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Código Logístico
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6381-9
T
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inícius Sartori
IESDE BRASIL S/A
2018
Tópicos Especiais em TI
Rodrigo Vinícius Sartori
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: spainter_vfx/iStpckphoto
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S26t Sartori, Rodrigo Vinícius
 Tópicos especiais em TI / Rodrigo Vinícius Sartori. - [2. ed.] - 
Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2018.
140 p. : il. ; 21 cm.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6381-9
1. Comunicação e tecnologia 2. Tecnologia de informação 3. 
Educação - Inovações tecnológicas. I. Título.
17-46169 CDD: 303.4833CDU: 316.422
© 2018 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do 
autor e do detentor dos direitos autorais.
Apresentação
O que há de tão especial nos tópicos selecionados nesta obra? 
Por certo, muita coisa. A começar, por proporcionarem um olhar ao futu-
ro do mundo, das novas tecnologias e, com destaque, da tecnologia da in-
formação (TI). É uma forma de preparar os profissionais ligados à ciência 
da computação e à análise e desenvolvimento de sistemas para o cenário 
desafiador – e, ao mesmo tempo, magnífico – que os aguarda em suas 
carreiras, de hoje em diante.
Permitir compreender o essencial em relação às novas tecnologias 
que o acompanharão por toda a vida é o objetivo do capítulo inicial, em 
que se esclarecem aspectos importantes a respeito de ciência, tecnologia 
e inovação no âmbito da TI. Também se apresentam os instrumentos e 
técnicas voltados à prospecção e antecipação de cenários tecnológicos. O 
capítulo é concluído com a abordagem da valiosa ferramenta Hype Cycle.
O Capítulo 2 dedica-se a conscientizar o leitor frente às questões mais 
sensíveis da tecnologia ao longo da história, com ênfase no momento de 
transição atualmente vivido e no imediato porvir. É a parte do livro que 
descreve o fenômeno da Indústria 4.0, ou Quarta Revolução Industrial, 
destacando a implacável transformação digital nesse mundo. Também se 
pondera a respeito do que viria a ser uma possível Indústria 5.0. 
No Capítulo 3, são voltadas atenções para uma aplicação muito 
nobre da tecnologia da informação: o atendimento das pessoas com 
deficiência. Analisam-se novas tecnologias voltadas tanto a necessidades 
especiais físicas quanto mentais.
É no Capítulo 4 que se explora o tema dos aplicativos interativos, 
mostrando as várias facetas da interatividade nas mais modernas apli-
cações de TI. Responde-se, também, às questões de por que interagir, 
quais são os graus ou níveis de interação a considerar no cenário de 
TI, além de uma interessante análise do design como instrumento me-
todológico nesse campo.
Apresentação
O Capítulo 5 é reservado à inteligência artificial, conduzindo o leitor a 
compreender os temas mais atuais a esse respeito. Inclui-se nessa discussão 
conteúdo envolvendo os conceitos, história, abordagens e também os limites 
éticos inerentes a essa inquietante nova tecnologia. 
Tecnologias para dispositivos móveis, tão indispensáveis atualmen-
te, definem o Capítulo 6, que versa a respeito de sistemas embarcados, da 
Internet das Coisas, além de revelar um quadro no mínimo curioso: como 
tudo converge para o rápido fim dos smartphones. 
No Capítulo 7 é explorado o assunto TI verde, trazendo a discussão da 
sustentabilidade socioambiental para a tecnologia da informação. É realiza-
da uma grande radiografia do mercado CleanTech (das tecnologias limpas), 
e descritas tecnologias especialmente úteis tanto para melhor consumir os 
recursos naturais quanto para diminuir a poluição.
Por fim, o Capítulo 8 é voltado ao uso da TI na educação, e as análi-
ses trazidas cobrem a revolução proporcionada pelas ofertas MOOC, pela 
magistral aplicação didática da realidade virtual e da realidade aumentada, 
além de uma reflexão para se perguntar se a TI tornará ou não a educação 
mais inclusiva.
Esta é uma obra feita com especial esmero, com a esperança de poder 
inspirar suficientemente o leitor a buscar explorar o melhor da tecnologia da 
informação para sua vida pessoal e profissional.
Sobre o autor
Rodrigo Vinícius Sartori
Doutorando em Administração na Universidade Positivo (UP). 
Mestre em Engenharia da Produção, especialista em Gestão do 
Conhecimento nas Organizações e engenheiro industrial elétrico pela 
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Professor, pesqui-
sador e consultor sênior de gestão nas áreas de Qualidade e Inovação, 
com vivência internacional (EUA e Espanha). Desenvolve trabalhos aca-
dêmicos e empresariais em todo o Brasil.
6 Tópicos Especiais em TI
SumárioSumário
1 Introdução a novas tecnologias 9
1.1 Ciência, tecnologia e inovação em TI 10
1.2 Prospecção e cenários em tecnologia 14
1.3 Hype Cycle 18
2 A tecnologia ao longo do tempo 27
2.1 Indústria 4.0 28
2.2 Transformação digital 32
2.3 Qual será a próxima revolução industrial? 35
3 TI para pessoas com deficiência 43
3.1 O mercado PcD 44
3.2 Tecnologias voltadas às necessidades especiais físicas 48
3.3 Tecnologias voltadas às necessidades especiais mentais 52
4 Aplicativos interativos 61
4.1 Por que interagir? 62
4.2 Graus de interação 66
4.3 Um novo Design Thinking? 70
Tópicos Especiais em TI 7
SumárioSumário
5 Inteligência artificial 77
5.1 Conceitos e história da IA 78
5.2 Abordagens da IA 82
5.3 Limites éticos 86
6 Tecnologias para dispositivos móveis 93
6.1 Sistemas embarcados 94
6.2 Internet das Coisas 98
6.3 O fim dos smartphones 101
7 TI verde 109
7.1 O mercado CleanTech 110
7.2 Tecnologias para melhor consumir recursos naturais 114
7.3 Tecnologias para diminuir poluição 118
8 TI voltada para a educação 125
8.1 A revolução dos MOOC 126
8.2 A realidade virtual e a realidade aumentada como ferramentas de ensino 130
8.3 A TI tornará a educação mais inclusiva? 134
Tópicos Especiais em TI 9
1
Introdução a novas 
tecnologias
As novas tecnologias vêm redefinindo o mundo, alterando a forma como as pes-
soas vivem, se relacionam, produzem e consomem. Em um processo cada vez mais 
acelerado e intenso, o emprego combinado de novas abordagens tecnológicas vem 
criando e oferecendo novas possibilidades ao ser humano contemporâneo, de tal forma 
que o hábito de vida de gerações anteriores é transformado por completo no espaço de 
apenas uma nova geração – a atual.
A compreensão dessa dinâmica, portanto, parece imprescindível para que o pro-
cesso de gestão tecnológica possa ser guiado aos melhores resultados possíveis. O que 
se procura, enfim, é o aumento da qualidade de vida das pessoas, possibilitando um 
mundo cada vez melhor. Aplicações tecnológicas cumprem um especial papel nesse 
sentido. Dominar tecnologias é competência central para profissionais e organizações 
deste início de século XXI. Naturalmente, o domínio da tecnologia passa, primeiro, 
pela apreensão conceitual dos termos e definições inerentes. Conforme é descrito neste 
capítulo, tecnologia tem um significado muito mais amplo do que aquilo que normal-
mente se associa a essa palavra.
Introdução a novas tecnologias1
Tópicos Especiais em TI10
Quando se aponta para o futuro, conta-se com técnicas e métodos específicos para o 
melhor delineamento das novas tecnologias, o que permite algum grau de previsão ou pros-
pecção tecnológica, tema que aqui se destaca, bem como a compreensão de um interessante 
fenômeno conhecido por Hype Cycle (gráfico que representa a maturidade e a adoção de 
determinadas tecnologias), muito útil para compreender os movimentos industriais e de 
mercado associados às novas tecnologias.
1.1 Ciência, tecnologia e inovação em TI
Ciência, tecnologia e inovação são três termos muito próximos, embora de significados 
fundamentalmentedistintos. Convém um rápido embasamento conceitual, pois isso pro-
porciona um efeito prático bastante apreciável: expande a visão das coisas. Quem tem a 
definição desses conceitos de forma muito clara acaba por melhor transitar em meio aos 
processos tecnológicos, entende melhor, interage melhor, produz melhor. E isso é válido 
tanto para o perfil acadêmico quanto industrial.
Entende-se por ciência o conhecimento, tão puro quanto possa ser concebido. É o sa-
ber teórico fundamental, ainda despreocupado com aplicações práticas ou uso imediato. 
Aqui residem as fórmulas, teoremas e teorias. Na ciência, estão estabelecidas as relações de 
causa e efeito, procurando, essencialmente, explicar os mecanismos atuantes sobre o mun-
do. Portanto, ciência é conhecimento, mas não exatamente qualquer tipo de conhecimento: 
se é científico, é porque se trata de conhecimento formal. Essa formalização, um verdadeiro 
rigor que se aplica para garantir a veracidade do saber, é o que diferencia, enfim, aquilo que 
se sabe daquilo que se acredita – por mais convicção que se tenha nessa crença. Portanto, a fé 
e a ciência, que de forma alguma precisam ser elementos antagônicos, distinguem-se preci-
samente neste aspecto: a ciência não é para acreditar. É para conhecer.
O rigor em questão diz respeito à forma como o conhecimento é produzido, para que 
possa ser atestado como científico. Não é por qualquer meio que se propõe que determinado 
efeito advém de uma tal causa, mas apenas por aquilo que se denomina como método cien-
tífico de produzir conhecimento. Na ciência, não se aceita o “ouvi dizer” ou “li em algum 
lugar”: é preciso provar. Pesquisadores cientistas devem compreender como determinado 
conhecimento foi produzido, conhecer as etapas que foram percorridas, sendo que eles mes-
mos podem seguir esses passos, para confirmar – ou refutar – aquelas conclusões. Portanto, 
há embasamento quando se produz ciência, e é por isso que ela é o conhecimento verdadeiro 
devidamente justificado.
Tecnologia também é conhecimento, contudo, diferente de ciência, trata-se de conheci-
mento aplicado. A aplicação é o uso daquele conhecimento para resolver algum problema 
do mundo real. O mundo carece de soluções para um sem-número de questões. Uma vez 
que se saiba que tal conhecimento serve para a consecução de determinado objetivo, e co-
nhecendo ainda como aplicar da melhor forma possível tal conhecimento na prática, é dito 
que se domina uma tecnologia. Usualmente, no mundo das organizações empresariais, a 
tecnologia é direcionada à produção: como fazer para que determinada empresa consiga 
Introdução a novas tecnologias
Tópicos Especiais em TI
1
11
fabricar aquele produto, ou prestar um serviço em específico? Como se organizar? Quais 
técnicas aplicar? Como selecionar e empregar um conjunto de conhecimentos que servem 
para fazer uma empresa cumprir sua função?
É importante frisar que o conceito de tecnologia é muito mais amplo do que nor-
malmente consegue se supor. Um exercício simples que comprova a limitação que costu-
ma imperar a respeito desse entendimento é utilizar uma dessas ferramentas de buscas 
on-line de imagens, como, por exemplo, o Google Imagens. Ao se digitar o termo tecnologia ou 
technology no buscador, as respostas, invariavelmente, são imagens que remetem à infor-
mática, à internet, à microeletrônica, redes sociais digitais e afins. Isso também é tecnologia, 
mas tecnologia não se limita a esse aspecto. Do ponto de vista de conceito, é como se tra-
tasse da ponta do iceberg. Dominar conhecimentos úteis para resolver um problema prático 
pode envolver, conceber e produzir um poderoso computador de última geração – mas 
também é tecnologia o que se emprega para produzir um bolo de fubá. Levar o homem a 
explorar a Lua envolve um alto grau de sofisticação tecnológica – contudo, fazer um suco 
de laranja também envolve determinado domínio da técnica, que é pensado e sistematizado 
pela tecnologia1. Os saberes orientados à prática são, por certo, das mais variadas naturezas 
e níveis de complexidade. Tecnologia da informação (TI) é uma dimensão de tecnologia. 
Ao mesmo tempo, é interessante reconhecer que Gestão (Administração) também é tecnolo-
gia: Tecnologia de Gestão – que não pode ser confundido com Gestão de Tecnologia.
A tecnologia da informação, por sinal, é a aplicação da ciência da informação para aten-
der demandas reais, práticas – muitas vezes, industriais, que envolvem informação com 
insumo, como agente de transformação e como elemento de agregação de valor. É certo que, 
em muitas circunstâncias, fica difícil separar claramente onde se termina um conhecimento 
puro, de base, e onde começa um conhecimento em processo de aplicação, de utilidade 
concreta. E há que se concordar com Reis (2008): de fato, pouco importa tal delimitação. 
Na prática, dado esse entrelaçamento tão típico e tão forte entre ciência e tecnologia, ambos 
os termos costumam ser referenciados como um binômio (C&T – Ciência & Tecnologia), 
quase como se fosse um único elemento.
Um dos mais relevantes aspectos práticos a respeito de C&T é o fato de que o conheci-
mento puro é, para todo efeito, público e, portanto, gratuito. Contudo, com tecnologia é o 
oposto: o conhecimento aplicado pode ter dono. Não se pode cobrar royalties2 de alguém que 
venha a explorar a lei da gravitação universal ou o teorema de Pitágoras. Contudo, o princí-
pio ativo de um remédio específico pode ser patenteado (protegido contra o uso comercial 
por parte de terceiros). A tecnologia pode, dessa forma, ser propriedade particular de uma 
1 O filósofo Álvaro Vieira Pinto (2005) discute sobre a oposição entre tecnologia e técnica. Para o autor, 
a técnica é algo inerente ao ser humano, que possui a faculdade de projetar artifícios para suprir suas 
necessidades, de forma a mediar suas ações no mundo; já a tecnologia é apresentada como uma reflexão 
sobre a técnica, podendo-se dizer que se trata da sua ciência.
Assim, de acordo com o exemplo, podemos pensar que a técnica empregada para fazer um suco de 
laranja é a de cortá-la e espremê-la; a tecnologia empregada é a de produzir um espremedor automático 
de suco de laranja.
2 Palavra em inglês que significa realeza, regalia ou privilégio. Consiste em uma quantia que é paga por 
alguém ao proprietário pelo direito de usar, explorar ou comercializar um produto, obra, terreno etc.
Introdução a novas tecnologias1
Tópicos Especiais em TI12
pessoa ou de uma organização. Isso tem sua explicação: recompensar o investimento em 
pesquisa e desenvolvimento. Alguns processos de pesquisa e desenvolvimento costumam 
se delongar por anos ou mesmo décadas – com proporcional custo acumulado. Empresas 
que dedicam recursos para criar determinadas tecnologias não querem ver todo seu esforço 
ser livremente aproveitado pelos competidores, cujo esforço de desenvolvimento poderia 
ser a mera cópia, o que é mais barato e configuraria competição desleal. A legislação prevê 
mecanismos para prover essa proteção, na forma de patente tecnológica.
Contudo, em determinadas circunstâncias, as patentes tornam-se pouco ou nada úteis. 
Conforme pode ser acompanhado no Capítulo 2, que aprofunda essa questão, determinadas 
tecnologias possuem um ciclo de vida, uma difusão – e um potencial ostracismo – que são 
muito acelerados. Isso é especialmente marcante na tecnologia da informação. Na prática, 
todo o processo burocrático de se depositar e conseguir a concessão de uma patente pode 
tomar um tempo maior que a própria vida útil daquela tecnologia, ou mesmo ser incom-
patível com a janela de oportunidade de mercado para melhor explorá-la comercialmente. 
Assim, muitas empresas, com destaque àquelas com reputação de mais inovadoras, acabam 
por ignorar maiores disputas de propriedade intelectual, tratando de se ocupar em manter 
um regime de constante pesquisa e desenvolvimento, com recorrentes novos lançamentos, 
apostando nessa estratégia de competitividade: enquanto o competidor se ocupa de copiar 
umatecnologia anterior, a organização já está um passo à frente com a tecnologia de pró-
xima geração. Nos mercados em que o vanguardista costumar ter uma melhor aceitação 
(imitadores não sejam tão bem quistos), isso acaba fazendo todo o sentido como estratégia 
de competitividade.
Por outro lado, enquanto ciência e tecnologia dizem respeito à área mais técnica da 
discussão, inovação é uma competência interdisciplinar: a chave de sucesso é o aspecto mer-
cadológico. Ciência e tecnologia podem ser empregadas, na prática, para uma infinidade de 
invenções, das mais engenhosas às mais bizarras, nas indústrias de todos os tipos. Inventar, 
sob certa perspectiva, parece razoavelmente fácil: basta fazer diferente daquilo que é o nor-
mal, do amplamente difundindo. Mas nem toda invenção é uma inovação. O Manual de 
Oslo (OECD, 2005), como documento internacional de referência no âmbito da conceituação 
de inovação, a define como a invenção comercialmente bem-sucedida. Isso significa que ino-
vação é a invenção que se torna um sucesso comercial, que é aceito (validado) pelo mercado. 
Aquilo que se cria de diferente, mas não se vende, pode ser algo curioso, distinto, talvez até 
mesmo artístico ou digno de louvor, mas não é inovação.
Tecnologia inovadora é aquela nova tecnologia que, por algum motivo (certamente, 
sua utilidade prática singular), é aceita e utilizada pelo mercado. Inovar realiza algo novo 
ou que nunca tinha sido feito antes: apesar de tecnologias antigas também serem aceitas e 
utilizadas pelo mercado, não são inovadoras. E a inovação se estende, conceitualmente, para 
produtos, serviços, processos, marketing e estrutura organizacional.
Um novo bem (físico), que se torne um sucesso de vendas, é uma inovação de produ-
to. Se intangível, convertido em uma prestação de serviço diferente, e ao mesmo tempo 
com êxito comercial, é uma inovação de serviço. O produto e serviço podem ser, inclusi-
ve, até os mesmos que já se tinha, mas caso a forma de produzi-los tenha sido alterada, 
Introdução a novas tecnologias
Tópicos Especiais em TI
1
13
e isso implique em vantagem comercial (um processo mais efetivo, mais rápido, mais se-
guro, ambientalmente mais adequado e/ou socialmente mais responsável etc.), o que 
se caracteriza é uma inovação de processo. Há, inclusive, como se reconhecer inovação 
em marketing como uma das possíveis inovações de processo, mas inovação em marketing 
acaba ganhando essa categorização distinta, para realçar as virtualmente infinitas possibili-
dades de fazer diferente e alcançar sucesso nos atributos de preço, praça, produto e promo-
ção (os 4Ps do marketing). Finalmente, a categoria de inovação em estrutura organizacional 
reconhece a validade de se alterar a ordem naturalmente estabelecida para as organizações 
funcionarem com vistas ao cumprimento de sua missão institucional: aqui, proliferam abor-
dagens alternativas, como trabalho à distância, coworking (trabalho em espaço comparti-
lhado), novas estruturas executivas (como, por exemplo, uma vice-presidência dedicada à 
inovação e à transformação digital), times de projeto formados por consórcios de empresas, 
entre outros.
Assim como há diferentes tipos de inovação, anteriormente descritos, também existem 
distintas abrangências geográficas e intensidade de inovação. No quesito de abrangência, 
uma inovação pode ser mundial ou global (ineditismo em grau máximo). Mas também po-
de-se falar em inovação nacional (quando, até então, só existe fora do país: algumas orga-
nizações são conhecidas por “tropicalizar” tecnologias, quando as lançam, com vanguarda, 
no Brasil). De forma análoga, inovações podem ser regionais, ou até mesmo empresariais: 
ainda é inédito tão somente para aquela empresa (naturalmente, uma inovação menor, mas 
ainda assim, uma inovação).
No quesito intensidade da inovação, esta pode ser radical ou incremental. Radical é a com-
pleta reformulação conceitual de um produto ou de uma tecnologia, e incremental é o rótulo 
aplicado para as pequenas melhorias que muito agregam valor a um produto ou tecnologia, 
mas que não chegam a revolucionar por completo aquele produto ou tecnologia. Por exem-
plo, um detector de gotas de chuva, que aciona automaticamente o limpador de para-brisa, 
parece um recurso bastante apreciável, mas que ainda torna o carro um carro (por isso, é 
uma inovação incremental). O mesmo não se pode afirmar quanto aos automóveis autodiri-
gíveis (sem necessidade de motorista), que redefinem o conceito daquele produto – por isso, 
com justiça, uma inovação tida como radical.
Como um jargão perigosamente alardeado, tem-se observado, com muita frequência, 
o emprego do termo disrupção para algumas situações, e é comum que inovações radicais 
sejam associadas a inovações disruptivas. Há um importante senão que merece ser desta-
cado: conforme bem defendido por Christensen e Raynor (2013), são conceitos distintos. 
A disrupção diz respeito, necessariamente, a um rompante no hábito das pessoas (usuários, 
consumidores, clientes etc.). Ou seja, na forma como as pessoas consomem ou utilizam um 
determinado produto ou tecnologia que é profundamente alterada, com impactos sociais e 
culturais associados.
A transformação definitiva que o Uber traz na mobilidade urbana, por exemplo, é o que 
o eleva a uma inovação disruptiva (e não apenas o fato de seu aplicativo permitir chamar 
carros, programar rotas, pagar em ambiente seguro virtual etc.). Tecnologicamente falando, 
o aplicativo desenvolvido e empregado pelo Uber não tem lá grandes novidades funcionais 
Introdução a novas tecnologias1
Tópicos Especiais em TI14
que permitam classificá-lo como inovação radical: há muito, já eram difundidos o mapa 
eletrônico, o pagamento on-line, o ranking mútuo de utilizadores (no caso, motoristas e pas-
sageiros) e outros. Contudo, a associação das características empregadas para formatar esse 
produto, e o modelo de negócio que foi arquitetado, representou uma das maiores revolu-
ções em nível global no comportamento das pessoas ante à necessidade de procurar uma 
locomoção urbana. Isso é, portanto, uma disrupção por excelência.
A inovação é a engrenagem que movimenta mercados, indústrias e, com isso, a própria 
economia em nível global. Conforme o Capítulo 2 se ocupa em detalhar, a tecnologia da 
informação merece destaque como verdadeira protagonista da evolução acelerada de boa 
parte das demais tecnologias. Bastante exploradas pelas principais corporações de todos os 
segmentos, as plataformas tecnológicas inovadoras, tais como nanotecnologia, biotecnolo-
gia, robótica, inteligência artificial, Internet das Coisas, Big Data, tecnologia dos materiais, 
entre tantas outras, estão em processo de efervescente revolução, e especialmente de inte-
gração, graças a características inerentes da tecnologia da informação – por assim dizer, con-
cordando com Ramos et al. (2012), tudo parece orbitar ao seu redor, no fenômeno conhecido 
por Quarta Revolução Industrial (ou Indústria 4.0).
1.2 Prospecção e cenários em tecnologia
A tecnologia é, seguramente, condicionadora e direcionadora de mudanças nos cená-
rios futuros. Nesse contexto, atividades de prospecção de tecnologia são definidas como 
aquelas cujo olhar é ao futuro ou aos possíveis futuros. Quando se procura identificar tec-
nologias de próximas gerações, o futuro de maior interesse é o não imediato: comumente, 
diz respeito a horizontes temporais de alguns anos há algumas décadas, embora também 
seja possível encontrar determinadas abordagens ousando explorar (mesmo que de modo 
especulativo) séculos ou até milênios à frente.
Ressalta-se: é importante prospectar tecnologias. Os resultados dos estudos nesse cam-
po oferecem um olhar detalhado e valioso para possíveis avanços nas mais diversas áreas de 
atuação humana, implicando, muitas vezes, em significativas oportunidades de disrupção 
para o trabalho, para a vida pessoal, para as estruturas corporativas e até mesmo para as 
políticas públicas. E é justamente esse o motivo peloqual governos, organizações e pesqui-
sadores costumam contratar e se envolver em pesquisas orientadas à prospecção do futuro 
das mais diversas tecnologias.
Da perspectiva de uma nação, essa iniciativa favorece o desenvolvimento em geral. 
É fato que o Brasil é considerado um país atrasado em relação às potências mundiais, tam-
bém no quesito de desenvolvimento tecnológico (salvo exceções raras, pontuais e insufi-
cientes). Parece admissível que exista alguma relação entre o grau de desenvolvimento tec-
nológico de uma país (entenda-se aqui o patamar alcançado por todas as suas instituições 
científicas e empresariais) e o nível de adoção de processos de prospecção em tecnologia. 
Com a constante evolução tecnológica, a sociedade altera a tecnologia, da mesma forma 
que a tecnologia molda a sociedade. Em função dessa dinâmica, os próprios métodos que 
Introdução a novas tecnologias
Tópicos Especiais em TI
1
15
as organizações adotam para prever e prospectar tecnologia sofrem contínuas alterações. 
Assim, é importante diferenciar os conceitos associados aos termos prospecção em tecno-
logia (foresight), previsão em tecnologia (forecasting) e avaliação tecnológica (assessment). Na 
classificação proposta por Porter et al. (2004) e Porter (2010):
• Prospecção em tecnologia: refere-se ao processo sistemático de identificar desen-
volvimentos tecnológicos futuros e suas interações com a sociedade e o meio am-
biente, com a finalidade de promover ações orientadoras destinadas a produzir 
um futuro mais desejável.
• Previsão em tecnologia: é o processo sistemático de descrever o surgimento, de-
sempenho, recursos ou impactos de uma tecnologia em algum momento no futuro.
• Avaliação tecnológica: ocupa-se do estudo de impactos relacionados à adoção de 
uma tecnologia.
• Roadmapping de tecnologia: método de gestão empregado como suporte ao pla-
nejamento estratégico tecnológico de uma organização. Ele auxilia na estrutu-
ração, desdobramento, comunicação e estabelecimento da visão de futuro da 
organização e na sua integração com os planos de mercado, produto e tecnolo-
gia. Essencialmente, apresenta-se como uma ferramenta gráfica usada para se 
estabelecer relação entre as necessidades futuras de mercado, a tecnologia atual 
da empresa, a tendência da tecnologia no mundo e programas de pesquisa e de-
senvolvimento (P&D). Desse modo, a empresa pode tomar decisões para melhor 
aproveitamento dos investimentos de capital em P&D, com garantia de alinha-
mento à estratégia da organização.
Historicamente, por volta do ano 8000 a.C., após a era baseada na tecnologia agrícola 
(que até pode ser reconhecida como a primeira verdadeira “Revolução Industrial”, interpre-
tando o termo como um salto de produtividade do labor humano), a sociedade passou a se 
apoiar definitivamente no uso cada vez mais intensivo e integrado de diferentes vertentes 
tecnológicas. É possível o reconhecimento de dois períodos bem caracterizados, a sociedade 
industrial (em torno de 1800) e sociedade da informação (a partir de 1970) – e até mesmo 
a iminência de um terceiro, que alguns denominam, mesmo que de forma provisória, de 
sociedade molecular.
A sociedade industrial foi a primeira era com definitivos esforços de prospecção em 
tecnologia. Trata-se de uma época caracterizada pela II Guerra Mundial, Guerra Fria e 
terrorismo – eventos que despertaram interesse a respeito das tecnologias que estavam 
por vir, tendo como objetivo a segurança nacional. A previsão tecnológica tornou-se 
essencial para avaliar as necessidades futuras de defesa dos EUA, nação vanguardista 
como potência tecnológica. Entre 1950 e 1960, algumas organizações, dentre as quais 
o Departamento de Defesa norte-americano, desenvolveram ferramentas quantitativas 
para previsão tecnológica, ferramentas semiquantitativas (mapeamento, morfologia e 
análise de necessidades), além de técnicas qualitativas, tais como estudos de cenários e 
Método Delphi. Esse é um período marcado também pela preocupação com o monitora-
mento e impacto das novas tecnologias.
Introdução a novas tecnologias1
Tópicos Especiais em TI16
Os EUA se concentraram na pesquisa e desenvolvimento de produtos bélicos, e com o 
país ocupado com esse foco de prioridade, outras nações acabaram por se destacar em de-
senvolver tecnologias em setores industriais distintos. Naquela época, analistas da Europa 
e Ásia assumiam papel relevante no desenvolvimento de conceitos de prospecção em tec-
nologia. Assim, começava-se a reconhecer na previsão em tecnologia uma entrada válida e 
relevante para a estratégia corporativa. De igual modo, as necessidades de clientes ou mer-
cados, bem como fatores políticos, internacionais, econômicos, trabalhistas e os ambientes 
regulatórios deviam ser atraídos para o esforço total de prospecção em tecnologia.
Por sua vez, é na sociedade da informação que ocorre a segunda era da prospecção em 
tecnologia. A sociedade da informação é caracterizada pelo período em que ocorre, entre 
outros acontecimentos marcantes, o aperfeiçoamento e a difusão da internet como plata-
forma de tecnologia de informação e comunicação e o drástico aumento na capacidade dos 
computadores. Essas são conquistas tecnológicas que facilitaram a utilização das técnicas 
de estudos de cenários e Método Delphi, que podem ser consideradas as ferramentas mais 
amplamente utilizadas nessa época, além da análise bibliométrica. Também pode ser citada 
a utilização de novos métodos de prospecção, tais como a ciência da complexidade e pers-
pectivas múltiplas.
Não obstante, a sociedade molecular dá espaço para a terceira era da prospecção em 
tecnologia. A primeira era (sociedade industrial) já passou por todas as fases de ciclo de 
vida, que são a gestação, crescimento, maturidade e declínio. A segunda era (sociedade 
da informação) passou pela gestação e crescimento, encontrando-se, nas primeiras déca-
das do século XXI, na maturidade. Ocorre que a terceira era (sociedade molecular), como 
lembra Schwab (2016), ainda está na etapa gestacional, caminhando para o crescimento – 
uma transição que se espera para em torno do ano 2025. Esse é um período em que podem 
ser identificados direcionadores revolucionários, como a biotecnologia e a nanotecnologia. 
De alguma forma, a biologia está se tornando uma ciência da informação. E, por outra pers-
pectiva, a tecnologia da informação começa a adotar características dos sistemas biológicos. 
Como a ciência progride, a fronteira entre sistemas vivos e artificiais, e entre a vida real e 
virtual, está se tornando cada vez mais de difícil distinção. As notícias sempre recorren-
tes sobre fanáticos fundamentalistas e guerras religiosas, por exemplo, têm conduzido a 
discussão de como a evolução das tecnologias pode ocasionar a utilização de novas armas 
baseadas em genética, nanotecnologia, robótica etc.
Por isso, alguns questionamentos surgem nessa nova era: será que os fatos asso-
ciados a esse período podem envolver mudanças significativas nas formas de previsão 
e de prospecção em tecnologia? Ocorrerá o aprimoramento dos métodos já existentes? 
Surgirão novas técnicas de previsão e prospecção em tecnologia que se somarão às vá-
rias já existentes? O que parece mais provável é a integração ou uso combinado de dife-
rentes métodos de prospecção.
Existem inúmeros métodos de prospecção de tecnologia para atender a diferentes obje-
tivos, como destaca Porter (2010). Atingir tais objetivos envolve recorrer a uma diversidade 
de procedimentos, com distintas abordagens (às vezes, complementares). Esses métodos po-
dem ser agrupados em famílias, de acordo com algumas características comuns e objetivos 
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aos quais melhor se destinam. O Quadro 1 apresenta uma lista de métodos prospectivos em 
função do agrupamento em famílias de similaridades.
Quadro 1 – Métodos de análises de tecnologias futuras.
Famílias de métodos Exemplos de métodos
Abordagens criativas TRIZ, sessões de trabalho sobreo futuro, visionamento, ficção científica.
Monitoramento 
e inteligência Vigilância em tecnologia, mineração em tecnologia.
Descritivos Bibliometria, lista de verificação de impactos, índice de estados futuros, avaliação de múltiplas perspectivas.
Matrizes Analogias, análises morfológicas, análise de impactos cruzados.
Análises estatísticas Análise de riscos, correlações.
Análises de tendências Modelamento de curva de crescimento, principais indicadores, curvas de envelope, modelos de onda longa.
Opinião de especialistas Survey, Delphi, grupos focais, abordagens participativas.
Modelagem e simulação
Descrições de sistemas de inovação, modelamento de siste-
mas adaptativos complexos, modelamento de regimes caó-
ticos, análises de difusão ou substituição de tecnologias, 
modelamento de entradas e saídas, modelagem baseada 
em agente.
Análise lógica / 
Análise causal
Análise de requisitos, análises institucionais, análises das 
partes interessadas, avaliação de impacto social, estraté-
gia de mitigação, análises de sustentabilidade, análises de 
ação (avaliação de políticas), árvores de relevância, roda 
do futuro.
Mapeamento Descrição do futuro em sentido inverso ( backcasting), mapeamen-to de tecnologia x produto, mapeamento científico.
Cenários Gestão de cenários, cenários baseados quantitativamente.
Análises de valoração 
/ Auxílio à decisão 
/ Econômica
Análise de custo benefício (CBA), processo analítico de hie-
rarquia (AHP), análise de envelopamento de dados (DEA), 
análises de decisão por multicritérios.
Combinações Simulação de cenários (jogos), análise de impacto de tendências.
Fonte: PORTER, 2010, p. 41. Adaptado.
Métodos podem ser combinados, dependendo da complexidade e objetivos da análi-
se. Existem métodos hard (baseado em análises quantitativas) e soft (baseado em análises 
qualitativas). Há os extrapolativos (que visam antecipar potenciais futuros, no contexto de 
mudança) e normativos (orientados a descrever o futuro desejado).
Como curiosidade, a própria ficção científica é considerada um dos métodos de pros-
pecção de novas tecnologias, na família de abordagens criativas. Embora seja literatura ro-
manceada, fruto de produção artística, sua especial utilidade é para inspiração de pesquisas 
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que culminem em desenvolvimento da ciência e tecnologia – e resultem em inovações de 
impacto para a sociedade.
Os clássicos do gênero parecem insuperáveis: a produção literária de nomes como 
Arthur C. Clarke e Isaac Asimov, em seu conjunto da obra, fecunda as demais mídias 
de Sci-Fi, como filmes (Star Wars, Blade Runner, Back to the Future, Matrix etc.) e seriados 
televisivos (X-Files, Lost, Millenium, Black Mirror etc.). A ficção científica é o ponto de 
convergência entre a arte e a ciência. Estas se influenciam mutuamente. É interessante 
observar que muitas pessoas que enveredam por uma formação técnica, como engenhei-
ros e tecnólogos, fazem suas escolhas acadêmicas e profissionais incentivadas também 
pela influência da ficção científica em suas vidas. Da mesma forma, boa parte dos temas 
explorados por pesquisadores acadêmicos e cientistas em geral é induzida pelos produ-
tos de ficção científica consumidos na infância e adolescência.
Tal apelo motivacional, de cunho mais emotivo que racional, parece que sempre se fez 
presente, em todos os tempos, de maneira mais velada ou mais explícita. Não restrita a um 
mero passatempo, a ficção científica se mostra inspiração e até mesmo direcionadora de 
temas com verdadeiro potencial de conversão em hipóteses para comprovação ou refuta-
ção científica. Quanto conhecimento já foi efetivamente gerado, aplicado e industrializado 
décadas depois dos inventos descritos pela mente de Júlio Verne? Da robótica romanceada 
por Isaac Asimov, do sistema de comunicações intra e interplanetário de Arthur Clarke, 
da engenharia genética sugerida por Aldous Huxley? Poderia o gênio Leonardo da Vinci, 
se tivesse direcionado sua produção artística mais para o storytelling da ficção literária que 
para escultura e pintura, ter traduzido sua originalidade científica em fonte de inspiração 
para mais gerações de cientistas, de modo a, quem sabe, antecipar as grandes descobertas 
tecnológicas da história da humanidade em alguns séculos?
Portanto, é válido, como técnica de prospecção, explorar a análise das produções de 
 ficção científica, especialmente as de boa qualidade, buscando nelas traços, mesmo que tê-
nues, do que podem ser futuros desenvolvimentos tecnológicos reais. Afinal, indiscutivel-
mente, tudo o que existe concretamente de fato em um dado momento foi primeiramente 
pensado/imaginado/sonhado antes.
1.3 Hype Cycle
O Gartner Group é uma consultoria norte-americana especializada em pesquisa e pros-
pecção tecnológica, que carrega em sua identidade o sobrenome de seu fundador, Gideon 
Gartner, considerado um dos grandes patriarcas da indústria da tecnologia da informação e 
responsável pela fundação da empresa em 1979.
Fenn e Raskino (2008) reconhecem que a influência dos trabalhos desenvolvidos por 
essa organização é bastante expressiva no campo das novas tecnologias em geral. A em-
presa se ocupa em analisar mercados dos mais diversos setores e suas grandes tendências. 
A partir disso, elabora, anualmente, um infográfico consolidado na forma de uma curva, 
que demonstra a evolução e o grau de desenvolvimento das tecnologias disponíveis para 
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aquele segmento. Com isso, os clientes do Gartner Group, indústrias de todas as vertentes, 
como no ramo de telecomunicações, alimentos, construção civil, vestuário, automobilístico, 
entre tantas outros, conseguem decidir, com mais precisão, para onde direcionar seus inves-
timentos e esforços tecnológicos.
Esse infográfico é apresentado em uma curva bem característica, de fácil identificação 
entre os pesquisadores de tecnologia dado seu formato peculiar, e é denominado Hype Cycle. 
A tradução para o português não costuma ser utilizada, pela imprecisão e ambiguidade ao 
referir-se a exagero e similares (ciclo de exagero, ciclo de euforia etc.), por isso, no campo de 
estudos de tecnologia, a convenção é manter a expressão original em inglês – altamente di-
fundida em meio à literatura especializada e, por isso, já incorporada ao termo corriqueiro. 
A Figura 1 ilustra o Hype Cycle, com todos os seus estágios identificados.
Figura 1 – Hype Cycle.
Expectativa
proliferação de 
fornecedores
assunto do momento 
na grande mídia
sondagem de 
primeiros usuários
produtos de 1ª geração, 
preço alto, muita necessi-
dade de personalização
startup em primeira 
rodada de investimento 
de capital de risco
P & D
Tempo
Crescendo No auge
Caindo em 
depressão
início das notícias 
negativas na mídia
consolidação de 
fornecedores e falhas
2ª e 3ª rodadas de 
financiamento de 
capital de risco
Gatilho tecnológico Pico das 
expectativas infladas
Vale das 
desilusões
Aclive de iluminação Platô de 
produtividade
desenvolvimento de 
tecnologias e boas 
práticas
Subindo a ladeira Entrando no platô
começa a fase de ado-
ção de alto crescimento: 
20% a 30% do público-
-alvo adota a inovação
Menos de 5% 
do público-alvo 
atingido
terceira geração de pro-
dutos, inovações, kits de 
produtos
segunda geração de 
produtos, alguns 
serviços
negócios já além apenas 
de usuários precoces
Fonte: FENN; RASKINO, 2008. Adaptado.
Como visto, essa curva mostra a expectativa, reputação ou aceitação de determina-
da tecnologia ao longo do tempo – podendo também ser entendidas como visibilidade e 
maturidade que se alcança. Conforme pode ser acompanhado ao longo do eixo horizontal 
(temporal), há cinco fases bem nítidas: gatilho de inovação ou gatilho tecnológico, pico das 
expectativas infladas, vale das desilusões, aclive de iluminação e platô de produtividade ou 
planalto de produtividade. E elas procuram representar um fenômeno sócio técnico comum 
a todas as novas tecnologias:entre o momento de seu surgimento e a estabilidade para apli-
cação industrial, há um momento de forte turbulência, caracterizado pela rápida febre que 
se forma (hype) seguido por uma quase tão imediata depressão ou frustração em torno das 
expectativas originais daquela tecnologia. Isso acaba por explicar uma série de desdobra-
mentos práticos da difusão e assimilação de novas tecnologias.
No gatilho tecnológico, marco de lançamento daquela nova tecnologia, estão os produ-
tos e aplicações mais recentes lançadas no mercado. O sugestivo nome pico das expectativas 
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infladas reúne os produtos e aplicações em voga, alvos de grande burburinho, sendo testa-
dos por um grande número de companhias. É uma fase em que as expectativas usualmente 
são maiores que o real valor daquelas novidades, o que ajuda a explicar o estágio seguinte: 
vale das desilusões, uma etapa realmente crítica, uma vez que, a partir desse ponto, novas 
tecnologias podem ser simplesmente abandonadas (cair em total desuso), ou então começa-
rem a ser aprimoradas para melhor adaptação ao mercado. O aclive de iluminação reúne os 
produtos e aplicações que conseguiram ser melhorados em relação à fase anterior, portanto, 
com sucesso em permanecer no mercado. Finalmente, o planalto de produtividade é atingi-
do por aqueles produtos e aplicações testados e aprovados efetivamente, validados (aceitos) 
pelo mercado.
Nos relatórios anuais do Gartner Group, o Hype Cycle é atualizado para mostrar qual a 
posição de momento de diversas tecnologias alvo de monitoramento. Para cada uma delas, 
características peculiares podem fazer com que determinadas fases sejam muito mais ace-
leradas ou muito mais lentas para transição, que o pico seja muito maior, o vale muito mais 
amplo, entre outros. O que não costuma mudar é o visual do gráfico, que ilustra, de maneira 
bastante efetiva, o recorrente fenômeno de euforia à depressão que antecede o uso estável 
de uma determinada tecnologia.
Compreender a utilidade do Hype Cycle é reconhecer que trabalhar com tecnologias 
emergentes é altamente desafiador. Afinal, é difícil garantir se o hype de um determina-
do fenômeno tecnológico é exagero, tendência, ou um verdadeiro tsunami. Inovações estão 
sempre associadas a riscos: quando uma organização decide investir em uma tecnologia 
inovadora, não há como deixar de conviver com alto nível de incertezas. As coisas podem 
dar muito, muito certo, como também muito, muito errado.
Como bem descrito por Reis (2008) e Fenn e Raskino (2008), o ambiente de negócios 
está cada vez mais complexo e agressivo. E é nesse meio que as empresas, para sobreviver 
e prosperar, são impelidas a inovar de forma contínua – organizações permanentemente 
inovadoras. As novas tecnologias são o futuro de muitas frentes de negócio, afinal, são ca-
pazes de destruir, criar e redesenhar indústrias em passo cada vez mais acelerado. A neces-
sidade da vanguarda tecnológica é imperativa: ao mesmo tempo, adotar tecnologias ainda 
não consolidadas é um desafio para gestores de organizações de todos os tipos. As questões 
inevitáveis sobre as quais se debruçam gestores e especialistas na indústria são as que apre-
sentamos a seguir.
• De que forma as organizações podem avaliar, decidir e incorporar novas tecnolo-
gias aos negócios, diante da altíssima incerteza a respeito de sua viabilidade?
• Que critérios adotar para decidir entre uma estratégia agressiva (ser pioneiro na 
utilização da tecnologia) ou conservadora (preferindo a observação de mercado e 
espera de primeiros resultados dos concorrentes)? Naturalmente, os riscos e os be-
nefícios de cada uma dessas estratégias precisam ser devidamente considerados.
• Como conviver com a possibilidade de as novas tecnologias redefinirem o próprio 
modelo de negócio atualmente empregado pela empresa? Não obstante criar no-
vos negócios, a tecnologia emergente pode ser responsável, ao mesmo tempo, pela 
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obsolescência completa do negócio tradicional da organização, que muitas vezes é 
o responsável pela trajetória de sucesso até então alcançado de uma marca.
• Como planejar recursos e preparar a estrutura organizacional para o processo de 
transferência de tecnologia?
O ponto crítico do Hype Cycle é a depressão da curva. Uma dada tecnologia caminha, 
ao longo do tempo, para chegar nesse ponto de inflexão, que é precisamente o momento em 
que se alcança massa crítica suficiente para se disseminar pela indústria e causar impactos 
de forma exponencial, ou ser completamente abandonada (ou substituída).
É interessante observar como os mais recentes relatórios Hype Cycle do Gartner posicio-
nam a tecnologia da informação como verdadeira protagonista das plataformas tecnológicas 
de próxima geração. Ao menos três macrotendências sintetizam o caminho da evolução tec-
nológica para os próximos anos:
1. Experiências imersivas: o termo originalmente adotado pelo Gartner é transparently 
immersive experiences, abrangendo o conjunto de tecnologias que estão se tornan-
do mais orientadas ao ser humano, e com isso, cada vez mais invisíveis, fluídas 
e contextuais no que tange ao relacionamento entre pessoas, sistemas artificiais e 
organizações empresariais. Alguns exemplos práticos são as tecnologias de reali-
dade virtual e de realidade aumentada. Também estão incluídas as próximas ge-
rações de tecnologias já concebidas há algum tempo, como é o caso da tecnologia 
de impressão 3D (com mais de três décadas de existência): as impressoras 4D es-
tão surgindo, com novas e impactantes aplicações, que envolvem a produção de 
materiais inteligentes, que se moldam e remoldam fisicamente ao longo do tem-
po (a quarta dimensão), em função de determinados parâmetros (entre os quais 
a interação humana). Nessa categoria de experiências imersivas, merecem desta-
que também tecnologias emergentes como Human Augmentation, Brain-Computer 
Interface, Volumetric Displays, Affective Computing, Nanotube Electronics e Gesture 
Control Devices.
2. Máquinas inteligentes: a expressão originalmente utilizada pelo Gartner, Perceptual 
Smart Machine Age, diz respeito à inteligência artificial que opera assistentes pes-
soais como Google Now, Siri e Cortana, veículos autônomos e robôs, fundamen-
tada em algoritmos sofisticados, arquitetura de machine learning e técnicas de lin-
guagem natural. Já há um bom tempo os algoritmos inteligentes estão presentes 
no cotidiano das pessoas, muitas vezes sem serem percebidos. É o caso dos al-
goritmos de recomendação, totalmente incorporados ao processo de escolher 
um filme no Netflix ou um livro na Amazon. Algoritmos poderosos são empre-
gados para que rotas sejam propostas pelo Waze, para que o Uber possa preci-
ficar antecipadamente uma corrida, para que empresas automatizem o processo 
de aprovação de crédito dos clientes, e para que passagens aéreas sejam manti-
das com preços dinâmicos, entre tantas outras inúmeras realidades do cotidiano. 
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Tópicos Especiais em TI22
A inteligência artificial é a base de funcionamento do poderoso motor de bus-
ca do Google. É fácil concordar com Singh (2012; 2014) sobre as possibilidades 
iminentes serem realmente impressionantes, uma vez que o Hype Cycle associa-
do se concretize: uma máquina HLMI (Human-Level Machine Intelligence) – um 
computador capaz de emular a maioria das atividades profissionais humanas 
ao menos tão bem quanto uma pessoa – tem, segundo as previsões tecnológi-
cas já mapeadas, mais de 50% de chance de ser realidade por volta do ano 2050. 
A partir daquele ponto, chegar-se a uma máquina superinteligente seria questão de 
poucas décadas. Por máquina superinteligente, entenda-se o alcance de um intelecto 
que excederá em muito o desempenho cognitivo da raça humana em absolutamen-
te todos domínios de conhecimento.
3. Revolução das plataformas: a análise do Gartner a respeito da Platform Revolution 
alerta parao irreversível deslocamento da infraestrutura tecnológica para ecossis-
temas – tecnologias operando como plataformas e como catalisadoras de novos 
negócios de alto impacto. Trata-se de um movimento que já iniciou, fundamen-
talmente a partir das primeiras aplicações de cloud computing (computação em nu-
vem). Contudo, a maior revolução parece se aproximar a partir da difusão gene-
ralizada de tecnologias como blockchain e Software-Defined Everything (SDx): estas 
possuem um infindável potencial para criação de novos modelos de negócio, enrai-
zando a conexão invisível e intuitiva entre pessoas e novas tecnologias.
Conclusão
Inegavelmente, novas tecnologias proliferam em quantidade e em força de impacto na 
sociedade. Elas são capitaneadas pela tecnologia da informação, e o ritmo de sua difusão 
não é apenas bastante rápido, mas continuamente acelerado, resultando em crescimento 
exponencial – e convergente entre as mais diversas tecnologias. Como um desdobramento 
prático inequívoco, impõe-se o planejamento estratégico tecnológico como agenda obriga-
tória de organizações de todos os segmentos e portes.
Para muito além de revolucionar funcionalidades de produtos e qualidade de serviços, 
as novas tecnologias mudam as estruturas sociais, as práticas empresariais e, inevitavelmen-
te, os modelos de negócios. Portanto, estabelecer um eficiente processo de gestão de tecno-
logia passa a ser cada vez mais uma competência essencial das organizações que tiverem a 
ambição de serem bem-sucedidas na nova era industrial que já se estabeleceu.
 Ampliando seus conhecimentos
Meirelles (2011) faz suas considerações sobre cenários e tendências do uso de tecnologia da 
informação, convidando a imaginar o que ainda pode ocorrer com o uso da TI nos bancos com 
a desmaterialização dos meios de pagamento ou no varejo com a transformação do processo 
de comercialização.
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Cenários e tendências do uso de TI
(MEIRELLES, p. 1, 2011)
[...] Uma nova fronteira digital da economia está mudando os participan-
tes, a dinâmica, as regras, as exigências de sobrevivência e os parâmetros 
de sucesso.
O papel da TI nesse cenário, incluindo os Sistemas de Informação, fica 
cada vez mais nítido, estrutural e propício tanto para um processo de 
inovação sustentada como para uma inovação disruptiva provocada pela 
descoberta de um novo arranjo de negócio viabilizado pelo uso inovador 
da TI.
O alinhamento da TI com os diversos componentes da organização é 
um importante fator chave de sucesso nos negócios da economia digital 
que atravessamos.
[...]
Essa visão de futuro do impacto da TI nos negócios permite identificar 
uma série de fatores com potencial crescente de alavancar ou mexer com 
os resultados dos negócios em geral.
[...]
Uma questão central é como transformar a informatização compulsória 
das organizações em “Inteligência Analítica”. Isto é, como obter retorno, 
informação e conhecimento a partir dessa imposição, que no início tende 
a ser vista só como elemento de custo. Em vários casos estudados, encon-
trou-se, por exemplo, benefício tangível com um maior conhecimento 
sobre o comportamento dos clientes, permitindo melhorar resultados com 
a identificação de novos produtos ou simplesmente com a adequação dos 
já existentes.
A necessidade de aumentar essa inteligência analítica, que envolve uma 
avaliação cuidadosa sobre a modelagem dos dados – estruturados e não 
estruturados –, não vai acontecer apenas porque existem mais dados e 
informações relevantes disponíveis no ambiente das empresas e fora 
delas, mas também porque o consumidor está mais exigente.
Introdução a novas tecnologias1
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O maior impacto da necessidade de se atender perfis diferentes da sociedade 
de maneira diferente está, no entanto, nos sistemas de informações e nas 
infraestruturas de TI das empresas. Do ponto de vista dos sistemas de infor-
mações, há um aumento da complexidade de segmentos e uma demanda 
por captura de informações desestruturadas em redes sociais e outras fon-
tes de dados emergentes. Estas duas tendências, somadas à necessidade de 
decisões em tempo real para ofertas e atendimento a clientes, devem impor 
o desenvolvimento de uma nova geração de plataformas de relacionamento 
com os clientes, deixando obsoletas as arquiteturas tradicionais.
Assim, Inteligência Analítica é um dos fatores críticos para uma visão de 
futuro do uso das tecnologias de informação e comunicação.
[...]
 Atividades
1. Qual a importância da ciência e tecnologia para a inovação?
2. Por que motivo é importante prospectar novas tecnologias?
3. Por que a fase de vale das desilusões é tão crítica na abordagem do Hype Cycle?
4. Do que se trata a macrotendência tecnológica de experiências imersivas?
 Referências
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growth. Boston, MA: Harvard Business Review Press, 2013.
FENN, J.; RASKINO, M. Mastering the Hype Cycle: how to choose the right innovation at the right 
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MEIRELLES, F. Cenário e tendências do uso de TI. Revista SAP Spectrum, 2011.
OECD - Organization for Economic Co-operation and Development. The measurement of scientific 
and technological activities Oslo manual: guidelines for collecting and interpreting innovation data. 
3. ed. Paris: OECD Publishing, 2005.
RAMOS, E. et al. A. Gestão estratégica da tecnologia da informação. São Paulo: Ed. FGV, 2012.
PINTO, A. V. O conceito de tecnologia. v. 1. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005.
PORTER, A. Technology foresight: types and methods. International Journal of Foresight and 
Innovation Policy, v. 6, n. 1-3, p. 36-45, 2010.
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Tópicos Especiais em TI
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25
PORTER, A. et al. Technology futures analysis: toward integration of the field and new methods. 
Technological Forecasting & Social Change, n. 71, p. 287-303, 2004.
REIS, D. Gestão da inovação tecnológica. Curitiba: Manole, 2008.
SCHWAB, K. A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2016.
SINGH, S. New mega trends: implications for our future lives. eBook Kindle: Basingstoke: Palgrave 
Macmillan, 2012.
_____. Top 20 global megatrends and their impact on business, cultures and society. San Antonio: 
Frost & Sullivan, 2014.
 Resolução
1. Ciência e tecnologia produzem conhecimento, e é com conhecimento válido e útil 
que se criam novidades, novas abordagens e novas propostas de produtos e tecnolo-
gias – algumas das quais podem conseguir êxito comercial (aceitação pelo mercado), 
assim configurando inovação. Por assim dizer, ciência e tecnologia são matéria-pri-
ma para a inovação.
2. Conhecer, na medida do possível, os possíveis caminhos que uma tecnologia percor-
rerá nas próximas décadas é especialmente útil por uma infinidade de razões, entre 
elas, o fomento de adequadas políticas públicas de desenvolvimento, por parte dos 
governos, e do planejamento estratégico da tecnologia, por parte das empresas, o 
que pode levar à assimilação em tempo hábil das novidades na área, que podem ser 
convertidas efetivamente em inovação e novos negócios, portanto, criando impor-
tante vantagem competitiva.
3. Porque ali reside o ponto de inflexão de uma tecnologia emergente, a partir do 
qual ela pode ser aprimorada para efetivo emprego na indústria (alcançando o 
aclive de iluminação e o platô da produtividade) – ou então ser definitivamente 
abandonada ou substituída por outra tecnologia. O monitoramento dessa con-
dição é essencial para as organizações preocupadas em manter resultados de 
vanguarda tecnológica permanente.
4. Com sua abordagem human-centric (direcionada ao ser humano), essas tecnolo-
gias promovem uma integração invisível e intuitiva entre pessoas, sistemas arti-
ficiais e empresas, de tal forma que seu uso seja percebido como o mais natural 
possível. Aqui, a integração homem--máquina alcança um grau inédito, quando 
sistemas biológicos eartificiais começam a operar mutuamente para melhor de-
sempenho de ambos.
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A tecnologia ao 
longo do tempo
Quando os ancestrais humanos descobriram que um osso ou um galho poderiam 
servir de arma, uma pedra poderia ser útil para partir um coco, cavar um buraco ou 
mesmo para rabiscar algo, nasciam os primeiros conhecimentos sobre a técnica: como 
empregar coisas para produzir algo, realizar alguma tarefa, solucionar algum desafio 
ou problema. As ferramentas foram acompanhando a evolução humana, evoluindo 
também para máquina e equipamentos cada vez mais úteis e indispensáveis na rotina 
do dia a dia, de forma que a tecnologia foi aprimorando as primeiras técnicas desen-
volvidas pelo homem até chegar ao ponto em que a engenhosidade humana começou 
a empregar a informação como insumo produtivo.
A partir de então, a curva de evolução tecnológica deixa de ser linear e passa a ser 
exponencial, com igual efeito no desenvolvimento das organizações, dos negócios e 
da sociedade como um todo. Acompanhar a evolução da tecnologia, entendida como 
conhecimento aplicado, ao longo do tempo é um fascinante exercício de compreensão 
da capacidade humana de transformar o mundo.
A tecnologia ao longo do tempo2
Tópicos Especiais em TI28
2.1 Indústria 4.0
Inicialmente, convém esclarecer a respeito da adequada interpretação que a palavra in-
dústria merece. Por algum motivo, talvez a maioria das pessoas, quando se depara com esse 
termo, automaticamente o associa com fábricas, esteiras levando produtos e peças em linhas 
de montagem, ou alguma imagem de Tempos Modernos, o icônico filme de Charles Chaplin. 
Não há dúvidas de que isso também é indústria, mas o conceito não se limita à atividade de 
manufatura fabril. Indústria é sinônimo de produção, em seu conceito mais amplo.
Assim, envolve-se tanto o clássico processo de transformação de matérias-primas em 
bens físicos com determinados atributos agregados, tão típico da indústria da manufatura, 
como também a própria articulação de recursos envolvida na prestação de um serviço: o 
termo indústria de serviços é totalmente válido. Da mesma forma, são igualmente coerentes 
os empregos do termo em uma ampla variedade de expressões, como indústria cinemato-
gráfica, indústria da educação, indústria fonográfica, indústria cultural, indústria da saúde, 
indústria de seguros, entre uma infinidade de outros exemplos. O termo indústria está para 
a produção (oferta) assim como mercado está para consumo (demanda).
É o que precisa ser levado em consideração quando se trata de compreender o fenô-
meno da Revolução Industrial, ou das várias revoluções industriais que a humanidade tem 
experimentado e as que ainda vai conhecer. Tudo diz respeito à atividade do trabalho, da 
produção conduzida por pessoas para atender anseios, demandas e necessidades de outras 
pessoas. A indústria existe para atender ao mercado, sendo fato comum que este último seja 
a real justificativa para a arquitetura industrial. Quando se fala em Revolução Industrial, o 
que está em discussão é, portanto, um momento histórico que caracteriza um salto de pro-
dutividade tão grande, a ponto de redefinir por completo o que se conhecia até então como 
parâmetro industrial.
É por esse ângulo que é possível reconhecer na própria Revolução Agrícola – época 
de transformação de uma humanidade nômade em uma mais fixada ao local geográfico 
em que se produziam alimentos – uma primeira grande revolução industrial, embora se 
costume associar a expressão revolução industrial ao momento histórico em que a máquina a 
vapor e as locomotivas se tornam realidade corriqueira, com o rótulo de Primeira Revolução 
Industrial. É indiscutível que ali ocorre genuinamente um salto da capacidade produtiva: 
isto é, quando o efeito de melhorias sucessivas não é a continuidade de uma rampa, mas sim 
o aparecimento de um degrau.
No que diz respeito ao posterior segundo degrau, a assim chamada Segunda 
Revolução Industrial é marcada pelo uso da eletricidade na produção, a viabilidade da 
produção em massa e o aparecimento de artefatos revolucionários como avião, navio 
a vapor, refrigeração mecânica e a invenção do telefone eletromagnético. No campo da 
gestão, é impossível não reconhecer a importância do gerenciamento científico da pro-
dução, criado por Frederick Taylor.
Mais uma vez se alcançou uma revolução nos níveis de produtividade industrial a par-
tir do momento em que computadores e automação robótica começam a ser a base dos 
A tecnologia ao longo do tempo
Tópicos Especiais em TI
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modelos produtivos, especialmente na indústria automotiva. Por isso, a justa denominação 
de Terceira Revolução Industrial, que se estendeu até anos muito recentes. Se ainda incipiente 
na Segunda Revolução Industrial, a tecnologia da informação começa a se tornar imprescin-
dível nos sistemas produtivos da era seguinte, principalmente a partir do momento em que 
computadores de alta capacidade se tornam acessíveis às organizações em geral.
Não por acaso, Terceira Revolução Industrial costuma ser associada à era do conheci-
mento: aquele estágio que a humanidade alcança em que, diferente da era industrial clássica, 
o conhecimento passa a se tornar o insumo mais relevante – eis a tecnologia da informação 
começando a traçar as novas direções dos sistemas produtivos, a partir de artefatos como as 
redes locais de computadores e a grande rede, de disposição mundial, que é a internet e a 
web 2.0. Para Reis (2008), essas são competências tão essenciais às organizações empresariais 
quanto as clássicas gestão financeira, gestão de recursos humanos e gestão da produção; 
além dessas, irrompem disciplinas como gestão da tecnologia, gestão do conhecimento e 
gestão da inovação.
E assim como, na perspectiva de alguns pesquisadores e especialistas, a Segunda 
Revolução Industrial parece ser mais uma extensão natural dos desdobramentos tecno-
lógicos da Primeira Revolução Industrial, o que viria na sequência da Terceira Revolução 
Industrial, embora profundamente disruptiva e impactante para toda a indústria, pode ser 
entendida como uma consequência inevitável do aprimoramento geral da tecnologia da in-
formação e de suas aplicações entre as diversas outras tecnologias.
Para muitos, a Quarta Revolução Industrial, a chamada Indústria 4.0, inicia junto ao 
surgimento da cloud computing (computação em nuvem). É um ponto de inflexão, a partir 
do qual o mundo convencional (físico) começa a migrar irreversivelmente para o mundo 
digital. Verdadeiras plataformas tecnológicas com potencial de novas aplicações, a nanotec-
nologia, biotecnologia, robótica, Internet das Coisas, Big Data, M2M, inteligência artificial, 
impressão 3D, tecnologia dos materiais, entre tantas outras, passam por contínuo aprimora-
mento e, destaca-se, convergência, a partir da integração com as tecnologias de informação e 
comunicação (TIC), como destaca Schwab (2016). A tecnologia da informação parece dragar 
todas as demais tecnologias para uma trajetória de aperfeiçoamento em que ela, TI, é, ao 
mesmo tempo, princípio, meio e fim nessa dinâmica conjunta.
O que a Quarta Revolução Industrial provoca é a mais radical modificação da sociedade 
em todos os tempos. Por cerca dos últimos 250 mil anos, período que se acredita correspon-
der à completa trajetória humana sobre a face da Terra, a humanidade evoluiu com base 
em um desenvolvimento local e linear. Local, no sentido de que se uma pessoa nascesse em 
determinada região, era muito provável que ali crescesse, produzisse e morresse. Linear, 
em termos de velocidade constante das melhorias e avanços tecnológicos. Por assim dizer, o 
ritmo de mudanças que uma pessoa assistia em sua infância correspondia, grosso modo, ao 
mesmo ritmo de mudanças já na velhice.
Desse período realmente expressivo de 250 mil anos, contudo, são os últimos 50 anos 
que destoam por completo a forma de desenvolvimento: ela passa a ser global e exponen-
cial. Global, no sentido que a mobilidade geográficaalcançou tal ponto que é muito comum 
A tecnologia ao longo do tempo2
Tópicos Especiais em TI30
pessoas perfazendo suas etapas de vida nas mais diferentes regiões do planeta: nascer em 
um local, crescer em outro, e assim ir experimentando diversos outros lugares, mesmo em 
escala internacional, para estudar, se aprimorar, produzir e usufruir das benesses de uma 
vida mais longeva. Por crescimento exponencial, entenda-se um ritmo continuamente ace-
lerado de avanço tecnológico, que alcança, na época atual, um patamar de alcance até certo 
ponto assustador. O Gráfico 1 ilustra a diferença entre um ritmo linear e um ritmo exponen-
cial de crescimento.
Gráfico 1 – Comparação entre crescimento linear e crescimento exponencial.
Tendência exponencial
Tendência linear
Joelho da curva
Fonte: SINGULARITY UNIVERSITY, 2017. Adaptado.
A diferença entre os dois ritmos de crescimento é tão acentuada que chega a ser de-
safiadora a projeção mental dessa disparidade. A abordagem visual é especialmente útil 
para melhor compreender a diferença alcançada em alguns poucos passos incrementais. 
Nos primeiros incrementos, as duas curvas estão muito próximas, mas logo após alguns 
incrementos subsequentes, a distância que se alcança é surpreendente. Se valores forem 
tabulados, a constatação é ainda maior: dar 30 passos lineares de 1 metro significa andar, 
ao todo, 30 metros. Dar 30 passos exponenciais (1 m, 2 m, 4 m, 8 m, 16 m etc.) equivale 
a cobrir 1.073.741.824 metros. Para compreender, em uma perspectiva humana, o que 
representam mais de 1 bilhão de metros, basta saber que correspondem a 26 voltas em 
torno do planeta Terra.
Novas tecnologias possuem o poder exponencial por uma razão significativa: o co-
nhecimento é cumulativo. A nova geração de pessoas não se vê obrigada a reinventar 
a roda no que diz respeito à ciência e tecnologia, mas já pode partir do conhecimento 
que se acumulou até aquele momento histórico, e a partir dali, avançar o estado-da-arte 
científico e tecnológico.
A tecnologia ao longo do tempo
Tópicos Especiais em TI
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Chega até a ser um tanto quanto contraintuitivo esforçar-se por compreender o que é 
uma melhoria da ordem de bilhões de vezes. Alguns exemplos são úteis para ajudar nes-
se desafio. No que diz respeito à tecnologia de circuitos integrados eletrônicos, conside-
re-se que, em 1958, dois transistores ocupavam o espaço correspondente a cerca de 1 cm2. 
Em 1971, o Intel 4.004 dispunha, nesse mesmo quadrado, de 1 cm de lado, 2.300 transistores. 
Um salto de dois para 2.300 é bastante apreciável. Contudo, quase desprezível ao se conside-
rar o que se alcançaria em 2012: um GPU Nvidia encaixava, nesse mesmo espaço físico, 7,1 
bilhões de transistores. E a evolução tecnológica ao longo do tempo, naturalmente, nunca 
estaciona. Nesse espaço de 54 anos, não foi apenas o atributo dimensional (espaço físico) 
que foi revolucionado: essas poucas décadas foram suficientes para que, simultaneamente, 
se alcançassem dispositivos 10 mil vezes mais velozes e 10 milhões de vezes mais baratos. 
Ou seja, uma tecnologia 100 bilhões de vezes melhor.
Em 1960, a tecnologia de ICBM, responsável pela navegação e precisão dos mísseis 
intercontinentais, era fundamentada em uma geringonça com funções de controle de velo-
cidade, orientação e aceleração, de cerca de 23 kg de massa e com custo na casa de milhões 
de dólares. Nos primeiros anos do século XXI, dispositivos extremamente miniaturizados, 
a ponto de serem componentes quase imperceptíveis visualmente em um smartphone, eram 
disponibilizados na indústria na forma de um acelerômetro de US$ 1 e um giroscópio de 
US$ 3, com capacidade muito maior. Tais tecnologias, não obstante, caminham para uma 
evolução ainda mais surpreendente, na forma de máquinas de estrutura molecular (nano-
métrica), virtualmente sem custo unitário apreciável.
O primeiro receptor de GPS lançado comercialmente remonta a 1981, na forma de um 
equipamento de 24 kg e quase US$ 120 mil. Em 2010, o mundo já contava com microchips 
com função GPS que cabiam, com muita folga, na ponta de um dedo, por menos de US$ 5 
cada. Em 1976, o engenheiro Steven Sasson, da Kodak, orgulhava-se de sua criação, a pri-
meira máquina fotográfica digital da história: resolução de 0,01Mp, massa de 1,7 kg e preço 
em torno de US$ 10 mil. Em 2014, o dispositivo de câmera digital móvel, onipresente em 
qualquer telefone celular, apresentava-se com 10Mp, 13g e US$ 10. Mil vezes mais resolução, 
mil vezes mais leve, mil vezes mais barato.
Seria inevitável que tamanha profusão exponencial alcançasse o mundo digital. 
Na tecnologia da informação, os dados crescem de forma exponencial. Em 2010, 5 bilhões 
de gigabytes eram produzidos em dois dias de operação da internet. Em 2013, esse volume 
de dados passou a ser produzido a cada 10 minutos. Uma companhia aérea gera mais de 1 
Tb de dados por dia. Além disso, mais de 100 horas de conteúdo de vídeo são adicionados 
ao YouTube a cada minuto. Assim, como característica marcante da Indústria 4.0, é muito 
natural que tecnologias exponenciais conduzam, no mundo das organizações empresariais, 
a negócios exponenciais, novos empreendimentos (startups) que, em pouquíssimo tempo de 
operação, passam a incomodar as grandes marcas tradicionais estabelecidas no mercado – 
isso quando não as destroem por completo.
A tecnologia ao longo do tempo2
Tópicos Especiais em TI32
2.2 Transformação digital
Startups, representando, de um lado, o novo paradigma dos negócios, e as empresas 
tradicionais, de outro, na sua busca pela reinvenção necessária à sobrevivência e prosperi-
dade na Quarta Revolução Industrial, dispõem de uma mesma estratégia para seus intentos 
particulares: a transformação digital, que acontece da forma mais ampla possível: produtos 
e serviços, processos e finalmente os negócios por completo, totalmente digitalizados ou 
virtualizados. A tecnologia da informação é a maior responsável por impelir o ritmo de 
transformação digital que cada organização, de qualquer ramo e porte, pode implementar.
Nem toda startup significa, necessariamente, um modelo de negócio digital. Embora 
reconheça-se que são casos mais raros, até mesmo indústrias manufatureiras podem ser 
startups. É porque o conceito envolve, fundamentalmente, a proposição de um novo ne-
gócio. Não qualquer novo negócio, evidentemente, precisa ser relacionado ao chamado 
empreendedorismo de alto impacto, genuinamente inovador, um novo negócio potencial-
mente escalável. Por escalabilidade, entende-se a capacidade de se atingir um ritmo de 
crescimento vigoroso, caso receba os recursos necessários. Na prática, por uma questão 
de nível de investimento (capital comprometido), e até mesmo de perfil e valores indi-
viduais das novas gerações de empreendedores, é o cenário mais comum que as startups 
estejam fundamentadas em modelos de negócios totalmente digitais (e, quase sempre, 
na forma de aplicativos para smartphones).
É comum que startups nasçam a partir da modelagem de negócios voltados ao apro-
veitamento das infinitas possibilidades de apoiar a transformação digital da sociedade 
e das demais organizações empresariais. Para as empresas tradicionais, a transformação 
digital é a resposta para a necessidade de reinvenção, ou readaptação, a novas condi-
ções do ambiente de negócios. Portanto, é um fenômeno que transpassa organizações de 
todos os perfis possíveis. Em maior ou menor grau, seus desafios são imperativos para 
qualquer tipo de empreendimento.
Transformação digital envolve, principalmente, a gradativa digitalização de todos os 
processos produtivos. Isto é, todas as rotinas de trabalho, sejam elas de cunho mais técnico, 
como a própria atividade de chão de fábrica (a linha de produção), ou processos administra-
tivos, tão convencionais como finanças, marketing e recursos humanos. E mesmo nas orga-
nizações que continuam a produzir produtos físicos habituais, tais como eletrodomésticos, 
automóveis ou artigos esportivos, a mudança na forma como as atividadessão organizadas, 
a partir das ferramentas digitalizadas, é realmente revolucionária.
Entenda-se que, ao se tratar do significado da digitalização, o que precisa ser reconhe-
cido é a definitiva ruptura entre um objeto e a sua respectiva aplicação ou benefício associa-
dos. Por exemplo, no caso de uma revista convencional, as folhas de papel empregadas para 
viabilizar a existência daquele objeto são as mesmas que trazem a informação escrita, que 
é essencialmente o que dá valor àquela revista. Ou seja, caso o aparato físico seja destruído 
(perdido, molhado etc.), perde-se, junto, a mensagem que ele carrega consigo.
A tecnologia ao longo do tempo
Tópicos Especiais em TI
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Na área técnica, e nos processos mais voltados à produção propriamente dita, os re-
cursos de simulação e emulação eletrônicos possibilitam que até as etapas de protótipos 
possam ser experimentadas apenas em ambiente virtual, sem mobilizar maiores recursos 
nessa etapa do processo de planejamento e desenvolvimento de produtos que costuma ser 
tão cara em termos de volume de investimentos necessários. Um automóvel, por exemplo, 
pode ser não apenas projetado de forma virtual (simulado), mas testado (emulado) nesse 
mesmo ambiente, antes de começar sua produção de forma física, proporcionando uma 
incrível economia de recursos e aumento do time-to-market – tão essenciais, principalmente 
no caso de negócios de concorrência acirrada.
A preparação da fábrica ganha a possibilidade de só se partir para a aquisição das mais 
caras máquinas e equipamentos especializados após sucesso nos testes virtuais (em que 
vários parâmetros podem ser testados até se encontrar a configuração ideal para se inves-
tir). Processos de manutenção industrial são otimizados ao máximo, principalmente pelas 
novas possibilidades de manutenção preditiva com base em tecnologia M2M (comunicação 
automática máquina a máquina, ou mesmo componente com máquina). Finalmente, toda 
a cadeia produtiva fica melhor sincronizada por meio da comunicação instantânea dos sis-
temas informatizados de uma empresa com os sistemas de seus principais fornecedores, 
resultando em um fluxo de trabalho mais fluido, com menor lead-time, mais qualidade (me-
nor retrabalho, sucateamento, desperdício etc.) e, com tudo isso expressiva e generalizada 
redução de custos.
Mas, como já se frisou, não é apenas no processo produtivo direto que a transformação 
digital ocorre: ganhos similares se fazem realidade em qualquer outro processo adminis-
trativo ou indireto da empresa. O departamento financeiro pode ser digitalizado, com uma 
integração direta do sistema da empresa com bancos e demais instituições financeiras, além 
da própria comunicação automatizada do contas a receber da empresa junto ao contas a 
pagar dos seus clientes corporativos, e vice-versa no que tange aos fornecedores.
O escrutínio fiscal por parte dos órgãos públicos em nível federal, estadual e municipal, 
em ambiente totalmente digital, reduz substancialmente, quando não eliminar por comple-
to, a necessidade de fiscalizações presenciais. Permeando todos os processos financeiros e 
contábeis, a tecnologia de blockchain redefinirá o papel de instâncias tidas como indispensá-
veis, como bancos, que perderão a conotação de canais principais para financiamento das 
operações. Principalmente quando o objetivo é o lançamento de produtos e serviços inova-
dores, já há algum tempo se tornou comum, via plataformas digitais, campanhas de cap-
tação de recursos das empresas diretamente junto aos seus consumidores – entusiastas de 
uma determinada marca, não raro, fazem questão de pagar antecipadamente pela solução 
que a empresa promete, financiando, assim, todo o processo de pesquisa e desenvolvimen-
to. Além disso, criptomoedas, como bitcoins e similares, permitirão novas possibilidades de 
monetização do negócio.
O departamento de recursos humanos pode ser digitalizado, desde o processo de 
recrutamento e seleção, passando por capacitação e desenvolvimento, até o desligamen-
to dos profissionais. As possibilidades se ampliam com recrutamento e seleção on-line: 
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vagas são divulgadas instantaneamente por um número infindável de canais, a capta-
ção de perfis e currículos se torna tão seletiva e específica quanto for necessário para os 
talentos procurados, e as entrevistas e testes complementares podem ser feitos virtual-
mente, dispensando presença física, ou seja, reduzindo substancialmente os custos en-
volvidos (tanto para empregador quanto para candidato) e tornando o processo muito 
mais rápido, confiável e transparente.
Já há algum tempo, é praxe realizar-se inclusive um due dilligence (investigação aprofun-
dada) da atividade dos candidatos (e dos já funcionários) nas redes sociais. Treinamentos 
e formações continuadas, em meio digital, ampliam a oferta de possibilidades de capaci-
tação e desenvolvimento para os profissionais da empresa, incluindo as possibilidades de 
eventos com instrutores internacionais sem os tradicionais custos envolvidos na logística 
convencional (seja de trazer instrutores de fora, seja para mandar participantes para eventos 
no exterior). O mapeamento de competências fica mais dinâmico, oferecendo leituras em 
tempo real no ambiente das empresas. Avaliações de treinamento, de todas as instâncias, se 
tornam facilitadas pelos recursos digitais. Até mesmo o processo de desligamento fica mais 
eficiente, possibilitando feedback (orientação corretora de comportamento e desempenho) e 
acompanhamento do profissional durante e até mesmo após o período de afastamento (útil 
especialmente em cargos mais estratégicos).
O departamento de marketing pode ser digitalizado, e isso em incontáveis frentes de 
atuação, desde o branding (gestão de reputação da marca), a publicidade, os estudos de 
precificação, desenvolvimento e acompanhamento de mercado, canais diretos e indiretos 
de distribuição, entre tantas outras possibilidades. Aliás, é inegável que a digitalização dos 
processos nas organizações tende irreversivelmente, ao que tudo indica, a esvaziar cada 
vez mais os canais indiretos e potencializar os canais diretos – a tecnologia digital faz os 
intermediários serem cada vez mais dispensáveis. O marketing direto é profundamente po-
tencializado em ambiente digital. Nesse novo mundo em irreversível digitalização, o geren-
ciamento de reputação ganha uma função especialmente crítica: afinal, se antes, no modelo 
convencional, prevalecia a máxima de que “o cliente satisfeito recomenda para um, e o clien-
te insatisfeito fala mal para dez”, diante do poder concedido à voz dos consumidores nos 
ambientes digitais, é bem admissível esperar que um descontente espalhe rapidamente sua 
indignação para mil, 10 mil, 100 mil ou mais pessoas.
Por assim dizer, em um mundo cada vez mais digitalizado, as empresas estão profun-
damente expostas, sendo que mesmo pequenos deslizes e falhas podem macular rápida e 
amplamente uma organização. Por outro lado, se uma empresa se encontra, sob essa pers-
pectiva, em uma delicada e sensível posição na relação com os consumidores e sociedade 
em geral, seus concorrentes encontram-se na mesma situação. E é neste ponto que as orga-
nizações podem aproveitar a valiosa contribuição dos processos de inteligência competitiva: 
o meio digital permite, a custo muito baixo ou praticamente zero, monitorar constantemente 
as movimentações de mercado dos concorrentes.
Essa leitura de ações e iniciativas do competidor, quando realizada em tempo hábil, 
pode promover um maior grau de inovação nas empresas, pela disputa constante de quem 
A tecnologia ao longo do tempo
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lança primeiro (ou lança melhor) determinada novidade. Ressalte-se, a tempo, que não há 
nada de ilegal nesse tipo de iniciativa: como bem descrito por Reis (2008), diferente de es-
pionagem industrial (comportamento antiético ou mesmo criminoso), a inteligência com-
petitiva apenas se aproveita da competência

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