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5 doenças psicossociais

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FACULDADE SALESIANA MARIA AUXILIADORA 
CURSO DE PSICOLOGIA
DOENÇAS OCUPACIONAIS PSICOSSOCIAIS 
E EFEITOS NA SAÚDE DO TRABALHADOR
Alana Garreto de Sousa O. M.
Bruna Mayara Matos Sousa
Fabiana Paschoal dos Santos
Flora Ceschin Celjar
Gustavo Almeida de André
Rebeca Araújo Oliveira
PROFESSORA: ALINE GUARANY IGNACIO LIMA
Macaé - RJ
1
2
2020.2
Alana Garreto de Sousa O.M.
Bruna Mayara Matos Sousa
Fabiana Paschoal dos Santos
Flora Ceschin Celjar
Gustavo Almeida de André
Rebeca Araújo Oliveira
DOENÇAS OCUPACIONAIS PSICOSSOCIAIS 
E EFEITOS NA SAÚDE DO TRABALHADOR
Trabalho apresentado em cumprimento às exigências da Disciplina de Psicologia e Saúde do Trabalhador, ministrada pela professora Aline Guarany Ignacio Lima, no curso de graduação em Psicologia na Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora.
Macaé - RJ
2020.2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	3
1	BURNOUT	4
2	ANSIEDADE GENERALIZADA	6
3	SÍNDROME DO PÂNICO	8
4	FOBIAS EM GERAL	10
5	DEPRESSÃO	12
INTRODUÇÃO
	As doenças psicossociais, se tratando do mundo do trabalho, surgem em um contexto socioeconômico capitalista que não valoriza o trabalho humano, e sim a busca por lucro e acúmulo de bens. A partir da globalização econômica, houve maiores níveis de estresse, ansiedade e insatisfação por parte dos trabalhadores, levando-os ao adoecimento.	
Se tratando das mudanças advindas dessa conjuntura, podemos citar: o aumento da individualidade e da competitividade, em detrimento do sentido de coletividade; tempo acelerado e visão de lucro insaciável; a desvalorização do humano e a lógica da descartabilidade social. Esses são alguns dos fatores que favorecem para o adoecimento do sujeito e para o esvaziamento de sentido do seu trabalho.				
Partindo de uma perspectiva sócio-histórica, com base na ideia de que o trabalho era a principal forma do homem garantir a sua liberdade, Karl Marx em sua obra Manuscritos Econômico-Filosóficos (1932), esclarece que o sistema capitalista mercantilizava todas as relações por meio de um processo de alienação no qual o trabalhador perde o sentido da sua atividade, retirando sua produção de um sentido próprio e individual, para um caráter externo a ele. Isso é, este se caracteriza como uma alienação da própria atividade do trabalho. 	
Sobre isso, Maria Helena Patto aponta que “a atividade vital consciente do homem é que o distingue da atividade vital dos animais” (1987, pg. 41) e, nesse sentido, “em suas funções especificamente humanas, o trabalhador animaliza-se; no exercício de suas funções animais, humaniza-se.” (pg. 41). Marx (1932), nessa lógica, levanta uma reflexão sobre como o fazer de um trabalhador pode trazer mais sofrimento e angústia do que de fato realização pessoal, visto que ele não se reconhece no que produz.				
Para Foucault (2014), a sociedade atual constrói instituições de modelação, de disciplinarização de corpos, consideradas por ele instituições de sequestro. Estas produzem corpos docilizados, isso é, disciplinados, produtivos. Por essa lógica, todos são convocados a um padrão de normatização, em que formas de sentir e amar são reproduzidos como forma de controle da subjetividade.						
Em concordância com Foucault, Bauman afirma que esse mesmo processo agravou os sofrimentos dos indivíduos, nos tornando mais individualistas, ansiosos e depressivos, e, ainda, fez surgir doenças psicossociais ocupacionais, como: síndrome de burnout, depressão, síndrome do pânico, ansiedade generalizada e transtornos fóbicos. 
1 BURNOUT 
1) Definição:
A Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com exaustão, esgotamento físico e estresse resultantes de situações desgastantes do trabalho que geram muita responsabilidade.
Maslach & Jackson (1982 apud Carlotto e Palazzo, 2006, pg. 2) consideram essa síndrome como “uma reação à tensão emocional crônica por lidar excessivamente com pessoas”.
2) Possíveis causas 
A principal causa da Síndrome é justamente o excesso de trabalho, e acontece quando o indivíduo tem um trabalho sob pressão com responsabilidades constantes, rigorosas e com objetivos em que ele acha não ter capacidade para executar. 
3) Principais sintomas 
São sofrimentos psicológicos, nervosismo, problemas físicos como dor de barriga, tontura, falta de apetite e de sono, dificuldade de concentração, isolamento, alteração nos batimentos cardíacos, cansaço excessivo, físico e mental. Esses sintomas surgem de forma leve, mas podem se agravar para depressão e internação para tratamento. Por isso é necessário buscar ajuda profissional o quanto antes. 
4) Efeitos no mundo do trabalho 
No ambiente empresarial há efeitos catastróficos. Há três pontos essenciais e característicos: 1. perda da realização pessoal, em que o sujeito se autoavalia de forma negativa, não conseguindo mais identificar o sentido do papel que exerce, se sentindo incapaz, dispensável. 2. exaustão emocional, quando o sujeito já está no seu limite, psicológico, emocional e físico; 3. despersonalização, caracterizada pela indiferença para com o trabalho, levando ao descomprometimento com o mesmo. 
5) Possibilidades de projetos terapêuticos para o tratamento		
O tratamento para a Síndrome é feito através de psicoterapia, mas que também pode envolver ajuda psiquiátrica com a intervenção de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos. Com o tratamento, os sinais de melhora costumam aparecer entre um a três meses após o início da psicoterapia e/ou da medicalização.
2	ANSIEDADE GENERALIZADA 
1) Definição 
	Ansiedade é um estado emocional como qualquer outro. Normalmente surge como resposta antecipada a um evento perturbador – evento esse que serve como estímulo aversivo. Em outras palavras, quanto mais perturbador e aversivo for o estímulo, mais intenso será o nível de ansiedade. É nesse momento que apresentamos algum comportamento, seja ele de fuga, cautela ou paralisia. A ansiedade muitas vezes é bem sutil, por exemplo: se sua mente está preocupada, a ansiedade pode estar aí, mesmo que seu corpo não apresente sintomas físicos. 								
A médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva (2017) explica que os transtornos ansiosos formam uma espécie de espectro de sintomas e possuem nomes específicos, sendo os principais: transtorno do pânico, fobias específicas, transtornos do estresse pós-traumático, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno de ansiedade de separação e transtorno obsessivo-compulsivo.							Silva (2017) também aponta que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos ansiosos são as doenças mentais mais comuns, ultrapassando os casos de depressão. Se tratando da população mundial, OMS aponta 33% de acometidos pela patologia. Além disso, outros dados da OMS apontam o Brasil como o país mais ansioso do mundo, contando com 9,3% da população, sendo o sexo feminino o mais afetado com 7,7% e homens 3,6%.
2) Possíveis causas 
	As causas do transtorno de ansiedade generalizada não são totalmente compreendidas. Existe o componente genético que envolve o fator familiar, os fatores ambientais também são influenciáveis. Há eventos que também podem desencadear o TAG como, traumas da infância, Bullying, morte de algum ente familiar, divorcio, desemprego e outras questões. Pessoas que sofrem com doenças crônicas também podem ter o TAG. 
3) Principais sintomas 
Em casos em que a ansiedade está presente durante alguns dias, talvez semanas, pode se tratar de TAG. É uma ansiedade crônica, caracterizada pela preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono (APA, 2014).
4) Efeitos no mundo do trabalho 
A pessoa com TAG apresenta percepções exageradas do perigo, sofrendo incômodos tanto subjetivos quanto físicos todo tempo e em constante estado de alerta e preocupação. Silva (2017) define como “desassossego permanente”, visto que a pessoaacometida sente que nunca consegue dar conta das coisas que precisa fazer, acreditando que algo está errado ou que foi esquecido. No ambiente empresarial há efeitos devastadores, pois a pessoa não consegue se concentrar e vive sofrendo por antecipação o que acaba interferindo na sua produtividade e no trabalho em equipe.
5) Possibilidades de projetos terapêuticos para o tratamento
Realizar um diagnóstico fiel costuma ser uma tarefa complexa quando se trata de algum dos transtornos de ansiedade, como os citados anteriormente, sendo essencial investigar o quadro geral do paciente em busca de comorbidades. A TAG, especificamente, é comum aparecer juntamente com outro transtorno, como as fobias e transtorno de pânico (SILVA, 2017).
O tratamento costuma ser realizado através da psicoterapia (Terapia Cognitivo-Comportamental – TCC) e da medicalização de antidepressivos inibidores seletivos da serotonina e da noradrenalina para tratamentos de longa duração. Para tratamentos rápidos durante um período de crise aguda de ansiedade intensa os mais indicados são os medicamentos chamados benzodiazepínicos que aliviam os sintomas entre 30 a 90 minutos após a sua ingestão. 
3	SÍNDROME DO PÂNICO
1) Definição 
	Sobre a síndrome do pânico, Silva (2017) explica: 	
[...] Dentre os transtornos de ansiedade, o do pânico é o que pode atingir as dimensões mais catastróficas, uma vez que os ataques se constituem como crises agudas de ansiedade, de proporções imensuráveis em um curto espaço de tempo (p. 110).
	Para diferenciar um ataque de pânico de um quadro de transtorno de pânico, é necessário avaliar a frequência de ataques que a pessoa apresenta. Importante pontuar também que não há como prever quando um ataque ocorrerá, o que leva a pessoa a viver um constante “medo do medo”, isso é, sua ansiedade e pânico aumentam na espera de um novo ataque de pânico que pode ocorrer a qualquer momento (SILVA, 2017). 
Para Pinheiro (2020), o transtorno do pânico “é um distúrbio psiquiátrico muito comum que surge espontaneamente, súbito, inesperado, e com ataques de pânico recorrente”. 
2) Possíveis causas 
Assim como as outras doenças de origem psiquiátrica, não se sabe ainda o que causa a da síndrome do pânico. Mas, os pacientes com transtorno do pânico costumam apresentar desequilíbrio no funcionamento dos seus neurotransmissores o que leva o paciente a apresentar medos súbitos mesmo quando não há motivos aparentes. Em função disso, muitas crises são desencadeadas por interpretações errôneas do cérebro, como por exemplo, uma dor simples de cabeça pode ser interpretada pelo paciente como algo ruim que está acontecendo no cérebro e isso pode gerar uma crise.
Estudos comprovam que o fatores genéticos e ambientais são influência para o desenvolvimento do transtorno do pânico. A pré-disposição genética mais o evento traumático são gatilhos para o desenvolvimento de uma crise do pânico.
3) Principais sintomas 
No Manual de Classificação de Doenças Mentais (DSM-5) para ser portador da síndrome do pânico, o paciente precisa ter vivenciado duas situações: - um ou mais ataques de pânico seguidos de pelo menos um mês de medo persistente de outra crise; - quatro ou mais ataques de crise em uma semana. 
Os principais sintomas são: palpitações, coração acelerado, sensação de falta de ar, respiração acelerada, náuseas, dor de cabeça, tremor, sudorese, tontura, medo de enlouquecer, medo de morrer e calafrios junto com ondas de calor.
4) Efeitos no mundo do trabalho
Para Moreira (2020), a síndrome do pânico no trabalho afeta a produtividade e o tempo da pessoa, pois, após ter vivenciado a primeira crise, o indivíduo passa a ter medo do próximo ataque. Como consequência, muitas pessoas ficam com receio, medo de perderem o trabalho e não querem ser vistas como “problemáticas”, por isso acabam não contando que estão em sofrimento psíquico. 
É muito comum que o ataque de pânico esteja relacionado à atividade profissional do indivíduo. Há situações no ambiente de trabalho que são mais propícias ao desenvolvimento da síndrome do pânico, tais como: problemas de comunicação interna, cansaço excessivo e jornada exaustiva, cobranças irreais e metas imensuráveis, clima organizacional ruim e problemas com a cheia/gestão. 
O indivíduo sabe que a crise pode surgir a qualquer momento e por isso, começa a se isolar, deixa de ir trabalhar e fica cada vez mais dependente da família para sair ou fazer qualquer atividade. 
5) Possibilidades de projetos terapêuticos para o tratamento
A síndrome do pânico é normalmente tratada através da psicoterapia (Terapia Cognitivo-Comportamental – TCC) juntamente com a medicalização de antidepressivos que demoram cerca de duas semanas para começarem a fazer efeito, e dos benzodiazepínicos. Sendo esses últimos são indicados no início do tratamento para o controle do episódio agudo por serem ansiolíticos e possuírem ação rápida com efeitos que ajuda a controlar os sintomas durante uma crise. Devendo ser retirado logo que o paciente apresente melhora do quadro clínico.
Com o tratamento adequado, o paciente consegue ter uma vida normal ou quase normal com poucas restrições. 
4	FOBIAS EM GERAL
1) Definição
Fobia é um medo persistente, contínuo e irracional de um determinado objeto, atividade, coisa, situação ou animal que represente algum ou nenhum perigo real, mas que mesmo não existindo, cause ansiedade e um medo absurdo. A fobia costuma ser de longa duração e provoca fortes reações físicas, psicológicas e patológicas que comprometem a qualidade de vida do indivíduo. Existem diversos tipos e classificações de fobias que vão desde o medo de lugares cheios (agorafobia) até o medo intenso de situações sociais (fobia social).
De acordo com o Manual de Classificação de Doenças Mentais (DSM-5), a fobia simples pode ser dividida em pelo menos cinco categorias.
· Animais (aranhas, cobras, sapos, etc.)
· Aspectos do ambiente natural (trovoadas, terremotos, etc.)
· Sangue, injeções ou feridas
· Situações (alturas, andar de avião, elevador ou metrô, etc.)
· Outros tipos (medo de vomitar, contrair uma doença, etc.)
2) Possíveis causas 
O fator gerador de muitas fobias ainda é um assunto desconhecido para os médicos. Mas, há muitas questões relacionadas ao histórico familiar e dessa forma acredita-se que há fatores genéticos que representam um papel importante na origem do medo persistente. No entanto, sabe-se que as fobias têm uma ligação com os traumas e situações passadas vividas pelo individuo ou influenciáveis por outras pessoas quer do convívio familiar ou não. Boa parte dos problemas emocionais e comportamentais do indivíduo são desencadeados por dificuldades que enfrentou ao longo da vida.
3) Principais sintomas 
O medo de ser humilhado ou ridicularizado em situações sociais, pode causar no indivíduo com transtorno fóbico, sintomas de ansiedade, tremor, enrubescimento, sudorese excessiva, dificuldade de concentração, palpitações, tontura, sensação de desmaio, sensação de falta de controle insuportável, sintomas gastrointestinais, sensação de afundamento do estômago, diarreia, dor de cabeça, urgência urinaria, respiração curta, descontrole motor (Versiani, 2008).
4) Efeitos no mundo do trabalho 
	O sujeito com fobia tem, diretamente, a qualidade de seu trabalho afetada, sobretudo suas relações interpessoais nesse ambiente, o que causa um impacto na sua produtividade e, muitas vezes, o deixa ansioso. A fobia social é definida, segundo Craveiro (2009, pg. 2) “por uma forma excessiva de timidez que torna a pessoa incapaz de realizar algo que esteja relacionado com exposição em público, seja falar, comer, escrever, beber ou estar na presença de outros”.										
5) Possibilidades de projetos terapêuticos para o tratamento
De acordo com D’el Rey, Lavaca, Cejkinski e Mello (2008), a terapia cognitivo-comportamental apresenta maior resultado no tratamento referente a fobia social, associada ao tratamento farmacológico para melhores resultados em curto prazo.		
Nardi (1999), cita estes como pertencentes ao tratamento farmacológico:
[...]Beta–bloqueadores(atenolol, propranolol), antidepressivos inibidores da monoamino oxidase (IMAO) (fenelzine, tanilcipromina), inibidores reversíveis da monoamino oxidase tipo–A (RIMA) (moclobemida, brofaromina), benzodiazepínicos (clonazepam, bromazepam, alprazolam) e antidepressivos inibidores seletivos de serotonina (ISRS) (paroxetina, sertralina, fluoxetina e fluvoxamina) e alguns outros (venlafaxina, nefazodone, gabapentina, clonidina) (p. 251)
5	DEPRESSÃO 
1) Definição 
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais- DSM-5 (2014)
[...]Os transtornos depressivos incluem transtorno disruptivo da desregulação do humor, transtorno depressivo maior, transtorno depressivo persistente, transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, transtorno depressivo devido a outra condição médica, outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado. (p. 155)
Desse modo, se compreende como depressão um conjunto de transtornos que possui como característica comum a presença de humor triste, perda do prazer na maioria das atividades, acompanhada de sensações físicas a partir do sofrimento emocional e alterações cognitivas capazes de influenciar a capacidade de funcionamento do indivíduo. 
A depressão está comumente ligada ao estresse, ao esgotamento e à falta de prazer e realização na prática profissional, somada à repetição contínua seguida de mal-estar e apatia para desenvolver estratégias de enfrentamento dessa adversidade (SILVA et al., 2009).
2) Possíveis causas 
A carga psíquica do trabalho diante a dimensão do que é exigido do trabalhador está diretamente ligada ao seu estado de saúde mental, o desequilíbrio entre habilidades possíveis a serem executadas e desempenho esperado no ambiente de trabalho, pode promover angustia e ansiedade ao trabalhador e o aumento da carga psíquica, gerando a redução de motivação.
Silva et al (2009) aponta que: “conflitos disfuncionais no trabalho atrapalham o bom desempenho dos trabalhadores, desencadeando situações de risco às doenças emocionais”.
Os estilos de lideranças fundamentados pelo autoritarismo e centralização de poder, contribuem para a insatisfação, o baixo grau de integração e a presença de comportamentos controversos (Cavalheiro e Tolfo, 2011). Outros fatores, citados como resultantes do adoecimento psíquico no trabalho, são: perfil de funcionamento interpessoal da instituição, valorização e exigência de ações de controle, cobranças quanto ao alto nível de produtividade, medo da demissão, submissão as consequências da cultura organizacional impostam, decepções e frustrações em situações de trabalho. Deste modo, obtém-se como resultante danos à saúde emocional do trabalhador, que se desgasta gradualmente até atingir um grau maior de depressão. 
3) Principais sintomas 
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais- DSM-5 (2014), estes são os sintomas comuns a identificar-se no quadro de depressão: humor deprimido, perda de interesse ou prazer em quase todas as atividades, Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta ou redução ou aumento do apetite, Insônia ou hipersonia, Agitação ou retardo psicomotor, Fadiga ou perda de energia, Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada, Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão para tomada de atitudes, Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio, perda do interesse sexual, pensamentos negativos sobre si próprio. 
Para o diagnóstico efetivo do transtorno de depressão, se faz necessário uma maior averiguação de como se apresenta esses possíveis sintomas, período de permanência, intensidade, causas, danos no meio em que se vive.
4) Efeitos no mundo do trabalho 
O adoecimento mental provoca o comprometimento do rendimento no trabalho, absenteísmo por doença, acidentes de trabalho e rotatividade de pessoal (Silva et al, 2009), fatores estressores psicossociais e a insatisfação no ambiente de trabalho tem como consequência, prejuízo no vínculo em relação às tarefas, perda da confiança na organização, motivação prejudicada, tendência ao afastamento do emprego, aparecimento dos fenômenos psicossomáticos. Profissionais depressivos apresentam baixa responsividade em relação ao trabalho, retardo psicomotor, lentidão do pensamento, pessimismo extremo, baixa autoestima, sentimentos de desvalorização, alto índice de erros na execução de sua função, falta de concentração, dificuldade de delegar tarefas, atrasos na finalização dos serviços, de modo a exercer seu papel profissional com intenso sofrimento psíquico.
5) Possibilidades de projetos terapêuticos para o tratamento
Para Silva et al (2009) “Ações preventivas dos transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho envolvem, o reconhecimento prévio das atividades e dos locais de trabalho onde existam fatores de risco potencial”. Como prevenção, pode-se pensar na preocupação com a qualidade do ambiente, das condições de trabalho que podem ocasionar danos à saúde do trabalhador. Para que seja efetivo, faz-se necessário uma ação integrada entre os setores de trabalho e a equipe multiprofissional/interdisciplinar.
O tratamento para a depressão, depende da gravidade e da especificidade de cada caso, levando em consideração a limitação das atividades da vida diária e o desenvolvimento em suas funções sociais, podendo envolver psicoterapia e intervenção psicossocial. O diagnóstico preciso, possibilita o tratamento farmacológico adequado, com uso de antidepressivos combinados ou não a outros medicamentos. (CAVALHEIRO; TOLFO, 2011). As abordagens de psicoterapia como, a cognitiva, interpessoal e a de solução de problemas, são apontadas com maior relevância na efetivação do tratamento de depressão.
	Os autores, Cavalheiro e Tolfo (2011) consideram importante a relação entre paciente e psicólogo, na capacidade de prover esperança, de oferecer um relacionamento de confiabilidade de modo a constituir um espaço emocional seguro para expor suas ansiedades depressivas a serem compreendidas para que o paciente organize seu sofrimento.
CONCLUSÃO
Diante do cenário atual que estamos vivenciando, é preciso que as empresas fiquem atentas aos problemas de saúde da equipe. Muitas doenças psicossociais estão sendo desenvolvidas em função do “Novo normal” ocasionado pela pandemia no novo coronavirus-19 já que as pessoas estão trabalhando excessivamente num ritmo de cobranças, entregas e resultados mesmo em homeoficce e com salários reduzidos. 		
O sofrimento psicológico no trabalho tem sido alvo de estudos e pesquisas devido ao aumento das doenças mentais dos indivíduos e das equipes, e isso tem afetado diretamente à produtividade e os resultados organizacionais. Para Moreira (2020), as empresas precisam “desenvolver políticas e ações de saúde mental para ajudar os colaboradores a lidarem com as frustrações e as mudanças do novo contexto”. 
É preciso criar um ambiente saudável que tenha motivação e gere bem-estar com a criação de práticas: cultura e bem-estar, incentivo de atividades físicas, estimular um canal de comunicação com a psicologia, equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, e foco na saúde mental no trabalho. É de suma importância que as empresas invistam em programas de saúde mental para investir nas pessoas já que elas são a base de sustentação de qualquer negócio.
Segundo Codo, Menezes e Soratto (2014, pg. 279), “pelo amor reproduzimos e pelo trabalho produzimos”. Amor e trabalho são questões relacionadas e dependentes uma da outra. Para a psicologia organizacional, a capacidade de amar interfere na de trabalhar, para produzir é preciso reproduzir e vice-versa. A doença mental é a incapacidade de amar e de trabalhar. Dessa forma, é possível entender que uma coisa depende da outra. Quando o individuo não está bem, ele não consegue trabalhar e nem amar. As relações em casa e no trabalho são afetadas diretamente.Não há como separar uma vida pessoal da vida profissional. Por isso, é de suma importância que as empresas revejam a sua política para que possa implementar novas práticas de bem-estar para promoção de saúde mental e evite assim o desenvolvimento de doenças psicossociais. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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