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COMENTÁRIOS A CERCA DO CASO LULA

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Sandra Mara Dobjenki 
 
COMENTÁRIOS A CERCA DO CASO LULA E A ANULAÇÃO DE UMA 
SENTENÇA ANUNCIADA 
Dobjenski, Sandra Mara. 1 
Dobjenski, Silmara Marcela.2 
Nesta terça feira, 08 de março de 2021, o ministro Edson Fachin, do 
Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu anular as condenações proferidas ao ex-
presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela extinta Operação Lava Jato. Na decisão, o 
ministro entendeu que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha competência legal 
para julgar as acusações. 
Pela decisão, ficam anuladas as condenações nos casos do triplex do 
Guarujá (SP), com pena de 8 anos e 10 meses de prisão, e do sítio em Atibaia, na 
qual Lula recebeu pena de 17 anos de prisão. Os processos deverão ser remetidos 
para a Justiça Federal em Brasília para nova análise do caso. 
A anulação ocorreu porque Fachin reconheceu que as acusações da força-
tarefa da Lava Jato contra Lula não estavam conexas com os desvios na Petrobras. 
Dessa forma, seguido precedentes da Corte, o ministro remeteu os processos para a 
Justiça Federal em Brasília, cabendo dessa forma uma análise com fundamentos 
legais a cerca do tema. 
Cabe salientar que as regras de competência previstas na lei, ao 
concretizarem o princípio do juiz natural, servem para garantir a imparcialidade da 
atuação jurisdicional: respostas análogas a casos análogos. Com as recentes 
decisões proferidas no âmbito do STF, não há como sustentar que apenas o caso do 
ora paciente deva ter a jurisdição prestada pela 13ª Vara Federal de Curitiba. No 
contexto da macrocorrupção política, tão importante quanto ser imparcial é ser 
apartidário, disse o ministro Edson Fachin na decisão ao proferir a anulação das 
condenações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. BRASIL. Embargos 
 
1
 Especialista em Direito Penal e Criminologia – UNINTER. Bacharela em Direito – FAC. Especialista 
em Direito Educacional – UNINTER.Licenciada em Pedagogia – Faculdade Bagozzi. Idealizadora e 
criadora da @Sd JurisAdvogando. 
2
 Bacharelanda em Direito – FAC. Especialista em Neuropsicologia – Bagozzi. Licenciada em 
Pedagogia – Bagozzi. Prêmio José Marello. 
 
Sandra Mara Dobjenki 
 
de declaração. HABEAS CORPUS 193.726. Paraná. Ministro relator: 
Edson Fachin. Superior Tribunal de Justiça. 3 
De acordo com PRONER etc. e tal. (2017, p.10)4 o caráter inédito da 
condenação criminal de um ex-presidente da República em circunstâncias políticas 
em tese não comparáveis às das ditaduras brasileiras do século passado, a 
sentença, que em larga medida era aguardada como desfecho não surpreendente 
do processo criminal, provocou imediata reação entre os que a leram 
comprometidos unicamente com o propósito de tentar entender os motivos pelos 
quais Luiz Inácio Lula da Silva estaria sendo punido pela prática dos crimes de 
corrupção passiva e lavagem de ativos de origem ilícita. 
A certeza da condenação era fato. Admiradores e opositores do ex-
presidente sabiam que não haveria outro veredicto. A dúvida residia em conhecer as 
razões da condenação, exigência normativa da Constituição de 1988. 
Pelo sistema Processual Penal Brasileiro, a ampliação da competência de 
foro ou juízo pressupõe a existência de conexão entre as infrações, a fim de que 
haja unidade de processo e julgamento. São questões jurídicas e que estão tratadas 
expressamente no Código de Processo Penal (CPP). 
Direito não é para leigos, normalmente são jornalistas a serviço de um 
trágico punitivismo, a imprensa é a cada dia, mais midiática e assume o papel de 
juiz, investigador, condenando e absolvendo a sua revelia, que transformam 
informações em notícias ao seu bel prazer. O jornalismo investigativo é hoje a maior 
fonte de honorários para as redes de televisão. 
No entanto, cabe a ressalva de que a motivação das decisões e a 
publicidade dos julgamentos são as armas pacíficas do Estado de Direito contra 
arbítrios e abusos, além de proporcionarem aos tribunais a oportunidade de uma 
maior qualidade e eficiência na tarefa de corrigir sentenças consideradas injustas, 
 
3
 . BRASIL. Embargos de declaração. HABEAS CORPUS 193.726. Paraná. Ministro relator: 
Edson Fachin. Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: https://www.otempo.com.br/politica/leia-
a-decisao-do-ministro-fachin-que-anulou-as-condenacoes-de-lula-1.2456877. Acesso em: 
08/03/2021. 
4
 PRONER, Carol etc. e tal. Comentários a uma sentença anunciada. O processo Lula. Canal 6 
editora. Bauru. São Paulo. 2017. Disponível em: 
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_
produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Comentarios-a-uma-Sentenca-
Anunciada.pdf. Acesso em: 08/03/2021. 
https://www.otempo.com.br/politica/leia-a-decisao-do-ministro-fachin-que-anulou-as-condenacoes-de-lula-1.2456877
https://www.otempo.com.br/politica/leia-a-decisao-do-ministro-fachin-que-anulou-as-condenacoes-de-lula-1.2456877
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Comentarios-a-uma-Sentenca-Anunciada.pdf
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Comentarios-a-uma-Sentenca-Anunciada.pdf
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Comentarios-a-uma-Sentenca-Anunciada.pdf
 
Sandra Mara Dobjenki 
 
malgrado proferidas com apoio em sincera crença de que o Direito foi aplicado ao 
caso concreto. 
Desta forma, cabe realçar que, para que o então juiz Sergio Moro tivesse 
competência para julgar os três processos em que o ex-presidente Lula figura como 
réu se faria necessário que os supostos crimes ocorridos no estado de São Paulo 
fossem conexos com o "crime-mãe", ou seja, tivessem ocorrido simultaneamente; 
afim de que a competência do então juiz Sergio Moro fosse reconhecida pelos 
preceitos legais, dessa forma o delito poderia atrair para a sua competência os 
demais crimes conexos, consumados em locais diversos. 
O crime conexo nada mais é do que aquele delito relacionado a outro 
quando praticado para a realização ou ocultação do segundo, porque estão em 
relação de causa e efeito, ou porque um é cometido durante a execução do outro. 
Modalidade unida à outra por um ponto comum. Dessa forma um crime de 
homicídio, executado para eliminar a testemunha de um roubo. 
De acordo com o artigo 76 do CPP ocorre conexão quando os motivos que 
ensejam em alteração ou modificação da competência processual, e não podem ser 
confundidas com critérios de fixação de competência. Assim prescritos: 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: (na verdade, trata-
se de modificação por prorrogação de competência) 
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao 
mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em 
concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas 
contra as outras; 
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou 
ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a 
qualquer delas; 
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias 
elementares influir na prova de outra infração. BRASIL (2016, p.18)
5
 
A conexão e continência não são critério de fixação de competência, mas 
sim de motivos que ensejam a modificação/alteração de competência de maneira 
que ocorre quando há fatores que indicam que os processos devem ser julgados por 
um único juízo, para evitar julgamentos colidentes e para prezar pelo Princípio da 
Celeridade e Economia Processual. 
Para tanto, quando se fala em conexão, esta nada mais é do queum liame 
entre dois fatos tipificados como crime e neste diapasão, a existência de duas ou 
 
5
 BRASIL. Código de Processo Penal. Decreto Lei 3689 de 03 de outubro de 1941. Manole. 
Barueri. São Paulo. 2016. 
 
Sandra Mara Dobjenki 
 
mais infrações é essencial à existência da conexão ou, em alguns casos, também 
entre dois ou mais agentes maiores de dezoito anos. 
Diante de tais apontamentos, é notório de que, o trabalho dos juízes, como 
expressão de atividade republicana regulada por um conjunto escrupuloso de regras 
jurídicas materiais e processuais, está sujeito a ser conhecido e avaliado não 
somente pelas partes destinatárias diretas da sentença. Cada pessoa, interessada 
na sorte de seu semelhante submetido a um processo criminal, dispõe de meios e 
recursos para promover uma verdadeira arqueologia das razões pelas quais alguém 
é condenado ou absolvido. 
No que tange ao caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o então juiz 
da 13ª região Moro o condenou a 12 anos e 01 mês por corrupção e lavagem de 
dinheiro, no caso do triplex no Guarujá. 
Em sentido lato sensu, o crime de lavagem de dinheiro foi Influenciado pelo 
compromisso assumido na Convenção de Viena, em 1988, sendo que o Brasil editou 
a Lei nº. 9.613/98, que: tipifica os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos 
e valores; dispõe sobre a prevenção da utilização do sistema financeiro para os 
ilícitos previstos na lei e cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – 
COAF. 
Sendo que o crime de lavagem de dinheiro reclama um processo complexo 
e bem estruturado, envolvendo várias operações até a sua consumação. Nesse 
sentido, a ação que analisará especificamente o crime não depende da conclusão 
de outros procedimentos fiscais ou inquisitórios, como ocorre nos processos 
envolvendo o crime de sonegação fiscal em que deve ser respeitada a súmula 
vinculante 24 do STF. 
No que tange a competência para julgamento, salienta-se que o processo 
penal que apura o crime de lavagem de dinheiro nem sempre será julgado pela 
Justiça Federal, até porque só será de competência Federal quando houver um 
prejuízo à União, como determina a Constituição. Logo, serão analisadas sempre 
pela Justiça Estadual as ações penais de branqueamento de capitais quando a 
prática criminosa ocorrer no território nacional, sem se beneficiar da utilização de 
instituições financeiras. Dessa forma, quando a polícia civil desarticula uma 
quadrilha de tráfico de drogas e apreende inúmeros bens que supostamente foram 
 
Sandra Mara Dobjenki 
 
adquiridos com o dinheiro do tráfico de drogas, a ação penal de lavagem de dinheiro 
será de competência da Justiça Estadual. 
Já no caso do sítio de Atibaia, no interior paulista, a juíza substituta Gabriela 
Hardt, que estava no lugar de Moro, condenou Lula a 12 anos e 11 meses de prisão. 
Sendo que em segunda instância, Lula teve a pena ampliada para mais de 17 anos 
de prisão pelos desembargadores do TRF-4.O ex-presidente foi acusado pelos 
crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Apesar de condenado, o ex-
presidente está solto em razão de decisão do STF que barrou a prisão após 
condenação em segunda instância. 
O processo do sítio foi conduzido em quase sua totalidade pelo ex-juiz 
federal Sergio Moro, que deixou a magistratura às vésperas do interrogatório do 
petista para integrar o governo de Jair Bolsonaro. 
O interrogatório é uma das últimas etapas de um processo antes de uma 
sentença ser proferida. Os advogados do ex-presidente aguardam que o STF julgue 
uma ação que, acusa Moro de ser parcial. Eles esperam que o Supremo anule tanto 
a sentença do sítio quanto a do processo do tríplex, também conduzido por Moro. A 
expectativa era de que a ação no Supremo seja favorável a Lula. 
E a decisão foi proferida pelo Ministro Fachin, anulando as condenações do 
ex presidente e se estendendo para outros processos que ainda tramitam contra 
Lula na 13ª Vara Federal de Curitiba. 
O entendimento monocrático do ministro Edson Fachin foi de que, diante do 
que está disposto na lei processual, não basta que um suposto crime tenha alguma 
"ligação com os crimes contra a Petrobras". Para que seja subtraída a competência 
do foro de São Paulo, se faz absolutamente necessária à presença de uma das 
hipóteses de conexão transcritas no Art. 76 do CPP. 
Entretanto, O ministro do STF Marco Aurélio Mello avalia que a decisão de 
Edson Fachin, seu colega de Corte, possa ser anulada, visto que contém brechas 
que podem ser derrubadas em caso de análise no plenário. 
O ministro, após ler a decisão de Fachin, disse que a 
decisão “potencializou” o princípio da territorialidade, conceito jurídico segundo o 
qual um crime deve ser julgado onde foi cometido. Fachin considerou que a 13ª Vara 
Federal de Curitiba não tinha competência para julgar os processos de Lula porque 
os fatos não se referem unicamente à Petrobras. 
https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2019/02/06/lula-e-condenado-em-acao-da-lava-jato-sobre-sitio-de-atibaia.ghtml
https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2019/02/06/lula-e-condenado-em-acao-da-lava-jato-sobre-sitio-de-atibaia.ghtml
 
Sandra Mara Dobjenki 
 
 
Para PRONER e STROZAKE (2017, p. 14)6 a fragilidade da técnica jurídica 
empregada no decisório revela a insegurança, incerteza e maleabilidade que 
permeiam os atos praticados nos processos promovidos contra o ex-presidente Luiz 
Inácio Lula da Silva. Para os autores as conquistas decorrentes do princípio do 
devido processo legal são ainda mais fundamentais, são irrenunciáveis garantias 
das quais decorrem o estado de inocência, a imparcialidade do juiz, a motivação das 
decisões, a proibição da prova ilícita, a isonomia, a publicidade dos atos 
processuais, a inafastabilidade da jurisdição, a ampla defesa e a assistência jurídica. 
A decisão individual do ministro Fachin foi tomada com base na ação 
apresentada pela defesa do ex-presidente Lula em novembro do ano passado que 
questionou a competência da 13ª Vara Federal de Curitiba para processar e julgar a 
ação do triplex do Guarujá e pediu a anulação das decisões tomadas no âmbito 
desse processo. 
O argumento foi o de que não há relação entre os "desvios praticados na 
Petrobras", investigados no âmbito da extinta Operação Lava Jato, e o custeio da 
construção e reforma do tríplex, que a acusação diz terem sido feitas em benefício 
de Lula. 
Cabe a ressalva de que os "primitivos" delitos já foram objeto de julgamento 
de mérito, não sendo cabível subtrair a competência do foro de Curitiba no que 
tange ao julgamento de tais institutos, abrindo sérios precedentes jurisprudenciais a 
cerca do fato. 
Dessa forma, o também ministro Marco Aurélio aponta dois pontos que 
serão explorados por aqueles que discordam da decisão no caso de ida ao plenário: 
a continência que leva em conta ter-se mais de um réu no processo. Há diversos 
outros réus que podem ter atuado em outras regiões nas ações que envolvem Lula e 
a conexão probatória que trata-se da conexão entre fatos diferentes. No caso de 
Lula, as ações sobre o sítio de Atibaia, o tríplex do Guarujá, a compra de um terreno 
 
6
 PRONER, Carol etc. e tal. Comentários a uma sentença anunciada. O processo Lula. Canal 6 
editora. Bauru. São Paulo. 2017. Disponível em: 
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_
produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Comentarios-a-uma-Sentenca-
Anunciada.pdf. Acesso em: 08/03/2021. 
 
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Comentarios-a-uma-Sentenca-Anunciada.pdf
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Comentarios-a-uma-Sentenca-Anunciada.pdfhttp://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Comentarios-a-uma-Sentenca-Anunciada.pdf
 
Sandra Mara Dobjenki 
 
para o Instituto Lula e as doações à mesma entidade se conectam pelo fato de que a 
propina teria saído de contratos da Petrobras, 
É fato que a corrupção é um fenômeno social, político, econômico e, jurídico 
que afeta a todos, mina as instituições democráticas, retarda o desenvolvimento 
econômico e fragiliza a justiça plena que necessita a qualquer custo combater a 
corrupção, em todas as esferas, de forma a respeitar os direitos fundamentais, tão 
duramente conquistados em anos de luta contra a opressão e o arbítrio. 
O ministro disse seguir precedentes (decisões anteriores) do STF que já 
determinaram que, na Lava Jato, cabem à 13ª Vara Federal de Curitiba processos 
relacionados a crimes praticados "direta e exclusivamente" contra a Petrobras. 
Em um dos pontos, lembrou que as acusações contra Lula tinham muito 
mais envolvimento de outras empresas do que da Petrobras. 
Segundo Fachin, a partir das delações premiadas, foram descobertas novas 
informações e, aos poucos, através de recursos, os casos foram chegando ao STF, 
o que permitiu que a Corte tomasse essa posição apenas após diversas discussões 
em casos semelhantes. 
É bom lembrar que na chamada Operação Lava Jato, muitas vezes não se 
levou em conta as consequências da interrupção ou suspensão de atividades de 
empresas investigadas, sua imagem e inserção nos setores produtivos do país, tudo 
isso produzido em juízo de primeiro grau de jurisdição. 
O excesso de punitivismo promovido por setores dentro do Sistema de 
Justiça, praticado livremente e sem a devida correição, sem a leitura consequencial 
de suas ações para o Brasil como um todo, coloca em risco outras instituições e 
poderes democráticos, pois, sendo praticado pelo próprio Judiciário, será 
inevitavelmente tomado como exemplo de impunidade, de que nada acontecerá com 
a atuação que suspende a aplicação da lei, de forma a desrespeitar os precedentes 
do Estado Democrático de Direito, com consequências gravíssimas para a justiça e 
para o país. 
Na concepção de Fachin nenhum órgão jurisdicional pode-se arvorar de 
juízo universal de todo e qualquer crime relacionado a desvio de verbas para fins 
político-partidários, à revelia das regras de competência. A mesma razão 
(inexistência de conexão) que motivou o não reconhecimento da prevenção do 
 
Sandra Mara Dobjenki 
 
Ministro da Suprema Corte que supervisiona a investigação de crimes relacionados 
à Petrobras estende-se ao juízo de primeiro grau. 
Neste sentido importa sustentar que o critério constitucional para a fixação 
da competência da Justiça Federal é a titularidade do bem jurídico tutelado pela 
norma penal incriminadora. A Petrobras é uma sociedade empresária de direito 
privado (sociedade de economia mista). Dessa forma o Art. 109 da Constituição 
Federal dispõe que aos juízes competes processar e julgar os crimes políticos e as 
infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União 
ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral. 
BRASIL (2015, p.75)7 
Dessa forma, não prospera a assertiva do ex-juiz Sergio Moro, em sua 
sentença condenatória, de que o réu Lula exercia o relevante cargo de presidente da 
República. Primeiro porque, quando do evento do apartamento tríplex, ele já não era 
presidente há muito tempo; segundo, porque o critério da Constituição não é “intuito 
personae”, vale dizer, não está relacionado com o cargo ou função do suposto autor 
ou partícipe do delito. 
Vale a pena repetir, nenhuma das imputações feitas ao ex-presidente se 
enquadra nas hipóteses do já mencionado art.109 da CR/1988 e, de qualquer forma, 
a alegada conexão, prevista no CPP, não poderia ampliar a competência prevista 
em Lei Maior. Ademais, não havendo mais possibilidade de unidade de processo e 
julgamento, não mais se justificaria a modificação da competência de foro e juízo, 
Enfim, além do suposto crime atribuído ao ex-presidente Lula não ter ligação 
com os crimes praticados por empresários, diretores e gerentes da Petrobras, em 
face dos quais não há qualquer participação do ex-presidente com relevância 
jurídica, efetivamente não está presente nenhuma das hipóteses legais de conexão. 
Cabe ainda ressaltar a atuação da mídia hegemônica, tanto televisiva como 
escrita, com a pretensão de reforçar e justificar o uso de métodos excepcionais no 
sistema de Justiça, com o fim de convencer a opinião pública sobre a necessidade 
de uma “justiça justicialista” contra um “inimigo comum”, fato este que ataca o cerne 
da democracia. 
 
7
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Senado Federal – Secretaria de 
Editoração e Publicações. Brasília. 2015, 
 
Sandra Mara Dobjenki 
 
Para essa mídia concentrada nas mãos de poucas famílias proprietárias, 
claramente compromissada com setores econômicos dentro e fora do Brasil, a 
corrupção é tratada como sendo método adotado por políticos e partidos escolhidos 
seletivamente, normalmente do campo da esquerda, evidenciando a aliança de 
setores da mídia com outros políticos visando às eleições e a governabilidade para 
atender aos interesses privados. 
Há que se repudiar o jornalismo praticado por empresas de telecomunicação 
e jornalismo que, igualmente corrompidas e corruptoras, mentem, enganam, violam 
o direito à informação e à verdade dos fatos, sendo corresponsáveis pela 
instabilidade institucional e política do Brasil, coniventes com o aumento do 
autoritarismo, com os retrocessos sociais e com a violência, não sendo 
desarrazoado falar em corrupção da mídia no Brasil. 
Nesse sentido é importante frisar que Luís Inácio Lula da Silva não será 
considerado inocente com a referida anulação da sentença pelo ministro Fachin, 
como apontado em diversos meios de comunicação, visto que ser necessário o 
entendimento que ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado 
da sentença penal condenatória, o que só ocorre quando não cabe mais recurso ou 
quando um tribunal, como STF, der a última palavra no processo, tal como 
sustentado na Constituição. 
Dessa forma a decisão não entra no mérito de cada um dos casos julgados 
por Moro em que o ex-presidente foi condenado e não significa culpa ou inocência. 
A anulação dos processos aponta apenas que a forma como as decisões 
ocorreram foi considerada irregular e inválida. Por isso, as condenações e as penas 
impostas pelo então juiz Sérgio Moro, como a inelegibilidade, não existem mais para 
Lula. 
Independentemente das concepções políticas ou ideológicas da cada um, é 
preciso que os operadores jurídicos tenham boa-fé na interpretação e aplicação do 
Direito, bem como não se afastem da indispensável honestidade intelectual. 
Fachin salientou que a defesa de Lula questionava há muito tempo "a 
competência para o processo e julgamento" dos casos perante a Vara de Curitiba, 
sendo que de agora para frente à 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, 
responsável no Paraná pelos processos da extinta Operação Lava Jato, passará a 
encaminhar os processos ao Distrito Federal. 
 
Sandra Mara Dobjenki 
 
Os processos contra o ex Presidente serão, então, entregues a um novo juiz, 
para que ele faça a análise. Essa redistribuição é feita por sorteio. Esse juiz ou 
juízes, vão poder decidir se os atos realizados nos três processos (triplex, Instituto 
Lula e sítio de Atibaia) são válidos ou se terão de ser refeitos. 
Em razão da decisão, o ministro Fachin declarou a "perda do objeto" 
e extinguiu 14 processos que tramitavam no STF apontando suposta parcialidade do 
ex-juiz Sérgio Moro ao condenarLula, de forma que a perda do objeto significa que 
não há mais motivo para que seja julgado o caso que avaliaria se houve 
imparcialidade do ex-juiz nos processos em que ele condenou Lula. 
Cabe ainda a ressalva que a decisão do ministro é terminativa e encerra o 
caso, tanto que ele já determinou a remessa dos processos para que sejam 
reiniciados na Justiça Federal do Distrito Federal, ou seja, a decisão não necessita 
de referendo da turma ou do plenário do STF, a não ser que o próprio ministro 
decida remeter o caso para julgamento dos demais ministros. 
Diante de tal fundamentação e com respaldo no princípio da eventualidade, 
salienta-se que o ex-juiz Sérgio Moro não seria competente para processar e julgar o 
ex-presidente Lula no caso do “Triplex”, mesmo que houvesse a conexão que o juiz 
aponta em sua sentença, de forma que não existia motivo para que tivesse ocorrido 
a ampliação de sua competência, ocorrendo nesse sentido a violação ao princípio 
constitucional do “juiz natural”, pois a carta Magna dispõe expressamente que 
“Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”, 
(art.5º., inc. LIV, Constituição Federal), BRASIL (2015,p.16)8 de maneira a se 
configurar uma garantia individual , fundamental e de nulidade absoluta. 
Não se pode negar, entretanto, que a incompetência territorial ora 
reconhecida pelo Ministro Fachin, poderia ter sido declarada desde a primeira 
instância de Curitiba. 
Todavia, o artigo 41, da Lei Complementar nº 35/79 (Lei Orgânica da 
Magistratura Nacional – LOMAN) prevê, que o magistrado não pode ser punido ou 
 
8
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Senado Federal – Secretaria de 
Editoração e Publicações. Brasília. 2015, 
 
https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/03/08/decisao-de-fachin-extingue-processos-que-questionavam-suposta-parcialidade-de-moro-ao-condenar-lula.ghtml
https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/03/07/rosa-weber-nega-recurso-de-moro-e-mantem-acesso-de-lula-a-mensagens-da-operacao-spoofing.ghtml
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Sandra Mara Dobjenki 
 
prejudicado pelas opiniões que manifestar ou pelo teor das decisões que proferir. 
BRASIL (1979)9 
Portanto, mesmo sendo mantida a incompetência da justiça de Curitiba, as 
provas contra o ex-presidente poderão ser consideradas contundentes e 
inquestionáveis no juízo do DF e ele não seria beneficiado com a elegibilidade, em 
decorrência da confirmação das condenações. 
Ao contrário, após os julgamentos em duas instâncias, se consumados, até 
a eleição de 2022, o ex-presidente Lula poderá sair enfraquecido politicamente, em 
razão de julgamentos prolatados por juiz independente, sem que fosse possível 
qualificá-los de parciais. 
Em consequência, do certame é correto salientar que Luiz Inácio Lula da 
Silva não disputaria a eleição de 2022, por inelegibilidade, com base na Lei da Ficha 
Limpa e se disputar poderá ser afastado durante o mandato, caso condenado em 
duas instâncias. Evidentemente, posição desconfortável para um candidato. 
O certo é que é preciso punir de outro modo: eliminar essa confrontação 
física entre soberano e condenado; esse conflito frontal entre a vingança do príncipe 
e a cólera contida do povo, por intermédio do supliciado e do carrasco. 
 Em pleno século XXI, diante da necessidade estatal de manutenção da 
ordem jurídica, é nítido o modelo ancestral de justiça criminal, onde o estado-juiz 
empreende a coisificação do jurisdicionado, arrebatando-lhe direitos e garantias 
constitucionais, reinaugurando uma inquisição há muito adormecida. 
È necessário que os tribunais superiores possam resgatar a tradição 
brasileira de uma justiça democrática, restabelecendo o primado constitucional de 
garantia dos direitos e princípios que lançam o ser humano na centralidade da 
ordem jurídica, bem como a mídia sensacionalista passe a exercer seu papel de 
informar e não de se tornarem juízes, promotores, investigadores manipulando as 
informações por elas veiculadas, informações estas que podem alternar entre 
posicionamentos políticos, opiniões críticas ou até mesmo desavenças de 
concorrência. É nesse ponto que o poder de influência dos meios de comunicação 
fica exposto e são desenvolvidos. 
 
9
 BRASIL. Lei Complementar nº 35 de 14 de março de 1979. Presidência da República. Casa Civil. 
Subchefia de assuntos jurídicos. Brasília. 1979. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.htm. Acesso em: 09/03/2021. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.htm
 
Sandra Mara Dobjenki 
 
No que se refere ao caso do ex-presidente Lula, percebeu-se uma série de 
inclinações nos diversos meios de comunicação e no conjunto como um todo, e pela 
complexidade e importância do tema, essas inclinações geraram fragilidades que 
acabaram por envolver o íntimo do processo penal, de forma a melindrar os 
princípios de todo Direito Penal, sendo que o princípio da presunção da inocência foi 
o mais ultrajado no caso, juntamente com a proteção do direito da personalidade, já 
que existiu uma desarmonia entre o recorte temporal e os verdadeiros efeitos da 
Justiça.

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