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FORMAS ORDINÁRIA E EXTRAORDINARIAS DE TESTAR

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FORMAS ORDINÁRIA E EXTRAORDINARIAS DE TESTAR
O Código Civil de 2002 prevê o testamento público, cerrado, especial, marítimo, militar e aeronáutico. 
Será abordado cada um apresentando a maneira de elaboração de cada tipo testamentário, tipificando cada um com fundamento jurídico.
TESTAMENTO PÚBLICO
O testamento público é escrito pelo tabelião ou substituto, em seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador, feitas em língua nacional, em presença de duas testemunhas que devem assistir a todo o ato. O tabelião deve escrever exatamente o que o testador diz, ficando, portanto, obrigado a dizer, não podendo ser copiado, caso isso ocorra o ato será anulado.
O instrumento do testamento após ser escrito, deverá ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e as duas testemunhas, a um só tempo ou pelo testador, se assim o quiser, na presença das testemunhas e do oficial. A leitura precisa ser feita na presença simultânea, conjunta e contínua do testador, do tabelião e das testemunhas como expressamente mencionado no artigo 1.864, do Código Civil.
O artigo 1.865 do Código Civil diz que quando o testador não souber ou não puder assinar e, em vez de solicitar que uma das testemunhas instrumentarias assine a seu rogo, além do mais o número de testemunhas não pode ser reduzido. Os artigos 1.866 e 1867menciona hipóteses na qual quando o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião assim o declarará assinado pelo testador. Atenta-se ainda a hipótese onde o alfabeto também só pode testar de forma pública, pois não lhe é permitido fazer testamento cerrado conforme artigo 1.872 ou particular artigo 1.876, §1°.
TESTAMENTO CERRADO
O testamento cerrado, é o escrito pelo próprio testador, oi por alguém a seu rogo e por aquele assinado, com caráter sigiloso, completado pelo instrumento de aprovação ou autenticação lavrado pelo tabelião ou por seu substituto legal, em presença do disponente e de duas testemunhas idôneas.
De acordo com o artigo 1.801 do Código Civil, são proibidos de escrever a cédula testamentária a rogo do testador, o herdeiro instituído, ou legatário, o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos. O tabelião, poderá escrever o testamento, a rogo do testador, quando esse não souber, ou não puder fazê-lo, sem que, por essa razão, fique impedido de lavrar ou auto de aprovação posteriormente, como previsto no artigo 1.870 do CC.
A carta testamentária pode ser redigida em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio testador, ou por outrem, a seu rogo, como faculta o art. 1.871 do Código Civil. No entanto, o auto de aprovação ou autenticação lavrado pelo tabelião, deverá ser escrito em língua nacional, por se tratar de instrumento público.
Na posse da cédula testamentária, devidamente assinada, o testador deverá entrega-la ao tabelião, na presença de duas testemunhas. A entrega constitui ato personalíssimo do testador, vez que o código determina que o testador entregue, pessoalmente, o seu testamento ao tabelião. O testador deverá informar ao tabelião que aquele é seu testamento, e que quer que seja aprovado, sendo essa declaração indispensável, uma vez prevista como requisito essencial ao testamento cerrado, previsto no inciso III do artigo1.868 do CC.
As testemunhas participam apenas da apresentação do testamento ao tabelião e não precisam conhecer o seu teor, mas a sua presença é imprescindível. Devem presenciar a entrega da cédula ao tabelião e ouvir a mencionada declaração feita pelo testador, e observar que o auto de aprovação foi lavrado logo após à apresentação.
Apresentado o testamento ao tabelião, este lavrará o auto de aprovação após a última palavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presença das testemunhas.  Após a elaboração do auto, o tabelião fará ao testador e às testemunhas a sua leitura, e logo em seguida, é assinado por todos tabelião, testador e testemunhas.
A última fase é a do cerramento, quando, após a assinatura, o tabelião vai cerrar e coser o testamento. Depois de aprovado e cerrado, o estamento será entregue ao testador, e o tabelião lançara em seu livro de notas, o lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue. Após a entrega, o testamento deverá ser guardado pelo testador, ou pessoa que este designar, para ser apresentado em juízo por ocasião da abertura da sucessão.
Até então, o documento deve permanecer inviolável; se for aberto pelo testador, ou houver violação do lacre com o consentimento do testador, o testamento será tido como revogado, de acordo com o disposto no artigo 1.972 do Código Civil.
TESTAMENTO PARTICULAR
Testamento particular ou hológrafo é o ato de disposição de última vontade escrito de próprio punho, ou mediante processo mecânico, assinado pelo testador, e lido por este a três testemunhas, que o subscreverão, ficando obrigados a confirmar sua autenticidade após a morte do disponente.
Nessa modalidade de testamento, faz-se desnecessária a presença do tabelião para validá-lo. Todavia, paira sobre ele insegurança, pois depende da confirmação das testemunhas em juízo, após a abertura da sucessão, e essas podem vir a faltar. Nessa hipótese, o testamento estará irremediavelmente prejudicado e não serão cumpridas as disposições de última vontade manifestadas pelo testador. O destino dos bens regular-se-á pelos critérios estabelecidos para a sucessão legítima.
Seja o testamento particular escrito de próprio punho pelo testador, seja datilografado, redigido no computador, ou com a utilização de qualquer outro meio mecânico, precisa ser lido pelo próprio testador, na presença das testemunhas (três, no mínimo), que o assinarão, também.
O texto digitado precisa ser impresso, não podendo ficar armazenado em pastas no computador, nem gravados em CD’s ou em mídias digitais, como pendrives ou HD’s. Após o ditado feito pelo testador, a digitação e a impressão, a cédula será lida às testemunhas. Depois de ouvida a leitura, seguem-se as assinaturas, a começar pelo testador, e concluindo-se pelas testemunhas, imediatamente após a última linha, pois são expressamente proibidos os “espaços em branco”. Havendo mais de uma folha, é necessário que todos lancem as rubricas em todas elas.
Não é necessário que o testamento particular seja redigido num só momento, ininterruptamente. O testador pode escrevê-lo aos poucos, à medida que as suas ideias vão se organizando e sua vontade se formando. Não há falar, nessa fase, em unidade de contexto.
TESTAMENTO MARÍTIMO
Testamento marítimo é a declaração de última vontade, feita em viagem, a bordo de navios nacionais, de guerra ou mercantes. A cédula testamentária será registrada em livro diário de bordo, que todos os navios possuem. O registro fará referência ao autor do testamento, à data e a outros dados dignos de nota que ocorrerem. O testamento ficará sob a guarda do comandante, que o entregará às autoridades administrativas do primeiro porto nacional, de acordo com o artigo 1.890 do Código Civil.
O testamento marítimo pode revestir formas assemelhada ao público e ao cerrado. No público, é lavrado pelo comandante, a quem se atribui função notarial, na presença de duas testemunhas, fazendo-se o seu registro no livro diário de bordo. Se o testador não puder assinar, o comandante assim o declarará, assinando, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias, segundo o artigo 1.865 do Código Civil.
Já o testamento que corresponda ao tipo cerrado, art. 1.868 do CC, pode ser feito pelo próprio testador, que o assinará, ou ser escrito por outrem, que o assinará com a declaração de que o subscreve a rogo daquele. Deve ser entregue ao comandante perante duas testemunhas capazes de entender a vontade do testador, declarando que tratar-se de seu testamento, e requer a aprovação.
O comandante certificará, abaixo do escrito, todo o ocorrido, datando e assinando com o testador e as testemunhas. Todos os partícipe testador, comandante e testemunhas devem estar reunidos, simultaneamente presentes, do início ao fim da solenidade.TESTAMENTO AERONÁUTICO
Preceitua o artigo 1.889 do Código Civil que quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, pode testar perante pessoa designada pelo comandante observado o disposto no artigo antecedente. Esse tipo de testamento se dá pela necessidade de o autor da herança elaborar o seu testamento, durante voos transcontinentais, de percursos muito longos, em casos de doença ou indisposição súbita e iminência de morte próxima.
Conforme determina o legislador no artigo 1.888, CC, a forma e os requisitos do testamento marítimo, deve ser adotada, na confecção do testamento aeronáutico, modalidade que corresponda ao testamento público ou ao cerrado.
Os requisitos do testamento aeronáutico são, portanto, os mesmos do testamento marítimo. No entanto, não pode o comandante da aeronave, por estar envolvido na pilotagem, participar da elaboração do testamento público. Por isso, ele designará alguém para receber as informações do testador e lavrar o testamento.
A forma cerrada, por sua vez, torna-se quase inviável. A maneira mais prática é o ditado da disposição de bens à pessoa designada pelo comandante e a leitura por ela feita, ao testador e a duas testemunhas, após a lavratura do instrumento, com a assinatura de todos, art. 1.864 do CC. Se o testador estiver passando mal e não tiver condições de assinar, a pessoa que fizer as vezes do notário assim o declarará, assinando pelo testador, e a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias art. 1.865.
A maneira mais prática é o ditado da disposição de bens à pessoa designada pelo comandante e a leitura por ela feita, ao testador e a duas testemunhas, após a lavratura do instrumento, com a assinatura de todo, art. 1.864 do CC. Se o testador estiver passando mal e não tiver condições de assinar, a pessoa que fizer as vezes do notário assim o declarará, assinando pelo testador, e a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias art. 1.865.
Há também a possibilidade de o testador optar pelo testamento particular, que terá de ser por ele redigido, ou elaborado em microcomputador. Poderá valer-se, neste caso, do testamento particular elaborado em circunstâncias excepcionais, sem testemunhas, se houver dificuldade para conseguir a sua participação.
Os testamentos, tanto marítimo, quanto aeronáutico ficarão sob a guarda do comandante, que o entregará às autoridades administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional, contra recibo averbado no diário de bordo, conforme o artigo 1.890 do Código Civil.
Dispõe o art. 1.891 do Código Civil caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrer na viagem, nem nos noventa dias subsequentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento.
A perda da eficácia do testamento, se o testador não morrer em consequência do acontecimento excepcional que o levou a testar às pressas, nem depois do lapso de tempo estabelecido na lei, justifica-se plenamente, pois se trata de forma privilegiada, para atender a uma situação de emergência. Cessada esta, sem que o testador tenha morrido na viagem, nem nos noventa dias subsequentes ao seu desembarque em terra, onde pudesse fazer outro testamento comum, desaparece a razão para a subsistência do testamento especial.
TESTAMENTO MILITAR
Testamento militar é o elaborado por militar e outras pessoas a serviço das Forças Armadas em campanha que estejam participando de operações de guerra, dentro ou fora do País.
A locução “militares” recebe interpretação extensiva na doutrina. Abrange não só os integrantes das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), como também das Polícias Militares e outras forças auxiliares.
Uma das formalidades para que seja válido o testamento militar é que a Força esteja “em campanha”, mobilizada, tanto para a guerra externa quanto para a interna, dentro ou fora do País, assim como “em praça sitiada”, ou que estejam de comunicações interrompidas. Considera-se, igualmente, em campanha a Força Armada destacada para cumprir missões de paz, ou garantir segurança em territórios conflagrados, em nome de organismos internacionais, como a ONU, por exemplo.
Ainda, que o disponente se encontre participando da guerra, em campanha ou em praça sitiada, sem possibilidade de afastar-se das tropas ou do campo de batalha. Não precisa, necessariamente, estar envolvido nos combates e entrechoques; basta que esteja envolvido em missão pública a favor da defesa da pátria, como numa missão de salvamento, por exemplo, impedido de se comunicar.
Também não pode haver no local, um tabelionato em que o interessado em testar possa dispor de seus bens pela forma ordinária. Se, mesmo estando a cidade sitiada, houver a possibilidade de fazer o testamento em um tabelião local, ou de seu substituto legal, não se justifica a confecção de testamento militar.
O testamento militar pode revestir três formas: a assemelhada ao testamento público, art. 1.893 do CC, a correspondente ao testamento cerrado art. 1.894, e a nuncupativa art. 1.896.
No primeiro caso, o comandante atuará como tabelião, estando o testador em serviço na tropa, ou o oficial de saúde, ou o diretor do hospital em que estiver recolhido, sob tratamento. Será lavrado na presença de duas testemunhas e assinado por elas e pelo testador, ou por três, se o testador não puder, ou não souber assinar, caso em que assinará por ele uma delas. Se o testador for oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele que o substituir, art. 1.893, § 3º do CC.
Na forma semelhante ao testamento cerrado, o testador entregará a cédula ao auditor, ou ao oficial de patente que lhe faça as vezes nesse mister, aberta ou cerrada, escrita de seu punho ou por alguém a seu rogo, na presença de duas testemunhas. O auditor, ou o oficial a quem o testamento se apresente, notará, em qualquer parte dele, lugar, dia, mês e ano em que lhe for apresentado, nota essa que será assinada por ele e pelas testemunhas art. 1.894, parágrafo único do CC. Em seguida, o devolverá ao apresentante. O auditor é o militar encarregado da Justiça no acampamento, ou juiz militar que julga os soldados.
O testamento nuncupativo é o feito de viva voz perante duas testemunhas, por pessoas empenhadas em combate ou feridas. É o único testamento oral admitido em nossa legislação. O testador irá confiar suas declarações para duas testemunhas que, com sua morte, procurarão o oficial para reduzir a termo a sua declaração. O testamento será assinado pelo oficial e pelas testemunhas.
Dispõe o artigo 1.896 do Código Civil as pessoas designadas no art. 1.893, estando empenhadas em combate, ou feridas, podem testar oralmente, confiando a sua última vontade a duas testemunhas. Pressupõe-se, nesse caso, que a pessoa esteja exposta, em qualquer caso, a risco de vida, e impossibilitada de se utilizar da escrita.
No entanto, finda a guerra ou convalescendo o testador, cessaram as razões e acabaram os motivos que a lei prevê para o testamento especial, como preceitua o Parágrafo único do mesmo artigo não terá efeito o testamento se o testador não morrer na guerra ou convalescer do ferimento.
Assim como no testamento marítimo e no testamento aeronáutico, está igualmente sujeito a prazo de caducidade, o testamento militar.
Nesse sentido, dispõe o artigo 1.895 do Código Civil caduca o testamento militar, desde que, depois dele, o testador esteja, noventa dias seguidos, em lugar onde possa testar na forma ordinária, salvo se esse testamento apresentar as solenidades prescritas no parágrafo único do artigo antecedente.

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