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The Men of Crestview 03 - Craving Midnight

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Midnight #3 
 Midnight #3 
Tradução: Ariella 
Revisão Inicial: Anna Silva 
Revisão Final: Elisabeth 
Leitura Final: Rose 
Conferencia: Suli, Ana Rita & Lorelai 
Formatação: Ariella 
 
 Midnight #3 
A tradução foi efetuada pelo grupo Doll Books Traduções (DB), de 
modo a proporcionar ao leitor o acesso à obra, incentivando à 
posterior aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem 
previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e 
disponibilizando-os ao leitor, sem qualquer forma de obter lucro, 
seja ele direto ou indireto. 
Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as 
obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, não 
poderiam, a não ser no idioma original, impossibilitando o 
conhecimento de muitos autores desconhecidos no Brasil. A fim de 
preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o 
grupo DB poderá, sem aviso prévio e quando entender necessário, 
suspender o acesso aos livros e retirar o link de disponibilização 
dos mesmos, daqueles que forem lançados por editoras 
brasileiras. Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica 
ciente de que o download se destina exclusivamente ao uso pessoal 
e privado, abstendo-se de o divulgar nas redes sociais bem como 
tornar público o trabalho de tradução do grupo, sem que exista 
uma prévia autorização expressa do mesmo. 
O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá 
pelo uso incorreto e ilícito do mesmo, eximindo o grupo DB de 
qualquer parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito 
cometido por aquele que, por ato ou omissão, tentar ou 
concretamente utilizar a presente obra literária para obtenção de 
lucro direto ou indireto, nos termos do art. 184 do código penal e 
lei 9.610/1998. 
 
 Midnight #3 
 “O amor é um rio sangrento com corredeiras de 
nível cinco. Apenas um ato catastrófico da 
natureza ou uma barragem tem alguma chance 
de pará-lo e conseguir desviá-lo. As duas 
medidas são extremas e mudam tanto o terreno 
que você acaba se perguntando por que se 
incomodou. ” 
 - Jericho Barrons, Shadowfever por Karen 
Marie Moning 
 Midnight #3 
Este livro é dedicado a todos os meus leitores. Obrigado por 
ficarem comigo. Eu amo vocês! 
 Midnight #3 
“From Afar” … Vance Joy 
“Green Gloves” … The National 
“Sucker For Pain” … Lil Wayne, Wiz Khalifa 
“Say Something” … A Great Big World 
“Stay” … Rihanna, Mikki Ekko 
“Rise Up” … Andra Day 
“Til It Happens To You” … Lady Gaga 
“Words of Mine” … Cary Brothers 
“Ghost” … Striking Matches 
“Kissing Your Tattoos” … Eli Lieb 
“If You Say So” … Lea Michele 
“Over The Hills And Far Away” … Led Zeppelin 
“Seven Wonders” (remix)… Fleetwood Mac 
“Shattered (Turn The Car Around)” … O. A. R. 
“Curse + Crush” … Dispatch 
“Nothing Else Matters” … Metallica 
 Midnight #3 
 
 
Ela é uma estrela com segredos. Ele faz com que os escândalos 
desapareçam. Juntos, eles farão faíscas voarem... 
Sou Harrison Kirkland, o restaurador de Hollywood... o cara da 
limpeza de suas bagunças sórdidas. 
Quando sou contratado para lidar com uma situação para 
Midnight Drake, uma atriz em ascensão de cabelo escuro e 
sensual, achei que seria um trabalho simples. 
Eu não poderia estar mais errado. 
A bagunça em que ela se meteu foi apenas o começo. 
Midnight tem uma teia de segredos e mistérios... e ela não está 
desistindo deles por nada ou ninguém... incluindo eu. 
Se eu não tomar cuidado, a próxima coisa que vai precisar de 
conserto... será meu coração... 
Só isso deveria ter me feito sair do palco pela esquerda... mas 
não fez. 
Isso só me deixou desejando ainda mais a Midnight. 
E isso não é como jogar gasolina no fogo? 
 
 
 Midnight #3 
MIDNIGHT 
Minha vida finalmente mudou. As coisas estão melhorando. Vir 
para Nova York sempre foi um sonho para mim, e agora estou aqui, em 
uma sessão de fotos para o meu próximo filme. E desta vez, não é um 
papel de merda, ou um filme pornô sendo filmado nos fundos de um 
armazém úmido, onde eu morreria de frio porque o diretor queria que 
meus mamilos se destacassem constantemente. Não, estou aqui por 
causa do grande e novo contrato que recentemente consegui para o 
filme Turned. Planejo trabalhar duro para provar ao mundo que 
Midnight Drake tem o que é preciso para ser levada a sério como atriz. 
Olhando pela janela do meu quarto de hotel, o horizonte da cidade 
de Nova York é ainda mais impressionante do que eu imaginava. LA é 
ótima e eu adoro, mas nada supera o Empire State Building. Não ligo 
para o que os outros dizem. Meu telefone toca, interrompendo minha 
reflexão. 
— Olá? 
— Midnight, é Dex McCloud. Só queria que você soubesse que 
todos nós, vamos nos encontrar lá embaixo em cinco minutos. 
Dex é o fotógrafo. 
— Oh, obrigada. Estou a caminho. 
Estamos nos reunindo do lobby para tirar algumas fotos 
promocionais do filme. Será o ator principal, o produtor e eu. Nunca 
estive tão entusiasmada com alguma coisa, em toda a minha vida. 
Agarrando meu casaco, bolsa e um punhado de ursinhos de goma, 
vou para os elevadores. A última coisa que quero é chegar atrasada. Nós 
devemos nos encontrar, em um enorme arranjo floral e eu sou a 
 Midnight #3 
primeira a chegar. Pontos para Midnight. Olhando ao redor, noto 
muitas pessoas correndo, há muitas pessoas elegantes vestidas 
andando por aqui. Isso me faz sentir um pouco fora do lugar, mas ainda 
feliz por usar a roupa que escolhi. A calça preta conservadora e o suéter 
preto são perfeitos para onde estamos. 
A única coisa que se destaca é o meu batom vermelho. É uma 
espécie de marca registrada. Me sinto nua sem ele. Talvez seja porque 
me lembro da minha mãe sempre que uso. 
Empurrando essas memórias de lado, olho pela sala. 
Um homem se aproxima de mim com um sorriso caloroso. Ele tem 
uma câmera presa ao pescoço, mas ainda sou cautelosa. Você nunca 
sabe como são os paparazzi hoje em dia. 
— Oi, eu sou Dex McCloud, — diz ele, estendendo a mão. Ofereço 
meu próprio sorriso e pego a mão dele, apertando-a. 
— Olá, Midnight Drake. 
— Sim, eu te reconheci. — Seu tom amigável me deixa ainda mais 
à vontade. — Que bom que você está aqui. Geralmente tenho que 
esperar todo mundo. 
— Ah, eu odeio me atrasar. Danny está aqui? — Eu pergunto. Ele é 
o produtor. 
— Ele deveria estar. E Holt também. Ele olha o relógio e depois 
olha para mim. 
— Quanto tempo você espera que isso leve? 
— Não por muito tempo. Pensei em ir até o Central Park. 
Normalmente, consigo o que preciso em cerca de trinta minutos. E a 
iluminação é perfeita para fotos ao ar livre hoje. 
 Midnight #3 
— Parece ótimo, — Digo. 
Ele me olha por um momento. — Você é muito menor 
pessoalmente. 
— Oh. — Não sei bem como responder a isso. Ele quer dizer que eu 
pareço baixa na tela? 
Então ele mexe os pés e acrescenta: — O que eu quis dizer é que 
na tela você parece muito mais alta. Você é realmente muito pequena. 
— Sim, eu sempre quis ter no mínimo 1,65, mas só consegui 
chegar às 1,54. É por isso que costumo usar salto alto, o que não usei 
hoje, — suspiro. — Tive essas ilusões de me tornar uma modelo famosa 
quando criança e você pode ver como isso funcionou para mim. — Uma 
risada estranha borbulha pelos meus lábios. Acabei fazendo filmes de 
classificação B depois da pornografia, o que não é exatamente o 
primeiro modelo. Mas deixo de fora esses pequenos detalhes, porque 
ninguém sabe o que é pornografia. Ter feito uma plástica no nariz, 
mudar meus cabelos negros, para loiro, ajudou a alterar minha 
aparência, para que ninguém perceba que eu era a ex-Lusty Rhoades. 
— Acho que a indústria da moda é louca. Você é linda e seria uma 
modelo perfeita. Eles querem que suas modelos pareçam magras. 
Considere-se sortuda. 
Levantando meus olhos para os dele, inspiro seu perfume. — Uau. 
Você tem opinião única, sabia? 
— Passo muito tempo atrás das lentes e reconheçoo que é a 
verdadeira beleza. Esses pobres espantalhos não são bonitos. Elas são 
lamentáveis. De qualquer forma, parabéns pelo seu próximo filme. 
— Sim, obrigada. Estou super empolgada com isso. 
 Midnight #3 
Holt e Danny se aproximam e nossa doce conversa para. — Ei, 
crianças, — diz Danny. — Obrigado por voar até aqui, Midnight. 
Estávamos com uma agenda tão apertada com o último filme de Holt, 
que não havia como arranjar um voo de volta para Los Angeles. 
— Não tem problema, — digo. Holt mira seu olhar gelado para 
mim. Ele despreza o fato de eu estar no filme. Ele queria alguém 
famosa, que pudesse garantir um sucesso nas bilheterias, mas acabou 
com uma garota quase desconhecida. Seu olhar desdenhoso me faz 
sentir como se eu fosse um vírus. 
Eu meio que não o culpo. Ele é o homem mais sexy e quente do 
ano. Ele reina como rei quando se trata de se comparar, com outros 
homens. Quando eu o inspeciono secretamente, é fácil ver o porquê. 
Cabelos castanhos beijados pelo sol, olhos tão verdes que parecem 
joias, dentes perfeitos e uma boca carnuda. O homem é puro pecado em 
duas pernas. E ele acaba com alguém, só com o olhar. Não, é difícil 
culpá-lo um pouco. Mas vou conquistá-lo, pouco a pouco, mesmo que 
eu tenha que comprar um maldito filhote para ele. 
— Todo mundo pronto para dar um passeio? — Dex pergunta. 
— Por que não? — Holt diz amargamente. 
Danny lança um olhar para ele, mas não diz nada. 
— Claro, — eu gorjeio. — Vamos. 
Saímos do hotel pela entrada principal. O Plaza é lindo. Nunca 
fiquei em qualquer lugar tão chique. Seguimos Dex do outro lado da rua 
até o parque. Fiel à sua palavra, ele terminou em trinta minutos. 
Voltamos ao hotel e Dex quer tirar algumas fotos de nós tomando café 
no restaurante. 
 Midnight #3 
Holt resmunga e depois diz: — Oh, pelo amor de Deus. Por que 
você não pede um chá? Eles não servem chá aqui? Talvez adicione um 
biscoito ou algo assim. 
Dex parece extremamente desconfortável. — Sinto muito, Sr. Ward, 
mas se eu não conseguir fotos suficientes, todo mundo vai querer trazê-
lo de volta. É melhor conseguirmos tudo agora, enquanto estamos aqui. 
Um suspiro longo ruge dele. Caramba, você pensaria que estavam 
puxando as unhas de Dex, uma a uma, com a maneira como ele está 
agindo. 
Sorrindo, digo: — Estou bem com o que você decidir, Dex. — 
Decido ser a única a tornar seu trabalho menos difícil. 
— Vá lá, pequena senhora sexy, marque alguns pontos, enquanto 
puder. 
Que porra é essa! Espero totalmente que Danny dê um passo à 
frente e diga alguma coisa, mas ele é tão covarde que age como se não 
tivesse ouvido nada. Bem, não vou aceitar isso. Já tive o suficiente do 
ato ranzinza de Holt. 
— Holt, desculpe-me por não gostar do fato de ter sido escolhida 
para esse papel, mas isso não lhe dá o direito de me insultar. 
Um sorriso desagradável curva seu lábio. Ele abaixa os olhos e eles 
deslizam sobre o meu corpo. Instantaneamente me sinto suja. 
— Isso está certo? — Então ele dá um passo em minha direção e 
invade meu espaço pessoal. Ele se inclina para perto e sussurra para 
que somente eu possa ouvi-lo. — O que eu gostaria de saber é como 
alguém como você foi escalada para um filme comigo. O que você fez, 
Midnight? Você colocou sua boca quente em torno do pau de Danny e 
fez alguns favores sujos? 
 Midnight #3 
Uma bola vermelha de fúria quase me cega. Não tenho certeza de 
como responder a esse imbecil sem chegar ao nível dele. Sei uma coisa: 
não encontro alguém tão cruel há muito tempo. Leva-me de volta a um 
tempo em que mal posso me forçar a lembrar. 
Sacudindo-me dessa memória, resmungo: — Afaste-se de mim, 
Holt. — Quando ele não o faz, eu me afasto em direção a Dex e pergunto 
onde ele precisa de mim. 
— Por que não conseguimos uma mesa no restaurante, — ele 
sugere. 
No caminho, questiono como vou tolerar trabalhar com a 
colaboração de Holt durante a duração do filme. O homem é revoltante. 
Uma vez sentados, nós três sorrimos como se fossemos as pessoas 
mais felizes do mundo. Encubro minha antipatia por Holt fingindo que 
estou em um lugar feliz. Mas noto o brilho de aço em seus olhos verdes, 
o desdém estampado em sua expressão. A curvatura de seus lábios que 
eu costumava achar sexy, era agora cruel. Dex é rápido e, em breve, a 
sessão é encerrada. 
Danny, que finalmente tira os olhos do telefone, pergunta: — 
Então, o que vocês dois vão fazer hoje à noite? 
Holt murmura algo sobre encontrar amigos. Eu mal presto 
atenção. Minha missão é ficar o mais longe possível dele. 
— Midnight? E você? Você está interessada em comer algo? 
— Claro. Que horas? 
— Gostaria que fosse cedo. Seis está bom? — Ele pergunta. 
Quando verifico a hora, vejo que já são cinco e meia. — Isso é bom. 
Encontro você aqui embaixo então. Precisamos de uma reserva? 
 Midnight #3 
— Não. Há um ótimo lugar ao virar da esquina. 
O jantar com Danny acaba sendo ótimo. Um contra um, ele é 
muito extrovertido e amigável. Decido arriscar e perguntar sobre Holt. 
— Parece que Holt não está muito animado com o meu papel no 
filme. 
Danny assente. — Ele queria ser o ator principal. Holt é assim. 
Toda vez que ele faz um filme, ele apela para que sua garota do 
momento seja escolhida como a atriz principal. Continuo dizendo a ele 
que suas mulheres não têm nenhuma experiência. 
— Espero não estar ultrapassando, mas o que fez você me 
escolher? — Minha curiosidade está me matando. 
— Não me importo de contar a você. Sua presença na tela é irreal. 
Quando analisamos seus testes de tela, ficamos impressionados. E você 
era o ajuste perfeito para Christine. Seu cabelo, seus olhos, sua 
estatura. Você nasceu para o papel. Não se preocupe com Holt. Ele faz 
isso com todos com quem trabalha, tenta intimidá-los. Deixe ele. 
Ignore-o. Ele superará isso, assim que trabalhar com você alguns dias e 
captar sua emoção no set. 
— Isso é reconfortante, mas ele me faz querer dar um soco no rosto 
dele. 
Danny toma um gole de Bourbon. — Sim, eu entendo isso de todas 
as mulheres que trabalham com ele de primeira. Ele é um idiota. O que 
posso dizer? Mas espere até assistir o produto final. Você estará 
adorando ele. Especialmente quando você vê sua conta bancária. 
— Bom saber. — É certo que Danny me acalmou sobre Holt. 
Terminamos o jantar e ele me convida para tomar uma bebida. Fico um 
pouco desconfiada, quanto a isso. 
 Midnight #3 
— Midnight, não gosto de dormir com meus atores, se é isso que 
está te impedindo. Não acredito nessa merda. Estraga um bom 
relacionamento de trabalho. 
— Ouvi isso sobre você. — Eu o verifiquei antes de concordar em 
assumir esse papel. Depois de trabalhar na indústria da pornografia, 
você acha que todo mundo está interessado em alguma coisa. 
— Então? 
— Claro, por que não? 
Nós pulamos em um táxi e vamos para um clube muito legal. 
Danny cresceu em Manhattan, então estou confortável com ele 
liderando o caminho. Dançamos, tomamos mais alguns drinques e peço 
licença para usar o banheiro. 
Quando volto, não encontro Danny. Então eu o espio na pista de 
dança com alguém. Estou sozinha no bar quando um cara bonito se 
aproxima e me pede para dançar. Abrimos caminho através da multidão 
e reivindicamos uma parte do salão. Ele não é ruim, mas eu sei como 
dançar. Costumava imitar minha mãe, que era stripper, então minhas 
habilidades de dançarina exóticas, são muito boas. 
Não querendo que ele tenha uma impressão errada de mim, eu 
desço até embaixo e me movo como todo mundo faz, balançando meus 
quadris ao ritmo. 
Algumas músicas depois, voltamos para o bar e ele sai. Danny 
volta com sua nova amiga e nos apresenta. Ela reconhece meu nome em 
algum trabalho de TV que fiz. Ela fica animada e conversamos. Então 
ele se inclina e pergunta se eu me importo de pegar um táxi de volta 
para o hotel sozinha. Estou bem com isso. Acho que ele conseguiu uma 
companhia paraa noite. 
O cara com quem eu dancei, que diz que se chama John, volta. 
 Midnight #3 
— Que tal eu comprar uma bebida para você? 
Mais uma não pode fazer mal. Estou apenas um pouco alta. — 
Claro, por que não? 
— Então, qual é a sua bebida? 
— Vou tomar um tônico de vodka com limão extra. — Acho que 
depois desse, pedirei um táxi. Enquanto espero minha bebida, aprecio a 
paisagem. John me entrega o copo e eu saboreio a mistura saborosa. 
Conversamos um pouco, mas de repente, não estou me sentindo bem. A 
sala se inclina e fico tonta a cada segundo. Começo a suar e me sinto 
enjoada. 
— Ei, você está bem? — ele pergunta. 
— Não. Acho que preciso sair. Mas não tenho certeza se consigo 
chegar à porta. 
Ele pega meu braço e diz: — Não se preocupe, eu estou com você. 
— Ele rapidamente me leva para fora enquanto eu grito as palavras— 
The Plaza, — e minha mente fica em branco depois disso. 
A próxima coisa que sei é que eu acordo - mais ou menos. Estou 
em uma cama, e tudo está confuso. Quando tento me levantar, não 
consigo me mexer. Meus membros estão pesados, como se eu estivesse 
presa no concreto. Ouço vozes, apenas meu cérebro está tão nebuloso 
que não sei dizer o que estão dizendo ou quem está falando. O que 
diabos está acontecendo? Foco, midnight. Foco. 
Pisco para clarear, minha visão torna as coisas piores. O quarto 
gira, então eu mantenho meus olhos fechados. Talvez se eu esperar 
ajude. O colchão baixa ao meu lado, alguém sobe na cama. Estou de 
volta a Phoenix? O que está acontecendo? 
 Midnight #3 
— Ela está acordando. — É a voz de um homem, mas de quem? É 
o cara do bar? Engulo e minha garganta queima. 
— Bom. Agora podemos passar para o estágio dois. Isso está 
ficando bom. 
O que está ficando bom? Quero conversar, fazer perguntas, mas 
minha boca não vai funcionar. 
— Estou congelando. Posso me vestir? — Uma mulher está falando 
agora. 
— Não, você não pode se vestir. Você ainda tem trabalho a fazer. — 
Outro homem fala, um diferente desta vez. Sua voz soa mais profunda e 
mais severa que a outra. Abro os olhos novamente e as imagens 
desfocadas são um pouco mais distintas. Minha boca e garganta estão 
secas, muito secas. Lambo meus lábios e eles veem. 
Um deles dá um tapa na minha bochecha. — Ei acorde. Você 
precisa entrar no jogo, garota. 
— Pegue um pouco de água, — alguém diz. 
A cama se move e então sinto uma garrafa pressionada contra a 
minha boca. Bebo avidamente. 
— Devagar, Nelly, ou ela vai vomitar tudo. 
Ele tem razão. De repente, estou com dor de estômago, enquanto 
ele agita o líquido indesejável. Logo passa e peço mais. Desta vez eu 
tomo um gole. 
Abro os olhos novamente, mas alguém me venda. — O que está 
acontecendo? Onde estou? — Minha voz está rouca e mal posso falar. 
— Sem perguntas. Você só joga. 
 Midnight #3 
— John, é você? 
Ele não responde. Em vez disso, ele diz: — Ligue a câmera 
novamente. 
Oh, porra. À medida que as bordas nebulosas do meu cérebro 
desaparecem, as coisas começam a clicar. Alguém enfia algo frio entre 
as minhas pernas. Tento fechá-las, mas não posso porque meus 
tornozelos estão presos a algo que não permite. Estou tão exposta e isso 
traz lembranças terríveis de muito tempo atrás. 
— Não, por favor, não, — Imploro. 
— Amordace ela. 
Algo é empurrado na minha boca e não há como eu gritar por 
ajuda agora. A cena avança e eu estou perdida em um mar de 
desesperança e terror. Mas então algo pica no meu braço. Eles 
acabaram de me drogar? Quando a droga bate, eu tenho minha 
resposta. O que diabos eles me deram? 
Então fico instantaneamente consciente, flutuando em uma 
almofada de tranquilidade, mas realmente não me importo. Eles 
removem a mordaça e fazem todo tipo de coisa comigo. É sexo a três ou 
mais, é mais sexo do que eu já experimentei. Em algum lugar no fundo 
da minha mente, eu sei que está errado, mas isso parece tão bom. Me 
ouço dizendo a eles: — Mais, mais. Mais forte, sim. — Mesmo no meu 
estado drogado, as perguntas estão em negrito e itálico. Quem está 
fazendo isso? Quem são essas pessoas? E porquê? O que eles querem? E 
embora seja horrível, eu realmente não dou a mínima. Tudo o que eu 
quero é que continue. 
— Ahhh, sim, não pare, — eu digo. Choro quando termina, mas 
fico feliz quando eles começam outra coisa. Todas as partes do meu 
corpo são ligadas e ouço alguém dizer: — Precisamos convencê-la a 
 Midnight #3 
fazer isso de novo. — Estou no meio de um orgasmo, então não posso 
responder a ele. 
As drogas me fazem perder a noção do tempo. Eu flutuo acima de 
um abismo, sem emoção e indiferente ao fato de as pessoas estarem me 
estuprando em vídeo. Minha mente está presente, mas não. Tudo o que 
sinto é a sensação de estar embalada em um cobertor aconchegante e 
alguém me embalando. Sem alucinações, sem mágica, eu apenas sou. E 
é a sensação mais maravilhosa que já tive. 
Nem tenho certeza de quando todo o sexo termina, porque eu estou 
chapada e realmente não dou a mínima. O alto é suave, magnífico. 
Tudo o que eu quero é que continue e continue. Infelizmente isso não 
acontece. A coragem da realidade me dá um soco tão forte. Quando 
percebo que estou livre das amarras, tiro a venda e desmorono em uma 
pilha amontoada de lágrimas esfarrapadas. 
Estou fraca, tremendo e deitada em uma cama ao lado de uma 
pilha de apetrechos sexuais. Eles não são brinquedos normais do dia a 
dia. Nunca usei algumas dessas coisas na indústria pornô. Uma barra 
espaçadora, e foi por isso que não consegui mexer os tornozelos, o plug 
anal, os grampos de mamilo, a mordaça de bola - tudo que se possa 
imaginar. Porra há até um açoitamento. Eles me chicotearam? Quando 
tento me mover, meus membros estão tão doloridos que mal consigo me 
mexer. 
E então, para meu horror absoluto, meu telefone fica ao meu lado. 
Não pode ser, mas é. Em cima dele, uma nota pegajosa com duas 
palavras: Divirta-se, seguida de uma carinha sorridente. Agarrando meu 
telefone, a primeira coisa que noto é uma mensagem de texto. 
Não perco tempo lendo, o pânico explode no meu peito. Meus olhos 
disparam pelo quarto rapidamente, em busca de minhas roupas. 
Inicialmente, não consigo encontrar minhas calças ou suéter, mas 
 Midnight #3 
depois os vejo por baixo do edredom amontoado no chão. Sentindo-me 
como um caranguejo bêbado pela maneira como meus braços e pernas 
lentos se movem, eu tento sair da cama. Meu lindo suéter preto está 
rasgado em alguns lugares, mas minhas calças estão boas. Felizmente, 
meu casaco esconde o suéter danificado. 
Eu me visto rapidamente e depois verifico o lugar, para me indicar 
onde estou. É um hotel em Midtown, não muito longe do clube em que 
fui com Danny. 
Sem olhar para trás, estou fora do quarto em busca da saída mais 
próxima. Isso leva a uma escada, da qual eu desconfio, mas corro para 
sair daqui. Estou no segundo andar e desço os degraus e saio do hotel 
onde pego um táxi de volta ao The Plaza. 
Quando estou segura no meu quarto, olho para o meu telefone. 
Quando abro a mensagem de texto, a bile corre pela minha garganta. 
Ele contém três anexos de vídeo. Apertei o botão play no primeiro e 
vomito antes que eu possa terminar de assistir. Eles gravaram tudo. 
Tremo tanto que meu dedo não pode pressionar o botão play para 
continuar assistindo. Meu coração se enche de pavor quando percebo 
que minha carreira está arruinada. 
Faço uma ligação para minha agente, Rita Clayton, porque não sei 
mais o que fazer. Ligar para Danny não é uma opção. O que eu diria a 
ele? Que eu tenho três bons vídeos para mostrar a ele? Ele me demitiria 
na hora. Quando a notícia for divulgada, será a carreira mais curta da 
Alta Pictures da história. 
— Ei, Midnight, o que está acontecendo? — minha agente 
pergunta. 
Nem consigo falar porque estou chorando e ofegante. 
 Midnight #3 
— O que está acontecendo? Você tem que parar de chorar para que 
eu possate entender. — Em vez disso com minhas mãos trêmulas, 
mando o primeiro vídeo para ela. 
— Eu... eu fui drogada e acordei em um quarto de hotel. 
Ela fica quieta por um minuto. — O que você quer dizer? 
— Eu... acabei de lhe enviar um vídeo. — Tento explicar o resto, 
porém estou chorando muito para continuar. 
— Ah Merda. Espere. — Ela está quieta, mas finalmente diz: — São 
vinte minutos. 
— Rita, há três deles. 
— Onde você está agora? 
Um soluço gigante sai de mim. — De volta ao Plaza. 
— Você ligou para a polícia? 
— Não! Eu corri. Tinha medo de que quem fez isso voltasse. 
— Espere. Conheço alguém que pode ajudar. Já te ligo de volta. 
Estou andando de um lado para outro quando meu telefone toca. 
Rita diz: — Alguém estará ai para limpar essa bagunça. 
— Quem? 
— Alguém que vai ajudar a consertar essa merda, Midnight. 
Apenas aguente firme. 
 Midnight #3 
HARRISON 
Assim que o telefone toca, estou bem acordado. 
— Kirkland, — eu respondo, indo em direção ao banheiro. Sempre 
que recebo uma ligação às três e meia da manhã, isso significa que vou 
trabalhar. 
— Harrison, é Leland. Temos um problema. 
— Quem é desta vez? 
— Midnigt Drake. Você sabe, a atriz sexy que recentemente 
assinou um contrato multimilionário com a Alta Pictures. 
— Hmm. O que aconteceu? 
— Faça uma mala, chefe. Estamos voando para Nova York. Chego 
em uma hora. 
— Porra. Tão ruim assim? — Pergunto em volta da minha escova 
de dentes. 
— Sim. A equipe se juntará a nós. Vou lhe dar todos os detalhes 
quando estivermos juntos. 
Sou o cara da limpeza. Consertar as coisas sempre foi minha 
paixão. Tudo começou quando eu era criança e meu cachorro de 
repente ficou doente e morreu. Chegamos em casa do veterinário depois 
que ele não pôde ser salvo, e assistir meu cachorro morrer em uma 
idade tão jovem quebrou um pedaço de mim. Ele não era consertável, 
mas isso não significava que outras coisas não fossem. Foi quando 
minha necessidade de me tornar um restaurador criou raízes e cresceu. 
Brinquedos quebrados, coisas em casa, coisas que encontrei na rua, o 
que você quiser. Os levava para casa e fazia o possível para restaurá-los 
 Midnight #3 
e, se não conseguisse, recrutaria meu pai para ajudar. Até levava 
animais feridos para casa, e mamãe os levava ao veterinário - eu ficava 
agradecido por eles não estarem mais sofrendo. 
À medida que envelheci, o restaurador em mim se expandiu para 
as pessoas. Quando eu ia para a escola, encontrava crianças que 
estavam com problemas e precisavam de amigos. Na Crestview, conheci 
Prescott Beckham. Eu nunca conheci alguém tão quebrado quanto ele. 
Um garoto com uma família disfuncional, ele não sabia para onde ir. 
Então o que eu fiz? O trouxe para casa, como costumava fazer com 
aqueles animais feridos. Ele ainda está um pouco fodido. Mas pelo 
menos ele está de volta aos trilhos. 
No ano seguinte, em Crestview, Weston Wyndham apareceu. Liguei 
para papai e disse para ele comprar alguns frascos de supercola, porque 
era disso que esse cara precisava. Papai riu. Ele sabia que eu iria 
aparecer em casa com Prescott e Weston a reboque. Weston tinha um 
olho roxo porque Prescott e eu tínhamos batido nele para lhe ensinar 
uma lição. Ele estava brigando e precisava de um bom chute na bunda. 
Quando ele descobriu que só queríamos ajudar, nós três nos tornamos 
inseparáveis. Ele definitivamente precisava dessa cola, no entanto. 
Pensei que a situação de Prescott era ruim, mas o tipo de disfunção de 
Weston me fez repensar o que a palavra significava. 
Ainda estou consertando coisas e pessoas, e foi assim que acabei 
na minha profissão atual. Desde que eu sou tão bom nisso, por que não 
fazer algum dinheiro com o que eu faço de melhor? 
Em menos de trinta minutos, estou a caminho do aeroporto da 
minha casa em Malibu. A essa hora, o tráfego não apresenta problemas. 
Quando chego, dirijo direto à entrada para jatos particulares e sigo a 
estrada depois de passar pelos pontos de verificação de segurança 
designados. Estaciono, e Leland está lá, junto com o piloto. A equipe 
está embarcando no jato. 
 Midnight #3 
— Bom dia a todos. Pete. — digo, cumprimentando nosso piloto. — 
O café está ligado? 
Nosso comissário de bordo levanta a cabeça, olha para trás e diz: 
— Estará pronto em um momento, junto com o café da manhã. 
— Oh, oi, Mike. Não vi você aí atrás. 
— Bom dia, Sr. Kirkland. 
Todo mundo se senta e Leland começa. 
— Midnight Drake acordou em um quarto de hotel há algumas 
horas, nua e sozinha com três vídeos em seu telefone. Aparentemente, 
enquanto ela estava cheia do que supomos ser heroína, uma porrada de 
merda excêntrica aconteceu, sem o consentimento dela e os vídeos de 
Midnight foram espalhados pela Internet. A agente dela ligou... é um 
show de horrores. 
— Ela foi estuprada? — Pergunto. 
— Sim. Estou enviando para você os vídeos agora. Esteja 
preparado. Eles são bem gráficos. Digamos que, infelizmente, Midnight 
esta em exibição total. 
— Porra. 
— Exatamente, — diz Leland. — Alta já está afirmando que estão a 
demitindo porque ela violou seu contrato. 
— O que ela diz sobre isso? — Pergunto. 
— Ela foi drogada e estuprada. 
— Claramente. 
— Ela diz que não se lembra de nada. 
 Midnight #3 
— Você assistiu os vídeos? — Pergunto. 
— Sim, e ela estava totalmente fora de si. Completamente sem 
resposta no primeiro. Então, no segundo, ela apareceu um pouco. No 
terceiro, ela estava tão fodida que não se importaria se alguém cortasse 
sua cabeça. 
— Parece que alguém drogou sua bebida. Nossa equipe de Nova 
York encontrou quem fez isso? E você puxou os vídeos? 
— Estamos trabalhando para achar quem fez isso. Tudo foi enviado 
de um telefone celular. 
— Acompanhe os filhos da puta. Você sabe o que fazer. Onde está 
a Midnight agora? 
— No Plaza, esperando por você com um de nossos representantes. 
Ela está totalmente assustada. 
— Certo. Você não estaria? 
Leland assente. — Eu estaria saindo da cidade. 
Aqueles idiotas se aproveitando de pessoas assim. Eles são como 
hackers de computadores, para destruir vidas e com que finalidade? 
Porque eles não têm nada melhor para fazer? — Leland, ela chamou a 
polícia? 
— Não. 
— Hmm. Ela disse o porquê? 
— Nada além de ela estar esperando por você. 
Isso é estranho, mas vou chegar ao fundo disso quando falar com 
ela. — OK. E o dinheiro? Esses desgraçados fizeram alguma exigência? 
— Não que eu esteja ciente. 
 Midnight #3 
Bato minha mão sobre a mesa na minha frente. — Vamos nessa, 
pessoal. Não ligo para o que é preciso. Precisamos limpar essa merda. 
Isso chama a atenção de todos que estão sentados perto. Os corpos 
enrijecem e os olhos se abrem mais. Eles sabem quando eu falo sério, e 
isso me atingiu do jeito errado. 
A voz de Pete chega até nós pelo interfone para nos dizer que 
estamos prontos para taxiar. Devemos ser liberados para a decolagem 
em poucos minutos. 
— Apertem os botões, temos um trabalho sério pela frente, o que 
equivale a um longo dia. Sei que pergunto muito e sinto muito pela hora 
inicial, mas vocês receberão um bônus se acertarmos esses 
desgraçados. 
O jato segue em direção à pista e logo estamos decolando no céu 
escuro. Não vai demorar muito para voarmos ao sol. A equipe começa a 
fazer ligações. Tenho um homem em particular que quero entrar em 
contato, então eu mesmo faço a ligação. 
— Senhor Kirkland. Você já está em Nova York? 
— Ainda não, Rashid, mas estou a caminho. Preciso que você faça 
algo por mim. Explico a situação e digo exatamente o que eu preciso. 
— Já lidei com os vídeos. Mas pode demorar um dia para eu 
localizar os telefones. Vai levar algum trabalho extra, você sabe. 
Minha tensão diminui um pouco. — Obrigado, Rashid. Fico feliz 
que Leland tenha entrado em contato com você. Ficaremos no The Plaza 
se você não conseguir entrar em contato comigo por telefone. Mas queroque essas pessoas sejam encontradas. 
— Certamente, Sr. Kirkland. 
 Midnight #3 
Rashid se beneficiou da minha limpeza há um tempo atrás. Ele 
estava na merda com suas habilidades de hackers. Cuidei das coisas 
para ele. Agora ele me deve e está à minha disposição cem por cento do 
tempo. Ele fica em Nova York porque, honestamente, ele está conectado 
a tudo. Ele provavelmente tem todos os números de contas bancárias e 
de investimentos na ponta dos dedos. Mas o cara sabe que eu tenho ele 
pelas bolas. Tudo o que preciso é fazer, é algumas ligações para as 
pessoas certas e ele voltará onde começou. 
Assim que Pete diz que limpamos dez mil pés, Mike aparece com 
café e café da manhã. Emily, outro membro da equipe, sorri agradecida. 
Eu também. Quando ela está com fome, ela fica de mau humor e seu 
cérebro não vale nada. Não posso ter isso. Preciso de suas habilidades 
loucas agora. 
Todo mundo tem segredos. Até eu. É verdade que sou baunilha em 
comparação com a maioria, mas quando vejo um indivíduo quebrado, 
sou um ímã para eles. Emily ficou arrasada. Seu Dom a jogou nas ruas, 
a deixou de lado depois de alguns anos, sem explicação. Tropecei com 
ela uma noite em um bar, bebendo e caindo no esquecimento. Ela me 
contou todos os seus segredos sujos e disse que queria se matar. Não 
consegui ouvir e não fazer nada. Ela não queria envolver sua família, e 
quem poderia culpá-la? Que pessoa quer divulgar esse tipo de estilo de 
vida para mamãe e papai? Então, eu a trouxe para o meu lar, onde ela 
poderia ficar sóbria e poderíamos criar um plano. 
Emily era uma planejadora de eventos para um dos estúdios de 
cinema e havia feito uma variedade de coisas, desde lidar com a 
imprensa até lidar com fornecedores. Ela poderia mobilizar uma equipe 
de quinhentos e levá-los do ponto A para B em um piscar de olhos. Eu 
precisava dessas habilidades na minha equipe. Mas ela precisava 
arrumar suas coisas primeiro, e seus problemas estavam muito além 
das minhas capacidades de correção. 
 Midnight #3 
Ela deu entrada em uma clínica e trinta dias depois estava na 
minha folha de pagamento. Mais cheia de confiança do que a maioria 
das mulheres que eu conheço, ela encontrou um novo Dom que a trata 
melhor do que o antigo, e Emily é agradavelmente açoitada todas as 
noites. 
Leland recusa a oferta de café da manhã. — Mike, você pode voltar 
com um refil de café? — Leland trabalhava para uma das maiores 
empresas de relações públicas em Hollywood. Isto é, até que ele foi pego 
transando com a esposa de seu chefe. Seu chefe, um dos homens mais 
poderosos do setor, prometeu a Leland que seu nome ficaria sujo. Teria 
ficado se eu não aparecesse. Procurei um pouco e encontrei alguns 
petiscos que inclinariam o mundo de seu chefe. Leland se separou da 
empresa em “bons termos” e eu ofereci um emprego com a condição de 
que ele deixasse a esposa em paz, o que ele aceitou graciosamente. Ele 
está comigo desde então. 
Peço a Mike um café da manhã extra, enquanto Misha, que parece 
mansa, agradece pelo café da manhã e pelo café que ele acabou de 
colocar na mesa diante dela. As aparências muitas vezes enganam, 
porque todo mundo em LA sabe que ela é uma das advogadas mais 
cruéis do mundo. É a razão pela qual eu a queria no meu time. 
Misha se viu em dificuldades há alguns anos. Ela era casada e 
feliz, como todo mundo pensava, até que o marido se deparou com 
alguns vídeos dela, sobre ela se envolvendo com outra mulher. Ela não 
queria que ele soubesse que era bissexual, então escondeu esse lado da 
vida. Ele não estava muito satisfeito com isso e ameaçou postar os 
vídeos no YouTube. Ela enlouqueceu e eles entraram em uma briga 
enorme, durante a qual ela o socou e quebrou o nariz dele. Mencionei 
que Misha teve problemas de raiva? A ameaça de postar no YouTube se 
transformou em um processo de abuso e agressão. Foi assim que Misha 
chegou ao meu escritório, pedindo minha ajuda. 
 Midnight #3 
Após a minha intervenção, Misha acabou com um divórcio 
amigável, mesmo tendo sofrido financeiramente. O que ela compensou 
com o salário e bônus que eu pago a ela. No entanto, ela teve que 
concordar com a terapia de controle da raiva, o que felizmente fez. Vi 
uma estrela cintilante nela e soube que, assim que seus problemas 
fossem resolvidos, Misha seria uma colega de trabalho exemplar. 
Se este jato caísse, a indústria de entretenimento de Hollywood 
estaria em uma séria confusão, porque não haveria ninguém que 
conseguisse corrigir seus problemas. 
Meus pensamentos voltam para Midnight Drake. Geralmente não 
tenho sentimentos tão carregados de emoção, mas a maneira como essa 
mulher foi explorada, foi algo muito errado. Midnight Drake é uma atriz 
que conseguiu um bom contrato com Alta Pictures, e esses filhos da 
puta estão tentando arruinar suas chances de torná-la grande. Eles não 
vão se eu puder evitar. Essa equipe irá parar quem fez isso e fazê-los 
pagar. 
Meu telefone emite um sinal sonoro com uma mensagem de 
Leland. Abro para encontrar todos os vídeos carregados. Quase engasgo 
com o café quando assisto o primeiro. Filhos da puta. Estes são os 
piores vídeos que algum dia já vi na vida. Sinto-me mal sabendo que 
acabei de testemunhar minha cliente sendo estuprada. 
— Reúna-se, equipe. Nosso status acabou de mudar para DEFCON 
1. — Então eu pressiono play. As mulheres estão enojadas e chateadas, 
mesmo que essas mulheres sejam duras como unhas. Mas eu quero 
todos zangados e, até o final do último vídeo, meu objetivo foi 
alcançado. 
Misha voa da cadeira. — Harrison, eu quero cortar pessoalmente 
suas bolas. Olha para ela! Ela está quase inconsciente lá. Isso é 
 Midnight #3 
nojento. O pior é que não sei como alguém iria querer assistir essaa 
merdas tão depravadas. 
Emily assume o comando de onde Misha sai. — Que idiotas 
viscosos! E como essa mulher poderia ter participado? Deixe-me colocar 
minhas mãos neles. Pessoalmente vou arrancar seus paus. 
— Ok senhoras, vamos juntar as coisas. Embora eu queira 
aproveitar a sua raiva, precisamos do nosso melhor e não vamos 
conseguir se vocês não agir racionalmente. Acalme-se e continue 
assistindo. 
Nós nos concentramos nos vídeos. Um mal necessário, você pode 
dizer, mas temos que analisá-los se quisermos fazer nosso trabalho. 
— Aqui é onde podemos ter um problema, — eu digo. — Nessa 
parte Midnight está cooperando e até pedindo mais. “Mais forte. Sim, 
sim” ela diz. 
Emily assente com nojo. — É como se ela estivesse atordoada, mas 
quer. 
— São as drogas, — diz Misha. — Olhe para o rosto dela. 
Não há duvidas. — Tudo o que eles deram a ela deve ter sido bom, 
— diz Emily. 
Quando os vídeos terminam, explico o que Rashid disse. — Vocês 
dois sabem que ele é um cão de caça quando eu o coloco em uma 
tarefa. Também quero descobrir para onde foi a Midnight, para que 
possamos verificar as fitas de segurança. Elas devem nos mostrar algo. 
Ajudará, assim, quando Rashid encontrar seus telefones, será mais fácil 
identificar esses caras. Podemos pedir que alguém os traga. Vamos... 
cuidar deles adequadamente. 
 Midnight #3 
As sobrancelhas de Misha se erguem. — Isso implica estar no 
fundo do rio East? 
— Nosso papel é limpar as coisas para a Midnight e colocar tudo de 
volta nos trilhos para ela. Descubra o que o contrato da Midnight indica 
e se Alta pode deixá-la. Ela pode ter uma cláusula de moralidade ou 
algo assim. 
O peito de Misha ainda arde de raiva, mas ela assente. 
Emily diz: — Sim, a Midnight é a nossa missão. Não podemos 
deixar nossa raiva atrapalhar. Podemos nos preocupar com esses caras 
de pau mais tarde. 
Agora que eles foram redirecionados, eu digo: — Certo. Então, é 
disso que precisamos. Emily, trabalhe para levá-la à reabilitação. As 
pessoas perdoam alguém com um problema de drogas. 
As sobrancelhas de Emily franzem. — Mas é admitir que ela tem 
um vício, quando não tem. 
— Vamosdar um passo para atrás. Lembre-se, temos que manter 
nossos sentimentos e emoções fora disso. É nosso trabalho consertar 
essa bagunça, encontrar uma solução. O plano A é levá-la à polícia. Se 
você foi estuprada, não seria a primeira coisa que você faria? Como ela 
não fez isso, podemos apenas assumir que há uma razão. Ainda vamos 
tentar fazê-la ir, mas se ela recusar, não podemos forçá-la. Vamos 
precisar de um plano B. Então, faço a pergunta: qual é a melhor 
maneira de limpar isso? Qual é a melhor maneira de recuperar sua 
carreira? Não é se concordamos ou discordamos, é se isso vai funcionar 
ou não. 
Quando os vejo concordar, continuo. 
— Vamos pensar. Temos um grande problema com os vídeos. 
Apesar de terem sido excluídos, ficaram tempo suficiente para que as 
 Midnight #3 
pessoas tivessem capturas de tela ou GIFs dessa merda. Suas 
impressões são sólidas. Vamos com o pior cenário possível. Podemos 
dizer que ela não tem um problema, mas as pessoas que os viram não 
acreditaram em nós e Midnight precisa de credibilidade. A melhor 
maneira de seguir em frente é pedir perdão. Mas, enquanto isso, Misha, 
precisamos encontrar esses homens, se pudermos. Quero motivo. 
Quando a Midnight sair em trinta dias, queremos que o público morra 
para vê-la. Esperançosamente eles vão rastejar sobre ela e a quererão 
de volta, assim como eles querem cereja no topo do bolo. Se Alta a 
deixar cair, nosso trabalho é deixá-los de joelhos e implorar para que 
ela volte. Ah, e Leland, comece a trabalhar em seu discurso. De alguma 
forma, relacione-a com sua infância trágica. Sabemos alguma coisa 
sobre isso? Caso contrário, desenterre algo. Não me importo se é sobre 
ela nunca ter ficado triste com a morte de sua mãe. Faça algo 
emocional. Queremos que tudo isso funcione como plano B, caso 
precisemos implementá-lo. 
A equipe vai trabalhar, enquanto eu faço uma pequena pesquisa 
sobre Midnight. Ela começou em filmes B, como a maioria dos atores, 
tentando ser notada. Ela foi notada, tudo bem. Com longos cabelos 
negros e olhos de lavanda incomuns, ela não é uma beleza delirante, 
mas tem um apelo exótico. Sua sedução a torna inesquecível. Há algo 
nela que grita sexo. Tendo sido escalada para os tipos de papéis que 
muitos atores não costumam querer, Midnight está disposta a abrir as 
asas e tentar qualquer coisa. 
Então tropeço em algo que me faz pensar duas vezes. Nascida em 
Phoenix, seu nome de nascimento era Velvet Summers. 
— Você só pode estar brincando, — digo em voz alta. 
— O que? — Todos os olhos estão em mim. 
 Midnight #3 
— Você sabia que o nome de nascimento da Midnight era Velvet 
Summers? 
— Oh, isso, — diz Leland. 
— Como eu não sabia disso? 
Misha encolhe os ombros. — Não sei. Leland enviou uma fotocópia 
da certidão de nascimento. Pensei que você tivesse visto. 
— Quem diabos nomeia seu filho Velvet Summers? — Mas depois 
que digo isso, penso em meu melhor amigo, Weston— o nome de sua 
esposa é Special. Quem nomeia uma criança assim? 
Emily encolhe os ombros. — Sim, as pessoas escolhem nomes 
estranhos. 
Continuo lendo e encontro alguns fatos interessantes. A mãe de 
Midnight era uma dançarina exótica, e alguns relatos a listavam como 
stripper. Ela também era conhecida por ter um problema com o uso 
drogas. A Midnight terminou em um orfanato, mas depois saiu aos 
dezoito anos. Parece que ela nunca terminou o ensino médio. Talvez ela 
realmente tivesse uma educação trágica. Sua mãe morreu há dez anos, 
quando Midnight tinha apenas catorze anos - provavelmente foi esse o 
motivo que ela tenha acabado em um orfanato. Não há menção a um 
pai na foto. A trama engrossa. 
Emily anuncia que conseguiu para Midnight, uma vaga na melhor 
clínica de reabilitação do país. Localizada no Arizona, ela tem uma 
atmosfera de spa. Ela ficará isolada das fofocas de Hollywood e do resto 
do mundo por um período mínimo de trinta dias. 
— É caro, mas vale a pena, acredito. As críticas são 
impressionantes, — diz Emily. 
— Bom. Vamos deixá-la no nosso voo de volta para LA. — digo. 
 Midnight #3 
Misha anuncia que nossa equipe jurídica em Nova York está 
pronta para nós, se precisarmos. 
— Bom trabalho, — eu digo. — Espero que identifiquemos essas 
pessoas ou pelo menos as rastreemos com a ajuda de Rashid. Eles não 
mostraram rostos nos vídeos e também usavam preservativo, o que 
corta nossas evidências. Talvez ainda restem drogas no sistema da 
Midnight 
Farei o meu melhor para encontrar os filhos da puta que fizeram 
isso e fazê-los pagar - com ou sem a polícia. 
 Midnight #3 
Sua forma encolhida na cadeira no canto do quarto de hotel não 
me surpreende. Estou surpreso que ela não esteja chorando e 
enlouquecendo. 
Estendo minha mão. — Midnigt, sou Harrison Kirkland, da The 
Solution. Nós vamos cuidar do seu caso aqui. 
Uma lufada de ar sai de seu peito. — OK. — Sua mão trêmula e 
gelada sacode a minha. Ela se sente frágil, como se seus dedos 
quebrassem se eu apertar. — Você acha que pode ajudar? 
— Acho que sim. 
Olhos violeta encaram os meus. Me pergunto se ela usa lentes de 
contatos. Essa cor parece artificial. 
— Primeira coisa. Sinto muito que isso tenha acontecido com você. 
É uma coisa horrível, e não posso fingir entender o que você está 
passando. Para ajudá-la, faremos algumas perguntas pessoais. Mas 
primeiro, você tomou banho? 
— Não. — Sua voz é tão baixa e trêmula. 
Na voz mais gentil possível, digo: — Bom. Isso significa que ainda 
pode haver evidência presente. Midnight, precisamos ir à polícia para 
poder denunciar o crime. 
Seus olhos percorrem a sala, como se estivesse procurando 
freneticamente por uma escotilha de fuga. 
Ela esfrega os braços como se estivessem congelando. — Não posso 
fazer isso. Sem polícia. 
 Midnight #3 
Puxo uma cadeira e sento ao lado dela. — Se não denunciarmos, 
esses caras podem ficar livres. Meus contatos aqui os procurarão, mas 
não há garantias de que possamos encontrá-los. 
— Eu... eu simplesmente não posso ir. OK? Sem polícia. 
Rapidamente olho para Misha e Emily. As duas encolhem os 
ombros. 
— Tudo bem, mas e se chamarmos um dos especialistas em crimes 
com que lidamos e vermos se ele pode tirar um pouco de DNA de você? 
Talvez debaixo das unhas. Pode nos ajudar a pegar esses caras. 
Gestos bruscos acompanham seu queixo trêmulo. — N-Não. 
Ela precisa entender a importância disso. Inclinando-me para a 
frente, digo: — Midnight, se não relatarmos isso em breve, podemos 
perder nossa oportunidade. 
Ela morde o lábio. — P-posso falar com você em particular? 
— Certo. Todos? — Balanço minha cabeça em direção à porta. Eles 
limpam a sala, deixando nós dois sozinhos. 
Sua voz é hesitante quando ela começa. — Se... se eu for à polícia, 
isso irá expor algumas coisas. Algo do meu passado, que não quero que 
seja revelado. 
— Compreendo. Mas a polícia será nossa melhor opção para 
capturar esses caras, se é isso que você quer que aconteça. 
Suas pálpebras tremem. — O que eu quero é que isso desapareça... 
desapareça. 
— Certo, e nós vamos ajudar com isso. Mas a polícia... 
 Midnight #3 
Sua boca endurece. — Sem polícia. — Ela faz uma pausa. — É 
difícil dizer... e é algo que ninguém sabe, Sr. Kirkland, mas eu 
costumava trabalhar na indústria pornô. Se isso vazar, eu estarei 
acabada. Absolutamente nada polícia. — Ela pula da cadeira e 
caminha. 
Merda. Isso pode mudar completamente o jogo. — OK, eu entendo. 
Esta é totalmente sua decisão. Só não quero que você se arrependa de 
não denunciar isso como crime, desde que foi vítima. 
Ela apenas assente. 
— Há quanto tempo foi isso? — Pergunto. 
— Uns anos. — Porra. Não há tempo suficiente para que as 
pessoas a tenham esquecido. 
— Quantos filmes? 
— Não me lembro. Usei um nome diferente. Eu tinha cabelos loiros 
e usava lentes de contato castanho, e mudei de nariz desde então. 
— Eu vejo. Então, a meu ver, temos duasopções. Um é a polícia, 
da qual você não é a favor, e dois é o controle de danos. Esse era o 
plano B, mas acho que vamos direto ao assunto sem o benefício da 
polícia. Tem certeza de que é isso que você quer fazer? 
— Sim. Sem polícia. — Ela enfatiza as palavras. 
Essa terá que ser a melhor opção. Se a polícia investigar seu 
passado, a parte pornô seria revelada, e então o que faríamos? As 
pessoas, sendo o que são, diriam que ela merecia o que recebeu. 
— Deixe-me trazer a equipe de volta. Eles precisam ser informados 
disso. Você está bem com isso? — Ela assente. 
 Midnight #3 
Quando estamos novamente reunidos, digo: — A Midnight decidiu 
que não há polícia, então vamos continuar. Midnight, quero saber tudo 
o que você fez ontem, desde o momento em que acordou até quando 
isso aconteceu. Não deixe de fora nenhum detalhe, mesmo quando você 
urinou. Fui claro? 
A boca e os olhos dela combinam na forma de enormes círculos. — 
Tudo? 
— Sim. É importante. Emily, você está pronta? 
— Pronta. 
Emily gravará tudo para não perder nenhum detalhe. Preciso saber 
se Midnight é viciada em drogas ou se é realmente uma vítima inocente. 
— Comece do começo, — eu digo. 
Ela começa seu voo de Los Angeles e avança para sua sessão de 
fotos. 
— Então eu fui jantar com Danny. O produtor. Depois fomos a um 
clube. 
— Qual clube? — Ela nomeia o lugar e eu digo ao Leland enviar 
alguém para verificar suas fitas de segurança. 
Voltando à Midnight, pergunto: — Então, você confia neste Danny? 
— Sim. Ele foi embora com outra mulher. Eu estava dançando com 
um cara. Ele parecia bom o suficiente. 
— Me fale sobre ele. Quero detalhes. 
— Cabelo alto e loiro. Não conseguia ver a cor dos olhos dele 
porque estava muito escuro no clube. O nome dele era John. Tenho 
 Midnight #3 
certeza de que era falso. Ele tinha uma voz legal. Ele usava jeans e uma 
camisa de botão. Azul claro, eu acho. 
— Quão alto? 
— Não sei. Não sou boa nisso, porque sou muito baixa. 
— Você pode tentar? Nós precisamos de um número. 
Ela olha para mim e depois faz um gesto com a mão. — Levante-se. 
— Eu faço, e ela também. — Quão alto é você? 
— 1, 75. 
— Ele provavelmente tinha 1, 80 então. 
— Boa. Seu cabelo era grosso, fino, careca? 
— Fino. Não é grosso como o seu. 
— Alguma marca na pele dele? Tatuagens, marcas de nascença, 
cicatrizes? 
— Nada que eu pudesse ver. As mangas eram compridas. Houve 
alguma coisa no vídeo que você notou? 
— Infelizmente, o vídeo só o pegou por trás. 
Ela se senta e eu noto como ela se contorce e encolhe na cadeira. 
Me agacho ao lado dela. — Olha, eu sei o quão desconfortável isso 
deve ser, mas estamos apenas tentando descobrir quem fez isso e por 
quê. Midnight, temos um plano, mas se pudermos pegar esses idiotas, 
conseguir algo que possa nos levar a eles, podemos impedir que isso 
aconteça novamente. 
Sua expressão está horrorizada. — Novamente? Eles fariam isso 
comigo de novo? 
 Midnight #3 
— Eles poderiam fazer isso com outra pessoa, se não você 
especificamente. É por isso que precisamos detê-los. Pelo que vi, isso 
não parece ter sido a primeira vez. Eles não deixaram nenhum tipo de 
trilha. Um novato teria. 
Acontece que a Midnight é muito cooperativa. Quando ela decide 
cooperar, é a minha vez de ir trabalhar. 
Vou direto ao ponto quando pergunto: — Você já usou drogas no 
passado? 
— Não, eu não uso drogas. 
— Nunca? 
— Não! Posso tomar um drinque ocasional e já fumei maconha 
uma ou duas vezes, mas não uso drogas. — Ela se abaixa, enfia a mão 
na bolsa e pega um punhado de ursinhos de goma. 
— Misha, faça-a fazer xixi em um copo para nós. Precisamos de 
uma triagem de drogas. 
Midnight sai da cadeira, os olhos pegando fogo. — Eu te disse, eu 
não uso drogas. 
— Acalme-se. É uma questão de descobrirmos com o que eles 
drogaram você. — digo a ela. 
— Oh, — diz ela. — Desculpe. — Então ela coloca um ursinho na 
boca. 
Misha a leva ao banheiro para um exame de urina. Quando elas 
voltam alguns minutos depois, Leland contata um mensageiro para 
entregar a amostra a um centro de triagem de medicamentos com 
instruções para resultados rápidos. 
 Midnight #3 
— Tenho certeza de que as drogas estão fora do seu sistema, mas 
se eles a atingiram com heroína, ela ainda deve estar presente, — digo. 
Ela se recosta na cadeira, pega mais ursinhos de goma e enfia os 
pés debaixo dela. 
— Como você não tomou banho, vamos dar um tempo para que 
você possa tomar. Isso parece bom? 
— Sim, sim. 
— Todo mundo, vamos dar a ela trinta minutos. Nós voltaremos. 
Midnight acena com agradecimento. 
Nos reunimos em minha suíte, que inclui uma sala com uma mesa 
grande com capacidade para seis. É hora de reunir meus pensamentos. 
A Midnight parecia um inferno - áspera e destruída. 
— O que você acha? — Pergunto ao Leland e Emily. 
— Ela está dizendo a verdade. Lidamos com mentirosos suficientes 
para encontrar um quando o vejo. Mentirosa, ela não é. Ela tem muito 
com o que lidar, mas terá que superar isso. — diz Emily. 
— Concordo, — diz Leland. — Ela tem fogo e verdade nela. 
Vi o mesmo fogo. Além disso, ela está assustada demais para estar 
mentindo. Os vídeos foram horríveis. Ninguém faria isso e mentiria. 
Recostando-me, bato os dedos na mesa. — Não sei se ela vai gostar do 
nosso plano, mas é a única coisa que sei que salvará sua carreira. Farei 
o meu melhor para convencê-la. 
Emily ri. — Você sempre faz. 
Meu telefone toca com uma mensagem de texto de Misha, que ficou 
para trás com Midnight. Ela nos diz que é bom voltar. 
 Midnight #3 
Eu atiro de volta. Ela se sentiria mais confortável na suíte? 
Alguns segundos depois, a resposta é que elas estão a caminho. 
Pego o telefone e peço café da manhã e café para todos. Todos nós 
poderíamos comer algo. 
Misha chega com a Midnight atrás dela. Eu as tenho sentadas à 
mesa. O cabelo preto da Midnight está molhado e ela não usa 
maquiagem, mas isso não altera sua aparência. Ela é muito atraente. 
Somente as olheiras profundas e escuras à espreita sob seus olhos 
estragam sua pele perfeita e revelam seu desespero. 
Ela se enrosca enquanto se senta. Isso não pode acontecer. Preciso 
de força, não alguém que pareça danificada. 
— Pedi comida e café para que chegasse imediatamente. Preciso 
fazer uma ligação, se você me der licença. 
Quando estou no quarto, ligo para Rashid. Com suas habilidades 
de hackers, não demoraria muito para encontrar o paradeiro dos filhos 
da puta que fizeram isso. Quando ele me diz o que descobriu, quero 
esmagar meu punho contra a parede. Eles usaram seu próprio telefone 
para gravar e enviar os malditos vídeos. Estamos em um beco sem saída 
aqui. 
— Nós sabemos onde ela estava quando aconteceu. Você pode de 
alguma forma invadir as fitas de segurança do hotel para ver com quem 
ela estava? 
— Se eles são circuito fechado, não serão de muita ajuda além de 
uma identificação visual, — diz ele. 
— Verdade. Talvez eu possa convencer o hotel a nos dar mais 
informações. 
 Midnight #3 
— Se você puder fazer isso, talvez eu possa ajudá-lo a identificá-
los. 
Todo mundo está tomando café e comendo quando eu me junto a 
eles. A Midnight bica um pedaço de torrada como um pássaro. 
— Você deveria comer mais do que isso. Ajudará as drogas saírem 
do seu sistema mais rápido. — digo. 
— Era heroína. Estou quase certa disso. Foi pura euforia, algo que 
nunca senti antes. Já vi algumas pessoas nesse estado. Não dava a 
mínima para nada. 
Descansando as palmas das mãos na mesa, eu me inclino para 
perto dela e suavemente digo: — Aconteça o que acontecer, nunca faça 
essa merda novamente. Só estou lhe dizendo isso para sua proteção. A 
taxa de dependência com essa droga é assustadora. 
— Eu te disse, eu não uso drogas. 
— A tentação pode ser alta, já que você sabe como isso a fez se 
sentir. Mas a próxima vez não vai fazer você se sentirassim. — digo. 
— Você tem algum problema de audição? Eu. Não. Uso. Drogas. — 
ela cospe. 
Sorrio. — Bom. Agora que esclarecemos isso, vamos continuar. — 
Me sentando digo: — Quero todos os detalhes do que aconteceu depois 
que você acordou. 
Ela fala sobre o sentimento de pânico e como saiu correndo do 
hotel, preocupada que eles voltassem e a encontrassem novamente. É 
aqui que ela trava. 
Dou-lhe um momento para se recompor, depois começo com mais 
perguntas. Isso é fundamental, enquanto as coisas ainda estão frescas 
em sua mente. — Você se lembra de vozes. 
 Midnight #3 
— Sim. Uma mulher e dois homens. 
— Você tem certeza? — Pergunto. 
— Sim. — Ela é inflexível. — Isso eu lembro, mas não muito mais. 
Não conseguia mover meus tornozelos. Também lembro disso. Quando 
acordei e vi a... — ela se contorce em seu assento, — aquela barra de 
separação lembrou-me de não poder e fazia sentido o por que. 
— Essas pessoas sabiam exatamente como não ser pegos. Meu 
palpite é que eles já fizeram isso antes. É por isso que eles usaram seu 
telefone para enviar os vídeos, — eu digo. 
Ela se inclina para frente. — Meu telefone? Eles usaram meu 
telefone? 
— Infelizmente sim. — Odeio aquele olhar de desespero gravado em 
seus olhos. 
Uma mão flutua em direção ao rosto dela, mas depois cai na mesa. 
— Isso está piorando. Já é ruim o suficiente que Alta queira cancelar 
meu contrato. Tenho certeza que Holt está feliz. 
— Holt Ward? Você quer dizer o seu colega? 
— Sim, eu não sou exatamente sua pessoa favorita. 
Isso coloca uma nova reviravolta nas coisas. — Você acha que ele 
possa ter algo a ver com isso? 
Sua boca se inclina, então se abre. — Oh, eu não... bem, ele tem 
sido um pouco desagradável comigo, mas eu duvido que ele se incline 
para este nível. Além disso, eu estava com Danny, não com Holt. 
— É verdade, mas e se ele tivesse seguido você? 
— Não posso acreditar que ele poderia me odiar tanto. 
 Midnight #3 
Recostando-me na cadeira, aceno para Leland. — Essa é uma 
vantagem que precisamos seguir. Quero Holt Ward verificado. Quero 
seus registros telefônicos examinados. — Leland se levanta para ligar 
para Rashid. — Rashid terá uma resposta em pouco tempo. E isso pode 
levar a quem fez isso. 
— Então, esse é o nosso plano, Midnight. Você vai para 
reabilitação. 
— Reabilitação? Mas eu não uso drogas! 
— Não importa. Como você não deseja denunciar isso como crime, 
não temos outra opção. O mundo viu você com uma agulha e uma 
seringa no braço, sendo pega por dois rapazes e uma garota com todos 
os tipos de brinquedos BDSM e gostando. O que parece e o que 
realmente aconteceu são duas coisas diferentes, mas é a percepção do 
público que conta. Sei que isso é difícil de ouvir, mas a reabilitação é a 
única solução plausível que podemos encontrar, já que você não quer ir 
à polícia. Você anunciará que cometeu erros e agora está pronta para 
resolver seus problemas. O público realmente vai gostar disso. Eles vão 
comer na sua mão. 
— Mas é uma mentira, — ela insiste, os olhos cheios de lágrimas. 
Então ela envolve os braços em volta de si mesma. 
Me afasto das emoções dela. É um mal necessário. É triste, sim, 
mas meu trabalho é não sentir pena dela. Meu trabalho é limpar a pilha 
de merda em que ela caiu. 
— Midnight, o público viu esses vídeos horríveis de você sendo 
estuprada, exceto que aqueles homens fizeram parecer que você estava 
gostando. Nós os tiramos o mais rápido possível, mas isso não impediu 
as pessoas de tirar prints e postar memes ou cavar seu passado. Minha 
pergunta para você é: você quer ficar com a Alta? 
 Midnight #3 
— Sim, — ela chora. — Fui a vítima. Não fiz nada errado. 
— Você não parece ouvir o que estou dizendo. As pessoas não se 
importam com a verdade. Eles só se preocupam com o que é a melhor 
história. Eles não se importam com o fato de você ter sido uma vítima 
inocente. Eles acreditam que você concordou com tudo isso. Não vamos 
mudar de ideia, já que a polícia não esta envolvida, a menos que você 
decida denunciar o crime. E se alguém fizer algum tipo de escavação, 
poderá descobrir que você fez a distribuição. 
— O que? Mas eu não fiz nada disso! 
Com uma voz suave, digo: — Sei disso, minha equipe sabe disso, e 
você também, mas o que sabemos não importa. Você só precisa se 
preocupar com a percepção do público, porque são eles que podem fazer 
ou quebrar você. Você deve ouvir o que estou dizendo e ouvir com 
atenção. Você vai fazer uma declaração. Você vai dizer que a 
reabilitação é o seu destino. Depois de perceber que precisa de ajuda, 
acredita que este é o melhor a ser feito. 
Depois, explico que mostraremos como viver em um orfanato a 
afetou, como ela nunca sofreu a morte de sua mãe e por que ela entrou 
em uma vida de abuso de drogas. 
Ela enterra o rosto nas mãos. — Não posso dizer isso. 
— Por que não? Fiquei com a impressão de que você queria salvar 
sua carreira. 
— Sim, mas trazer o orfanato... é muito... cru. 
É quando percebo as rachaduras no exterior dela. A Midnight não 
é tão forte e animada como todos imaginávamos. Mas isso não importa. 
Agora é quando ela precisa cavar fundo e encontrar forças para superar 
o que aconteceu. — É exatamente por isso que estamos fazendo. 
 Midnight #3 
Ela voa da cadeira e o ritmo começa. — Você sabe alguma coisa 
sobre orfanatos? — ela pergunta. 
— Um pouco. — A verdade é que estou tão longe disso. Minha 
infância foi idílica. Meus pais eram perfeitos e ainda são. Eles devem ser 
colocados em pedestais. Perante a Deus, eles são os maiores seres 
humanos que já respiraram ar. 
O ceticismo cobre sua voz enquanto ela esfrega os olhos. — Coisas 
aconteceram lá. Coisas ruins. Não quero que essa lata de vermes seja 
reaberta. 
— Já foi aberto. As pessoas sabem. 
Olhos violetas travam nos meus. — O que eles sabem? 
Pego meu telefone e pesquiso o nome dela. Um clique e eu estou lá. 
Sua biografia aparece e na página, fala sobre Phoenix, o orfanato, a 
morte de sua mãe e assim por diante. Entregando o telefone para ela, 
eu digo: — Aqui, veja você mesmo. 
Também posso ter colocado um punho na cara dela com a maneira 
como ela reage. O que há com isso? Por que ela está com tanto medo 
disso? 
— O que você não está nos dizendo, Midnight? 
— Nada. — Ela olha para mim, mas se encolhe depois de um 
minuto. Ela está escondendo algo e pretendo descobrir o que é. 
— Podemos ter um momento, todo mundo? Emily, pare a câmera, 
por favor. 
Misha diz: — Harrison, eu não aconselho isso. 
Ofereço a ela um meio sorriso. — Sabia que você não faria. Mas vai 
ficar tudo bem. 
 Midnight #3 
A equipe sai, deixando Midnight sozinha comigo. 
— Este é realmente um momento de merda para você. Entendi. 
Mas, para ajudar, preciso dos fatos, e você não está dando todos eles 
para mim. Conte-me sobre o orfanato. O que você está escondendo? 
Seu lábio inferior treme levemente. — Simplesmente não era um 
ótimo lugar para se estar. Isso é tudo. 
— Não, isso não é tudo. Você foi para lá depois que sua mãe 
morreu, certo? 
— Antes. Ela era viciada em heroína, e é por isso que nunca vou 
usar. Lembro dela me deixando e indo trabalhar. Ou é o que ela dizia de 
qualquer maneira. Mas eu sabia melhor. Ela ia procurar drogas. O 
Departamento de Segurança Infantil finalmente me tirou de casa. Tenho 
certeza de que um dos meus professores a entregou, provavelmente 
porque eu estava chegando atrasada ou perdendo a escola por 
completo. Lembro de nós duas chorando uma pela outra enquanto eles 
me arrastavam para longe. Eu só a vi algumas vezes depois disso, e 
então ela estava morta. 
Despejo outra xícara de café e ofereço uma. Ela recusa. 
— Você vai odiar ouvir isso, mas essa é uma história que o público 
iria adorar. Eles cairiam diretamente em suas mãos, pense nisso. 
— Não! Não quero que eles gostem de mim por causa disso. 
— Pode ser sua única opção. Efoi por isso que você se voltou para 
as drogas. 
— Não virei para... 
Ela para quando vê minha testa franzida. 
 Midnight #3 
— Tudo bem eu já entendi. Eles não querem a verdade. Eles só 
querem o último pedaço de fofoca em que possam afundar seus dentes 
estúpidos. 
Me inclino nos cotovelos. — Exatamente. Agora você está 
começando a entender. Então nós agiríamos. E eles vão te amar mais 
do que nunca. No final, a Alta pode até elevar seu contrato. Quem sabe? 
— E se eles me despedirem? 
— Eles não vão. — Ela continua torcendo os dedos. — Midnight, o 
que você não está me dizendo? 
Ela morde o lábio já rachado. — Nada. Fui abusada, minha mãe 
tinha um vício, fiz filmes pornográficos e fui estuprada. Isso não é 
suficiente? 
— É muito mais do que a maioria das pessoas já teve que lidar. 
Mas ainda quero que você concorde em ir para reabilitação por trinta 
dias e depois faça a declaração. Eu sei que vai fechar o acordo. 
— Eu nem vou saber o que dizer. 
— Você não precisa se preocupar com nada. É aí que entra minha 
equipe. Nós escrevemos e você ensaia, exatamente como um script. 
Faça como se sua vida dependesse disso. No final, você vai nos 
agradecer por salvar sua carreira. Quem sabe você pode ganhar um 
Oscar. — É verdade, mas ela não acredita em mim. 
— Ok, eu vou fazer isso. Uma pergunta, estarei realmente em 
reabilitação por trinta dias? 
— Sim, talvez mais, mas você estará nas melhores instalações. 
Será como um spa. 
Ela assente. Ligo para a equipe, entro no computador e faço uma 
pesquisa em Lusty Rhoades. Ela certamente era ativa, não o nome 
 Midnight #3 
familiar de algumas das principais estrelas da pornografia, mas fez 
alguns filmes. 
Rashid vai trabalhar, certificando-se de que não há nenhuma 
conexão entre Lusty e Midnight. Isso vai demorar um pouco. 
 Midnight #3 
Harrison Kirkland é uma força da natureza. Alto e largo nos 
ombros, o homem irradia força. O que quer que ele coloque no café deve 
ser incrível, porque a energia que sai dele é contagiante. Ele é tão 
confiante e seguro das coisas, para não mencionar dominante e sexy. 
Nunca encontrei alguém como ele antes. Quero confiar nele, eu quero. 
Mas depois de tudo o que passei, é difícil acreditar que essa ideia dele 
funcione. E depois há toda a outra questão do orfanato. Ele não pode 
cavar isso. Se eles abrirem essa parte da minha vida, não há uma 
chance no inferno de eu sobreviver. 
Além disso, estou preocupada com o que ele pensa de mim. Mesmo 
que eu não devesse dar a mínima, não quero que ele pense que sou 
apenas um pedaço de merda. Não posso voltar à indústria pornô 
ganhando a vida, chupando e fodendo. Mesmo sendo minha escolha, 
certamente não teria sido a minha primeira. Era uma maneira suja e 
nojenta de ganhar a vida. Não vou tolerar isso novamente, então o plano 
dele tem que funcionar. Além disso, se não, não tenho certeza de como 
poderei pagar sua pesada taxa. Quando Rita me disse quanto ele 
cobrou, eu quase morri. 
Paramos para almoçar e depois nos reunimos na pequena sala de 
conferências com mais perguntas e respostas. Harrison sai algumas 
vezes, apenas para retornar com informações sobre quando vou fazer 
esse anúncio falso. Ele quer que seja feito amanhã. Meu intestino da 
sinal quando a tontura quase me supera. 
— Você está bem? — alguém me pergunta. 
— Eu não me sinto bem. 
 Midnight #3 
— Você comeu? — Harrison pergunta, enquanto se inclina sobre a 
mesa, descansando as mãos perto de onde eu me sento. 
— Não muito. É um pouco difícil quando meu estômago está com 
um nó. 
— Emily, chame o médico. Ela precisa de algo para acalmá-la. 
— Sem médico. — Trago as palavras. É um curativo para uma 
ferida aberta e não resolve nada. 
— Tudo bem, mas você provavelmente deveria ser vista de 
qualquer maneira. Pelo menos para garantir que está tudo bem, — diz 
Harrison. A voz dele é gentil e é a primeira vez que presto muita atenção 
ao rosto dele. Os olhos dele estão quentes. Eles são castanhos escuros, 
tão escuros que parece que mergulhei em um abismo. Ele veste um 
terno e tem uma aparência muito profissional. Ele é bonito. Holt, não é 
tão bonito assim. Mas ele é muito melhor, com certeza. Ele estará 
ganhando muito dinheiro comigo. Minha conta bancária será esgotada 
após esta provação. O bom é que não precisarei pagar a ele se o plano 
falhar. Ele deve estar confiante de que não irá 
— OK. Se você pensa assim, — digo. Um deles chama um médico e 
tudo o que posso dizer é que eles devem ter algumas conexões sérias. 
Trinta minutos depois, um médico aparece com uma daquelas 
pequenas maletas preta. Normalmente, leva uma eternidade para ver 
um médico de onde eu venho. 
Ele me leva para o outro quarto, provavelmente o quarto de 
Harrison, e me examina. Minha pressão arterial está baixa e ele me diz 
que preciso comer e beber porque provavelmente estou desidratada. 
Sem o resultado dos exames de sangue, não há muito mais que ele 
possa fazer. 
 Midnight #3 
Quando voltamos, Harrison explica que eu testei positivo para 
heroína. Isso é novidade para mim, pois ainda não haviam 
compartilhado isso. 
— Legal da sua parte me contar. — Meu tom carrega mais do que 
uma pitada de ironia. 
— Estávamos nos preparando, mas você se sentiu mal, — diz 
Misha. 
— Não é uma surpresa, realmente. Quando senti a picada da 
agulha na minha veia, não conseguia imaginar o que mais poderia ser. 
Por causa do abuso de drogas da minha mãe, eu já havia lido o 
suficiente para saber quais eram os efeitos. 
— Havia também vestígios de GHB presentes, e é isso que eles 
colocaram na sua bebida. É uma droga de estupro. — Harrison me 
entrega o relatório da minha triagem de urina. Nenhum outro 
medicamento estava presente. 
— Espero que você acredite em mim agora que não uso drogas, — 
digo. 
Ele está sentado à mesa grande, mas se levanta da cadeira e fica 
diante de mim. — Você precisa esclarecer algo. Não é uma questão de 
acreditar em você. Não sou seu juiz, júri e carrasco. O público é. E, para 
sua informação, acreditei em você quando me contou. Por isso pedi que 
você fosse à polícia. 
Isso me faz sentir melhor? Na verdade não. 
O médico avança. — Nessas circunstâncias, você provavelmente 
ainda está sentindo os efeitos secundários de ambas as drogas. 
Aconselho que você beba bastante líquido e coma, Drake. Você se 
sentirá melhor amanhã, — diz ele. 
 Midnight #3 
Uma risada histérica vaza de mim, mas aperto a mão na boca. 
Estou soando um pouco louca e me sentindo assim também. É difícil 
acreditar que, há menos de vinte e quatro horas atrás, eu estava no 
topo do mundo, pensando que as coisas finalmente haviam mudado a 
meu favor. Outra risada ameaça irromper pelos meus lábios, mas eu os 
pressiono e seguro. Este não é o momento de deixar minha loucura 
solta. Preciso segurar minha merda. As lágrimas podem fluir quando eu 
voltar para o meu quarto hoje à noite. 
— Comer. Beber. Entendi. Obrigado, doutor. 
Ele concorda e Harrison o leva até a porta. Tenho certeza que eles 
estão falando sobre mim, mas quem se importa. Estou fazendo o meu 
melhor para não deixar todos os meus pedaços desmoronarem. 
Meu telefone toca, quase atirando para o teto. Pegando a coisa, 
verifico o identificador de chamadas. — Desconhecido. Não vou atender 
isso. 
— Atenda, — Harrison diz severamente. — E coloque no viva-voz. 
— Não. Não sei quem é. 
— É por isso que você vai atender. 
Atendo. — Olá. — Toco no botão do viva-voz, como Harrison 
instruiu. 
— Senhora Drake? 
— Sim. 
— Nós só queríamos ver como você está se sentindo hoje. 
— Quem é? 
— Um amigo. — Ele ri. A voz soa vagamente familiar. 
 Midnight #3 
Harrison, que faz um gesto para todos enquanto andam como 
pequenos ratos, me distrai. Eu nunca vi pessoas se moverem tão rápido 
na minha vida. Então a linha fica muda. 
— Foda-se, — Harrison explode. — Por que você não disse algumacoisa? Era ele, não era? Você deveria ter continuado falando. 
— Não sabia o que dizer. Ele me assustou. — Minha voz soa 
pequena até para meus ouvidos. Até ele está me assustando agora, 
gritando comigo assim. 
— Se você receber uma ligação assim novamente, tente manter o 
cara na linha. Apenas continue falando. Fale sobre qualquer coisa, o 
clima, seu gato, eu não ligo para o quê. Apenas diga algo. 
— Não quero falar com ele. Você gostaria de conversar com seu 
estuprador? 
Ele solta um suspiro longo e frustrado. Sei que ele está tentando 
ajudar a pegar o cara, mas ele não sabe como foi. Ele não pode saber. 
Fui violada e não sei por quem. É nojento, mas ainda quero ver o rosto 
deles. Eu quero olhar nos olhos deles e perguntar se eles estão 
orgulhosos do que fizeram. Também quero voltar para o banho e 
esfregar cada centímetro da minha pele até ficar crua e sangrando. 
Talvez então eu sinta algo novamente. Talvez a dor diminua a 
dormência que invadiu minhas células cerebrais. 
— O que você está pensando? — Harrison pergunta. 
A veemência que explode em mim me faz recuar, mas digo a ele. 
— A raiva é melhor do que sentir pena de si mesmo, — diz 
Harrison. 
Perco a paciência novamente. — Cale a boca por um maldito 
minuto. Você acha que sabe tudo, mas não sabe. — E eu saio da sala. 
 Midnight #3 
Preciso de espaço... preciso respirar, fugir por um minuto. Meu quarto 
não fica longe do dele e não paro até chegar lá. 
Meu peito se agita e minhas bochechas estão molhadas com 
minhas lágrimas. Paro na frente do meu quarto, tento abrir a porta, 
mas sinto uma presença atrás de mim. Quase grito. 
— Sou eu, — diz Harrison. 
— Maldito! — Digo, dando um tapa nele como se eu fosse um 
inseto. Bati em qualquer lugar que posso, só que sou fraca e ineficaz, 
suas mãos trancam meus pulsos, interrompendo tudo. 
Há uma ligeira curva ascendente na boca dele. Ele está rindo de 
mim? — Você é um idiota, rindo de mim assim. 
— Não estou rindo de você. Estou rindo do jeito que você está me 
golpeando. Eu não sou um mosquito. 
— Seu filho da puta. — Tento soltar minhas mãos, mas ele as 
segura com força. 
De repente, estou olhando para o desamparo dessa situação e isso 
me irrita. Não quero perguntar por que eu, mas por que eu? 
Harrison pega a chave de mim e abre a porta, me levando para 
dentro. Então ele me senta e enfia um maço de papel em minhas mãos 
em concha. Ele não é exatamente do tipo quente e carinhoso, mas 
agora, eu não me importo. Tudo o que quero fazer é me enrolar na cama 
e chorar até dormir. 
A próxima coisa que sei é que um copo de água é enfiado na minha 
mão. — Beba isso. 
Não tenho forças para fazer objeção. 
— Eu disse beba, não cuidar da maldita coisa. 
 Midnight #3 
Levantando os olhos, pergunto: — Você tem que ser um idiota? 
— Neste momento, sim. Você foi drogada, provavelmente está 
desidratada e comeu o suficiente para um filhote de passarinho. Se você 
não se abastecer, terá mais desses colapsos e amanhã será uma merda. 
Ele é de verdade? Fungo e digo: — Já lhe ocorreu que estou 
lidando com muita coisa agora? 
Sua voz suaviza. — Sim, e só vai piorar nas próximas vinte e 
quatro horas. É por isso que você precisa beber e comer. 
Engulo mais líquido, mas minha barriga se rebela. Estou enjoada. 
É difícil colocar qualquer coisa no estômago quando você sente que vai 
voltar. 
— É assim porque você não comeu. 
— Oh, você também é médico agora? 
— Não, eu sei que você precisa disso. Agora beba. 
Engulo a maldita água só para fazê-lo calar a boca. Talvez eu 
vomite em todo o seu traje chique. Infelizmente não o fiz. 
Atiro a ele um olhar desagradável. — Satisfeito? 
— Sim. Agora, conte-me mais sobre o orfanato. 
Endureci e olho para o outro lado. Ele não vai tirar essa 
informação de mim. — Não tenho mais nada a dizer além de eu ter ido 
para lá e assim que completei dezoito anos, saí do inferno. Fim da 
história. 
— Não, não é. Tem mais. 
Eu o perfuro com um olhar. — Me escute. Já mostrei o suficiente 
para o público, sem trocadilhos. Vou contar a eles um monte de 
 Midnight #3 
mentiras, porque você acha que é a melhor coisa a fazer. Mas o que não 
vou fazer é abrir minha vida de adolescente para eles apreciarem. Você 
pode gritar, você pode implorar. Não dou a mínima para o que você faz, 
mas esse livro permanece fechado. 
Um pequeno músculo se contrai em sua bochecha. Ele está 
chateado, muito. Minha vida está fodida de qualquer maneira. Se ele 
salvá-la, vou comer minha própria calcinha. Mas sou inflexível quanto a 
não compartilhar essa parte da minha vida. 
— Você obviamente não se importa com esse contrato, então. 
— Sim eu me importo. Mas o que eu mais me importo é que todo 
mundo ira saber coisas que nunca deveriam ser reveladas. Muito 
obrigado, mas esse livro permanecerá fechado. E por favor, não traga 
isso à tona novamente. 
Ele esfrega a mandíbula, a barba curta raspando contra os dedos. 
— Como você reagiria se estivesse no meu lugar? —Pergunto. 
Ele caminha até a cadeira ao lado da minha e se senta. Suas 
pernas longas se estendem na frente dele, e então ele cruza os 
tornozelos. 
— Odiaria cada segundo, mas ouviria os especialistas. É difícil 
comer um sanduíche de merda, mas às vezes você faz o que precisa. 
Eu não sei disso? Quantas vezes eu comi merda na minha vida? 
Demais para contar e, pelo que parece, vou estar comendo por quem 
sabe quanto tempo. 
 Midnight #3 
HARRISON 
Ela não vai recuar. Tudo o que eu quero é que ela nos entregue um 
petisco, um pedacinho do qual o público possa se agarrar e eles a 
amarão para sempre. Porque eles sentirão muito por ela, vão querer 
abraçá-la como um bebê. Mas ela não quer nada com isso. 
Verifico a hora e vejo que são quase seis horas. Vou me encontrar 
com Prescott em uma hora, então é melhor fazer deste o maior show da 
Terra. 
— Você se lembra de Marilyn Monroe? 
Ela aperta os olhos. — Serio? 
Ignoro a pergunta. — Você se lembra como eles a encontraram? 
— Morta? — O sarcasmo não é sua melhor característica. Amo um 
pouco de atrevimento em uma mulher, mas o sarcasmo me atinge em 
todos os lugares errados. Mordo minha língua. 
— Não apenas morta. Morta por overdose de drogas. 
— O que tem isso? 
— Você se lembra de todas as teorias da conspiração sobre as 
quais todos falaram? 
Ela franze os lábios carnudos e diz: — Acho que me lembro de algo 
sobre eles. — Quero dizer a ela para cortar a piada. 
— Como se fosse um sucesso da Máfia, porque ela estava muito 
perto de JFK. Ou alguém do alto escalão do governo a derrubou para 
impedir que ela fizesse algo. 
 Midnight #3 
— Então? O que isso tem a ver comigo? Você acha que alguém está 
tentando me matar? 
— Nem um pouco. Se eles a quisessem morta, você e eu não 
teríamos essa conversa. O que estou dizendo é que a morte de Marilyn 
Monroe evocou e ainda evoca tanta simpatia nas pessoas, que ainda 
penduram pôsteres dela em todos os lugares. Pode ser você, menos a 
parte moribunda, é claro. 
Essas íris intensamente violetas procuram as minhas por 
respostas, e isso me arrepia. Midnight Drake não é uma mulher 
superficial. Tenho a sensação de que ela prefere ficar lá e ser açoitada 
até a morte do que se curvar sob a pressão de alguns insultos. Ela não 
é um gatinho esperando a primeira pessoa aparecer para acariciá-la e 
alimentá-la. Em vez disso, aqui está uma tigresa ferida, disposta a lutar 
por sua vida. Eu só preciso afiar suas garras, porque agora, elas são 
maçantes e escondidas. 
— Não estou à mercê do meu vício em drogas, esperando o 
primeiro homem aparecer e me resgatar, senhor presidente. — Ela diz 
isso no tom ofegante que Marilyn usou uma vez em uma festa de 
aniversário para JFK. 
— Nunca indiquei que você estava. Tudo o que eu disse foi que 
poderia ser uma grande manobra criar uma resposta compreensiva. 
— Ugh, — ela bufa, mais para si mesma do que para

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