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Fichamento livro "Mulheres, Raça e Classe" - Angela Davis

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Fichamento de Estudos Étnico-Raciais 
DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe, São Paulo, Boitempo, 2016
1. O legado da escravidão: parâmetros para uma nova condição da mulher
No primeiro capítulo do livro, Angela Davis aponta como a natureza feminina das mulheres negras escravizadas constituiu-se centrada nas relações trabalhistas, ao contrário do que aconteceu com as mulheres brancas. “Como escravas, essas mulheres tinham todos os outros aspectos de sua existência ofuscados pelo trabalho compulsório” (DAVIS, 2016), escreve a autora. Neste sentido, a condição social destas mulheres detinha certa paridade com os homens - visto que as exigências de trabalho eram iguais para ambos e a desigualdade surgia quando punições à elas detinham um caráter sexual e que violava-as de modo que não cabia aos homens. As exigências que sofriam no “serviço” forçado tornava-as conscientes de sua força, de modo que “A consciência que tinham de sua capacidade ilimitada para o trabalho pesado pode ter dado a elas a confiança em sua habilidade para lutar por si mesmas, sua família e seu povo.” (DAVIS, 2016)
2. O movimento antiescravagista e a origem dos direitos das mulheres
Mostra como as lutas abolicionista e a por emancipação feminina se cruzaram, aliás, cresceram juntas. “De fato, assim que o movimento antiescravagista foi organizado, as operárias ofereceram um apoio decisivo à causa abolicionista.” (DAVIS, 2016). Tal rede de apoio se dá pela identificação das mulheres brancas com uma situação de opressão, ainda que esta fosse marcada pelo gênero e não pela raça. Na realidade, era o grito contra a designação à seu papel institucionalizado de “bela, recatada e do lar”. Ao fazer petições, falas e mobilizações que desafiavam o lugar a elas posto, reivindicavam sua participação política. Como bem disse Angelina, que com sua irmã Sarah Grimke foi uma das líderes desse duplo movimento, “[...] o que a mulher poderá fazer contra a escravidão, quando ela mesma estiver subjugada ao homem e humilhada no silêncio?” (DAVIS, 2016)
3. Classe e raça no início da campanha pelos direitos das mulheres
A sequência aponta as falhas da luta feminista em promover o pensamento antirracista. “Essa grave deficiência [...] infelizmente foi transferida para o movimento organizado dos direitos das mulheres”. Embora fosse contrário ao que as irmãs Grimke pregavam, tal fato se deu em larga escala, mas não sem resistência e como exemplo dela têm-se a presença de Sojourner Truth com seu emblemático discurso que questionava “não sou eu uma mulher?”, que fez ao enfrentar espaços de poder masculinos. Ainda sobre ela, “[...] caso as mulheres brancas tendessem a esquecer que as mulheres negras não eram menos mulheres do que elas, sua presença e seus discursos serviam como um lembrete constante. As mulheres negras também obteriam seus direitos.” (DAVIS, 2016) Ainda, referente às mulheres trabalhadoras, Davis aponta que pouco foi dito sobre elas, independente de sua raça.
4. Racismo no movimento sufragista feminino
Stanton e Susan Anthony foram duas representantes da presença de um racismo gritante dentro do movimento sufragista. De fato, havia um conflito entre os discursos das mulheres que consideravam o direito ao voto delas como pauta mais importante e entre os homens negros, como Frederick Douglass, para quem naquele momento era mais urgente a extensão do voto aos homens negros que às mulheres. Apresentou uma resolução que objetivava a extensão do voto a todas as classes que não tinham esse direito, ou seja, tinha uma ampla e inclusiva visão ao contrário das mulheres sufragistas que não receavam ao demonstrar seu pensamento contrário ao povo negro. 
5. O significado da emancipação para as mulheres negras
Passada a Guerra Civil, as mulheres negras não se encontraram de fato com uma situação de emancipação. Na busca por alocação no Mercado de Trabalho, a maioria gritante delas só encontrou lugar no serviço doméstico, onde realizavam trabalhos em condições exaustivas, por vezes análogos à escravidão e em constante ameaça de sofrer violação de seus corpos. Davis aponta que “A definição tautológica de pessoas negras como serviçais é, de fato, um dos artifícios essenciais da ideologia racista.”
6. Educação e libertação: a perspectiva das mulheres negras
No campo educacional, houve certa aliança entre mulheres negras e brancas. “A união e a solidariedade entre elas ratificaram e eternizaram uma das promessas mais férteis de nossa história.” (DAVIS, 2016), pois no cenário pós Guerra Civil imperava altos índices de anafalbetismo. Daí se iniciou uma luta por educação, houve criação de escolas e inclusão de alunos negros negra - embora não em todas e nem de maneira aceita passivamente. Ademais, cabe mencionar que o interesse e a dedicação aos estudos pelas crianças negras era maior que o das crianças brancas, pelo ensino vincular-se totalmente a um ideal libertário. 
7. O sufrágio feminino na virada do século: a crescente influência do racismo
Aprofundando a discussão do capítulo quatro, aqui se comenta mais sobre o racismo sufragista. “Por mais racistas que as posturas iniciais do movimento de mulheres possam parecer, foi apenas na última década do século XIX que a campanha pelo sufrágio feminino começou a aceitar definitivamente o abraço fatal da supremacia branca” (DAVIS, 2016). 
8. As mulheres negras e o movimento associativo
Os movimentos associativos de mulheres, inicialmente de mulheres brancas que se reuniam em caráter subversivo, existiam e detinham um caráter racista. Posteriormente as negras também se organizaram, em resposta aos abusos sexuais e linchamentos sofridos por suas irmãs. Enquanto estes partiam, portanto, de uma luta dada a necessidade por sobrevivência e resiliência, aqueles marcavam-se mais por serem uma ocupação àquelas cansadas da vida doméstica e religiosa pacatas que frequentavam.
9. Mulheres trabalhadoras, mulheres negras e a história do movimento sufragista
O ingresso feminino no mercado de trabalho foi crescente e as organizações sindicais também. No entanto, há aqui um recorte racial importante: a organização trabalhista negra, foi, em detrimento das brancas precedentes, mais comprometida com as mulheres trabalhadoras em suas ações. Davis pontua que a ausência feminina branca nesta luta provavelmente se deu pela imersão delas na pauta do sufrágio. No contexto trabalhista, o jornal Revolution representou um espaço de divulgação das pautas femininas como igualdade salarial. Para além do espaço impresso, empregou mulheres e impulsionou sua organização. Tais mulheres, no entanto, falhavam enquanto classe ao não ter consciência da exploração sofrida pela classe trabalhadora, independente de seu gênero. Afinal, igualdade de direito político não acompanha uma igualdade econômica. O voto passou a enquadrar a luta trabalhadora quando viu-se que através dele se poderia reivindicar melhores condições de trabalho. 
10. Mulheres comunistas
A participação feminina nas fileiras socialistas se deu por volta de 1900. O Partido Socialista foi o único a defender o sufrágio feminino por anos e foram as mulheres socialistas que inseriram o sufragismo como pauta da classe trabalhadora. O racismo passou a ser, em meados da década de 30, reconhecido como central na sociedade estadunidense pelos comunistas que incorporaram a luta contra o racismo em sua pauta. Lucy Parson, Ella Reeve Bloor, Anita Whitney, Elizabeth Gurley Flym e Claudia Jones são apresentadas como exemplo de mulheres comunistas neste capítulo.
11. Estupro, racismo e o mito do estuprador negro
“Na história dos Estados Unidos, a acusação fraudulenta de estupro se destaca como um dos artifícios mais impiedosos criados pelo racismo” (DAVIS, 2016). Aqui, Davis discorre sobre como acusações contra homens negros eram usadas para legitimar violência contra os mesmos, algo percebido pelas mulheres negras que tinham um cuidado ausente nas brancas para lidar com essa questão. Na realidade, as leis anti-estupro sempre foram pensadas para a proteção de mulheres brancas, já que as negraseram frequentemente vítimas desta situação por seus senhores brancos ou autoridades que não desempenhavam a função de protegê-las. Enquanto isso, o mito do estuprador negro alimentou cada vez mais violência e linchamentos. 
12. Racismo, controle de natalidade e direitos reprodutivos
Neste capítulo é apontado que “O controle de natalidade - escolha individual, métodos contraceptivos seguros, bem como abortos, quando necessários - é um pré-requisito fundamental para a emancipação das mulheres” (DAVIS, 2016). Embora esta pauta seja importante, o histórico de tal luta apresentou traços que não contestavam as explorações de raça e classe. A principal mensagem deixada pela autora após discorrer sobre é de que “a prática abusiva da esterilização deve acabar.” (DAVIS, 2016)
13. A obsolescência das tarefas domésticas se aproxima: uma perspectiva da classe trabalhadora. 
Por fim, acerca das tarefas domésticas, comumente atribuídas às mulheres e de uma carga imensurável justamente por serem intermináveis, poderiam ser realizadas por novas tecnologias capitalistas, o que não tem ocorrido por falta de interesse do sistema. No entanto, o ingresso delas no mercado de trabalho, o aumento do consumo de comidas processadas e até a divisão delas com os homens demonstra como na realidade estas atividades têm cabido cada vez menos na vida dos trabalhadores, cuja emancipação tem apontado para um horizonte socialista.
Considerações - sobre a matéria e a tese da autora 
	A tese central deste autora, ícone do ativismo negro, acadêmica e abolicionista estadunidense é a de há intersecções nas lutas de gênero, raça e classe que não podem ser desconsideradas - pelo contrário, deve fazer com que andem juntas, reconhecendo a exploração de classe intimamente ligada às demais.
	A disciplina em estudo, Estudos Étnico-Raciais, tem nos trazido em sala de aula histórias sobre o povo negro, a constituição do racismo, suas consequências e resistências. Neste sentido, esta obra tornar-se fundamental por apresentar mais uma visão que contribui para o debate apresentando todos estes elementos e na visão de uma militante cuja contribuição para os estudos e para a formação de um pensamento social crítico não pode ser mensurado.

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