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1 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 Tutoria 4 – ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO 1. ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO: - Mais comum que o AVC hemorrágico. - Caracterizado pela instalação súbita de um déficit neurológico, geralmente focal, de rápida evolução. - Obstrução ao fluxo sanguíneo levando a isquemia (morte do tecido cerebral) – a obstrução pode acontecer por um trombo ou por uma placa de aterosclerose que se rompe. - ATACAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO (AIT): duração menor que 24 horas com ausência de isquemia (morte tecidual) nos exames de imagem. → Deve ser tratado e encarado como AVC. → FISIOPATOLOGIA: Nas primeiras 48 horas após o AVE, há migração de neutrófilos e monócitos para a região infartada, contribuindo para a inflamação local e edema cerebral. O Ataque isquêmico transitório (AIT) é um evento também isquêmico, mas não pode ser considerado AVE visto que, trata-se de um déficit neurológico focal reversível, transitório, e de duração inferior a 24 horas. Além de ter manifestações clínicas semelhantes ao AVE isquêmico, é também um fator de risco para o mesmo: Cerca de 25% dos AVEs isquêmicos são precedidos de ataques isquêmicos transitórios, muitas vezes não identificados. → EPIDEMIOLOGIA: • 1° causa de morte no Brasil. • Maior causa de incapacidade em adultos. • O risco aumenta com a idade (maiores de 65 anos correspondem aos 2/3 que sofrem com avc). • Possui um discreto predomínio nos homens. → FATORES DE RISCO: • Hipertensão arterial • Diabetes • Dislipidemia • Doenças cardíacas • Obesidade • Sedentarismo • Tabagismo → ETIOLOGIA: • Doença de grandes vasos → obstrução por uma placa de aterosclerótica. • Cardioembolia → rompimento de um trombo do coração que obstrui alguma artéria. • Doença de pequenos vasos → artérias perfurantes que saem dos grandes vasos. • Causas incomuns → dissecção arterial (principal causa de AVC em jovens), vasculites, trombofilias, doenças genéticas, hemoglobinopatias e procedimentos cirúrgicos. → QUADRO CLÍNICO: Devemos ter em mente que o AVE é uma doença tempo-dependente, ou seja, reconhecer precocemente seus sinais clínicos é de extrema importância para se agir rápido no tratamento e aumentar as chances de recuperação completa. Os sinais e sintomas dependem da área acometida do encéfalo; por isso, ter conhecimento da anatomia vascular encefálica e das suas regiões de irrigação é de extrema importância. 2 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 QUANDO SUSPEITAR DE AVC? - quando se tem um déficit neurológico focal de início agudo. • Hemiparesia • Hemi-hipoestesia • Disartria (distúrbio da articulação da fala c/ dificuldade na produção de fonemas) • Afasia (perda parcial ou total da fala ou da compreensão da linguagem) • Ataxia (incoordenação dos movimentos) • Alterações de nervos cranianos • Alterações de campo visual 2. VASCULARIZAÇÃO DO ENCÉFALO: O encéfalo é irrigado por dois sistemas arteriais: o sistema carotídeo e o sistema vertebro-basilar. SISTEMA CAROTÍDEO Art. Oftálmica Alterações visuais monoculares (amaurose fugaz) At. Cerebral Média Déficit motor e perda sensorial dos MMSS. Também afasia de Wernick e Broca Art. Cerebral Anterior Déficit motor e sensitivo na região do MMSS contralateral A artéria mais afetada pelo AVE isquêmico é a cerebral média, afetando locais irrigados por essa artéria, enquanto as mais atingidas pelo AVE hemorrágico são os ramos perfurantes. Obs. Síndrome do neurônio motor superior: ocorre quando atinge as artérias perfurantes do sistema lentículo-estriado, que irriga a cápsula interna. O SISTEMA VERTEBRO-BASILAR Art. Cerebral Posterior Cefaleia ipisilateral, alterações de memória, hemibalismo, rebaixamento de consciência, déficit sensitivo. Art. Vertebral ou Cerebelar Síndrome bulbar (verigem, disfagia, náusea, vômitos, nistagmo e ataxia ipislateral), Síndrome de Horner, 3 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 paciente apresenta sincinesias, sinal de Babinski, hiperreflexia, espasticidade e sinreflexias. RELAÇÃO ARTÉRIA AFETADA E SINTOMAS: LESÃO DA ARTÉRIA OFTÁLMICA: amaurose fugaz (perda visual rápida e espontânea). → DIAGNÓSTICO: O diagnóstico do AVC é realizado por meio da identificação do quadro clínico e da execução de exames de neuroimagem, que possibilitam excluir diagnósticos diferenciais, detectar a região, o tamanho e a gravidade da lesão e estabelecer a diferença entre AVCI e AVCH. Além disso, exames laboratoriais e complementares podem ser feitos com o objetivo de auxiliar no diagnóstico e na avaliação etiológica. ESCALA DE FAST É usada na triagem para reconhecimento rápido de sinais clínicos de AVE, que se baseia em: • Face (paralisia facial); • Arms (fraqueza nos MMSS); • Speech (alterações de fala – disartria e afasia); • Time (tempo dos sintomas). Déficit neurológico focal súbito c/ > 15 minutos = internação e exame de imagem! Saber o tempo do início de sintomas é essencial, já que a janela terapêutica para se fazer uma trombólise intravenosa no caso de AVE isquêmico é de apenas 4,5 horas. 4 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 ESCALA DE NIH A escala frequentemente utilizada para quantificar o déficit neurológico é a National Institute of Health (NIH), podendo ser executada de forma rápida por uma ampla gama de profissionais da saúde. Ela avalia o déficit do AVE através da pontuação de 15 parâmetros, variando de 0 (sem déficit) a 42 (maior déficit). Os parâmetros são: • Nível de consciência • Orientação no tempo (em relação a mês e idade) • Resposta a comandos, olhar, campo visual, • Movimento facial, função motora de membros superiores e inferiores, ataxia de membros • Sensibilidade, linguagem, articulação da fala, e extinção ou desatenção durante o exame. TOMOGRAFIA DE CRÂNIO SEM CONTRASTE Nas primeiras horas não se tem nenhuma alteração na tomografia de crânio de um AVC isquêmico, porém é feito para excluir a possibilidade de um AVC hemorrágico. EXAMES DE SANGUE Os seguintes exames laboratoriais devem ser solicitados logo após a suspeita de AVC: • Hemograma; • Plaquetas; • Tempo de protrombina (TP); • Tempo de tromboplastina (KTTP); • Glicemia capilar; • Sódio (Na); • Potássio (K); • Creatinina; • Função hepática e renal. EXAMES COMPLEMENTARES Devem ser solicitados para verificar a causa do AVC: • Ecocardiograma; • Eletrocardiograma; • Doppler das artérias vertebrais e das carótidas; • Doppler transcraniano. → TRATAMENTO: MEDIDAS DE SUPORTE • Estabilização do paciente: após a identificação da patologia, passa-se para fase de estabilização clínica, conhecida por ABCDE (vias aéreas, respiração, circulação e disfunção neurológica e exposição do paciente). Além disso, é realizado o MOV (monitorização cardíaca, oximetria de pulso e acesso venoso). o Na respiração, deve-se analisar a saturação de oxigênio, caso esteja menor AVC ISQUÊMICO Presença de local hipodenso NORMAL AVC HEMORRÁGICO Presença de local hiperdenso 5 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 que 94% – é necessário administrar oxigênio em baixo fluxo; o Além disso, é importante avaliar o ritmo e a frequência respiratória, pois alterações nos padrões respiratórios podem indicar quadro graves. • Trombólise endovenosa: O que é? trombólise, como o próprio nome já define, diz respeito à lise (quebra) de um trombo. Como o AVC isquêmico decorre da obstrução de um vaso arterial cerebral, seja por um êmbolo proveniente de um sítio proximal, seja por um trombo formado, a ideia fundamental desta terapia é a desobstrução desta artéria antes que haja umgrau de lesão tecidual irreversível. Quando trombolizar? apenas quando o paciente chegar com menos de 4,5 horas dos sintomas. Obs. Quando o paciente acordar com os sintomas, as horas começam a ser contatas da última vez que ele foi visto bem, o que pode ser antes de dormir. Contra-indicações para trombólise: Nos últimos 3 meses, apresentar trauma crânio- encefálico ou AVC; Sintomas que sugerem Hemorragia Subaracnóide (HSA); Histórico de AVCH; Histórico de neoplasia intracraniana, aneurisma ou deformações arteriovenosas; Incapacidade de manter PA abaixo de 185×110 mmHg; Presença de sangramento ativo durante o exame; Glicemia inicial menor que 50mg/dl ou maior que 400mg/dl; Suspeita de endocardite bacteriana e/ou dissecção de aorta. MEDIDAS GERAIS • Controlar a pressão arterial • Controlar a glicemia • Controlar a temperatura • Antiagregação plaquetária – AAS (ácido acetilsalicílico) nas 48h iniciais. • Heparina – profilaxia para tromboembolismo. AAS – ÁCIDO ACETILSALICÍLICO Uso comum: é um analgésico e antitérmico indicado para: O alívio sintomático da dor de cabeça, dor de dente, dor causada por inflamação da garganta, dor muscular, dor articular, dor nas costas (lombalgia); O alívio sintomático da dor e da febre causadas por gripes e resfriados. Uso na emergência: o ácido acetilsalicílico inibe a ação da enzima cicloxigenase (COX). Nas plaquetas, isso diminui a produção de tromboxano, um tipo de lipídeo que favorece a agregação plaquetária. Por essa razão, na linguagem popular, costuma se dizer que o AAS “afina” o sangue, ou seja, diminui a probabilidade de formação de coágulos que podem obstruir o fluxo sanguíneo. → COMPLICAÇÕES: EDEMA CEREBRAL Algumas medidas profiláticas, como o controle de PA e a elevação da cabeceira. Em casos em que a hipertensão intracraniana é uma urgência (PIC>20mmHg), medidas como o uso de diuréticos osmóticos e descompressão cirúrgica podem ser adotadas. TRANSFORMAÇÃO HEMORRÁGICA O uso precoce do AAS pode aumentar o risco dessa complicação, além de ser influenciada por fatores como localização da isquemia, tamanho e mecanismo. CONVULSÕES Em geral, acontecem nas primeiras 24 horas após o AVEi. Hoje, a profilaxia anticonvulsivante com fenitoína está indicada apenas se secundária.
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