Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Midnight #3 Midnight #3 Tradução: Ariella Revisão Inicial: Anna Silva Revisão Final: Elisabeth Leitura Final: Rose Conferencia: Suli, Ana Rita & Lorelai Formatação: Ariella Midnight #3 A tradução foi efetuada pelo grupo Doll Books Traduções (DB), de modo a proporcionar ao leitor o acesso à obra, incentivando à posterior aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-os ao leitor, sem qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto. Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam, a não ser no idioma original, impossibilitando o conhecimento de muitos autores desconhecidos no Brasil. A fim de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o grupo DB poderá, sem aviso prévio e quando entender necessário, suspender o acesso aos livros e retirar o link de disponibilização dos mesmos, daqueles que forem lançados por editoras brasileiras. Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que o download se destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se de o divulgar nas redes sociais bem como tornar público o trabalho de tradução do grupo, sem que exista uma prévia autorização expressa do mesmo. O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá pelo uso incorreto e ilícito do mesmo, eximindo o grupo DB de qualquer parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito cometido por aquele que, por ato ou omissão, tentar ou concretamente utilizar a presente obra literária para obtenção de lucro direto ou indireto, nos termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998. Midnight #3 “O amor é um rio sangrento com corredeiras de nível cinco. Apenas um ato catastrófico da natureza ou uma barragem tem alguma chance de pará-lo e conseguir desviá-lo. As duas medidas são extremas e mudam tanto o terreno que você acaba se perguntando por que se incomodou. ” - Jericho Barrons, Shadowfever por Karen Marie Moning Midnight #3 Este livro é dedicado a todos os meus leitores. Obrigado por ficarem comigo. Eu amo vocês! Midnight #3 “From Afar” … Vance Joy “Green Gloves” … The National “Sucker For Pain” … Lil Wayne, Wiz Khalifa “Say Something” … A Great Big World “Stay” … Rihanna, Mikki Ekko “Rise Up” … Andra Day “Til It Happens To You” … Lady Gaga “Words of Mine” … Cary Brothers “Ghost” … Striking Matches “Kissing Your Tattoos” … Eli Lieb “If You Say So” … Lea Michele “Over The Hills And Far Away” … Led Zeppelin “Seven Wonders” (remix)… Fleetwood Mac “Shattered (Turn The Car Around)” … O. A. R. “Curse + Crush” … Dispatch “Nothing Else Matters” … Metallica Midnight #3 Ela é uma estrela com segredos. Ele faz com que os escândalos desapareçam. Juntos, eles farão faíscas voarem... Sou Harrison Kirkland, o restaurador de Hollywood... o cara da limpeza de suas bagunças sórdidas. Quando sou contratado para lidar com uma situação para Midnight Drake, uma atriz em ascensão de cabelo escuro e sensual, achei que seria um trabalho simples. Eu não poderia estar mais errado. A bagunça em que ela se meteu foi apenas o começo. Midnight tem uma teia de segredos e mistérios... e ela não está desistindo deles por nada ou ninguém... incluindo eu. Se eu não tomar cuidado, a próxima coisa que vai precisar de conserto... será meu coração... Só isso deveria ter me feito sair do palco pela esquerda... mas não fez. Isso só me deixou desejando ainda mais a Midnight. E isso não é como jogar gasolina no fogo? Midnight #3 MIDNIGHT Minha vida finalmente mudou. As coisas estão melhorando. Vir para Nova York sempre foi um sonho para mim, e agora estou aqui, em uma sessão de fotos para o meu próximo filme. E desta vez, não é um papel de merda, ou um filme pornô sendo filmado nos fundos de um armazém úmido, onde eu morreria de frio porque o diretor queria que meus mamilos se destacassem constantemente. Não, estou aqui por causa do grande e novo contrato que recentemente consegui para o filme Turned. Planejo trabalhar duro para provar ao mundo que Midnight Drake tem o que é preciso para ser levada a sério como atriz. Olhando pela janela do meu quarto de hotel, o horizonte da cidade de Nova York é ainda mais impressionante do que eu imaginava. LA é ótima e eu adoro, mas nada supera o Empire State Building. Não ligo para o que os outros dizem. Meu telefone toca, interrompendo minha reflexão. — Olá? — Midnight, é Dex McCloud. Só queria que você soubesse que todos nós, vamos nos encontrar lá embaixo em cinco minutos. Dex é o fotógrafo. — Oh, obrigada. Estou a caminho. Estamos nos reunindo do lobby para tirar algumas fotos promocionais do filme. Será o ator principal, o produtor e eu. Nunca estive tão entusiasmada com alguma coisa, em toda a minha vida. Agarrando meu casaco, bolsa e um punhado de ursinhos de goma, vou para os elevadores. A última coisa que quero é chegar atrasada. Nós devemos nos encontrar, em um enorme arranjo floral e eu sou a Midnight #3 primeira a chegar. Pontos para Midnight. Olhando ao redor, noto muitas pessoas correndo, há muitas pessoas elegantes vestidas andando por aqui. Isso me faz sentir um pouco fora do lugar, mas ainda feliz por usar a roupa que escolhi. A calça preta conservadora e o suéter preto são perfeitos para onde estamos. A única coisa que se destaca é o meu batom vermelho. É uma espécie de marca registrada. Me sinto nua sem ele. Talvez seja porque me lembro da minha mãe sempre que uso. Empurrando essas memórias de lado, olho pela sala. Um homem se aproxima de mim com um sorriso caloroso. Ele tem uma câmera presa ao pescoço, mas ainda sou cautelosa. Você nunca sabe como são os paparazzi hoje em dia. — Oi, eu sou Dex McCloud, — diz ele, estendendo a mão. Ofereço meu próprio sorriso e pego a mão dele, apertando-a. — Olá, Midnight Drake. — Sim, eu te reconheci. — Seu tom amigável me deixa ainda mais à vontade. — Que bom que você está aqui. Geralmente tenho que esperar todo mundo. — Ah, eu odeio me atrasar. Danny está aqui? — Eu pergunto. Ele é o produtor. — Ele deveria estar. E Holt também. Ele olha o relógio e depois olha para mim. — Quanto tempo você espera que isso leve? — Não por muito tempo. Pensei em ir até o Central Park. Normalmente, consigo o que preciso em cerca de trinta minutos. E a iluminação é perfeita para fotos ao ar livre hoje. Midnight #3 — Parece ótimo, — Digo. Ele me olha por um momento. — Você é muito menor pessoalmente. — Oh. — Não sei bem como responder a isso. Ele quer dizer que eu pareço baixa na tela? Então ele mexe os pés e acrescenta: — O que eu quis dizer é que na tela você parece muito mais alta. Você é realmente muito pequena. — Sim, eu sempre quis ter no mínimo 1,65, mas só consegui chegar às 1,54. É por isso que costumo usar salto alto, o que não usei hoje, — suspiro. — Tive essas ilusões de me tornar uma modelo famosa quando criança e você pode ver como isso funcionou para mim. — Uma risada estranha borbulha pelos meus lábios. Acabei fazendo filmes de classificação B depois da pornografia, o que não é exatamente o primeiro modelo. Mas deixo de fora esses pequenos detalhes, porque ninguém sabe o que é pornografia. Ter feito uma plástica no nariz, mudar meus cabelos negros, para loiro, ajudou a alterar minha aparência, para que ninguém perceba que eu era a ex-Lusty Rhoades. — Acho que a indústria da moda é louca. Você é linda e seria uma modelo perfeita. Eles querem que suas modelos pareçam magras. Considere-se sortuda. Levantando meus olhos para os dele, inspiro seu perfume. — Uau. Você tem opinião única, sabia? — Passo muito tempo atrás das lentes e reconheçoo que é a verdadeira beleza. Esses pobres espantalhos não são bonitos. Elas são lamentáveis. De qualquer forma, parabéns pelo seu próximo filme. — Sim, obrigada. Estou super empolgada com isso. Midnight #3 Holt e Danny se aproximam e nossa doce conversa para. — Ei, crianças, — diz Danny. — Obrigado por voar até aqui, Midnight. Estávamos com uma agenda tão apertada com o último filme de Holt, que não havia como arranjar um voo de volta para Los Angeles. — Não tem problema, — digo. Holt mira seu olhar gelado para mim. Ele despreza o fato de eu estar no filme. Ele queria alguém famosa, que pudesse garantir um sucesso nas bilheterias, mas acabou com uma garota quase desconhecida. Seu olhar desdenhoso me faz sentir como se eu fosse um vírus. Eu meio que não o culpo. Ele é o homem mais sexy e quente do ano. Ele reina como rei quando se trata de se comparar, com outros homens. Quando eu o inspeciono secretamente, é fácil ver o porquê. Cabelos castanhos beijados pelo sol, olhos tão verdes que parecem joias, dentes perfeitos e uma boca carnuda. O homem é puro pecado em duas pernas. E ele acaba com alguém, só com o olhar. Não, é difícil culpá-lo um pouco. Mas vou conquistá-lo, pouco a pouco, mesmo que eu tenha que comprar um maldito filhote para ele. — Todo mundo pronto para dar um passeio? — Dex pergunta. — Por que não? — Holt diz amargamente. Danny lança um olhar para ele, mas não diz nada. — Claro, — eu gorjeio. — Vamos. Saímos do hotel pela entrada principal. O Plaza é lindo. Nunca fiquei em qualquer lugar tão chique. Seguimos Dex do outro lado da rua até o parque. Fiel à sua palavra, ele terminou em trinta minutos. Voltamos ao hotel e Dex quer tirar algumas fotos de nós tomando café no restaurante. Midnight #3 Holt resmunga e depois diz: — Oh, pelo amor de Deus. Por que você não pede um chá? Eles não servem chá aqui? Talvez adicione um biscoito ou algo assim. Dex parece extremamente desconfortável. — Sinto muito, Sr. Ward, mas se eu não conseguir fotos suficientes, todo mundo vai querer trazê- lo de volta. É melhor conseguirmos tudo agora, enquanto estamos aqui. Um suspiro longo ruge dele. Caramba, você pensaria que estavam puxando as unhas de Dex, uma a uma, com a maneira como ele está agindo. Sorrindo, digo: — Estou bem com o que você decidir, Dex. — Decido ser a única a tornar seu trabalho menos difícil. — Vá lá, pequena senhora sexy, marque alguns pontos, enquanto puder. Que porra é essa! Espero totalmente que Danny dê um passo à frente e diga alguma coisa, mas ele é tão covarde que age como se não tivesse ouvido nada. Bem, não vou aceitar isso. Já tive o suficiente do ato ranzinza de Holt. — Holt, desculpe-me por não gostar do fato de ter sido escolhida para esse papel, mas isso não lhe dá o direito de me insultar. Um sorriso desagradável curva seu lábio. Ele abaixa os olhos e eles deslizam sobre o meu corpo. Instantaneamente me sinto suja. — Isso está certo? — Então ele dá um passo em minha direção e invade meu espaço pessoal. Ele se inclina para perto e sussurra para que somente eu possa ouvi-lo. — O que eu gostaria de saber é como alguém como você foi escalada para um filme comigo. O que você fez, Midnight? Você colocou sua boca quente em torno do pau de Danny e fez alguns favores sujos? Midnight #3 Uma bola vermelha de fúria quase me cega. Não tenho certeza de como responder a esse imbecil sem chegar ao nível dele. Sei uma coisa: não encontro alguém tão cruel há muito tempo. Leva-me de volta a um tempo em que mal posso me forçar a lembrar. Sacudindo-me dessa memória, resmungo: — Afaste-se de mim, Holt. — Quando ele não o faz, eu me afasto em direção a Dex e pergunto onde ele precisa de mim. — Por que não conseguimos uma mesa no restaurante, — ele sugere. No caminho, questiono como vou tolerar trabalhar com a colaboração de Holt durante a duração do filme. O homem é revoltante. Uma vez sentados, nós três sorrimos como se fossemos as pessoas mais felizes do mundo. Encubro minha antipatia por Holt fingindo que estou em um lugar feliz. Mas noto o brilho de aço em seus olhos verdes, o desdém estampado em sua expressão. A curvatura de seus lábios que eu costumava achar sexy, era agora cruel. Dex é rápido e, em breve, a sessão é encerrada. Danny, que finalmente tira os olhos do telefone, pergunta: — Então, o que vocês dois vão fazer hoje à noite? Holt murmura algo sobre encontrar amigos. Eu mal presto atenção. Minha missão é ficar o mais longe possível dele. — Midnight? E você? Você está interessada em comer algo? — Claro. Que horas? — Gostaria que fosse cedo. Seis está bom? — Ele pergunta. Quando verifico a hora, vejo que já são cinco e meia. — Isso é bom. Encontro você aqui embaixo então. Precisamos de uma reserva? Midnight #3 — Não. Há um ótimo lugar ao virar da esquina. O jantar com Danny acaba sendo ótimo. Um contra um, ele é muito extrovertido e amigável. Decido arriscar e perguntar sobre Holt. — Parece que Holt não está muito animado com o meu papel no filme. Danny assente. — Ele queria ser o ator principal. Holt é assim. Toda vez que ele faz um filme, ele apela para que sua garota do momento seja escolhida como a atriz principal. Continuo dizendo a ele que suas mulheres não têm nenhuma experiência. — Espero não estar ultrapassando, mas o que fez você me escolher? — Minha curiosidade está me matando. — Não me importo de contar a você. Sua presença na tela é irreal. Quando analisamos seus testes de tela, ficamos impressionados. E você era o ajuste perfeito para Christine. Seu cabelo, seus olhos, sua estatura. Você nasceu para o papel. Não se preocupe com Holt. Ele faz isso com todos com quem trabalha, tenta intimidá-los. Deixe ele. Ignore-o. Ele superará isso, assim que trabalhar com você alguns dias e captar sua emoção no set. — Isso é reconfortante, mas ele me faz querer dar um soco no rosto dele. Danny toma um gole de Bourbon. — Sim, eu entendo isso de todas as mulheres que trabalham com ele de primeira. Ele é um idiota. O que posso dizer? Mas espere até assistir o produto final. Você estará adorando ele. Especialmente quando você vê sua conta bancária. — Bom saber. — É certo que Danny me acalmou sobre Holt. Terminamos o jantar e ele me convida para tomar uma bebida. Fico um pouco desconfiada, quanto a isso. Midnight #3 — Midnight, não gosto de dormir com meus atores, se é isso que está te impedindo. Não acredito nessa merda. Estraga um bom relacionamento de trabalho. — Ouvi isso sobre você. — Eu o verifiquei antes de concordar em assumir esse papel. Depois de trabalhar na indústria da pornografia, você acha que todo mundo está interessado em alguma coisa. — Então? — Claro, por que não? Nós pulamos em um táxi e vamos para um clube muito legal. Danny cresceu em Manhattan, então estou confortável com ele liderando o caminho. Dançamos, tomamos mais alguns drinques e peço licença para usar o banheiro. Quando volto, não encontro Danny. Então eu o espio na pista de dança com alguém. Estou sozinha no bar quando um cara bonito se aproxima e me pede para dançar. Abrimos caminho através da multidão e reivindicamos uma parte do salão. Ele não é ruim, mas eu sei como dançar. Costumava imitar minha mãe, que era stripper, então minhas habilidades de dançarina exóticas, são muito boas. Não querendo que ele tenha uma impressão errada de mim, eu desço até embaixo e me movo como todo mundo faz, balançando meus quadris ao ritmo. Algumas músicas depois, voltamos para o bar e ele sai. Danny volta com sua nova amiga e nos apresenta. Ela reconhece meu nome em algum trabalho de TV que fiz. Ela fica animada e conversamos. Então ele se inclina e pergunta se eu me importo de pegar um táxi de volta para o hotel sozinha. Estou bem com isso. Acho que ele conseguiu uma companhia paraa noite. O cara com quem eu dancei, que diz que se chama John, volta. Midnight #3 — Que tal eu comprar uma bebida para você? Mais uma não pode fazer mal. Estou apenas um pouco alta. — Claro, por que não? — Então, qual é a sua bebida? — Vou tomar um tônico de vodka com limão extra. — Acho que depois desse, pedirei um táxi. Enquanto espero minha bebida, aprecio a paisagem. John me entrega o copo e eu saboreio a mistura saborosa. Conversamos um pouco, mas de repente, não estou me sentindo bem. A sala se inclina e fico tonta a cada segundo. Começo a suar e me sinto enjoada. — Ei, você está bem? — ele pergunta. — Não. Acho que preciso sair. Mas não tenho certeza se consigo chegar à porta. Ele pega meu braço e diz: — Não se preocupe, eu estou com você. — Ele rapidamente me leva para fora enquanto eu grito as palavras— The Plaza, — e minha mente fica em branco depois disso. A próxima coisa que sei é que eu acordo - mais ou menos. Estou em uma cama, e tudo está confuso. Quando tento me levantar, não consigo me mexer. Meus membros estão pesados, como se eu estivesse presa no concreto. Ouço vozes, apenas meu cérebro está tão nebuloso que não sei dizer o que estão dizendo ou quem está falando. O que diabos está acontecendo? Foco, midnight. Foco. Pisco para clarear, minha visão torna as coisas piores. O quarto gira, então eu mantenho meus olhos fechados. Talvez se eu esperar ajude. O colchão baixa ao meu lado, alguém sobe na cama. Estou de volta a Phoenix? O que está acontecendo? Midnight #3 — Ela está acordando. — É a voz de um homem, mas de quem? É o cara do bar? Engulo e minha garganta queima. — Bom. Agora podemos passar para o estágio dois. Isso está ficando bom. O que está ficando bom? Quero conversar, fazer perguntas, mas minha boca não vai funcionar. — Estou congelando. Posso me vestir? — Uma mulher está falando agora. — Não, você não pode se vestir. Você ainda tem trabalho a fazer. — Outro homem fala, um diferente desta vez. Sua voz soa mais profunda e mais severa que a outra. Abro os olhos novamente e as imagens desfocadas são um pouco mais distintas. Minha boca e garganta estão secas, muito secas. Lambo meus lábios e eles veem. Um deles dá um tapa na minha bochecha. — Ei acorde. Você precisa entrar no jogo, garota. — Pegue um pouco de água, — alguém diz. A cama se move e então sinto uma garrafa pressionada contra a minha boca. Bebo avidamente. — Devagar, Nelly, ou ela vai vomitar tudo. Ele tem razão. De repente, estou com dor de estômago, enquanto ele agita o líquido indesejável. Logo passa e peço mais. Desta vez eu tomo um gole. Abro os olhos novamente, mas alguém me venda. — O que está acontecendo? Onde estou? — Minha voz está rouca e mal posso falar. — Sem perguntas. Você só joga. Midnight #3 — John, é você? Ele não responde. Em vez disso, ele diz: — Ligue a câmera novamente. Oh, porra. À medida que as bordas nebulosas do meu cérebro desaparecem, as coisas começam a clicar. Alguém enfia algo frio entre as minhas pernas. Tento fechá-las, mas não posso porque meus tornozelos estão presos a algo que não permite. Estou tão exposta e isso traz lembranças terríveis de muito tempo atrás. — Não, por favor, não, — Imploro. — Amordace ela. Algo é empurrado na minha boca e não há como eu gritar por ajuda agora. A cena avança e eu estou perdida em um mar de desesperança e terror. Mas então algo pica no meu braço. Eles acabaram de me drogar? Quando a droga bate, eu tenho minha resposta. O que diabos eles me deram? Então fico instantaneamente consciente, flutuando em uma almofada de tranquilidade, mas realmente não me importo. Eles removem a mordaça e fazem todo tipo de coisa comigo. É sexo a três ou mais, é mais sexo do que eu já experimentei. Em algum lugar no fundo da minha mente, eu sei que está errado, mas isso parece tão bom. Me ouço dizendo a eles: — Mais, mais. Mais forte, sim. — Mesmo no meu estado drogado, as perguntas estão em negrito e itálico. Quem está fazendo isso? Quem são essas pessoas? E porquê? O que eles querem? E embora seja horrível, eu realmente não dou a mínima. Tudo o que eu quero é que continue. — Ahhh, sim, não pare, — eu digo. Choro quando termina, mas fico feliz quando eles começam outra coisa. Todas as partes do meu corpo são ligadas e ouço alguém dizer: — Precisamos convencê-la a Midnight #3 fazer isso de novo. — Estou no meio de um orgasmo, então não posso responder a ele. As drogas me fazem perder a noção do tempo. Eu flutuo acima de um abismo, sem emoção e indiferente ao fato de as pessoas estarem me estuprando em vídeo. Minha mente está presente, mas não. Tudo o que sinto é a sensação de estar embalada em um cobertor aconchegante e alguém me embalando. Sem alucinações, sem mágica, eu apenas sou. E é a sensação mais maravilhosa que já tive. Nem tenho certeza de quando todo o sexo termina, porque eu estou chapada e realmente não dou a mínima. O alto é suave, magnífico. Tudo o que eu quero é que continue e continue. Infelizmente isso não acontece. A coragem da realidade me dá um soco tão forte. Quando percebo que estou livre das amarras, tiro a venda e desmorono em uma pilha amontoada de lágrimas esfarrapadas. Estou fraca, tremendo e deitada em uma cama ao lado de uma pilha de apetrechos sexuais. Eles não são brinquedos normais do dia a dia. Nunca usei algumas dessas coisas na indústria pornô. Uma barra espaçadora, e foi por isso que não consegui mexer os tornozelos, o plug anal, os grampos de mamilo, a mordaça de bola - tudo que se possa imaginar. Porra há até um açoitamento. Eles me chicotearam? Quando tento me mover, meus membros estão tão doloridos que mal consigo me mexer. E então, para meu horror absoluto, meu telefone fica ao meu lado. Não pode ser, mas é. Em cima dele, uma nota pegajosa com duas palavras: Divirta-se, seguida de uma carinha sorridente. Agarrando meu telefone, a primeira coisa que noto é uma mensagem de texto. Não perco tempo lendo, o pânico explode no meu peito. Meus olhos disparam pelo quarto rapidamente, em busca de minhas roupas. Inicialmente, não consigo encontrar minhas calças ou suéter, mas Midnight #3 depois os vejo por baixo do edredom amontoado no chão. Sentindo-me como um caranguejo bêbado pela maneira como meus braços e pernas lentos se movem, eu tento sair da cama. Meu lindo suéter preto está rasgado em alguns lugares, mas minhas calças estão boas. Felizmente, meu casaco esconde o suéter danificado. Eu me visto rapidamente e depois verifico o lugar, para me indicar onde estou. É um hotel em Midtown, não muito longe do clube em que fui com Danny. Sem olhar para trás, estou fora do quarto em busca da saída mais próxima. Isso leva a uma escada, da qual eu desconfio, mas corro para sair daqui. Estou no segundo andar e desço os degraus e saio do hotel onde pego um táxi de volta ao The Plaza. Quando estou segura no meu quarto, olho para o meu telefone. Quando abro a mensagem de texto, a bile corre pela minha garganta. Ele contém três anexos de vídeo. Apertei o botão play no primeiro e vomito antes que eu possa terminar de assistir. Eles gravaram tudo. Tremo tanto que meu dedo não pode pressionar o botão play para continuar assistindo. Meu coração se enche de pavor quando percebo que minha carreira está arruinada. Faço uma ligação para minha agente, Rita Clayton, porque não sei mais o que fazer. Ligar para Danny não é uma opção. O que eu diria a ele? Que eu tenho três bons vídeos para mostrar a ele? Ele me demitiria na hora. Quando a notícia for divulgada, será a carreira mais curta da Alta Pictures da história. — Ei, Midnight, o que está acontecendo? — minha agente pergunta. Nem consigo falar porque estou chorando e ofegante. Midnight #3 — O que está acontecendo? Você tem que parar de chorar para que eu possate entender. — Em vez disso com minhas mãos trêmulas, mando o primeiro vídeo para ela. — Eu... eu fui drogada e acordei em um quarto de hotel. Ela fica quieta por um minuto. — O que você quer dizer? — Eu... acabei de lhe enviar um vídeo. — Tento explicar o resto, porém estou chorando muito para continuar. — Ah Merda. Espere. — Ela está quieta, mas finalmente diz: — São vinte minutos. — Rita, há três deles. — Onde você está agora? Um soluço gigante sai de mim. — De volta ao Plaza. — Você ligou para a polícia? — Não! Eu corri. Tinha medo de que quem fez isso voltasse. — Espere. Conheço alguém que pode ajudar. Já te ligo de volta. Estou andando de um lado para outro quando meu telefone toca. Rita diz: — Alguém estará ai para limpar essa bagunça. — Quem? — Alguém que vai ajudar a consertar essa merda, Midnight. Apenas aguente firme. Midnight #3 HARRISON Assim que o telefone toca, estou bem acordado. — Kirkland, — eu respondo, indo em direção ao banheiro. Sempre que recebo uma ligação às três e meia da manhã, isso significa que vou trabalhar. — Harrison, é Leland. Temos um problema. — Quem é desta vez? — Midnigt Drake. Você sabe, a atriz sexy que recentemente assinou um contrato multimilionário com a Alta Pictures. — Hmm. O que aconteceu? — Faça uma mala, chefe. Estamos voando para Nova York. Chego em uma hora. — Porra. Tão ruim assim? — Pergunto em volta da minha escova de dentes. — Sim. A equipe se juntará a nós. Vou lhe dar todos os detalhes quando estivermos juntos. Sou o cara da limpeza. Consertar as coisas sempre foi minha paixão. Tudo começou quando eu era criança e meu cachorro de repente ficou doente e morreu. Chegamos em casa do veterinário depois que ele não pôde ser salvo, e assistir meu cachorro morrer em uma idade tão jovem quebrou um pedaço de mim. Ele não era consertável, mas isso não significava que outras coisas não fossem. Foi quando minha necessidade de me tornar um restaurador criou raízes e cresceu. Brinquedos quebrados, coisas em casa, coisas que encontrei na rua, o que você quiser. Os levava para casa e fazia o possível para restaurá-los Midnight #3 e, se não conseguisse, recrutaria meu pai para ajudar. Até levava animais feridos para casa, e mamãe os levava ao veterinário - eu ficava agradecido por eles não estarem mais sofrendo. À medida que envelheci, o restaurador em mim se expandiu para as pessoas. Quando eu ia para a escola, encontrava crianças que estavam com problemas e precisavam de amigos. Na Crestview, conheci Prescott Beckham. Eu nunca conheci alguém tão quebrado quanto ele. Um garoto com uma família disfuncional, ele não sabia para onde ir. Então o que eu fiz? O trouxe para casa, como costumava fazer com aqueles animais feridos. Ele ainda está um pouco fodido. Mas pelo menos ele está de volta aos trilhos. No ano seguinte, em Crestview, Weston Wyndham apareceu. Liguei para papai e disse para ele comprar alguns frascos de supercola, porque era disso que esse cara precisava. Papai riu. Ele sabia que eu iria aparecer em casa com Prescott e Weston a reboque. Weston tinha um olho roxo porque Prescott e eu tínhamos batido nele para lhe ensinar uma lição. Ele estava brigando e precisava de um bom chute na bunda. Quando ele descobriu que só queríamos ajudar, nós três nos tornamos inseparáveis. Ele definitivamente precisava dessa cola, no entanto. Pensei que a situação de Prescott era ruim, mas o tipo de disfunção de Weston me fez repensar o que a palavra significava. Ainda estou consertando coisas e pessoas, e foi assim que acabei na minha profissão atual. Desde que eu sou tão bom nisso, por que não fazer algum dinheiro com o que eu faço de melhor? Em menos de trinta minutos, estou a caminho do aeroporto da minha casa em Malibu. A essa hora, o tráfego não apresenta problemas. Quando chego, dirijo direto à entrada para jatos particulares e sigo a estrada depois de passar pelos pontos de verificação de segurança designados. Estaciono, e Leland está lá, junto com o piloto. A equipe está embarcando no jato. Midnight #3 — Bom dia a todos. Pete. — digo, cumprimentando nosso piloto. — O café está ligado? Nosso comissário de bordo levanta a cabeça, olha para trás e diz: — Estará pronto em um momento, junto com o café da manhã. — Oh, oi, Mike. Não vi você aí atrás. — Bom dia, Sr. Kirkland. Todo mundo se senta e Leland começa. — Midnight Drake acordou em um quarto de hotel há algumas horas, nua e sozinha com três vídeos em seu telefone. Aparentemente, enquanto ela estava cheia do que supomos ser heroína, uma porrada de merda excêntrica aconteceu, sem o consentimento dela e os vídeos de Midnight foram espalhados pela Internet. A agente dela ligou... é um show de horrores. — Ela foi estuprada? — Pergunto. — Sim. Estou enviando para você os vídeos agora. Esteja preparado. Eles são bem gráficos. Digamos que, infelizmente, Midnight esta em exibição total. — Porra. — Exatamente, — diz Leland. — Alta já está afirmando que estão a demitindo porque ela violou seu contrato. — O que ela diz sobre isso? — Pergunto. — Ela foi drogada e estuprada. — Claramente. — Ela diz que não se lembra de nada. Midnight #3 — Você assistiu os vídeos? — Pergunto. — Sim, e ela estava totalmente fora de si. Completamente sem resposta no primeiro. Então, no segundo, ela apareceu um pouco. No terceiro, ela estava tão fodida que não se importaria se alguém cortasse sua cabeça. — Parece que alguém drogou sua bebida. Nossa equipe de Nova York encontrou quem fez isso? E você puxou os vídeos? — Estamos trabalhando para achar quem fez isso. Tudo foi enviado de um telefone celular. — Acompanhe os filhos da puta. Você sabe o que fazer. Onde está a Midnight agora? — No Plaza, esperando por você com um de nossos representantes. Ela está totalmente assustada. — Certo. Você não estaria? Leland assente. — Eu estaria saindo da cidade. Aqueles idiotas se aproveitando de pessoas assim. Eles são como hackers de computadores, para destruir vidas e com que finalidade? Porque eles não têm nada melhor para fazer? — Leland, ela chamou a polícia? — Não. — Hmm. Ela disse o porquê? — Nada além de ela estar esperando por você. Isso é estranho, mas vou chegar ao fundo disso quando falar com ela. — OK. E o dinheiro? Esses desgraçados fizeram alguma exigência? — Não que eu esteja ciente. Midnight #3 Bato minha mão sobre a mesa na minha frente. — Vamos nessa, pessoal. Não ligo para o que é preciso. Precisamos limpar essa merda. Isso chama a atenção de todos que estão sentados perto. Os corpos enrijecem e os olhos se abrem mais. Eles sabem quando eu falo sério, e isso me atingiu do jeito errado. A voz de Pete chega até nós pelo interfone para nos dizer que estamos prontos para taxiar. Devemos ser liberados para a decolagem em poucos minutos. — Apertem os botões, temos um trabalho sério pela frente, o que equivale a um longo dia. Sei que pergunto muito e sinto muito pela hora inicial, mas vocês receberão um bônus se acertarmos esses desgraçados. O jato segue em direção à pista e logo estamos decolando no céu escuro. Não vai demorar muito para voarmos ao sol. A equipe começa a fazer ligações. Tenho um homem em particular que quero entrar em contato, então eu mesmo faço a ligação. — Senhor Kirkland. Você já está em Nova York? — Ainda não, Rashid, mas estou a caminho. Preciso que você faça algo por mim. Explico a situação e digo exatamente o que eu preciso. — Já lidei com os vídeos. Mas pode demorar um dia para eu localizar os telefones. Vai levar algum trabalho extra, você sabe. Minha tensão diminui um pouco. — Obrigado, Rashid. Fico feliz que Leland tenha entrado em contato com você. Ficaremos no The Plaza se você não conseguir entrar em contato comigo por telefone. Mas queroque essas pessoas sejam encontradas. — Certamente, Sr. Kirkland. Midnight #3 Rashid se beneficiou da minha limpeza há um tempo atrás. Ele estava na merda com suas habilidades de hackers. Cuidei das coisas para ele. Agora ele me deve e está à minha disposição cem por cento do tempo. Ele fica em Nova York porque, honestamente, ele está conectado a tudo. Ele provavelmente tem todos os números de contas bancárias e de investimentos na ponta dos dedos. Mas o cara sabe que eu tenho ele pelas bolas. Tudo o que preciso é fazer, é algumas ligações para as pessoas certas e ele voltará onde começou. Assim que Pete diz que limpamos dez mil pés, Mike aparece com café e café da manhã. Emily, outro membro da equipe, sorri agradecida. Eu também. Quando ela está com fome, ela fica de mau humor e seu cérebro não vale nada. Não posso ter isso. Preciso de suas habilidades loucas agora. Todo mundo tem segredos. Até eu. É verdade que sou baunilha em comparação com a maioria, mas quando vejo um indivíduo quebrado, sou um ímã para eles. Emily ficou arrasada. Seu Dom a jogou nas ruas, a deixou de lado depois de alguns anos, sem explicação. Tropecei com ela uma noite em um bar, bebendo e caindo no esquecimento. Ela me contou todos os seus segredos sujos e disse que queria se matar. Não consegui ouvir e não fazer nada. Ela não queria envolver sua família, e quem poderia culpá-la? Que pessoa quer divulgar esse tipo de estilo de vida para mamãe e papai? Então, eu a trouxe para o meu lar, onde ela poderia ficar sóbria e poderíamos criar um plano. Emily era uma planejadora de eventos para um dos estúdios de cinema e havia feito uma variedade de coisas, desde lidar com a imprensa até lidar com fornecedores. Ela poderia mobilizar uma equipe de quinhentos e levá-los do ponto A para B em um piscar de olhos. Eu precisava dessas habilidades na minha equipe. Mas ela precisava arrumar suas coisas primeiro, e seus problemas estavam muito além das minhas capacidades de correção. Midnight #3 Ela deu entrada em uma clínica e trinta dias depois estava na minha folha de pagamento. Mais cheia de confiança do que a maioria das mulheres que eu conheço, ela encontrou um novo Dom que a trata melhor do que o antigo, e Emily é agradavelmente açoitada todas as noites. Leland recusa a oferta de café da manhã. — Mike, você pode voltar com um refil de café? — Leland trabalhava para uma das maiores empresas de relações públicas em Hollywood. Isto é, até que ele foi pego transando com a esposa de seu chefe. Seu chefe, um dos homens mais poderosos do setor, prometeu a Leland que seu nome ficaria sujo. Teria ficado se eu não aparecesse. Procurei um pouco e encontrei alguns petiscos que inclinariam o mundo de seu chefe. Leland se separou da empresa em “bons termos” e eu ofereci um emprego com a condição de que ele deixasse a esposa em paz, o que ele aceitou graciosamente. Ele está comigo desde então. Peço a Mike um café da manhã extra, enquanto Misha, que parece mansa, agradece pelo café da manhã e pelo café que ele acabou de colocar na mesa diante dela. As aparências muitas vezes enganam, porque todo mundo em LA sabe que ela é uma das advogadas mais cruéis do mundo. É a razão pela qual eu a queria no meu time. Misha se viu em dificuldades há alguns anos. Ela era casada e feliz, como todo mundo pensava, até que o marido se deparou com alguns vídeos dela, sobre ela se envolvendo com outra mulher. Ela não queria que ele soubesse que era bissexual, então escondeu esse lado da vida. Ele não estava muito satisfeito com isso e ameaçou postar os vídeos no YouTube. Ela enlouqueceu e eles entraram em uma briga enorme, durante a qual ela o socou e quebrou o nariz dele. Mencionei que Misha teve problemas de raiva? A ameaça de postar no YouTube se transformou em um processo de abuso e agressão. Foi assim que Misha chegou ao meu escritório, pedindo minha ajuda. Midnight #3 Após a minha intervenção, Misha acabou com um divórcio amigável, mesmo tendo sofrido financeiramente. O que ela compensou com o salário e bônus que eu pago a ela. No entanto, ela teve que concordar com a terapia de controle da raiva, o que felizmente fez. Vi uma estrela cintilante nela e soube que, assim que seus problemas fossem resolvidos, Misha seria uma colega de trabalho exemplar. Se este jato caísse, a indústria de entretenimento de Hollywood estaria em uma séria confusão, porque não haveria ninguém que conseguisse corrigir seus problemas. Meus pensamentos voltam para Midnight Drake. Geralmente não tenho sentimentos tão carregados de emoção, mas a maneira como essa mulher foi explorada, foi algo muito errado. Midnight Drake é uma atriz que conseguiu um bom contrato com Alta Pictures, e esses filhos da puta estão tentando arruinar suas chances de torná-la grande. Eles não vão se eu puder evitar. Essa equipe irá parar quem fez isso e fazê-los pagar. Meu telefone emite um sinal sonoro com uma mensagem de Leland. Abro para encontrar todos os vídeos carregados. Quase engasgo com o café quando assisto o primeiro. Filhos da puta. Estes são os piores vídeos que algum dia já vi na vida. Sinto-me mal sabendo que acabei de testemunhar minha cliente sendo estuprada. — Reúna-se, equipe. Nosso status acabou de mudar para DEFCON 1. — Então eu pressiono play. As mulheres estão enojadas e chateadas, mesmo que essas mulheres sejam duras como unhas. Mas eu quero todos zangados e, até o final do último vídeo, meu objetivo foi alcançado. Misha voa da cadeira. — Harrison, eu quero cortar pessoalmente suas bolas. Olha para ela! Ela está quase inconsciente lá. Isso é Midnight #3 nojento. O pior é que não sei como alguém iria querer assistir essaa merdas tão depravadas. Emily assume o comando de onde Misha sai. — Que idiotas viscosos! E como essa mulher poderia ter participado? Deixe-me colocar minhas mãos neles. Pessoalmente vou arrancar seus paus. — Ok senhoras, vamos juntar as coisas. Embora eu queira aproveitar a sua raiva, precisamos do nosso melhor e não vamos conseguir se vocês não agir racionalmente. Acalme-se e continue assistindo. Nós nos concentramos nos vídeos. Um mal necessário, você pode dizer, mas temos que analisá-los se quisermos fazer nosso trabalho. — Aqui é onde podemos ter um problema, — eu digo. — Nessa parte Midnight está cooperando e até pedindo mais. “Mais forte. Sim, sim” ela diz. Emily assente com nojo. — É como se ela estivesse atordoada, mas quer. — São as drogas, — diz Misha. — Olhe para o rosto dela. Não há duvidas. — Tudo o que eles deram a ela deve ter sido bom, — diz Emily. Quando os vídeos terminam, explico o que Rashid disse. — Vocês dois sabem que ele é um cão de caça quando eu o coloco em uma tarefa. Também quero descobrir para onde foi a Midnight, para que possamos verificar as fitas de segurança. Elas devem nos mostrar algo. Ajudará, assim, quando Rashid encontrar seus telefones, será mais fácil identificar esses caras. Podemos pedir que alguém os traga. Vamos... cuidar deles adequadamente. Midnight #3 As sobrancelhas de Misha se erguem. — Isso implica estar no fundo do rio East? — Nosso papel é limpar as coisas para a Midnight e colocar tudo de volta nos trilhos para ela. Descubra o que o contrato da Midnight indica e se Alta pode deixá-la. Ela pode ter uma cláusula de moralidade ou algo assim. O peito de Misha ainda arde de raiva, mas ela assente. Emily diz: — Sim, a Midnight é a nossa missão. Não podemos deixar nossa raiva atrapalhar. Podemos nos preocupar com esses caras de pau mais tarde. Agora que eles foram redirecionados, eu digo: — Certo. Então, é disso que precisamos. Emily, trabalhe para levá-la à reabilitação. As pessoas perdoam alguém com um problema de drogas. As sobrancelhas de Emily franzem. — Mas é admitir que ela tem um vício, quando não tem. — Vamosdar um passo para atrás. Lembre-se, temos que manter nossos sentimentos e emoções fora disso. É nosso trabalho consertar essa bagunça, encontrar uma solução. O plano A é levá-la à polícia. Se você foi estuprada, não seria a primeira coisa que você faria? Como ela não fez isso, podemos apenas assumir que há uma razão. Ainda vamos tentar fazê-la ir, mas se ela recusar, não podemos forçá-la. Vamos precisar de um plano B. Então, faço a pergunta: qual é a melhor maneira de limpar isso? Qual é a melhor maneira de recuperar sua carreira? Não é se concordamos ou discordamos, é se isso vai funcionar ou não. Quando os vejo concordar, continuo. — Vamos pensar. Temos um grande problema com os vídeos. Apesar de terem sido excluídos, ficaram tempo suficiente para que as Midnight #3 pessoas tivessem capturas de tela ou GIFs dessa merda. Suas impressões são sólidas. Vamos com o pior cenário possível. Podemos dizer que ela não tem um problema, mas as pessoas que os viram não acreditaram em nós e Midnight precisa de credibilidade. A melhor maneira de seguir em frente é pedir perdão. Mas, enquanto isso, Misha, precisamos encontrar esses homens, se pudermos. Quero motivo. Quando a Midnight sair em trinta dias, queremos que o público morra para vê-la. Esperançosamente eles vão rastejar sobre ela e a quererão de volta, assim como eles querem cereja no topo do bolo. Se Alta a deixar cair, nosso trabalho é deixá-los de joelhos e implorar para que ela volte. Ah, e Leland, comece a trabalhar em seu discurso. De alguma forma, relacione-a com sua infância trágica. Sabemos alguma coisa sobre isso? Caso contrário, desenterre algo. Não me importo se é sobre ela nunca ter ficado triste com a morte de sua mãe. Faça algo emocional. Queremos que tudo isso funcione como plano B, caso precisemos implementá-lo. A equipe vai trabalhar, enquanto eu faço uma pequena pesquisa sobre Midnight. Ela começou em filmes B, como a maioria dos atores, tentando ser notada. Ela foi notada, tudo bem. Com longos cabelos negros e olhos de lavanda incomuns, ela não é uma beleza delirante, mas tem um apelo exótico. Sua sedução a torna inesquecível. Há algo nela que grita sexo. Tendo sido escalada para os tipos de papéis que muitos atores não costumam querer, Midnight está disposta a abrir as asas e tentar qualquer coisa. Então tropeço em algo que me faz pensar duas vezes. Nascida em Phoenix, seu nome de nascimento era Velvet Summers. — Você só pode estar brincando, — digo em voz alta. — O que? — Todos os olhos estão em mim. Midnight #3 — Você sabia que o nome de nascimento da Midnight era Velvet Summers? — Oh, isso, — diz Leland. — Como eu não sabia disso? Misha encolhe os ombros. — Não sei. Leland enviou uma fotocópia da certidão de nascimento. Pensei que você tivesse visto. — Quem diabos nomeia seu filho Velvet Summers? — Mas depois que digo isso, penso em meu melhor amigo, Weston— o nome de sua esposa é Special. Quem nomeia uma criança assim? Emily encolhe os ombros. — Sim, as pessoas escolhem nomes estranhos. Continuo lendo e encontro alguns fatos interessantes. A mãe de Midnight era uma dançarina exótica, e alguns relatos a listavam como stripper. Ela também era conhecida por ter um problema com o uso drogas. A Midnight terminou em um orfanato, mas depois saiu aos dezoito anos. Parece que ela nunca terminou o ensino médio. Talvez ela realmente tivesse uma educação trágica. Sua mãe morreu há dez anos, quando Midnight tinha apenas catorze anos - provavelmente foi esse o motivo que ela tenha acabado em um orfanato. Não há menção a um pai na foto. A trama engrossa. Emily anuncia que conseguiu para Midnight, uma vaga na melhor clínica de reabilitação do país. Localizada no Arizona, ela tem uma atmosfera de spa. Ela ficará isolada das fofocas de Hollywood e do resto do mundo por um período mínimo de trinta dias. — É caro, mas vale a pena, acredito. As críticas são impressionantes, — diz Emily. — Bom. Vamos deixá-la no nosso voo de volta para LA. — digo. Midnight #3 Misha anuncia que nossa equipe jurídica em Nova York está pronta para nós, se precisarmos. — Bom trabalho, — eu digo. — Espero que identifiquemos essas pessoas ou pelo menos as rastreemos com a ajuda de Rashid. Eles não mostraram rostos nos vídeos e também usavam preservativo, o que corta nossas evidências. Talvez ainda restem drogas no sistema da Midnight Farei o meu melhor para encontrar os filhos da puta que fizeram isso e fazê-los pagar - com ou sem a polícia. Midnight #3 Sua forma encolhida na cadeira no canto do quarto de hotel não me surpreende. Estou surpreso que ela não esteja chorando e enlouquecendo. Estendo minha mão. — Midnigt, sou Harrison Kirkland, da The Solution. Nós vamos cuidar do seu caso aqui. Uma lufada de ar sai de seu peito. — OK. — Sua mão trêmula e gelada sacode a minha. Ela se sente frágil, como se seus dedos quebrassem se eu apertar. — Você acha que pode ajudar? — Acho que sim. Olhos violeta encaram os meus. Me pergunto se ela usa lentes de contatos. Essa cor parece artificial. — Primeira coisa. Sinto muito que isso tenha acontecido com você. É uma coisa horrível, e não posso fingir entender o que você está passando. Para ajudá-la, faremos algumas perguntas pessoais. Mas primeiro, você tomou banho? — Não. — Sua voz é tão baixa e trêmula. Na voz mais gentil possível, digo: — Bom. Isso significa que ainda pode haver evidência presente. Midnight, precisamos ir à polícia para poder denunciar o crime. Seus olhos percorrem a sala, como se estivesse procurando freneticamente por uma escotilha de fuga. Ela esfrega os braços como se estivessem congelando. — Não posso fazer isso. Sem polícia. Midnight #3 Puxo uma cadeira e sento ao lado dela. — Se não denunciarmos, esses caras podem ficar livres. Meus contatos aqui os procurarão, mas não há garantias de que possamos encontrá-los. — Eu... eu simplesmente não posso ir. OK? Sem polícia. Rapidamente olho para Misha e Emily. As duas encolhem os ombros. — Tudo bem, mas e se chamarmos um dos especialistas em crimes com que lidamos e vermos se ele pode tirar um pouco de DNA de você? Talvez debaixo das unhas. Pode nos ajudar a pegar esses caras. Gestos bruscos acompanham seu queixo trêmulo. — N-Não. Ela precisa entender a importância disso. Inclinando-me para a frente, digo: — Midnight, se não relatarmos isso em breve, podemos perder nossa oportunidade. Ela morde o lábio. — P-posso falar com você em particular? — Certo. Todos? — Balanço minha cabeça em direção à porta. Eles limpam a sala, deixando nós dois sozinhos. Sua voz é hesitante quando ela começa. — Se... se eu for à polícia, isso irá expor algumas coisas. Algo do meu passado, que não quero que seja revelado. — Compreendo. Mas a polícia será nossa melhor opção para capturar esses caras, se é isso que você quer que aconteça. Suas pálpebras tremem. — O que eu quero é que isso desapareça... desapareça. — Certo, e nós vamos ajudar com isso. Mas a polícia... Midnight #3 Sua boca endurece. — Sem polícia. — Ela faz uma pausa. — É difícil dizer... e é algo que ninguém sabe, Sr. Kirkland, mas eu costumava trabalhar na indústria pornô. Se isso vazar, eu estarei acabada. Absolutamente nada polícia. — Ela pula da cadeira e caminha. Merda. Isso pode mudar completamente o jogo. — OK, eu entendo. Esta é totalmente sua decisão. Só não quero que você se arrependa de não denunciar isso como crime, desde que foi vítima. Ela apenas assente. — Há quanto tempo foi isso? — Pergunto. — Uns anos. — Porra. Não há tempo suficiente para que as pessoas a tenham esquecido. — Quantos filmes? — Não me lembro. Usei um nome diferente. Eu tinha cabelos loiros e usava lentes de contato castanho, e mudei de nariz desde então. — Eu vejo. Então, a meu ver, temos duasopções. Um é a polícia, da qual você não é a favor, e dois é o controle de danos. Esse era o plano B, mas acho que vamos direto ao assunto sem o benefício da polícia. Tem certeza de que é isso que você quer fazer? — Sim. Sem polícia. — Ela enfatiza as palavras. Essa terá que ser a melhor opção. Se a polícia investigar seu passado, a parte pornô seria revelada, e então o que faríamos? As pessoas, sendo o que são, diriam que ela merecia o que recebeu. — Deixe-me trazer a equipe de volta. Eles precisam ser informados disso. Você está bem com isso? — Ela assente. Midnight #3 Quando estamos novamente reunidos, digo: — A Midnight decidiu que não há polícia, então vamos continuar. Midnight, quero saber tudo o que você fez ontem, desde o momento em que acordou até quando isso aconteceu. Não deixe de fora nenhum detalhe, mesmo quando você urinou. Fui claro? A boca e os olhos dela combinam na forma de enormes círculos. — Tudo? — Sim. É importante. Emily, você está pronta? — Pronta. Emily gravará tudo para não perder nenhum detalhe. Preciso saber se Midnight é viciada em drogas ou se é realmente uma vítima inocente. — Comece do começo, — eu digo. Ela começa seu voo de Los Angeles e avança para sua sessão de fotos. — Então eu fui jantar com Danny. O produtor. Depois fomos a um clube. — Qual clube? — Ela nomeia o lugar e eu digo ao Leland enviar alguém para verificar suas fitas de segurança. Voltando à Midnight, pergunto: — Então, você confia neste Danny? — Sim. Ele foi embora com outra mulher. Eu estava dançando com um cara. Ele parecia bom o suficiente. — Me fale sobre ele. Quero detalhes. — Cabelo alto e loiro. Não conseguia ver a cor dos olhos dele porque estava muito escuro no clube. O nome dele era John. Tenho Midnight #3 certeza de que era falso. Ele tinha uma voz legal. Ele usava jeans e uma camisa de botão. Azul claro, eu acho. — Quão alto? — Não sei. Não sou boa nisso, porque sou muito baixa. — Você pode tentar? Nós precisamos de um número. Ela olha para mim e depois faz um gesto com a mão. — Levante-se. — Eu faço, e ela também. — Quão alto é você? — 1, 75. — Ele provavelmente tinha 1, 80 então. — Boa. Seu cabelo era grosso, fino, careca? — Fino. Não é grosso como o seu. — Alguma marca na pele dele? Tatuagens, marcas de nascença, cicatrizes? — Nada que eu pudesse ver. As mangas eram compridas. Houve alguma coisa no vídeo que você notou? — Infelizmente, o vídeo só o pegou por trás. Ela se senta e eu noto como ela se contorce e encolhe na cadeira. Me agacho ao lado dela. — Olha, eu sei o quão desconfortável isso deve ser, mas estamos apenas tentando descobrir quem fez isso e por quê. Midnight, temos um plano, mas se pudermos pegar esses idiotas, conseguir algo que possa nos levar a eles, podemos impedir que isso aconteça novamente. Sua expressão está horrorizada. — Novamente? Eles fariam isso comigo de novo? Midnight #3 — Eles poderiam fazer isso com outra pessoa, se não você especificamente. É por isso que precisamos detê-los. Pelo que vi, isso não parece ter sido a primeira vez. Eles não deixaram nenhum tipo de trilha. Um novato teria. Acontece que a Midnight é muito cooperativa. Quando ela decide cooperar, é a minha vez de ir trabalhar. Vou direto ao ponto quando pergunto: — Você já usou drogas no passado? — Não, eu não uso drogas. — Nunca? — Não! Posso tomar um drinque ocasional e já fumei maconha uma ou duas vezes, mas não uso drogas. — Ela se abaixa, enfia a mão na bolsa e pega um punhado de ursinhos de goma. — Misha, faça-a fazer xixi em um copo para nós. Precisamos de uma triagem de drogas. Midnight sai da cadeira, os olhos pegando fogo. — Eu te disse, eu não uso drogas. — Acalme-se. É uma questão de descobrirmos com o que eles drogaram você. — digo a ela. — Oh, — diz ela. — Desculpe. — Então ela coloca um ursinho na boca. Misha a leva ao banheiro para um exame de urina. Quando elas voltam alguns minutos depois, Leland contata um mensageiro para entregar a amostra a um centro de triagem de medicamentos com instruções para resultados rápidos. Midnight #3 — Tenho certeza de que as drogas estão fora do seu sistema, mas se eles a atingiram com heroína, ela ainda deve estar presente, — digo. Ela se recosta na cadeira, pega mais ursinhos de goma e enfia os pés debaixo dela. — Como você não tomou banho, vamos dar um tempo para que você possa tomar. Isso parece bom? — Sim, sim. — Todo mundo, vamos dar a ela trinta minutos. Nós voltaremos. Midnight acena com agradecimento. Nos reunimos em minha suíte, que inclui uma sala com uma mesa grande com capacidade para seis. É hora de reunir meus pensamentos. A Midnight parecia um inferno - áspera e destruída. — O que você acha? — Pergunto ao Leland e Emily. — Ela está dizendo a verdade. Lidamos com mentirosos suficientes para encontrar um quando o vejo. Mentirosa, ela não é. Ela tem muito com o que lidar, mas terá que superar isso. — diz Emily. — Concordo, — diz Leland. — Ela tem fogo e verdade nela. Vi o mesmo fogo. Além disso, ela está assustada demais para estar mentindo. Os vídeos foram horríveis. Ninguém faria isso e mentiria. Recostando-me, bato os dedos na mesa. — Não sei se ela vai gostar do nosso plano, mas é a única coisa que sei que salvará sua carreira. Farei o meu melhor para convencê-la. Emily ri. — Você sempre faz. Meu telefone toca com uma mensagem de texto de Misha, que ficou para trás com Midnight. Ela nos diz que é bom voltar. Midnight #3 Eu atiro de volta. Ela se sentiria mais confortável na suíte? Alguns segundos depois, a resposta é que elas estão a caminho. Pego o telefone e peço café da manhã e café para todos. Todos nós poderíamos comer algo. Misha chega com a Midnight atrás dela. Eu as tenho sentadas à mesa. O cabelo preto da Midnight está molhado e ela não usa maquiagem, mas isso não altera sua aparência. Ela é muito atraente. Somente as olheiras profundas e escuras à espreita sob seus olhos estragam sua pele perfeita e revelam seu desespero. Ela se enrosca enquanto se senta. Isso não pode acontecer. Preciso de força, não alguém que pareça danificada. — Pedi comida e café para que chegasse imediatamente. Preciso fazer uma ligação, se você me der licença. Quando estou no quarto, ligo para Rashid. Com suas habilidades de hackers, não demoraria muito para encontrar o paradeiro dos filhos da puta que fizeram isso. Quando ele me diz o que descobriu, quero esmagar meu punho contra a parede. Eles usaram seu próprio telefone para gravar e enviar os malditos vídeos. Estamos em um beco sem saída aqui. — Nós sabemos onde ela estava quando aconteceu. Você pode de alguma forma invadir as fitas de segurança do hotel para ver com quem ela estava? — Se eles são circuito fechado, não serão de muita ajuda além de uma identificação visual, — diz ele. — Verdade. Talvez eu possa convencer o hotel a nos dar mais informações. Midnight #3 — Se você puder fazer isso, talvez eu possa ajudá-lo a identificá- los. Todo mundo está tomando café e comendo quando eu me junto a eles. A Midnight bica um pedaço de torrada como um pássaro. — Você deveria comer mais do que isso. Ajudará as drogas saírem do seu sistema mais rápido. — digo. — Era heroína. Estou quase certa disso. Foi pura euforia, algo que nunca senti antes. Já vi algumas pessoas nesse estado. Não dava a mínima para nada. Descansando as palmas das mãos na mesa, eu me inclino para perto dela e suavemente digo: — Aconteça o que acontecer, nunca faça essa merda novamente. Só estou lhe dizendo isso para sua proteção. A taxa de dependência com essa droga é assustadora. — Eu te disse, eu não uso drogas. — A tentação pode ser alta, já que você sabe como isso a fez se sentir. Mas a próxima vez não vai fazer você se sentirassim. — digo. — Você tem algum problema de audição? Eu. Não. Uso. Drogas. — ela cospe. Sorrio. — Bom. Agora que esclarecemos isso, vamos continuar. — Me sentando digo: — Quero todos os detalhes do que aconteceu depois que você acordou. Ela fala sobre o sentimento de pânico e como saiu correndo do hotel, preocupada que eles voltassem e a encontrassem novamente. É aqui que ela trava. Dou-lhe um momento para se recompor, depois começo com mais perguntas. Isso é fundamental, enquanto as coisas ainda estão frescas em sua mente. — Você se lembra de vozes. Midnight #3 — Sim. Uma mulher e dois homens. — Você tem certeza? — Pergunto. — Sim. — Ela é inflexível. — Isso eu lembro, mas não muito mais. Não conseguia mover meus tornozelos. Também lembro disso. Quando acordei e vi a... — ela se contorce em seu assento, — aquela barra de separação lembrou-me de não poder e fazia sentido o por que. — Essas pessoas sabiam exatamente como não ser pegos. Meu palpite é que eles já fizeram isso antes. É por isso que eles usaram seu telefone para enviar os vídeos, — eu digo. Ela se inclina para frente. — Meu telefone? Eles usaram meu telefone? — Infelizmente sim. — Odeio aquele olhar de desespero gravado em seus olhos. Uma mão flutua em direção ao rosto dela, mas depois cai na mesa. — Isso está piorando. Já é ruim o suficiente que Alta queira cancelar meu contrato. Tenho certeza que Holt está feliz. — Holt Ward? Você quer dizer o seu colega? — Sim, eu não sou exatamente sua pessoa favorita. Isso coloca uma nova reviravolta nas coisas. — Você acha que ele possa ter algo a ver com isso? Sua boca se inclina, então se abre. — Oh, eu não... bem, ele tem sido um pouco desagradável comigo, mas eu duvido que ele se incline para este nível. Além disso, eu estava com Danny, não com Holt. — É verdade, mas e se ele tivesse seguido você? — Não posso acreditar que ele poderia me odiar tanto. Midnight #3 Recostando-me na cadeira, aceno para Leland. — Essa é uma vantagem que precisamos seguir. Quero Holt Ward verificado. Quero seus registros telefônicos examinados. — Leland se levanta para ligar para Rashid. — Rashid terá uma resposta em pouco tempo. E isso pode levar a quem fez isso. — Então, esse é o nosso plano, Midnight. Você vai para reabilitação. — Reabilitação? Mas eu não uso drogas! — Não importa. Como você não deseja denunciar isso como crime, não temos outra opção. O mundo viu você com uma agulha e uma seringa no braço, sendo pega por dois rapazes e uma garota com todos os tipos de brinquedos BDSM e gostando. O que parece e o que realmente aconteceu são duas coisas diferentes, mas é a percepção do público que conta. Sei que isso é difícil de ouvir, mas a reabilitação é a única solução plausível que podemos encontrar, já que você não quer ir à polícia. Você anunciará que cometeu erros e agora está pronta para resolver seus problemas. O público realmente vai gostar disso. Eles vão comer na sua mão. — Mas é uma mentira, — ela insiste, os olhos cheios de lágrimas. Então ela envolve os braços em volta de si mesma. Me afasto das emoções dela. É um mal necessário. É triste, sim, mas meu trabalho é não sentir pena dela. Meu trabalho é limpar a pilha de merda em que ela caiu. — Midnight, o público viu esses vídeos horríveis de você sendo estuprada, exceto que aqueles homens fizeram parecer que você estava gostando. Nós os tiramos o mais rápido possível, mas isso não impediu as pessoas de tirar prints e postar memes ou cavar seu passado. Minha pergunta para você é: você quer ficar com a Alta? Midnight #3 — Sim, — ela chora. — Fui a vítima. Não fiz nada errado. — Você não parece ouvir o que estou dizendo. As pessoas não se importam com a verdade. Eles só se preocupam com o que é a melhor história. Eles não se importam com o fato de você ter sido uma vítima inocente. Eles acreditam que você concordou com tudo isso. Não vamos mudar de ideia, já que a polícia não esta envolvida, a menos que você decida denunciar o crime. E se alguém fizer algum tipo de escavação, poderá descobrir que você fez a distribuição. — O que? Mas eu não fiz nada disso! Com uma voz suave, digo: — Sei disso, minha equipe sabe disso, e você também, mas o que sabemos não importa. Você só precisa se preocupar com a percepção do público, porque são eles que podem fazer ou quebrar você. Você deve ouvir o que estou dizendo e ouvir com atenção. Você vai fazer uma declaração. Você vai dizer que a reabilitação é o seu destino. Depois de perceber que precisa de ajuda, acredita que este é o melhor a ser feito. Depois, explico que mostraremos como viver em um orfanato a afetou, como ela nunca sofreu a morte de sua mãe e por que ela entrou em uma vida de abuso de drogas. Ela enterra o rosto nas mãos. — Não posso dizer isso. — Por que não? Fiquei com a impressão de que você queria salvar sua carreira. — Sim, mas trazer o orfanato... é muito... cru. É quando percebo as rachaduras no exterior dela. A Midnight não é tão forte e animada como todos imaginávamos. Mas isso não importa. Agora é quando ela precisa cavar fundo e encontrar forças para superar o que aconteceu. — É exatamente por isso que estamos fazendo. Midnight #3 Ela voa da cadeira e o ritmo começa. — Você sabe alguma coisa sobre orfanatos? — ela pergunta. — Um pouco. — A verdade é que estou tão longe disso. Minha infância foi idílica. Meus pais eram perfeitos e ainda são. Eles devem ser colocados em pedestais. Perante a Deus, eles são os maiores seres humanos que já respiraram ar. O ceticismo cobre sua voz enquanto ela esfrega os olhos. — Coisas aconteceram lá. Coisas ruins. Não quero que essa lata de vermes seja reaberta. — Já foi aberto. As pessoas sabem. Olhos violetas travam nos meus. — O que eles sabem? Pego meu telefone e pesquiso o nome dela. Um clique e eu estou lá. Sua biografia aparece e na página, fala sobre Phoenix, o orfanato, a morte de sua mãe e assim por diante. Entregando o telefone para ela, eu digo: — Aqui, veja você mesmo. Também posso ter colocado um punho na cara dela com a maneira como ela reage. O que há com isso? Por que ela está com tanto medo disso? — O que você não está nos dizendo, Midnight? — Nada. — Ela olha para mim, mas se encolhe depois de um minuto. Ela está escondendo algo e pretendo descobrir o que é. — Podemos ter um momento, todo mundo? Emily, pare a câmera, por favor. Misha diz: — Harrison, eu não aconselho isso. Ofereço a ela um meio sorriso. — Sabia que você não faria. Mas vai ficar tudo bem. Midnight #3 A equipe sai, deixando Midnight sozinha comigo. — Este é realmente um momento de merda para você. Entendi. Mas, para ajudar, preciso dos fatos, e você não está dando todos eles para mim. Conte-me sobre o orfanato. O que você está escondendo? Seu lábio inferior treme levemente. — Simplesmente não era um ótimo lugar para se estar. Isso é tudo. — Não, isso não é tudo. Você foi para lá depois que sua mãe morreu, certo? — Antes. Ela era viciada em heroína, e é por isso que nunca vou usar. Lembro dela me deixando e indo trabalhar. Ou é o que ela dizia de qualquer maneira. Mas eu sabia melhor. Ela ia procurar drogas. O Departamento de Segurança Infantil finalmente me tirou de casa. Tenho certeza de que um dos meus professores a entregou, provavelmente porque eu estava chegando atrasada ou perdendo a escola por completo. Lembro de nós duas chorando uma pela outra enquanto eles me arrastavam para longe. Eu só a vi algumas vezes depois disso, e então ela estava morta. Despejo outra xícara de café e ofereço uma. Ela recusa. — Você vai odiar ouvir isso, mas essa é uma história que o público iria adorar. Eles cairiam diretamente em suas mãos, pense nisso. — Não! Não quero que eles gostem de mim por causa disso. — Pode ser sua única opção. Efoi por isso que você se voltou para as drogas. — Não virei para... Ela para quando vê minha testa franzida. Midnight #3 — Tudo bem eu já entendi. Eles não querem a verdade. Eles só querem o último pedaço de fofoca em que possam afundar seus dentes estúpidos. Me inclino nos cotovelos. — Exatamente. Agora você está começando a entender. Então nós agiríamos. E eles vão te amar mais do que nunca. No final, a Alta pode até elevar seu contrato. Quem sabe? — E se eles me despedirem? — Eles não vão. — Ela continua torcendo os dedos. — Midnight, o que você não está me dizendo? Ela morde o lábio já rachado. — Nada. Fui abusada, minha mãe tinha um vício, fiz filmes pornográficos e fui estuprada. Isso não é suficiente? — É muito mais do que a maioria das pessoas já teve que lidar. Mas ainda quero que você concorde em ir para reabilitação por trinta dias e depois faça a declaração. Eu sei que vai fechar o acordo. — Eu nem vou saber o que dizer. — Você não precisa se preocupar com nada. É aí que entra minha equipe. Nós escrevemos e você ensaia, exatamente como um script. Faça como se sua vida dependesse disso. No final, você vai nos agradecer por salvar sua carreira. Quem sabe você pode ganhar um Oscar. — É verdade, mas ela não acredita em mim. — Ok, eu vou fazer isso. Uma pergunta, estarei realmente em reabilitação por trinta dias? — Sim, talvez mais, mas você estará nas melhores instalações. Será como um spa. Ela assente. Ligo para a equipe, entro no computador e faço uma pesquisa em Lusty Rhoades. Ela certamente era ativa, não o nome Midnight #3 familiar de algumas das principais estrelas da pornografia, mas fez alguns filmes. Rashid vai trabalhar, certificando-se de que não há nenhuma conexão entre Lusty e Midnight. Isso vai demorar um pouco. Midnight #3 Harrison Kirkland é uma força da natureza. Alto e largo nos ombros, o homem irradia força. O que quer que ele coloque no café deve ser incrível, porque a energia que sai dele é contagiante. Ele é tão confiante e seguro das coisas, para não mencionar dominante e sexy. Nunca encontrei alguém como ele antes. Quero confiar nele, eu quero. Mas depois de tudo o que passei, é difícil acreditar que essa ideia dele funcione. E depois há toda a outra questão do orfanato. Ele não pode cavar isso. Se eles abrirem essa parte da minha vida, não há uma chance no inferno de eu sobreviver. Além disso, estou preocupada com o que ele pensa de mim. Mesmo que eu não devesse dar a mínima, não quero que ele pense que sou apenas um pedaço de merda. Não posso voltar à indústria pornô ganhando a vida, chupando e fodendo. Mesmo sendo minha escolha, certamente não teria sido a minha primeira. Era uma maneira suja e nojenta de ganhar a vida. Não vou tolerar isso novamente, então o plano dele tem que funcionar. Além disso, se não, não tenho certeza de como poderei pagar sua pesada taxa. Quando Rita me disse quanto ele cobrou, eu quase morri. Paramos para almoçar e depois nos reunimos na pequena sala de conferências com mais perguntas e respostas. Harrison sai algumas vezes, apenas para retornar com informações sobre quando vou fazer esse anúncio falso. Ele quer que seja feito amanhã. Meu intestino da sinal quando a tontura quase me supera. — Você está bem? — alguém me pergunta. — Eu não me sinto bem. Midnight #3 — Você comeu? — Harrison pergunta, enquanto se inclina sobre a mesa, descansando as mãos perto de onde eu me sento. — Não muito. É um pouco difícil quando meu estômago está com um nó. — Emily, chame o médico. Ela precisa de algo para acalmá-la. — Sem médico. — Trago as palavras. É um curativo para uma ferida aberta e não resolve nada. — Tudo bem, mas você provavelmente deveria ser vista de qualquer maneira. Pelo menos para garantir que está tudo bem, — diz Harrison. A voz dele é gentil e é a primeira vez que presto muita atenção ao rosto dele. Os olhos dele estão quentes. Eles são castanhos escuros, tão escuros que parece que mergulhei em um abismo. Ele veste um terno e tem uma aparência muito profissional. Ele é bonito. Holt, não é tão bonito assim. Mas ele é muito melhor, com certeza. Ele estará ganhando muito dinheiro comigo. Minha conta bancária será esgotada após esta provação. O bom é que não precisarei pagar a ele se o plano falhar. Ele deve estar confiante de que não irá — OK. Se você pensa assim, — digo. Um deles chama um médico e tudo o que posso dizer é que eles devem ter algumas conexões sérias. Trinta minutos depois, um médico aparece com uma daquelas pequenas maletas preta. Normalmente, leva uma eternidade para ver um médico de onde eu venho. Ele me leva para o outro quarto, provavelmente o quarto de Harrison, e me examina. Minha pressão arterial está baixa e ele me diz que preciso comer e beber porque provavelmente estou desidratada. Sem o resultado dos exames de sangue, não há muito mais que ele possa fazer. Midnight #3 Quando voltamos, Harrison explica que eu testei positivo para heroína. Isso é novidade para mim, pois ainda não haviam compartilhado isso. — Legal da sua parte me contar. — Meu tom carrega mais do que uma pitada de ironia. — Estávamos nos preparando, mas você se sentiu mal, — diz Misha. — Não é uma surpresa, realmente. Quando senti a picada da agulha na minha veia, não conseguia imaginar o que mais poderia ser. Por causa do abuso de drogas da minha mãe, eu já havia lido o suficiente para saber quais eram os efeitos. — Havia também vestígios de GHB presentes, e é isso que eles colocaram na sua bebida. É uma droga de estupro. — Harrison me entrega o relatório da minha triagem de urina. Nenhum outro medicamento estava presente. — Espero que você acredite em mim agora que não uso drogas, — digo. Ele está sentado à mesa grande, mas se levanta da cadeira e fica diante de mim. — Você precisa esclarecer algo. Não é uma questão de acreditar em você. Não sou seu juiz, júri e carrasco. O público é. E, para sua informação, acreditei em você quando me contou. Por isso pedi que você fosse à polícia. Isso me faz sentir melhor? Na verdade não. O médico avança. — Nessas circunstâncias, você provavelmente ainda está sentindo os efeitos secundários de ambas as drogas. Aconselho que você beba bastante líquido e coma, Drake. Você se sentirá melhor amanhã, — diz ele. Midnight #3 Uma risada histérica vaza de mim, mas aperto a mão na boca. Estou soando um pouco louca e me sentindo assim também. É difícil acreditar que, há menos de vinte e quatro horas atrás, eu estava no topo do mundo, pensando que as coisas finalmente haviam mudado a meu favor. Outra risada ameaça irromper pelos meus lábios, mas eu os pressiono e seguro. Este não é o momento de deixar minha loucura solta. Preciso segurar minha merda. As lágrimas podem fluir quando eu voltar para o meu quarto hoje à noite. — Comer. Beber. Entendi. Obrigado, doutor. Ele concorda e Harrison o leva até a porta. Tenho certeza que eles estão falando sobre mim, mas quem se importa. Estou fazendo o meu melhor para não deixar todos os meus pedaços desmoronarem. Meu telefone toca, quase atirando para o teto. Pegando a coisa, verifico o identificador de chamadas. — Desconhecido. Não vou atender isso. — Atenda, — Harrison diz severamente. — E coloque no viva-voz. — Não. Não sei quem é. — É por isso que você vai atender. Atendo. — Olá. — Toco no botão do viva-voz, como Harrison instruiu. — Senhora Drake? — Sim. — Nós só queríamos ver como você está se sentindo hoje. — Quem é? — Um amigo. — Ele ri. A voz soa vagamente familiar. Midnight #3 Harrison, que faz um gesto para todos enquanto andam como pequenos ratos, me distrai. Eu nunca vi pessoas se moverem tão rápido na minha vida. Então a linha fica muda. — Foda-se, — Harrison explode. — Por que você não disse algumacoisa? Era ele, não era? Você deveria ter continuado falando. — Não sabia o que dizer. Ele me assustou. — Minha voz soa pequena até para meus ouvidos. Até ele está me assustando agora, gritando comigo assim. — Se você receber uma ligação assim novamente, tente manter o cara na linha. Apenas continue falando. Fale sobre qualquer coisa, o clima, seu gato, eu não ligo para o quê. Apenas diga algo. — Não quero falar com ele. Você gostaria de conversar com seu estuprador? Ele solta um suspiro longo e frustrado. Sei que ele está tentando ajudar a pegar o cara, mas ele não sabe como foi. Ele não pode saber. Fui violada e não sei por quem. É nojento, mas ainda quero ver o rosto deles. Eu quero olhar nos olhos deles e perguntar se eles estão orgulhosos do que fizeram. Também quero voltar para o banho e esfregar cada centímetro da minha pele até ficar crua e sangrando. Talvez então eu sinta algo novamente. Talvez a dor diminua a dormência que invadiu minhas células cerebrais. — O que você está pensando? — Harrison pergunta. A veemência que explode em mim me faz recuar, mas digo a ele. — A raiva é melhor do que sentir pena de si mesmo, — diz Harrison. Perco a paciência novamente. — Cale a boca por um maldito minuto. Você acha que sabe tudo, mas não sabe. — E eu saio da sala. Midnight #3 Preciso de espaço... preciso respirar, fugir por um minuto. Meu quarto não fica longe do dele e não paro até chegar lá. Meu peito se agita e minhas bochechas estão molhadas com minhas lágrimas. Paro na frente do meu quarto, tento abrir a porta, mas sinto uma presença atrás de mim. Quase grito. — Sou eu, — diz Harrison. — Maldito! — Digo, dando um tapa nele como se eu fosse um inseto. Bati em qualquer lugar que posso, só que sou fraca e ineficaz, suas mãos trancam meus pulsos, interrompendo tudo. Há uma ligeira curva ascendente na boca dele. Ele está rindo de mim? — Você é um idiota, rindo de mim assim. — Não estou rindo de você. Estou rindo do jeito que você está me golpeando. Eu não sou um mosquito. — Seu filho da puta. — Tento soltar minhas mãos, mas ele as segura com força. De repente, estou olhando para o desamparo dessa situação e isso me irrita. Não quero perguntar por que eu, mas por que eu? Harrison pega a chave de mim e abre a porta, me levando para dentro. Então ele me senta e enfia um maço de papel em minhas mãos em concha. Ele não é exatamente do tipo quente e carinhoso, mas agora, eu não me importo. Tudo o que quero fazer é me enrolar na cama e chorar até dormir. A próxima coisa que sei é que um copo de água é enfiado na minha mão. — Beba isso. Não tenho forças para fazer objeção. — Eu disse beba, não cuidar da maldita coisa. Midnight #3 Levantando os olhos, pergunto: — Você tem que ser um idiota? — Neste momento, sim. Você foi drogada, provavelmente está desidratada e comeu o suficiente para um filhote de passarinho. Se você não se abastecer, terá mais desses colapsos e amanhã será uma merda. Ele é de verdade? Fungo e digo: — Já lhe ocorreu que estou lidando com muita coisa agora? Sua voz suaviza. — Sim, e só vai piorar nas próximas vinte e quatro horas. É por isso que você precisa beber e comer. Engulo mais líquido, mas minha barriga se rebela. Estou enjoada. É difícil colocar qualquer coisa no estômago quando você sente que vai voltar. — É assim porque você não comeu. — Oh, você também é médico agora? — Não, eu sei que você precisa disso. Agora beba. Engulo a maldita água só para fazê-lo calar a boca. Talvez eu vomite em todo o seu traje chique. Infelizmente não o fiz. Atiro a ele um olhar desagradável. — Satisfeito? — Sim. Agora, conte-me mais sobre o orfanato. Endureci e olho para o outro lado. Ele não vai tirar essa informação de mim. — Não tenho mais nada a dizer além de eu ter ido para lá e assim que completei dezoito anos, saí do inferno. Fim da história. — Não, não é. Tem mais. Eu o perfuro com um olhar. — Me escute. Já mostrei o suficiente para o público, sem trocadilhos. Vou contar a eles um monte de Midnight #3 mentiras, porque você acha que é a melhor coisa a fazer. Mas o que não vou fazer é abrir minha vida de adolescente para eles apreciarem. Você pode gritar, você pode implorar. Não dou a mínima para o que você faz, mas esse livro permanece fechado. Um pequeno músculo se contrai em sua bochecha. Ele está chateado, muito. Minha vida está fodida de qualquer maneira. Se ele salvá-la, vou comer minha própria calcinha. Mas sou inflexível quanto a não compartilhar essa parte da minha vida. — Você obviamente não se importa com esse contrato, então. — Sim eu me importo. Mas o que eu mais me importo é que todo mundo ira saber coisas que nunca deveriam ser reveladas. Muito obrigado, mas esse livro permanecerá fechado. E por favor, não traga isso à tona novamente. Ele esfrega a mandíbula, a barba curta raspando contra os dedos. — Como você reagiria se estivesse no meu lugar? —Pergunto. Ele caminha até a cadeira ao lado da minha e se senta. Suas pernas longas se estendem na frente dele, e então ele cruza os tornozelos. — Odiaria cada segundo, mas ouviria os especialistas. É difícil comer um sanduíche de merda, mas às vezes você faz o que precisa. Eu não sei disso? Quantas vezes eu comi merda na minha vida? Demais para contar e, pelo que parece, vou estar comendo por quem sabe quanto tempo. Midnight #3 HARRISON Ela não vai recuar. Tudo o que eu quero é que ela nos entregue um petisco, um pedacinho do qual o público possa se agarrar e eles a amarão para sempre. Porque eles sentirão muito por ela, vão querer abraçá-la como um bebê. Mas ela não quer nada com isso. Verifico a hora e vejo que são quase seis horas. Vou me encontrar com Prescott em uma hora, então é melhor fazer deste o maior show da Terra. — Você se lembra de Marilyn Monroe? Ela aperta os olhos. — Serio? Ignoro a pergunta. — Você se lembra como eles a encontraram? — Morta? — O sarcasmo não é sua melhor característica. Amo um pouco de atrevimento em uma mulher, mas o sarcasmo me atinge em todos os lugares errados. Mordo minha língua. — Não apenas morta. Morta por overdose de drogas. — O que tem isso? — Você se lembra de todas as teorias da conspiração sobre as quais todos falaram? Ela franze os lábios carnudos e diz: — Acho que me lembro de algo sobre eles. — Quero dizer a ela para cortar a piada. — Como se fosse um sucesso da Máfia, porque ela estava muito perto de JFK. Ou alguém do alto escalão do governo a derrubou para impedir que ela fizesse algo. Midnight #3 — Então? O que isso tem a ver comigo? Você acha que alguém está tentando me matar? — Nem um pouco. Se eles a quisessem morta, você e eu não teríamos essa conversa. O que estou dizendo é que a morte de Marilyn Monroe evocou e ainda evoca tanta simpatia nas pessoas, que ainda penduram pôsteres dela em todos os lugares. Pode ser você, menos a parte moribunda, é claro. Essas íris intensamente violetas procuram as minhas por respostas, e isso me arrepia. Midnight Drake não é uma mulher superficial. Tenho a sensação de que ela prefere ficar lá e ser açoitada até a morte do que se curvar sob a pressão de alguns insultos. Ela não é um gatinho esperando a primeira pessoa aparecer para acariciá-la e alimentá-la. Em vez disso, aqui está uma tigresa ferida, disposta a lutar por sua vida. Eu só preciso afiar suas garras, porque agora, elas são maçantes e escondidas. — Não estou à mercê do meu vício em drogas, esperando o primeiro homem aparecer e me resgatar, senhor presidente. — Ela diz isso no tom ofegante que Marilyn usou uma vez em uma festa de aniversário para JFK. — Nunca indiquei que você estava. Tudo o que eu disse foi que poderia ser uma grande manobra criar uma resposta compreensiva. — Ugh, — ela bufa, mais para si mesma do que para
Compartilhar