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-CARDIOMIOPATIA DILATADA EM CÃES – PROF VANESSA 27/03/2020 É uma doença no miocárdio que tem duas características: dilatação das câmaras e disfunção sistólica (não contraem normalmente) de um ou ambos os ventrículos. Porém, é mais frequente ter apenas do lado esquerdo. · CMD primaria – alteração primaria no musculo cardíaco com dilatação e redução de contratilidade. É genético, mais comum em dobberman, boxer, dálmata e Cocker. Precisa fazer um diferencial se essa disfunção é secundaria a algum outro motivo, que podem ser: · Toxicas: quimioterapia com doxirrubicina – A doxirrubicina diminui a contratilidade do miocárdio e pode causar dilatação · Neoplasia infiltrativa em miocárdio – raro · Nutricionais: deficiência de taurina e L-carnitina. · Metabólica: hipotireoidismo (raro). · Inflamatória: pode ser infecciosa (virais, fúngicas e protozoários) ou não infecciosa. Excluindo essas possibilidades, podemos concluir que é hereditário. Ocorre principalmente em cães de meia idade (4-7 anos) e acomete ambos os sexos. FISIOPATOGENIA · Ocorre alteração estrutural dos cardiomiócitos. · Dilatação de câmaras esquerdas ou nos 4 compartimentos cardíacas, disfunção sistólica e ativação dos mecanismos compensatórios · Insuficiência mitral funcional Acontece dilatação de ambas as câmaras, o que faz com que o anel valvar sofra um alargamento que distancia os folhetos da mitral e tem menor coaptação gerando insuficiência de mitral. Pelo acúmulo de sangue e aumento de átrio, ocorre uma congestão retrógrada que impede o retorno venoso adequado e caminha para um edema intersticial e pode se agravar para edema alveolar. Como está o debito cardíaco? Baixo! O coração não consegue ejetar o sangue, o musculo quase não contrai, e o animal apresenta sinais de baixo debito cardíaco: ICCE · Edema pulmonar (crepitação na ausculta, principalmente em foco pulmonar caudal e dorsal) · Intolerância ao exercício/cansaço, cianose, sincope · Dispneia ou taquipneia · Posição ortopneica · Caquexia São ativados mecanismos compensatórios: Os barorreceptores detectam que o volume e pressão está menor. Ocorre ativação do sistema nervoso simpático que diminui o fluxo renal e aumento de FC = aumento do debito cardíaco. Ativação do SRAA – há maior retenção de sódio e água que ajudam a aumentar a pressão. E o coração do lado direito? Como fica? Se o paciente tiver edema, o VD tem dificuldade de mandar o sangue para o pulmão, dilatando também em consequência da sobrecarga (ICCE), podendo evoluir para ICCD. ICCD · Ascite e efusão pleural · Congestão sistêmica – hepatomegalia, esplenomegalia · Pulso jugular positivo · Caquexia E nos casos em que é em ambos os ventrículos primariamente? Teremos dilatação e repercussão evoluindo ao mesmo tempo (ICCD e ICCE). ASPECTOS ECOCARDIOGRÁFICOS – MODO M · Dilatação de câmaras · Disfunção sistólica acentuada (fração de encurtamento <30%) · Insuficiência mitral (funcional) · E/TRIV >1,9 – índice preditivo de congestão na CMD (já está com edema ou saindo de um). MANIFESTAÇÕES Podemos detectar em fase oculta ou sintomática. · Oculta – também chamada de subclínica, é a fase muitas vezes longa que precede o aparecimento das manifestações clinicas. Fase de difícil diagnostico. · Sopro sistólico de baixa intensidade, déficit de pulso, irregularidade rítmica devido arritmia · Sintomática - fase onde a ICC esta estabelecida e as manifestações clinicas são evidente · Tosse, dispneia, taquipneia, sincope, ascite DIAGNOSTICO · Ecodoplercardiograma · Eletrocargiograma/Holter O que caracteriza a fibrilação atrial é que não tem regularidade e não tem onda P (fibrilação atrial), foco ectópico de contração pelo ventrículo (começou a despolarização pelo ventrículo) e faz VPC TRATAMENTO Objetivos: tratar a disfunção sistólica, melhorar as manifestações clinicas, melhora da qualidade de vida e aumentar a sobrevida (que em geral é baixa). Na fase oculta (assintomática) tem indicação de entrar com inibidores da ECA – enalapril, benazepril. Os iECA prolongam a fase assintomática e diminui a atividade do SRAA prevenindo a fibrose do miocárdio. · Pimobendan – seu uso é sempre benéfico tanto na fase assintomática ou sintomática. Mecanismo de ação: age aumentando a sensibilidade ao cálcio sem aumentar o consumo de oxigênio pelo miocárdio e aumenta a interação da troponina C com as proteínas contrateis aumenta ação inotrópica. Também prolonga a fase assintomática por +/- 9 meses e aumenta sobrevida. Capaz de fazer remodelamento reverso – reverte a dilatação que a câmara cardíaca sofreu Fase sintomática – sinais claros de ICC. Usar diuréticos, vasodilatadores e inotrópicos · iECA – enalapril, benazepril, lisipril · diuréticos – furosemida, espironolactona · cardioprotetores – hidroclortiazida, torasemida se o paciente saiu do edema, está estável, podemos entrar com Carvedilol (é um betabloqueador que em dose baixa tem efeito antioxidante no miocárdio), pois essa lesão gera muitos radicais livres e causa lesão ao miocárdio. O carvedilol age reduzindo os radicais livres e tendo menos predisposição a arritmias). Dose minima: 0,1mg/kg/bid , Dose máxima: 0,8 – 1mg/kg/bid sempre monitorar a PA para ajustar dose. TRATAMENTO DA ICC No hospital: · acesso livre a água; oxigenioterapia; paracentese e toracocentese · furosemida 2mg/kg/IV a cada 1h ate a melhora do padrão respiratório (máximo 8mg/kg) · sedação – diminuição da ansiedade (butorfanol, buprenorfina + acepromazina) · pimobendan 0,25mg/kg/12h CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA EM FELINOS É uma das cardiomiopatias mais frequente nos felinos (68%). É um problema genético. Acontece mais em machos do que fêmeas (persa, maine coon, ragdoll, bengal, sphynx) É um problema primário no miocárdio, podendo causar uma ICC com edema e efusão. Esse paciente tem alto risco a tromboembolismo arterial e morte súbita. Fazer diferenciais de causas de hipertrofia concêntrica ventricular esquerda: · estenose sub-aortica · hipertensão arterial sistêmica · hipertiroidismo · acromegalia revertendo esses problemas o miocárdio volta ao normal. FISIOPATOGENIA É um defeito funcional do sarcômero. · Aumento da atividade de substancias intracelulares relacionadas ao cálcio e resposta ao estresse · Fibrose intersticial miocárdica · Síntese de colágeno (infiltrados neutrofilicos e linfociticos; ação de citocinas inflamatórias) O maior problema é quando é cardiomiopatia obstrutiva (o septo está muito hipertrofiado levando a uma dificuldade do sangue em sair do VE e ir pra aorta). CARACTERISTICAS DA DOENÇA Hipertrofia de VE associado a uma dilatação do AE. A hipertrofia do VE leva a uma disfunção diastólica (relaxamento). Altera no eco a onda E e onda A. Dilatação do AE – probabilidade de desenvolvimento de tromboembolismo arterial (hipercoagulabilidade + estase sanguínea). Relação AE aorta aumentado >1,5 · Gato com aumento de AE sempre pensar que ele tem risco de trombo! MANIFESTAÇÕES CLINICAS · Assintomáticos: vai detectar em checkup, avaliação pré anestésica, alterações na ausculta · Sintomático – ICC: taquipneia, distrição respiratória (edema ou efusão pleural), letargia, anorexia · No exame físico: sopro sistólico DIAGNOSTICO · RX – Sem alterações na fase inicial. Detecta cardiomegalia (aspecto de coração apaixonado), edema pulmonar e efusão pleural. · Ecocardiograma – é o exame de escolha! TRATAMENTO Objetivos: melhorar manifestações clinicas, prevenir tromboembolismo, melhorar qualidade de vida, melhorar o debito cardíaco e diminuir obstrução na via de saída do VE Animais assintomáticos: · Se tiver dilatação de AE: Clopidogrel (18,75mg/SID) · Disfunção sistólica do VE: pimobendan: 0,2mg/kg/BID e iECA podem ser considerados · Obstrução dinâmica na via de saída: atenolol (relaxa a musculatura, melhora a diástole e durante a sístole reduz a obstrução). · Taquiarritmias: atenolol ou sotalol Sintomáticos (trombo ou ICC): · iECA · diuréticos – furosemida. Cuidado com desidratação e hipocalemia! Começar com dose baixa 1mg/kg/IV · pimobendam · espironolactona– não indicado. 1/3 dos gatos apresentam efeito colateral de dermatite ulcerativa facial Se o animal já tem trombo? O trombo pode se desprender e migrar: SNC, rins, mesentério, bifurcação da aorta, arteira braquial e subclávia PERIGOSO MANIFESTAÇÕES CLINICAS DE TROMBRO · Dor – metadona + ketamina · Vocalização · Paralisia de membros (depende da localização do trombo, geralmente em aorta ou braquial) · Déficit de pulso · Palidez, cianose de leito ungueal e coxins TRATAMENTO Identificar a causa base o quantos antes: CMH? pedir ECO As primeiras 72h são essenciais para o sucesso do tratamento · Fazer analgesia e tratamento suporte – analgesia, oxigênio, tratar ICC, anticoagulante (heparina sódica – 100 a 350u/kg) seguido por dose de manutenção: 100u/kg/sc/6-8h · Vasomodulação: clopidogrel – 75mg/gato primeira dose, 37,5mg/gato/sid no 2º dia depois manter 18,75mg/SID Condição de mau prognostico.
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