 
(padrões celulares de picnose, cariolise e cariorexe) e 
eosinofílicas (eosinofilia do citoplasma) que persistem por dias 
ou semanas. Tem como causas a isquemia (ocasiona no infarto); 
exotoxinas bacterianas, fúngica, plantas e toxinas químicas; 
ausência de agentes antioxidantes. Possui como características 
macroscópicas músculo esbranquiçado, lesões esbranquiçadas 
com alo avermelhado ocasionadas pelo infarto. 
❖ Necrose caseosa: caracteriza- se pela área necrosada adquirir 
aspecto macroscópico de massa de queijo. Tem como causas 
mais frequentes as bactérias, os protozoários e os fungos de 
difícil eliminação. Caracteriza- se por ser mais crônica (devido ao 
processo inflamatório ser crônico o processo necrótico também 
é crônico, assim perdendo a característica do tecido que sofre 
necrose). Está associada a degradação das células pela própria 
enzima e a degradação pelos processos inflamatórios nas 
células que estão morrendo. Tem debris de leucócitos mortos. 
Pode haver calcificação. Macroscopicamente é observado 
massas grossas e friáveis no tecido necrótico. 
Microscopicamente está associado a processos inflamatórios 
granulomatosos. Exemplos: neoplasias, tuberculose, 
Mycobacterium bovis ou Mycobacterium tuberculosis, 
Corynebacterium sp. Em ovinos. Infarto é uma necrose 
isquêmica ocasionado pela não chegada do sangue naquele 
tecido. 
❖ Necrose por liquefação ou necrose coliquativa: é uma zona 
necrosada que adquire consistência mole, semifluida ou mesmo 
liquefeita. Acontece principalmente através da anóxia no tecido 
nervoso (não tem tecido conjuntivo de sustentação), na 
suprarrenal ou na mucosa gástrica. Nele há inflamações 
purulentas (ação de enzimas lisossômicas liberadas por 
leucócitos exsudados). Há abcessos na necrose por liquefação 
característico pelos neutrófilos necrosados. 
❖ Necroses gangrenosas: é uma forma de evolução de necrose 
(principalmente das necroses isquêmicas) que resulta da ação 
de agentes externos sobre o tecido necrosado. Dependendo do 
agente citado que se encontra agindo naquele tecido 
necrosado, pode ser uma gangrena seca, uma gangrena úmida 
ou uma gangrena gasosa. 
- Gangrena seca: tem como característica a desidratação da 
região atingida, especialmente quando em contato com o ar. 
Tem ocorrência nas extremidades dos membros. Possui 
geralmente como causa a isquemia. Geralmente não traz 
prejuízo ao animal. 
- Gangrena úmida ou pútrida: decorre da invasão da região 
necrosada por microrganismos anaeróbicos produtores de 
enzimas que tendem a liquefazer os tecidos mortos. Há a 
produção de gases de odor fétido que se acumulam em bolhas 
juntamente com o material liquefeito. Gera reações sistêmicas 
fatais, induzindo choque do tipo séptico. 
- Gangrena gasosa: ocorre em áreas de necrose secundária à 
contaminação do tecido necrosado com bactérias do gênero 
Clostridium que produzem enzimas proteolíticas e lipolíticas 
(que degradam proteínas e lipídeos) e grande quantidade de 
gás, sendo evidente a formação de bolhas gasosas. Não são 
putrefativas. Músculo se apresenta cheio de bolhas (músculo 
enfisematoso). Microscopicamente é observado fibras 
musculares necrosadas. 
❖ Necrose de gordura (saponificação de gordura): acontece 
quando há uma lesão de pâncreas (o pâncreas libera suas 
enzimas para as gorduras abdominais, assim tendo necrose de 
gordura devido a insuficiência pancreática) ,quando sofre 
alguma pancada e quando há um processo inflamatório aos 
redores que pode ocasionar processo de necrose de gordura. 
Macroscopicamente são observadas as áreas de necrose de 
gordura se apresentando mais esbranquiçadas que o normal 
(ex.: omento- áreas gordurosas). Microscopicamente é 
observado a saponificação da gordura dos adipócitos. 
 
Apoptose: 
→ É a morte programada da célula (a célula sofre a lesão, ativando vias 
metabólicas que levam ao suicídio da célula). 
→ É importante para modelar, para manter o número de células em um 
organismo, para agir no controle da proliferação e da diferenciação celular, 
para inibir neoplasias e para não desencadear um processo inflamatório. 
→ Seu processo é fisiológico/normal principalmente em tecidos de feto em 
desenvolvimento e nos órgãos normais da pele; entretanto pode ocorrer de 
forma patológica dependendo do agente citado. 
→ Está presente nos quadros patológicos, principalmente em lesões virais. 
Muitos vírus desencadeiam os quadros patológicos, mas muitos vírus 
bloqueiam o processo de apoptose, assim a célula infectada permanece viva 
por um período maior de tempo do que deveria. 
→ É através de cascatas de reações metabólicas dentro da célula que terá a 
fragmentação e dissolução da célula, porém de forma ordenada, assim 
formando seus corpos apoptóticos que serão fagocitados por outras células. 
→ É provocada por estímulos que resultam em: aumento da permeabilidade 
mitocondrial (via intrínseca) e na ativação de receptores de membrana que 
possuem domínios de morte (via extrínseca). 
→ A apoptose resulta sempre da ativação de proteases, as quais induzem 
modificações funcionais e morfológicas características do processo. Há 
inibidores dentro das células que inibem a ação das proteases. 
→ No apoptose não há processo inflamatório associado pois ocorre de uma 
forma organizada, não havendo o extravasamento do conteúdo celular para 
fora. 
→ Patogênese do apoptose: (livro Bases da patologia veterinária) 
 
 
→ Morfologia deuma célula em apoptose: não é facilmente reconhecida em 
exames microscópicos pois atinge células individualmente. A célula em 
apoptose se encolhe e o citoplasma fica mais denso; a cromatina se torna 
condensada e disposta em grumos; o núcleo se fragmenta (cariorrexe); a 
membrana citoplasmática emite projeções e forma brotamentos que contém 
fragmentos do núcleo (corpos apoptóticos- pequenos corpúsculos 
intensamente basófilos -quando em fragmento nuclear- ou fortemente 
acidófilos -quando em fragmento de citoplasma condensado), os quais são 
endocitados por células vizinhas; não desencadeia quimiotatismo (resposta 
inflamatória) 
A característica morfológica de uma célula em necrose é diferente das características 
de uma célula em apoptose. Pode haver necrose e apoptose em uma mesma célula ao 
mesmo tempo 
A apoptose ocorre em células individuais, enquanto a necrose ocorre uma morte 
celular em uma quantidade maior de células.

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