Buscar

INTRODUÇÃO A SEMIOLOGIA

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Vanessa Silva | A2 P1 | Habilidades Médicas
Introdução a Semiologia
Diagnóstico
É uma série de procedimentos de ordem intelectual e operacional através dos quais se obtém uma resposta a um determinado problema clínico
Tempo necessário para obtenção de um bom prontuário médico: em média devem ser dedicados 30 a 50 min a cada paciente em consulta inicia
As regras práticas para realizar o diagnóstico são: 
• Fazer sempre a sua observação clínica (anamnese e exame físico) pessoal 
• Evitar usar a observação clínica de outrem, para ganhar tempo ou agilizar o trabalho 
• Quanto menos precisas forem as definições da síndrome clínica, da entidade nosológica e da hierarquização do diagnóstico diferencial, mais difícil será a escolha e a seleção de exames complementares de maior especificidade e sensibilidade para confirmar o diagnóstico, eliminando os diagnósticos diferenciais não pertinentes
• Quanto mais inadequada a anamnese, maior a dependência dos dados de exame físico e exames complementares
O reconhecimento de uma doença por meio da anamnese e do exame físico constitui o diagnóstico clínico, o qual nem sempre é factível sem o auxílio de outros métodos semióticos
No âmbito restrito das ações judiciais contra o médico, sua principal defesa é um prontuário bem-feito, detalhado, incluindo os elementos comprobatórios
Vários estudos revelam que a margem de acertos depende da qualidade da anamnese, que responde por 80 a 85% deles. O exame físico contribui com 8 a 1 0%; sendo que os exames complementares colaboram com uma pequena parcela de acertos
As dificuldades diagnósticas costumam ocorrer nas seguintes situações: 
• Doença em estágio inicial com poucas manifestações clínicas
 • Doença comum com apresentação atípica, o que é comum em idosos 
• Doença psiquiátrica 
• Doença mascarada (por intercorrências, automedicação, iatrogenias) OBS: iatrogenia é estado de doença, efeitos adversos ou complicações causadas por ou resultantes do tratamento médico
• Ignorância médica (desconhecimento da doença)
Prognóstico
Pode ser determinado no que se refere à vida, à validez (incapacidade temporária ou permanente e invalidez) e ao restabelecimento (cura) do paciente
Ele é fruto de um exercício acurado de conhecimentos, vivências, experiências, além dos dados fisiopatológicos e probabilísticos, uma vez que cada indivíduo tem a sua singularidade, suas reservas, seus instrumentos de reação frente à adversidade e suas crenças e fantasias
Relação Médico-Paciente
Teoria Principialista proposta por Beauchamp e Chidress 
· Beneficência (buscar fazer sempre o bem para o paciente), 
· Não maleficência (não fazer nada de mal ao paciente) Justiça (fazer sempre o que é justo ao paciente) são inerentes ao ato médico.
· Autonomia, que possibilita que o paciente decida sobre o tratamento, aceitando-o ou não, depois do devido esclarecimento (Acrescentado pela bioética principialista) 
O processo pelo qual os médicos e os pacientes tomam decisões juntos é chamado de consentimento informado e é fruto do princípio da autonomia
A justiça é o pilar da equidade, e esta torna-se base do atendimento médico
Além desses princípios bioéticos, outros valores se tornam cada vez mais necessários no cotidiano profissional, como o respeito à alteridade (respeitar a diferença no outro) e o sigilo (respeitar o segredo sobre as informações do paciente)
Os estudantes não deverão expor os pacientes nas redes sociais, ainda que a alegria de ter conduzido bem um caso faça com que sintam uma necessidade narcísica de socializar seus feitos.
Casos clínicos, quando discutidos em sessões específicas, devem preservar o sigilo mediante artifícios como usar apenas as iniciais em lugar do nome ou, mesmo, evitar dados que permitam identificar o paciente. É preciso lembrar sempre que, em uma discussão de caso clínico, todos os profissionais participantes estão submetidos ao dever do sigilo
Na prática, o que mantém os vínculos efetivos na profissão médica são a confiança, a empatia e a compaixão. O médico não deve se esquecer de que quem o procura é um paciente e não uma doença; e ele o faz em função da dor e do sofrimento. Assim, o clínico passa a atuar com a permissão do paciente e da sociedade
É possível, didaticamente, distinguir três níveis ou tipos de relacionamento: 
• Médico ativo/paciente passivo: nesta condição, o paciente abandona-se por completo e aceita passivamente os cuida dos médicos, sem mostrar necessidade ou vontade de compreendê-los. Essa é a situação característica da medicina de urgência e emergência. Quanto mais ativo e seguro se mostrar o médico, mais tranquilo e seguro ficará o paciente 
• Médico direciona/paciente colabora: o profissional assume seu papel de maneira, até certo ponto, autoritária. O paciente compreende e aceita tal atitude, procurando colaborar. Um exemplo clássico dessa situação é a relação entre o médico e o paciente internado em regime hospitalar 
• Médico age/paciente participa ativamente: o clínico define os caminhos e os procedimentos, e o paciente compreende e atua conjuntamente. As decisões são tomadas após troca de ideias e análise de alternativas. Assim, o atendido assume responsabilidade frente ao processo de tratamento de sua doença. Há, então, um redimensionar de papéis, uma parceria entre o médico e o paciente, corretamente designada aliança terapêutica. O melhor exemplo dessa situação é a relação médico-paciente na Estratégia da Saúde da Família
Os principais fenômenos psicodinâmicos da relação médico-paciente são os mecanismos de transferência e contratransferência
Transferência diz respeito aos fenômenos afetivos que o paciente passa (transfere) para a relação que estabelece com o médico. São sentimentos inconscientes vividos no âmbito de seus relacionamentos primários com os pais, irmãos e outros membros da família.
A maneira como o médico recebe o paciente, o modo de tratá-lo no decorrer do exame clínico, em particular ao fazer a anamnese, e o tempo que o médico dispõe para o paciente são fatores de suma importância no desenvolvimento dos mecanismos de transferência
Chama-se resistência qualquer fator ou mecanismo psicológico inconsciente que comprometa ou atrapalhe a relação médico-paciente. Os fenômenos de resistência podem surgir no momento da primeira consulta e serem Os fenômenos relatados também ocorrem em sentido contrário, ou seja, do médico para o paciente, sendo denominados contratransferência, que seria a passagem de aspectos afetivos do médico para o paciente. Do mesmo modo, entram em jogo mecanismos inconscientes originados de sentimentos já vividos pelo médico em relações anteriores com seus pais, filhos, cônjuge ou outras pessoas da família. 
É praticamente impossível que um médico entreviste um paciente evitando, inteira e sistematicamente, relacionar os fatos por ele relatados com episódios de sua própria vida ou de sua família. Afinal são seres humanos e não conseguem isolar suas emoções de seu trabalho em uma espécie de "robotização espiritual': reforçados ao longo da convivência entre o médico e o paciente.
O "médico ideal': portanto, seria aquele que tem uma personalidade amadurecida, conhece e domina os mecanismos psicológicos envolvidos na relação médico-paciente, dispõe de conhecimentos adequados da ciência médica e sabe aplicá-los dentro de uma visão humanística
O que fazer quando o paciente chora? Pequenos gestos - um leve toque na mão do paciente-, palavras de compreensão ou apenas um silêncio respeitoso podem ajudar o paciente a sair daquela situação, que não deve prolongar-se demasiadamente. É sempre útil oferecer lenços de papel a ele para que possa enxugar suas lágrimas. Algumas vezes, o paciente pode manifestar o desejo de interromper a anamnese, e o médico ou estudante deve respeitar sua vontade, voltando algum tempo depois, no mesmo dia ou no dia seguinte.
Método Clínico
O método clínico, pela sua própria natureza, é o único que permite uma visão humana dos problemas do paciente. Suas principais características - flexibilidade e grande abrangência -, justamente aquilo que
costuma limitar o valor dos outros métodos, são o que lhe confere posição inigualável na prática médica, pois, por meio delas, é possível atribuir importância a fatores imponderáveis ou não mensuráveis, sempre presentes nas decisões diagnósticas e terapêuticas. 
O exame clínico tem um papel especial em três pontos cruciais da prática médica: formular hipóteses diagnósticas, estabelecer uma boa relação médico-paciente e a tomar decisões
O exame clínico engloba a anamnese e o exame físico, os quais compreendem partes que se completam reciprocamente. 
A anamnese inclui os seguintes elementos: 
• Identificação 
• Queixa principal 
• História da doença atual 
• Interrogatório sintomatológico 
• Antecedentes pessoais e familiares 
• Hábitos de vida 
• Condições socioeconômicas e culturais. 
O exame físico, por sua vez, pode ser subdividido em: 
• Exame físico geral 
• Exame dos órgãos ou sistemas
Prontuário
Todo atendimento, por mais simples que seja, deve ser registrado na ficha clínica ou no prontuário médico, uma vez que é impossível guardar na memória as queixas, o diagnóstico e as prescrições terapêuticas de todos os pacientes e para que com isso o médico se resguarde legal e eticamente
De acordo com o Parecer CFM nº 30/02, aprovado em 10/07/02, "o prontuário do paciente é o documento único constituído de um conjunto de informações registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência prestada a ele, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo".
O prontuário é um documento que pertence ao paciente, mas fica sob a guarda da equipe médica e/ou da instituição, podendo o paciente fotocopiá-lo. É o principal instrumento de defesa dos profissionais médicos quando há algum tipo de questionamento de natureza ética, civil, administrativa ou criminal
Há inúmeros modelos de fichas e de prontuários, mas todos eles devem reservar espaço para a identificação do paciente, a história clínica, o exame físico, o diagnóstico, as prescrições terapêuticas e o seguimento do paciente. É necessário abrir um item para as anotações de exames complementares
REFERENCIAS
Celmo Celeno Porto e Arnaldo Lemos Porto. Semiologia Médica, 7 ed.
3

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando