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- -1 DESENVOLVIMENTO INFANTIL HISTÓRICO E CONCEITO DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO Glória Freitas - -2 Olá! Você está na unidade . Conheça aqui os passos iniciaisHistórico e conceito da Psicologia do Desenvolvimento para a introdução aos estudos da psicologia do desenvolvimento humano. Entenda os objetivos, métodos de estudo, conceitos, teorias e teóricos da psicologia do desenvolvimento e compreenda também os processos do desenvolvimento humano. Bons estudos! - -3 1 Histórico da Psicologia do Desenvolvimento Existem diversas pesquisas e publicações já consolidadas sobre o desenvolvimento humano na área da Psicologia do Desenvolvimento, as quais são constantemente revisitadas. Essas pesquisas guiam tanto as ações dos como dos psicólogos que trabalham em instituições educacionais e/ou assistenciais, nopsicólogos clínicos atendimento de diversas etapas do desenvolvimento humano, na infância, adolescência, vida adulta ou velhice. Conhecer a história da Psicologia do Desenvolvimento é uma importante trajetória a ser feita para compreender os passos dados por vários teóricos, no decorrer de suas intervenções unicamente como pesquisadores ou em atendimentos clínicos com sujeitos. - -4 1.1 História da Psicologia do Desenvolvimento antes da Modernidade A história da Psicologia do Desenvolvimento, assim como a História da Psicologia em geral, bem como a história do pensamento do mundo ocidental, carregou o legado dos pensadores gregos, antes da Era Comum (Antes de . Algumas marcas que os gregos nos deixaram, na Antiguidade, ainda circulam em alguns dos nossosCristo) discursos sobre o desenvolvimento humano. Pensadores gregos, na Antiguidade, estiveram refletindo e escrevendo sobre como funciona o mecanismo da atividade humana, como agem as emoções, além de fazer considerações sobre o pensamento humano, a percepção, os movimentos voluntários e como aprendemos (CASTRO; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2011). Em detrimento dos esforços de muitos povos, foram os gregos, antes de Cristo, que cunharam o termo Psicologia , palavra composta por e significando, respectivamente, e , significados até hoje comopsyché logos alma estudo o (MAIA, 2017). Durante a Antiguidade, na Grécia, o pai carregava a responsabilidade pelaestudo da alma gestão desde a educação, passado pelos cuidados com a saúde infantil até a constituição estrutural psicológica e a educação moral. Os conhecidos filósofos gregos eram especialistas em muitos saberes, incluindo concepções sobre a infância. Assim, Aristóteles, o grande pensador grego que viveu entre os anos 384 e 322 a.C., já tratava sobre a infância há pelo menos 300 anos antes do nascimento de Cristo (MOURA; VIANA; LOYOLA, 2013). Ao passar do tempo, outros filósofos, pensadores e historiadores também foram estudando o assunto e tirando suas conclusões. Aristóteles Criando explicações para o desenvolvimento humano, Aristóteles entendia a criança como incapaz de pensar . Assim, os adultos precisavam cuidar e educar seus filhos enquanto estivessemsozinho para atingir a virtude na infância, desprovidos da identidade e entendidos como incapazes de tomar decisões, sem capacidade de discernimento para tomar decisões e ter pensamento autônomo. Dessa forma, essa fase necessitava ser rapidamente superada para que o indivíduo ganhasse autonomia para adentrar ao universo adulto, tornando-se apto para tomar decisões (MOURA; VIANA; LOYOLA, 2013). Santo Agostinho A assistiu mudanças nos modos de pensar sobre a infância. Um dos grandes pensadores da IgrejaIdade Média Católica, Santo Agostinho, escreveu sobre a infância dele próprio, ao mesmo tempo em que a explicava à luz do pensamento cristão medieval as prescrições para a educação moral necessária para retirar a maldade das mentes infantis. Com inspirações na filosofia de Platão, Santo Agostinho apoiou-se nas crenças inatistas, defendendo que as verdades brotavam de dentro da alma humana. O , o desprovido de fala, o sem fala,infans - -5 palavra de origem latina, que originou a palavra , representa bem o modo medieval de enxergar osinfância primeiros anos da existência humana (MOURA; VIANA; LOYOLA, 2013). Ariès Ainda nos tempos medievais, surgem mudanças nas concepções sobre a infância. Em um trabalho com base no estudo da iconografia, examinando como eram retratadas as crianças das cortes europeias, um renomado historiador francês do século XX, Ariès, aponta uma mudança, datada do século XIII, a intenção de imortalizar as nas telas das pinturas a óleo. Até então as crianças eram invisíveis, ausentes, vistas como desprovidascrianças de alma e personalidade. Ainda eram vistas como indiferentes aos adultos, que não conseguiam perceber nelas qualquer marca de singularidade ou a necessidade de tratá-las com diferenciação por serem crianças (MOURA; VIANA; LOYOLA, 2013). Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /c980750c922d3bc861b238ea7e976604 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/c980750c922d3bc861b238ea7e976604 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/c980750c922d3bc861b238ea7e976604 - -6 1.2 História da Psicologia do Desenvolvimento e a Modernidade O importante momento histórico do Renascimento, durante a Idade Moderna, foi um tempo de rupturas e trouxe relevantes descobertas e convicções em vários campos do pensamento. A difusão de uma visão naturalista e a relevância da ciência começam a fazer fortes ecos. Exemplo desse pensamento, é o livro escrito em 1574, por , “ , que pode ser traduzido como “A natureza secreta” (FREITAS, 1999).Levunus Lemnius De ocultae Naturae” Esse autor defende, nessa obra, a tese de que a mente e o corpo podem passar por mudanças vinculadas às variações climáticas e regionais (ROSENFELD, 1984). O autor renascentista defendeu, ainda, que os humores seriam os verdadeiros causadores de doenças. Dentro da visão dele, os “estados de consciência têm um correspondente corporal e a consciência depende dos modos de vida e da constituição de cada um” (ROSENFELD, 1984, p. 53). Isso significa que Lemnius supera as ultrapassadas generalizações próprias do pensamento inatista, ligada aos pensadores que julgavam que os pensamentos e as ações humanas possuem fontes inatas, já presentes na mente humana desde o nascimento, como era do gosto de pensadores da Antiguidade e Idade Medieval. Esse autor renascentista defende a importância de observar e entender os .múltiplos comportamentos dos indivíduos O famoso racionalista Descartes ofereceu o respaldo necessário para uma superação histórica dos pesos que a Psicologia já carregava desde os gregos, na Antiguidade. A relevância da obra de Descartes foi trazer a defesa de que a razão humana era capaz de fazer uma intermediação entre o indivíduo e as coisas (objetos), relevando- se preciosamente as verdades sobre as coisas. A mente e o corpo não seriam indissociáveis. Era o exato momento de romper com a denominação de Psicologia como o estudo da alma e passar a denominá-la como o estudo da mente (FREITAS, 1999). Surge, então, a possibilidade de distinguir corpo e mente, o chamado dualismo psicofísico, que irá fundar princípios para os conhecimentos psicológicos dos próximos tempos (TELES, 1995). A seguir, veja mais algumas definições e visões de pensadores sobre a Psicologia do Desenvolvimento. • René Descartes No século XVII, o (criado por René Descartes) propôs o seu método dedutivo,Racionalismo Cartesiano partindo de verdades óbvias e inatas e se embrenhava nas lutas para deduzir novos conhecimentos (FREITAS, 1999). Isso significou que as inspirações racionalistas e cartesianas invadiram o pensamento da psicologia, a partir da modernidade, sugerindo que a introspecção oferece razoáveis juízos sobre a realidade exterior. Não se esqueça que Descartes ficou notabilizado em repetir, imortalizado para a história do pensamento ao afirmar que cada umde nós: ( ).Pensa, logo existe cogito ergo sum • • • - -7 • Francis Bacon Os do século XVII trouxeram suas contribuições contrapondo-se aos racionalistas. Um deles,empiristas o renomado Francis Bacon defendeu que para usar as “forças da natureza, é preciso conhecê-las: saber é poder. Para adquirir conhecimento há somente um caminho: a experiência” (ROSENFELD, 1984, p. 67). Essa visão empirista, a partir da modernidade, vai considerar que é preciso a experiência com os objetos, presentes na realidade, para adquirir conhecimentos sobre eles, manipulando-os, manuseando-os, experimentando-os para produzir novos conhecimentos. • John Locke Assim foi possível concluir, como era do gosto dos empiristas, que a mente seria uma folha em branco, uma , e tudo estaria por acontecer ao longo da experiência com o real (ROSENFELD, 1984). O tábula rasa famoso empirista John Locke determinou “que o início é o ‘papel branco’ da mente. Todas as ideias decorrem, sem exceção, da experiência”. (ROSENFELD, 1984, p. 69). • Wilhelm Wundt É importante relembrar que foi somente no século XIX que a Psicologia se elevou ao lugar de ciência moderna, filiada aos nascentes métodos científicos. O marco foi o , laboratório de Psicofisiologia fundado por Wundt em 1879, na Alemanha, e as publicações de estudos na Revista Científica, na Universidade de Leipzig (no ano de 1873). O que fez Wundt foi usar um método de investigação advindo das ciências naturais, dentro do seu laboratório. A partir desse gesto inaugural dele, objetos, campos, métodos e teorias eram montados para os estudos da nascente Psicologia, com de ciência.status • Stanley Hall Na segunda metade do século XIX, no ano de 1882, considera-se o nascimento da Psicologia do Desenvolvimento. Isso aconteceu com a publicação de um livro escrito por Preyers, “The mind of the ” . Esses anos finais do século XIX foram marcados pelo surgimento dechild (A Mente da Criança) algumas sociedades voltadas ao estudo do desenvolvimento, tanto nos Estados Unidos quanto na França. Stanley Hall foi um desses pioneiros. Até mesmo Freud foi convidado a realizar conferência lá na Universidade em que Stanley Hall atuava, a Clark University, no Instituto de Pesquisas sobre a criança (MOTA, 2005). • Michel Foucault O pensador francês Michel Foucault criticou o fato de as ciências, no século XIX, preferirem realizar um alinhamento dos saberes, na modernidade, com as certezas das áreas matemáticas em apogeu. O que isso significou, segundo Foucault, foi a “ao ponto de vista único dasubmissão real dos demais saberes • • • • • - -8 objetividade do conhecimento a questão da positividade dos saberes, de seu modo de ser, de seu enraizamento nessas condições de possibilidade que lhes dá, na história, a um tempo, seu objeto e sua forma” (FOUCAULT, 1995, p. 363). O conceito de Psicologia do Desenvolvimento deverá precisar das variáveis internas e externas dos indivíduos relacionadas às ao longo da vida. Além disso, sem cometer o erro demudanças em seus comportamentos exacerbar na dosagem com interfaces importantes com as seguintes áreas: Biologia, Educação, Antropologia, entre outras, levando em conta que os estudos da Psicologia do Desenvolvimento não se restringem às fases iniciais da vida (infância e adolescência). É necessário qualificar como as condições externas e internas afetam o desenvolvimento individual. Um fato é real mundialmente e em particular no nosso país, o Brasil, a população idosa cada vez vive mais. A longevidade alcançou um lugar não visto em momentos anteriores da história da vida humana (MOTA, 2005). Ainda a partir do século XX, os estudos interdisciplinares, reunindo outras áreas, dentro e fora da Psicologia foram somados aos esforços de constituir estudos sobre o desenvolvimento humano. Qual é o conceito possível, dada as diferenciações sobre as práticas da Psicologia do Desenvolvimento, ao longo dos tempos? A Psicologia do Desenvolvimento é uma ciência voltada a teorizar sobre o desenvolvimento humano, nas mais distintas fases da existência humana, da concepção à morte, da infância à velhice, da primeira infância à maturidade, da pré-adolescência à transição entre a vida adulta e a velhice. No decorrer de toda a vida de uma pessoa, devem ser estimadas tanto as continuidades quanto as rupturas, intrínsecas ao desenvolvimento humano, “integrando diferentes aspectos, tais como afetivo-emocional, social, físico-motor e intelectual, em que as influências dos aspectos biológicos, sociais, culturais e físicos são consideradas” (PILLETI; ROSSATO; ROSSATO, 2014, p. 18). Outra proposição de conceito apresentada por Mota (2005) seria que a Psicologia do Desenvolvimento é estudo, por meio de uma metodologia específica, atrelada “ao contexto sócio-histórico das múltiplas variáveis, sejam elas cognitivas, afetivas, biológicas ou sociais, internas ou externas ao indivíduo que afetam o desenvolvimento humano ao longo da vida” (MOTA, 2005, p. 03). Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /95ccf593760728b05030dd10984182cf https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/95ccf593760728b05030dd10984182cf https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/95ccf593760728b05030dd10984182cf - -9 - -10 2 Objetivos e métodos de estudo da Psicologia do Desenvolvimento A Psicologia do Desenvolvimento surgiu com o objetivo de detalhar muitas e antigas ânsias por saberes da , ao longo de tantas eras e por diferenciados povos. Nem sempre tudo foi igual! Por mais que seriahumanidade tranquilizador pensar que a humanidade agiu sempre de forma constantemente idêntica. 2.1 Objetivos da Psicologia do Desenvolvimento Entre os pesquisadores do desenvolvimento infantil e do adolescente existe um consenso sobre o uso do método científico. Com essa escolha, esses pesquisadores conseguem atingir seus objetivos de explicar, prever, descrever e influenciar o desenvolvimento dessas novas gerações. O pesquisador do desenvolvimento humano explica as razões de um certo evento acontecer. Isso vai exigir que ele faça a escolha de algumas teorias sobre o desenvolvimento humano, em detrimento de outras teorias que ele julga que são inapropriadas para aquela situação pesquisada (BOYD; BEE, 2011). - -11 2.2 Métodos de estudos da Psicologia do Desenvolvimento A Psicologia do Desenvolvimento, nos tempos atuais, segue os objetivos vistos anteriormente e métodos de estudos focados nas mais diferentes possibilidades que são abertas ao pleno desenvolvimento humano. Vamos ver quais são esses métodos de pesquisas? Métodos Descritivos Dos Métodos Descritivos, é importante compreender que os estudos de caso são fixados em conhecer, profundamente, a realidade de um indivíduo. Estudos de casos são apropriadíssimos para futuras decisões de atendimentos clínicos individuais. “Por exemplo, para descobrir se uma criança tem retardo mental, um psicólogo conduziria um extenso estudo de caso envolvendo testes, entrevistas com os pais da criança, observações comportamentais e assim por diante” (BOYD; BEE, 2011, p. 39). Isso porque esses estudos de caso podem trazer valorosas hipóteses sobre a história de vida do sujeito estudado. Observação Naturalista Esse método de pesquisa implica realizar observações nos ambientes naturais em que vivem os sujeitos pesquisados (BOYD; BEE, 2011). No caso de crianças, as observações poderão acontecer na escola, na casa da criança ou em qualquer outra instituição frequentada por ela, trazendo informações essenciais aos psicólogos do desenvolvimento a respeito dos processos psicológicos dos sujeitos pesquisados, em contextos cotidianos. Observação Laboratorial Nesse método, o pesquisador faz uma condução do desenvolvimento humano ao usar esse método, controlando o ambiente em que as pesquisas acontecem. Analisando a capacidade de atenção, o “pesquisador poderia observarpor quanto tempo crianças de diversas idades prestam atenção em diversos tipos de estímulos na ausência dos tipos de distração que estão presentes em ambientes naturais, tais como pátios e salas de aula” (BOYD; BEE, 2001, p. 40). Correlações Uma correlação representa uma relação que acontece entre duas variáveis, sendo demonstrada como um número que varia em um intervalo entre –1,00 e +1,00. Uma correlação de zero “indica que não existe relação entre as duas variáveis. Uma correlação positiva significa que altos escores em uma variável geralmente são acompanhados por altos escores na outra. Quanto mais próxima de +1,00, mais forte é a correlação” (BOYD, BEE, 2011, p. 40). - -12 M é t o d o Experimental Associado ou não aos estudos longitudinais, o Método Experimental é usado para testar uma hipótese causal. O pesquisador cria suas hipóteses e as comprova com esse método. “Vamos supor que achássemos que as diferenças de idade na capacidade de atenção se devem ao fato de que as crianças pequenas não utilizam estratégias de manutenção da atenção, tais como ignorar distrações”. (BOYD, BEE, 2011, p. 40). Pesquisa Intercultural A Pesquisa intercultural, já consolidada no campo da Antropologia, traz uma oportunidade ímpar ao campo da pesquisa sobre o desenvolvimento humano, de usar um método que compara diferentes contextos e culturas. A já é um método tradicionalEtnografia utilizado por diversos antropólogos reconhecidos que viajaram e permaneceram em comunidades tradicionais em diversos lugares do mundo. Existem outros dois delineamentos bem comuns às pesquisas em Psicologia do Desenvolvimento, ou seja, os delineamentos transversais e longitudinais. Os são aquelas que realizam comparações entre indivíduos diferentes, ao mesmo tempo.Estudos Transversais Assim, são organizados grupos com diferentes indivíduos. Um exemplo seria se “um estudo sobre desenvolvimento linguístico pode comparar o número de palavras utilizadas por crianças de 2 e 3 anos de idade” (MOTA, 2010, p. 145). Esses estudos podem acontecer em um curto período, com as habilidades dos mais diversos indivíduos. Os Métodos são aquelas escolhas lançadas em métodos de pesquisa que focam em variaçõesLongitudinais presentes em indivíduos, analisados ao longo de um consistente tempo. Tais métodos de análise do desenvolvimento humano oportunizam um acompanhamento do indivíduo por um tempo amplo, implicando uma oportunidade de controlar diversas variáveis envolvidas no desenvolvimento individual do sujeito pesquisado. Já metodologias relacionadas aos Estudos Sequenciais são bastante apropriadas para pesquisas realizadas com um determinado grupo, com características similares, como serem todos adolescentes. Podem ser utilizados em uma pesquisa que envolva comparações entre grupos etários e levam às informações esperadas tanto quanto fosse feito um estudo transversal. “Comparações dos escores ou comportamentos dos participantes em cada grupo com seus próprios escores ou comportamentos em um ponto anterior de testagem produzem evidências longitudinais ao mesmo tempo” (BOYD; BEE, 2011, p. 43). - -13 Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /0216a3c9f8a9f7b3896fbbd39bf8353d 3 Processos do Desenvolvimento Humano A Psicologia do Desenvolvimento não precisa ser um discurso favorável a um ordenamento único aos animais e aos humanos, usando padrões psicológicos idênticos para todos os indivíduos diante das diferenciadas provocações apresentadas pelo meio ambiente e de distintos processos de desenvolvimento humano. Os estudos da Psicologia já superaram crenças de que o desenvolvimento age em um curso predeterminado, aliado e preso ao que o desenvolvimento estrutural, geneticamente determinado, num ambiente ‘normal’ ou ‘característico’ dos ambientes nos quais as espécies de organismos, objetos de estudos, se desenvolveram e podem sobreviver. (CARMICHEL, 1975, p. 04) https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/0216a3c9f8a9f7b3896fbbd39bf8353d https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/0216a3c9f8a9f7b3896fbbd39bf8353d - -14 4 Teorias da Psicologia do Desenvolvimento humano As teorias do desenvolvimento humano são teorias diferentes, historicamente construídas por longos tempos, consolidadas por pesquisas conduzidas por pensadores do desenvolvimento humano e seus seguidores. - -15 4.1 A psicanálise de Sigmund Freud Sigmund Freud (1856-1939) era um médico interessado em descobrir novas metodologias para tratar seus pacientes que sofriam com doenças solucionadas com o método desenvolvido por ele e que trazia à tona , o que causavam sofrimentos psíquicos.reminiscências da infância Ganharam notoriedade os famosos . “Freud acreditava que os estágios doestágios psicossexuais de Freud desenvolvimento da personalidade eram fortemente influenciados pelo . Em cada um dosamadurecimento cinco estágios psicossexuais, a libido está centrada na parte do corpo que é mais sensível naquela idade” (BEE; BOYD, 2011, p. 36). Esses estágios psicossexuais freudianos localizam que em uma criança recém-nascida a boca dela será a parte mais sensível do seu corpo, “o estágio é chamado de estágio oral. À medida que o desenvolvimento neurológico progride, o bebê tem mais sensação no ânus (daí o estágio anal) e posteriormente nos órgãos genitais (os estágios fálico e, eventualmente, o genital” (BEE; BOYD, 2011, p. 35). Veja mais detalhes sobre cada um desses estágios a seguir. Fase oral A chamada fase oral corresponde ao momento em que a zona de erotização está concentrada na boca, eventos como amamentação, levar brinquedos à boca e pequenas mordidas são típicos e trazem prazer. É um misto de gratificação e necessidade a se concentrarem na região de lábios, língua e dentes. Amamentar um bebê vai além de saciar a fome, trazendo-lhe carinho, conforto e aconchego, a cada novo momento de amamentação (MAIA, 2017). Nessa fase é instaurado o momento inicial da constituição da subjetividade, com o apoio da figura materna, aquela pessoa que cuida, protege, canta e vai trazendo um mundo para habitar. Fase anal Na fase anal, a criança cresce, começa a ter um controle motor maior, movimenta-se pelo espaço, experimenta-se com a linguagem falada pelos queridos adultos ao seu redor. Por volta dos 2 anos, além de tudo isso, ela começa Fique de olho Aprenda mais sobre a perspectiva da Psicanálise sobre a infância em uma das apresentações do Programa Café Filosófico, com um instigante tema: "Até que ponto as crianças de hoje são diferentes das de antes?" Com o Psicanalista Leandro de Lajonquière (USP). - -16 a exercitar um novo poder, o controle de seus esfíncteres anais e bexiga. Assim começará a ter seus maiores controles e poderá abandonar as fraldas. A figura materna está lá comemorando essas conquistas ligadas à evacuação (fezes) e micção (urina). Um caminho de autodescoberta está relacionado aos novos poderes ligados ao toalete. E a criança vai estabelecendo, com relação aos seus êxitos de controle fisiológico, novas fontes de prazer. Recebe elogios ou advertências da figura materna ou exerce perfeitamente seus controles esfincterianos ou não. Com certeza as crianças ficam muito atentas às informações fornecidas pelos pais sobre esse desenvolvimento (MAIA, 2017). Fase fálica A fase posterior é conhecida como fase fálica. Aqui as diferenças sexuais entre meninos e meninas ficaram mais visíveis. O foco das atenções é perceber quem possui ou não pênis, associado a um temor de perdê-lo. Todos os adultos passaram por essas investigações (MAIA, 2017). No decorrer dessa fase fálica, é instaurada, a partir do foco das crianças nas diferenças sexuais, identificações com as figuras paternas e maternas, em um processo essencial para a formação dos sujeitos e para a constituição da subjetividade, é o famoso Complexo de Édipo. Nesse momento, meninos e meninasficarão atentos às suas figuras maternas e paternas, na busca incessante dos que lhe faltam para serem futuros pais e mães. Olham com atenção as relações que se estabelecem entre pais e mães. Fase de latência A fase de latência é o momento em que todas as investigações sexuais darão um tempo até que a maturação biológica sexual aconteça no corpo das crianças, lá na puberdade e adolescência. Coincide com os tempos de escolaridade elementar, tempos de permanência nas salas de aula, as descobertas que os conhecimentos escolares oportunizam sobre os mais diversos assuntos, trazendo a possibilidade de sublimar as pulsões sexuais com conhecimentos dos mais diversos (MAIA, 2017). Fase genital A fase genital é marcada com todo o progresso advindo do desenvolvimento biológico, a chegada na puberdade, a potencial canalização da energia libidinal aos órgãos sexuais, o amadurecimento das identificações sexuais e que começaram lá atrás, na fase fálica, no atravessamento do Complexo de Édipo. A fase genital é o momento de consolidação. Será possível começar a planejar os caminhos que enfrentará, por escolha pessoal e na vida adulta, para a satisfação de suas pulsões eróticas e interpessoais (MAIA, 2017). Enganam-se os que pensam e defendem que somente na puberdade existe um querer saber da criança sobre a sexualidade. Enganam-se também até mesmo os que desacreditam da existência da sexualidade infantil e do inconsciente e da teoria psicanalítica que Freud desenvolveu. - -17 - -18 4.2 Teorias cognitivas: Jean Piaget, Vygotsky e Wallon Alguns pensam que o suíço era psicólogo ou pedagogo. Nascido em 1896, viveu até 1980, deixandoJean Piaget uma vasta obra, com relatos originais de pesquisas conduzidas por ele e seus colaboradores, diretamente com crianças. É interessante ressaltar que ele fez as suas observações com seus filhos. Engana-se quem pensa que foi como pesquisador do desenvolvimento humano que as pesquisas de Piaget estavam centradas, inicialmente. Ele interessou-se em explicar como uma criança saía de um nível elementar de acesso ao conhecimento e passava, ao longo da vida, para níveis superiores de acesso aos conhecimentos. “Piaget ficou impressionado com o fato de que todas as crianças parecem passar pela mesma sequência de descobertas sobre seus mundos, cometendo os mesmos erros e chegando às mesmas conclusões”. (BOYD; BEE, 2011, p. 61). Sendo assim, o objetivo maior dele era , e realizando a busca por uma teoria sobre oepistemológico conhecimento, eis que teve a oportunidade ímpar de construir uma teoria original sobre o desenvolvimento cognitivo humano, em suas mais diferenciadas e progressivas etapas. Ele denominou essas fases exaustivamente estudadas como Estádios do Desenvolvimento Cognitivo. Foram todos os seus esforços de pesquisa, com o método clínico, que trouxeram um arcabouço muito bem elaborado, para que os adultos pudessem colaborar e estimular as construções diversas, que acontecem em distintos estádios do desenvolvimento. Veja a seguir os diferentes Estádios do Desenvolvimento Cognitivo segundo Jean Piaget. - -19 Figura 1 - Estádios do Desenvolvimento Cognitivo de Jean Piaget Fonte: XAVIER; NUNES, 2015. #PraCegoVer: A imagem apresenta uma tabela de duas colunas e quatro linhas com os quatro estádios do Desenvolvimento Cognitivo de Jean Piaget e suas respectivas características. Vygotsky nasceu na Bielo-Rússia em 1896 e morreu em 1934, já consolidado como um pioneiro pesquisador das funções psíquicas superiores e como respeitado pesquisador no pós-revolução bolchevique, na antiga União Soviética. Sua teoria recebeu forte influência do Materialismo Histórico de Marx. Ele defendeu que as formas complexas de pensamento são geradas nas interações sociais. Nesse sentido, ganha um peso considerável a intervenção adulta sobre as aprendizagens infantis. De um modo genial, Vygotsky desenvolveu a ideia de que existe a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDL), naquele limite entre o que a criança não é capaz de fazer mesmo sozinha e aquilo que faz com o apoio de um adulto ou de uma criança mais velha ou mais experiente em alguns saberes. Vygotsky defendeu que a criança passa por estágios do desenvolvimento cultural e em cada um desses estágios são diferenciadas as formas de estabelecer relações com o mundo exterior, de utilizar objetos que estão ao redor, de intervir e de usar as técnicas comuns dentro da cultura de cada criança (MAIA, 2017). Isso esclarece que na construção teórica de Vygotsky, a é determinante do desenvolvimento.cultura - -20 A Teoria psicogenética de Wallon é uma explicação sobre a formação e transformação pelos quais passam o psiquismo humano. Henri Wallon valorizou o poder das trocas sociais no decorrer do processo de desenvolvimento na vida dos seres humanos, a partir da infância. As crianças não são dependentes somente de suas constituições biológicas para seus plenos desenvolvimentos. Wallon acredita no papel regulador da oposição funcional que ocorre entre a afetividade e a cognição, ou razão emoção, no decorrer do desenvolvimento. Uma vez que a maturação foi alcançada, as estruturas psíquicasversus devem progredir em um permanente processo de especificação e melhoria (XAVIER; NUNES, 2015). é isso Aí! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • adquirir conhecimentos sobre a introdução aos estudos de Psicologia do Desenvolvimento; • conhecer o histórico da Psicologia do Desenvolvimento; • aprender sobre o conceito de Psicologia do Desenvolvimento e seus passos iniciais para a introdução aos estudos da Psicologia do Desenvolvimento Humano; • obter conhecimentos sobre os objetivos e métodos de estudo da Psicologia do Desenvolvimento; • refletir sobre os processos do Desenvolvimento Humano; • conhecer as teorias da Psicologia do Desenvolvimento. Referências BEE, H.; BOYD, D. . Porto Alegre: Artmed, 2011.A Criança em Desenvolvimento BOYD, D.; BEE, H. . Porto Alegre: Artmed, 2011.A Criança em Crescimento CARMICHEL, L. . São Paulo, EPU e EDUSP, 1975.Manual de Psicologia da Criança Aprenda mais pesquisando no YouTube e assistindo à “Introdução à Psicologia do Desenvolvimento”, sobre as teorias e seus teóricos mais importantes da História dessa área, entre eles Piaget, Vygotsky e Wallon, apresentados por pesquisadores do Desenvolvimento Humano, da USP. Fique de olho • • • • • • - -21 CASTRO, F. S.; LANDEIRA-FERNANDEZ, J. Alma, corpo e a antiga civilização grega: as primeiras observações do funcionamento cerebral e das atividades mentais. , Porto Alegre, v. 24, n. 4, p. 798-809, 2011.Psicol. Reflex. Crit. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 79722011000400021&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 31 mar. 2020. COELHO, W. F. . São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.Psicologia do Desenvolvimento DAVIS, C. L. F.; ALMEIDA, L. R. de; RIBEIRO, M. P. de O.; RACHMAN, V. C. B. 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