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Mariana Marques – T29 Mecanismos de Carcinogênese ---------------------------------------------------------------------------------- INTRODUÇÃO A carcinogênese é um processo de múltiplas etapas resultante do acúmulo de múltiplas alterações genéticas que dão origem ao fenótipo transformado Muitos cânceres surgem de lesões precursoras não neoplásicas, que possuíam alguma mutação necessária para estabelecer um câncer A etiologia da neoplasia pode ser de uma herança familiar ou pode ter influência de fatores ambientais: Tumores hereditários: há alteração na célula germinativa, normalmente aparecem em idade precoce, são comuns em familiares de primeiro grau e podem ser múltiplos ou bilaterais - 20% Tumores influenciados por fatores ambientais: há alteração do genoma devido à influencias ambientais (tabagismo, radiação, sedentarismo, etilismo) normalmente aparecem em idade avançada e de forma esporádica - 80% INTEGRIDADE E FUNÇÃO DOS TECIDOS Possuem genes específicos responsáveis por controlar o ciclo celular com o objetivo de manter a integridade da célula, mantém o equilíbrio entre a proliferação, diferenciação e morte celular Quando há mutações nesses genes, há perda do controle do ciclo celular, fazendo com que o gene sofra perda da autonomia e comesse a proliferar-se de forma constante Genes que controlam o ciclo celular e em momento de falha podem causar tumores: proto-oncogenes, genes supressores tumor, genes que controlam a apoptose e genes de reparo DNA PROTO-ONCOGENES: Estimulam a célula a realizar proliferação celular através de proteínas (fatores de crescimento) Essa proteína (fator de crescimento) vai se ligar a uma proteína transmembrana que é um receptor de fator de crescimento, que transmitirá a informação até o citoplasma pelas vias de transdução de sinal e em seguida chegará ao núcleo através da via de transcrição celular, induzindo à proliferação celular Mariana Marques – T29 Quando mutados, devido à ações de agentes químicos, físicos ou biológicos, os proto-oncogenes passam a serem chamados de oncogenes Proto-oncogenes podem tornar-se oncogenes por meio de: alteração na estrutura do gene (mutação), resultando em produto anormal (oncoproteína) ou pelo aumento da expressão gênica Oncogenes: versões mutantes ou super expressas de proto-oncogenes, funcionam de maneira autônoma sem necessidade de sinais promotores de crescimento, promovendo uma proliferação descontrolada de células São os genes causadores de câncer Estão relacionado a diversos tipos de tumores ONCOGENE FUNÇÃO TUMOR SIS Fator de crescimento Astrocitoma e Osteossarcoma erbB1 e erbB2 Receptor de fator de crescimento Carcinoma de pulmão, mama, ovário e estômago RAS e ABL Proteína transdução de sinais Carcinoma de pulmão, cólon, leucemia mielóide e linfóide MYC Proteína reguladora nuclear Neuroblastoma, Carcinoma de células de pulmão GENES SUPRESSORES DE TUMOR Envolvidos no controle da multiplicação e da diferenciação celular, evitando reprodução descontrolada São genes que atuam em conjunto impedindo a proliferação celular desordenada após agressões A atuação de um oncogene em uma célula com o sistema de genes supressores de tumor íntegro não resulta em proliferação celular aumentada ou neoplasia Esses genes, induzem os mecanismos de reparo e as vias de apoptose Gene RB: Primeiro gene supressor de tumor identificado Gene que codifica a proteína retinoblastoma, disfuncional em vários tipos de câncer, que atua no ciclo celular inibindo a transição da fase G1 para S Função: impedir o crescimento excessivo de células inibindo a progressão do ciclo celular até que uma célula esteja pronta para se dividir O gene pode ser mutado, induzindo o desenvolvimento de um tumor do globo ocular Retinoblastoma é uma neoplasia rara que ocorre na infância e apresenta-se de duas formas: (1) Hereditária: transmissão autossômica dominante e frequentemente bilateral e multifocal – 40% (2) Esporádica: a lesão é unifocal e unilateral – 60% Obs: Nas duas formas do tumor, a lesão resulta da inativação, por duas mutações, de ambas as cópias do gene RB em uma mesma célula. Na forma hereditária, uma cópia defeituosa do gene é herdada de um dos pais estando presente em todas as células do organismo, inclusive nas germinativas e a segunda mutação ocorre apenas em algumas células, as quais originam tumores multifocais. Na forma esporádica, ocorrem duas mutações nos dois alelos de uma mesma célula suscetível, que origina um tumor unifocal e unilateral GENE TUMOR ASSOCIADO RB Retinoblastoma, Osteossarcoma, Carcinoma de mama, próstata e pulmão P53 Maioria dos cânceres humanos APC Carcinoma de cólon, estômago e pâncreas DCC Carcinoma de cólon e estômago BRCA Mama Mariana Marques – T29 GENES QUE CONTROLAM A APOPTOSE A apoptose, é essencial para regular a população celular normal, resulta de estímulos variados, fisiológicos ou patológicos, internos ou externos às células Numerosos genes regulam a apoptose, cujos produtos a inibem ou a favorecem Em alguns tumores, alterações nos genes antiapoptóticos são o principal mecanismo oncogênico Quando mutados, há desequilíbrio no gene que controla a apoptose, fazendo com que ele não estimule a célula a entrar em apoptose Os genes mais conhecidos são: Bcl-2: o aumento do Bcl-2 inibe a apoptose Bax: sua inativação faz com que a apoptose não aconteça GENES DE REPARO DO DNA: Codificam moléculas que atuam no reconhecimento e no reparo de lesões no DNA Quando defeituosos, ocorrem falhas no sistema que mantém a fidelidade genômica, resultando em instabilidade genômica Os principais genes de reparo: Família MMR: genes responsáveis pelo reparo de pareamento errado do DNA Família UVDR: genes que atuam no reparo de DNA após lesão por radiação ultravioleta Genes que atuam no reparo do DNA lesado por radiação ionizante CARCINOGÊNESE O câncer origina-se por duas vias: Via clássica: mais comum, associada a mutações em oncogenes e genes supressores de tumor Fenótipo mutador: por defeitos no sistema de reparo do DNA As vias envolvidas na formação de tumores interagem de modo complexo e resultam em modificações da expressão gênica que conferem as propriedades das células cancerosas Mecanismo de carcinogênese: explica o desenvolvimento da neoplasia, desde a primeira mutação do DNA até a neoplasia evidente (benigna ou maligna) Há três tipos distintos de agentes que podem causal alterações gênicas, sendo eles: químicos, físicos ou biológicos AGENTES EXEMPLOS Químicos Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, metais Físicos UV, radiação ionizante Biológicos Papiloma vírus humano (HPV) Mariana Marques – T29 CARCINOGÊNESE QUÍMICA MECANISMO DE AÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS: Os cancerígenos químicos são divididos em duas categorias: Carcinógenos diretos: são agentes que possuem atividade eletrofílica intrínseca, podendo provocar câncer diretamente. Não precisa sofrer bioativação para causar dano no DNA, são eliminadas de forma rápida Carcinógenos indiretos: precisam primeiro sofrer modificações químicas no organismo antes de se tornarem eletrofílicas e ativas. A maioria dos carcinógenos requer ativação metabólica para a conversão em carcinógenos em sua forma final Atuam sobre o DNA e causam mutações O principal mecanismo de ação dos carcinógenos químicos é a formação de compostos covalentes com o DNA, que aumentam a probabilidade de ocorrerem erros durante a replicação Os genes mais afetados por carcinógenos químicos são RAS e TP53 Exemplos: hidrocarboneto aromático policíclico, carvão mineral, fumaça de churrasco petróleo e tabaco CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS: São classificadas de acordo com a capacidade de lesar o DNA e produzirneoplasia: Genotóxicas e Cancerígenas: mutam o DNA e se proliferam Genotóxicas e Não-Cancerígenas: mutam O DNA e não se proliferam Não-Genotóxicas e Cancerígenas: não causam mutação no DNA mas causam proliferação Não-Genotóxicas e Não-Cancerígenas: grupo controle, não causam mutação e não se proliferaram ETAPAS DA CARCINOGÊNESE QUÍMICA INICIAÇÃO: É o primeiro evento que ocorre para o desenvolvimento da neoplasia – mutação no genoma Corresponde à transformação celular, ou seja, as modificações genômicas que tornam as células capazes de multiplicar-se de modo autônomo Apenas uma célula iniciada não origina tumor Os agentes iniciadores possuem ação irreversível e são sempre uma substância mutagênica Todos os iniciadores são substâncias eletrofílicas, ou seja, têm afinidade com compostos nucleofílicos, como proteínas, RNA e DNA Nessa etapa as células ainda não entraram em proliferação celular Célula normal → contato com agentes químicos cancerígenos → mutação do DNA → alteração no genoma Observação: mesmo com a mutação genômica, o fenótipo ainda é normal, portanto, essa célula é chamada de iniciada, nessa etapa, ainda há possibilidade de concerto na alteração genética caso o mecanismo de reparo esteja funcionando de forma adequada, porém, se o mecanismo de reparo está alterado, a célula iniciada que está mutada, continuará mutada (processo irreversível), evoluindo para a próxima etapa Mariana Marques – T29 PROMOÇÃO: Consiste em proliferação ou expansão das células iniciadas A multiplicação das células iniciadas é fenômeno indispensável para a “fixação” da alteração genômica e para o aparecimento da neoplasia A promoção é um processo demorado O promotor tem ação reversível pois ele não se liga ao DNA nem provoca mutações Os promotores são substâncias que têm a propriedade de irritar tecidos e de provocar reações inflamatória e proliferativa As neoplasias benignas param na etapa da promoção Célula iniciada → contato com agentes químicos cancerígenos → proliferação celular descontrolada → formação de clones da célula mutada → neoplasia Observação: neoplasias benignas geram proliferação celular semelhante ao tecido normal, pois não possuem capacidade de gerar novas mutações, enquanto as neoplasias malignas acumulam células mutadas e progridem para a próxima fase PROGRESSÃO: Refere-se às modificações que surgem durante a evolução de um tumor que o tornam, em geral, cada vez mais agressivo e mais maligno Depende de mutações sucessivas nas células, as quais resultam na aquisição de propriedades mais agressivas, essas mutações são facilitadas pela instabilidade genômica O câncer é formado por células heterogêneas e, com o tempo, vão surgindo novas populações celulares diferentes dentro da massa neoplásica A progressão dos tumores depende também do hospedeiro Células no estágio de promoção → mutações adicionais → células mais agressivas → instabilidade genômica → neoplasia maligna Observação: apenas neoplasias malignas atingem o estágio de progressão e formam tumor cancerígeno Mariana Marques – T29 MODELOS EXPERIMENTAIS Agente iniciador: capaz de promover mutação - genotóxico Agente promotor: é capaz de gerar proliferação - cancerígeno Grupo 1: há aplicação do iniciador, mas como não possui promotor associado, não há desenvolvimento tumoral (célula fica na etapa de iniciação) Grupo 2: há aplicação do iniciador e em seguida aplica-se o promotor, há estimulo para a evolução para as etapas de promoção e progressão, havendo desenvolvimento tumoral Grupo 3: há aplicação do iniciador e após um tempo aplica-se o promotor, há estimulo para a evolução para as etapas de promoção e progressão, havendo desenvolvimento tumoral Grupo 4: há aplicação apenas do promotor, não há desenvolvimento tumoral Grupo 5: primeiro há a aplicação do promotor e depois há a aplicação do iniciador, não há desenvolvimento tumoral (no modelo experimental primeiro deve-se aplicar o iniciador) CARCINOGÊNESE FÍSICA O principal agente da carcinogênese física é a radiação que pode levar a transformações neoplásicas Pode agir de maneira direta ou indireta: o agente da radiação (raio x, raios gama) libera radicais livres quando ionizam água e proteínas, os quais reagem com o DNA causando lesão Podem causar neoplasias como: leucemias, câncer de pele e câncer de tireoide Raios UV: relacionados diretamente com o câncer de pele UVA: não é absorvido na camada de ozônio, chegando diretamente na superfície terrestre UVB: é absorvido parcialmente na camada de ozônio, parte desse chega na superfície terrestre UVC: são totalmente absorvidos na camada de ozônio e não chegam na superfície terrestre CARCINOGÊNESE BIOLÓGICA Cânceres associados à vírus Tanto vírus de RNA como de DNA podem induzir tumores RNA: são retrovírus, os quais possuem a enzima transcritase reversa DNA: os vírus de DNA importantes são o vírus do papiloma humano (HPV), o vírus Epstein-Barr (EBV), o vírus da hepatite B (HBV) e o herpesvírus humano tipo 8 (HHV 8) Há formação de proteinas oncogênicas, principalmente relacionadas à proliferação celular
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