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Modelo Keynesiano Básico

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1
Determinação da Renda e Produto Nacional no Mercado de Bens e Serviços – 
Modelo Keynesiano Básico (Aula 4) 
 
1) Introdução 
 
Durante alguns anos observamos que a economia consegue gerar níveis elevados de produção 
e consumo. Simultaneamente, registram-se baixo volume de desemprego do fator trabalho, elevados 
acréscimos no estoque de capital pelo aumento dos investimentos e sintomas de variação no nível 
geral de preços. Todavia, existem períodos em que o sistema econômico produz situação bastante 
inversa. Desemprego, baixo consumo, queda de produção e desestímulo ao investimento: é a 
situação de crise econômica. 
Consiste, portanto, objeto da Macroeconomia o estudo dos elementos que determinam o nível 
de produção, de emprego e o de preços, numa situação de curto prazo, em que são ignorados os 
efeitos sobre a distribuição de renda nacional. 
Assim, a Macroeconomia preocupa-se em formular proposições de política econômica para 
atuar sobre os valores previstos ou planejados das variáveis globais, enquanto a Contabilidade 
Social, mencionada anteriormente, trabalha com informações efetivas, reais, que já se realizaram. 
 
2) Hipóteses do Modelo Básico 
 
• Economia com Desemprego de Recursos (Subemprego) 
 
O modelo keynesiano supõe a existência de desemprego, ou seja, que a economia esteja em 
equilíbrio abaixo do pleno emprego, produzindo abaixo de seu potencial: as empresas estão com 
capacidade ociosa e uma parcela da força de trabalho está de desempregada. 
 
• Nível Geral de Preços Constante 
 
Como a economia está em desemprego, não há razões para as empresas elevarem os preços de 
seus produtos, num eventual aumento da demanda. Dessa forma, as empresas vão aumentar a 
produção, e não os preços, porque estão com capacidade ociosa. 
 
• Curto Prazo 
 
O curto prazo é o período de tempo em que pelo menos um fator de produção permanece 
constante. Supõe-se que o estoque de fatores de produção (mão-de-obra, capital e tecnologia) não se 
altera no curto prazo: o que se modifica é apenas o grau de utilização desse estoque. 
 
• Oferta Agregada Potencial Fixada a Curto Prazo (OA) 
 
A oferta agregada de bens e serviços (OA) é o valor da produção de bens e serviços finais 
colocados à disposição da coletividade num dado período. É o próprio produto real, ou PIB. 
A oferta agregada potencial refere-se à produção máxima da economia, quando os fatores de 
produção estão plenamente empregados. A oferta agregada efetiva refere-se à produção que está 
sendo efetivamente colocada no mercado, o que pode ocorrer sem que os fatores de produção 
estejam sendo plenamente empregados. Evidentemente, a oferta agregada efetiva será igual à 
potencial quando os recursos estiverem plenamente empregados. 
 
• Princípio da Demanda Efetiva (DA) 
 
 2
A demanda agregada de bens e serviços (DA) é a soma dos gastos planejados dos quatro 
agentes macroeconômicos: despesas das famílias com bens de consumo (C), gastos das empresas 
com investimentos (I), gastos do governo (G) e despesas líquidas do setor externo (X – M), isto é: 
 
DA = C + I + G + (X – M) 
 
Uma vez que a oferta agregada potencial não se altera no curto prazo, as alterações do nível de 
equilíbrio da renda e do produto nacional devem-se exclusivamente às variações da demanda 
agregada de bens e serviços. Esse é o princípio da demanda efetiva. 
Assim, numa situação de desemprego de recursos, a política econômica deve procurar elevar a 
demanda agregada, o que permitirá às empresas recuperar sua produção potencial e restabelecer os 
níveis de renda e emprego. 
 
3) O Equilíbrio Macroeconômico 
 
A renda de equilíbrio ou renda efetiva é determinada quando a oferta agregada iguala a 
demanda agregada de bens e serviços. Isso pode ocorrer abaixo do pleno emprego, significando que 
a produção agregada atende às necessidades da demanda. É uma situação tipicamente keynesiana, 
com equilíbrio macroeconômico com desemprego. 
Desse modo, o objetivo da política econômica, no modelo keynesiano, é encontrar o equilíbrio 
a pleno emprego, ou seja, fazer o equilíbrio entre oferta e demanda agregadas coincidir com a renda 
ou produto de pleno emprego. 
 
• Análise Gráfica 
 
A situação de equilíbrio pode ser ilustrada por um diagrama. Na teoria macroeconômica, os 
valores são agregados: nível geral de preços e produto real. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Efeitos da oferta e demanda agregadas 
 
A curva de demanda agregada é negativamente inclinada, ou seja, mostra que a demanda 
agregada aumenta quando o nível de preços cai. Já o formato da curva de oferta agregada 
depende da hipótese sobre o nível de produto corrente da economia: 
� Economia com desemprego de recursos (trecho horizontal): situação em que as empresas 
estão operando com capacidade ociosa. Se houver algum estímulo da demanda, as empresas 
procurar-se-ão aumentar a produção e as vendas, e não os preços. 
� Economia com pleno emprego de recursos (trecho vertical): situação em que as empresas 
operam com capacidade máxima. Qualquer aumento da demanda provocará apenas aumento 
do nível geral de preços. A produção não pode ser aumentada no curto prazo. 
 3
� Economia com alguns setores em desemprego e outros em pleno emprego (trecho 
intermediário): aumentos na demanda geram aumentos tanto no produto quanto no nível de 
preços. 
 
4) Comportamento dos Agregados Macroeconômicos (Aula 5) 
 
Para a atuação eficaz das políticas macroeconômicas, torna-se necessário tentar estabelecer 
relações funcionais, de causa e efeito, entre os grandes agregados, isto é, que fatores afetam seu 
comportamento. Ao conseguir estabelecer essas relações, as autoridades econômicas poderão ter 
melhor visão de como agir sobre as variáveis agregadas e aplicar-lhes os instrumentos de política 
econômica. 
 
• Consumo Nacional Privado (C) 
 
A renda é o fator que, isoladamente, maior influência tem na determinação do consumo. A 
relação entre consumo e renda tem pelo menos duas características básicas: função relativamente 
estável e monotonicamente crescente. A função consumo pode ser escrita assim: 
 
( ) byaCyCC +=⇒= , sendo que: a = consumo mínimo da coletividade; 
 b = propensão marginal a consumir (PMgC); 
 y = renda. 
 
Quando y = 0 → C = a, isto é, mesmo que a renda seja zero, a população necessita viver. 
A PMgC equivale à relação entre um acréscimo no consumo desejado em decorrência de um 
acréscimo na renda da coletividade (PMgC = ∆C/∆y). Assim, 0 < PMgC < 1, pois seria pouco 
sustentável uma situação em que a coletividade passasse a aumentar seu consumo mais que seu 
acréscimo de renda. Ademais, a PMgC é estável, pois é pouco provável que a comunidade mude 
seu comportamento intencional de consumo num curto espaço de tempo. 
 
• Poupança Nacional Privada (S) 
 
A poupança nacional corresponde à parcela da renda nacional não gasta em bens e serviços 
de consumo produzidos na economia. A renda é o fator que, isoladamente, maior influência tem na 
determinação do nível de poupança da coletividade. A função poupança pode ser obtida por meio da 
renda menos a função consumo, isto é: 
 
aybS
byayS
byayS
CyS
−−=
−−=
+−=
−=
)1(
)(
, sendo que: (1 – b) = propensão marginal a poupar (PMgS). 
 
A PMgS corresponde ao quociente da variação absoluta na poupança pela variação absoluta na 
renda da coletividade (PMgS = ∆S/∆y). A soma das propensões marginais a consumir e a poupar é 
igual à unidade (PMgC + PMgS = 1). 
Os estudos revelam que os países mais pobres apresentam propensão marginal a poupar menor 
(e propensão marginal a consumir maior) que os países desenvolvidos. Ou seja, a população dos 
países mais pobres tem a gastar, no conjunto, a quase totalidade da renda gerada em bens de 
consumo, com pequena margem para poupança. 
 
• Investimento Nacional Privado (I) 
 
 4
Investimento é o acréscimo ao estoque de capital que leva ao crescimento da capacidade 
produtiva (construções, instalações, máquinas, dentre outros). No curto prazo, o investimentoé 
visto pelo lado dos gastos necessários para a ampliação da capacidade produtiva. Ou seja, no curto 
prazo, o investimento afeta apenas a demanda agregada. No longo prazo, a produção ou a oferta 
agregada dependem do período de tempo entre os gastos incorridos para a ampliação da capacidade 
produtiva e o aumento efetivo da quantidade produzida. 
O investimento agregado é determinado por dois fatores básicos: a taxa de rentabilidade 
esperada (eficácia marginal do capital) e a taxa de juros. A taxa de retorno é calculada a partir da 
estimativa de retorno líquido esperado pela aquisição do bem de capital. Quanto maior a 
rentabilidade esperada dos projetos, maiores serão as inversões das empresas na ampliação da 
capacidade produtiva. O investimento tem uma relação inversamente proporcional com as taxas de 
juros de mercado. Quanto maior a taxa de juros, menores os investimentos em bens de capital. 
Para a tomada de decisões sobre as despesas de investimento, o empresário compara, então, as 
duas taxas: 
� Se a taxa de retorno superar a taxa de juros de mercado, ele investirá na compra de bens de 
capital; 
� Se a taxa de retorno for inferior à taxa de juros de mercado, ele não investirá, preferindo 
direcionar seus recursos em aplicações financeiras. 
 
• Gastos do Governo (G) 
 
As despesas de investimento do governo, tais como construir estradas, portos, esgotos, 
irrigação, parques, ruas, bibliotecas públicas, entres outras, constituem-se no terceiro elemento da 
demanda agregada. Entretanto, os gastos do governo (G) são, predominantemente, financiados pela 
arrecadação de tributos (T). Esse fato nos leva a rever a hipótese inicial sobre as funções consumo e 
poupança, pois agora tais decisões devem ser tomadas sobre a renda disponível e não mais sobre a 
renda total. Devemos reescrever essas funções da seguinte maneira: 
 
aTybS
TybaC
−−−=
−+=
))(1(
)(
 
 
Isso porque os indivíduos da coletividade farão suas escalas de consumo baseadas somente no 
montante de renda que lhes chega às mãos, ou seja, sua renda após o pagamento dos tributos 
governamentais. 
 
• Demanda de Exportação e de Importação (X/M) 
 
Ao abrirmos a economia para o comércio exterior, nosso modelo macroeconômico de curto 
prazo se completa, bastando para isso incorporarmos à demanda agregada as despesas com a 
exportação e a importação de bens e serviços. As exportações têm um efeito positivo sobre o nível 
de renda interna, pois para atender à demanda dos estrangeiros pelos nossos produtos, os 
empresários devem aumentar a produção e o emprego dos fatores disponíveis no país. Fenômeno 
contrário se verifica quando importamos produtos do exterior. 
 
5) O Multiplicador Keynesiano de Gastos (de Investimentos) 
 
Um dos principais conceitos criados por Keynes foi o multiplicador de gastos ou de 
investimentos (k). Ele mostra que, se uma economia estiver com recursos desempregados, um 
aumento na demanda agregada provocará um aumento da renda nacional mais que proporcional ao 
aumento da demanda. Isso ocorre porque qualquer injeção de despesas (consumo, investimento, 
gastos do governo e exportações) provoca um efeito multiplicador nos vários setores da economia. 
O aumento de renda de um setor significará que os assalariados e empresários desse setor gastarão 
 5
sua renda em outros setores (por exemplo, alimentação, vestuário e lazer), que por sua vez, gastarão 
com outros bens e serviços, e assim continuamente. 
O multiplicador (k) é um coeficiente associado à variação dos investimentos (k.I) que 
determina a magnitude de variação no nível de renda nacional, ou seja: 
 
PMgS
ou
PMgC
ou
b
k
1
1
1
1
1
−−
= 
 
Dessa expressão, podemos verificar que, quanto maior a PMgC ou menor a PMgS, tanto 
maior será o multiplicador. 
Suponha que uma firma resolva investir R$100.000,00 na construção de um galpão. 
Inicialmente, serão adquiridos materiais diversos, depois, serão contratados diferentes profissionais. 
Considerando que os recebedores de renda adicional possuam uma PMgC = 0,8, veremos que os 
profissionais contratados gastarão R$80.000,00 dos seus respectivos acréscimos de renda em bens 
de consumo. Os produtores de bens de consumo, ao receberem os R$80.000,00 como acréscimo de 
renda, gastarão 80% desse valor em novos bens de consumo, isto é, R$64.000,00. O processo se 
repete em cada turno num gasto de 80% do acréscimo de renda recebida, até a insignificância 
desses acréscimos. O processo se caracteriza por uma adição de novos gastos de consumo 
provocados por um acréscimo de investimento inicial de R$100.000,00. A repercussão é 
continuamente decrescente, e a soma final resulta num montante finito de renda adicional de 
R$500.000,00. Sumariamente, isso pode ser demonstrado da seguinte forma: 
 
k.I = Y 
1. 100.000,00 100.000,00 ∆I = 100.000,00 (efeito inicial) 
(0,8). 100.000,00 80.000,00 
 
∆C = 400.000,00 (efeito secundário) 
(0,8)2. 100.000,00 64.000,00 
(0,8)3. 100.000,00 51.200,00 
(0,8)4. 100.000,00 40.900,00 
(0,8)5. 100.000,00 32.700,00 
. 
. 
. 
. 
. 
. 
 
 
00,000.50000,000.1005
8,01
1
=→×=→×
−
= kkIk 
 
Percebemos que, ao se complementar o efeito multiplicador de renda (∆y = 5), o investimento 
inicialmente acrescido (∆I = 1) não pode ser suspenso nos períodos seguintes, sob pena de voltar ao 
nível inicial de renda (y0). Ou seja, o multiplicador opera como uma faca de dois gumes; serve para 
expandir ou contrair a renda nacional, caso se aumente ou reduza o nível de investimento. 
Para concluir, podemos dizer que, uma vez atingido um determinado nível de renda nacional 
por meio de um determinado nível de investimento, então, para manter o mesmo nível de renda, 
é necessário conservar o mesmo nível de investimento. 
 
Referências 
 
GREMAUD, A. P. et al. Manual de economia. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003. (Cap. 15). 
 
VASCONCELLOS, A S.; GARCIA, M E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2003. 
(Cap. 10). 
 
WESSELS, W. J. Economia. 2ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2.003. (Cap. 8 e 9).

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