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7 CRIMES HEDIONDOS 23

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
CRIMES HEDIONDOS
Por Fernanda Evlaine
[footnoteRef:1] [1: Barbe-bleue (1902), dirigido por George Méliès. Filme Francês do Cinema mudo que conta a história do Barba Azul, vilão de história infantil que matou todas as suas esposas. Os corpos ficavam escondidos em um quarto secreto, conforme a imagem. ] 
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS	3
2.	ASPECTOS ESPECIAIS	6
2.1. REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA PARA OS CRIMES HEDIONDOS	6
2.2. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS	7
2.3. PROGRESSÃO DE REGIME	8
2.4. LIVRAMENTO CONDICIONAL	8
2.5. PRISÃO TEMPORÁRIA	9
3.	COMENTÁRIOS SOBRE ALGUNS CRIMES HEDIONDOS	10
4.	10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER	12
5.	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	17
6.	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	17
ATUALIZADO EM 08/03/2020[footnoteRef:2] [2: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados.] 
CRIMES HEDIONDOS – LEI Nº 8.072/90
1. INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS
Que tal um pouco de criminologia?
O impulso legislativo que levou à criação dos crimes hediondos é inspirado no Direito Penal Máximo, no movimento Lei e Ordem, bem como na Teoria das Janelas Quebradas, que tinha como intuito implantar movimento de política criminal com vistas a reprimir a criminalidade[footnoteRef:3]. [3: Curiosidade: Após o assassinato brutal da atriz Daniela Perez, filha da escritora de Novelas Gloria Perez, foi editada a Lei 8.930/94, fruto da pressão popular causada pelo crime, que incluiu o homicídio qualificado no rol dos crimes hediondos. ] 
O Direito Penal Máximo apresenta fundamento oposto ao do Direito Penal Mínimo, pois o primeiro entende ser o Direito Penal a solução para todos os problemas da sociedade, acarretando assim o aumento excessivo da tutela penal. 
O movimento “Lei e Ordem” prega que somente as leis severas, que imponham longas penas privativas de liberdade ou até mesmo a pena de morte, têm o condão de controlar e inibir a prática de delitos.
Por fim, a Teoria das Janelas Quebradas (The Broken Windows Theory) ganhou esse nome em razão de seus autores utilizarem a imagem de janelas quebradas para explicá-la, estabelecendo uma relação de causalidade entre desordem e criminalidade. Segundo a teoria, se apenas uma janela de um prédio fosse quebrada e não fosse imediatamente consertada, as pessoas que passassem pelo local e vissem que a janela não havia sido consertada concluiriam que ninguém se importava com isso, e que em um curto espaço de tempo as demais janelas também estariam quebradas, pois as pessoas começariam a jogar mais pedras para quebrar as demais janelas. Em pouco tempo, aquela comunidade seria levada à decadência. Em resumo, a Teoria das Janelas quebradas acredita que se devem reprimir severamente os pequenos delitos para que o Estado demonstre que não aceita qualquer tipo de ato criminoso.
Os crimes hediondos são previstos inicialmente no art. 5º, inciso XLIII, da CF que dispõe: “A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;”. 
Crime hediondo é aquele rotulado como tal pelo legislador. Adotou-se no Brasil o sistema legal.
Vejamos os sistemas:
- Sistema legal: a lei de crimes hediondos previu um rol de crimes, tentados ou consumados.
- Sistema judicial: cabe ao juiz definir, no caso concreto, se o crime é ou não hediondo.
- Sistema misto: há um rol exemplificativo de delitos hediondos, sendo possível ao juiz reconhecer, no caso concreto, a hediondez de uma conduta.
*A Lei de Crimes Hediondos não cria crime, apenas prevê tratamento diferenciado a tipos penais já existentes. Todos os crimes hediondos estão previstos no CP, salvo o genocídio, que encontra previsão na Lei nº 2.889/56 e os seguintes delitos: o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, o crime de comércio ilegal de armas de fogo, o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição e o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado, que também se encontram previstos na Legislação esparsa.
- Crimes Hediondos e Crimes Militares:[footnoteRef:4] [4: Atençãoooooo,DPU!!] 
* Crimes militares: o CPM traz o latrocínio. É crime hediondo? Não. Os crimes correspondentes no CPM não são considerados hediondos por falta de previsão legal. 
Há também os crimes equiparados a hediondo (TTT): tortura, tráfico e terrorismo.
*#MUITOIMPORTANTE #VAICAIR #TESEINSTITUCIONALDADPU:
O chamado tráfico privilegiado, previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) não deve ser considerado crime de natureza hedionda. STF. Plenário. HC 118533, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/06/2016.
Nota: Resta superada a Súmula 512 do STJ.
- *Rol de crimes hediondos (em conformidade com a Lei nº 13.964/2019 – Pacote Anticrime):
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984)
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); 
(OBS: Atenção, pois aqui se inclui o feminicídio e o homicídio contra membro da polícia ou sua família).[footnoteRef:5] [5: Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:     (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)] 
Cuidado! A inclusão do inciso VIII no artigo 121, §2º do CP foi VETADA (porém, continua sendo mencionado na lei de crimes Hediondos – hipótese de erro material e que deve ser corrigida).
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;   (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
II - roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º);
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);       (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);       (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VI - estupro de vulnerável
(art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);      (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).     (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).       (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).     (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A).
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados:
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956;
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado.” (NR)
*DEOLHONATABELA #NOVIDADELEGISLATIVA #PACOTEANTICRIME
	Antes da Lei nº 13.964/2019
	Depois da Lei nº 13.964/2019
	Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); 
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º);
(...)
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados.
	“Art. 1º ...................................................................................................
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII);
Atenção! A inclusão do inciso VIII no artigo 121, §2º do CP foi VETADA (porém, continua sendo mencionado na lei de crimes Hediondos – hipótese de erro material e que deve ser corrigida).
II - roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º);
(...)
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A).
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados:
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956;
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado.” (NR)
Importante ter atenção para a revogação do §2º do artigo 2º da Lei 8.072/1990:
Art. 19. Fica revogado o § 2º do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990.
Vejamos o que estabelece o §2º do artigo 2º da Lei dos Crimes Hediondos:
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
(...)
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) - REVOGADO
*#NOVIDADELEGISLATIVA: O que fez a Lei nº 13.497/2017? Alterou a redação do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 8.072/90, prevendo que também é considerado como crime hediondo o delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 do Estatuto do Desarmamento.
* Com a Lei nº 13.964/2019, a lei 8.072/1990 passou a considerar com crime hediondo o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido.
*#DEOLHONAJURIS #STJ Importante!!! A tipificação da conduta descrita no art. 5º da Lei Antiterrorismo (atos preparatórios de terrorismo) exige a motivação por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, expostas no art. 2º do mesmo diploma legal. STJ. 6ª Turma. HC 537.118-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/12/2019 (Info 663).
#ATENÇÃO
Caráter subsidiário: O art. 5º é considerado um crime subsidiário considerando que ele só irá incidir se o agente não praticar nenhum ato executório. Se o agente praticar ato executório, incidirá o próprio crime de terrorismo (art. 2º) e não mais o delito do art. 5º. Assim, o delito do art. 5º funciona como “soldado de reserva” em relação ao delito de terrorismo previsto no art. 2º, ambos da Lei nº 13.260/2016. Tipo penal aberto: A previsão do caput do art. 5º é criticada por alguns doutrinadores porque possui uma redação extremamente aberta já que não descreve quais seriam esses atos preparatórios. Em razão disso, há quem afirme que ele seria inconstitucional.
Motivação especial: Conforme vimos, a criminalização dos atos preparatórios do delito de terrorismo exige a interpretação sistemática, não se podendo, portanto, perder de vista a redação do art. 2º ao se analisar o art. 5º. Assim, não se mostra admissível, do ponto de vista hermenêutico, que o delito subsidiário (art. 5º) tenha âmbito de aplicação diferente do delito principal (art. 2º). Por esse motivo, a tipificação da conduta descrita no art. 5º exige a motivação por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, expostas no art. 2º da Lei Antiterrorismo.
2. ASPECTOS ESPECIAIS
A Lei dos Crimes Hediondos veda a concessão de: a) anistia, graça e indulto e b) fiança. Embora a CF/88 não preveja a impossibilidade de indulto, a Lei nº 8.072/90 vedou a concessão do indulto. Entende-se que a vedação é constitucional, pois o indulto nada mais é que uma graça coletiva. Em regra, também não se admite a comutação. 
A Lei de Tortura (Lei nº 9.455/97), posterior à Lei dos Crimes Hediondos, não vedou o indulto em relação ao crime de tortura, por conta disso, a Doutrina se divide com relação à possibilidade de indulto no crime de tortura. Contudo, parece prevalecer em provas o posicionamento de que não é possível o indulto no crime de tortura[footnoteRef:6]. [6: (PC – GO/2017 – CESPE) A seguinte alternativa foi considerada correta: Embora tortura, tráfico de drogas e terrorismo não sejam crimes hediondos (são equiparados), também são insuscetíveis de fiança, anistia, graça e indulto.] 
Apesar da Lei nº 8.072/90 vedar a fiança, não há vedação de concessão de liberdade provisória sem fiança (a redação originária da Lei nº 8.072/90 proibia, mas esta vedação foi revogada pela Lei nº 11.464/07). STF (HC 104339) declarou inconstitucional a Lei de
Drogas, no ponto que proibia liberdade provisória com fiança (art. 44).[footnoteRef:7] [7: A seguinte assertiva foi considerada correta na prova de Delegado/AC – 2017 (IBADE): O fato de o crime ser hediondo, por si só, não impede a concessão da liberdade provisória, de acordo com o entendimento dos Tribunais Superiores.] 
OBS: Os condenados por crime hediondo serão, obrigatoriamente, submetidos à identificação de perfil genético, mediante a extração de DNA. Tais informações serão armazenadas em banco de dados sigiloso e poderão ser requeridas ao juiz pela autoridade policial no caso de inquérito policial instaurado. 
2.1. REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA PARA OS CRIMES HEDIONDOS
A redação originária da Lei nº 8.072/90 previa o cumprimento de pena em regime integralmente fechado. O dispositivo que previa regime integralmente fechado foi declarado inconstitucional pelo STF (HC 82.959/SP) por violar o princípio da individualização da pena. Posteriormente, a Lei nº 11.464/07 previu que a pena, no caso de crime hediondo, seria cumprida em regime inicialmente fechado. Essa norma também foi reconhecida inconstitucional por violar o princípio da individualização da pena (STF, HC 111.840).
Caso prático: Gustavo foi condenado pelo art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06, por trazer consigo mais de 100 kg de cocaína. No momento de fixação do regime inicial de pena o Magistrado fundamentou que o regime inicial adequado seria o fechado, por se tratar de crime hediondo, além de ressaltar a gravidade abstrata do delito. Indaga-se: Tal fundamentação encontra-se correta?
NÃO! Não se pode mais falar em fixação automática do regime inicial fechado para cumprimento de pena de crimes hediondos. O juiz deverá atentar-se aos mesmos requisitos previstos no art. 33 do CP. Ademais, a utilização de fundamentação com base na gravidade abstrata do delito é inidônea. Vejamos: SÚMULA 718 – STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
2.2. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS
Antes do julgamento do HC 82.959/SP, os Tribunais inadmitiam a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos crimes hediondos e equiparados, sob o argumento de que o regime integralmente fechado seria incompatível com as penas restritivas de direitos, que permitem ao condenado cumprir a pena em liberdade. Com a declaração de inconstitucionalidade da redação originária da Lei nº 8.072/90, no ponto que impunha regime integralmente fechado, a jurisprudência passou a permitir a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
Pela mesma razão (regime integralmente fechado), os juízes inadmitiam "sursis" (suspensão condicional da pena) em relação aos crimes hediondos e equiparados. Com o HC 82.959/SP, passou-se a admitir, não só a substituição por restritiva de direitos, mas também o sursis. 
Dúvida: Cabe substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos na tortura? 
Tortura: sempre é praticada com violência ou grave ameaça. Logo, na tortura não cabe substituição.
E no tráfico de drogas?
Tráfico de drogas: vedação pelo art. 44 da Lei nº 11.343/06. Contudo, o Plenário do STF, em julgamento de HC, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade da expressão “vedada a conversão em penas restritivas de direitos”, constante do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006, e da expressão “vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos”, contida no aludido art. 44 do mesmo diploma legal. (VIDE INFO 598). Ou seja, no tráfico é cabível a substituição por pena restritiva de Direito.
2.3. PROGRESSÃO DE REGIME
Deve ser feito um corte temporal, vejamos:
	CRIME COMETIDO ANTES DA LEI Nº 11.464/07
	CRIME COMETIDO DEPOIS DA LEI Nº 11.464/07
	*CRIME COMETIDO DEPOIS DA LEI Nº 13.964/2019
	Cumprimento de 1/6 (art. 112 da LEP)
	Cumprimento de 2/5 (primário)
Cumprimento de 3/5 (reincidente)
OBS: a Lei nova não pode retroagir.
	40%	Primário + Crime Hediondo/Equiparado
50%	Primário + Crime Hediondo/Equiparado, com resultado morte, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL.
50%	Exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado
50%	Crime de constituição de milícia privada
60%	Reincidente + crime hediondo/equiparado
70%	Reincidente + crime hediondo/equiparado, com resultado morte, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL.
Crime cometido antes da Lei nº 11.464/07: o período é de 1/6. A pena considerada nesse cálculo é aquela efetivamente imposta na sentença [e não aquela pena unificada], conforme Súmula 715 STF. 
*Progressão de regime para o crime de tortura (equiparado a hediondo): sempre houve previsão de regime inicialmente fechado. O prazo adotado era de 1/6; posteriormente, passou a ser de 2/5 ou 3/5 e atualmente, aplicam-se os percentuais, trazidos com a nova Lei nº 13.964/2019- Pacote Anticrime.
 
*#SELIGANASÚMULAS:
Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. 1/6 do cumprimento de pena.
Súmula Vinculante 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
Nota: Ou seja, pode realizar o exame criminológico, entretanto, ele não é obrigatório para a progressão de regime e deve ser devidamente fundamentado.
*#ATENÇÃO #ENTENDIMENTOSTJ: A progressão de regime para os condenados por crime hediondo ocorre após o cumprimento de 3/5 da pena, ainda que a reincidência não seja específica em crime hediondo ou equiparado. A Lei dos Crimes Hediondos não faz distinção entre a reincidência comum e a específica. Desse modo, havendo reincidência, ao condenado deverá ser aplicada a fração de 3/5 da pena cumprida para fins de progressão do regime. STJ. 6ª Turma. HC 301.481-SP, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 2/6/2015 (Info 563). 
*Cuidado! Esse entendimento deve ser lido em conformidade com o Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019), que modificou as regras para a progressão de regime no caso de crimes hediondos.
2.4. LIVRAMENTO CONDICIONAL
	PRIMÁRIO + BONS ANTECEDENTES
	REINCIDENTE EM CRIME DOLOSO
	CRIMES HEDIONDOS OU EQUIPARADOS
	1/3 da pena
	½ da pena
	2/3 da pena, se não for reincidente especifico.
*#OLHAOGANCHO: E se for primário + maus antecedentes? A hipótese não se confunde com a da reincidência: juiz deve aplicar 1/3. Não havendo previsão legal específica, não se pode aplicar analogia maléfica.
Requisitos: (i) comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; (ii) tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
	*Antes da Lei nº 13.964/2019
	Depois da Lei nº 13.964/2019
	Livramento condicional
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
 I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
 Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinqüir. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	“Art. 83...
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto.” 
Dúvida: E o que seria o reincidente específico?
	1ª Corrente
	2ª Corrente
	3ª Corrente
	Prática de 2 crimes idênticos.
Ex.: Estupro + Estupro
	Prática de 2 crimes com a mesma objetividade jurídica.
Ex.: Estupro + Atentado violento ao pudor.
	Pratica dois crimes do gênero hediondo ou equiparado.
Ex. Estupro + Latrocínio.
	
	
	Corrente majoritária na Doutrina
*#ATENÇÃO: Não vá confundir! Isso de reincidente específico só existe no livramento condicional, não se aplicando à progressão de regime.
O art. 7º da Lei dos Crimes Hediondos estabelece hipótese de delação premiada: no crime de extorsão mediante sequestro, o coautor que denunciar a "quadrilha ou bando", facilitando a libertação do sequestrado, será beneficiado com causa de diminuição de pena, que variará de 1/3 a 2/3. O critério para definição da diminuição está ligado a maior ou menor colaboração do delator.
O art. 8º, parágrafo único, traz outra hipótese de delação premiada: quem delata "quadrilha ou bando" voltado para a prática de crimes hediondos e equiparados. OBS: Nunca é demais lembrar que o antigo tipo penal da “quadrilha ou bando” hoje é conhecido como associação criminosa. 
*ATENÇÃO! A Lei nº 13.964/2019- Pacote anticrime, modificou as regras para o livramento condicional no caso de prática de crimes hediondos, vedando-o expressamente nas seguintes hipóteses:
· Primário + Crime Hediondo/Equiparado, com resultado morte.
· Reincidente + crime hediondo/equiparado, com resultado morte.
2.5. PRISÃO TEMPORÁRIA 
De acordo com a Lei da Prisão Temporária, o prazo desta é de 05 dias, prorrogáveis por mais 05.
 
Em relação aos crimes hediondos e equiparados, aplica-se outro prazo, previsto na própria Lei dos Crimes Hediondos: 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias.
	Lei nº 7.960/89
	Lei nº 8.072/90, tratando da prisão temporária
	O prazo da prisão temporária é de 05 dias + 05 dias.
	O prazo é de 30 dias + 30 dias.
	Crime previsto somente nesta lei, e que não está previsto também na lei dos crimes hediondos, o prazo da prisão temporária é de 05 dias.
	Crime previsto na Lei nº 7.960 e repetido na lei dos crimes hediondos, o prazo da prisão temporária é de 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias.
PERGUNTA: Preso condenado pela justiça estadual, cumprindo pena em presídio federal, de quem é a competência para a execução? 
A competência é da justiça federal. Aplica-se o espírito da súmula 192 do STJ. A competência é da autoridade do presídio aonde se localiza o acusado. O que manda não é o juízo da condenação, mas sim o juízo do local de cumprimento da pena.
SÚMULA 192 – STJ: Compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração Estadual.
2.6 .SAÍDA TEMPORÁRIA 
	*Antes da Lei nº 13.964/2019
	Depois da Lei nº 13.964/2019
	Saída temporária
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos:
I - visita à família;
II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução;
III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.
Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução.
	Art. 122...
§ 1º ...
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que se refere o caput deste artigo o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado morte.”
3. COMENTÁRIOS SOBRE ALGUNS CRIMES HEDIONDOS
a) Homicídio
PERGUNTA: Homicídio simples é hediondo?
A depender do caso, pode ser hediondo. Será hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente. Nesta hipótese o homicídio simples, excepcionalmente, é hediondo. Este homicídio simples considerado hediondo é chamado de homicídio condicionado.
PERGUNTA: E o que vem a ser atividade típica de grupo extermínio?
O que caracteriza atividade típica de grupo de extermínio é a indeterminação do sujeito passivo: O agente mata a vítima não por suas condições pessoais e individuais, mas sim em razão de pertencer a determinado grupo ou classe social, religião, raça, etnia, orientação sexual etc. (ex.: Grupo de extermínio que assassina brutalmente pessoas que se identificam como “não binários”).
*#OLHAOGANCHO:
Homicídio qualificado privilegiado é possível (desde que as qualificadoras sejam de ordem objetiva). Além disso, NÃO é considerado crime hediondo.
b) Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos
 
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições:
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; 
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; 
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; 
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; 
V - de procedência ignorada;
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente.
O art. 273, caput, pune a falsificação de produtos terapêuticos ou medicinais. A pena é de 10 a 15 anos. 
No §1º, o CP pune o comércio do produto já falsificado. É a mesma pena, de 10 a 15 anos. 
O §1º-A equipara a produto terapêutico ou medicinal, vários outros, inclusive cosméticos e saneantes (produtos de limpeza). Aqui houve um exagero do legislador (Crítica: Observe o absurdo, o comércio de produto irregular possui pena mais elevada do que homicídio simples, estupro...). A doutrina diz que no caso deste parágrafo (§1º-A) só será hediondo se o cosmético tiver fins terapêuticos ou medicinais. Caso contrário não será hediondo. Ex: pomada para acnes. 
§1º-B – pune o comércio de produto não falsificado, porém irregular. O §1º-B fere dois princípios importantes.
 
1. Princípio da intervenção mínima. O direito administrativo resolve este problema. 2.
Equiparar o mero comércio irregular com falsificação ou comercialização de produtos industrializados fere o princípio da proporcionalidade.
*#IMPORTANTE: O STJ decidiu que é inconstitucional a pena (preceito secundário) do art. 273, § 1º-B, V, do CP (“reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa”). Em substituição a ela, deve-se aplicar ao condenado a pena prevista no caput do art. 33 da Lei n.° 11.343/2006 (Lei de Drogas), com possibilidade de incidência da causa de diminuição de pena do respectivo § 4º. STJ. Corte especial. AI no HC 239.363-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/2/2015 (Info 559).
c) Estupro
Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor cometidos antes da edição da Lei nº 12.015/2009 são considerados hediondos, ainda que praticados na forma simples. (STJ, 3ª Seção, Info 505).
O entendimento do STJ e do STF é o de que o art. 9º da Lei de Crimes Hediondos foi revogado tacitamente pela Lei n. 12.015/2009, considerando que esta Lei revogou o art. 224 do CP, que era mencionado pelo referido art. 9º.
*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF HEDIONDOS. Com a revogação do art. 224 do CP pela Lei 12.015/2009, há de ser redimensionada a pena aplicada ao condenado, subtraindo-lhe o acréscimo sofrido em razão do aumento da pena previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90, que foi tacitamente revogado. A causa de aumento prevista no art. 9º da Lei de Crimes Hediondos foi tacitamente revogada pela Lei nº 12.015/2009, considerando que esta Lei revogou o art. 224 do CP, que era mencionado pelo referido art. 9º. Se um indivíduo foi condenado, antes da Lei nº 12.015/2009, pela prática de estupro contra menor de 14 anos com a incidência da causa de aumento do art. 9º da Lei de Crimes Hediondos, esta majorante deverá ser retirada de sua condenação por força da novatio legis in mellius (art. 2º, parágrafo único, do CP). Diante da revogação do art. 224 do CP pela Lei nº 12.015/2009, ainda que o fato delituoso seja anterior a esta alteração, é o caso de se decotar da pena do condenado o acréscimo baseado no art. 9º da Lei nº 8.072/90. STF. Plenário. HC 100181/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/8/2019 (Info 947).
OBS.: Os comentários sobre o Tráfico de Drogas serão feitos em seu respectivo material, devido ao grande número de informações.
4. 10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER
Por fim, vamos elencar 10 pontos sobre o tema que você não pode deixar de saber, em hipótese alguma, devido a sua grande incidência em provas. Vejamos:
1) Todos os crimes estão previstos no CP, salvo o genocídio, que encontra previsão na Lei nº 2.889/56 e os seguintes crimes: posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, comércio ilegal de armas de fogo, tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição e o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado, que também se encontram previstos na Legislação esparsa
2) Conforme precedente recente do STF, o tráfico privilegiado (art. 33, §4º da Lei 11.343/06) não é mais considerado crime hediondo. Superada a Súmula 512 do STJ.
2.1) Homicídio qualificado privilegiado também não é considerado hediondo.
3) A Lei dos crimes hediondos veda a concessão de: a) anistia, graça e indulto; e b) fiança. 
4) É possível a concessão de liberdade provisória sem fiança. 
5) É inconstitucional o cumprimento de pena em regime integralmente fechado. Assim como é inconstitucional a fixação automática de regime inicial fechado para cumprimento de pena. 
6) É possível a aplicação de penas restritivas de Direito. 
7) Progressão de regime:
7.1) Crime cometido antes da Lei nº 11.464/07: o período é de 1/6 (Súmula 471 STJ). 
7.2) Crime cometido após a Lei nº 11.464/07: o período é de 2/5 se o réu for primário e 3/5 se for reincidente.
*7.3) Crime cometido após a Lei nº 13.964/2019: 
· 40%	Primário + Crime Hediondo/Equiparado;
· 50%	Primário + Crime Hediondo/Equiparado, com resultado morte, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL;
· 50%	Exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado;
· 50%	Crime de constituição de milícia privada;
· 60%	Reincidente + crime hediondo/equiparado;
· 70%	Reincidente + crime hediondo/equiparado, com resultado morte, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL.
 
8) Pode haver a realização do exame criminológico, entretanto, ele não é obrigatório para a progressão de regime e deve ser devidamente fundamentado (Súmula Vinculante 26). 
9) O tempo da prisão temporária é de 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias. 
10) A Lei dos Crimes Hediondos traz hipótese de delação premiada. No crime de extorsão mediante sequestro, o coautor que denunciar a "quadrilha ou bando", facilitando a libertação do sequestrado, será beneficiado com causa de diminuição de pena, que variará de 1/3 a 2/3.
Como o assunto foi cobrado em provas?
1. (VUNESP – Juiz de Direito Substituto/2016): Nos termos da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984, os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra a pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990:
a) serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético mediante extração de DNA.
b) somente poderão ter a identificação de perfil genético verificada pelo Juiz do processo, vedado o acesso às autoridades policiais mesmo mediante requerimento.
c) não terão a identificação de perfil genético incluído em banco de dados sigiloso, mas de livre acesso às autoridades policiais, independentemente de requerimento.
d) não terão extraído o DNA, se submetidos à Justiça Militar, em razão da excepcionalidade da lei de execução.
e) não poderão ser submetidos à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA, por falta de permissivo legal.
Gabarito:[footnoteRef:8] [8: A. ] 
2. (Titular de Serviços de Notas e Registros – Provimento – TJMG/2016): De acordo com a Lei nº 8.072/1990, é considerado crime hediondo: 
a) Estupro de vulnerável tentado. 
b) Epidemia com resultado lesão corporal de natureza grave. 
c) Concussão.
d) Falsificação de selo público destinado a autenticar atos oficiais da União. 
Gabarito:[footnoteRef:9] [9: A.] 
3. (CESPE – Juiz - TFDF/2016): Com fundamento na Lei n.º 11.464/2007, que modificou a Lei n.º 8.072/1990 (Lei dos Crimes Hediondos), assinale a opção correta acerca dos requisitos objetivos para fins de progressão de regime prisional.
a) O regime integral fechado poderá ser aplicado no caso de prática de crime de tráfico internacional de drogas, em que, devido à hediondez da conduta, que atinge população de mais de um país, o réu não poderá ser beneficiado com a progressão de regime prisional.
b) Como exceção à regra prevista na legislação de regência, a progressão de regime prisional é vedada ao condenado, que deve cumprir regime integral fechado, pela prática de crime de epidemia de que resulte morte de vítimas.
c) Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n.º 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no artigo 112 da Lei de Execução Penal para a progressão de regime, que estabelece o cumprimento de um sexto da pena no regime anterior.
d) A Lei dos Crimes Hediondos é especial e possui regra própria quanto aos requisitos objetivos para a progressão de regime prisional, devendo seus atuais parâmetros ser aplicados, independentemente de o crime ter sido praticado antes ou depois da vigência da Lei n.º 11.464/2007, com base no princípio da especialidade.
e) Os requisitos objetivos da Lei n.º 11.464/2007 devem ser aplicados para fins de progressão de regime prisional, pelo fato de essa lei ser mais benéfica que a lei anterior, que vedava a progressão de regime.
Gabarito:[footnoteRef:10] [10: C.] 
4. (CESPE – TJDFT – Analista Judiciário/2015):A respeito dos crimes hediondos, julgue o item que se segue.
O crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima é hediondo quando praticado contra cônjuge, companheiro
ou parente consanguíneo de até terceiro grau, de agente da Polícia Rodoviária Federal e integrante do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, em razão dessa condição.
Gabarito:[footnoteRef:11] [11: Certo. Letra pura e simples da Lei.] 
5. (PC-DF – Delegado de Polícia/2015): A respeito dos crimes hediondos, assinale a alternativa correta com base na legislação de regência.
a) O crime de epidemia com resultado morte não é considerado hediondo.
b) Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça e indulto, embora lhes seja admitida fiança.
c) A pena do condenado por crime hediondo deverá ser cumprida em regime integralmente fechado, apesar de haver precedente jurisprudencial em que se admite o cumprimento da pena em regime inicialmente fechado.
d) Se o crime hediondo de extorsão mediante sequestro for cometido por quadrilha ou bando, o coautor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, será beneficiado com a redução da pena de um a dois terços.
e) Entre os crimes hediondos previstos na lei, apenas as condutas consumadas são consideradas hediondas; as tentadas configuram a modalidade simples de crime.
Gabarito:[footnoteRef:12] [12: D.] 
6. (CESPE – Procurador – PGDF/2013):
Com referência às penas e à sua aplicação, julgue os seguintes itens. 
Desde que o STF declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do artigo 2. o , § 1. o , da Lei n. o 8.072/1990 (“A pena por crime previsto neste artigo [crime hediondo] será cumprida inicialmente em regime fechado”), não é mais obrigatória a fixação do regime inicial fechado para o condenado pelo crime de tráfico de entorpecentes, podendo a pena privativa de liberdade ser substituída por restritivas de direitos quando o réu for primário e sem antecedentes e não ficar provado que ele se dedique ao crime ou esteja envolvido com organização criminosa.
Gabarito:[footnoteRef:13] [13: Certo.] 
7. (CESPE – DPU – Defensor Público de Segunda Categoria/2015): 
Gerson, com vinte e um anos de idade, e Gilson, com dezesseis anos de idade, foram presos em flagrante pela prática de crime. Após regular tramitação de processo nos juízos competentes, Gerson foi condenado pela prática de extorsão mediante sequestro e Gilson, por cometimento de infração análoga a esse crime.
Com relação a essa situação hipotética, julgue o próximo item.
Conforme entendimento dos tribunais superiores, tendo sido condenado pela prática de crime hediondo, Gerson deverá ser submetido ao exame criminológico para ter direito à progressão de regime.
Gabarito:[footnoteRef:14] [14: SV 26. ] 
*#AJUDAMARCINHO[footnoteRef:15]: Comparação entre os crimes comuns e os hediondos: [15: Tabela retirada do site Dizer o Direito. Disponível em: <http://www.dizerodireito.com.br/2017/10/lei-134972017-posse-ou-porte-de-arma-de.html.>] 
	CRIME COMUM
	CRIME HEDIONDO (OU EQUIPARADO)
	Em regra, admite fiança.
	NÃO admite fiança.
	Admite liberdade provisória.
	Admite liberdade provisória.
	Admite a concessão de anistia, graça e indulto. 
	NÃO admite a concessão de anistia, graça e indulto. 
	O prazo da prisão temporária, quando cabível, será de 5 dias, prorrogável por igual período. 
	O prazo da prisão temporária, quando cabíveI, será de 30 dias, prorrogável por igual período. 
	O regime inicial de cumprimento da pena pode ser fechado, semiaberto ou aberto. 
	O regime inicial de cumprimento da pena pode ser fechado, semiaberto ou aberto. 
	Admite a substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos (art. 44 do (9). 
	Admite a substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos (art. 44 do CP). 
	Admite a concessão de sursis, cumpridos os requisitos do art. 77 do CP. 
	Admite a concessão de sursis, cumpridos os requisitos do art. 77 do CP, salvo no caso do tráfico de drogas por força do art. 44 da Lei nº 11.343/2006. 
	O réu pode apelar em liberdade, desde que a prisão não seja necessária. 
	O réu pode apelar em liberdade, desde que a prisão não seja necessária. 
	Para a concessão do livramento condicional, o apenado deverá cumprir 1/3 ou 1/2 da pena, a 
depender do fato de ser ou não reincidente em crime doloso. 
	Para a concessão do livramento condicional, o condenado não pode ser reincidente especifico em crimes hediondos ou equiparados e terá que cumprir mais de 2/3 da pena. 
*Lembrando que, com o pacote anticrime, esse benefício estará VEDADO para aqueles que cometerem crime Hediondo/Equiparado, com resultado morte.
	Para que ocorra a progressão de regime, o condenado deverá ter cumprido 1/6 da pena. 
	Para que ocorra a progressão de regime, o condenado deverá ter cumprido: 2/5 da pena, se for primário; e 
3/5 (três quintos), se for reincidente. 
*Após a Lei nº 13.964/2019: 
40%	Primário + Crime Hediondo/Equiparado.
50%	Primário + Crime Hediondo/Equiparado, com resultado morte, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL.
50%	Exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado.
50%	Crime de constituição de milícia privada.
60%	Reincidente + crime hediondo/equiparado.
70%	Reincidente + crime hediondo/equiparado, com resultado morte, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL.
	A pena do art. 288 do CP (associação criminosa) é de 1 a 3 anos. 
	A pena do art. 288 do CP (associação criminosa) 
será de 3 a 6 anos quando a associação for para a 
prática de crimes hediondos ou equiparados. 
*#RESUMOCICLOS: 
➡O rol da Lei nº 8.072/90 é taxativo;
➡ Homicídio simples: em regra, não é crime hediondo, salvo quando praticado em atividade de grupo de extermínio, ainda que por só 1 agente (art. 1º, I, 1ª parte, Lei nº 8.072/90);
➡ O homicídio privilegiado não é crime hediondo por ausência de previsão legal;
➡ FEMINICÍDIO: Trata-se de figura qualificada no homicídio doloso, de competência do Tribunal do Júri e considerada crime hediondo (art. 121, §2º, VI, CP c/c art. 1º, I, Lei nº 8.072/90);
➡ HOMICÍDIO FUNCIONAL: Considera-se homicídio funcional quando o agente passivo for autoridade ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. Houve também alteração na Lei nº 8.072/ 1990 tornando o homicídio funcional crime hediondo;
➡ LESÃO CORPORAL PRATICADA CONTRA AUTORIDADE OU AGENTE DESCRITO NOS ARTS. 142 E 144 CF: a Lei nº 13.142/15 acrescentou o art. 1º, I-A, ao art. 1º, Lei nº 8.072/90, de maneira que se a lesão for gravíssima ou seguida de morte (#OLHAOGANCHO: crime preterodoloso), cometida contra as autoridades ali enumeradas, vamos ter um caso de lesão corporal revestida de hediondez;
➡ LIVRAMENTO CONDICIONAL: para ser beneficiado pelo livramento condicional, o réu deverá cumprir 2/3 da pena, desde que não seja reincidente específico em crimes hediondos (art. 83, V, CP);
➡ *PROGRESSÃO DE REGIME: a) deverá cumprir 1/6 da pena (para os crimes cometidos antes da Lei 11.464/07 - Súmula 471 STJ); b) cumprir 2/5 da pena, se réu primário, ou 3/5, se reincidente (crimes cometidos após a Lei 11.464/07); c) cumprir 40% da pena, se primário + Crime Hediondo/Equiparado; 50%, se primário + Crime Hediondo/Equiparado, com resultado morte, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL; 50%, se exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; 50%, se o crime for de constituição de milícia privada; 60%	, se for reincidente + crime hediondo/equiparado; 70%, se reincidente + crime hediondo/equiparado, com resultado morte, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL. 
➡ ANISTIA, GRAÇA, INDULTO: são insuscetíveis de concessão quando praticados delitos revestidos de hediondez, dada a vedação expressa no art. 5º, XLIII, CF;
➡ PRISÃO TEMPORÁRIA: a) Regra: 5 dias + 5 dias; b) para crimes hediondos: 30 dias + 30 dias;
➡ LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA: STF considera inconstitucional a vedação em
abstrato da concessão de liberdade provisória sem fiança e de penas restritivas de direitos, devendo o julgador decidir de acordo com as circunstâncias do caso concreto;
➡ PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO: Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias (art. 394-A, CPP). #INOVAÇÃO LEGISLATIVA.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime prisional fechado, devendo ser considerado o princípio da individualização da pena (STJ, HC 286.925/RR – Info 540); Estupro e atentado violento ao pudor são hediondos ainda que praticados na forma simples, independentemente se praticados antes ou depois da Lei nº 12.015/09 ou que causem lesões de natureza grave ou morte (Info 505, STJ e Info 835, STF); 🔱 A causa de aumento de pena prevista no art. 9º, da Lei nº 8.072/90 foi tacitamente revogada pela Lei nº 12.015/2009 uma vez que esta lei revogou o art. 224, CP (STF, Info 692). (Tráfico privilegiado NÃO é crime hediondo: Cancelamento da Súmula 512, STJ). 
5. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
	DIPLOMA
	DISPOSITIVOS
	Constituição Federal
	Art. 5º, inciso XLIII
	Lei 8.072/90
	Integralmente
6. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
Anotações de aula.
BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Crimes Federais. 7. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2011. MAIA, Rodolfo Tigre. Dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional. 1. ed. São Paulo: Malheiros, 1999.
Informativos do site Dizer o Direito, Márcio André.

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