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HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA, AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA Celiane Ferreira da Costa Kate Rigo A escravidão no Brasil: indígena e africana Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os impactos históricos e econômicos da colonização por- tuguesa no Brasil. Analisar as diferentes relações estabelecidas entre portugueses e indígenas no Brasil. Descrever a origem do tráfico de escravos africanos no Brasil. Introdução A diversidade cultural caracteriza a história do Brasil. O território nacional originalmente foi povoado por grupos indígenas distintos que possu- íam sistemas sociais, culturais e linguísticos heterogêneos. Quando os portugueses chegaram por aqui, de acordo com Cunha (1992), estima- -se que havia 6 milhões de pessoas segmentadas em mil diferentes grupos indígenas. Ou seja, a recorrente contraposição entre descoberta e ocupação deixa de ter sentido e abre espaço para uma história mais integrativa, que considera os múltiplos agentes que contribuíram para a formação de um país gigante pela própria natureza territorial, cultural e social. Neste capítulo, você vai conhecer os aspectos gerais do processo de ocupação e colonização portuguesa no Brasil e o impacto de tal processo no desenvolvimento colonial. Além disso, você vai estudar o choque cultural entre os habitantes nativos do Brasil e os portugueses. Por fim, vai ver um panorama do processo de tráfico e escravidão africana em terras brasileiras. 1 A colonização portuguesa no Brasil colonial Compreender o processo de ocupação europeia no território brasileiro no século XVI é uma tarefa que requer o conhecimento do contexto vigente e das características culturais que diferenciavam seus protagonistas, na época conhecidos como os “civilizados” e os “selvagens”. Pensar nessas interações que geraram confrontos e adaptações auxilia a perceber melhor o Brasil contemporâneo. Colonização na América portuguesa No século XV, as monarquias europeias desafi avam-se a expandir seus ter- ritórios para além de suas terras e almejavam encontrar espaços para além da linha do mar. Nesse contexto, os portugueses lançaram-se às grandes navegações. Em 1415, conquistaram a cidade de Ceuta, no norte da África, importante entreposto comercial que reunia mercadorias vindas de diversas regiões da África e do Oriente. Essa conquista marca o início da expansão marítima portuguesa. Os espanhóis, assim como os portugueses, buscavam um novo caminho para chegar às Índias. Em 1492, o navegador genovês Cristóvão Colombo, apoiado pela coroa espanhola, iniciou uma viagem cujo objetivo era chegar ao Oriente navegando sempre a oeste, até dar a volta no globo. Mas, em vez de descobrir um novo caminho para as Índias, Colombo chegou a um novo continente, a América. Portugal e Espanha passaram a disputar as novas terras. A disputa foi resolvida com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494. O tratado estabelecia uma linha imaginária a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. As terras que ficassem entre Cabo Verde e a linha imaginária seriam de Portugal, e as terras a oeste da linha imaginária ficariam para a Espanha. Durante anos, a historiografia oficial descreveu a chegada dos portugueses à América como um acaso, levando à clássica e ultrapassada discussão: des- coberta ou ocupação? Acreditava-se que a frota comandada por Cabral teria se perdido e se desviado da rota original. Depois de navegar alguns dias, os marinheiros teriam avistado um monte, que chamaram de Monte Pascal, e, A escravidão no Brasil: indígena e africana2 no dia 22 de abril de 1500, os portugueses teriam descoberto o Brasil. Essa versão, que segundo Silva (2016, p. 11) é “[...] ensinada desde que sentamos pela primeira vez num banco de escola”, foi divulgada durante muitos anos no Brasil. Fato é que, durante a viagem que buscava um novo caminho para chegar às Índias, em 1498, Vasco da Gama registrou em suas anotações a suspeita de que haveria terras a oeste do continente africano. Com essa viagem, comandada por Vasco da Gama, os portugueses estabeleceram o monopólio do comércio com as Índias. Vasco da Gama retornou a Portugal no final de agosto de 1499, e a viagem foi tão lucrativa, que o rei de Portugal tratou de organizar uma nova expedição. Seis meses depois, “[...] mais exatamente a 9 de março de 1500”, outra frota composta de 13 velas partiu com destino ao Oriente (HOLANDA, 2003, p. 43). Após um desvio intencional, a expedição comandada por Pedro Álvares Cabral chegou ao litoral sul da Bahia. Era o dia 22 de abril de 1500. A partir dessa data, os portugueses entram em contato com um novo grupo étnico e cultural: os indígenas. A esquadra permaneceu nas novas terras até o início de maio, quando partiu para as Índias, destino inicial de sua viagem. Organização da ocupação do território brasileiro O encontro de um novo território, a partir da expedição de Pedro Álvares Cabral, não despertou tanto interesse no rei de Portugal. “Na verdade, Portugal auferia enormes lucros decorrentes da carreira nas Índias e da exploração do litoral africano, não se dispondo, assim, a transferir recursos, homens e navios para a ocupação da Nova Terra” (SILVA, 2016, p. 31–32). O rei de Portugal preferiu investir no comércio com as Índias, e as terras descobertas por Cabral fi caram em segundo plano. Portanto, inicialmente, a coroa portuguesa não fez grandes investimentos nas terras do novo mundo. O interesse português nas novas terras, ainda que escasso, pode ser per- cebido pelas expedições exploradoras. “Já em 1501 e 1503, Portugal mandara expedições, ditas ‘exploratórias’” (SILVA, 2016, p. 32). Essas expedições tive- ram como resultado a confirmação das primeiras suspeitas dos portugueses: as terras eram vastas, com uma fauna riquíssima, mas sem sinal de ouro. Os exploradores, porém, verificaram a existência abundante de pau-brasil, uma árvore que, embora não alcançasse o mesmo valor das especiarias das Índias, poderia render lucros para Portugal. Do pau-brasil, extraía-se uma tinta vermelha, muito cobiçada na Europa para tingir tecidos e pintar manuscritos. A madeira, por ser dura e resistente, era utilizada na construção civil e na fabricação de embarcações. A exploração 3A escravidão no Brasil: indígena e africana do pau-brasil foi feita por meio de escambo, um regime de troca de merca- dorias ou serviços que não envolve dinheiro. Fausto (2009, p. 17) descreve a exploração do pau-brasil, veja: As árvores não cresciam juntas em grandes áreas, mas se encontravam disper- sas. À medida que a madeira foi se esgotando no litoral, os europeus passaram a recorrer aos índios para obtê-la. O trabalho coletivo, especialmente a derrubada de árvores, era uma tarefa comum na sociedade tupinambá. Assim, o corte do pau-brasil podia integrar-se com relativa facilidade aos padrões tradicionais da vida indígena. Os índios forneciam a madeira e, em menor escala, farinha de mandioca, trocadas por peças de tecido, facas, canivetes e quinquilharias. Os lucros gerados com a extração do pau-brasil chamaram a atenção de outros países. A França não reconhecia o Tratado de Tordesilhas pois achava injusto que as novas terras fossem divididas apenas entre portugueses e espanhóis. Para os franceses, o possuidor de uma terra era quem a ocupasse primeiro. Logo, os franceses começaram a frequentar o litoral brasileiro e a explorar o pau-brasil. Já em 1504 são assinaladas suas incursões. Nesse ano, com efeito, o navio Espoir, sob o mando do capitão Paulmier de Gonneville, de Honfleur, al- cançou nosso litoral, à altura, segundo parece, de Santa Catarina, onde seus homens permaneceram por um semestre. Durante a viagem de regresso, o navio ainda escalou em outro ponto, provavelmente na região de Porto Seguro (HOLANDA, 2003, p. 106). Os franceses chegaram a se estabelecer no território brasileiro em dois momentos diferentes: entre 1555 e 1560, na Guanabara;e entre 1612 e 1615, no Maranhão. Leia o artigo de Renato Pereira Brandão “As Relações Étnicas na Conquista da Guanabara: índios e o domínio do Atlântico Sul”, disponível no link a seguir. https://qrgo.page.link/QS2oF A escravidão no Brasil: indígena e africana4 A presença constante dos franceses no litoral brasileiro fez com que Portugal organizasse duas expedições guarda-costas, ambas comandadas por Cristóvão Jacques, uma em 1516 e a outra em 1526. As duas expedições tinham como objetivo expulsar os invasores franceses. As expedições, no entanto, não conseguiram impedir o avanço dos estrangeiros, pois a costa litorânea era muito extensa para ser patrulhada. “O remédio para tal situação estaria em povoar a terra do Brasil. O próprio Cristóvão Jaques propusera-se a trazer mil colonos” (HOLANDA, 2003, p. 107). A ameaça estrangeira fez com que a coroa portuguesa se conscientizasse de que era preciso iniciar o processo de colonização caso não quisesse perder o domínio do território. No entanto, a presença dos franceses no litoral brasileiro não foi o único motivo que fez Portugal decidir pela colonização. A entrada da França, da Inglaterra e da Holanda no comércio marítimo colocou Portugal numa situação de desvantagem, já que o país perdeu o monopólio do comércio com as Índias. Portugal buscava então uma nova fonte de riqueza. Nesse período, notícias de que os espanhóis tinham encontrado ouro na América corriam pela Europa, aumentando o interesse de Portugal em iniciar a colonização. O rei de Portugal, D. João III, organizou então uma expedição colonizadora, comandada por Martim Afonso de Souza. Em 1530, Martim Afonso chegou ao Brasil com cinco navios e cerca de 400 homens, além de animais, plantas e peças para montar um engenho. A expedição, sob comando de Martim Afonso de Souza [...] deveria expulsar os corsários, explorar o litoral até o rio da Prata, em busca de metais preciosos, e fundar o primeiro núcleo colonial. Assim, em 1532 fundou no litoral do atual estado de São Paulo a vila de São Vicente (SILVA, 2016, p. 33). Como os portugueses não haviam encontrado ouro na nova terra, o rei de Portugal decidiu estimular a fixação de portugueses explorando uma ativi- dade econômica que gerasse lucros e ao mesmo tempo garantisse a defesa da colônia. A solução foi a agricultura, e o produto escolhido para ser cultivado foi a cana-de-açúcar. 5A escravidão no Brasil: indígena e africana A seguir, veja os fatores que contribuíram para a produção de açúcar no Brasil colonial: os portugueses conheciam o processo de produção, pois já cultivavam a cana nas ilhas de Madeira e Cabo Verde, no Atlântico; o clima e o solo brasileiros eram adequados para a produção da cana, ou seja, havia clima quente e úmido; o açúcar era considerado o ouro branco daquela época, pois era vendido a preços muito elevados. Inicialmente, a ocupação do Brasil foi realizada por representantes da coroa portuguesa, com a finalidade de extrair riquezas e levá-las para Portu- gal. Logo, não havia uma preocupação com o desenvolvimento estrutural do território. A religião era predominantemente católica, e as missões jesuíticas acompanharam o processo de ocupação e de integração com as comunidades indígenas nativas, fator que dificultou a multiplicidade religiosa. O idioma português foi inserido e adotado em todo o território, diferentemente do que ocorreu nos demais países da América Latina, que ficaram com o espanhol como idioma oficial. As particularidades destacadas são a chave para a com- preensão do tema que você vai estudar a seguir: o processo de escravidão indígena e africana no território brasileiro colonial. 2 Relações entre indígenas e portugueses O território encontrado pelos portugueses não era uma terra desabitada. Muito pelo contrário: era habitada por povos indígenas, com culturas, costumes, orga- nizações sociais e línguas totalmente diferentes. Não é possível precisar quantos habitantes havia no território, mas se calcula que, em 1500, entre 3 e 6 milhões de indígenas estavam espalhados pelo Brasil. A população nativa se organizava em mais de mil povos que falavam aproximadamente 1.300 línguas distintas. Os primeiros contatos entre indígenas e portugueses mostraram-se amistosos, apesar da estranheza de ambas as partes, conforme aponta Monteiro (1992, p. 130): Nas primeiras décadas do século XVI, a mera presença de navegadores e comerciantes europeus ao longo do litoral teve, na verdade, pouco impacto sobre os povos nativos do litoral, que recebiam os forasteiros com perplexi- dade, porém amistosamente. A escravidão no Brasil: indígena e africana6 É possível imaginar o espanto dos indígenas ao ver embarcações tão grandes se aproximando do litoral e delas saltando homens completamente diferentes de todos os que eles já haviam visto. Os portugueses, por sua vez, também estra- nharam os indígenas. Sobre o primeiro contato entre portugueses e indígenas, o escrivão que acompanhava a esquadra de Cabral, Pero Vaz de Caminha, escreveu: Dali [da praia] avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro. Então lançamos fora os batéis e esquifes [pequenas embarcações], e vieram logo todos os capitães das naus a esta nau do Capitão-mor, onde falaram entre si. [...] E o Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens. [...] Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram (BRASIL, [201-?], documento on-line). No dia 26 de abril de 1500, Cabral mandou rezar uma missa para celebrar a chegada e simbolizar a incorporação daquelas terras aos domínios portugueses. Os portugueses não levaram em consideração que as terras descobertas já eram habi- tadas por outros povos. Para os conquistadores europeus, os indígenas faziam parte da natureza e poderiam ser “humanizados” por meio da conversão e do batismo. Você pode acessar a carta escrita por Pero Vaz de Caminha nos links a seguir. Versão manuscrita https://qrgo.page.link/Xu4mo Versão transcrita https://qrgo.page.link/aKNVm Organização dos povos indígenas Pesquisas linguísticas apontam que antes da chegada dos portugueses eram faladas cerca de 1.300 línguas diferentes por aqui. Estudos mostram que 7A escravidão no Brasil: indígena e africana algumas dessas línguas têm uma origem comum, ou seja, fazem parte de um mesmo tronco linguístico. Os quatro troncos linguísticos a que pertence a maioria das línguas faladas pelos indígenas no Brasil são: arawak, karib, tupi e jê. Existem também grupos menores, com distribuição mais compacta, além de línguas isoladas, desligadas de famílias (URBAN, 1992). De acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2010, existem cerca de 274 línguas indígenas faladas no Brasil (SEGUNDO..., 2012). As demais línguas se perderam ao longo dos mais de 500 anos desde a chegada dos portugueses. Afinal, grande parte dos povos indígenas desapareceu por conta de “[...] epidemias, extermínio, escravização, falta de condições para sobrevivência e aculturação forçada” (GASPAR, 2012, documento on-line). O termo “índio” originalmente expressava uma visão preconceituosa por parte do conquistador. Ao longo do tempo, porém, ele foi ressignificado. Hoje, documentos oficiais, entidades indígenas e estudiosos utilizam esse termo para se referir aos povos nativos do Brasil e seus descendentes, com seus diferentes modos de vida e identidades culturais. De acordo com Collet, Paladino e Russo (2014), pode-se considerar que o termo perdeu o sentido pejorativo e foi ressignificado.Mas essa ideia ainda não é unânime. Portanto, o termo mais correto para se referir aos povos que habitam o Brasil desde antes da chegada dos portugueses é “indígena”. Os indígenas que habitavam o território brasileiro se organizavam em diferentes tipos de comunidades. Alguns viviam em pequenos grupos, com algumas centenas de indivíduos, dedicando-se à caça e à coleta, sendo essas atividades divididas por idade e sexo. Havia também os grupos maiores, que chegavam a reunir de 2 a 3 mil pessoas que falavam a mesma língua e dominavam um espaço territorial delimitado. Além disso, havia grupos ainda maiores, com 10 mil pessoas ou mais. Esses grupos eram integrados por várias aldeias e contavam com chefes locais, membros dessas comuni- dades que obedeciam ao comando de uma autoridade maior, escolhida por todos os grupos. Analisar a sociedade e os costumes indígenas é uma tarefa muito complexa, pois se trata de uma cultura diferente, cuja história carrega muitos preconceitos. Por se tratar de povos ágrafos, ou seja, povos que não utilizavam a escrita, não A escravidão no Brasil: indígena e africana8 há registros escritos sobre a sua organização anterior à chegada dos portu- gueses. De acordo com Fausto (1995, p. 38), “[...] isso se reflete, em maior ou menor grau, nos relatos escritos por cronistas, viajantes e padres, especialmente jesuítas”, que perpetuaram uma imagem preconceituosa dos indígenas. As pesquisas arqueológicas auxiliam a historiografia na tentativa de entender como os indígenas se organizavam. Muitas tradições, costumes e lendas são utilizados para o estudo desses povos. Essas tradições orais, transmitidas dos mais velhos para os mais novos, são dados importantes para pesquisas que buscam entender melhor a organização dos indígenas antes de 1500. A escravização dos povos indígenas Como você já viu, a primeira riqueza explorada pelos portugueses na América foi o pau-brasil, extraído a partir do escambo com os indígenas, que foram vistos pelos europeus como potencial grupo para suprir demandas de mão de obra. Com o passar do tempo, o recrutamento do trabalho indígena esbarrou em dois entraves: a resistência indígena e o confl ito de interesses da Igreja Católica, representada na América pelos missionários jesuítas. A Igreja apos- tava na conversão e na catequização dos indígenas para angariar fi éis, o que gerou muitos confl itos com os colonos. Os portugueses dispunham de duas maneiras de conseguir a mão de obra indígena: [...] através do escambo ou através da compra de cativos. Na primeira forma de recrutamento, os portugueses ofereciam ferramentas, espelhos e bugigan- gas aos chefes indígenas, na expectativa de estes orientarem mutirões para as lavouras europeias. Embora útil na derrubada da mata para preparo das roças, esta forma mostrou-se inadequada, esbarrando na aparente inconstância dos índios. Na segunda forma de recrutamento, os portugueses procuravam fomentar a guerra indígena, com o intuito de produzir um fluxo significativo de cativos que, ao invés de sacrificados, seriam negociados com os europeus como escravos (MONTEIRO, 1992, p. 130). Essa última justificativa apresentada por Monteiro (1992) era conhecida como “resgate”. Os portugueses compravam prisioneiros capturados em guerra para escravizá-los. Como justificativa, alegavam que a compra e a escravização do prisioneiro o salvavam da morte no ritual de antropofagia. Conforme a ocupação portuguesa do território avançava, as relações com os indígenas iam se tornando mais difíceis. O crescimento, ainda que lento, da produção açucareira, sobretudo a partir da década de 1540, aumentava a demanda pela mão de obra indígena. De acordo com Marquese (2006), a mão de 9A escravidão no Brasil: indígena e africana obra indígena foi amplamente utilizada na montagem dos engenhos de açúcar. Parte dos indígenas era recrutada nos aldeamentos jesuíticos e trabalhava sob regime assalariado, mas a maioria deles era submetida à escravidão. Os indígenas praticavam a agricultura de subsistência, plantando somente o necessário para a sobrevivência do seu povo e não visando a lucros com a venda dos produtos. Para os indígenas, não fazia sentido plantar em grandes quantidades. Esse fator de dissonância cultural provocou a resistência de muitos povos indígenas à escravidão e o enfrentamento às ordens dos portugueses. Nas guerras contra os indígenas, os portugueses usavam armas de fogo, causando a morte de muitos deles. Mas não foram as guerras contra os portugueses a maior causa da mortan- dade dos indígenas. Povos inteiros foram dizimados ao entrarem em contato com doenças trazidas pelos portugueses. Doenças como gripe, sarampo, tuberculose e varíola foram responsáveis pela morte de milhares de indígenas. Isso acontecia porque os indígenas não possuíam imunidade para combater essas doenças. Quando um indígena ficava doente, com gripe, por exemplo, a doença se espalhava na forma de epidemia e atingia os demais indígenas da aldeia. Após 1560, com a ocorrência de várias epidemias no litoral brasileiro (como sarampo e varíola), os escravos índios passaram a morrer em proporções alarmantes, o que exigia reposição constante da força de trabalho nos en- genhos. Na década seguinte, em resposta à pressão dos jesuítas, a Coroa portuguesa promulgou leis que coibiam de forma parcial a escravização de índios (MARQUESE, 2006, p. 111). Uma lei de 1570 tentava coibir a escravização indígena. De acordo com Fausto (1995, p. 50), leis assim “[...] continham ressalvas e eram burladas com facilidade”, pois os indígenas eram escravizados em decorrência de “guerras justas”, ou seja, “guerras consideradas defensivas, ou como punição pela prática da antropofagia”. Na prática, os portugueses utilizaram o princípio da guerra justa para legitimar a escravidão e estimularam guerras contra povos até então pacíficos com o objetivo de escravizá-los. Mesmo com a tentativa de coibir a escravização indígena, ela continuou a ser praticada na região da capitania de São Vicente e também em regiões mais afastadas do litoral, como no Vale Amazônico, onde a mão de obra indígena era empregada na exploração das chamadas “drogas do sertão” (pimenta, castanha-do-pará, urucum, cravo, anil e cacau). A captura e a escravização de indígenas no norte da América portuguesa foram práticas comuns até o século XVIII. Um decreto oficial de 1757 proibiu a escravização de indíge- nas na América portuguesa, medida que impulsionou o lucrativo tráfico de escravos africanos. A escravidão no Brasil: indígena e africana10 3 Da África para o Brasil: o tráfico de escravizados A escravidão ocorre desde a História Antiga. Gregos, romanos e mesopo- tâmicos utilizavam a prática escravista. A forma mais comum de se tornar escravo era sendo prisioneiro de guerra, mas havia também a escravidão por dívidas. Na África, a escravidão também remonta à Antiguidade e decorria de motivos semelhantes: punição por crimes, dívidas ou derrotas em guerra. Os escravizados podiam desenvolver atividades variadas, como o trabalho doméstico, a agricultura, a mineração e o artesanato. A esse tipo de escravidão se dava o nome de “escravidão doméstica”. Essa dinâmica se altera com a presença dos árabes no continente africano. Desde que os árabes ocuparam o Egito e o norte da África, entre o fim do século VII e a metade do século VIII, a escravidão doméstica, de pequena es- cala, passou a conviver com o comércio mais intenso de escravos. A escravidão africana foi transformada significativamente com a ofensiva dos muçulmanos. Os árabes organizaram e desenvolveram o tráfico de escravos como empreen- dimento comercial de grande escala na África. Não se tratava mais de alguns poucos cativos, mas de centenas deles a serem trocados e vendidos, tanto dentro da própria África quanto no mundo árabe e, posteriormente, no tráfico transa- tlântico para as Américas, inclusive para o Brasil (ALBUQUERQUE, 2006). Em 1482, os portugueses construírama feitoria de São Jorge da Mina, na Costa do Ouro (atual Gana). De lá, eles conseguiram interceptar quase todo o ouro transportado pelo deserto do Saara. De posse do ouro, eles negociavam vantagens nos mercados africanos e, com os lucros, obtinham mercadorias sofisticadas que não existiam em Portugal. De acordo com estimativas apre- sentadas por Albuquerque (2006, p. 25), “[...] entre 1500 e 1535, os portugueses levaram para o castelo de São Jorge entre dez e doze mil escravos”. São Jorge da Mina foi a principal fonte de lucros para os portugueses até o início do comércio com as Índias. Foi nessa feitoria que se concentrou o embarque de escravizados para a América até o século XVII, quando o local foi tomado pelos holandeses. Os portugueses tentaram monopolizar o comércio de escravos, atividade altamente lucrativa, mas aos africanos comerciantes de escravos não interessava ter compromissos exclusivos com Portugal. Afinal, franceses, holandeses e ingleses também haviam demonstrado muito interesse no comércio de escravos. Por isso, não se pode entender a prosperidade do tráfico de escravos sem levar em consideração a combinação de interesses entre europeus e africanos. É bem verdade que as nações europeias tentaram manter o controle sobre as regiões 11A escravidão no Brasil: indígena e africana produtoras de escravos, mas o tráfico africano era um negócio complexo e envolvia a participação e cooperação de uma cadeia extensa de participantes especializados, que incluía chefes políticos, grandes e pequenos comercian- tes africanos. Há estimativas de que 75 por cento das pessoas vendidas nas Américas foram vítimas de guerras entre povos africanos (ALBUQUERQUE, 2006, p. 26). Os lucros advindos do comércio de escravos estimularam a guerra entre os africanos. Pequenas aldeias afastadas do litoral eram atacadas. Aprisionados, seus habitantes eram levados até os mercados de escravos no litoral, onde eram trocados por fumo de rolo, produzido na Bahia, e, principalmente, por armas de fogo, que garantiam o poder de dominação dos comerciantes de escravos africanos. Os europeus introduziram na África o sentido comercial da escravidão. Assim, as guerras entre povos africanos foram intensificadas com o objetivo de capturar cativos para serem trocados com os traficantes de escravos europeus. Segundo alguns pesquisadores, o termo “escravo” naturaliza a situação do cativo como alguém que se acomodou a uma condição estabelecida desde sempre. Por isso, o termo mais correto seria “escravizado”. Ele permite perceber que a pessoa foi escravizada e que não nasceu como escrava. Neste capítulo, são usados os dois termos porque, apesar da diferença semântica entre eles, o termo “escravo” foi ressignificado pelo uso e pelas pesquisas realizadas sobre a escravidão, que atribuíram um novo sentido a essa palavra. É o caso dos estudos de Alencastro (1998) e Marquese (2006). A economia açucareira e os africanos escravizados Você viu anteriormente que o plantio da cana-de-açúcar foi escolhido pelos portugueses para iniciar o processo de ocupação do Brasil. Segundo Alencastro (1998, p. 199), “[...] os engenhos são concebidos como uma estrutura ambiva- lente, sendo ao mesmo tempo unidades de produção e unidades fortifi cadas de ocupação territorial”. O cultivo da cana e a produção do açúcar no Brasil se desenvolveram com base no sistema do plantation, caracterizado por: latifúndio — por ser um produto muito lucrativo, a cana era plantada em grandes propriedades; A escravidão no Brasil: indígena e africana12 monocultura — nessas grandes propriedades, cultivava-se apenas a cana; mão de obra escravizada — para garantir ainda mais lucros, a mão de obra empregada nos latifúndios era composta por escravos. A produção era voltada para o mercado externo. O sistema de plantation foi usado em outras regiões em diferentes épocas, como na Região Sudeste do Brasil, na produção do café, a partir do século XIX, bem como nas colônias do sul dos Estados Unidos, na produção de algodão. Como base do sistema do plantation, a mão de obra escravizada passa a ser uma necessidade dos portugueses. Após a segunda metade do século XVI, a resistência dos indígenas e a parca oferta de mão de obra promovem a busca de um novo grupo de escravos: os africanos. Diversos fatores levaram à substituição do índio pelo africano. As epidemias dizimaram grande número dos que trabalhavam nos engenhos ou que viviam em aldeamentos organizados pelos jesuítas. A fuga dos índios para o interior do território provocou aumento dos custos de captura e transporte de cativos até os engenhos e fazendas do litoral (ALBUQUERQUE, 2006, p. 40). Os portugueses praticavam o comércio de escravos na África desde meados do século XV, como você já viu. O número de africanos trazidos para a América na condição de escravos não é preciso. Segundo Albuquerque (2006), mais de 11 milhões de escravos foram transportados para a América entre os séculos XVI e XIX. Esse número refere-se aos escravos que chegaram vivos à América, pois muitos não sobreviviam ao processo de captura e transporte até as colônias americanas. Desses 11 milhões, Albuquerque (2006) afirma que cerca de 4 mi- lhões foram enviados para a América portuguesa. Devido a isso, “[...] nenhuma outra região americana esteve tão ligada ao continente africano por meio do tráfico como o Brasil. O dramático deslocamento forçado, por mais de três séculos, uniu para sempre o Brasil à África” (ALBUQUERQUE, 2006, p. 39). Os primeiros africanos escravizados desembarcaram na Bahia em 1550. Conforme a economia açucareira ia se fortalecendo, aumentava o número de escravizados africanos que chegavam. Ainda segundo Marquese (2006), entre 1576 e 1600, cerca de 40 mil africanos desembarcaram nos portos bra- sileiros. Entre 1601 e 1625, esse número triplicou: mais de 150 mil africanos escravizados desembarcaram na América portuguesa. Assim, no século XIX, a quantidade de africanos escravizados na América portuguesa era enorme. De uma população de quase 3,9 milhões de pessoas, quase 2 milhões eram escravas. Em algumas regiões, a quantidade de escravos era superior ao número 13A escravidão no Brasil: indígena e africana de pessoas livres. Em Campinas, São Paulo, em 1872, a população livre era de 8.281 pessoas, enquanto a população de escravos era de 13.685 pessoas (ALBUQUERQUE, 2006). Considerando esses números, a sociedade da América portuguesa e do Brasil imperial (a partir de 1822) era caracterizada como uma sociedade escravista e racista. Nela, “[...] negros e mestiços, escravos, libertos e livres, eram tratados como ‘inferiores’ aos brancos europeus ou nascidos no Brasil” (ALBUQUER- QUE, 2006, p. 68). Os africanos escravizados eram considerados mercadorias que poderiam ser vendidas, leiloadas, doadas e inclusive deixadas como herança. A mão de obra dos africanos escravizados foi predominantemente empre- gada nas plantações de cana e café, bem como na mineração. Nas fazendas, as condições de vida dos africanos eram muito duras. Alojados nas senzalas, ambientes mal iluminados e mal ventilados, eles dormiam amontoados sobre esteiras de palha. A alimentação dos escravos era composta basicamente de mandioca, feijão, milho, pão e água. Em épocas de colheita, eles chegavam a trabalhar 18 horas por dia. Os escravos trabalhavam muito, descansam pouco e tinham uma alimen- tação precária. Devido a esses fatores, a “vida útil” de um escravo era de 10 anos. De acordo com Klein (1989, p. 18), a “[...] expectativa de vida dos escravos homens no Brasil, por exemplo, ficava pouco acima dos 25 anos”. Quando os escravos já estavam “velhos” ou doentes, alguns senhores os alforriavam, isto é, os libertavam, livrando-se assim da obrigação de sustentá-los. Os escravos que trabalhavam na mineração enfrentavam uma realidade igualmente dura. Trabalhavam horas de pé, extraindo ouro no leito dos rios, com os pés na água, fato que frequentemente ocasionava tuberculosee outras doenças pulmonares. Nas minas subterrâneas, os escravos estavam sujeitos à asfixia e aos riscos de soterramento. Alguns escravos eram destinados ao trabalho doméstico, ocupando-se de cozinhar, limpar a casa, lavar as roupas, servir as refeições e cuidar das crianças. Algumas escravas, além de cuidar, amamentavam os filhos do seu senhor. A situação de maus-tratos ocorria em todas as escalas, não havendo situação de escra- vidão não violenta. No entanto, a interação entre as culturas europeias, indígenas e africanas marcou o povo brasileiro e oportunizou o desenvolvimento de uma identidade cultural múltipla e distinta daquelas das demais colônias portuguesas. Movimentos de resistência africana Além das duras condições de vida e de trabalho, os escravos eram frequen- temente castigados. Os castigos físicos faziam parte do cotidiano e eram A escravidão no Brasil: indígena e africana14 aplicados para punir a desobediência e para servir de exemplo aos demais; por isso, os escravos eram castigados em público. Os principais castigos eram as chibatadas, mas também era comum manter os escravos algemados ou presos a correntes; e havia ainda as palmatórias. Com o intuito de não serem castigados, muitos escravos calavam-se diante do medo da punição e obedeciam às regras impostas por senhores e feitores. Contudo, a prática da escravidão não foi isenta de resistência. Tanto indí- genas quanto africanos criaram movimentos coletivos ou individuais de luta contra essa prática que supria sua liberdade e os desqualificava enquanto humanos. A principal forma de resistência era a fuga, motivada pelo desejo de liber- dade, o anseio maior de quem viveu a cruel experiência de ser escravizado. Todavia, fugir era perigoso e difícil, pois os escravos fugidos dependiam da ajuda de outras pessoas. Muitos escravos fugidos se juntavam e viviam em comunidades chamadas “quilombos”. Em algumas regiões do Brasil, esses agrupamentos de escravos fugidos recebiam o nome de “mocambos”. Nos quilombos, os negros praticavam a agricultura de subsistência, criavam animais e caçavam nas regiões próximas. Muitos quilombos praticavam o comércio com vilas e cidades da região. A ideia de que os quilombos eram compostos apenas por negros é equivocada, pois “[...] um grande número de quilombos reunia não só escravos em fuga, mas também negros libertos, indígenas e brancos com problemas com a justiça” (ALBUQUERQUE, 2006, p. 120). O quilombo mais conhecido é o de Palmares, inserido na região da Serra da Barriga, no atual estado de Alagoas. Não há fontes que atestem o número total de habitantes que viveram em Palmares. Segundo Marquese (2006, p. 107), as fontes variam “[...] de um mínimo de 6 mil a um máximo de 30 mil pessoas”. Visto como grande ameaça à escravidão, o quilombo de Palmares foi atacado em diversos momentos até ser destruído, depois de vários anos de guerra, em fevereiro de 1694. As marcas desse período ainda estão presentes. Os anos de escravidão representam um período obscuro da história brasileira, repleto de dor, separação e crueldade. O resultado do fluxo migratório forçado de africanos escravizados está presente hoje na composição demográfica do Brasil. O País tem a segunda maior população negra do mundo, inferior apenas à da Nigéria, na África. Segundo dados do Censo 2010 do IBGE, cerca de 97 milhões de brasileiros são pretos ou pardos. Os africanos constituem um grupo étnico que trouxe ao Brasil não apenas a força de seu trabalho, mas a beleza de suas vestes, o sabor de sua culinária, o ritmo de sua música e o encanto de suas religiões. 15A escravidão no Brasil: indígena e africana Houve quilombos no Brasil durante todo o período de escravidão, que durou até 1888. Muitos dos descendentes quilombolas, na atualidade, ainda vivem nos locais construídos por seus antepassados e lutam para garantir o direito à posse de suas terras. De acordo com a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), não há um consenso acerca do número preciso de comunidades quilombolas no País. Dados oficiais da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) estimam que atualmente existam 2.847 comunidades certificadas no Brasil. ALBUQUERQUE, W. R. Uma história do negro no Brasil. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais, 2006. ALENCASTRO, L. F. A economia política dos descobrimentos. In: NOVAES, A. (org.). A descoberta do homem e do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. BRASIL. Ministério da Cultura. A carta de Pero Vaz de Caminha. Brasília: Fundação Biblioteca Nacional, [201-?]. Disponível em: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletro- nicos/carta.pdf. Acesso em: 12 fev. 2020. COLLET, C.; PALADINO, M.; RUSSO, K. Quebrando preconceitos: subsídios para o ensino das culturas e histórias dos povos indígenas. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2014. CUNHA, M. C. Introdução a uma história indígena. In: CUNHA, M. C. (org.). História dos índios no Brasil. 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No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. MARQUESE, R. B. A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX. Novos Estudos CEBRAP, n. 74, 2006. Disponível em: http:// www.scielo.br/pdf/nec/n74/29642.pdf. Acesso em: 12 fev. 2020. MONTEIRO, J. M. As populações indígenas do litoral brasileiro no século XVI: transforma- ção e resistência. In: PAULINO, F. F. (org.). Nas vésperas do mundo moderno: Brasil. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses,1992. SEGUNDO IBGE, 274 línguas indígenas são faladas no Brasil. Terra, ago. 2012. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/segundo-ibge-274-linguas-indigenas- -sao-faladas-no-brasil,24cfdc840f0da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html. 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