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Parasitologia Veterinária - TEÓRICO

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PARASITOLOGIA
VETERINÁRIA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - FZEA
DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LORENA BRANCO
2020
 
2 
Lorena Branco 
Sumário 
 
PARTE TEÓRICA 
Introdução e Conceitos ............................................................................................................................ 5 
 
Filo Platyhelmintes ......................................................................................................................................... 7 
Classe Cestoda ............................................................................................................................................. 7 
Família Taeniidae ..................................................................................................................................... 7 
Família Anoplocephalidae ......................................................................................................................10 
Família Dilepididae .................................................................................................................................12 
Classe Trematoda ...................................................................................................................................... 13 
Família Dicrocoelidae ............................................................................................................................ 14 
Família Fasciolidae ................................................................................................................................. 14 
Família Schistosomatidae ..................................................................................................................... 15 
 
Filo Nemathelminthes ............................................................................................................................ 17 
Classe Nematoda ....................................................................................................................................... 18 
Superfamília Rhabditoidea – Família Strongylidae ................................................................................ 18 
Família Trichostrongylidae .................................................................................................................... 19 
Família Habronematidae ....................................................................................................................... 21 
Família Spiruridae .................................................................................................................................. 22 
Família Cyathostominae ........................................................................................................................ 23 
Família Strongylinae .............................................................................................................................. 23 
Família Oesophagostominae ................................................................................................................. 25 
Família Ascarididae ............................................................................................................................... 26 
Superfamília Filaroidea – Família Dipetalonematidae .......................................................................... 29 
Superfamília Filaroidea – Família Stephanophilariidae ......................................................................... 31 
Família Ancylostomatidae ..................................................................................................................... 31 
Família Trichuridae ................................................................................................................................ 33 
Família Oxyuridae .................................................................................................................................. 34 
 
Filo Arthropoda ..................................................................................................................................... 36 
Classe Insecta ............................................................................................................................................. 36 
Casse Insecta – Ordem díptera .................................................................................................................. 37 
3 
Lorena Branco 
Família Cuterebridae ............................................................................................................................. 37 
Família Calliphorioridae ......................................................................................................................... 38 
Família Gasteroplilidae .......................................................................................................................... 38 
Família Oestridae ................................................................................................................................... 38 
Família Muscidae ................................................................................................................................... 39 
Família Tabanidae .................................................................................................................................. 40 
Família Culicidae .................................................................................................................................... 41 
Família Psychodidae .............................................................................................................................. 42 
Classe Insecta – Ordem Siphonaptera ....................................................................................................... 42 
Família Pulicidae .................................................................................................................................... 43 
Família Tungidae .................................................................................................................................... 44 
Classe Insecta – Ordem Phthiraptera – Subordem Anoplura .................................................................... 45 
Família Haematopinidae ........................................................................................................................ 45 
Classe Insecta – Ordem Phthiraptera – Subordem Amblycera .................................................................. 46 
Família Menoponidae ............................................................................................................................ 46 
Família Boopidae ................................................................................................................................... 46 
Classe Insecta – Ordem Hemíptera ............................................................................................................ 46 
Família Reduviidae ................................................................................................................................. 46 
Família Cimicidae ................................................................................................................................... 47 
Classe Arachnida – Ordem Acari – Subordem Metastigmata .................................................................... 47 
Família Ixodidae ..................................................................................................................................... 48 
Classe Arachnida – Ordem Acari – Subordem Mesostigmata .................................................................... 50 
Família Dermanyssidae .......................................................................................................................... 50 
Família Macronyssidae .......................................................................................................................... 50 
Classe Arachnida – Ordem Acari– Subordem Astigmata .......................................................................... 51 
Família Sarcoptidae ............................................................................................................................... 51 
Família Psoroptidae ............................................................................................................................... 52 
Família Prostigmata ............................................................................................................................... 53 
 
Filo Protozoa .....................................................................................................................,.................... 55 
Subfilo Sarcomastigophora .......................................................................................................................... 55 
Classe Mastigophora .................................................................................................................................. 55 
Família Trypanosomatidae .................................................................................................................... 55 
Subfilo Apicomplexa .................................................................................................................................... 59 
Classe Piroplasmasida .................................................................................................... ............................ 59 
4 
Lorena Branco 
Família Babesiidae ................................................................................................................................. 59 
Classe Sporoazida ou Coccida .................................................................................................................... 61 
Família Sarcocystidae ............................................................................................................................ 61 
Família Eimeriidae ................................................................................................................................. 63 
 
Fármacos no combate à Parasitos .......................................................................................................... 65 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Lorena Branco 
INTRODUÇÃO E CONCEITOS 
 
 
Introdução 
 
Parasitologia é a especialidade da biologia que 
estuda os parasitas, os seus hospedeiros e relações 
entre eles. Engloba os filos Protozoa, Nematoda, 
Annelida, Platyhelminthes e Arthropoda. O 
parasitismo pode ocorrer também em plantas, em 
fungos em bactérias e até em vírus. 
 
Conceitos em Parasitologia: 
 
Agente etiológico: agente causador ou 
responsável por uma doença. Pode ser vírus, 
bactéria, fungo, protozoário ou helminto. 
Parasito: organismos que vivem em associação 
com outros, dos quais retiram os meios para a sua 
sobrevivência, normalmente prejudicando o 
organismo hospedeiro. Os parasitos podem ser 
obrigatórios ou facultativos e temporários, 
permanentes ou periódicos. 
Endoparasito: contato profundo com o 
hospedeiro, atingido órgãos e tecidos. 
Ectoparasito: contato superficial com o 
hospedeiro, restringindo-se à pele. 
Infestação: alojamento, desenvolvimento e 
reprodução de ectoparasitas na superfície do 
corpo (restrito a parasitas externos). 
Infecção: invasão de um hospedeiro por um 
organismo (vírus, bactérias, protozoários, 
helmintos). Termo utilizado para endoparasitos 
(pode ocorrer infecção sem haver manifestação de 
doença). 
Hospedeiro definitivo (HD): aquele no qual o 
parasito se encontra em sua fase adulta. 
Hospedeiro intermediário (HI): aquele no qual o 
parasito se encontra em sua fase imatura 
(larval/assexuada). 
Hospedeiro paratênico: hospedeiro de transporte 
(entra no ciclo acidentalmente). Alberga o parasito 
temporariamente até que o hospedeiro definitivo 
seja atingido. Não há evolução do parasito nesse 
hospedeiro. 
Vetor: termo utilizado para artrópodes. Podem ser 
mecânicos (puramente transportadores do agente 
etiológico) ou biológicos (há desenvolvimento do 
agente etiológico no vetor). 
Parasito monoxênico: infesta ou infecta 
diretamente o hospedeiro definitivo, sem 
necessitar de um hospedeiro intermediário. Ciclo 
biológico direto. 
Parasito heteroxênico: há existência de um ou 
mais hospedeiros intermediários. Ciclo biológico 
indireto. 
Ação mecânica: o parasito atua mecanicamente 
sobre o hospedeiro. Pode ser por meio de 
obstrução de órgãos ou pela compressão deles. 
Ação espoliadora: o parasito sequestra nutrientes 
e fluidos do hospedeiro. 
Ação inflamatória: o parasito penetra ativamente 
larvas na pele. 
Ação de transmissão: o parasito atua 
exclusivamente na transmissão de agentes 
patogênicos. 
Período pré-patente (PPP): do momento da 
infecção até a maturidade sexual do agente 
etiológico. 
Período patente (PP): da fase adulta até o fim da 
vida do agente etiológico ou até o fim da infecção. 
6 
Lorena Branco 
Período de incubação: período desde a infecção 
até o surgimento de sintomas clínicos 
característicos. 
Zoonose: doenças infecciosas capazes de serem 
naturalmente transmitidas entre animais e seres 
humanos. 
Enzoose: doenças exclusivas de animais. 
Fômite: qualquer objeto inanimado (agulha, 
material cirúrgico) ou substância capaz de 
absorver, reter e transportar organismos 
infecciosos. 
Habitat: conjunto de circunstâncias físicas e 
geográficas que oferece condições favoráveis à 
vida e ao desenvolvimento de determinada 
espécie animal ou vegetal. 
Profilaxia: conjunto de medidas que visa a 
prevenção, erradicação ou controle de uma 
doença. 
 
Classificação dos seres vivos: 
 
Reino → Filo → Classe → Ordem → Família → 
Gênero → Espécie → Variedade ou Raça 
 
Espécie: reunião de indivíduos que possuem 
características semelhantes e que, ao 
reproduzirem-se, transmitem a sua descendência 
esses mesmos caracteres, dando origem a novos 
indivíduos igualmente semelhantes. 
 
 
Variedade ou Raça: na mesma espécie podem 
ocorrer um ou mais grupos com uma ou várias 
pequenas diferenças da forma específica típica, e 
que se perpetuam na geração. 
Gênero: reunião de espécies as quais, além dos 
caracteres que lhes são peculiares, apresentam 
certo número de caracteres semelhantes entre si. 
Família: reunião dos grupos acima. Grupo de 
espécies consideradas próximas entre si pela 
comunidade de certos caracteres. 
Ordem: reunião de famílias também com certo 
número de características comuns com outras 
famílias. 
Classe: reunião das diversas ordens do mesmo 
modo. 
Filo: conjunto de classes. 
Reino: engloba os diversos filos. 
Há necessidade, em diversos casos, de realizar 
agrupamentos intermediários entre os diversos 
grupos, adicionando prefixos sub ou super, 
conforme o grupamento situar-se respectivamente 
abaixo ou acima de um certo grupo. Desta forma, 
pode-se ter: 
Reino → Filo → Subfilo → Classe → Subclasse → 
Ordem → Subordem → Superfamília → Família → 
Subfamília → Gênero → Subgênero → Espécie → 
Subespécie → Variedade ou Raça 
 
7 
Lorena Branco 
FILO PLATYHELMINTES 
 
 
Características gerais: 
 
O Filo Platyhelmintes é constituído pelos animais 
denominados platelmintos, os quais: 
• São achatados dorsoventralmente; 
• São triblásticos e acelomados; 
• Apresentam simetria bilateral; 
• São hermafroditas; 
• Não possuem sistema circulatório ou 
respiratório (trocas realizadas por meio de 
difusão); 
• Possuem sistema digestório incompleto 
(ausência de tubo digestivo); 
• Podem ter vida livre ou serem parasitos, 
sendo os parasitos endoparasitos; 
• Apresentam ciclo biológico indireto 
(necessidade de hospedeiro intermediário); 
• Têm ovos com embriões hexacanto ou 
oncosfera. 
O filo dos platelmintos é dividido em: classe 
Cestoda, Classe Trematoda e Classe Turbellaria, 
sendoas duas primeiras classes compostas por 
platelmintos parasitários e a última por 
platelmintos de vida livre. 
 
CLASSE CESTODA 
 
A classe Cestoda apresenta corpo segmentado 
dividido em: escólex ou cabeça (para fixação), colo 
ou pescoço e estróbilo (corpo que é dividido em 
proglotes). O escólex pode possuir ventosas (com 
ou sem ganchos) para realizar a fixação. As 
proglotes podem ser jovens, nas quais não se vê 
estruturas de reprodução, ou maduras, com 
presença de aparelho genital. 
 
 
Figura 1 – esquema Cestoda 
 
1. Família Taeniidae – Gênero Taenia sp 
 
Características gerais: 
• Número de proglotes variável, muitos deles 
grávidos; 
• Aparelho genital simples; 
• Proglotes maduras mais largas do que altas; 
Proglotes grávidas mais altas do que largas; 
• Todas as espécies apresentam rostelo com 
ganchos exceto T. saginata; 
• Oncosfera protegida por embrióforo não 
cilicado; 
• Presença de escólex, útero em forma de tubo 
e poros genitais alternos. 
As formas adultas estão sempre no hospedeiro 
definitivo e as formas larvares sempre no 
hospedeiro intermediário. 
Ovos: 
Os ovos possuem cerca de 30 micras. O embrióforo 
é composto por blocos piramidais de quitina para 
proteger a oncosfera/embrião hexacanto da ação 
do suco gástrico do hospedeiro definitivo e conferir 
resistência às condições adversas do meio exterior. 
 
Figura 2 – ovo de Taenia sp 
8 
Lorena Branco 
Larva ou cisticerco: 
Possui uma vesícula de cor branca composta por: 
uma membrana coberta de microvilosidades com 
a função de absorção de nutrientes e a adsorção 
das proteínas do hospedeiro (evasão da resposta 
imune); líquido vesicular rico em antígenos de 
secreção e excreção; e escólex invaginado dotado 
de componentes antigênicos de baixo peso 
molecular que conferem aos testes sorológicos alta 
especificidade e sensibilidade. 
 
a) Taenia solium 
 
Hospedeiro definitivo: homem. 
Hospedeiro intermediário: suíno. 
A espécie apresenta corpo achatado com 2 a 3 m 
de comprimento, sendo ele dividido em: 
• Cabeça/escólex com 4 ventosas e um rostro 
com dentes quitinosos (acúleos) para a 
fixação; 
• Colo curto para possibilitar o crescimento; 
• Estróbilo ao final com cerca de 1000 
proglótides, podendo estas serem jovens, 
maduras e grávidas (cerca de 80 mil ovos em 
seu interior). 
 
Figura 3 – escólex Figura 4 – proglótide grávida 
Ciclo biológico: 
O complexo teníase cisticercose constitui-se de 
duas doenças distintas (teníase e cisticercose) 
causadas pela mesma espécie de Cestoda em fases 
distintas do seu ciclo de vida: enquanto larva e 
enquanto adulta. 
Teníase: quando o homem se alimenta de carne 
suína crua ou mal cozida contendo cisticercos, 
essas larvas evertem por estímulo da bile e liberam 
o escólex, permitindo que o verme se fixe na 
parede intestinal através dos ganchos e das 
ventosas. Dessa forma, a larva consegue se 
desenvolver até tornar-se um verme adulto (cerca 
de 2 meses), sendo o homem o hospedeiro 
definitivo. No intestino, as tênias maduras 
produzem proglótides grávidos (3 meses) que se 
desprendem do estróbilo e migram para o ânus, 
por onde serão eliminados para o meio. 
Cisticercose: ocorre a ingestão de proglótides 
grávidos por porcos (hábito coprófago) ou por 
seres humanos (água ou comida contaminada por 
fezes), os quais se tornam hospedeiros 
intermediários. Dentro do intestino do animal, os 
embriões deixam a proteção dos ovos pela ação da 
bile, perfuram a mucosa intestinal e, pela 
circulação sanguínea, vão para músculos de alta 
atividade, como os músculos mastigadores, língua, 
diafragma, esqueléticos, coração e cérebro, onde 
se desenvolvem até se tornarem larvas cisticercos 
(Cysticercus cellulosae), desencadeando a 
cisticercose. 
 
b) Taenia saginata 
 
Hospedeiro definitivo: homem. 
Hospedeiro intermediário: bovino. 
A espécie apresenta corpo achatado com 5 a 10 m 
de comprimento, sendo ele dividido em: 
• Cabeça/escólex quadrangular com 4 
ventosas e sem rostro; 
• Corpo para possibilitar o crescimento; 
• Estróbilo com cerca de 2000 proglótides, 
podendo estas serem jovens, maduras ou 
grávidas. 
 
Figura 5 - escólex Figura 6 – proglótide grávida 
9 
Lorena Branco 
Ciclo biológico: 
Teníase: ocorre a ingestão de carne bovina crua ou 
mal passada contendo cisticercos pelos humanos. 
No intestino humano, a ação da bile faz com que o 
escólex seja liberado, permitindo que o verme se 
fixe nas paredes do órgão com o auxílio das 
ventosas e se desenvolva até a forma adulta (cerca 
de 2 meses), sendo o homem o hospedeiro 
definitivo. No intestino, as tênias maduras 
produzem proglótides grávidos que se 
desprendem do estróbilo e migram para o ânus, 
por onde serão eliminados para o meio. 
Cisticercose: bovinos ingerem vegetação 
contaminada pelos proglótides, tornando-se 
hospedeiros intermediários. No intestino do 
animal, os ovos liberam os embriões, que perfuram 
a mucosa do órgão e migram, pela circulação 
sanguínea, para os músculos estriados e para a 
musculatura cardíaca, onde se desenvolvem até se 
tornarem larvas cisticercos (Cysticercus bovis), 
desencadeando a cisticercose. 
Tratamento e controle Taenia: 
• Uso de anti-helmínticos 
• Impedir o acesso do rebanho à água e 
alimentos contaminados com material fecal 
• Prática da higiene pessoal 
• Fiscalização da carne para reduzir a 
comercialização ou o consumo de carne 
contaminada por cisticercos 
• Fiscalização de produtos de origem vegetal, 
evitando que a irrigação de hortas e pomares 
seja feita com água de rios e córregos que 
recebam esgoto ou outras fontes de águas 
contaminadas com ovos de Taenia spp. 
Patogenia e diagnóstico (Taenia spp.): 
A infecção por Taenia spp. aumenta a demanda de 
espaço do cisticerco em crescimento, levando à 
compressão de tecidos, enquanto os processos 
inflamatórios resultam a morte do parasita e a 
desintegração da larva, o que leva à formação de 
granulomas e calcificação. Para o diagnótsico, pode 
ser feita a análise em microscópio de material fecal 
para identificação de ovos característicos. A 
suspeita de cisticercose é feita através de exames 
de imagem, como raio-X, tomografia 
computadorizada e ressonância nuclear magnética 
para a identificação de cisticercos calcificados e a 
confirmação é feita por meio de estudos 
sorológicos específicos (ELISA, imunofluorescência 
e hemoaglutinação) com amostras do líquido. 
 
1. Família Taeniidae – Gênero 
Echinococcus 
 
a) Echinococcus granulosus 
 
Hospedeiro definitivo: cão. 
Hospedeiro intermediário: animais ungulados 
(animais de casco) e homem. 
A espécie possui cerca de 6 mm de comprimento, 
sendo formado por: 
• Escólex com rostro e dupla coroa de acúleos; 
• Colo curto; 
• Estróbilo constituído por 3 ou 4 segmentos, 
sendo o último grávido. 
 
Figura 7 – Echinococcus; último segmento com proglotide 
grávido 
Larva (cistos hidáticos ou hidátide): cerca de 20 
cm de diâmetros e atingindo a maturidade entre 6 
e 12 meses. Encontradas no fígado, nos pulmões e 
na cavidade abdominal do hospedeiro 
intermediário. 
Ciclo biológico: 
Os ovos são eliminados pelas fezes dos cães (HD) e 
contaminam as pastagens que serão ingeridas 
pelos ruminantes, suínos e humanos (HI). No 
10 
Lorena Branco 
intestino do HI ocorre a liberação do embrião 
hexacanto, que atravessa a parede intestinal com 
auxílio dos acúleos e migra para os músculos, baço, 
SNC, fígado e pulmão pela corrente sanguínea. No 
fígado e nos pulmões, o embrião hexacanto se 
transforma em cisto hidático. Os cães, por sua vez, 
se infectam ao ingerir vísceras dos HI 
contaminadas com o cisto hidático. Esses cistos 
irão se desenvolver até se tornarem vermes 
adultos maduros e capazes de se autofecundarem, 
originando as proglotes grávidas, as quais serão 
eliminadasno ambiente junto com as fezes do HD. 
A profilaxia pode ser feita através do impedimento 
do acesso às vísceras na alimentação de cães. 
Patogenia e diagnóstico: 
O HD geralmente é assintomático. Mas, em casos 
de graves infecções, pode-se desenvolver diarreia 
hemorrágica. No HI, pode haver hidatiose hepática 
(ruminação alterada, hiporexia, diarreia, 
emagrecimento progressivo, hepatomegalia), 
hipatidose pulmonar (tosse, taquipneia e dispneia) 
e choque anafilático (rompimento de cistos 
hidáticos). Para o diagnóstico, no HD é feita a 
observação de proglótides nas fezes, teste ELISA 
(corpoantígenos em fezes de canídeos) para 
confirmar o parasita ou necrópsia após a morte do 
animal para identificação de pequenos cestoides 
no intestino dos cães. Para os HI, pode ser feita 
uma inspeção para checar a presença de cistos 
hidáticos, teste ELISA e diagnóstico por imagem. 
 
2. Família Anoplocephalidae 
 
Características gerais: 
• Escólex globoso com ventosas bem visíveis e 
sem ganchos; 
• Sem rostelo; 
• Útero no plano horizontal com saculações 
verticais. 
Ovos: 
Irregularmente esféricos ou triangulares, sendo a 
oncosfera sustentada por um par de projeções 
(aparelho piriforme). 
 
Figura 8 – ovo triangular Figura 9 – ovo esférico 
 
a) Anoplocephala perfoliata 
 
Hospedeiro definitivo: equino. 
Hospedeiro intermediário: ácaros oribatídeos 
(ácaros cryptostigmata). 
Local: forma adulta se aloca no intestino delgado. 
Forma larvar: cisticercóide. 
A forma adulta apresenta: 
• Escólex arredondado, com 2 a 3 mm de 
diâmetro, 4 ventosas acompanhadas de 
“abas” e destituído de rostelos ou ganchos. 
As ventosas “olham” para as laterais; 
• Pescoço curto; 
• Estróbilos com proglotes mais largas do que 
altas e com o poro genital unilateral. O 
estróbilo não se destaca; 
• 2 pares de projeções digitiformes. 
 
Figura 10 – A. perfoliata Figura 11 – A. magna 
Ciclo biológico: 
Os ácaros que vivem nas pastagens (HI) ingerem os 
ovos existentes no interior das proglotes grávidas 
eliminadas nas fezes pelo HD. Neles, os ovos 
eclodem, o embrião hexacanto é liberado e ocorre 
o desenvolvimento das larvas cisticercóides (2 a 4 
meses). Os equinos (HD) alimentam-se das 
11 
Lorena Branco 
forragens infestadas por ácaros contaminados e as 
larvas são liberadas pela ação da bile no intestino 
delgado e vão para o intestino grosso, onde fixam-
se principalmente próximos a válvula ileocecal, 
amadurecem, se autofecundam e produzem as 
proglotes, as quais serão eliminadas junto com as 
fezes do HD e contaminarão as pastagens. A 
profilaxia pode ser feita por meio da semeadura 
das pastagens, evitando a permanência do HI. 
 
b) Anoplocephala magna 
 
Hospedeiro definitivo: equinos. 
Hospedeiro intermediário: ácaros oribatídeos 
(ácaros cryptostigmata). 
Local: forma adulta no intestino delgado e grosso 
Forma larvar: cisticercóide. 
A forma adulta apresenta: 
• Escólex com 4 a 6 mm de diâmetro, com 4 
ventosas bem desenvolvidas que “olham” 
para cima; 
• Pescoço curto; 
• Proglotes mais largas do que altas, com o 
poro genital unilateral e empilhadas; 
• Estróbilos que se destacam; 
• Ausência de projeções digitiformes. 
Ciclo biológico: 
Mesmo ciclo que o do item 2a. 
Patogenia e diagnóstico (Anocephala spp): 
Os equinos são geralmente assintomáticos, mas 
em infecções maciças podem surgir cólicas 
espasmódicas, impactação de íleo, enterites, 
diarreia, torções ceco cólicas e perfuração do 
intestino (fatal). Para diagnóstico da infecção, 
detecta-se presença de ovos típicos no exame fecal 
ou na necrópsia e antígenos produzidos pelo A. 
perfoliata nas fezes por meio do teste de ELISA. 
 
c) Moniezia expansa 
 
Hospedeiro definitivo: ruminantes. 
Hospedeiro intermediário: oribatídeos (ácaros 
cryptostigmata). 
Local: forma adulta no intestino delgado. 
Forma larvar: cisticercóide. 
A forma adulta apresenta um corpo de 1 a 5 metros 
e: 
• Escólex desprovido de rostelo e acúleos, mas 
com ventosas bem visíveis; 
• Glândulas interproglotidianas dispostas em 
toda a borda posterior de cada proglote; 
• Pescoço fino e longo; 
• Aparelho genital duplo. 
Ciclo biológico: 
As proglotes grávidas ou ovos são eliminados nas 
fezes e no pasto, sendo ingeridos por ácaros 
oribatídeos (Cryptostigmata - HI), nos quais se 
desenvolvem as formas larvares (cisticercóide) 
num período de 2 a 6 meses. Os ruminantes, ovinos 
e caprinos (HD) se contaminam ingerindo 
acidentalmente os ácaros junto com as pastagens. 
As larvas, então, são liberadas no intestino, onde 
se fixam até se tornarem adultas e liberarem as 
proglotes cheias de ovos junto com as fezes dos 
HD. Uma possível medida profilática é arar e 
semear os pastos e evitar a permanência de 
animais jovens nesses locais. 
 
d) Moniezia benedeni 
 
Hospedeiro definitivo: ruminantes. 
Hospedeiro intermediário: oribatídeos (ácaros 
cryptostigmata). 
Local: forma adulta no intestino delgado. 
Forma larvar: cisticercóide. 
 
12 
Lorena Branco 
A forma adulta apresenta um corpo de 1 a 5 metros 
e: 
• Escólex desprovido de rostelo e acúleos, mas 
com ventosas bem visíveis; 
• Glândulas interproglotidianas dispostas em 
grupo único na região mediana da borda 
posterior de cada proglote; 
• Pescoço fino e longo; 
• Aparelho genital duplo. 
Ciclo biológico: 
Mesmo ciclo que o do item 2c. 
 
 
Figura 12 – esquerda: Moniezia expansa com glândulas 
dispostas em toda a borda; direita: Moniezia benedeni com 
glândulas dispostas em grupo único 
Patogenia e diagnóstico (Moniezia spp.): 
Os HD costumam ser assintomáticos, mas em 
infecções maciças pode haver palidez da mucosa, 
deficiência nutricional, anemia, aumento do 
volume abdominal e redução da produção de lã e 
de leite. Para diagnóstico, observa-se proglotes nas 
fezes e pesquisa-se a presença de ovos por meio da 
técnica de flutuação. 
 
e) Paranoplocephala mamillana 
 
Hospedeiro definitivo: equinos. 
Hospedeiro intermediário: ácaros oribatídeos 
(ácaros cryptostigmata). 
Local: forma adulta no intestino delgado ou região 
pilórica do estômago. 
Forma larvar: cisticercóide. 
A forma adulta possui: 
• Escólex é formado por ventosas em forma de 
fenda, não possuindo rostelos ou ganchos; 
• Ovário de um lado e testículos do outro. 
Ciclo biológico: 
As proglotes grávidas são eliminadas no solo juntos 
com as fezes dos HD e os ovos contidos em seu 
interior são ingeridos por ácaros (HI), nos quais se 
formam as larvas cisticercóides. A ingestão de 
pastagem infestadas com ácaros contaminados 
pelos equinos (HD) possibilita a liberação da larva 
no intestino e sua consequente fixação neste 
órgão, onde se tornam vermes adultos, se 
autofecundam e liberaram as proglotes grávidas 
junto com as fezes do HD. 
 
Figura 13 – escólex com ventosas em fenda 
Patogenia e diagnótico: 
Na maioria dos casos é assintomática, mas pode 
causar obstrução intestinal e, raramente, 
perfuração intestinal. Para o diagnóstico, é feita a 
observação dos ovos típicos em exames fecais ou 
em necrópsias. 
 
3. Família Dilepididae 
 
Características gerais: 
• Presença de rostelo retrátil com ganchos. 
• Corpo com muitas proglotes. 
• Presença de ventosas sem ganchos. 
• Proglotes grávidas com cápsulas ovígeras 
contendo ovos. 
Ovos: 
Capsula ovígera contendo cerca de 20 oncosferas. 
13 
Lorena Branco 
 
Figura 14 – ovos com múltiplas oncosferas 
 
a) Dipylidium caninum 
 
Hospedeiro definitivo: cão. 
Hospedeiro intermediário: piolho (Trichodectes 
canis) e pulgas (Ctenocephalides felis e C. canis). 
Local: forma adulta no duodeno. 
Forma larvar: cisticercóide. 
A forma adulta conta com: 
• Rostro retrátil com 4 a 7 coroas de acúleos 
em forma de espinho de roseira; 
• Estróbilos com proglotes maduras e grávidas 
de maior altura que largura; 
• Testículos numerosos situadosem seus 
campos medianos; 
• Aparelho genital duplo. 
Ciclo biológico: 
As proglotes grávidas são eliminadas junto com as 
fezes do HD, contaminando o meio e sendo 
ingeridos por pulgas e piolhos (HI), nos quais os 
embriões são liberados e se desenvolvem na 
cavidade celomática até se tornarem larvas 
cisticercóides. O cão (HD) infecta-se 
acidentalmente ao se coçar e lamber seus pelos, 
ingerindo a pulga ou piolho contendo a larva em 
seu interior. No intestino delgado do HD, o HI é 
digerido, liberando a cisticercóide, cujo escólex se 
evagina para que o verme possa se fixar no 
intestino delgado com auxílio do rostelo e se 
desenvolver até a forma adulta, sendo capazes de 
se autofecundarem e gerarem os proglotes 
grávidos que serão eliminados junto com as fezes 
do HD. Possíveis medidas profiláticas são praticar a 
limpeza e desinfecção do local onde o animal 
dorme e lavar as mãos após o contato com os cães. 
 
Figura 15 – escólex com ventosas e rostelo retrátil com 
ganchos 
Patogenia e diagnóstico: 
Geralmente os cães são assintomáticos, mas em 
infecções maciças pode ocorrer a alteração do 
apetite, emagrecimento, mania de arrastar o ânus 
no chão (mostrando desconforto), enterite, cólica, 
alopecia (calvície) na base da cauda e diarreia. Para 
o diagnóstico, é feita a observação de proglote nas 
fezes e ao redor do ânus e a pesquisa de ovos em 
exames de fezes pelo método de sedimentação. 
 
CLASSE TREMATODA 
 
A Classe Trematoda não apresenta corpo 
segmentado (diferente da classe Cestoda) e tem 
formato semelhante a uma folha. Os animais 
pertencentes a essa classe possuem ventosas oral, 
ventral (ou acetábulo) e genital (ou gonotil) para 
fixação no hospedeiro e movimentação sobre ele. 
Além disso, há presença de glândulas vitelínicas, as 
quais produzem o vitelo necessário para a 
formação do ovo. Trematóides apresentam 
revestimento externo resistente e músculos sobre 
a lâmina basal, responsáveis por manter a forma 
do parasito. 
 
Figura 16 – Trematóide esquematizado 
14 
Lorena Branco 
Nessa classe, o primeiro HI é sempre um molusco 
e o segundo pode ser um peixe ou um crustáceo. 
Logo, uma medida profilática possível para todos 
os ciclos da classe Trematoda é o controle da 
população de moluscos, além das condições 
básicas de saneamento e higiene. 
Os ovos da classe Trematoda geram indivíduos 
(embriões) ciliados chamados miracídios. Estes 
abrem o opérculo do ovo e seguem para o meio 
aquático, necessário para sua sobrevivência. Já no 
hospedeiro intermediário, o miracídio perde os 
cílios e passa a ser chamado de esporocisto, o qual 
divide-se e origina formas infectantes que saem 
para o ambiente. O esporocisto pode ter uma ou 
duas gerações. Quando de 1ª geração forma-se a 
rédia, que originará várias cercárias (possuem 
cauda); as cercárias, ao saírem do molusco, fixam-
se na vegetação e passam a ser chamadas de 
metacercárias (agora sem a cauda). Quando o 
esporocisto é de 2ª geração, não há fase de rédia. 
 
1. Família Dicrocoelidae 
 
Características gerais: 
• Corpo largo com ventosa oral grande; 
• Posição anterior do ovário e testículo em 
relação ao útero; 
• Ceco mediano retilíneo; 
• Glândulas vitelínicas medianas ao corpo do 
parasito. 
 
a) Eurytrema pancreaticum 
 
Hospedeiro definitivo: bovinos 
Hospedeiros intermediários: 
1. moluscos terrestres: Bradybaena similaris 
(caracol); 
2. gafanhoto: Conocephalus sp 
Local: ductos pancreáticos. 
 
Figura 17 – Eurytrema pancreaticum 
Ciclo biológico: 
Os ovos saem nas fezes do HD e são ingeridos pelos 
moluscos (HI), nos quais a larva miracídio é 
liberada em seu intestino. Na cavidade celomática 
desse animal forma-se o esporocisto I e na 
cavidade digestiva, o esporocisto II, que se 
desenvolvem em cercárias e deixam o corpo do 
molusco para aderirem o talo do capim. Os 
gafanhotos (genêro Conocephalus - HI) se 
alimentam desse capim e as cercárias atravessam 
seu tubo digestivo, transformando-se em 
metacercárias em sua cavidade celomática. O 
gafanhoto é ingerido acidentalmente pelos 
bovinos (HD) ao pastorear e as metacercárias 
seguem para o intestino delgado e posteriormente 
migram para o pâncreas pelos ductos pancreáticos, 
onde se tornam vermes adultos. A postura dos 
ovos ocorre nos ductos pancreáticos, os quais são 
transportados para o ambiente externo pelas fezes 
do HD. 
 
2. Família Fasciolidae 
 
Características gerais: 
• Corpo longo e com espinhos no tegumento 
para auxiliar na fixação e na nutrição; 
• Presença de cone cefálico próximo a abertura 
da ventosa oral; 
• Acetábulo bem desenvolvido (ventosa 
ventral); 
Ovos: 
Ovos ovais, com 150 µm de tamanho, amarelados 
pela bile, casca fina e com uma estrutura específica 
para a saída do miracídio (opérculo). 
15 
Lorena Branco 
 
 
a) Fasciola hepática 
 
Hospedeiro definitivo: bovinos e ovinos (pode 
parasitar eqüídeos, bubalinos e humanos). 
Hospedeiro intermediário: molusco aquático - 
Lymnaea viatrix (região Sul) e Lymnaea columela 
(região Sudeste). 
Local: ductos biliares. 
Ciclo biológico: 
Os ovos são eliminados pelo HD no ambiente junto 
com as fezes e, de acordo com o meio e 
temperatura ideais, ocorrerá o desenvolvimento 
da larva miracídio. Após cerca de 15 dias, as larvas 
sairão do ovo influenciadas pela presença de luz e 
serão atraídos por uma substância química 
liberada pelos caramujos (HI). Os miracídios 
penetram, então, nas partes moles do HI, perdem 
sua estrutura ciliada e, por meio da corrente 
sanguínea, atingem a glândula digestiva do 
caramujo, onde se alimentam e se transformam 
em esporocisto. Nessa estrutura, ocorre a 
reprodução assexuada, gerando as rédias e, 
posteriormente, numa nova reprodução 
assexuada, ocorre a formação de uma segunda 
geração de rédias, que se tornarão cercárias. As 
cercárias só irão sair do HI se as condições do meio 
externo estiverem propícias para o seu 
desenvolvimento e, após atingirem o ambiente 
pelas vias naturais do caramujo, procuram áreas 
propícias (plantas aquáticas e vegetais), onde 
perdem sua cauda e desenvolvem uma membrana 
cística característica da metacercária. Elas 
sobrevivem em águas estancada por 5 a 6 meses e 
em águas pantanosas por 9 a 10 meses, podendo 
ser ingeridas por bovinos, equinos e ovinos (HD), 
nos quais perdem a forma de cisto, penetram a 
parede intestinal e atingem o peritônio e o fígados 
dos animais. No fígado, permanecem realizando 
migrações por cerca de 5 a 6 semanas, 
alimentando-se de tecido hepático e 
desenvolvendo-se para então se deslocarem para 
os ductos biliares, onde atingem maturidade 
sexual. 
Patogenia e diagnóstico: 
Em casos graves, há edema submandibular, 
caquexia, diarreia, lesões hiperplásicas dos canais 
biliares e icterícia, podendo chegar à morte (animal 
em decúbito esternal com as ventas apoiadas 
sobre o solo). Para diagnóstico, é feita a 
iidentificação do verme adulto no fígado dos 
animais durante a necrópsia e a realização de 
ELISA, PCR e exames de fezes por sedimentação. 
 
Figura 19 – F. hepatica Figura 20 – cercaria fascíola 
 
3. Família Schistosomatidae 
 
Características gerais: 
• Possui dimorfismo sexual: fêmea filariforme 
fica dentro do canal ginecóforo do macho 
(macho é mais grosso); 
• Apresenta ventosas oral e ventral 
 
 Figura 21 – dimorfismo sexual Figura 22 – ovo 
Figura 18 – ovo de Fasciolidae 
16 
Lorena Branco 
a) Schistosoma mansoni 
 
Hospedeiro definitivo: homem e bovinos. 
Hospedeiro intermediário: molusco aquático 
Biomphalaria e Planorbis. 
Local: veias mesentéricas e hepáticas. 
Ciclo biológico: 
Após a cópula a fêmea migra para ramos menores 
das veias mesentéricas e lá faz a postura. Os ovos 
utilizam-se de seus espinhos e de uma substância 
irritante da mucosa para perfurarem a parede do 
intestino grossoe, posteriormente, são eliminados 
nas fezes. Quando as fezes caem em ambiente 
aquático, os ovos se rompem e liberam a larva 
miracídio, que penetra ativamente no caramujo 
(HI). Dentro do caramujo, perde os cílios e passa 
por um ciclo de reprodução assexuada que gera as 
cercárias. Estas saem do hospedeiro intermediário 
e no ambiente aquático migram ativamente até 
penetrarem na pele íntegra dos bovinos ou do 
homem (HD) ou serem deglutidas com a ingestão 
de água contaminada. A cercária, então, chega ao 
tubo digestivo, perde a cauda, se torna um verme 
adulto e, pela circulação, chega às veias 
mesentéricas e intra-hepáticas, onde 
amadurecem. 
 
17 
Lorena Branco 
FILO NEMATHELMINTHES 
 
 
Características gerais: 
 
O Filo Nemathelminthes é constituído pelos 
animais denominados nematelmintos, os quais: 
• São vermes de corpo cilíndrico; 
• Possuem simetria bilateral; 
• Possuem sistema digestivo completo, sendo 
a boca com coroa franjada ou ainda com 
espinhos ou dentes (para hematófagos); 
• Apresentam Dimorfismo sexual; 
• Têm dupla camada de membranas, com 
músculos lisos segmentados entre elas. 
O filo dos nematelmintos é composto pela Classe 
Nematoda que, por sua vez, divide-se nas ordens 
Strongylida, Oxyurida, Ascaridida, Spirurida, 
Enoplida e Rhabditida. 
Sistema genital feminino: 
É composto por: dois ovários, dois ovidutos, um 
útero, uma vagina e uma vulva. 
 
Figura 23 – fêmea de nematóide 
As fêmeas podem ser: 
a) Ovovivíparas: postura de ovos com embrião 
ou larva formada; 
 
b) Ovíparas: postura de ovos no 1° estágio (sem 
segmentação); 
c) Vivíparas: fêmeas fazem postura de larvas. 
Sistema genital masculino: 
É composto por: dois testículos, dois canais 
deferentes, um canal ejaculador, dois espículos 
(estruturas quitinizadas para condução do sêmen à 
abertura genital e que podem ser simples, com 
ganchos ou ornamentados), um gubernáculo (que 
orienta os espículos durante a cópula) e uma bolsa 
copuladora com raios bursais. 
 
Figura 24 – macho de nematóide 
Ovos: 
Os ovos podem ser do tipo: 
a) Simples; 
b) Operculado; 
c) Bioperculado; 
d) Larvado. 
A casca apresenta três camadas: 
1. Membrana de fertilização: responsável pela 
secreção da casca. Parte mais interna; 
2. Membrana lipídica 
18 
Lorena Branco 
3. Membrana proteica: só aparece em alguns 
helmintos e esses ficam mais resistentes às 
condições ambientais. 
 
Figura 25 – ovos de nematóides 
Forma infectante para o hospedeiro: 
Ovos ou larva infectante (L3). A maioria dos 
nematóides infecta por L3. 
A resistência da larva é devido a sua cutícula. Em 
cada muda ela perde a cutícula e ganha outra (a 
não ser na passagem de L2 para L3, pois a L3 retém 
a cutícula da L2, ficando com duas), se tornando 
assim mais resistente às condições do meio 
ambiente. 
Formas de infecção: 
A infecção pode ocorrer por meio de: 
a) Picada de mosquito; 
b) Ingestão de ovos; 
c) Ingestão de larvas; 
d) Ingestão do HI; 
e) Infecção cutânea (penetração). 
Ciclos no hospedeiro: 
Os ciclos no hospedeiro são: 
• Sem migração: ingestão do ovo (com a larva 
L3) e torna-se adulto jovem (L4 e L5) no 
intestino do hospedeiro definitivo, 
provocando alterações locais e não migrando 
pelo corpo; 
• Hepato-traqueal: ingestão do ovo (com a 
larva L3) que chega ao intestino, segue para 
o plexo mesentérico, fígado, coração, 
pulmão, traqueia, faringe e retorna ao 
intestino; 
• Tecido subcutâneo. 
CLASSE NEMATODA 
 
1. Superfamília Rhabditoidea – Família 
Strongylidae 
 
a) Strongyloides sp. 
 
Hospedeiro definitivo: 
S. westeri: eqüinos; 
S. ransomi: suínos; 
S. papillosus: bovinos; 
S. stercoralis: homem, cão e gato. 
Local: intestino delgado. 
Possuem menos de 1 cm e se alimentam do tecido 
da mucosa (alimentação histiotrófica). 
Apenas as fêmeas partenogenéticas (não se 
originam de uma fecundação) são parasitas. Essas 
são triplóides e possuem esôfago filariforme. 
Machos são haplóides e fêmeas de vida livre são 
diplóides, produzindo indivíduos triplóides. Esses 
possuem esôfago rabditiforme (ocupa ¼ do corpo). 
Ciclo biológico: 
Os herbívoros eliminam ovos larvados nas fezes; 
Homens, cães e suínos eliminam as L1 nas fezes. 
Contaminação ativa: os ovos larvados eclodem em 
ambiente úmido e temperatura amena, liberando 
a L1 que se transforma em L2 e L3. O hospedeiro 
definitivo se contamina através da penetração das 
larvas L3 na pele, que chegam às arteríolas, 
coração, pulmão e nos bronquíolos, onde se 
tornam L4. Posteriormente, vão para os brônquios, 
traqueia, laringe, onde são deglutidas e caem no 
tubo digestivo. No tubo, se transformam em L5 e 
ocorre o desenvolvimento das fêmeas 
partenogenéticas. Também pode ocorrer 
contaminação transplacentária e pelo colostro. 
Contaminação passiva: ingestão de alimentos 
contaminados com ovos que eclodem no TGI e 
transformam-se em L1, L2 e L3 na mucosa do 
intestino ou ingestão da L3 junto ao pasto. Quando 
a b 
c d 
19 
Lorena Branco 
há queda de imunidade, a L3 perfura a parede 
intestinal (ação da colagenase) e segue pela 
circulação para o coração e o pulmão, gerando 
uma auto-infecção. 
Acomete animais extremamente jovens ou animais 
imunossuprimidos. Além disso, a larva é auto-
limitante, dessa forma, em bovinos, por exemplo, 
elas só ficam no organismo por até 6 meses, já que 
após esse período elas são eliminadas. 
 
Figura 26 – S. stercoralis 
Patogenia e diagnóstico: 
A penetração das larvas pode gerar: prurido, 
irritação e inflamação. A migração interna das 
larvas gera: congestão, hemorragias, formação de 
êmbolos, pneumonia. A ação das fêmeas gera: 
inflamação, hemorragia, necrose da mucosa 
gastrointestinal, anorexia e apatia. O sintoma 
clínico inclui presença de edema submandibular, 
mucosa pálida e ovos nas fezes. Para o diagnóstico, 
é feita a observação de ovos larvados nos equinos, 
ruminantes e herbívoros por meio da técnica de 
flutuação, observação de larvas rabditóides (L3) 
nas fezes dos cães, gatos e do homem pela técnica 
de Baermann e, na necrópsia, observa-se larvas na 
mucosa intestinal, pulmões e miocárdio 
 
2. Família Trichostrongylidae 
 
Características gerais: 
• Nematódeos delgados e pequenos; 
• Cápsula bucal pequena ou ausente; 
• Macho com bolsa copuladora bem 
desenvolvida; 
• Espículos curtos e grossos; 
• Ciclo monóxeno; 
• Infecção passiva por L3. 
Ciclo de vida geral (válido para todas as espécies 
de Trichostrongylidae – item 2): 
A fase de vida livre inicia-se com a eliminação de 
ovos nas fezes. Na pastagem, os ovos tornam-se 
embrionados, a larva de primeiro estágio (L1) 
eclode, sofre muda para L2 e evolui para L3 (forma 
infectante), que possui cutícula dupla. O período 
desde a eliminação do ovo até L3 varia de cinco a 
dez dias, dependendo das condições ambientais, 
principalmente da umidade e da temperatura. A L3 
migra do bolo fecal para a pastagem, onde é 
ingerida pelos animais juntamente com a forragem 
principalmente no período da manhã (larvas 
aproveitam o orvalho e, posteriormente, se 
escondem do sol forte para não morrerem). As 
larvas chegam ao abomaso ou ao intestino, onde 
evoluem para o quarto estágio larval (L4) nas 
vilosidades. Quando a imunidade baixa, a L4 vai 
para o lúmen intestinal e se transforma em L5, 
posteriormente, amadurece, copula e as fêmeas 
realizam a postura dos ovos. Algumas possíveis 
medidas profiláticas são: rotação de pastagens 
para possível inviabilização da L3; administração 
do feno e silagem para diminuir o risco de 
contaminação pelas pastagens; destino adequado 
das fezes dos animais. 
OBS: hipobiose → interrupção temporária do 
desenvolvimento das larvas de nematoides devido 
a um estímulo ambiental ou como um mecanismo 
de proteção contra a ação de medicamentos. 
 
a) Haemonchus spp 
 
Hospedeiro definitivo: ruminantes. 
Local: abomaso.a.1) Haemonchus contortus e Haemonchus placei: 
Extremidade anterior afilada e com pequena 
cápsula bucal. Presença de duas papilas cervicais 
proeminentes e espiniformes. Os machos possuem 
bolsa copuladora em forma de forquilha, espículos 
de ponta fina e presença de gubernáculo. Já as 
fêmeas apresentam um apêndice na região vulvar 
(proeminente ou forma de botão). 
20 
Lorena Branco 
 
Figura 27 – papilas cervicais Figura 28 – vulva 
a.2) Haemonchus similis: 
Presença de duas papilas cervicais. Os machos 
possuem bolsa copuladora em forma de taça 
(arqueado), espículos de ponta fina e presença de 
gubernáculo. Já as fêmeas apresentam um 
apêndice na região vulvar (proeminente ou forma 
de botão). 
 
Figura 29 – bolsa copuladora 
Patogenia e diagnóstico: 
Quadro de hemoncose aguda: causada pelo hábito 
hematófago e caracterizada por anemia 
(principalmente em animais jovens), podendo, em 
casos graves, causar edema de barbela pela perda 
de albumina associada à lesões no abomaso, ascite 
(barriga d’água), letargia, fezes de coloração 
escura, queda de lã e diarreia. Quadro de 
hemoncose crônica: desenvolve-se durante a 
prolongada estação de seca quando o pasto fica 
deficiente em nutrientes e a perda constante de 
sangue resulta a perda progressiva de peso e 
fraqueza, não sendo observados nem anemia 
grave nem edema. Para o diagnóstico pode ser 
feito exame parasitológico de fezes (ovos por 
grama de fezes - OPG), exame famacha para medir 
o nível de infecção de acordo com a coloração da 
mucosa, hemograma para averiguar anemia, 
leucocitose e eosinofilia, exame histopatológico 
com fragmentos de tecido lesionado após a 
necrópsia. 
 
b) Cooperia spp 
 
Cooperia pectinata; Cooperia curticei; Cooperia 
onceophara 
Hospedeiro definitivo: ruminantes. 
Local: intestino delgado de ruminantes. 
São muito pequenos (fêmea - 0,5 a 1,2 cm e macho 
- 0,4 a 0,7 cm), com extremidade anterior afilada e 
caracterizados por dilatações cuticulares cefálicas. 
Os machos possuem bolsa copuladora bem 
desenvolvida, com espículos apresentando dentes. 
O gubernáculo é ausente. 
 
Figura 30 – dilatações Figura 31 – espículos 
Patogenia e diagnóstico: 
O contato com as vilosidades intestinais causa 
irritação, aumentando o peristaltismo e 
prejudicando a absorção. Isso leva a diarreia, 
espessamento da parede do intestino, anorexia, 
desidratação e efeitos negativos na produção do 
animal. Para o diagnóstico pode ser feito exame 
parasitológico de fezes (ovos por grama de fezes - 
OPG), exame famacha para medir o nível de 
infecção de acordo com a coloração da mucosa, 
hemograma para averiguar anemia, leucocitose e 
eosinofilia, exame histopatológico com fragmentos 
de tecido lesionado após a necrópsia. 
 
c) Trichostrongylus spp 
 
Hospedeiro definitivo: 
Trichostrongylus axei: equinos 
Trichostrongylus colubriformes: ruminantes 
Trichostrongylus vitrinus: ruminantes 
21 
Lorena Branco 
Local: estômago de equinos e intestino delgado de 
ruminantes. 
Pequenos e delgados (0,2 a 0,8 cm), sem cápsula 
bucal, com poro excretor situado normalmente em 
uma fenda visível na extremidade anterior. Os 
machos apresentam espículos e gubernáculo. Não 
apresentam papilas cervicais. 
 
Figura 32 – Trichostronglyus Figura 33 – bolsa copuladora 
Patogenia e diagnóstico: 
Quando a infecção é elevada, pode haver alteração 
do pH do abomaso (acima de 7,5, ou seja, alcalino) 
e como consequência aumentar o crescimento 
bacteriano, causar edema gelatinoso, diarreia, 
anorexia, desidratação, redução do ganho de peso 
e morte. Para o diagnóstico pode ser feito exame 
parasitológico de fezes (ovos por grama de fezes - 
OPG), exame famacha para medir o nível de 
infecção de acordo com a coloração da mucosa, 
hemograma para averiguar anemia, leucocitose e 
eosinofilia, exame histopatológico com fragmentos 
de tecido lesionado após a necrópsia. 
 
d) Ostertagia spp 
 
Ostertagia ostertagi; Ostertagia circuncincta; 
Ostertagia trifurcata 
Hospedeiro definitivo: ruminantes. 
Local: abomaso de ruminantes. 
Extremidade anterior afilada e presença de 
gubernáculo. Os machos possuem bolsa 
copuladora bem desenvolvida e espículos 
bifurcados ou trifurcados. A fêmea possui a vulva 
recoberta por uma expansão cuticular chamada de 
processo vulvar. Papilas cervicais presentes. 
A L4 invade a mucosa do abomaso fazendo 
hipobiose. 
 
Figura 34 – espículos e gubernáculo 
Patogenia e diagnóstico: 
Gera gastrite parasitária, pois causa nódulos no 
abomaso que interferem diretamente no 
funcionamento do órgão e na digestão proteica, 
além de desencadear diarreia aquosa, anemia, 
perda de peso e edema submandibular. Além 
disso, a larva pode entrar em hipobiose (fase de 
latência) durante o verão, pois seu metabolismo 
costuma ficar defeituoso em altas temperaturas. 
Para o diagnóstico pode ser feito exame 
parasitológico de fezes (ovos por grama de fezes - 
OPG), exame famacha para medir o nível de 
infecção de acordo com a coloração da mucosa, 
hemograma para averiguar anemia, leucocitose e 
eosinofilia, exame histopatológico com fragmentos 
de tecido lesionado após a necrópsia. 
 
3. Família Habronematidae 
 
a) Habronema sp 
 
Hospedeiro definitivo: equinos e asininos. 
Hospedeiro intermediário: moscas, 
principalmente Musca domestica e Stomoxys 
calcitrans. 
Local: estômago. 
22 
Lorena Branco 
Possuem de 1 a 2,5 cm de comprimento e 
apresentam cor esbranquiçada. Possuem boca 
bilabiada e cápsula bucal bem desenvolvida. Os 
machos têm cauda espiralada, asa caudal, papilas 
pedunculadas e um espículo maior que o outro. As 
fêmeas são ovovivíparas e possuem baixa postura. 
Os ovos são alongados, com alta densidade e casca 
fina. 
Ciclo biológico: 
As larvas do parasita são eliminadas pelas fezes no 
ambiente e são ingeridas pelas larvas da mosca, as 
quais habitam o estrume e irão se tornar moscas 
adultas contaminadas com a larva em estágio L3 
(HI). Assim, a infecção do equino pode acontecer 
por duas vias: pela ingestão da mosca contaminada 
junto da água e dos alimentos ou pela ingestão 
acidental das larvas. Posteriormente, as larvas vão 
para o estômago do hospedeiro, onde se 
desenvolvem até tornarem-se adultas. 
As moscas podem, também, depositar larvas em 
feridas. As larvas são incapazes de completar o 
ciclo, porém sua presença gera uma reação 
inflamatória no animal. 
 
Figura 35 – ovo Habronema Figura 36 – Habronema 
Patogenia e diagnóstico: 
A presença de larvas no estômago causa 
habronemose gástrica. Tal quadro geralmente é 
assintomático, mas pode gerar gastrite catarral 
com excesso de produção de muco. Outra 
patogenia é a habronemose conjuntiva, em que as 
larvas invadem a conjuntiva ocular, causando 
conjuntivite persistente com o espessamento 
nodular e ulceração das pálpebras. A habronemose 
cutânea/úlcera de verão/esponja consiste na 
deposição de larvas em feridas expostas da pele, 
sendo essas incapazes de completar o ciclo. 
Entretanto, a presença das larvas gera uma reação 
inflamatória, com lesões ulcerativas e bastante 
incômodas. O diagnóstico da habronemose 
gástrica é feito expondo material infectado à 
mosca e, então, examinando-a para a detecção das 
larvas em seu tórax. Já para habronemose 
cutânea, é feita a análise histopatológica dos 
tecidos para analisar a existência de larvas L3. 
 
4. Família Spiruridae 
 
a) Spirocerca lupi 
 
Hospedeiro definitivo: cães e gatos. 
Hospedeiro intermediário: besouro coprófago (se 
alimenta de fezes). 
Hospedeiro(s) paratênico(s): aves, roedores, 
répteis. Não se desenvolve, mas permanece ativo. 
Local: esôfago. Pode acometer a aorta em seu 
estado larval e pode ser encontrado no estômago. 
Os adultos da espécie possuem tamanho entre 6 e 
8 cm de comprimento. Apresentam cor rósea epermanecem enovelados dentro do granuloma. 
Têm espículo, sendo o direito maior que o 
esquerdo. 
Ovos: 
Os ovos da espécie são pequenos, alongados, de 
casca espessa, com lados paralelos, contendo a 
larva em forma de U em seu interior. 
 
Figura 37 – Spirocerca lupi Figura 38 – ovo S. lupi 
 
23 
Lorena Branco 
Ciclo biológico: 
Ocorre a eliminação de ovos com L1 nas fezes. O 
ovo é, então, ingerido pelo besouro (HI) e nele 
sofre muda até o estágio L3, no qual se encista. O 
besouro pode ser ingerido por aves, roedores ou 
répteis (HP) e a L3 é liberada e passa a se encistar 
nas vísceras desses animais. Então, ocorre a 
ingestão do HP ou do HI pelo cão ou gato (HD), nos 
quais as L3 são liberadas, penetram na parede do 
estômago e migram, através da artéria celíaca, 
para a aorta torácica. Após 3 meses, vão para o 
esôfago adjacente, onde formam granulomas e 
atingem o estágio adulto. 
Patogenia e diagnóstico: 
Como as larvas são migratórias, elas causam lesões 
na parede da aorta, causando estenose 
(estreitamento anormal do vaso sanguíneo ou 
artéria), formação de nódulos, aneurisma ou 
ruptura da parede dos vasos, podendo levar à 
morte. Os granulomas esofágicos podem levar a 
disfagia (dificuldade de deglutição), regurgitação e 
vômitos por inflamação ou obstrução. Pode haver, 
também, a formação de sarcomas esofágicos 
seguidos de metástase e de espondilose das 
vértebras torácicas. O diagnóstico é feito através 
da pesquisa de ovos nas fezes ou no vômito, 
usando a centrífugo-sedimentação em água éter. 
Endoscopia e radiografia são utilizadas para 
detectar a presença de nódulos esofágicos. 
 
5. Subfamília Cyathostominae 
 
a) Ciastomíneos 
 
Mais de 40 espécies (pequenos Stronglydeos). 
Hospedeiro definitivo: equinos. 
Local: intestino grosso. 
Os adultos são menores que 1,5 cm e são não 
hematófagos. Apresentam esôfago claviforme, 
cápsula bucal de formato retangular e com parede 
espessa e coroa franjada dupla. 
 
Ciclo biológico: 
Os ovos eclodem em condições ideais no 
ambiente, liberam as larvas L1, que se alimentam 
de bactérias e evoluem para L2 e L3. Após serem 
ingeridas por meio de água e alimentos 
contaminados, as L3 seguem para o intestino 
grosso, onde penetram nas glândulas intestinais e 
migram para dentro da mucosa. O hospedeiro 
forma um nódulo inflamatório ao redor das larvas, 
onde acontece a muda para L4. Cerca de 2 meses 
após a infecção inicial, as L4 retornam ao lúmen do 
intestino grosso, onde mudam para L5, 
amadurecem, copulam e liberam ovos a serem 
eliminados junto às fezes do HD. 
 
Figura 39 – cápsula bucal Figura 40 – nódulos na mucosa 
Patogenia: 
Infecção por Ciastomíneos pode produzir diarreia, 
cólica e ocasionalmente morte em decorrência das 
inflamações no ceco e no cólon. 
 
6. Subfamília Strongylinae 
 
a) Strongylus vulgaris 
 
Hospedeiro definitivo: equinos. 
Local: intestino grosso. 
Os adultos possuem de 1 a 1,25 cm e têm hábitos 
hematófagos. Possuem cápsula bucal grande, com 
coroa franjada, dois dentes arredondados e um 
ducto da glândula esofagiana. A cápsula bucal 
garante a fixação no intestino grosso do 
hospedeiro. O esôfago da espécie é claviforme. Os 
machos apresentam bolsa copuladora com dois 
espículos e as fêmeas terminam afiladamente. 
24 
Lorena Branco 
Ciclo biológico: 
Os ovos eclodem em condições ideais no 
ambiente, liberando as larvas L1 que se alimentam 
de bactérias e mudam para L2 e L3. O HD ingere a 
L3 nas pastagens ou na água contaminada, que vai 
para o intestino delgado, onde perde a bainha de 
proteção e penetra o intestino grosso. Então, ela 
atravessa as arteríolas que irrigam o intestino 
grosso, onde muda para L4, e migra para a artéria 
mesentérica cranial, onde muda para L5, 
desencadeando a formação de nódulos e lesões. 
Quando a L5 se desprende, atravessa a parede do 
ceco e do cólon e realiza a diferenciação sexual no 
lúmen desses órgãos. Após a cópula, as fêmeas 
põem os ovos a serem liberados junto às fezes. 
 
Figura 41 – S. vulgaris 
Patogenia: 
É a espécie mais patogênica para equinos, pois os 
nódulos formados na artéria mesentérica anterior 
podem gerar tromboembolias (coágulos que 
surgem envolvendo as larvas nas artérias) que 
levam a cólicas, o que pode levar o animal à morte 
por hemorragia interna pelo rompimento da 
artéria. 
 
b) Strongylus equinus 
 
Hospedeiro definitivo: equinos. 
Local: intestino grosso. 
A espécie possui tamanho entre 2,5 e 5,5 cm e são 
de hábitos hematófagos. Possuem cápsula bucal 
grande, com coroa franjada e três dentes 
pontiagudos (sendo um deles com ponta bífida) e 
um ducto da glândula esofagiana. Têm esôfago 
claviforme. 
Ovos medindo 98 µm de comprimento. 
Ciclo biológico: 
Os ovos eclodem em condições ideais no 
ambiente, liberam as larvas L1 que se alimentam 
de bactérias e mudam para L2 e L3. O hospedeiro 
definitivo ingere a L3 nas pastagens ou na água 
contaminada, que vai para o intestino delgado, 
onde perde a bainha de proteção e penetra o 
intestino grosso. Atinge então a camada subserosa 
do órgão, formando nódulos. Após 11 dias, atinge 
a cavidade peritonial (já como L4) e migra para o 
fígado, onde permanece cerca de 2 meses e 
provoca várias lesões. Depois vai para o pâncreas, 
onde muda para L5, estando pronta para retornar 
ao intestino grosso e ali amadurecer, copular e 
realizar a postura dos ovos que sairão junto às 
fezes do HD. 
Patogenia: 
Dependendo da quantidade de L3 ingerida, o 
animal pode apresentar emagrecimento, diarreia, 
dor e cólica devido a função hepática ou 
pancreática estar anormal. 
 
c) Strongylus edentatus 
 
Hospedeiro definitivo: equinos. 
Local: intestino grosso. 
Adultos com tamanho entre 2,3 e 4,4 cm e com 
hábitos hematófagos. Possuem cápsula bucal 
grande, com coroa franjada, um ducto de glândula 
esofagiana, mas sem presença de dentes. Têm 
esôfago claviforme. 
Ciclo biológico: 
Os ovos eclodem em condições ideais no 
ambiente, liberando a larva L1 que se alimenta de 
bactérias e muda para L2 e L3. O hospedeiro 
definitivo ingere a L3 nas pastagens ou na água 
contaminada, que vai para o intestino delgado, 
25 
Lorena Branco 
onde perde a bainha de proteção e penetra o 
intestino grosso. Após cerca de 11 dias, vão para o 
fígado pela circulação porta e depois de 9 semanas 
vão para o ligamento hepático, onde formam 
nódulos ao realizarem as mudas para L4 e L5. 
Então, migram para a cavidade peritoneal, 
penetram na mucosa do ceco e cólon, gerando 
nódulos hemorrágicos, e posteriormente vão para 
o lúmen para que haja cópula, postura e liberação 
dos ovos. 
 
Figura 42 – da esquerda para a direita: cápsula bucal de S. 
edentatus, S. equinus e S. vulgaris 
 
Figura 43 – ovo de Strongylus sp. 
Patogenia: 
Dependendo da quantidade de L3 ingerida, o 
animal pode apresentar emagrecimento, diarreia, 
dor e cólica ocasionados pela função hepática 
anormal e pelos nódulos no ceco/cólon. 
 
7. Subfamília Oesophagostominae 
 
Características gerais: 
• Presença de cápsula bucal retangular e 
pequena; 
• Presença de dilatações cuticulares; 
• Presença de vesícula cefálica. 
 
 
Ciclo biológico geral Oesophagostomum: 
O HD ingere as L3 e essas penetram na mucosa de 
qualquer parte do intestino delgado ou grosso e 
ficam envoltas em nódulos evidentes, onde se dá a 
muda para L4. As L4 emergem para a superfície da 
mucosa e migram para o cólon onde se 
desenvolvem até adultos. 
 
Figura 44 - nódulos contendo larvas de Oesophagostomum sp 
Patogenia (Oesophagostomum spp): 
Os nematódeos do gênero Oesophagostomum 
causam diarreia, anorexia, fraqueza, anemia, 
diminuição da produção de leite, perda de peso e, 
nos ovinos, queda na produção de lã. Em infecções 
crônicas, que ocorrem principalmente em ovinos, 
inapetência, emaciação com diarreia intermitente 
e anemia são osprincipais sinais clínicos da 
parasitose. A patogenia mais importante é causada 
pelas larvas deste parasita, que penetram na 
mucosa e submucosa do intestino formando 
nódulos, inutilizando-o para a fábrica de 
subprodutos. Estes nódulos podem se romper 
ocasionando peritonite, e até mesmo a morte dos 
animais 
 
a) Oesophagostomum radiatum 
 
Hospedeiro definitivo: bovinos. 
Local: intestino grosso. 
Espécie com tamanho de 1,4 a 2,2 cm. Possuem 
cápsula bucal muito pequena, com coroa franjada 
dupla e vesícula cefálica (ou colar cefálico). Há 
presença de vesícula cervical bem desenvolvida e 
asa cervical pouco desenvolvida. Apresentam 
papilas cervicais e esôfago claviforme. 
26 
Lorena Branco 
Machos possuem bolsa copuladora contendo dois 
espículos médios e fêmeas terminam 
afiladamente. 
 
Figura 45 – A = vesícula cefálica; B = vesícula cervical; C = asa 
cervical. O. radiatum 
 
b) Oesophagostomum columbianum 
 
Hospedeiro definitivo: caprinos e ovinos. 
Local: intestino grosso. 
São de tamanho pequeno, com 1,2 a 1,8 cm. 
Possuem cápsula bucal muito pequena, com coroa 
franjada dupla e vesícula cefálica. Há presença de 
vesícula cervical pouco desenvolvida e as cervical 
bem desenvolvida. Possuem papilas cervicais e 
esôfago claviforme. Machos possuem bolsa 
copuladora contendo dois espículos médios e 
fêmeas terminam afiladamente. 
 
Figura 46 – A = cápsula bucal; B = coroa franjada; C = vesícula 
cervical. O. columbianum 
 
c) Oesophagostomum dentatum 
 
Hospedeiro definitivo: suínos. 
Local: intestino grosso. 
Espécie com tamanho de 0,8 a 1,4 cm. Possuem 
cápsula bucal muito pequena, com coroa franjada 
dupla, vesícula cefálica e papilas cefálicas. Contam 
com vesícula e asa cervical pouco desenvolvida. Há 
presença de papilas cervicais e esôfago claviforme. 
Machos possuem bolsa copuladora e dois espículos 
de tamanho médio e fêmeas terminam 
afiladamente. 
 
8. Família Ascarididae 
 
Características gerais: 
• São parasitos de animais jovens; 
• Interferem no crescimento e no ganho de 
peso; 
• Ovos com casca muito espessa, tornando-os 
extremamente resistentes no solo, além de 
serem resistentes à desinfetantes; 
• A fêmea coloca até 20.000 ovos por dia. 
 
a) Ascaris suum 
 
Hospedeiro definitivo: suíno. 
Hospedeiro paratênico: minhocas ou besouros. 
Local: intestino delgado. 
São de tamanho grande, podendo ter de 15 a 40 
cm e apresentam boca trilabiada. As fêmeas têm a 
vagina localizada no terço anterior e terminam em 
cauda romba. Os machos possuem dois espículos. 
Ciclo biológico: 
Os suínos se infectam ao ingerirem o ovo com 
membrana dupla contendo L3, ou ao ingerir 
hospedeiros paratênicos (minhocas ou besouros) 
contendo a L3, que é liberada no tubo digestivo 
(intestino principalmente ceco). A L3 penetra na 
mucosa e segue para os linfonodos por via linfática; 
se encaminha para o fígado pela veia porta e segue 
para o pulmão e coração via circulação. A muda 
27 
Lorena Branco 
para L4 ocorre nos alvéolos. A larva (L4) vai à glote, 
é redeglutida e no intestino delgado, onde se aloja, 
faz o resto das suas mudas (L5) e torna-se adulta. 
As fêmeas fazem a postura e os ovos saem nas 
fezes. O ovo, ao sair nas fezes, não está larvado, 
mas para ser infectante precisa ocorrer a formação 
da L3 no seu interior. 
 
Figura 47 – ovo de Ascaris suum Figura 48 – A. suum 
Patogenia: 
As larvas podem causar inflamações, destruição do 
tecido e hemorragias no fígado, levando ao 
aparecimento de manchas esbranquiçadas 
(fibrose) e à condenação da carcaça. A migração 
das larvas pelos pulmões pode causar dificuldade 
respiratória, edemas, enfisemas, infecções 
secundárias por bactérias, tosse e secreção nasal. 
Levam a respostas de hipersensibilidade, com 
grande presença de eosinófilos. 
 
b) Parascaris equorum 
 
Hospedeiro definitivo: equinos. 
Local: intestino delgado. 
São de tamanho grande, atingindo de 15 a 50 cm. 
Possuem boca trilabiada com interlábios. Presença 
de asa caudal nos machos. 
Ciclo biológico: 
O mesmo que no item 8a (levando em 
consideração a diferença da espécie do HD). 
 
Figura 49 – adultos de Parascaris Figura 50 – boca trilabiada 
Patogenia e diagnóstico: 
Migrações larvais causam tosse, secreções nasais, 
dilatação do abdômen, menor ingestão de 
alimento e perda de peso em infecções discretas e 
cólicas, perfurações de órgãos e até morte em 
infecções maciças. Há quadro de enterite 
moderada causada pela ação mecânica do parasita 
e de desnutrição pela competição por nutrientes. 
Pode ocorrer obstrução e perfuração intestinal 
(peritonite e morte). Há reações de 
hipersensibilidade com infiltrações eosinofílicas 
nos órgãos afetados. Para o diagnóstico, é 
analisada a presença de ovos típicos nas fezes, com 
os quais serão feitos testes de flutuação em 
solução saturada de sal. 
 
c) Toxocara canis 
 
Hospedeiro definitivo: cães. 
Hospedeiro paratênico: roedores ou aves. 
Local: intestino delgado. 
Os adultos da espécie têm de 10 a 15 cm de 
tamanho e são de coloração esbranquiçada. 
Apresentam boca trilabiada, asa cervical longa e 
estreita. O esôfago é claviforme. Os machos 
possuem uma projeção digitiforme na cauda. 
Ovos: 
Os ovos são dotados de casca grossa, que é muito 
resistente e maminolada (cheias de depressões). 
28 
Lorena Branco 
 
Figura 51 – ovo Figura 52 – T. canis (macho e fêmea) 
Patogenia e diagnóstico: 
A infecção causa desconforto abdominal intenso, 
falhas no desenvolvimento, pelagem opaca e 
abdômen distendido (filhotes). Pode haver 
obstrução ou ruptura intestinal (podendo levar a 
morte). O diagnóstico é feito por meio do 
surgimento dos sinais clínicos associados ao 
encontro de ovos e larvas nas fezes e nos vômitos. 
 
d) Toxocara catis 
 
Hospedeiro definitivo: gatos. 
Hospedeiro paratênico: roedores ou aves. 
Local: intestino delgado. 
Os adultos possuem de 3 a 12 cm de tamanho e são 
de coloração esbranquiçada. Possuem boca 
trilabiada, asa cervical longa e alargada e o esôfago 
é claviforme. Os machos têm uma projeção 
digitiforme na cauda. 
Patogenia e diagnóstico: 
A infecção pode ocasionar o aumento do volume 
abdominal, diarreia, vômito, pelagem opaca e 
comprometimento do desenvolvimento. O 
diagnóstico é feito por meio do surgimento dos 
sinais clínicos associados ao encontro de ovos e 
larvas nas fezes e nos vômitos 
 
Ciclo biológico (válido para as espécies T. canis – 
item 8c – e T. Catis – item 8d): 
As fêmeas fazem a postura dos ovos que saem nas 
fezes e forma-se a L1, L2 e L3 dentro do ovo. O HD 
se infecta de 4 maneiras: 
Via oral: o HD ingere o ovo com a forma infectante, 
que é liberada no tubo digestivo e penetra na 
mucosa do intestino delgado. Pela circulação 
porta, vai ao fígado e, posteriormente, ao coração 
e alvéolos pulmonares, onde faz a muda para L4. 
Chega à glote, é deglutida e retorna ao intestino, 
onde muda para L5 e torna-se adulta. Esse ciclo é 
denominado hepatotraqueal e ocorre apenas em 
cães jovens (até três meses). Em cães adultos, as 
larvas chegam ao pulmão como L3 e pegam a 
circulação de retorno para o coração, onde são 
bombeadas pela aorta para diferentes partes do 
corpo, mantendo-se ativas por anos. 
Via transplacentária: em fêmeas gestantes as 
larvas passam pelo sangue arterial, podendo 
contaminar o feto. Se a cadela se contaminar antes 
da gestação e possuir as larvas na musculatura, em 
função das alterações hormonais elas podem ser 
reativadas e contaminar o feto. É a forma de 
contaminação mais importante nos cães, mas em 
gatos não ocorre. 
Via transmamária: as fêmeas passam as larvas aos 
filhotes através do leite. Não há migração 
pulmonar no filhote por essa via. 
Via hospedeiros paratênicos: a contaminação 
ocorre por meio da ingestão dos hospedeiros 
paratênicos (normalmente roedores ou aves). 
 
e) Toxocara vitulorumHospedeiro definitivo: ruminantes (bezerros 
principalmente). 
Local: intestino delgado. 
Possuem tamanho de 15 a 30 cm e cor 
esbranquiçada. Possuem boca trilabiada e cabeça 
estreita. 
Ciclo biológico: 
Para bezerros com cerca de 30 dias, a L2 é ingerida 
através do leite. A L2 penetra, então, a mucosa do 
estômago e do intestino, onde muda para L3. A L3 
segue para o lúmen e se transforma em L4, a qual 
será maturada em um verme adulto. 
29 
Lorena Branco 
Para bezerros com mais de 6 meses: os ovos com 
larvas L2 são ingeridos diretamente e a larva segue 
para o intestino. No intestino, a larva encista, 
devido a imunidade mais alta. Entretanto, durante 
a prenhez, há queda de imunidade e as larvas 
voltam a ser ativas, podendo ocorrer transmissão 
transplacentária ou a mamária. No caso da 
transmissão transplacentária, a L2 vai para o 
estômago, e muda para L3 e L4. Depois segue para 
o intestino delgado, onde se torna adulto). 
Patogenia e diagnóstico: 
A infecção é restrita aos animais jovens, mas após 
os 6 meses o animal têm uma auto-cura. O 
diagnóstico é feito a partir do encontro de ovos e 
larvas nas fezes. 
 
f) Ascaridia galli 
 
Hospedeiro definitivo: galinha. 
Local: intestino delgado. 
Os adultos da espécie possuem tamanho de 1 a 12 
cm e têm boca trilabiada. Apresentam esôfago 
claviforme. Os machos possuem dois espículos de 
mesmo tamanho, uma ventosa na extremidade 
posterior e papilas pré-cloacais, cloacais e pós-
cloacais. A cauda nos machos termina 
abruptamente. 
Ciclo biológico: 
O ciclo evolutivo é direto (sem migração). A ave 
ingere o ovo com a L3, que eclode no intestino 
delgado e passam a L4 e adultos. Há a cópula e a 
fêmea faz a postura dos ovos, os quais são levados 
ao meio ambiente com as fezes. No interior do ovo 
em condições de temperatura e umidade 
adequadas, há a formação da L1, L2 e L3. 
Patogenia: 
É um dos helmintos mais comuns de aves. Uma 
grande quantidade de parasitas pode obstruir o 
intestino e causar a morte da ave. Geralmente é 
grave em animais jovens (até três meses de idade). 
 
Superfamília Filaroidea 
 
Características gerais: 
• Parasitos alongados e finos com coloração 
esbranquiçada; 
• As fêmeas são maiores que os machos e 
eliminam larvas (microfilárias) no sangue do 
hospedeiro definitivo ou nos tecidos 
conjuntivos da derme; 
• Os vermes adultos ocupam interstícios 
tissulares e cavidades corpóreas (vasos 
sanguíneos ou sistema linfático); 
• O ciclo costuma ser indireto, sendo o 
hospedeiro intermediário geralmente 
insetos; 
• As microfilárias se desenvolvem nos túbulos 
de Malpighi, músculos torácicos ou tecidos 
gordurosos desses animais, sendo a larva L3 
passada para o hospedeiro definitivo pelo 
repasto sanguíneo no momento da picada. 
 
9. Superfamília Filaroidea – Família 
Dipetalonematidae 
 
a) Dirofilaria immitis 
 
Hospedeiro definitivo: cães. (gatos são fonte de 
infecção para os mosquitos vetores durante o 
período de microfilaremia, isto é, durante o 
período em que as microfilárias ficam na 
circulação). 
Hospedeiro intermediário: mosquitos Culicidae; 
Aedes spp., Anopheles spp. e Culex spp. 
Local: coração direito e artéria pulmonar. 
Os machos têm de 12 a 20 cm de comprimento e 
as fêmeas de 25 a 30 cm. Apresentam coloração 
esbranquiçada, corpo fino e longo. A extremidade 
anterior é arredondada e os machos possuem 
cauda em espiral e processo digitiforme. A larva 
tem cabeça afilada e cauda reta. 
30 
Lorena Branco 
 
Figura 53 – D. immitis 
Ciclo biológico: 
No HI: após o mosquito picar (repasto sanguíneo) 
um hospedeiro microfilarêmico, ele se torna 
infectado. No inseto, a L1 invade os túbulos de 
Malpighi e se transforma em L2 e, posteriormente, 
em L3 (de acordo com a temperatura). A L3 migra 
para o aparelho bucal do vetor, rompe o labro do 
mosquito e deposita uma gota de hemolinfa sobre 
a pele do HD. 
No HD: após o novo repasto, as L3 entram no corpo 
do hospedeiro e transitam entre as fibras 
musculares e em veias (coração e pulmão), onde se 
transformam em L4 e, depois, em L5. Os helmintos 
imaturos (L5) atingem as arteríolas pulmonares e 
se alojam nas grandes artérias até se tornarem 
maduras. 
Patogenia e diagnóstico: 
Em infecções leves, os HD são assintomáticos, mas 
em infecções maciças pode ocorrer: endocardite 
nas válvulas, endoarterite pulmonar proliferativa, 
hipertensão pulmonar, hipertrofia ventricular, 
congestão venosa crônica, cirrose hepática e 
ascite; os vermes mortos podem se desprender e 
causar embolia pulmonar; insuficiência hepática 
pela obstrução da veia cava caudal; insuficiência 
renal pela obstrução dos capilares renais pelas 
microfilárias. 
O diagnóstico pode ser feito por meio de imagem 
radiográfica torácica. É possível realizar esfregaço 
sanguíneo (teste de Knott) alguns meses após a 
infecção para evidenciação de microfilárias. 
 
b) Dipetalonema reconditum 
 
Hospedeiro definitivo: cão e canídeos selvagens. 
Hospedeiro intermediário: pulgas e carrapatos. 
Local: adulto – tecido subcutâneo e perirenal; 
microfilárias – circulação. 
A espécie tem tamanho pequeno, com cerca de 2,5 
cm e não é patogênica. 
Ciclo biológico: 
A pulga, ao se alimentar de um animal parasitado 
com microfilárias, contamina-se. Essas 
microfilárias atingem a hemocele das pulgas e 
passam a L1, L2 e L3. As L3 alojam-se nas peças 
bucais do HI. Quando o HI pica o HD, há a 
inoculação das L3, as quais migram para o tecido 
subcutâneo, onde passam a L4 e L5. Após a cópula, 
há a liberação de microfilárias na circulação. 
 
Figura 54 – D. reconditum 
 
c) Onchocerca cervicalis 
 
Hospedeiro definitivo: equinos. 
Hospedeiro intermediário: mosquitos dos gêneros 
Culicoides spp. e Simulium spp. 
Local: ligamento cervical. 
Ciclo biológico: 
Ciclo biológico semelhante ao ciclo do D. immtis 
(item 9a); diferindo apenas no local das 
microfilárias, que nesse ciclo ficam presentes nos 
espaços tissulares da pele. 
Patogenia: 
Formação de nódulos na pele contendo a larva. 
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Lorena Branco 
d) Onchocerca gutturosa 
 
Hospedeiro definitivo: bovídeos. 
Hospedeiro intermediário: mosquitos dos gêneros 
Culicoides spp. e Simulium spp. 
Local: ligamento cervical. 
Ciclo biológico: 
Ciclo biológico semelhante ao ciclo do D. immtis 
(item 9a); diferindo apenas no local das 
microfilárias, que nesse ciclo ficam presentes nos 
espaços tissulares da pele. 
 
Figura 55 – Onchocerca spp. 
Patogenia: 
Formação de nódulos na pele contendo a larva. 
 
10. Superfamília Filaroidea – Família 
Stephanophilariidae 
 
a) Setaria spp. 
 
Hospedeiro definitivo: 
Setaria cervi: bovinos; 
Setaria equina: equinos. 
Hospedeiro intermediário: mosquitos dos gêneros 
Culex spp., Aedes spp. e Anopheles spp. (para 
ambas as espécies). 
Local: cavidade peritoneal. 
Os animais da espécie são vermes delgados e 
longos, podendo atingir até 12 cm. 
Ciclo biológico: 
Os mosquitos se infectam ao picarem hospedeiros 
com microfilárias em sua circulação sanguínea. Em 
cerca de 12 dias, as L1 se tornam L3 dentro do HI e 
são introduzidas num HD durante um novo repasto 
sanguíneo (picada). No HD, realizam novas mudas 
até se tornarem vermes adultos na cavidade 
abdominal de bovinos ou equinos. 
Patogenia e diagnóstico: 
Geralmente são não patogênicas e sem sintomas 
específicos. Entretanto, quando há migração 
errática, atingem o SNC, causando distúrbio 
locomotor nos membros posteriores. Para o 
diagnóstico, verifica-se a existência de microfilárias 
em esfregaços sanguíneos. É possível, também, 
realizar exame microscópico dos tecidos nervosos 
lesionados. 
 
11. Família Ancylostomatidae 
 
Características gerais: 
• São parasitos do intestino delgado de hábitos 
hematófagos; 
• Os adultos possuem de 1 a 2 cm de tamanho; 
• Presença de cápsula bucal na extremidade 
anterior. Cápsula é subglobular e com 1 a 3 
pares de

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