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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO-SP. PROCESSO DE NºXXXXX EDITORA REAL, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita sob o CNPJ/MF xxx, localizada à Rua xxxx, por meio de seu advogado que esta subscreve, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, não se conformando com r. decisão de fls. xxx, nos autos da Ação de indenização com Danos Morais sob processo de nº XXX movida por JOELI, e com fundamento no artigo 1.015 e seguintes do Código de Processo Civil, interpor AGRAVO DE INSTRUMENTO Apresentando as razões em anexo, e ratifico a este juízo que foram recolhidas as devidas custas. Requer ainda que o presente recurso seja recebido nos efeitos previstos em lei, isto é devolutivo e suspensivo. I – DO PREPARO A Agravante junta aos autos o comprovante de recolhimento do preparo, cuja guia corresponde ao valor de R$ XXXXX, atendendo a tabela de custas deste Tribunal. II – DA TEMPESTIVIDADE O presente Agravo de Instrumento é tempestivo, visto que a publicação de intimação ocorreu em XX/XX/XX20. Assim o prazo de 15 dias úteis para interposição do recurso termina no dia XX/XX/XX20. III - DA JUNTADA DAS PEÇAS OBRIGATÓRIAS E FACULTATIVAS Nos termos do artigo 1.017, § 5º do Código Processo Civil, encontram-se as seguintes peças obrigatórias e facultativas: a) Cópia da Petição Inicial; b) Cópia da Procuração do advogado da agravante; c) Cópia da Decisão Proferida; d) Certidão da respectiva Intimação. Termos em que, Pede deferimento. São Paulo, dia mês e ano. ADVOGADO OAB RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO EGREGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Autos do processo nº XXXXXXXXX Agravante: EDITORA REAL Agravado: JOELI EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDRA CAMARA DOUTO DESEMBARGADORES IV. DOS FATOS Consta nos autos que a Agravada ingressou com ação de indenização por danos morais cumulada com obrigação de fazer em face da Agravante, por não concordar com a produção de uma biografia à respeito de sua vida como cantora. Em sede de peça inaugural a agravada pleiteou pela antecipação da tutela para condenar a agravante a não comercializar exemplares da obra, bem como a recolher todos aqueles que já foram remetidos aos pontos de venda. O pedido de antecipação foi acolhido e deferido pelo juízo “a quo”, tendo a agravante sido intimada para o cumprimento da decisão no prazo de 72 horas. Não se conformando com a r. decisão que deferiu a antecipação da tutela, por se tratar de fatos públicos e notórios da vida de uma cantora famosa, portanto, pessoa pública, bem como o risco de graves prejuízos à editora decorrentes do cancelamento dos eventos, a Agravante decidiu por bem interpor o presente recurso. V. DO DIREITO A r. decisão agravada acolheu os fundamentos da petição inicial que está ancorada na falta de autorização prévia por parte da cantora para a produção de sua biografia e que, por se tratar de uma obra que aborda fatos de sua vida privada e de sua imagem, a mesma traria prejuízo à sua personalidade e danos morais, ou seja, tanto o pedido feito pela parte agravada quanto a decisão proferida pelo juízo “a quo” foram baseadas na inexistência de autorização prévia e não pelos fatos abordados na obra. De fato a Agravante não possui autorização prévia para a produção da obra, porém, vale ressaltar que o Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, afastou a exigência de autorização prévia para a realização de publicações de biografias após a apreciação da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) nº 4815, que deu interpretação conforme à Constituição aos artigos 20 e 21 do Código Civil que fundamentaram o pedido da Agravada. É importante frisar que a produção de biografias está amplamente abrangida pelos direitos à liberdade de expressão, à informação e de produção cultural garantidos na Constituição, e que os artigos 20 e 21 do Código Civil, portanto, normas infraconstitucionais, devem ser interpretadas à luz da constituição, respeitando esses direitos, e não ao contrario, uma vez que são incompatíveis com essas garantias constitucionais. Cabe ressaltar também que os direitos do biografado quanto à honra, intimidade, privacidade e imagem não ficarão desprotegidos, uma vez que a constituição também prevê o direito de ajuizamento de ações de indenização por danos causados aos direitos privados para aqueles que se sintam lesados, porém, a mera abordagem de fatos verdadeiros e notórios na obra em questão não trazem prejuízos a esses direitos e a discordância em relação à produção da obra, por si só, não configura prejuízo à sua honra. Resta claro que a obra produzida pela Agravante é exclusivamente de cunho literal, intelectual e cultural, tendo sido baseada em informações verdadeiras à respeito de uma celebridade, portanto, pessoa pública, não contendo nos autos qualquer prova que enseje a antecipação de tutela para a proibição de veiculação da obra, ainda que não haja autorização prévia, devendo a Agravada, caso se sinta lesada, ingressar com ação de indenização posterior à divulgação da obra e não previamente como forma de censura. Por fim, importante se faz a reforma da r. decisão agravada como forma de se garantir o acesso à informação e a liberdade de expressão e de se evitar os incontáveis prejuízos causados à Agravante em decorrência do recolhimento de livros e do cancelamento de eventos já agendados, considerando o dano irreparável caso a decisão seja mantida. VI. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer: a) O recebimento e devido processamento do presente Agravo; b) Seja o Agravado intimado para se manifestar, querendo; c) Seja dado total provimento ao presente Agravo para revisão da decisão que inadmitiu o Recurso Especial, sendo determinado o recebimento e devido processamento, para ao final, seja totalmente procedente; d) Por fim, requer a determinação de inversão do ônus sucumbenciais. Nestes termos, pede deferimento. São Paulo, dia, mês e ano. Advogado OAB
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