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PESPECTIVAS PROFISSIONAIS EM SERVIÇO SOCIAL

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Prévia do material em texto

Autoras: Profa. Daniela Emilena Santiago
 Profa. Renata Leandro
Colaboradoras: Profa. Amarilis Tudela Nanias
Profa. Glaucia Aquino
Perspectivas Profissionais 
em Serviço Social
Professoras conteudistas: Daniela Emilena Santiago e Renata Leandro
Daniela Emilena Santiago é assistente social graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialista 
em violência doméstica contra crianças e adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Psicologia 
pela Universidade Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP), campus de Assis (SP). Atualmente é funcionária pública 
municipal e atua como assistente social junto à Secretaria Municipal de Promoção Social do município de Quatá (SP); 
também exerce a função de docente do curso de Serviço Social da Universidade Paulista (UNIP), campus de Assis. 
Partindo de sua vinculação à Universidade Paulista como docente do curso de Serviço Social, emergiu a oportunidade 
de seu atrelamento também ao curso de graduação de Serviço Social na modalidade SEI, oferecida pela UNIP Interativa, 
sendo que tal vinculação proporcionou à docente ministrar aulas em tal modalidade na disciplina de Política Social de 
Habitação. Além dessa inserção, a docente em voga também ministrou aulas, na modalidade SEPI, no curso de pós-
graduação de Gestão em Políticas Sociais oferecido pela Universidade Paulista, na disciplina Política Social de Saúde. 
Além das experiências supra relatadas, a docente exerce a função de líder pela Universidade Paulista, o que pressupõe 
muita leitura dos conteúdos afetos à formação em Serviço Social para posterior colaboração na elaboração dos planos 
de ensino e demais intervenções que se façam necessárias no apoio à formação dos futuros assistentes sociais, sendo 
tal intervenção empreendida nos cursos de graduação das modalidades presencial e não presencial.
Renata Leandro reside no município de Campinas (SP). Em 2002, graduou-se em Serviço Social pela Pontifícia 
Universidade Católica de Campinas (PUC–Campinas); tem especialização na área de violência doméstica contra 
crianças e adolescentes pelo Laboratório da Criança (LACRI) do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo 
(USP, 2005), em sexualidade humana pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, 
2009) e é pós-graduanda em Formação em EaD pela UNIP. Atualmente é docente na UNIP, campus de Sorocaba, 
consultora em gestão pública e captadora de recursos e responsabilidade social no primeiro e no segundo setor. Possui 
experiência em gestão social, tendo atuado como gestora municipal no município de São Thomé das Letras (MG) e na 
Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos no estado do Rio de Janeiro. Atuou, também, em 
Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) no município de Campinas, no atendimento matricial de famílias e 
na área de crianças e adolescentes com suas respectivas famílias, no Projeto Rotas Recriadas (atualmente denominado 
Programa Municipal de Enfrentamento à Exploração Sexual Infanto-juvenil), de 2003 a 2007.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S235p Santiago, Daniela Emilena
Perspectivas profissionais em serviço social / Daniela Emilena 
Santiago; Renata Leandro - São Paulo: Editora Sol, 2012.
 128 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-031/12 , ISSN 1517-9230.
1. Serviço social. 2. Perspectivas profissionais. 3. Assistente social 
I.Título
CDU 65.01
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Profa. Melissa Larrabure
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Elaine Fares
Sumário
Perspectivas Profissionais em Serviço Social
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 O TRABALHO NO CAPITALISMO ..................................................................................................................11
2 AS CONTRADIÇõES DO TRABALHO NO CAPITALISMO ..................................................................... 15
2.1 O capitalismo e a exploração da força de trabalho ................................................................ 16
2.2 Estratégias do capitalismo para alcançar seus interesses ................................................... 18
2.3 A Revolução Industrial e a maior precarização da relação capital/trabalho ............... 19
2.4 A relação capital/trabalho ................................................................................................................. 21
2.4.1 Capital/trabalho: uma relação de conflitos sociais ................................................................... 21
2.5 A organização da assistência social e o importante estudo de Mary Richmond ...... 25
3 O NEOLIBERALISMO E A PRECARIZAÇÃO NAS RELAÇõES DE TRABALHO ............................... 28
3.1 O significado contemporâneo da questão social no Brasil ................................................. 30
3.2 O neoliberalismo e a “nova questão social”............................................................................... 31
3.3 A questão social em uma sociedade em transformação ..................................................... 31
3.4 Decifrando a nova questão social... não tão nova assim! .................................................... 34
3.5 Formas de enfrentamento da questão social no Brasil ........................................................ 35
3.6 Reflexão acerca da exclusão social ............................................................................................... 37
4 TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL: A PROFISSÃO ANTE AS TRANSFORMAÇõES
SOCIETáRIAS RECENTES ................................................................................................................................... 43
4.1 Trabalho e serviço social .................................................................................................................... 44
4.2 O cenário atual, suas incidências na questão social e a consolidação
do projeto ético-político do serviço social ........................................................................................ 51
4.3 O redimensionamento da profissão: o mercado e as condições de trabalho .............. 58
Unidade II
5 AS DEMANDAS E AS RESPOSTAS DA CATEGORIA PROFISSIONAL AOS PROJETOS
SOCIETáRIOS ......................................................................................................................................................... 68
5.1 As demandas profissionais no âmbito das relações entre o estado
e a sociedade ................................................................................................................................................. 69
6 CONDIÇõES DE TRABALHOE RESPOSTAS PROFISSIONAIS ............................................................ 74
Unidade III
7 A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL ............................................... 80
7.1 A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervenção 
profissional ..................................................................................................................................................... 80
7.1.1 A pré-história dos instrumentais no serviço social e as práticas desenvolvidas
pelos primeiros profissionais ......................................................................................................................... 81
7.1.2 Instrumentalidade e fazer profissional na contemporaneidade ......................................... 87
8 AS DIMENSõES éTICO-POLíTICAS, TéCNICO-OPERATIVAS E TEóRICO-METODOLóGICAS
NO SERVIÇO SOCIAL CONTEMPORâNEO E OS RUMOS éTICO-POLíTICOS DO TRABALHO 
PROFISSIONAL ...................................................................................................................................................... 93
8.1 As competências do serviço social na contemporaneidade: política, ética,
investigação e intervenção ...................................................................................................................... 97
7
APRESENTAÇÃO
Considerando as diversas modalidades de formação prestadas pela Universidade Paulista aos futuros 
assistentes sociais, e tendo em vista sempre a qualidade prestada nessa formação, houve a demanda pela 
elaboração do presente livro-texto, que irá trabalhar os conceitos relacionados à disciplina Perspectivas 
Profissionais em Serviço Social e será de fundamental importância em seu processo formativo. 
Nas próximas páginas, discutiremos as informações necessárias para que o conteúdo em questão 
possa ser trabalhado de tal forma que seja possível colaborar em seu processo formativo.
A disciplina Perspectivas Profissionais em Serviço Social baseia-se na compreensão do processo 
intrínseco às estratégias criadas pelo estado e pelo capital para instituir os mecanismos de controle da 
classe trabalhista e o refreamento dos conflitos entre trabalhadores e empresariado, o que faz surgir a 
questão social, que é a matéria-prima do serviço social, bem como seus reflexos.
Estudaremos como o mesmo se constitui em instrumento de preservação e controle da força de 
trabalho, por meio de políticas públicas sociais, analisando como o estado deve intervir na administração 
das expressões da questão social para minimizar as mazelas sociais provocadas/geradas pelo modo de 
produção capitalista, concentrador da riqueza socialmente produzida.
Tal concepção se torna fundamental, posto que é a partir de tal administração dos conflitos entre 
as classes e ainda junto às expressões da questão social por parte do estado que são constituídos 
os espaços de atuação profissional do assistente social, ou, dito de outra forma, se constituem suas 
possibilidades de instituição em um espaço sócio-ocupacional. Esses espaços de trabalho podem ser por 
nós compreendidos como as perspectivas profissionais do serviço social, que englobam tanto conceitos 
relacionados à prática profissional quanto afetos ao mercado de trabalho desse profissional.
Para isso, é importante ainda lembrar que a questão social está relacionada às estruturas sociais, 
históricas e políticas de um país e apresenta-se de forma diferente nas diversas sociedades; no interior 
delas, configura-se e reconfigura-se de acordo com as mudanças estabelecidas pelas estruturas 
capitalistas. No sentido acima mencionado, a compreensão do mercado de trabalho e das perspectivas 
profissionais demanda também a compreensão do que se convencionou denominar “questão social” e 
dos processos que vimos vivenciando e que têm provocado alterações junto a esse fenômeno.
Frente a toda essa conjuntura, é necessário entender os meios que a profissão identifica para atuar 
junto à questão social. Atualmente, toda a nossa categoria profissional tem refletido, no sentido acima 
citado, sobre o conceito de instrumentalidade e, a fim de melhor compreendê-lo, também refletiremos 
sobre a instrumentalidade do serviço social. A instrumentalidade de que se vale o profissional refere-se à 
capacidade adquirida por meio da profissão, que possibilita responder às demandas colocadas ao serviço 
social com o exercício de sua práxis, não representando somente um conjunto de instrumentos com o 
qual os assistentes sociais desenvolvem seu exercício profissional.
Assim, a disciplina Perspectivas Profissionais em Serviço Social tem como objetivo possibilitar ao 
educando a compreensão crítica do profissional em suas diferentes realidades de trabalho, visando a 
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ações baseadas em teorias e legislações para distanciar-se de ações imediatistas, com o entendimento 
dos instrumentos técnico-operativos utilizados para potencializar sua atuação frente aos desafios das 
expressões da questão social.
Para tanto, também busca a compreensão da institucionalização do serviço social; da relação deste 
com o capitalismo; do surgimento da questão social a partir dos fatores históricos, políticos, sociais 
e econômicos; da atuação do estado no modo econômico capitalista, bem como busca entender o 
enfrentamento dos reflexos da questão social, as relações de trabalho e sua construção, sua precarização 
e o desemprego como a própria “nova questão” e suas manifestações na sociedade brasileira.
Pretendemos, desta maneira, torná-lo apto a identificar as singularidades existentes nas diferentes 
formas de agir, já que é preciso analisar a realidade apresentada pelo público-alvo e a organização em 
que trabalha para não fazer das situações-problema um fim nelas mesmas e utilizar corretamente os 
instrumentais técnicos do serviço social.
INTRODUÇÃO
Ao tratarmos das perspectivas profissionais em serviço social, retrataremos a atuação profissional e os 
procedimentos técnico-operativos que são reflexões acerca das fontes que estão direta ou indiretamente 
relacionadas à profissão e ao cotidiano da prática profissional.
Podemos entender que a prática do assistente social seja desenvolvida pela combinação de diversos 
fatores, entre eles: o relacionamento com os que necessitam de seus serviços e buscam por eles; os 
instrumentais utilizados para o desenvolvimento satisfatório de suas funções, conforme as prerrogativas 
de suas atividades; os possíveis conflitos; a qualificação técnica profissional e a metodologia empregada.
é vasto e diversificado o campo de inserção do assistente social no mercado de trabalho, que é bastante 
dinâmico, como a própria realidade social em que o profissional atua. A sociedade sofre modificações 
constantes, o que ocorre também com nossa atuação profissional, seja do aspecto teórico seja do ponto de 
vista prático. Assim, surgem sempre novos campos de atuação, o que aumenta as possibilidades profissionais.
Portanto, esta disciplina não pretende elaborar um manual de atuação profissional com modelos 
inquestionáveis a serem seguidos. Considerando a diversidade de atuação existente na profissão, não 
se pretende aqui esgotar uma discussão sobre o estudo, a pretensão é definir algumas das atribuições 
e práticas do profissional e proporcionar análises de situações e conceitos utilizados pelo serviço social.
Os instrumentais técnico-operativos estão em constante desenvolvimento, são modificados 
diariamente pela atuação dos assistentes sociais, tanto no campo teórico como no campo prático, 
o qual denominamos como práxis profissional. Sua atuação em diversas áreas é resultado de muitos 
elementos relacionados, que podem ser de ordem profissional, social e institucional.
Com tal intento, organizaremos o presente material da seguinte maneira: iniciaremos com uma 
discussão sobre a categoria trabalho, para em seguida discutirmos o conceito da instrumentalidade, 
concluindo com as respostas da categoria profissional às demandas emergentes.9
A argumentação sobre o trabalho pretende discutir as mudanças contemporâneas em tal categoria 
e, na sequência, discutiremos o conceito de trabalho na área de serviço social, introduzindo a noção 
de processo de trabalho. Devido à introdução da discussão do processo de trabalho, se fará necessária 
uma reflexão sobre a questão social, objeto de trabalho do assistente social. Derivando ainda dessa 
compreensão, iremos observar como as mudanças processadas junto à questão social provocam também 
alterações na prática do assistente social, e como essas situações influenciam no mercado de trabalho 
desse profissional.
Ainda na Unidade I, refletiremos sobre a importância do projeto ético-político do serviço social 
assumido por toda a nossa categoria profissional frente às mudanças acontecidas e que alteram 
significativamente o nosso mercado de trabalho.
Dando sequência a tais conteúdos, pensaremos sobre as demandas que são postas a nossa categoria 
profissional e as possibilidades de resposta a elas. Assim, na Unidade II destacaremos as respostas 
conferidas pela categoria profissional a essas demandas, sendo que elas estão condicionadas pelas 
relações de classe da sociedade capitalista e mediadas pelo estado. No sentido elencado, enfatizaremos 
as respostas às demandas apresentadas pelo estado e pela sociedade civil.
Considerando tal concepção, introduziremos ainda a discussão sobre a instrumentalidade, com 
algumas considerações acerca dos instrumentais técnicos operativos que instrumentalizam o fazer 
profissional, além de enfatizarmos alguns outros conceitos relacionados à questão em debate. Tal 
conteúdo será tratado na Unidade III deste livro-texto.
Após a exposição dos conteúdos, ao final de cada unidade, serão destacados exercícios para que 
você possa fortalecer seu processo de aprendizagem. Recorra a esses instrumentais para melhorar a 
apreensão dos conteúdos tratados.
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PersPectivas Profissionais em serviço social
Unidade I
1 O TRABALHO NO CAPITALISMO
Nesse texto, conforme sinalizado na introdução, estudaremos com maior profundidade a categoria 
trabalho, considerando a realidade capitalista. Para compreendê-la, recorremos à tradição marxista 
que, como o próprio nome sugere, tem em Marx seu principal expositor. No entanto, é interessante 
atentar que tal compreensão, na contemporaneidade, possui outros autores de recorrência, os quais 
destacaremos nesse item, que nos permitem entender o trabalho na atualidade. Dessa forma, estaremos 
atentos aos seguintes conceitos: o trabalho para Marx, a produção da mais-valia e a transformação da 
mercadoria em valor por meio do trabalho. Iniciamos assim pela compreensão do modo de produção 
capitalista para, na sequência, tratarmos dos demais conceitos.
O modo de produção capitalista marcou o fim do modelo de sociedade baseada no feudalismo. Como 
sabemos, o regime feudal possuía uma forma de organização econômica, política e social totalmente 
diferenciada da organização capitalista, sendo que essa forma de organização começou a ruir em fins 
do século XVI. O capitalismo nasceu com a característica central de compra e venda da mão de obra 
humana, baseado num sistema de assalariamento; o trabalhador que antes realizava o seu trabalho de 
maneira artesanal e participava de todo o processo de produção passou a vender a sua mão de obra.
é certo que as condições de vida e de trabalho no feudalismo não eram nada boas, todavia, no 
capitalismo, a situação não melhorou: o trabalhador passou a valer pelo que produzia e pelas condições 
estabelecidas no mercado. Nesse caso, o trabalho se caracteriza pela separação do homem de seus meios 
de produção, como terras, máquinas e ferramentas.
Conforme Meksenas (1994, p. 26) nos explica, a
[...] sociedade capitalista é uma organização de trabalho que se caracteriza 
pela existência de, basicamente, duas classes sociais: os proprietários dos 
meios de produção e os proprietários apenas de sua capacidade de trabalho. 
Assim sendo, os trabalhadores trocam com os empresários (os donos dos 
meios de produção) a sua capacidade de trabalhar por um salário. Nessa 
sociedade, o trabalho industrial aparece como uma forma básica de produção 
de bens de consumo.
Com a Revolução Industrial (século XVIII), muitos tinham a esperança de que a vida seria melhor, 
uma vez que, com o dinheiro fruto da atividade laborativa, poderiam realizar seus desejos, adquirir 
produtos e serviços. Na verdade, não passou de um sonho que virou, posteriormente, pesadelo, porque a 
vida não seria tão simples assim, uma vez que a exploração era uma das principais características desse 
sistema.
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Mas vamos entender um pouco mais o sistema capitalista, recorrendo ao entendimento marxista. 
Vejamos os itens abaixo, em que tais conhecimentos encontram-se destacados.
a) Marx e o trabalho no capitalismo
Quem estudou a sociedade capitalista de maneira crítica foi o pensador alemão Karl Marx (1818-
1883), conforme pontuamos. Para esse teórico, o trabalhador é bastante explorado no capitalismo.
Essa exploração se dá quando o trabalhador começa a vender sua força de trabalho, visto que, 
para Marx, no sistema capitalista há apenas duas classes sociais, sendo uma a classe trabalhadora ou 
operária, que detém a força de trabalho, e a outra a classe burguesa, que detém os meios de produção. 
Quando esse processo de compra e venda da força de trabalho se inicia, o capitalista, ou o burguês, 
compra a força de trabalho pelo “preço” que desejar. O trabalhador, por outro lado, como não possui 
outra alternativa para ter suas necessidades atendidas, vende sua força de trabalho ao burguês pelo 
preço ofertado. Nesse processo de compra e venda da força de trabalho, os preços pagos pelo burguês 
ou capitalista são sempre baixos, em relação ao lucro que ele obtém com a venda da mercadoria.
Toda essa “situação” de compra e venda da força de trabalho é de tal forma uma relação que reforça 
a desigualdade entre as classes sociais. Mandel (1982) nos coloca que é por meio da compra da força 
de trabalho que a desigualdade, que é inerente a esse sistema, se mantém. Seguindo tal raciocínio, se 
não houver venda da força de trabalho, o sistema não se sustenta. Porém, não há como contarmos com 
isso, visto que a única forma de termos nossas necessidades atendidas, nessa sociedade, é por meio do 
trabalho.
é por meio do trabalho que acontece ainda a alienação do trabalhador, conforme Marx destaca e Mandel 
(1982) também sinaliza. A primeira forma de alienação do trabalhador é quando ele é separado do seu meio de 
produção. Em um segundo momento, vem a alienação pela falta de conhecimento da realidade de exploração 
que está vivendo. Isso faz com que o sistema continue se perpetuando ao longo dos anos.
Em síntese, é por meio do trabalho que o homem tem suas necessidades atendidas e, na sociedade 
capitalista, essa atividade é marcada pela exploração. Esta acontece para que o capitalista possa alcançar 
o lucro, ou mais-valia, conforme poderemos ver melhor no decurso desse texto.
 Saiba mais
Para o capitalismo é importante que o trabalhador não pense e apenas 
realize o trabalho para o qual foi designado. Se nos reportamos ao cinema, temos 
em uma cena do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin (1396), o ator 
apertando parafusos exaustivamente na linha de montagem e, posteriormente, 
sendo engolido pelas engrenagens, o que revela uma das faces do capitalismo, 
que o filme mostra criticamente. Vale a pena assistir ao filme.
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b) A mais-valia
Assim sendo, a partir de seus estudos sobre o trabalho no capitalismo, Marx chegou à conclusão 
de que o trabalhador não recebe justamente o seu salário, o qual deveria suprir suas necessidades de 
alimentação,vestuário, lazer e o bem-estar de sua família, tal como apontamos supra.
Este teórico crítico do capitalismo descobriu que o salário pago ao trabalhador não corresponde ao 
tempo gasto no processo de produção, de modo que a maior parte do lucro produzido fica em poder do 
dono dos meios de produção, isto é, do capitalista. A esse cenário Marx (1988) chamou de mais-valia. 
Vejamos uma explicação do que é mais-valia. Tomazi (2000, p. 50) assinala que
[...] o trabalhador, ao assinar um contrato para trabalhar numa determinada 
empresa, está dizendo ao seu proprietário que se dispõe a trabalhar, por 
exemplo, oito horas diárias, ou quarenta horas semanais, por determinado 
salário. O capitalista passa, a partir daí, a ter o direito de utilizar essa força de 
trabalho no interior da fábrica. O que ocorre, na realidade, é que o trabalhador, 
em cinco ou seis horas de trabalho diárias, por exemplo, produz um valor 
que corresponde ao seu salário total, sendo o valor produzido nas horas 
restantes apropriados pelo capitalista; quer dizer, diariamente o empregado 
trabalha duas horas de graça para o dono da empresa, o que se produz 
nessas duas horas a mais se chama mais-valia. São as horas trabalhadas e 
não pagas que, acumuladas e reaplicadas no processo produtivo, vão fazer 
com que o capitalista enriqueça rapidamente.
As ideias apresentadas por Marx (1988) chamaram a atenção de muitas pessoas, de trabalhadores 
a capitalistas; estes, por sua vez, ficaram preocupados e até irritados com tudo o que foi demonstrado 
claramente sobre mais-valia, o que dividiu nitidamente os que defendiam o capitalismo e os que se 
colocavam contrários a esse modelo.
Não é por acaso que as ideias marxistas incomodam os que vivem da exploração, é por isso que, 
muitas vezes, vários movimentos sociais são até discriminados por defenderem ideias como as de Karl 
Marx. Quem é alienado não percebe a exploração em que vivem os trabalhadores, de modo que critica 
greves e movimentos sociais em geral que se colocam em defesa de melhores salários, condições de 
trabalho e de vida.
c) Como o trabalho se transforma em mercadoria
Pode parecer complicado imaginar que o trabalho se transforma em mercadoria, mas utilizaremos 
este momento para maior reflexão sobre o ponto proposto. No capitalismo, o trabalhador precisa 
trabalhar para atender suas necessidades básicas (como alimentação, vestuário e lazer) e, em troca, 
recebe um salário que possa atender a seus objetivos.
À medida que o trabalhador se coloca à disposição do mercado para trabalhar em troca de um salário, 
ele se torna também uma mercadoria, ou melhor, seu trabalho passa a ser uma mercadoria, pois ele o vende: 
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lembre-se de que o trabalho é um produto de compra e venda no capitalismo. Isto vale para qualquer tipo 
de trabalho, seja no campo, na cidade, na indústria, no comércio ou no setor de serviços em geral.
Podemos imaginar a situação de um professor que ministra as suas aulas numa determinada 
escola: na realidade, toda relação de trabalho se dá a partir de um contrato estabelecido pelas leis do 
mercado entre o trabalhador (no caso o professor) e o empregador; o produto esperado são as aulas cujo 
beneficiário é o aluno. Esse material que você tem em mãos só se tornou possível devido à relação de 
compra e venda da força de trabalho.
Pensar nessa situação parece uma coisa fora do comum ou fora de lógica ou que não se encaixa 
na realidade educacional, mas este é o modelo de produção e de funcionamento do capitalismo, o 
que muitas vezes pode se tornar uma relação conflituosa, e também desrespeitosa, quando, em nosso 
exemplo, o professor é visto pelo aluno como um mero vendedor de sua força de trabalho, e não como 
um intelectual a favor do conhecimento, do aprendizado e da cidadania.
Por outro lado, quando o aluno de uma instituição privada coloca-se como simples cliente, afasta 
toda possibilidade de uma educação primorosa e de qualidade, pois, como paga uma mensalidade, às 
vezes se sente no direito de desrespeitar a metodologia do professor, isto quando não cria uma situação 
para afastá-lo de determinada disciplina simplesmente porque não gostou do seu jeito.
Por diversas situações, como as mostradas anteriormente no tocante às relações de trabalho, podemos 
afirmar que, principalmente nas sociedades em que a exploração se mostra de maneira patente, essas 
relações são constituídas por conflitos.
No caso do capitalismo, a situação é claramente conflituosa: de um lado está o capitalista querendo 
atingir o maior lucro possível, às vezes até pela exploração, desrespeito aos direitos do trabalhador e, 
por outro lado, este último tenta a todo custo sair de uma situação de exploração, o que nem sempre 
consegue; desta maneira, há mais pessoas querendo uma oportunidade de trabalho do que vagas 
disponíveis, o que proporciona a busca por trabalhos informais, desde que estes garantam o mínimo 
de sustento. Assim, encontramos trabalhadores se submetendo a situações deprimentes, como as 
encontradas em trabalhos precários oferecidos em fazendas e contratações terceirizadas.
Quando os trabalhadores tomam conhecimento de sua situação, encontram meios e se organizam, 
passam a lutar por seus direitos. No campo, temos as organizações dos trabalhadores, como já houve no 
Brasil no século XX as chamadas Ligas Camponesas, cuja bandeira era a reforma agrária.
Tais movimentos se estenderam por vários estados do Brasil, tendo seus pontos mais fortes na 
Paraíba e em Pernambuco. A partir da década de 1980, passamos a ter o Movimento dos Trabalhadores 
Rurais Sem Terra (MST), que se assemelha às Ligas Camponesas por agir em defesa da reforma agrária e 
de melhores condições de vida e de trabalho para o homem do campo.
Nas cidades, temos vários movimentos formados por inúmeras categorias de trabalhadores, como 
os da construção civil, dos metalúrgicos, dos professores, dos comerciários, dentre outros, os quais se 
organizam e reivindicam melhorias para os seus pares.
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A partir de 1980, os metalúrgicos do ABC paulista passaram a fazer manifestações e greves por 
melhores condições de trabalho e de salário; nas bases desse movimento surgiram novas centrais 
sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que fez frente à Central Geral dos Trabalhadores 
(CGT), assim como houve o ressurgimento de partidos políticos (como o PTB, o PC do B, o PCB, o PSB) e 
o surgimento de novas correntes partidárias, entre elas o Partido dos Trabalhadores.
Em síntese, o conceito de trabalho, de forma geral, refere-se à maneira como os seres humanos 
realizam atividades, transformando a natureza e desenvolvendo a cultura da sociedade. As diferentes 
sociedades constituídas ao longo do tempo nos mostram como o trabalho assume características 
distintas.
Por isso, é muito importante saber que o desenvolvimento das sociedades depende da forma como 
os homens realizam o trabalho, inclusive para que não adotemos uma postura preconceituosa quando 
nos depararmos com culturas diferentes da nossa.
As concepções dos teóricos da sociologia, como Durkheim e Karl Marx, demonstram como o tema 
requer conhecimento amplo, afinal cada teoria é fruto de uma concepção de mundo, de uma ideologia. 
Se você se remeter apenas a uma concepção, como se fosse a única, ficará limitado, mas, a partir das 
diferentes teorias, terá condições de perceber como se organiza o trabalho na sociedade atual, quais as 
transformações ocorridas e qual a perspectiva da sociedade futura.
Enquanto teóricos como Durkheim fazem uma abordagem da sociedade e do trabalho fundamentando 
o capitalismo, Karl Marx apresenta-se como um crítico do sistema capitalista.
Diante de tais conceitos, podemos orientar nossa discussão para a compreensão do trabalho, 
especificamente das contradições inerentesà sociedade capitalista e que se tornam mais perceptíveis 
analisando-se a categoria trabalho.
2 AS CONTRADIÇõES DO TRABALHO NO CAPITALISMO
Você já deve ter observado e analisado que, na visão dialética marxista, a contradição do capitalismo 
está em manter a sociedade em condições de desenvolvimento e perpetuar esse tipo de economia.
Nessa perspectiva, a sociedade capitalista é estruturada em classes sociais, as quais, por sua vez, 
são antagônicas. Enquanto os capitalistas, proprietários dos meios de produção, buscam a todo custo 
manter-se na riqueza e na opulência à custa da exploração dos trabalhadores, estes, por sua vez, tentam, 
de todas as formas possíveis, primeiramente, sobreviver, o que os torna, assim, alienados no processo de 
relações de produção.
Não somente no Brasil, como na maioria dos países, as contradições do capitalismo se fazem 
evidentes quando se observa a própria configuração das cidades, nas quais se pode perceber claramente 
a geografia formada por setores diferenciados, de modo que se tem, de um lado, áreas nobres, com casas 
luxuosas e, de outro, os núcleos residenciais (anteriormente denominados como favelas), cortiços e um 
emaranhado de pessoas vivendo em condições subumanas.
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A forma com que as pessoas podem realizar seus objetivos e atender suas necessidades básicas é 
o trabalho. Em razão disso, muito se faz para se ter um trabalho. A história tem demonstrado que a 
realidade do trabalho tem sido marcada por profundas situações de conflito e sofrimento, enquanto o 
estado fica com a melhor parte: o lucro.
Para a realização do trabalho, existe o que chamamos de relações de produção, o que se dá, muitas 
vezes, de forma conturbada ou conflituosa. Para uma maior compreensão do que isso significa, vejamos 
então um exemplo: quando a pessoa necessita atender suas necessidades básicas de alimento, vestimenta 
e lazer precisa fazer alguma coisa, o que resulta num trabalho; para tanto, se não há como conseguir 
tudo na natureza, da maneira mais simples possível, o indivíduo passa a buscar outra forma de atender 
suas necessidades. Assim, nasceram o escravismo, o feudalismo e o capitalismo.
No capitalismo, as pessoas vendem a sua força de trabalho, conforme determina o mercado capitalista. 
Desta feita, o trabalhador passa a ser uma mercadoria e, em muitas situações, trabalha demasiadamente 
e não recebe o salário de maneira justa, o que, consequentemente, não dá para comprar alimento 
suficiente, vestir-se, pagar moradia, luz, água etc.
A realidade brasileira se apresenta com uma desigualdade considerável, uma vez que os capitalistas 
exploram o máximo possível e não oferecem condições de vida digna para os trabalhadores.
Tomazi (2000, p. 73) ensina que:
[...] a situação dos trabalhadores no Brasil, tem sido uma das mais terríveis e 
trágicas de toda a sua história. Existem estudos comparativos que buscam 
analisar a situação dos trabalhadores brasileiros nos últimos tempos, em 
comparação com sua situação em épocas anteriores. A triste conclusão a 
que chegaram é que a maioria deles, hoje em dia, encontra-se em condições 
piores que as dos escravos no período colonial, pois, apesar da exploração 
intensa, eles tinham abrigo, roupa, alimentação.
Ou seja, esse fenômeno condiciona grande parte da população brasileira, da população que depende 
da venda de sua força de trabalho para sobreviver. Essa relação se constitui de tal forma pelo fato de 
a classe trabalhadora ser explorada pela classe que compra sua força de trabalho. No item a seguir, 
discutiremos um pouco mais sobre a exploração da força de trabalho.
2.1 O capitalismo e a exploração da força de trabalho
O serviço social, antes de ocupar espaço no campo universitário, já existia como prática social que 
respondia às demandas do sistema capitalista, no atendimento da questão social aberta pela exploração 
da força de trabalho.
Martinelli (2006, p. 53) afirma que o sistema capitalista é um “[...] modo de produção profundamente 
antagônico e pleno de contradições que desde o início de sua fase industrial instituiu-se como um 
divisor de águas na história da sociedade e das relações ente os homens”.
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O homem capitalista sempre utilizou estratégias para alcançar o seu maior interesse: acumular 
lucros. Sobre a exploração da força de trabalho, Martinelli (2006, p. 55) diz que:
[...] visualizando a classes trabalhadoras como um mero atributo do capital, 
como um modo de existência deste, os capitalistas não hesitavam em 
criar formas coercitivas de recrutamento do operariado e de sua abusiva 
exploração.
A exploração da força de trabalho ganhou maior dimensão a partir da Revolução Industrial, que se 
expandiu pelo mundo desde século XIX até os dias atuais, demandando uma intensiva mão de obra até 
a contemporaneidade. Martinelli (2006, p. 57) afirma também que
[...] durante praticamente toda a primeira metade do século XIX, a burguesia 
se utilizou seu poder de classe para manipular livremente salários e condições 
de trabalho. Apoiando-se em um antigo dispositivo legal, cujas origens 
remontavam a longínquas épocas da história da humanidade – Estatuto dos 
Trabalhadores, de 1349, que proibia reclamações de salário e de organização 
do processo de trabalho –, excluía o trabalhador das decisões sobre sua 
própria vida trabalhista.
Os trabalhadores que se recusavam a vender sua força de trabalho para os capitalistas podiam 
ser recolhidos em casas de correção, que ofereciam como penalidade restrição alimentar e trabalhos 
forçados, entre outras. O estatuto dos trabalhadores do ano de 1349 assegurava às autoridades locais 
o direito de determinar o valor do salário a ser pago ao trabalhador, bem como formas de coerção para 
recrutamento de mão de obra. Sobre isso, Martinelli (2006, p. 57) diz que:
[...] as alternativas do trabalhador empobrecido, em face das condições 
de trabalho que os donos do capital estabeleciam, eram sombrias: ou 
se rendia à lei geral da acumulação capitalista, vendendo sua força de 
trabalho a preços de concorrências cada vez mais vis, ou capitulava diante 
da draconiana legislação urbana, tornando-se dependente do estado, e no 
mesmo instante, declarado não-cidadão, ou seja, indivíduo destituído de 
cidadania econômica, da liberdade civil.
Nota-se que a força de trabalho, no modo de produção capitalista, foi mercantilizada, isto é, o 
trabalhador foi obrigado a vender sua mão de obra para os donos do capital e a se submeter a todo 
o processo de exploração do trabalho. Esse processo fez com que a classe trabalhadora se organizasse 
contra as formas de exploração impostas pelo capitalismo. Os trabalhadores se organizavam por meio de 
movimentos sindicais reivindicatórios, que tinham como bandeira de luta questões trabalhistas, como 
regulamentar a jornada de trabalho que na época chegava a 14 horas diárias. Assim, Martinelli (2006, 
p. 59) assevera que:
[...] as questões sindicais e trabalhistas continuavam, porém, a animar o 
movimento operário que prosseguia em sua marcha, predominantemente 
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sob o signo da prática sindical. Assim nenhuma das medidas propostas pela 
legislação trabalhista, ao longo desse período, significou uma concessão 
do poder público ou dos donos do capital. Todas decorreram de árduas e 
complexas lutas e negociações dos trabalhadores.
Concomitante à exploração da força de trabalho, o sistema capitalista provocou inúmeros problemas 
sociais decorrentes do crescimento exorbitante da população urbana, visto que as cidades não tinham 
infraestrutura adequada para comportar tantas pessoas. Assim se alastrou pela sociedade uma crescente 
pobreza, acompanhada de fome, doenças, moradias precárias, entre outros problemas. Todoseles são 
denominados de expressões da questão social.
Com o afloramento da questão social e, consequentemente, a mobilização da classe trabalhadora 
por melhores condições de trabalho e sobrevivência, a burguesia passou a utilizar-se de estratégias para 
conter as reivindicações dos trabalhadores, pois,
[...] obcecada por um pensamento fixo – o de expandir e consolidar o modo 
burguês de produção, tornando-o irreversível -, a burguesia se mantinha 
sempre em busca de estratégias e táticas que pudessem viabilizar a 
consecução de seus objetivos. A estrutura petrificada de sua consciência 
erguia-se como uma verdadeira muralha, através da qual tentava-se isolar-
se e proteger-se dos inúmeros problemas sociais produzidos pela expansão 
do capitalismo, injusto regime que se nutre do que suga do trabalhador, da 
crescente exploração de sua força de trabalho (MARTINELLI, 2006, p. 60).
2.2 Estratégias do capitalismo para alcançar seus interesses
Para conter as reivindicações dos trabalhadores, “as classes dominantes procuram direcionar as lutas 
populares, enquadrando-as no âmbito da legislação burguesa, cuja tramitação e controle cabem ao 
estado” (CASTRO, 2003, p. 45).
Vê-se que o objetivo era resolver ou apaziguar os problemas e continuar alcançando seu objetivo: 
aumentar suas riquezas. No entanto, conforme aponta Castro (2003, p. 46),
[...] aquela legislação se foi definindo sob a aparência de concessões burguesas 
– e, mesmo constituindo conquista popular, permite à burguesia canalizar 
o protesto do povo e perceber que, se adquirirem maior dimensão, aqueles 
germes de organização e combatividade tornar-se-ão de difícil controle.
A classe operária teve que se organizar em função da sua condição de assalariada e vendedora 
de sua única mercadoria (força de trabalho), passando a vida do operário a ser dirigida conforme sua 
condição de proletário.
O processo de adaptação a essa nova vida exigia profissionais para exercerem a função de adaptar os 
operários à sua nova condição de assalariado. Assim emergiu, no final do século XIX — com a ascensão da 
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sociedade burguesa e com o aparecimento de classes sociais (a burguesia era a classe social dominante) 
—, o serviço social, para assumir uma prática social que controlasse a força de trabalho e minimizasse 
os problemas sociais.
Ao perceber que a luta de classe não poderia ganhar maior dimensão, pois prejudicaria a legitimação 
do capital, o grupo hegemônico levou a luta para o campo ideológico, visando a instaurar, na sociedade, 
mecanismos de intervenção para dar continuidade ao desenvolvimento do capital. é dessa lógica de 
intervenção do capital que derivam critérios para o desenvolvimento do serviço social. Para Martinelli 
(2006, p. 67),
[...] O serviço social era, pois, na verdade, um importante instrumento da 
burguesia, que tratou de imediato de consolidar sua identidade atribuída, 
afastando-o da trama das relações sociais, do espaço social mais amplo 
da luta de classes e das contradições que as engendram e são por ela 
engendradas.
Portanto, o serviço social, como prática social, teve a missão de difundir, no seio das famílias proletárias, 
a ideia de que o trabalhador era o vendedor de sua força de trabalho e, ainda, de conscientizar os 
trabalhadores a aceitarem as condições de exploração impostas pelos donos do capital. A competência 
do serviço social era difundir a ideologia da classe dominante para, assim, contribuir para a consolidação 
e legitimação do sistema capitalista.
2.3 A Revolução Industrial e a maior precarização da relação capital/
trabalho
O século XVIII foi um século de extremas mudanças: sociais, culturais, políticas, científicas, mas, 
sobretudo, econômicas. Foi como se expressou, sobre esse período, uma testemunha ocular, o pensador 
político Alexis de Tocqueville: “Estamos dormindo sobre um vulcão [...]. Os senhores não percebem que a 
terra treme mais uma vez? Sopra o vento das revoluções, a tempestade está no horizonte” (HOBSBAWM, 
2002, p. 27).
Iniciada na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, a Revolução Industrial imprimiu profundas 
e duradouras marcas na sociedade, fato que pode ser compreendido a partir de determinados fatores, 
tais como:
a) substituição de ferramentas por máquinas;
b) substituição do sistema de trabalho artesanal e doméstico pelo sistema fabril (fábricas);
c) novas alternativas energéticas, como o uso do vapor para movimentar o trabalho das máquinas, 
para a produção de bens e transporte (trens, navios).
A passagem da manufatura artesanal para a industrial multiplicou o resultado produtivo do trabalho. 
Essa evolução marcou o pioneirismo industrial inglês em relação ao restante da Europa.
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O destaque da Inglaterra deveu-se aos seguintes aspectos:
a) acúmulo de capitais (exploração dos recursos minerais e matérias-primas das regiões colonizadas 
e ocupadas);
b) reserva de carvão;
c) avanço tecnológico;
d) existência de mercados consumidores;
e) farta mão de obra existente nas colônias e evasão do camponês inglês para a cidade.
A Revolução Industrial consolidou duas classes antagônicas: de um lado, o empresariado (dono do 
capital, fábricas, máquinas, matérias-primas e bens produzidos); do outro, os operários, que vendiam sua 
força de trabalho aos empresários sem a justa remuneração.
A Revolução Industrial provocou o aumento da população nas cidades, concentrando os trabalhadores 
nas fábricas. Com o objetivo de aumentar a produção, as linhas de montagem, no início do século XX, 
tornaram a divisão técnica do trabalho cada vez mais específica.
A cidade se apresentava como o símbolo exterior desse mundo industrial que surgia. Foi na cidade que 
o progresso se manifestou e, nela, consolidaram-se os problemas básicos com que até hoje padecemos, 
tais como: miséria, fome, desemprego e falta de habitação. Em relação a isso, Hobsbawm (2002, p. 295) 
afirma que,
[...] para os planejadores de cidades, os pobres eram uma ameaça pública, 
suas concentrações potencialmente capazes de se desenvolver em distúrbios 
deveriam ser cortadas por avenidas e bulevares, que levariam os pobres dos 
bairros populosos a procurar habitações em lugares não especificados, mas 
presumidamente mais sanitarizados e certamente menos perigosos. [...] Para 
os construtores e empreendedores, os pobres eram um mercado que não 
dava lucro, comparado ao dos ricos com seus negócios especializados.
A oferta de mão de obra e o desemprego iniciado pelo uso de máquinas obrigaram o trabalhador a 
se submeter ao controle do empregador sob péssimas condições de trabalho e de salário. Democracia e 
direitos humanos e trabalhistas eram apenas reflexos de um discurso vazio que, ainda no século XVIII, 
não ganhou espaço.
Os empresários impunham duras condições aos operários para que aumentassem a produção e 
garantissem maior margem de lucro ao capital. A falta de cuidados especiais com a mulher, o trabalho 
infantil, a precariedade das instalações fabris (má iluminação e circulação de ar) e jornadas de trabalhos 
que ultrapassavam 15 horas diárias provocaram inúmeros acidentes, doenças, redução do tempo de 
vida etc. O desemprego, a pobreza, a falta de moradia também são problemas sociais provocados pela 
Revolução Industrial.
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Todos os problemas sociais anteriormente mencionados exigiram uma resposta por parte do estado, 
que passou a intervir junto à classe operária visando a minimizar os problemas sociais provocados pela 
Revolução Industrial. O estado contou com o apoio da Igreja Católica e de seus membros para intervir 
nos problemas sociais, com a finalidade de prover condições mínimas de sobrevivência para a classe 
operária. A intervençãoda Igreja Católica foi realizada por meio de um trabalho que teve como base a 
filantropia e a caridade. Realizava arrecadação na forma de doações e campanhas e ações nas áreas da 
educação, saúde e assistência social.
Porém, é importante diferenciar caridade de ação social, que visa à emancipação. Por exemplo, no 
período colonial da história brasileira, a Igreja Católica era encarregada de zelar pelo bem-estar da 
população local, como estratégia para tirar de foco o desinteresse da nação colonizadora em relação 
às questões sociais da colônia. Enquanto o estado utilizava-se do exército para efetivar seu controle 
social, a Igreja, alinhada à política colonizadora de Portugal, proclamava a opção pelo Evangelho que, 
na prática, significava optar pelos pobres, ajudando quem necessitasse.
2.4 A relação capital/trabalho
Reiterando, para Karl Marx, o modo de produção capitalista, baseado na relação capital/trabalho, é 
definido como um modo de produção cujos meios estão nas mãos de uma minoria, que constitui uma 
classe distinta da sociedade. Isto é, o trabalhador vende a sua força de trabalho. Pela falta de poder 
de negociação, submete-se a trocar seu esforço físico, na produção, pela remuneração necessária ao 
atendimento de suas necessidades mais elementares.
Os trabalhadores explorados organizam-se coletivamente, por meio dos sindicatos, para reivindicar 
seus direitos.
Nessa relação de trabalho, surgem inúmeras demandas sociais não atendidas ou atendidas de 
maneira precária pelo capitalismo, como a atenção à saúde do trabalhador, à sua alimentação, 
à assistência social extensiva à família, à seguridade social e ao acesso aos serviços públicos de 
educação etc.
 Observação
Demanda social é a denominação técnica dada à necessidade social 
e que, nessa situação, representa as necessidades dos trabalhadores não 
atendidas por meio da remuneração de seu trabalho (remuneração que, 
na maioria das vezes, tem seu valor estabelecido no atendimento das 
necessidades básicas para manter a sobrevivência).
2.4.1 Capital/trabalho: uma relação de conflitos sociais
A relação capital/trabalho expressa conteúdo significativo no que tange ao fazer profissional do 
assistente social, o qual se configura como atividade inserida em um processo de trabalho historicamente 
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construído e socialmente determinado pela correlação de forças articuladoras de uma dada totalidade 
social. Iamamoto (2004) ressalta, portanto, ser essencial que compreendamos a categoria trabalho na 
sociedade contemporânea. Diante disso, vamos relembrar o conceito de trabalho, considerando que essa 
categoria reúne diversas definições.
Nesse processo, Guerra (2000) afirma que o homem, após a satisfação de suas necessidades imediatas, 
inventa outras e percorre sua trajetória na busca constante de saciá-las. Para isso, cria novas formas 
e meios (instrumentos e técnicas) para realizar o trabalho e aperfeiçoa-se, nesse ínterim, adquirindo 
novos conhecimentos.
 Lembrete
O que é trabalho?
Iamamoto, citada por Nicolau (2004, p. 87), afirma que “trabalho em 
Marx é transformação da natureza, mas o homem é também natureza 
e se transforma nesse processo”. Segundo ela, tanto o trabalho quanto 
seu produto são propriedade capitalista. Assim sendo, gera a alienação 
do produto do trabalho pelo trabalhador. Este se encontra alijado desse 
resultado na medida em que o que o capitalista devolve, em forma de 
salário, trata-se apenas do suficiente para emprego na aquisição dos meios 
de vida do trabalhador e de sua família, reproduzindo assim o trabalhador 
enquanto assalariado.
Note, aluno, que, na relação de produção de bens materiais, o homem não somente produz objetos, 
mas também atividades críticas.
 Observação
As transformações ocorridas na relação homem-meio teriam 
sido sempre assim na história da humanidade? Temos, de fato, nos 
empenhado no uso dos objetos existentes, transformando-os em meios 
para a concreção de nossos projetos? Para atender a que interesses? Qual 
a intensidade e a profundidade das transformações gestadas no homem 
nesse processo, seja no âmbito cultural, no da ética etc.? Diante das atuais 
discussões na área de proteção e preservação ecológica, trabalhamos bem 
a natureza?
Fazer uma “visita” à nossa formação e à evolução histórico-social e 
econômica pode ajudar a elucidar essas questões, além de nos mostrar 
como vêm ocorrendo a construção social, a geopolítica etc.
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Guerra (1997, p. 9) assevera que
No processo de trabalho a passagem do momento da pré-ideação (projeto) 
para a ação propriamente dita requer instrumentalidade. Requer a conversão 
das coisas em meios para o alcance dos resultados. [...] é essa capacidade que, 
como instância de passagem, possibilita passar das abstrações da vontade 
para a concreção das finalidades.
A autora em foco afirma, ainda, que no processo de produção material das nossas necessidades 
inventamos e reinventamos instrumentos, ou seja, realizamos a conversão do que dispomos na natureza 
em meios para a obtenção de resultados pleiteados. Para a materialização das ideias, imprimimos 
esforços no sentido de atingirmos metas e objetivos e, nesse processo, criamos e recriamos a natureza e 
nos modificamos por meio dela.
Iamamoto (2004, pp. 26-27), ao citar Marx, afirma que “a produção/reprodução das relações sociais 
abrange [...] ‘formas de pensar‘, isto é, formas de consciência, através das quais se apreende a vida social”. 
Face ao exposto, você pode compreender que, ao longo do desenvolvimento das sociedades, o homem 
foi aperfeiçoando o trabalho para satisfazer suas necessidades, as quais ampliaram o leque da produção 
material das satisfações imediatas.
No processo de produção/reprodução dos meios de vida, os homens se relacionam, criam formas 
de estabelecer relações sociais e, pelo estabelecimento desses vínculos, constroem os meios necessários 
para difundir ideias e, consequentemente, os meios da produção e do lucro.
Iamamoto e Carvalho (2005, p. 40) asseveram que a força de trabalho em ação
[...] é uma função pessoal do trabalhador, enquanto gasto de sua força 
vital, realização de suas capacidades produtivas. Porém, enquanto criador 
de valores, pertence ao capitalista que comprou a força de trabalho para 
empregá-la, produtivamente, durante um certo período de tempo. A força 
de trabalho é uma potência que só se exterioriza em contato com os meios 
de produção; só sendo consumida, ela cria valor. O consumo da força de 
trabalho pertence ao capitalista, do mesmo modo que lhe pertencem os 
meios de produção.
A citação anterior evidencia o processo de exploração e alijamento, alienação da classe 
dominada, a qual sobrevive da venda de sua força de trabalho ao capital. Iamamoto (2004) ressalta 
também que a produção social não se limita somente à produção de objetos materiais, mas trata 
de relação social entre as pessoas, entre classes sociais que personificam determinadas categorias 
econômicas.
As relações sociais engendradas pelo capital são responsáveis por essa exploração de trabalho, a 
qual não se revela na imediaticidade/superficialidade do olhar, uma vez que se apresenta de forma 
camuflada, mascarada, o que dificulta uma leitura crítica da realidade pela classe que vive do trabalho. 
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Ela vende sua força de trabalho, porém o lucro da produção pertence ao capitalista, detentor dos meios 
de produção. A diferença entre o valor da venda da mercadoria e o salário pago ao trabalhador é 
chamada de mais-valia, conforme vimos anteriormente.
Nessa dimensão do mundo do trabalho, o modo de produção capitalista revela com tenacidade sua 
característica central: a acumulação. Logo se torna imprescindível aos capitalistas a produçãode bens 
e serviços em grande escala, conquista adquirida mediante a compra da força de trabalho humano e a 
exploração.
Em decorrência disso, surge a questão social e suas expressões: a divisão entre classes, os antagonismos 
e os conflitos na sociedade.
 Saiba mais
Questões sociais ou expressões da questão social?
Alguns estudiosos fazem uso do emprego de ambas, porém ficamos com 
a segunda forma por entender que, por uma questão de semântica, melhor 
exprime a intensidade do real concreto. Leia o livro de Marilda Iamamoto, 
O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional, 
para melhor assimilar as transformações societárias contemporâneas e 
aprofundar-se no conceito questão social.
Para tanto, Iamamoto (2004, p. 27) explicita, com muita significação, que:
Questão social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades 
da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção 
social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, 
enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada 
por uma parte da sociedade.
Tal afirmação mostra como a dinâmica social do sistema capitalista fundado em um regime de 
acumulação traz em seu bojo intensas e profundas contradições, as quais demandam o surgimento do 
serviço social enquanto profissão que desempenhará o papel de mediador dos conflitos sociais advindos 
da exploração capitalista. A trajetória histórica do serviço social é reveladora dos avanços ocorridos no 
seio dessa profissão, a qual, com o intuito de intervir nos problemas sociais, paulatinamente abandona 
ações de cunho caritativas e bondosas, optando por realizar atividades organizadas e sistematizadas, fato 
que imprime base científica e técnica às atividades caridosas. Vejamos, na sequência, uma intervenção 
relevante nesse sentido, mas, em relação à questão social, retomaremos tal assunto quando estudarmos 
a noção de processo de trabalho.
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2.5 A organização da assistência social e o importante estudo de Mary 
Richmond
A Revolução Industrial provocou a reordenação da sociedade com a formação de classes sociais 
antagônicas: detentores do capital x trabalhadores.
Nessa época, negócios eram coisas para homens. As mulheres pertencentes ao segmento de renda 
alta limitavam-se, via de regra, a cuidar da casa, dos filhos e a participar dos grupos e trabalhos da igreja. 
As damas de caridade, fortes aliadas dos movimentos filantrópicos da igreja, tornaram-se comuns na 
sociedade através dos séculos. Eram voluntárias, utilizavam sua sensibilidade para chegar até os mais 
pobres e “supriam”, por meio de doações, as necessidades mais elementares, como alimentos, roupas 
e medicamentos. Elas desempenharam um papel importante na diminuição do sofrimento, um papel 
de remediação da situação social, não de emancipação. Na assistência social prestada pelas damas de 
caridade, não havia organização ou sistematização. As justificativas eram ideológicas ou religiosas.
Em meados do século XIX, algumas experiências (na Inglaterra, França e Alemanha) foram realizadas 
nas paróquias, a fim de melhor organizar as ações caritativas. Constituíram o primeiro esboço técnico da 
assistência social. Partiam da ideia da divisão da paróquia em grupos de vizinhos (setores) para facilitar 
a distribuição da ajuda material e para os aconselhamentos às pessoas e às famílias.
Em 1833, as conferências São Vicente de Paulo organizaram seus trabalhos a partir da divisão 
territorial para visitas, ajudas em domicílio e apoio estruturado em programas para crianças, jovens e 
pessoas idosas.
As “damas de caridade” ou as pessoas que tinham tempo disponível para a ajuda aos necessitados 
realizavam:
a) identificação das necessidades de cada pessoa e de sua família;
b) análise dos pedidos de ajuda das pessoas e famílias;
c) estudo da melhor aplicação dos recursos disponíveis (racionalização 
dos gastos, priorizando as necessidades principais);
d) visitas aos pobres para levar ajuda material e realizar aconselhamentos;
e) busca de vagas de trabalho para os desempregados (ESTEVÃO, 2005, p. 54).
A partir desse trabalho sem sistematização, mas que tinha claro enfoque de atendimento às 
demandas sociais, em 1869 foi criada a Sociedade de Organização da Caridade, em Londres. Ela tinha 
como princípio a prática da assistência social contemporânea, ou seja:
a) cada caso a ser atendido se iniciaria com uma pesquisa;
b) o resultado dessa pesquisa seria encaminhado a uma comissão que 
decidiria sobre a ajuda;
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c) as ajudas aconteceriam para reconduzir a pessoa ao trabalho e à 
autossustentação;
d) seriam realizados contatos com outras instituições (inclusive empresas) 
para promover a reintegração da pessoa ao mercado;
e) as instituições de caridade passariam a enviar os dados das pessoas e 
famílias atendidas para a composição de um cadastro central;
f) seria constituído um banco de dados sobre os projetos para que as ações 
pudessem ser repetidas quando necessário (ESTEVÃO, 2005, p. 54).
Esse tipo de organização proliferou pelos países capitalistas, tendo como enfoque a organização 
da assistência social (especialmente estampada pelas ações de filantropia das igrejas e das damas de 
caridade) e a oferta de uma formação às pessoas interessadas em atuar nessa área. Temos o “berço” das 
escolas de serviço social.
Antes da criação da primeira escola de serviço social no mundo, havia a Escola de Filantropia Aplicada. 
Ela foi proposta por Mary Richmond, da Sociedade de Organização da Caridade de Baltimore, durante 
a realização da Conferência Nacional e Correção, em Toronto (1897). Essa escola realizava cursos de 
aprendizagem da aplicação científica da filantropia, visando, conforme afirma Martinelli (2006, p. 106), 
a desenvolver “a tarefa assistencial como eminentemente reintegradora e reformadora do caráter [...]”. 
Richmond contribuiu para desenvolver a concepção dominante na sociedade capitalista, de que os 
problemas sociais estavam diretamente associados aos problemas de caráter.
Mary Richmond foi uma assistente social norte-americana do início do século XX, autora do livro 
Caso social individual, publicado em 1917, que trata da prática profissional do assistente social. Iniciou o 
estudo e a elaboração de documentos sobre o serviço social, apontou que praticar a “assistência social” 
como filantropia ou caridade era diferente de desenvolver o serviço social.
 Observação
Na época da publicação da obra de Richmond e do desenvolvimento dos 
métodos do serviço social (investigação individual, grupo e comunidade), 
o mundo passava por sua mais severa crise econômica: a quebra da Bolsa 
de Nova York. Esse seria o marco do fim do liberalismo econômico do 
capitalismo. No início do século XX, os EUA somaram quase 10 mil bancos 
e 85 mil empresas falidos, deixando um exército de mais de 13 milhões 
de desempregados. A sistematização do serviço social era necessidade 
precípua das sociedades.
Para Richmond, serviço social não era prover os necessitados com ajuda material; o correto exercício 
da profissão seria iniciar minuciosa investigação sobre a pessoa em seu meio social (escola, família, 
trabalho, comunidade).
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Esse procedimento recebeu as designações de “compreensão do meio social” e “ação sobre a 
personalidade da pessoa e sobre o seu meio social”.
Portanto, os estudos de Mary Richmond atribuíram um caráter científico à ação social filantrópica, 
que marchou decisivamente para a institucionalização da filantropia. O processo de organização da 
assistência social contribuiu para o surgimento do serviço social como profissão e, antes de terminar 
o século XIX (aindano ano de 1899), foi fundada a primeira escola de serviço social do mundo, em 
Amsterdã, na Holanda.
A tese de Mary Richmond convenceu os donos do capital de que os problemas apresentados pela 
classe trabalhadora estavam associados aos problemas de caráter. Assim, trabalhando e reformando o 
caráter do indivíduo, contribuiria para retorná-lo para o mercado de trabalho. Essa proposta resultou em 
um curso que ocorreu em 1898, em Nova York.
 Observação
A expressão “caráter” foi utilizada por Mary Richmond para responder 
às inquietações do serviço social da época. Na atualidade, tal terminologia 
é impensável no serviço social.
Após o referido curso, a ação social realizada com base na filantropia caminhou rumo ao processo de 
institucionalização do serviço social. Em 1899, foi fundada a primeira escola de serviço social no mundo, 
em Amsterdã, capital da Holanda, conforme vimos anteriormente.
A primeira escola da América Latina foi criada em Santiago, no Chile, pelo médico Alejandro Del 
Rio. O serviço social era considerado como uma subprofissão da medicina, pois auxiliava os médicos no 
atendimento aos pacientes.
O serviço social se resumia a fazer o bem ao próximo por amor a Deus, a partir de práticas imediatistas 
e assistencialistas.
No Brasil, o serviço social foi primeiramente implantado em São Paulo, em 1936; depois, no Rio de 
Janeiro, em 1938.
Segundo Lima (2001), as escolas de serviço social visavam a formar profissionais a partir de uma 
personalidade cristã. Não era necessário somente técnica profissional, necessitava-se de profissionais 
com uma mentalidade cristã frente ao homem e à sociedade, na perspectiva da justiça social e da 
caridade, por amor a Deus e ao próximo.
O objetivo último das escolas era formar a personalidade dos profissionais. Tudo em prol 
de uma prática conservadora, fundamentada na caridade cristã, por meio de uma prática 
assistencialista.
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 Lembrete
A prática assistencialista no serviço social está relacionada à questão 
da ajuda e, desde o Movimento de Reconceituação (que estudaremos no 
item a seguir), pautada na teoria de Karl Marx, vem sendo superada pelos 
profissionais ao longo dos anos com uma prática profissional na perspectiva 
da garantia dos direitos de cidadão.
O assistente social da atualidade deve desenvolver, na sociedade, funções intelectuais ou ideológicas, 
em organizações públicas ou privadas, por meio de prestação de serviços sociais para a classe trabalhadora. 
“Seu objetivo é transformar a maneira de ver, de agir, de se comportar e de sentir dos indivíduos em sua 
inserção na sociedade” (IAMAMOTO, 2002, p. 40).
Ele atua na administração de recursos institucionais. A sua função intelectual resulta na distribuição 
e controle desses recursos junto à população que se encontra em situação de vulnerabilidade 
socioeconômica e cultural, intervindo em suas necessidades básicas de sobrevivência.
3 O NEOLIBERALISMO E A PRECARIZAÇÃO NAS RELAÇõES DE TRABALHO
Ao final da década de 70 do século XX, o Brasil iniciou uma nova fase econômica que, 
consequentemente, influenciou diretamente na vida social contemporânea. Essa vivência provém da 
influência de todo o mundo e não se mostra apenas na realidade brasileira. Assim, na década de 70, 
houve a transição do modelo keynesiano para o neoliberal.
O keynesianismo, nos termos de Behring e Boschetti (2010), surgiu após a Segunda Guerra Mundial 
e propunha alternativas ao papel do estado, dentre os quais recomendava a intervenção desse órgão 
junto aos problemas sociais. Nesse sentido, o estado realizava intervenções nos problemas sociais, junto 
às expressões da questão social, através da constituição dos serviços públicos, as políticas sociais. O 
estado colaborava ainda no sentido de criar mecanismos para estimular o consumo, como, por exemplo, 
estimular o pleno emprego. No entanto, essa forma de governança começou a entrar em declínio visto 
que argumenta de forma contrária aos gastos sociais empreendidos com tal “objetivo”.
Já o neoliberalismo é uma política econômica que envolve vários aspectos, como: privatizações de 
empresas estatais, desresponsabilização da área social com redução de gastos e cortes nas políticas 
públicas, flexibilização das relações trabalhistas, ocasionando a precarização do trabalho, denominada 
de reestruturação produtiva. A política neoliberal é um retrocesso no campo social para os diversos 
segmentos minoritários da sociedade, pois fortalece a exploração, a acumulação capitalista e acirra as 
expressões da questão social com uma expansão constante da desigualdade e do desemprego estrutural.
O neoliberalismo reforça a competitividade entre as pessoas e as empresas, na busca de maior espaço 
para seus produtos no mercado, com menor custo possível, o que expõe os trabalhadores a condições de 
maior exploração de sua mão de obra, a uma maior produção de mais-valia e à precarização das relações 
de trabalho.
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Exemplo disso são empresas de grande porte que ameaçam manter os empregos dos seus 
trabalhadores somente se houver a redução dos encargos trabalhistas (como o INSS, o 13º salário e o 
FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), sob a alegação de cortar gastos e custos em função 
de dificuldades financeiras.
As organizações empresariais modernas são competitivas por excelência e, para garantirem o 
aumento no mercado consumidor ou a fidelização daqueles que consomem seus produtos ou serviços, 
introduzem no mercado produtos de alta qualidade, com custos baixos, visando ao maior consumo por 
parte da sociedade. Nesse sentido, as inovações tecnológicas são instrumentos muito utilizados, que 
impõem um novo campo de pré-requisitos aos trabalhadores.
Essa inovação tecnológica é representativa de todo um processo de reestruturação produtiva iniciado 
na década de 70 e altera os modos de produção e de trabalho. Essa inovação calcada nos ideais neoliberais 
é resultado da queda do taylorismo e do fordismo como modelos de produção e de sua substituição pela 
produção toyotista. No caso, a produção fordista e taylorista pressupunha a produção em massa, em 
grande escala e não se respaldava tanto em desenvolvimento tecnológico. A produção toyostista, por 
seu lado, proveio da fábrica Toyota e pressupunha a produção apenas para atender à demanda que, por 
seu lado, pode ser uma demanda variada, ou seja, de produtos diferenciados. Assenta-se ainda sobre a 
importância da adesão dos trabalhadores ao processo produtivo, sobretudo sobre o enfoque do trabalho 
em equipe (ANTUNES, 1999).
Essa mudança no âmbito da produção ainda pressupõe como regra o just in time, ou seja, o melhor 
aproveitamento possível do tempo durante o processo produtivo, e a recorrência ao sistema Kanban, 
que disciplina inclusive a utilização de senhas com o objetivos de repor peças no processo produtivo. 
Esse sistema de produção tem como enfoque ainda atingir níveis mais elevados de qualidade, sendo 
esses processos construídos para se alcançar a esperada “qualidade total” (ANTUNES, 1999).
No âmbito das relações trabalhistas, segundo Antunes (1999), há uma precarização das mesmas. 
Assim, o autor nos coloca que há uma redução considerável do proletariado fabril em decorrência dos 
processos de inovação tecnológica nos quais há uma economia do trabalho vivo pelo trabalho morto, ou 
tecnológico. O trabalho formal declina e aumenta, substancialmente, o setor da prestação de serviços. O 
trabalho feminino nesse momento também aumenta, apesar dos baixos salários em relação ao trabalho 
masculino, e há uma exclusão de jovens e idosos do mercado de trabalho.
Além disso, para aumentar suas possibilidades de inclusão no mercado de trabalho, os trabalhadores 
são obrigados a desenvolver novos conhecimentos e habilidades incessantemente, a fim de melhor 
responderemàs expectativas de um mercado sempre mais competitivo e dinâmico. Exigem-se uma 
melhor comunicação, domínio de computação e, muitas vezes, fluência em línguas estrangeiras 
(destacadamente o inglês).
Enfim, exige-se que o trabalhador esteja bem preparado para atuar em empresas e/ou instituições 
com vocação para a polivalência. Isso quer dizer que deverá ser conhecedor de diversas áreas, “um faz de 
tudo um pouco”, o que é muito ruim, porque descaracteriza a mão de obra especializada e torna o fazer 
mais superficial. Além disso, sobrecarrega funcionários que se desdobram para desenvolver atividades 
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que comportariam mais pessoas. Consequentemente, isso gera mais riqueza às empresas/instituições e 
inúmeras doenças aos trabalhadores.
Em suma, diríamos que vivemos a reinvenção do trabalho, das relações sociais, norteada pela sociedade 
de consumo, e essas relações se tornam cada vez mais precárias, sobretudo em relação ao trabalhador.
As mudanças e os avanços tecnológicos no setor produtivo diminuíram a necessidade de mão de obra 
manual; nas fábricas, as grandes máquinas ainda compõem o cenário fabril, entretanto, não são mais meras 
máquinas analógicas que necessitam exclusivamente da intervenção humana para funcionar. A automatização 
provocou uma revolução, surgiram as máquinas digitais e, em todo o processo fabril, hoje existem computadores 
controlando o processo de qualidade. é inevitável que essa modalidade de mão de obra qualificada ocasione o 
desemprego em massa; funções, espaços passam a ser automatizados, computadorizados.
O trabalho não deixará de existir, mas está sofrendo transformações profundas. Antunes assim 
resume esse período:
Essas consequências no interior do mundo do trabalho evidenciam que, sob 
o capitalismo, não se constata o fim do trabalho como medida de valor, mas 
uma mudança qualitativa, dada, por um lado, pelo peso crescente da sua 
dimensão mais qualificada, do trabalho multifuncional, do operário apto a 
operar máquinas informatizadas, da objetivação de atividades cerebrais [...] 
(ANTUNES, 1999, p. 233).
No entanto, como pontua Antunes (1999), apesar do trabalho não “acabar”, as condições de sua 
efetivação se tornam cada vez mais diferenciadas para atender as demandas postas pelo sistema 
capitalista. No caso, vivenciamos assim condições ruins de trabalho e ainda a expulsão de grande parte 
dos trabalhadores do mercado de trabalho. Esses fenômenos só tornam as expressões da questão social, 
ou melhor dizendo, só tornam os problemas sociais mais latentes e será sobre eles que nós assistentes 
sociais iremos atuar.
No item seguinte, faremos algumas reflexões sobre esse fenômeno que convencionamos denominar 
como “questão social” e sobre o qual iremos atuar.
3.1 O significado contemporâneo da questão social no Brasil
Para melhor compreender o fenômeno da questão social, necessita-se compreender a história, não 
apenas a história do Brasil, mas a história geral, que trouxe condicionantes da realidade brasileira. Assim, 
retomamos o período denominado Idade Média, no qual os centros comerciais eram onde se realizavam 
as trocas de produtos; posteriormente esses centros se tornaram cidades e, com a Revolução Industrial 
(séculos XVIII e XIX), a humanidade passou por um forte processo de urbanização, no qual as famílias 
saíam do campo para buscar oportunidade nas fábricas localizadas nas cidades.
Essas mudanças históricas e a urbanização das sociedades transformaram as relações sociais e as 
relações de trabalho e contribuíram para a formação dos problemas sociais em todo o mundo. A questão 
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social no Brasil tem seu fundamento nas contradições de classes e na exploração das minorias. No 
contexto histórico brasileiro, podemos constatar o crescimento da questão social, que se traduz em 
problemas sociais desde o período da escravização do indígena, passando pela escravização do negro, 
a discriminação da mulher, a exploração da criança e do adolescente, o trabalho escravo que ainda 
permeia as comunidades rurais, a discriminação com as pessoas idosas e os processos de exclusão. São 
expressões que marcam a composição de questões profundas e que se perpetuam sob outras nuances 
até hoje.
é importante compreender que a exploração capitalista gera inúmeras demandas sociais, que 
preocupam diversos segmentos da sociedade, inclusive o serviço social. Os assistentes sociais, em 
especial, irão atuar diretamente nas diversas expressões da questão e, por isso, precisam se aprofundar 
em conhecimento acerca de como elas se originam e se apresentam. Apontaremos a seguir, de forma 
sucinta, algumas formas de violação, discriminação e exclusão que atingem as minorias sociais, indicando 
ainda como essas situações se dão a partir do neoliberalismo.
3.2 O neoliberalismo e a “nova questão social”
O advento do neoliberalismo no Brasil, a partir da década de 90, é o ponto crucial para entendermos 
as transformações que ocorreram e, principalmente, como foram abaladas as relações de trabalho.
O mundo passou a ser muito mais competitivo após a Segunda Guerra Mundial, com um novo tipo 
de sociedade, com novas relações entre o capital e o trabalho. Passaram a ser usadas novas e modernas 
tecnologias, o que ocasionou profundas transformações no mundo do trabalho e fez acreditar que 
o trabalhador deixaria de existir para dar lugar às máquinas altamente evoluídas com recursos de 
microeletrônica, robótica etc. No entanto, houve e continuará havendo inúmeras transformações no 
mundo do trabalho que causarão o desaparecimento de certas profissões, dando lugar a outras que 
atendam às necessidades contemporâneas.
Há uma maior flexibilização das relações de trabalho, maiores exigências quanto às habilidades dos 
trabalhadores; vivenciam-se a precarização das relações de trabalho, novas modalidades de desemprego, 
como a do “analfabeto digital”, que muitas vezes não consegue se inserir no mercado de trabalho formal 
devido à completa ausência de conhecimentos acerca do manuseio de computadores simples, ou mesmo 
o capacitado ao mercado que não consegue inserção devido ao desemprego estrutural.
Portanto, falar em nova questão social, atualmente, é somar todos os problemas históricos 
que tínhamos e mais o desemprego e a precarização do trabalho, o que agrava completamente a 
realidade contemporânea. Diante dessa realidade complexa, pensar formas de enfrentamento se 
torna inevitável.
3.3 A questão social em uma sociedade em transformação
Sabemos que o tema questão social nada mais é do que a contradição existente entre o trabalho e o 
capital e, como tal, está relacionado diretamente ao âmbito da produção capitalista.
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 Saiba mais
Para saber mais sobre questão social, leia o artigo científico Questão 
social: objeto do serviço social?, escrito por Ednéia Maria Machado, que se 
encontra no site <http://www.ssrevista.uel.br/c_v2n1_quest.htm>
Segundo Iamamoto e Carvalho (2005, p. 77):
[...] a questão social não é senão as expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político 
da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do 
empresariado e do estado. é a manifestação, no cotidiano da vida social, da 
contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros 
tipos de intervenção mais além da caridade e repressão.
Portanto, tivemos mudanças da sociedade mundial no século XX, principalmente com a flexibilização 
da economia, que redesenharam a linha de produção, e, consequentemente, o papel do estado e dos 
instrumentos legais que foram conquistados pelos trabalhadores e difundidos pelas diversas sociedades 
regidas pela produção industrial.
Podemos afirmar

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