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Avaliação da germinação do feijão vermelho (Phaseolus vulgaris) em diferentes concentrações hídricas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO 
 
 
 
 
 
TAYNA POPPE BOURGUIGNON 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA GERMINAÇÃO DO FEIJÃO VERMELHO ​(​Phaseolus vulgaris) 
EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES HÍDRICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALEGRE 
2020 
 
INTRODUÇÃO 
 
O processo germinativo em sementes é dependente de vários fatores, por exemplo, 
o excesso ou deficiência hídrica podem afetar de forma adversa tanto a germinação 
como o estabelecimento das plantas no campo (VILLELA et al., 1991). A 
germinação é uma das fases mais críticas do ciclo de vida das plantas, pois é nesse 
processo que a absorção de água dá início a uma série de processos físicos, 
fisiológicos e bioquímicos no interior da semente (POPINIGIS, 1985). A germinação 
das sementes inicia com a embebição e ativação do metabolismo do tecido 
embrionário. O primeiro passo é a produção de energia via glicólise e, em seguida, 
os fitormônios dão o sinal para uma nova síntese de enzimas, levando à 
mobilização de substâncias de reservas no endosperma. Em seguida, ocorre a 
síntese de hormônios, intensificando a respiração mitocondrial, síntese de proteína 
e mais tarde, os processos de crescimento que resultam no aparecimento da 
radícula (Larcher, 2000; Scremin-Dias et al., 2006). 
O crescimento vegetal pode ser limitado tanto pelo déficit quanto pelo excesso de 
água, o qual ocorre como resultado da inundação ou compactação do solo. Os 
efeitos do excesso de água são uma consequência da remoção de oxigênio (O2) no 
solo e no substrato, pois o alagamento preenche com água os seus poros. Desta 
maneira, o oxigênio difunde-se tão lentamente na água estagnada que apenas 
alguns centímetros de solo permanecem oxigenados (Taiz & Zeiger, 2013). Durante 
o alagamento do substrato ocorre, também, injúria por rápida embebição, isto é, 
entrada de água, em grande quantidade e rapidez, no interior da semente devido à 
diferença de potencial hídrico entre o interior da semente e o meio no qual ela se 
encontra (Coll et al., 1992; Castro & Vieira, 2001). O dano por embebição, portanto, 
será proporcional à diferença de potencial hídrico entre a semente e o meio. Desta 
forma, a semente, já danificada, tem menor quantidade de energia disponível para o 
processo germinativo, refletindo em menor vigor (Richard et al., 1991). Já a baixa 
disponibilidade de água causa redução no crescimento, pela diminuição da 
expansão e do alongamento celular, devido ao decréscimo da turgescência (TAIZ & 
ZEIGER, 2004). As limitações na germinação das sementes causadas por déficit 
hídrico afetam o estabelecimento da cultura, pois cada espécie possui um valor 
de potencial hídrico externo abaixo do qual afetará negativamente a 
germinação da semente (PEREIRA et al., 2012). A seca é um dos principais 
problemas no feijão, bem como em grande parte das plantas cultivadas em todo 
o mundo. É estimado, por exemplo, que na cultura do feijão na África, cerca 
de 300 mil toneladas de feijão são perdidos anualmente devido à seca 
(RAMALHO et al.,2009). 
O feijão é considerado uma cultura de ampla adaptação climática, importante para a 
nutrição da população brasileira e fonte de renda dos pequenos, médios e grandes 
produtores. No entanto, o solo nem sempre oferece ambiente ótimo para a 
germinação das sementes, porque, quando ocorre deficiência hídrica, 
subentende-se que o solo apresenta potenciais hídricos que dificultam a absorção 
da água necessária para a germinação (MACHADO NETO et al., 2006). A planta 
de feijão possui grande sensibilidade à falta de água após a semeadura, valores no 
solo de -0,15MPa induzem a plântula aos primeiros sintomas de deficiência na folha 
primária, enquanto -0,35 MPa podem reduzir drasticamente a germinação e a 
elongação de células (MACHADO NETO et al., 2006; CUSTÓDIO et al., 2009). O 
feijão é considerado uma espécie com pouca tolerância a estresses hídricos, sendo 
que 60% do seu cultivo no planeta está submetido a este fator, tornando a seca o 
maior redutor da produtividade (AGUIAR et al., 2008; BEEBE et al., 2008). A baixa 
disponibilidade de água no solo é um fator limitante na produção do feijão, 
especialmente em três estádios críticos, que são a germinação, florescimento e 
enchimento de grãos (SORATTO et al., 2003), sendo o estresse hídrico um dos 
fatores que contribuem para a diminuição do rendimento, é extremamente 
importante o modo como as plantas respondem aos estresses abióticos, pois 
esta resposta é crucial para o rendimento de grãos, sendo que o ambiente 
desfavorável constitui o fator mais significativo conduzindo a substancial e 
incalculável diminuição na produtividade (CUSTÓDIO et al., 2009). 
Portanto esse trabalho tem como objetivo verificar o efeito da água em diferentes 
concentrações em germinação de sementes de feijão vermelho. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
O experimento foi conduzido em casa, localizada em Piúma no estado do Espírito 
Santo durante 13 dias nos meses de novembro e dezembro de 2020. 
Foram usadas, neste experimento, sementes de Feijão Vermelho adquiridas de um 
agricultor residente do interior do município de Guarapari, ES, da safra 2020. As 
sementes foram colocadas em copos descartáveis de 250 ml com 10g de substrato 
inerte e seco (Figura 2). Foram realizados três tratamentos de 0,5 ml, 3 ml e 10 ml 
de água, com 14 amostras de cada e sendo irrigadas todos os dias com o auxílio de 
uma seringa de 5 ml para medir a quantidade de água (Figura 1). 
Após 5 dias, se as amostras de 0,5 ml e 3 ml não tivessem germinado, iria-se dobrar 
a quantidade de água. Se a amostra de 10 ml estivesse em alagamento a irrigação 
seria suspensa até que o excesso de água secasse. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1: Medidas de diferentes concentrações hídricas utilizadas no experimento. 
A) 0,5 ml; B) 3 ml; C) 5 ml. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: A) Peso do substrato usado no experimento; B) Sementes no substrato; C) 
Sementes de Feijão utilizadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3: Experimento montado. Da esquerda para a direita, tratamento de 0,5 ml; 
3ml; e 10ml. 
 
 
RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
A germinação ocorreu nas plantas de tratamentos de 3 ml e de 10 ml, sendo que 
germinaram 12 plantas com o tratamento de 3 ml (figura 5) e apenas uma planta 
germinou no tratamento de 10 ml (figura 6). As sementes com tratamento de 10 ml 
apresentaram quebra de dormência e início de germinação porém, após o quinto 
dia, o solo demonstrou uma condição de alagamento e as sementes começaram a 
apodrecer, então foi suspensa a irrigação, voltando a ser irrigada no nono dia. Os 
tratamentos de 0,5 ml não apresentaram nenhuma germinação até o quinto dia e 
então foi aumentado a dose para 1 ml e mesmo assim não houve germinação 
(figura 7). 
A média do comprimento de caule das de 3 ml foi de 14,35 cm sendo que duas não 
se desenvolveram e a média do comprimento das raízes foi de 9,64 cm. 
Vários autores têm demonstrado a diminuição da germinação de várias espécies, 
quando submetidas ao alagamento, entre eles: Saka & Izawa, 1999 (em arroz), 
Neumann et al., 1999 (em feijoeiro comum) e Narimanov & Korystov,1998 (em 
cevada). 
Com isso, é visto que o tratamento de 10 ml de água pode ser também considerado 
um tipo de estresse hídrico, pois faz com que a planta não consiga concluir seu 
ciclo. As sementes em tratamentos de 0,5 ml sobre o estresse hídrico de seca não 
possui nenhum tipo de resposta ao ambiente também afetando o seu 
desenvolvimento. O tratamento que houve o melhor desenvolvimento das plantas foi 
o de 3 ml, concluindo assim que esse tratamento é melhor para a germinação de 
sementes de feijão vermelho (figura 8). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4: terceiro dia de germinação. A) sementes de 10 ml; B) sementes de 3ml. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5: Plantas das sementes de 3ml 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6: Sementes de 10 ml. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figuras 7: Sementes de 0,5 ml. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8: Comparação entre os três tratamentos. Esquerda para direita 0,5 ml; 3 ml 
e 10 ml. 
 
CONCLUSÃO 
Portanto, conclui que sementes de feijões em germinações não germinam em 
ambientes de seca e em alagamentos, pois ocorre o apodrecimento, sendo o melhor 
ambiente aquele que oferece água o suficiente para seu desenvolvimento. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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https://doi.org/10.5902/198050987550
 
DIVULGAÇÃO DO PROJETO 
 
Nome do Projeto: Avaliação da germinação do Feijão Vermelho em diferentes 
concentrações hídricas. 
A forma de divulgação será por meio de posts no instagram. Serão feitas imagens 
com pequenos textos e imagens do experimento de fácil entendimento para os 
seguidores. Os posts serão feitos pelo Canva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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