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Roteiro - Aula 1

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1 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
INTENSIVO I 
Flávio Tartuce 
Direito Civil 
Aula 1 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
Tema: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) 
 
Conteúdo programático 
 
a) Intensivo I (25 AULAS) 
 
- Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e Parte Geral do Código Civil; 
- Teoria Geral das Obrigações; 
- Teoria Geral dos Contratos; e 
- Contratos em espécies. 
 
b) Intensivo II (20 AULAS) 
 
- Responsabilidade Civil; 
- Direito das Coisas; 
- Direito de Família; e 
- Direito das Sucessões. 
 
Bibliografia: 
➢ TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. Método. 10ª edição. 
➢ TARTUCE, Flávio. Código Civil Comentado. Forense. 2ª edição. 
➢ TARTUCE, Flávio. Coleção de Direito Civil. 6 volumes. Forense. 
 
 
 
2 
www.g7juridico.com.br 
Contato: 
 
E-mail para dúvidas: fftartuce@uol.com.br 
Site: www.flaviotartuce.adv.br 
Instagram: @flavio.tartuce 
 
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB – Decreto-Lei 4.657/1942) 
 
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 2020, p. 1-40. 
 
1. Primeiras palavras 
 
- A LINDB (antes chamada de LICC) é uma norma de sobredireito, isto é, uma “norma que trata da aplicação de outras normas” 
(lex legum). 
 
- De um modo geral, o comando inscrito em uma norma jurídica é dirigido a todos (atributo da generalidade). A LINDB, no 
entanto, é destinada a atores específicos, quais sejam, o legislador e o aplicador do Direito. Essa peculiaridade da LINDB fica 
mais visível quando analisamos os comandos que os arts. 4º e 5º dirigem ao julgador. 
LINDB, art. 4o: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais 
de direito.” 
LINDB, art. 5o: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. 
LEMBRE-SE: O nome da Lei de Introdução foi alterado pela Lei 12.376/2010. Até 2010, a LINDB levava o nome de Lei de 
Introdução ao Código Civil (LICC). 
➢ A alteração do nome se justifica? Autores como o Prof. José Fernando Simão acreditam que não. Entretanto, a 
posição que prevalece afirma que sim, pois a Lei de Introdução não é dirigida apenas ao Direito Civil, mas a todos os 
ramos do Direito, motivo pelo qual a alteração do seu nome faz sentido. 
A título de exemplo, a LINDB traz as regras do Direito Internacional Público e do Privado. Por esse motivo, é conhecida 
como “Estatuto do Direito Internacional.” O “Estatuto do Direito Internacional.” designa um rol de 12 (doze) artigos 
da LINDB, os quais estão voltados à disciplina de tópicos como a competência processual em matéria internacional, 
o conflito entre normas internacionais e o direito dos tratados (art.171). 
 
1 LINDB, art. 17: “As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no 
Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.” 
 
 
3 
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Além disso, a Lei 13.655/2018 introduziu regras de julgamento para a esfera do Direito Público (artigos 20 a 30 da 
LINDB). Tais regras representam um distanciamento ainda maior do Direito Privado. 
É bom lembrar que a Lei de Introdução nunca fez parte de nenhum dos dois Códigos Civis (CC/1916 e CC/2002). Trata-
se de uma lei introdutória a todo o sistema jurídico. 
 
Conteúdo da LINDB 
 
I) Formas de integração da norma jurídica; 
II) Regras de aplicação da norma jurídica no tempo; 
III) Regras de aplicação da norma jurídica no espaço; 
IV) Fontes do Direito; 
V) Regras de Direito Internacional (Público e Privado); e 
VI) Regras de Direito Público. 
 
2. Fontes do Direito (visão clássica) 
 
Segundo a doutrina civilista, a palavra “fonte” pode ter dois sentidos principais: 
• Origem (“de onde vem”), como ensina a Profª. Maria Helena Diniz 
• Manifestações jurídicas (“formas de expressão do Direito”), nas palavras de Rubens Limongi França 
 
As fontes do Direito dividem-se em: 
 
 
 
 
Fontes do Direito 
 
Fontes formais (constam da 
LINDB) 
FONTES PRIMÁRIAS: Lei*1 – Sistema da civil law / art. 5º, II, CF2. 
FONTES SECUNDÁRIAS*2: São aplicadas na falta de lei como um 
recurso de integração normativa: (i) analogia, (ii) costumes e (iii) 
princípios gerais de Direito / art. 4º, LINDB). 
 
 
Fontes não formais *3 (não 
constam da LINDB) 
(i) doutrina 
(ii) jurisprudência 
(iii) equidade (?). 
 
 
➢ Observações importantes: 
 
*1 – Lei: é a norma jurídica (norma agendi). 
Segundo o conceito do Prof. Gofredo Telles Júnior, o qual é seguido por Maria Helena Diniz, a lei é a norma jurídica e é um 
imperativo autorizante. 
 
2 CF, art. 5º, II: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” 
 
 
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• A lei é um IMPERATIVO porque emana de uma autoridade competente, sendo dirigida a todos. A imperatividade faz 
remissão ao atributo da GENERALIDADE (= vigência sincrônica). 
• A lei é AUTORIZANTE porque autoriza ou não autoriza determinadas condutas. 
Dentro deste conceito não cabe, por exemplo, o conceito tradicional de Hans Kelsen, segundo o qual a norma jurídica 
é um imperativo sancionador (“Não há norma jurídica sem sanção”). A Constituição Federal de 1988 é exemplo dessa 
superação ao conter diversos comandos que não comportam sanção. Nesse sentido, veja o que diz o dispositivo que 
trata da instituição familiar: 
 
CF, art. 226: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.” 
 
Além de IMPERATIVA e AUTORIZANTE, a norma jurídica tem OBRIGATORIEDADE. Essa ideia está contida no art. 3º da LINDB3, 
o qual estabelece que ninguém pode deixar de cumprir a lei alegando que não a conhece. 
 
Sobre a obrigatoriedade, existem três correntes: 
• Teoria da Ficção: a lei trouxe a ficção de que todos conhecem as leis. 
• Teoria da Presunção: há uma presunção de que todos conhecem as leis. 
• Teoria da Necessidade Social (majoritária): há uma necessidade social de que todos conheçam as leis (Maria Helena 
Diniz e Zeno Veloso). 
 
A regra do art. 3º da LINDB não é absoluta, uma vez que existem exceções previstas no ordenamento jurídico. 
Exemplo de exceção no Direito Civil: art. 139, III do CC/024, o qual permite a anulação do negócio jurídico por erro do direito. 
ATENÇÃO: não devemos confundir SUBSUNÇÃO com INTEGRAÇÃO. A SUBSUNÇÃO é a aplicação direta da lei, ao passo que a 
INTEGRAÇÃO é o método a partir do qual o julgador supre as lacunas da lei, aplicando as ferramentas previstas no art. 4º da 
LINDB (analogia, costumes e princípios gerais do Direito). 
 
*2 – Fontes formais secundárias: são aplicadas na falta da lei, isto é, quando ela for omissa (lacuna normativa). 
As ferramentas de correção do sistema têm relação com a vedação do não julgamento (non liquet). 
 
CPC, art. 140: “O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.” 
 
A ordem do art. 4º da LINDB deve ser rigorosamente obedecida? 
Sobre o assunto, existem duas correntes: 
 
3 LINDB, art. 3º: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.” 
4 CC, art. 139, III: “O erro é substancial quando: (...) 
III- sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.” 
 
 
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• Doutrina clássica (Clóvis Beviláqua, Washington de Barros Monteiro, Maria Helena Diniz): SIM. 
• Doutrina contemporânea (Zeno Veloso, Gustavo Tepedino, Flávio Tartuce e Daniel Sarmento): NÃO. 
 
A opção por uma das duas correntes dependerá muito da composição da banca avaliadora do concurso. Entretanto, os 
princípios constitucionais têm prioridade de aplicação. Corrobora este argumento o art. 8º do CPC, que coloca o princípio da 
dignidade da pessoa humana como ponto de partida para qualquer decisão judicial; e o art. 5º, §1º da CF, que trata da 
aplicabilidadeimediata das normas de direitos fundamentais. 
 
CPC, art. 8º: “ Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando 
e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade 
e a eficiência.” 
 
CF, art. 5º, §1º: “As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.” 
 
*3 – Fontes não formais 
 
• Doutrina: é a interpretação do Direito feita pelos estudiosos. 
Ex.: dissertações de mestrado, teses de doutorado, manuais, cursos, tratados e enunciados do Conselho da Justiça Federal 
(CJF), aprovados nas Jornadas de Direito Civil (JDC). 
 
• Jurisprudência: é a interpretação do Direito feita pelos Tribunais. 
Ex.: Súmulas dos Tribunais Superiores (STJ e STF). 
 
Cuidado: o CPC de 2015 valorizou de modo substancial a jurisprudência, dando-lhe força vinculativa (e não vinculante). Neste 
aspecto, verifica-se uma aproximação, cada vez mais presente, com o sistema da common law. 
 
CPC, art. 332: “Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará 
liminarmente improcedente o pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos 
repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.” 
 
 
 
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CPC, art. 489, §1º, VI: “Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, 
que: 
[...] 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência 
de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.” 
 
CPC, art. 926: “Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente.” 
 
CPC, art. 927: “Os juízes e os tribunais observarão: 
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; 
II - os enunciados de súmula vinculante; 
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de 
recursos extraordinário e especial repetitivos; 
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em 
matéria infraconstitucional; 
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.” 
 
Equidade (?) – É “a justiça do caso concreto.” (Aristóteles). 
 
A equidade é fonte do Direito? Sobre o tema, há duas correntes: 
• Doutrina Clássica (Washington de Barros Monteiro, Maria Helena Diniz e outros): Não. É apenas uma ferramenta de 
auxílio ao juiz. 
• Doutrina Contemporânea (Pablo Stolze/Rodolfo Pamplona, Flávio Tartuce): Sim, conforme se extrai do art. 5º da 
LINDB, que impõe a busca dos fins sociais da lei e do bem comum; e do art. 8º do CPC. 
 
Em alguns casos, a lei menciona expressamente o uso da equidade. 
Exemplo: art. 7º do CDC. 
 
CDC, art. 7º: “Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais 
de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas 
competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade. 
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos 
nas normas de consumo.” 
 
 
 
 
 
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E a Súmula Vinculante (art. 103-A, CF)? 
 
Seguindo a lição de Walber Moura Agra, a Súmula Vinculante é fonte formal, estando compreendida entre a fonte primária e 
as fontes secundárias, isto é, ocupa uma posição intermediária e ostenta uma natureza sui generis. 
 
3. Formas de Integração da Norma Jurídica (art. 4º, LINDB) 
 
3.1. Analogia 
 
Conceito: é a aplicação de uma (i) norma jurídica próxima ou de um (ii) conjunto de normas próximo, não havendo lei para o 
caso concreto. 
• Analogia legal (=legis) 
• Analogia jurídica (=iuris) 
 
Exemplo: aplicação de regra(s) do casamento para a união estável. 
 
ATENÇÃO: não confunda ANALOGIA com INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. 
 
ANALOGIA INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA 
Outra norma jurídica é aplicada, além da sua previsão 
original. 
O sentido da norma jurídica é ampliado. 
Na analogia, há integração. Neste caso, há subsunção. 
 
Vejamos alguns exemplos: 
 
REGRA 1: “Por essa linha somente circula camelo amarelo”. 
 
➢ Se o intérprete, por qualquer motivo ou justificativa, aplica o comando descrito na regra jurídica para camelos da cor 
marrom, há INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. No entanto, se no momento da aplicação o intérprete assume como 
verdadeira a premissa de que dromedários também podem circular pela linha, ele o faz com base no mecanismo da 
ANALOGIA, já que houve a mudança do tipo descrito. 
 
 
 
 
 
 
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REGRA 2: “Neste cesto só podem ser colocadas maçãs vermelhas”. 
 
➢ Aqui vale o mesmo raciocínio. Se o intérprete aceitar que no cesto sejam colocadas maçãs verdes, ele estará lançando 
mão da INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. Agora, se o intérprete aceita que sejam colocadas pêras no cesto, a alteração 
do tipo de fruta faz deste um caso de ANALOGIA. 
 
3.2. Costumes 
 
Conceito: são práticas e usos reiterados com conteúdo lícito e relevância jurídica. 
 
CC, art. 113, caput: “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.” 
 
Classificação 
 
a) Costumes segundo a lei (secundum legem): quando a expressão “costume” consta da lei, havendo, neste caso, subsunção. 
 
CC, art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos 
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.” 
 
b) Costumes na falta da lei (praeter legem): aplicado quando a lei for omissa (= costume integrativo). 
 
Ex.: Cheque pós-datado. 
Súmula 370, STJ: “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”. 
 
c) Costumes contra legem: são aqueles que contrariam a lei, não sendo, em regra, admitidos pelo ordenamento; salvo se a 
lei contrariada tiver caído em desuso. 
 
Ex.: A norma que prevê que o “jogo do bicho” é contravenção penal. 
 
3.3. Princípios Gerais do Direito 
 
Segundo Limongi França, os princípios gerais do Direito são regramentos básicos aplicáveis a determinado instituto jurídico, 
sendo abstraídos das normas, da doutrina, da jurisprudência e de aspectos políticos, econômicos e sociais. 
 
 
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Os princípios podem estar expressos na norma jurídica ou não. Como exemplo, temos o instituto da função social do contrato, 
expresso no Código Civil de 2002 nos artigos 421 e 2.035, parágrafo único, e de modo implícito em outros diplomas, como o 
Código de Defesa do Consumidor (CDC). 
 
CC, art. 421: “ A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874, 
de 2019) 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da 
revisão contratual. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)” 
 
CC, art. 2.035, §único: “Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos 
por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.” 
 
O Prof. Paulo Bonavides destaca que, com a vigência da CF/88, alguns dos princípios gerais do Direito ganharam status 
constitucional, tendo prioridade de aplicação, mesmo quando há lei específicasobre a matéria. 
São exemplos disso: a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF5), a solidariedade social (art. 3º, I, CF6) e a isonomia ou 
igualdade material (art. 5º, caput, CF7). 
 
4. Regras de aplicação da norma jurídica no tempo 
 
➢ “A lei entra em vigor” = esta expressão refere-se à vigência da lei. 
 
A vigência da lei deve observar os requisitos necessários em três planos de juridicidade: 
• Existência; 
• Validade (requisitos formais);e 
• Eficácia (aplicabilidade da norma jurídica). 
 
 
5 CF, art. 1º, III: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) 
III – a dignidade da pessoa humana” 
6 CF, art. 3º, I: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa 
e solidária;” 
7 CF, art. 5º, caput: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: (...)” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
 
 
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4.1. Início de vigência 
 
A doutrina civilista destaca três fases que antecedem a vigência da lei. São elas: 
 
1ª) Elaboração. 
2ª) Promulgação – pode ser dispensada. 
3ª) Publicação. 
 
• A lei entra em vigor imediatamente após a publicação ? 
 
Não, pois, em regra, deve ser observado o prazo de “vacatio legis” (art. 1º, LINDB). Não havendo previsão na própria lei, o 
prazo será de 45 (quarenta e cinco) dias para o Brasil ou 3 meses para os Estados estrangeiros com os quais o Brasil mantém 
relação no plano internacional, contado o prazo da data de publicação oficial. 
 
LINDB, art. 1º: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente 
publicada. 
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de 
oficialmente publicada. 
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). 
§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos 
parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. 
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.” 
 
4.2. Fim da vigência 
 
A principal forma de retirada de vigência de uma norma jurídica é por meio da sua revogação por outra norma jurídica, 
conforme dispõe o art. 2º da LINDB. 
 
LINDB, art. 2º: “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule 
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. 
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.” 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12036.htm#art4
 
 
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Classificações da revogação: 
 
a) Quanto à extensão (amplitude) 
 
a.1) Revogação total (ab-rogação) → Ex.: revogação total do CC/1916, conforme prevê o art. 2.045, CC/20028. 
 
a.2) Revogação parcial (derrogação) → Ex.: Código Comercial de 1850 (art. 2.045, CC/2002). 
 
b) Quanto ao modo 
 
b.1) Revogação expressa: é taxativamente prevista na norma posterior (Ex.: art. 2.045, CC/02). 
 
b.2) Revogação tácita (art. 2º, LINDB): ocorre quando a lei nova trata da mesma matéria da lei anterior ou quando há 
incompatibilidade entre a lei posterior e a anterior. 
Ex.: Revogação tácita e parcial da Lei nº 4.591/64 na matéria de condomínio edilício. 
O art. 2º da LINDB trata dos aspectos relacionados à vigência das leis. Há, no entanto, uma polêmica sobre a contraposição 
deste artigo com o disposto no art. 9º da Lei Complementar nº 95/98, que, segundo alguns, impediria a revogação tácita. 
Não obstante, tem prevalecido o entendimento de que a revogação tácita é sim possível. 
LINDB, art. 2º, §1º: “ Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule 
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.” 
LC 95/98, art. 9º: “Quando necessária a cláusula de revogação, esta deverá indicar expressamente as leis ou disposições legais 
revogadas.” 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 
Obs. 1: Interpretação do art. 2º, §2º, LINDB. 
LINDB, art. 2º, §2º: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica 
a lei anterior.” 
 
8 CC, art. 2.045: “Revogam-se a Lei n o 3.071, de 1 o de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, 
Lei n o 556, de 25 de junho de 1850.” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0556-1850.htm#parte%20primeira
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0556-1850.htm#parte%20primeira
 
 
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A Lei com sentido complementar não revoga as disposições anteriores sobre o mesmo tema. 
Ex.: a Lei 11.804/2008 (Lei dos alimentos gravídicos) não revogou nem alterou o Código Civil de 2002 em matéria de alimentos, 
trazendo apenas acréscimos ao reconhecer o direito a alimentos ao nascituro e à mulher grávida. 
Obs. 2: Represtinação (art. 2º, §3º, LINDB). 
LINDB, art. 2º, §3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.” 
Ocorre quando a norma revogada volta a valer com a revogação da norma revogadora. Em regra, não se admite a 
represtinação no Direito Brasileiro. 
Esquema exemplificativo: 
 
 
 
 
 
Se a norma C revoga a norma B, a qual, por sua vez, havia revogado a norma A, esta última não volta a produzir efeitos, 
SALVO se houver represtinação legal ou diante de declaração de inconstitucionalidade da norma revogadora (efeito 
repristinatório). 
 
➢ REsp. 517.789/Alagoas. 
 
EMENTA: “CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PATRONAL. EMPRESA AGROINDUSTRIAL. INCONSTITUCIONALIDADE. EFEITO 
REPRISTINATÓRIO. LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL. 1. A declaração de inconstitucionalidade em tese, ao excluir do 
ordenamento positivo a manifestação estatal inválida, conduz à restauração de eficácia das leis e das normas afetadas pelo 
ato declarado inconstitucional. 2. Sendo nula e, portanto, desprovida de eficácia jurídica a lei inconstitucional, decorre daí 
que a decisão declaratória da inconstitucionalidade produz efeitos repristinatórios. 3. O chamado efeito repristinatório da 
declaração de inconstitucionalidade não se confunde com a repristinação prevista no artigo 2º, § 3º, da LICC, sobretudo 
porque, no primeiro caso, sequer há revogação no plano jurídico. 4. Recurso especial a que se nega provimento.” (STJ - REsp 
517.789/AL. Relator Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA. T2 - SEGUNDA TURMA. Julgado em 08/06/2004. DJ 13/06/2005). 
Norma A Norma B Norma C 
Norma B revoga a 
norma A 
Norma C revoga a 
norma B 
 
 
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Obs. 3: Retroatividade da norma jurídica 
A norma jurídica tem vigência, em regra, para o futuro. Logo, a irretroatividade é REGRA e a retroatividade é EXCEÇÃO. 
Para que a retroatividade seja possível, são necessários dois requisitos principais: 
(i) deve haver permissão legal; e 
(ii) não pode prejudicar o direito adquirido, o atojurídico perfeito e a coisa julgada. 
 
CF, art. 5º, XXXVI: “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;” 
 
LINDB, art. 6º: “A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa 
julgada. 
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. 
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo 
comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. 
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
➢ Direito adquirido: é o direito incorporado ao patrimônio da pessoa, inclusive porque já exercido (Gabba). 
 
➢ Ato jurídico perfeito: é toda manifestação de vontade lícita e consolidada. 
 
➢ Coisa julgada: é toda decisão judicial da qual não cabe mais recurso. 
 
 
Direito 
Adquirido 
A.J.P 
C.J 
 
 
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A proteção desses institutos não é absoluta, devendo ser ponderada com outros direitos e valores constitucionais (art. 489, 
§2º, CPC). 
 
Ex.1: Relativização da coisa julgada em ações investigatórias de paternidade julgadas improcedentes quando não existia 
exame de DNA no Brasil. O STF e o STJ admitem a relativização para estes casos. 
 
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. AÇÃO 
DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE DECLARADA EXTINTA, COM FUNDAMENTO EM COISA JULGADA, EM RAZÃO DA 
EXISTÊNCIA DE ANTERIOR DEMANDA EM QUE NÃO FOI POSSÍVEL A REALIZAÇÃO DE EXAME DE DNA, POR SER O AUTOR 
BENEFICÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA E POR NÃO TER O ESTADO PROVIDENCIADO A SUA REALIZAÇÃO. REPROPOSITURA DA 
AÇÃO. POSSIBILIDADE, EM RESPEITO À PREVALÊNCIA DO DIREITO FUNDAMENTAL À BUSCA DA IDENTIDADE GENÉTICA DO 
SER, COMO EMANAÇÃO DE SEU DIREITO DE PERSONALIDADE” (STF, RE 363.889/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, J. 02/06/2011) 
 
“PROCESSO CIVIL. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. REPETIÇÃO DE AÇÃO ANTERIORMENTE AJUIZADA, QUE TEVE SEU 
PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE POR FALTA DE PROVAS. COISA JULGADA. MITIGAÇÃO. DOUTRINA. PRECEDENTES. DIREITO 
DE FAMÍLIA. EVOLUÇÃO. RECURSO ACOLHIDO” (STJ, Resp 226.436/PR, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, P. 04/02/2002, 
J. 28/06/2001). 
 
Ex 2.: Retroatividade máxima (Paul Roubier), conforme previsão do art. 2.035, parágrafo único do CC. A retroatividade máxima 
é também chamada de retroatividade motivada. 
 
➢ Preceito de ordem pública pode retroagir. 
 
CC, art. 2.035, parágrafo único: “Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os 
estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.”

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