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Teorias da população

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Prévia do material em texto

Geografia da 
População
Teorias da População
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Vivian Fiori 
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone
5
• Teorias sobre População
• Dinâmica da população mundial
Nesta unidade, o texto teórico trará algumas diferentes formas de analisar o crescimento 
populacional no mundo. 
Em primeiro lugar, veremos a definição do que é um estudo de Geografia da População. 
Depois, estudaremos algumas teorias sobre população propostas por Malthus, Marx e por 
pesquisadores denominados neomalthusionistas, cujas teorias são bastante difundidas.
Por fim, encontraremos uma proposta de análise da população com a mediação espacial, 
mediante o uso de categorias geográficas, evidenciando as dimensões socioeconômicas, 
políticas e culturais no espaço.
Essas dimensões espaciais alteram os valores e as características da população. Assim, 
por exemplo, quando comparamos indicadores demográficos, verificamos diferenças 
significativas entre a África Subsaariana e a Europa Ocidental.
Dessa forma, entender as condições espaciais que tornam os dados sobre população 
desiguais é fundamental para a formação de um futuro professor de Geografia.
Iniciaremos nossas atividades dessa disciplina com uma unidade 
sobre Teorias de População, evidenciando alguns autores e suas 
abordagens sobre crescimento populacional no mundo. 
Para atingirmos satisfatoriamente nossos objetivos nesta 
disciplina, saliento a importância da leitura atenta do texto e o 
empenho na realização das atividades propostas.
Teorias da População
6
Unidade: Teorias da População
Contextualização
Leia atentamente o trecho de texto a seguir:
Observe que o texto traz diversos elementos e informações sobre a população mundial. 
Quais são esses elementos e variáveis? Fecundidade (número de filhos por mulher, em idade 
fértil); características etárias da população (“estão mais jovens e velhas”); pobreza e altas taxas 
de fecundidade; países mais ricos e baixa taxa de fecundidade; assim também problemas no 
sistema previdenciário e falta de mão de obra para o mercado de trabalho em decorrência da 
diminuição da população de jovens em determinados países. 
Ao mesmo tempo em que traz algumas variáveis, como fecundidade e faixa etária, o texto faz 
relações entre desenvolvimento dos países e os indicadores demográficos e sociais. Essa é uma 
visão sobre um estudo de população. 
Contudo há outras formas de interpretar questões sobre população. 
Leia o texto teórico apresentado no material didático na íntegra, realize as atividades propostas 
e verifique algumas abordagens e teorias sobre população. 
Um olhar mais próximo ao nosso mundo de 7 bilhões de habitantes
O marco dos 7 bilhões vem assinalado por vitórias, revezes e paradoxos. Embora as mulheres 
estejam tendo, em média, menos filhos que na década de 1960, os números continuam a 
crescer. Globalmente, as pessoas estão mais jovens – e mais velhas – que antes. Em alguns 
dos países mais pobres, altas taxas de fecundidade dificultam o desenvolvimento e perpetuam 
a pobreza, enquanto em alguns dos mais ricos os baixos níveis de fecundidade e a reduzida 
quantidade de pessoas que ingressam no mercado de trabalho levantam preocupações sobre 
as perspectivas de crescimento econômico sustentável e sobre a viabilidade dos sistemas 
previdenciários (UNFPA, 2011, p. 1). 
Fonte: FUNDO DE POPULAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS (UNFPA). Relatório sobre a 
situação da população mundial 2011. Escritório no Brasil. Disponível em: http://www.
un.cv/files/PT-SWOP11-WEB.pdf. Acesso 30/03/2014.
7
Teorias sobre População
Introdução
Ao iniciarmos um estudo sobre população e algumas teorias que buscam explicar esse 
fenômeno, torna-se necessário compreender não só os discursos dos teóricos sobre população, 
evidenciando o contexto do período em que foram elaboradas essas teorias, mas também com 
quais abordagens buscaram discutir às questões relativas ao estudo da população. 
Cabe ressaltar que o estudo sobre população não é específico da ciência geográfica, 
sendo tema de interesse da Economia, Sociologia, Demografia, Serviço Social, entre outras 
áreas do conhecimento. 
Mas o que é população? População refere-se ao conjunto de habitantes de um determinado 
lugar, seja um país, município, região etc. As temáticas sobre população podem ser amplas, 
definidas através de critérios do pesquisador e/ou por definição de variáveis e elementos 
populacionais, entre eles: crescimento populacional, estrutura etária, natalidade e mortalidade, 
migrações, políticas públicas sobre população, gênero e população, questão racial, população 
rural e urbana, população ativa etc.
Por se tratar aqui de disciplina geográfica, parte-se do princípio de que, para compreender 
a população e sua dinâmica, é fundamental estudá-la em sua relação com o território. Assim, 
o estudo será focado, principalmente, em categorias próprias da Geografia, apresentando 
análises espaciais sobre a população do mundo, em linhas gerais, e mais especificamente sobre 
a população do Brasil.
Iniciaremos com estudos sobre população que se tornaram clássicos e, depois, passaremos 
para uma proposta de caráter mais geográfico. A seguir, vamos tratar de algumas dessas teorias 
sobre população.
Teorias sobre População
Existem várias teorias sobre população, sobretudo relativas ao crescimento populacional. 
Vamos destacar algumas delas que, ao longo da história, ganharam notoriedade e adeptos.
A teoria de Malthus
Thomas Robert Malthus (1766-1834), britânico, elaborou uma teoria sobre população que se 
tornou bastante conhecida. Sua teoria definia que a população dobrava a cada vinte cinco anos, 
ou seja, com uma progressão geométrica (ex. 2, 4, 16...) enquanto a produção de alimentos 
crescia numa proporção aritmética (ex. 2, 4, 6, 8, 10...).
Aliava a pobreza ao crescimento populacional e definia que o pobre era culpado da própria 
pobreza, já que, enquanto a população crescia geometricamente, a produção de alimentos 
crescia em proporção mais lenta, aritmética, o que tornaria a escassez de alimentos um problema 
mundial, pois esta era uma lei natural.
8
Unidade: Teorias da População
Importante evidenciar o contexto do discurso de Malthus. Ele viveu no período no qual a 
Inglaterra já vivia um processo de industrialização, com mudanças nas formas de produção e 
com grande êxodo rural. Se, de um lado, era interessante para a produção a chegada desses 
imigrantes às cidades, de outro, causava “desconforto” para as classes mais abastadas.
Era o tempo da substituição da manufatura por máquinas, com uso também do trabalho 
humano em horas exaustivas e, quase sempre, em condições de trabalho degradantes, inclusive 
com a exploração do trabalho de mulheres e crianças. A substituição do trabalho humano pela 
máquina gerou, até mesmo, um movimento denominado ludismo, no início do século XIX, na 
Inglaterra, contra o uso das máquinas. 
Então, foi nesse período de turbulências sociais, de mudanças nas formas de existência e na 
produção, de expropriação de camponeses de suas terras, de grandes contingentes de migrantes 
chegando às cidades e muitos vivendo em condições de extrema miséria que Malthus escreveu 
suas obras e divulgou suas ideias. 
Como medida para conter o crescimento populacional, Malthus preconizava a abstinência 
sexual para os mais pobres, como uma obrigação moral, pois isso, segundo ele, restringiria o 
número de filhos das famílias pobres e diminuiria a pressão sobre o consumo dos alimentos bem 
como a própria pobreza. 
Assim, desde que não houvesse guerras, desastres naturais ou epidemias, situações que 
contribuíssem para deter o crescimento populacional, faltaria alimentos para todos, porque as 
terras cultiváveis ficariam cada vez mais escassas, pois seria disputada por um número maior de 
pessoas. Amélia Damiani (2001) destaca:
Logo, caberia aos mais pobres, por obrigação moral, ter menos filhos. Malthus discordava, 
inclusive, da ideia de assistencialismo aosmais pobres, pois isso levaria ao aumento da 
procriação destes e um consequente aumento da pobreza. Então, nesta concepção, aqueles que 
não tivessem terras agricultáveis não deveriam ter filhos. 
Observa-se, assim, que, no período em que Malthus realizou seu discurso, sua condição 
social e o fato de ser também pastor contribuíram para suas ideias sobre população. Suas teorias 
foram bastante desenvolvidas por outros autores e, inclusive, de algum modo, ainda há hoje 
adeptos dessa concepção, ainda que adaptada aos dias de hoje.
Thomas Robert Malthus nasceu em Rookery, Inglaterra, em 1766, filho de uma 
família abastada e proprietária de terras. É considerado um economista e estudioso 
de demografia. Também foi pastor da igreja anglicana. Publicou sua obra Ensaio 
sobre população em 1798, pela qual se tornou conhecido por definir que a 
população crescia geometricamente, enquanto os alimentos aumentavam numa 
proporção aritmética, o que levaria à escassez dos recursos. Os adeptos de suas 
teorias ficaram conhecidos como teóricos do malthusionismo. 
A miséria para Malthus é, portanto, necessária. Ela aparece na fome, no 
desemprego, no rebaixamento dos salários, então, ela mata, ela faz adoecer, 
ela reduz o número de matrimônios, pois será mais difícil sustentar os filhos 
(obstáculo preventivo ou “obrigação moral”)
(DAMIANI, 2001, p. 14)
9
As teorias de Marx e Engels e sua relação com a população
Na visão marxista, o homem, a população, deve ser sempre analisado no contexto concreto 
no qual vive, em seu trabalho e em suas formas de vida. A proposta e visão do materialismo 
histórico e dialético, método abordado por Marx e Engels, evidencia a existência das diferenças 
de classes sociais e as necessidades do capitalismo e de suas formas de produção. 
Desse modo, segundo esses autores, a população e sua dinâmica de crescimento não são 
parte tão somente de uma lei natural, mas é de sua “natureza” serem socialmente construídas, 
com inúmeros interesses e contradições.
Se, de um lado, há interesse do capitalismo na existência de um excedente populacional, 
como meio de torná-lo um exército de reserva, o que contribui para gerar salários mais baixos e 
maiores possibilidades de lucros à burguesia, de outro, isso pode gerar pressões sociais. 
Mas, a superpopulação é relativa e deve ser contextualizada em sua realidade material 
e concreta nos países e nas regiões do mundo. Desse modo, considera-se o crescimento da 
população, mas sempre evidenciando as condições das classes sociais e dos meios de produção. 
Conforme aponta Nildo Viana (2006):
Então, é fundamental entender a “superpopulação” como um fenômeno que, até certo 
ponto, interessa ao próprio processo capitalista, além de ser um fator que varia de lugar a 
lugar, conforme as diferentes necessidades do capital, nos diversos lugares do mundo. Assim, 
se um país tem um crescimento populacional mais lento, com aumento do número de idosos, é 
necessário ter mão de obra jovem e adulta, o que levará esse país ou região a cooptar imigrantes 
de outros países ou desenvolver uma política de apoio à natalidade. 
Logo, como diz Viana (2006), no caso clássico da Inglaterra do século XVIII-XIX, a 
expropriação dos camponeses de suas terras e/ou de suas formas de subsistência tornou-os o 
exército de reserva nas grandes cidades, ou seja, o êxodo rural favoreceu o processo capitalista.
Esta superpopulação relativa transforma-se em uma “alavanca da acumulação 
capitalista”, tornando-se condição de possibilidade de existência do modo de 
produção capitalista. Qual é a importância desta “superpopulação relativa” 
para a acumulação capitalista? Isto ocorre devido ao processo de constituição 
e desenvolvimento do capitalismo [...] proporcionado pela industrialização 
que necessitava de uma força de trabalho disponível. No entanto, não seria 
possível esperar o crescimento absoluto e natural da população e por isso a 
força de trabalho proletária foi criada à força através da expropriação dos 
camponeses (no caso clássico da Inglaterra).
(VIANA, 2006, p. 94)
Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), ambos alemães, produziram 
juntos algumas obras, entre elas “O capital” e o “Manifesto Comunista”. Suas teorias 
sobre a sociedade e economia política influenciaram várias áreas do conhecimento, 
evidenciado a luta de classes entre a burguesia e o proletariado, a relação entre 
capital e trabalho, bem como a exploração do trabalhador. Conceitos como mais-
valia, valor de uso e de troca, mercadoria, produção e circulação, divisão social do 
trabalho, entre outros, foram usados por estes teóricos, cujo conjunto e pensamento 
ficaram conhecidos como marxismo.
10
Unidade: Teorias da População
Dessa forma, para Marx, as teorias de Malthus são descabidas, pois não é o pobre responsável 
por sua própria pobreza, tampouco isso é uma lei natural, mas sim uma condição social e 
historicamente construída. Segue crítica de Marx:
Quando Marx menciona a abstração da proposta de Malthus refere-se ao fato de essa 
proposta desconsiderar as diferenças nos diversos países, de naturalizar um processo que é 
dinâmico, histórico, econômico e social e, por fim, de conter no próprio processo capitalista uma 
contradição que revela o interesse da existência da “superpopulação”. Como explica Damiani:
Este trabalhador inativo ou que, em algum momento, pode se tornar útil ao processo 
capitalista contribui para a diminuição dos salários, servindo também como pretexto para a 
exploração do trabalhador. Logo, não basta tratar de crescimento populacional sem considerar 
a dinâmica, o interesse capitalista e, ainda, as condições históricas de como se realiza este 
crescimento populacional.
Neomalthusionismo e abordagens da relação entre desenvolvimento e 
crescimento populacional
No pós-Segunda Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), 
novos dados e publicações começaram a ser divulgados sobre população, crescimento e estrutura 
socioeconômica, por países. 
A questão do nível de desenvolvimento econômico atrelada à dimensão da população 
retornou aos discursos, relatórios e produções técnico-acadêmicas na segunda metade do 
século XX.
Nesse período, pós-Segunda Guerra Mundial, realizaram-se conferências mundiais que 
discutiam essas temáticas de desenvolvimento econômico, pobreza e crescimento populacional, 
principalmente promovida pelas Nações Unidas. Alguns desses eventos foram as Conferências 
Mundiais de População, realizadas em Roma (1954), em Belgrado (1965) e em Bucareste (1974). 
É Malthus, pois, que faz abstração destas leis históricas dos movimentos 
da população, leis que são, em tais circunstâncias, a história da natureza 
humana; leis naturais, mas que são leis naturais do homem em determinado 
desenvolvimento histórico, com um determinado desenvolvimento das 
forças produtivas, condicionado pelo seu próprio processo histórico. O 
homem malthusiano abstraído do homem historicamente determinado só 
existe no cérebro de Malthus, assim como, por fim, o método de reprodução 
geométrica corresponde a este homem natural malthusiano.
(MARX apud VIANA 2006, p. 92)
[...] nem os trabalhadores já empregados, nem os trabalhadores adicionais, 
que, periodicamente, se incorporariam ao mercado, são necessariamente 
reabsorvidos. Constitui-se, assim, uma massa de trabalhadores disponível, 
ou se criam excedentes populacionais úteis, que constituem uma reserva de 
trabalhadores inativos [...]
(DAMIANI, 2001, p. 18)
11
Esta última foi a primeira na qual não houve apenas a participação de estudiosos sobre o 
assunto, mas também dos representantes governamentais. 
Em Roma (1954), a conferência teve caráter mais acadêmico, aprofundando a questão do 
crescimento populacional principalmente nos países subdesenvolvidos. A visão decorrente 
era que os países do Sul, principalmente países subdesenvolvidos ou “em desenvolvimento” 
(expressão usual de alguns técnicos), eram os responsáveis pelo aumento do crescimento 
populacional domundo e por um uso dos recursos que ampliavam os problemas da fome e a 
degradação do planeta. Nesse sentido, uma visão que se aproximava das teses de Malthus. 
Assim, nesse novo discurso, denominado de “neomalthusionista”, manteve-se a leitura do 
crescimento populacional como um problema que leva ao agravamento da pobreza, da fome, 
do abastecimento e do uso dos recursos disponíveis. Contudo, alguns teóricos do pós-Segunda 
Guerra definiram que, até certo limite, esse crescimento poderia ser benéfico, usando a teoria 
do ótimo da população (DAMIANI, 2001). Ou seja, nessa perspectiva, haveria um limite para o 
crescimento da população que, uma vez ultrapassado, geraria problemas no uso dos recursos. 
Portanto, para alguns teóricos alemães, ingleses e suecos, os países subdesenvolvidos teriam 
uma população excedente além do “ótimo da população”, o que não condizia com as condições 
de produção e recursos existentes nesses países. Assim, o subdesenvolvimento se explicaria pela 
dimensão populacional em relação à produção, abastecimento e usos dos recursos existentes 
nos países subdesenvolvidos.
Nesta concepção, a alta fecundidade existente nos países subdesenvolvidos, com alto número 
de filhos por mulher, era vista como um obstáculo para o desenvolvimento econômico, pois uma 
população formada principalmente por crianças e jovens requereria investimentos em educação, 
habitação e saúde, em detrimento do uso de tecnologias para a produção na agricultura e indústria.
Todavia, os adeptos desta concepção preconizavam outras medidas para conter o aumento 
populacional quando comparadas às das teorias malthusionistas. Não se tratava mais de abstinência 
sexual como medida, mas sim do uso de campanhas de métodos anticoncepcionais tendo em vista 
uma política de “planejamento familiar”. Tal prática coadunava com os interesses das grandes 
empresas farmacêuticas, cujas multinacionais buscavam se expandir no pós-2ª Guerra Mundial e 
a difusão da pílula anticoncepcional era uma boa estratégia de venda para tais empresas. 
Entidades internacionais e globais, como o Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, 
passaram a vincular os empréstimos aos países mais pobres à exigência de que promovessem 
controle de natalidade e tivessem políticas definidas de planejamento familiar. 
Na Índia, por exemplo, em algumas regiões houve esterilização em massa, mediante cirurgias 
de vasectomias, e, na China, a proibição de famílias com mais de um filho. Assim se coadunaram 
interesses externos, de políticas globais de reprodução sexual, com políticas estatais de cada país. 
Por um teoria sobre população crítica e territorial
A partir daqui, propõe-se um leitura crítica, com uma análise da população baseada em 
categorias geográficas, baseando-se no princípio de que estudar população é considerá-la como 
um elemento a ser analisado no espaço geográfico. 
12
Unidade: Teorias da População
Esse espaço geográfico é desigual, com diferentes condicionantes sociais, políticas, culturais 
e econômicas que interagem de forma dialética com os elementos da população. 
Para esta perspectiva não existe a população em geral, mas sim a população mediada pelas 
diferenças territoriais. Não basta, por exemplo, saber apenas qual é a população brasileira, 
mas principalmente como está crescendo essa população e, ainda, como vive essa população, 
considerando-se as mediações socioeconômicas, etárias etc. no território, ou seja, sua estrutura 
e movimento no território. 
Assim entendida a população no espaço geográfico, torna-se importante considerar por quais 
normas, leis, políticas e embates sociais, ou seja, por quais ações as questões sobre população 
ocorrem, já que, neste assunto, não há apenas a ação do Estado, em seus diferentes níveis 
de poder, mas também a de diferentes agentes sociais, cujos interesses e intencionalidades 
podem ser variados. Como exemplo, podemos citar entidades de direitos civis, organizações 
não governamentais de diferentes tipos, empresas farmacêuticas, associações de mulheres, 
entre tantas outras.
A existência da população deve ser entendida como parte de um processo dialético, com 
inúmeras mediações sociais, econômicas, culturais e políticas, um processo que gera escassez, 
que gera uma produção de leis e normas a que nem todos têm acesso, que não universaliza os 
produtos das políticas sociais e de direitos existentes para os diversos segmentos da população. 
Desse modo, para que a categoria “população” não seja genérica, é fundamental abordá-la 
sempre contextualizando-a, conforme as condicionantes sociais, políticas, econômicas, culturais 
e territoriais. 
Exemplifica-se: quando tratamos da “população brasileira” estamos generalizando. De qual 
população estamos tratando? Da população vista do ponto social, que distingue ricos e pobres? 
Da população que vive e trabalha nas grandes cidades ou daquelas que estão em zonas rurais? 
De homens ou de mulheres? Das crianças e jovens ou dos idosos? E como estes grupos ou 
segmentos da população vivem no território? 
É fundamental contextualizar a população, seja pelo gênero, classe social, cultura etc. e, 
principalmente, na Geografia, por todas essas dimensões juntas no território. 
Conforme figura 1, esta é a visão de análise da população que propomos. Há uma circularidade 
dialética (SARTRE, 2002), contraditória, e todas as dimensões se relacionam para explicarmos 
as características da população.
Para Pensar
Verifique os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no site http://www.ibge.
gov.br/home/mapa_site/mapa_site.php#populacao. Há diferenças entre população rural e urbana 
por regiões e estados brasileiros? E as faixas etárias? Como tem crescido a população brasileira? 
Há desigualdades socioeconômicas que interferem em dados sobre mortalidade? O que leva certos 
lugares a terem maior índice de mortalidade infantil do que outros? Quais os elementos territoriais 
que levam a diferenças nos dados sobre população?
13
Figura 1 - Circularidade dialética
Fonte: Elaborado por Vivian Fiori, 2014.
Desse modo, há, por exemplo, territórios de direitos humanos mais consolidados no mundo 
e no Brasil, mas, ao mesmo tempo, há desequilíbrios e hierarquizações, mesmo dentro das 
metrópoles brasileiras, as quais, apesar da maior riqueza econômica, são também as regiões 
onde há a maioria dos pobres. Por isso há a medição da dinâmica social e territorial. 
Desequilíbrios entre os que têm seus direitos respeitados e os que não têm; entre os que têm 
acesso às instituições voltadas aos seus direitos e os que não têm; entre os que têm cidadania 
e os demais, ou seja, verifica-se que a dimensão socioeconômica é importante numa leitura 
sobre população. 
Não estamos tratando dessa mediação do território apenas como distância geométrica. 
Produzem-se centralidades de produção de cidadania, de acesso aos direitos da mulher, 
por exemplo, mas as distâncias aqui têm relação ao acesso, ao desequilíbrio e escassez, não 
dizendo respeito, necessariamente, somente às distâncias geométricas, dos quilômetros, e sim à 
“extensão”, relativa à rede e ao sistema de relações existentes (SILVEIRA, 2006). 
Sendo assim, por exemplo, o conhecimento sobre e o acesso aos direitos humanos no Brasil 
bem como ao que é produzido em relação à questão dos direitos da criança e do adolescente, 
conforme preconizado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ocorrem de forma 
bastante desigual pelo território brasileiro. 
Entende-se por território uma porção do espaço, apropriada por diferentes agentes sociais 
com diversos níveis de poder. O território é uma construção social e histórica, com uma 
forte dimensão política, social, cultural e de poder em sua multidimensionalidade, que, 
vivida, produz territorialidades distintas. Adotamos o conceito de Raffestin, que, ao falar de 
territorialidade, afirma: 
De acordo com nossa perspectiva, a territorialidade adquire um valor bem 
particular, pois reflete a multidimensionalidade do “vivido”territorial pelos 
membros de uma coletividade, pelas sociedades em geral. [...] quer se trate 
de relações existenciais ou produtivistas, todas são relações de poder
(RAFFESTIN, 1993, p. 158)
14
Unidade: Teorias da População
Conforme define Claude Raffestin o território expressa relações de poder, cuja força se 
dá pelo poder econômico, social ou político. Então, embora todos tenham direito, nem 
sempre os direitos são respeitados. Essas desigualdades espaciais interferem nos valores dos 
dados sobre natalidade, mortalidade, fecundidade, crescimento populacional, entre outras 
variáveis populacionais. 
Desse modo, esta abordagem crítica sobre população não aceita as teses desenvolvidas por 
Malthus e pelos teóricos do neomalthusionismo. Por Malthus, devido a vários equívocos teóricos 
e também pela postura ideológica do autor, que culpa os pobres pela pobreza.
Em primeiro lugar, há vários exemplos no mundo que desmistificam a ideia de que, enquanto 
a população cresce geometricamente, a produção cresce aritmeticamente. Essa ideia não foi 
real nem no passado, quando o autor viveu, e é menos ainda no mundo atual, no qual as 
técnicas de produção permitem ampliar a produção de alimentos. Mas devemos atentar ao fato 
de que aquilo que é produzido no mundo não é mediado pelas necessidades das pessoas, da 
população em geral, mas sim pelos interesses do capitalismo. 
Desse modo, não há fome no mundo por causa, simplesmente, da “superpopulação”, mas 
sim pelo acesso desigual ao que se produz bem como às técnicas mais avançadas. Então, o 
pobre não pode ser culpado da própria pobreza. É necessário contextualizar as condições de 
vida que o levam a existir como pobre. 
Além disso, a outra concepção, considerada pelos neomalthusionistas, de que o crescimento 
populacional em países subdesenvolvidos levaria à degradação e à superexploração do planeta 
desconsidera que as formas de apropriação do planeta se dão por condicionantes políticas e 
econômicas, e não são, somente, os pobres que exploram os recursos. Aliás, o aumento da 
produção, os usos dos recursos e a produção de lixo são muito maiores nos países desenvolvidos 
do que nos países subdesenvolvidos.
Assim, esse não é um problema da parte Sul do mundo, dos países subdesenvolvidos em 
oposição aos desenvolvidos do Norte. Há diferentes apropriações dos recursos no mundo, 
que são mediados pelas diferenças de poder econômico e social. Não podemos confundir 
desenvolvimento com crescimento econômico, pois o desenvolvimento deveria pressupor 
acesso de todos às melhorias socioeconômicas, que não dizem respeito apenas ao que se 
produz no território. 
Ademais, como já apontava Marx, a “superpopulação” é relativa e deve, em uma visão 
geográfica, ser relativizada conforme os elementos constitutivos do território. 
Dinâmica da população mundial
A dinâmica da população mundial, atualmente, é bastante complexa. Dentro da visão da 
lógica formal, o mundo vai se construindo linearmente. Os livros didáticos, geralmente, analisam 
o mundo como se os eventos fossem iguais para todos os lugares, como se todas as benesses, 
por exemplo, do avanço da medicina tivessem chegado a todas as pessoas e a todos os lugares. 
15
Já a visão da lógica dialética opõe as contradições existentes. Cabe observar a dinâmica ao 
longo do tempo histórico, mas há sempre mediações sociais, econômicas, políticas nesses eventos. 
Desse modo, cabe-nos verificar como, concretamente, se dá a dinâmica populacional nos lugares. 
Os eventos não são universalidades absolutas, realizam-se num lugar e num tempo; são, portanto, 
a matriz do tempo e espaço. Na afirmação da geógrafa Maria Laura Silveira (2006):
Assim, devemos compreender os eventos - seja a descoberta da penicilina, por exemplo, seja 
uma guerra - como eventos que se realizam nos lugares de diferentes formas. Por outro lado, 
é importante considerarmos que a busca da cidadania e dos direitos humanos, por exemplo, 
perpassa pela questão do lugar onde estão as pessoas, de seu uso e condição no território, como 
diz Milton Santos:
Desse modo, podemos elencar os eventos que diminuíram a mortalidade no mundo, mas 
devemos fazê-lo sempre considerando que esses eventos não chegaram a todos do mesmo 
modo. Se observarmos o gráfico 1, da população mundial, podemos inferir algumas informações 
sobre o mundo que são mais universais e gerais.
Fonte: Dados e Estimativas da ONU, 2011. Reelaborado por Vivian Fiori, 2014.
O mundo só existe nos lugares, pois a história se constrói nos lugares. Entre 
essas possibilidades e esses existentes concretos temos os eventos. São os 
eventos que transformam as possibilidades em existentes, mas os eventos 
não são alheios nem indiferentes ao que existe. Não há evento sem objeto, 
não há evento sem ator. [...] Por isso, o evento é o veículo da história, produz 
a existência.
(SILVEIRA, 2006, p. 88)
Cada homem vale pelo lugar onde está: o seu valor como produtor, 
cidadão depende de sua localização no território. Seu valor vai mudando, 
incessantemente, para melhor ou para pior, em função das diferenças de 
acessibilidade (tempo, frequência, preço) [...] Por isso, a possibilidade de ser 
mais ou menos cidadão depende, em larga proporção, do ponto do território 
onde está.
(SANTOS, 2002, p. 107)
16
Unidade: Teorias da População
Verifica-se, observando o gráfico 1, que a população cresceu lentamente até o século XIX e, 
posteriormente, houve um crescimento acelerado. Então cabe verificar quais eventos levaram a 
esse rápido aumento da população, principalmente após 1930, e o porquê dessa desaceleração 
no início do século XXI. 
Em primeiro lugar, em linhas gerais, o mundo até o século XIX tinha uma alta mortalidade, 
ocasionada principalmente por fatores decorrentes de doenças infecciosas, principalmente em 
epidemias, e também por causa de guerras.
Houve avanços na medicina desde o final do século XIX e início do século XX - com a 
descoberta da penicilina, por exemplo - que ampliaram as possibilidades de cura de doenças 
infecciosas, que ocasionavam uma alta mortalidade e uma baixa expectativa de vida. Apesar de 
o número de filhos, em geral, ser elevado nessa época, mesmo entre as famílias mais ricas, o fato 
de a mortalidade também sê-lo fazia com que o crescimento populacional não fosse elevado.
A partir do final do século XIX e início do século XX, devido ao avanço da medicina e às novas 
descobertas sobre doenças infecciosas e medicamentos como a penicilina, houve grande impacto na 
mortalidade em geral da população, o que ocasionou um aumento no crescimento da população.
Já, no período pós-Segunda Guerra Mundial, sobretudo nos anos 1950-80, houve ampliação 
do uso de métodos anticoncepcionais, que levou a um crescimento populacional mais estabilizado 
entre os mais ricos, sobretudo nos países mais desenvolvidos, num processo que não foi universal, 
mas sim segmentado socialmente e por tipos de país. Mais recentemente, no século XXI, houve 
diminuição do crescimento populacional devido à ampliação do uso de métodos anticoncepcionais.
Logo, houve eventos em relação à mortalidade e outros relativos à natalidade que mudaram 
o padrão de crescimento populacional, havendo, no entanto, diferenças dessas características 
conforme os lugares ou países. 
Como exemplo, conforme se observa na tabela 1, a seguir, há indicadores populacionais que 
separam, segundo critérios definidos pelas Nações Unidas, um primeiro grupo de países mais 
desenvolvidos, de outro composto de países menos desenvolvidos. Neste último grupo, citam-se 
quatro regiões formadas por países menos desenvolvidos. 
Você Sabia ?
O crescimento populacional de um país refere-se à relação entre a taxa de natalidade e a de 
mortalidade expressa em porcentagem, além dos fatores relacionados à entrada de imigrantes. No 
caso da mortalidade, as novas descobertas da microbiologia no século XIX-XX levaram à descoberta 
de novos agentes etiológicos, cujos responsáveis pelas doenças poderiam ser microscópicos. 
Pesquisadorescomo Louis Pasteur (1822-1895), francês, e Robert Koch (1843-1910), alemão, 
com apoio de suas equipes, foram responsáveis por importantes descobertas de novos agentes 
de doenças. Entre eles o do “bacilo de Koch” (bacilo responsável pela tuberculose). Decorrente 
dessas pesquisas iniciais de microbiologia, foi descoberta a penicilina, antibiótico, por Alexander 
Fleming, em 1928, cujo produto é derivado do bolor de um fungo, o Penicillium notatum).
17
Leia atentamente as informações da tabela 1: 
Tabela 1 - Indicadores Demográficos da População Mundial por grupos de países (2010-2015)
Regiões do Mundo Taxa de Crescimento Populacional (%)
Taxa de fecundidade 
total por mulher entre 
15-49 anos (%)
Expectativa de Vida
Homens Mulheres
Mais Desenvolvidas1 0,4 1,7 75 82
Menos Desenvolvidas2 1,3 2,6 67 70
Estados Árabes3 2,0 3,1 69 73
Leste Europeu e Ásia 
Central
0,3 1,8 68 76
América Latina e Caribe 1,1 2,2 72 78
África Subsaariana 2,4 4,8 54 56
 Fonte: UNFPA, 2011. Organizado por Vivian Fiori, 2014.
Esses indicadores evidenciam as enormes disparidades regionais do mundo, que são 
espaciais, principalmente devido a fatores socioeconômicos, políticos e/ou culturais. 
Considerando-se a África Subsaariana, há uma discrepância maior em relação a outros 
grupos de países considerados menos desenvolvidos, como os da América Latina e Caribe. 
Há problemas de toda ordem para explicar esses indicadores nessa região da África: guerras, 
disputas territoriais e com população refugiada, governos ditatoriais, baixo investimento em 
infraestrutura básica e em saúde, baixa renda per capita, baixa escolaridade, desemprego 
ou empregos precários, entre outros. A fecundidade (número de filhos por mulher) na África 
Subsaariana é alta, refletindo o pouco acesso aos métodos anticoncepcionais devido à 
pobreza, mas também relativos a fatores socioculturais. 11 22 33
Cabe sempre observar que, normalmente, as condições da população não se explicam 
apenas por um único indicador ou fator. Há sempre várias dimensões e, por isso, é fundamental 
contextualizar as condições territoriais dos países ao longo da história e sua inserção neste 
processo de globalização para explicá-los. 
A pobreza, por exemplo, não se explica apenas observando-se a escala nacional dos países. 
Cito o exemplo de Moçambique, país africano, onde se somam problemas socioeconômicos a 
fatores culturais que relegam à mulher um papel secundário, afetando dados em relação à saúde 
reprodutiva, por exemplo. Conforme afirma documento das Nações Unidas (2011):
1 Regiões mais desenvolvidas compreendem nesta classificação: América do Norte, Japão, Europa, Austrália e Nova Zelândia. 
2 Regiões menos desenvolvidas compreendem todas as regiões da África, América Latina e Caribe, Ásia (exceto Japão), Melanésia, Micronésia e Polinésia. 
3 Abrange Argélia, Bahrein, Djbuti, Egito, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Jamahira Árabe da Líbia, Marrocos, Território Palestino Ocupado, 
Omã, Catar, Arábia Saudita, Somália, Sudão, República Árabe da Síria, Tunísia, Emirados Árabes Unidos e Iêmen. 
Segundo o demógrafo Carlos Arnaldo, em Moçambique “quem toma as 
decisões não são as mulheres,” especialmente quando se trata de decidir 
quando ou quantos filhos ter, diz ele. A generalizada violência doméstica, a 
despeito de uma lei de 2009 que criminaliza essa conduta, é sintoma de uma 
situação na qual as mulheres têm pouca liberdade para tomar as decisões 
mais importantes de suas vidas, inclusive aquelas relativas à reprodução.
(UNFPA, 2011, p. 50-51)
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Unidade: Teorias da População
Em outro exemplo, se observarmos os dados do mapa (fig. 2) sobre adolescentes mulheres, 
de 15 a 19 anos, que foram mães, percebe-se que há uma sensível diferença entre os 
países africanos, da África Subsaariana (ao sul do deserto do Saara), e os chamados países 
desenvolvidos, sobretudo da Europa Ocidental, Austrália e Canadá, cujos países têm baixo 
índice de nascimentos entre mães adolescentes.
Figura 3 - Taxa de Natalidade entre a população adolescente
Fonte: Divisão de População do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, 2010; UNFPA, 2011, p.17.
A dimensão socioeconômica é um fator essencial para explicar esse indicador de adolescentes 
mães, contudo, como explicar que alguns países árabes, em princípio também definidos como 
subdesenvolvidos, estejam entre os que têm os menores índices, caso da Líbia, Argélia, Tunísia 
e Arábia Saudita. Neste caso, a dimensão cultural é um fator fundamental, já que há relação 
com o fato de a religião islâmica ter preceitos rigorosos contra o sexo antes do casamento, o que 
afeta o comportamento das mulheres adolescentes nesses países. 
Então, o território é um fator importante para explicar essas diferenças entre os países, pois, 
como campo de poder, o território pode ser analisado por essas dimensões socioeconômicas, 
políticas e culturais, alterando os valores dos dados populacionais dos países. Como diz Raffestin 
(1993), território é poder e uns têm mais do que outros. 
É necessário, pois, fazer a relação entre espaço e tempo e contextualizar os lugares no atual 
período e sua relação com o mundo tornado cada vez mais global. Dessa forma, um estudo 
sobre população deixa de ser genérico e passa a ter conteúdo geográfico. 
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Material Complementar
Para aprofundamento dos temas abordados na Unidade I, apresento as seguintes sugestões:
Leitura
Relatório das Nações Unidas:
FUNDO DE POPULAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS (UNFPA). Relatório sobre a situação 
da população mundial 2011. Escritório no Brasil. 
Disponível em: http://www.un.cv/files/PT-SWOP11-WEB.pdf. Acesso 30/03/2014.
Filmes e vídeos
Vídeo curto (2min59) produzido pela Revista National Geographic:
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=YNFj9L6pcTY
Filme sobre Ruanda, na África:
Hotel Ruanda (2004). Em 1994, um conflito político, em Ruanda, levou à morte quase um 
milhão de pessoas em apenas cem dias. O filme retrata esse processo de disputa entre os 
Tutsis e o Hutus. 
Pode ser visto em DVD ou, na íntegra, em: http://www.youtube.com/watch?v=dhQJpX27AdQ
Filme sobre a África: 
O jardineiro fiel (2005). Uma ativista (Rachel Weisz) é encontrada assassinada em uma área 
remota do Quênia. O filme evidencia a questão das empresas farmacêuticas no continente 
africano por meio de testes nas populações mais pobres. 
Filme sobre israelenses e palestinos:
Promessas de um mundo novo (116min, 2001). Retrata a história de sete crianças 
israelenses e palestinas em Jerusalém que, apesar de morarem no mesmo lugar, vivem em 
mundos completamente distintos, separados por diferenças religiosas. Com idades entre 8 e 
13 anos, raramente elas falam por si mesmas e estão isoladas pelo medo. Neste filme, suas 
histórias apresentam uma nova perspectiva sobre o conflito no Oriente Médio.
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Unidade: Teorias da População
Referências
DAMIANI, Amélia Luisa. População e Geografia. São Paulo: Contexto, 2001. 
FRIEDMAN, Meyer; FRIEDLAND, Gerald W. As dez maiores descobertas da medicina. 
Trad. José Rubens Siqueira. Revisão técnica Dráuzio Varella. São Paulo: Cia. Das Letras, 2000. 
FUNDO DE POPULAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS (UNFPA). Relatório sobre a situação 
da população mundial 2011. Escritório no Brasil. Disponível em: http://www.un.cv/files/PT-
SWOP11-WEB.pdf. Acesso 30/03/2014.
MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. Anexo Introdução à contribuição 
à crítica da economia política. Trad. Florestan Fernandes. São Paulo: Expressão Popular, 2008. 
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução Maria Cecília França. São 
Paulo: Ática, 1993.
SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo: Edusp, 2002.
SARTRE, Jean-Paul. Crítica da razão dialética. (Precedido por Questão do método). Trad. 
Guilherme João de Freitas Teixeira). Rio de Janeiro: DP&A editora, 2002.
SILVEIRA, Maria Laura. O espaço geográfico: da perspectiva geométrica à perspectiva existencial. 
Geousp - Espaço e Tempo, São Paulo, nº 19, 2006, p. 81 - 91.
VIANA, Nildo.A teoria da população em Marx. Goiânia, Boletim Goiano de Geografia, 
UFG, v. 26, n. 2, jul/dez, 2006, p. 87-102. 
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Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000

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