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PARASITOLOGIA VETERINÁRIA HELMINTOS Metazoários – pluricelulares divididos em classes. CLASSE TREMATODA SUBCLASSES - Monogenea (1 hospedeiro, direto, animais de sangue frio) - Digenea (mais de um hospedeiro, animais de sangue quente). *A maioria que causa problemas na veterinária são digenéticos. * Nos digenéticos precisa de um hospedeiro molusco para fechar o ciclo e são hemafroditas. Sistema digestivo Abertura oral, faringe, esôfago, intestinos terminando em tubo cego. Se alimentam de tecido, sangue. Ventosa oral. Um ovo pode criar de 400-600 novas formas de vida. O mais problemático é a fascíola hepática que afeta principalmente ruminantes e eqüinos. Sistema reprodutor - Hermafroditas (exceção de Schistosoma), ovos com opérculo polar (exceção Schistosoma). - Casca grossa, assimétricos e incolores (amarelos por estarem tingidos pela bile, excrementos). - Ovo contém miracídio. Postos 20.000 por dia. - Resiste à dessecação. - Miracídio só sai do ovo pelo opérculo quando há a presença de água. - Macho sempre dentro da fêmea e a fêmea que carrega ele. *Fasciola em fezes frescas é amarelado devido a bile. Miracídio tem poucas horas para achar o caramujo. Moluscos de Fasciola são aquáticos, mas outros moluscos de trematodas são terrestres. Quando ele entra no caramujo, começa a fazer um saco, o esporocisto, que dentro há várias rédias (fase imatura que depois passam para cercarias). A cercária com a cabeça faz um movimento de expansão e retração e possui uma cauda. Quando essas estruturas ficam prontas, ele pode sair para achar um hospedeiro. Para ela ser ingerida e seguir o ciclo, ela precisa se encistar (metacercária; perde o rabinho). Ela vai se fixar em alguma estrutura do ambiente (pedra, galhos, plantas) sendo que se ela se fixar em pedra e galhos na beira d’água, o ciclo acaba ali, pois as vacas não se alimentam disso. A metacercária dura mais tempo no ambiente, em torno de 1 ano. Se ela se fixar em uma planta, aí sim que continua o circo. Problemas da fascíola hepática principalmente em regiões onde se planta arroz e que tem irrigação constante de água. Alguns gêneros de importância: - Fasciola - Paramphistomum - Eurytrema - Schistosoma Quando coradas, é possível ver a ventosa oral e ventral (se fixar). FASCIOLA Prolongamento cefálico evidente. 2-5cm X 0,4-1,3cm. Faringe bem desenvolvida. Cecos ramificados. Glândulas vitelínicas estendendo-se desde o cone cefálico até extremidade posterior. Quantidade de testículos é grande. Fasciola se torna adulta quando chega no ducto biliar. Metacercária é ingerida, passa aos intestinos e não é eliminada pelas fezes, pois ela perfura o intestino (na região do duodeno) e cai na cavidade abdominal e desta ela migra ativamente para o fígado. Ela atravessa a cápsula do fígado e vai para o parênquima hepático onde ela começa a crescer e só fica adulta quando chega nos ductos biliares. Destes ela consegue seguir o ciclo da vesícula biliar para o intestino pela bile e sai pelas fezes com coloração amarelada. Hospedeiro definitivo: bovino, ovino, caprino, suíno, gato, cervídeos, coelho, homem. Hospedeiro intermediário: Lymnea (0,8-1,5cm) três a 4 espirais. Abertura da concha na direita. Cercárias são estimuladas a sair do caramujo pela luz. Período desde que ingeriu até a fase adulta – pré patente - em torno de 60 dias. Ovos sensíveis ao frio, e viável até um ano no ambiente. 1 miracídio produz até 600 cercárias. Metacercárias resistem em torno de 12 meses no frio e menos de um mês em temperaturas acima de 30eC. Adulto morre em 9-12 meses. Alimentação: tecido hepático e sangue (0,5-1ml por dia por Fasciola adulta). Patogenia - As fascíolas jovens podem produzir sintomas agudos e o exame de fezes estar negativo. - Diarreia, inapetência, anemia, depressão e edema. - A doença crônica produz transtornos de nutrição, do crescimento, diminuição da produção. - Peritonite pela migração e toxinas do verme. Diagnóstico Em casos agudos e subagudos, com exame negativo fazer necropsia. Em casos crônicos: exame de fezes pelo método de sedimentação. Ovos com 160nm. Diagnóstico diferencial Ovos de Paramphistomum que são menores 140nm e cinzas. Controle Tratar todos os animais, repetir após 60 dias (período pré patente), remover os animais de locais onde haja o molusco, uso de molusquicidas como sulfato de cobre a 2%, animais gestantes tratar após parto e drenar terrenos. GÊNERO PARAMPHISTOMUM ESPÉCIE PARAMPHISTOMUM CERVI Corpo em forma de cone, arqueado ventralmente, grosso e liso, com cor cinza a vermelho. 2 Testículos. Ventosa oral e ventral (ou acetábulo). Costuma ficar adulto no rúmen. Hospedeiro definitivo: ruminantes Hospedeiro intermediário: Planorbis, Lymnea, Bulinus. Localização: rúmen e retículo (adultos), intestino (jovens). Ciclo: se fixa na mucosa do intestino delgado, migra para o rúmen para ficar maduro sexualmente, faz postura dos ovos. Semelhante ao ciclo da Fasciola. Período pré patente: 60 dias. Patogenia: transtornos clínicos pelos adultos são menores que elas fases juvenis (gastroenterite, diarréia com sangue). GÊNERO EURYTREMA ESPÉCIE EURYTREMA COELOMATICUM PANCREATICUM Localização: ductos pancreáticos. Hospedeiro definitivo: bovinos Hospedeiros intermediários: molusco terrestre Bradybaena e Gafanhoto conocephalus. Ventosa oral grande, esôfago curto, testículos bem separados e na mesma zona (mesmo plano horizontal), ovário posterior aos testículos. Ceco que não vão ao terço mediano do corpo e acetábulo mediano. Não precisa encontrar água. Quando o caramujo ingerir esse ovo vai ter aquelas fases de esporocisto – cercarias, que saem pelo muco deixado pelo caramujo (rastro). Os gafanhotos ingerem esse muco com as cercarias que se transformam em metacercárias. O ciclo só continua se esse gafanhoto por ingerido por um ruminante. Quando o animal ingere esse gafanhoto, as metacercárias vão para o intestino onde liberam os imaturos que penetram no pâncreas por perfuração e vai colonizar o pâncreas, ficando no parênquima pancreático. SCHISTOSOMA MANSONI Corpo em forma de fenda, mansoni ocorre na áfrica, Antilhas e América do sul. Infecção denominada esquistossomiase mansônica ou intestinal. No Brasil mais de 6 milhões de pessoas infectadas. Doença: xistossomose, xistosa, doença dos caramujos ou barriga d’água. Hospedeiro intermediário: gênero Biomphalaria (molusco de água doce). Sem fase de metacercária. Macho que carrega a fêmea. Pontas nos ovos. Transmissão através da penetração ativa das cercarias na pele e mucosas e ingestão. Áreas mais atingidas são pés e pernas. Não precisa ter lesão. Furcocercária: Cercária com cauda bífida. Primeira coisa: dermatite cercariana. Diagnóstico laboratorial: exame de fezes Kato-Katz, Lutz (sedimentação espontânea) Biópsia retal, biópsia hepática. Exames sorológicos, intradermoreação, ELISA, ficação do complemento, IFI, etc. Penetração – circulação - Costumam habitar os vasos que irrigam o intestino (mesentério), causando obstrução e rompimento. Ficam adultos nessas regiões e eliminam ovos que pelos pequenos vasinhos chegam ao intestino e saem pelas fezes. Epidemiologia: ampla distribuição geográfica – idade (faixa etária mais jovem) – meio ambiente favorável (temperatura e luminosidade), susceptibilidade do molusco, presença de pessoas infectadas eliminando ovos viáveis. Classe CESTODA *Também hermafroditas, divididos em proglotes ovais - Formato de fita (achatado) - Sistema digestivo ausente (osmose; extremidade anterior bem pequena chama-se escólex e é a cabeça dele, servindo para fixação)- Corpo segmentado dividido em escólex, colo (pescoço) e estróbio (corpo) (dividido em proglotes) - Hermafroditas - Localizam-se no trato digestivo (maioria ID) - Necessitam pelo menos 1 hospedeiro intermediário para completar o ciclo biológico. - Obrigatoriamente parasitos de animais. - Ingeriu um animal contaminado com a fase larval (cabeça) - Proglotes finais soltos e aparecem nas fezes - Soltou proglote, cresce mais – mantém os 10 metros, sempre lá grudado na cabeça. - Quando fica na fase adulta, as proglotes do meio são as que possuem aparelho reprodutor (várias) – útero, ovários, testículos. - Os mais jovens, os mais próximos da cabeça não possuem. - Se comer o ovo, vai ter a larva - Se comer o animal com a larva, vai ter o adulto Ciclo - Ovo no ambiente - Forma larval no HI - Adulto no HD Possui ganchinhos/espinhozinhos Formas de proglotes: Jovem – não se vê estruturas de reprodução Madura – com aparelho genital Grávida – pode apresentar cápsulas ovígeras com os ovos no seu interior ou ovos. Gêneros diferentes. Tipos lavares Cysticercus: vesícula que apresenta no seu interior um escólex. Nesse tipo larvar o HI é vertebrado. Pode pegar a circulação e ir para o cérebro, musculatura esquelética (língua, masseter), coração. Coenurus: vesícula que possui vários escólex invaginantes. Nesse tipo larvar o HI é vertebrado. Cabeça de ovelhas – ovos que vem do cão – circulação até o cérebro. Ovelhas carneadas – cabeça dada para cão comer. porcos são refratários. Cisticercóide: vesícula rígida com escólex invaginado. Nesse tipo larvar o HI é intervertebrado. HD elimina ovos pro ambiente e insetos ou ácaros, pulgas. Larva da pulga ingere esses ovos e fica com forma larval dentro dela. Para fechar o ciclo – comer esse inseto. Cisto hedático: vesícula maior que o cysticercus que apresenta no seu interior vesículas filhas chamadas de areia hidática (líquido). Pulmão, fígado, cérebro (vísceras) Homem HI – elimina a forma larval. Cão – elimina ovos para ambiente HD. Superfamília Tainoidea – família taeniidae Ciclo biológico geral: Taenia solium – homem HD – suíno HI. Nessa o homem também pode servir de HI – cisticercose (ovo – larva) – ocular, cerebral. Taenia saginatum – homem HD – bovino HI. Solium tem muito menos ramificações Taenia Solium Rostelo com 2 fileiras de ganchos 4 Ventosas Pescoço longo (700-1000 anéis) Útero grávido com 7-12 ramificações laterais Último proglote – útero com vários ovos. Importância médica e veterinária Homem pode ser HI se ingerir os ovos Forma larvar nos olhos, cérebro e tecido subcutâneo podendo levar a cegueira e transtornos neurológicos. Suínos infectados com cysticercus não tem sinais clínicos. Controle Evitar defecação de seres humanos fora do vaso sanitário Sistema eficiente de esgotos Carne bem cozida Taenia Saginata Escólex sem rostelo 4 Ventosas elípticas Pescoço longo (1200 – 2000 anéis) Útero grávido com 15-35 ramificações laterais Forma e formato do ovo e do útero – ramificações – diferenciação. Ovo sem diferenciação. Forma larval: cysticercus bovis Larva na musculatura – liberação parcial da carcaça ou descarte total Problemas digestivos no homem. Taenia Hydatigena Forma larval: Cysticercus tenuicollis (bolha d’água) HD: Cão HI: ruminantes Rostelo com 2 fileiras de ganchos Primeiros anéis mais largos que longos Atinge até 5m. No HI leva a descarte de vísceras com as formas infectantes. Pulmão e fígado. Taenia Taeniaeformis – hydatigera taeniformis HD: felídeos – ovos – ambiente HI: ratos Escólex cilindroide 4 ventosas com dupla coroa de ganchos A forma larvar determina achados clínicos e patológicos no fígado de roedores. Família Taenidae Gênero Echinococcus Echinococcus granulosus HD: Cão HI: animais e homem Forma larvar no cérebro, fígado e pulmão Forma adulta no intestino de cães Escólex e rostelo com ganchos Apresenta no máximo 5 proglotes Quase invisível a olho nu. Vai evoluindo A forma larvar no HI pode ocasionar distúrbios no fígado (cirrose), cérebro e pulmão. Se o cisto hidático se romper no HI esse pode morrer de choque endotóxico, além das cabeças formarem novos cistos. Taenia Multiceps Forma larval: coenurus cerebralis HD: cão HI: ovelhas Rostelo com 2 fileiras de ganchos Atinge até 1m. Forma adulta responsável por teníase no cão. A forma larval é grave em ovinos. CLASSE CESTODA FAMÍLIA DAVAINEIDAE GÊNERO RAILLIETINA (90% mais comum) GÊNERO DAVAINEA (muito pequena) HD: galináceos HI: moluscos terrestres, formigas e moscas. Local: forma adulta no duodeno. Forma larvar: cisticercóide. Forma adulta Railletina Proglotes em formato de trapézio, cápsulas ovígeras contendo de 6-18 ovos. Pode ou não apresentar rostelo. Davainea Corpo com poucas proglotes, ventosas com ganchos no escólex, cápsulas ovígeras com 1 ovo no seu interior. Espinhos no embrião. Ciclo Proglotes grávidas – meio ambiente – molusco ou insetos ingerem os ovos – forma cisticercoide – HD ingere HI – tubo digestivo do HD as formas larvares se desenvolvem e se fixam no intestino delgado como adultas. Cabeça invaginada – ovo. Família Dilepididae Presença de rostelo retrátil com ganchos Corpo com muitas proglotes Presença de ventosas sem ganchos Proglotes grávidas com cápsulas ovígeras com ovos. Principal inseto - pulga Zoonose Subfamília Dilepidinae Gênero Dipylidium Espécie Dipylidium caninum HD: cão e gato HI: pulgas (Ctenocephalides) e piolhos (Trichodectes, Heterodoxus) Local: forma adulta no duodeno Forma larvar cisticercoide Proglotes ativas saem pelo ânus causando um prurido muito grande e o cão arrasta o traseiro no chão. Inflamação intestinal, diarréia e cólica. Família Anoplocephalidae Escólex globoso com ventosas bem visíveis e sem ganchos, sem rostelo, Gêneros Anoplocephala, Paranoplocephala, Moniezia. Ovos triangulares. Gênero Anoplocephala HD: eqüinos HI: oribatídeos (ácaros cryptostigmata) Local: forma adulta no intestino delgado e grosso Forma larvar: cisticercoide. Não se vê estruturas internas e proglotes empilhadas. Anoplocephala perfoliata Escólex não se destaca, ventosas olham para as laterais e 2 pares de projeções digitiformes. Anoplocephala magna Escólex se destaca, não apresenta projeções e ventosas que olham para cima. Paranoplocephala HD: eqüinos HI: oribatídeos (ácaros cryptostigmata) Local: forma adulta no intestino delgado e grosso Forma larvar cisticercoide Forma adulta com fendas nas ventosas, menores que anoplocephala. Gênero Moniezia M. expansa e m. benedeni HD: ruminantes HI: oribatídeos (ácaros cryptostigmata) Local: forma adulta no intestino delgado Forma larvar cisticercoide Expansa tem glândulas entre os proglotes de ponta a ponta. Diagnóstico através dos ovos. Ovos triangulares ou quadrangulares. Altas infecções em cordeiros podem levar a redução do peso corporal e qualidade da lã.
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