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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - U.F.S.C. CENTRO TECNOLÓGICO - CTC DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL - ENS ****************************************************************** OPÇÕES DE VALORIZAÇÃO E DE ELIMINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS M E T O D O L O G I A ****************************************************************** Prof. Dr. Armando BORGES DE CASTILHOS JUNIOR ENS 5123 Semestre 2011.1 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. RESÍDUOS URBANOS : CONSIDERAÇÕES GERAIS 2.2 Evoluções Quantitativas e Qualitativas 2.3 Resíduos Urbanos e Meio Ambiente 3. OPÇÕES DE VALORIZAÇÃO E DE ELIMINAÇÃO 4. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS DIFERENTES OPÇÕES DE TRATAMENTO 1. Incineração 2. Combustíveis Derivados 3. Pirólise e Outros Procedimentos Térmicos 4. Fermentação Anaeróbia 5. Matérias Primas Orgânicas 5. CONCLUSÃO 1. INTRODUÇÃO 3 Todo sistema de produção e de consumo, natural ou artificial, implica na geração de uma certa quantidade de sub-produtos e resíduos. Levando-se em consideração a natureza, a localização e as quantidades geradas, estes resíduos podem apresentar um duplo problema : ECONÔMICO : na medida em que eles constituem um gasto importante de matéria prima e de energia. ECOLÓGICO : na medida em que eles perturbam os meios naturais e estão na origem de riscos de poluição para os seres vivos. Uma gestão racional das atividades econômicas e sociais não pode ser concebida sem a tomada de consciência desta realidade. A procura de uma solução a este problema deve obedecer a princípios rigorosos e, quando se está confrontado a um resíduo, três estratégias são possíveis : Avaliar as possibilidades de modificação ou de abandono de certos processos industriais ou de modos de consumo geradores de resíduos (ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS). Estas possibilidades estão diretamente relacionadas ao estabelecimento de políticas globais pelas autoridades públicas. Assegurar segundo todos os protocolos possíveis, a VALORIZAÇÃO dos resíduos, isto é, procurar um valor econômico positivo destes ou de uma fração do resíduo em áreas variadas : energia, agricultura, matérias primas, etc... Gerenciar de maneira compatível com os meios naturais e a saúde dos seres vivos, os resíduos que não encontraram utilizações possíveis no quadro da valorização. Faz-se, então, apelo as técnicas ditas de ELIMINAÇÃO, termo relativamente impróprio na medida que se encontra mais seguidamente confrontado à operações de ESTOCAGEM no meio natural. Limitando nossos propósitos somente aos aspectos técnicos, pode-se mostrar como os resíduos urbanos, o mais banal mas também o mais complexo dos resíduos de consumo, podem encontrar, em teoria, o seu lugar na quase totalidade das opções de tratamento cientificamente possíveis. Entretanto, é preciso salientar que serão finalmente considerações de ordem econômicas, sociais, psicológicas e mesmo políticas que terão mais peso numa escolha definitiva. 2. RESÍDUOS URBANOS : CONSIDERAÇÕES GERAIS Produção Resíduos Consumo Alternativas Tecnológicas, Valorização dos materiais, Eliminação Eco-Compátivel. 4 2.1 Características Principais O vocábulo resíduos urbanos engloba produtos de natureza muito diversa. Sua origem não se limita mais a vida doméstica. Ele foi estendido ao conjunto das atividades da cidade, com exclusão dos resíduos industriais específicos e materiais como os resíduos de demolição, etc. A quantidade e a qualidade dos resíduos urbanos depende essencialmente dos seguintes fatores : nível de vida da população, condição social, estruturas de consumo, clima, estação, etc ..., sem falar das evoluções tecnológicas. Estima-se, em geral, para a cidade de São Paulo, os seguintes valores para a produção de resíduos, em quilograma por habitante e por dia : 0,67 - 1981 0,67 - 1982 0,61 - 1983 0,60 - 1984 0,64 - 1985 0,71 - 1986 COMPOSIÇÃO : A composição dos resíduos domiciliares é de difícil avaliação, em função da diversidade de elementos encontrados e a dificuldade em se constituir amostras representativas. Cada caso deve ser objeto de estudos específicos. A título comparativo, são apresentados os valores determinados para os resíduos domiciliares da cidade de Florianópolis (quadro 1). DENSIDADE : O valor da densidade equivale a relação que existe entre a massa de resíduos e o volume que eles ocupam. Em razão da compressibilidade dos resíduos, este parâmetro evolui muito em função das condições nas quais eles se encontram. A densidade dos resíduos nos recipientes de coleta, sem compactação, é estimada entre 0,10 e 0,30. PODER CALORÍFICO : Expresso pelo Poder Calorífico Superior (PCS) ou Inferior (PCI), segundo que se considere ou não o calor de vaporização da água contida nos resíduos e a produzida pela combustão. O PCI é calculado à partir do PCS aplicando a seguinte relação : PCI = PCS - [(9 H2 + H2O) / 100] 600. Os valôres correntemente admitidos são : PCI = 1000 - 1500 Kcal/Kg Quadro 1 - Composição dos resíduos do município de Florianópolis COMPONENTES (% EM PESO) Papel 25,01 Papelão 6,89 Plástico duro 2,14 mole 6,74 Vidro 1,95 Madeira 1,15 Trapo 2,58 Couro 0,14 Matéria Orgânica 47,33 Metal: Ferroso 3,35 Não ferroso 0,36 Louça 0,19 Borracha 0,49 Cerâmica 0,08 Terra e Similares 0,19 Osso 0,009 Perdas 1,4 TOTAL 100,00 UMIDADE : A umidade é medida por secagem á 105 ºC até peso constante. Para os resíduos 5 domiciliares ela depende em geral da situação geográfica e da estação. Ela depende também da composição dos resíduos. É assim que um teor elevado de matérias orgânicas se traduzirá por uma elevação do teor de umidade total. Estima-se, em geral, para os resíduos domiciliares brasileiros que os valores de umidade se situam entre 25 e 70 % do peso bruto. RELAÇÃO CARBONO/NITROGENIO : A evolução dos resíduos domiciliares em fermentação pode ser observada pela determinação da relação entre carbono e nitrogenio. A experiência mostra que esta relação se situa, geralmente, entre 35 e 20 para os resíduos "frescos", evoluindo para 25 à 10 após compostagem. Em principio, num bom composto, a relação C/N se situa entre 15 e 18. 2.2 Evoluções Quantitativas e Qualitativas Não se dispõe de estatísticas descrevendo a evolução sobre um longo período da produção e da composição dos resíduos domiciliares no Brasil. Porém, a título de exemplo, pode-se observar a projeção da população e da produção de lixo domiciliar, a partir da Sinopse Estatistica do IBGE (1977). 2.3 Resíduos Urbanos e Meio Ambiente Como nós vimos inicialmente, os resíduos urbanos não apresentam sómente um problema de gasto de matéria prima e de energia. Na falta de tratamentos adequados estes resíduos podem ter uma influência sobre o meio ambiente. Assim, algumas considerações se fazem necessárias : a - Os componentes dos resíduos domiciliares podem ser regrupados em tres frações principais: as matérias orgânicas; os inertes, vidros e metais ; os papéis, plásticos e texteis. Além das considerações estéticas evidentes, seu abandono sem precaução no meio ambiente apresenta o problemado impacto específico a cada uma destas frações : proliferação de roedores, aves e insetos ; gas e metabólitos das fermentações ; acumulação das frações não biodegradáveis, etc... b - A estas tres frações principais soma-se uma quarta fração, em menor porcentagem, mas constituída de "ingredientes" incomodos no plano dos riscos causados ao meio ambiente, por exemplo : mercúrio (pilhas/termômetros) e cadmio (pilhas alcalinas) ; germes patogênicos e medicamentos inutilisados ; produtos fitosanitários (ddt, nutrimentos para plantas,...); óleos, tintas, etc ... c - As técnicas de tratamento podem também participar na difusão de poluentes sob formas perniciosas ao meio ambiente : metais, ácido clorídrico, poeiras e escórias ; efluentes dos atêrros sanitários (chorume e biogas), odores; poluição do solo pelos condicionadores de solo (compostos). etc ... d - Finalmente, é preciso não perder de vista, para apreciar mais lúcidamente estes impactos sobre o 6 meio ambiente, que nós "tocamos" no cotidiano os resíduos urbanos nas nossas casas e que, ainda nos nossos dias, eles são utilizados como fonte alimentar... 3. AS OPÇÕES DE VALORIZAÇÃO E DE ELIMINAÇÃO Todo resíduo, qualquer que seja sua origem, deve encontrar lugar em ao menos uma das 20 opções de tratamento do Quadro 3. Estas opções visam objetivos de valorização nas seguintes áreas : - Energia ; - Recuperação de matérias primas ; - Ciências dos materiais , - Agricultura ; - Técnicas de Meio Ambiente. As outras opções correspondem às técnicas de eliminação aplicáveis á totalidade de um resíduo ou ainda aos resíduos das opções precedentes de valorização. Nota-se antecipadamente que : a - Sómente o método de atêrro sanitário leva em consideração a totalidade dos resíduos urbanos. As outras opções de tratamento deverão ser consideradas como elementos de uma cadeia de tratamento. b - A incineração é considerada como uma opção de eliminação ou de valorização segundo que exista, ou não, recuperação de energia, sem que haja necessidade de modificação do processo de tratamento. c - O quadro 3 não inclui o principio da separação na fonte, que em teoria, poderia assegurar a valorização da totalidade dos resíduos. d - Certas opções de tratamento necessitam um pré-tratamento (seguidamente mecânico) dos resíduos. Estes pré-tratamentos não aparecem no quadro, assim como os diferentes modos de coleta e transporte. Obs. : Notação para uso da tabela Ene - Valorização Energética M.P. - Valorização em Matérias Primas M. - Valorização em Ciência dos Materiais A. - Valorização em Agricultura e Agro-alimentar T. - Valorização em Tecnicas de Meio Ambiente El. - Técnicas de Eliminação 7 OPÇÕES DE TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS TÉCNICAS No. MATÉRIAS ORGÃNICAS INERTES : VIDROS, METAIS PAPÉIS, PLÁSTICOS E TEXTEIS Ene Incineração 1 Combustíveis Derivados 2 Pírólise 3 Fermentação Anaeróbia 4 MP Matérias Primas Orgãnicas 5 Matérias Primas Minerais 6 M. Ligantes Hidráulicos 7 Vidro, Cerâmica 8 Matérias Plásticas 9 Fibras Celulósicas de Recuper. 10 Outros Materiais 11 A. Condicionador Orgânico 12 Condicionador Mineral 13 Alimentação para Animais 14 T. Técnicas de Meio Ambiente 15 Outras Valorizações 16 El. Incineração 17 Tratamento Físico-Químico 18 Tratamento Biológico 19 Aterro Sanitário 20 8 4. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS DIFERENTES OPÇÕES DE TRATAMENTO 1 - INCINERAÇÃO COM RECUPERAÇÃO DE ENERGIA No Brasil, esta técnica é pouco utilizada. Os incineradores existentes são os de São Paulo e Brasilia (3). A tonelagem de resíduos incinerada se eleva a 161 T/dia. O principio da técnica é : a - os resíduos urbanos são auto-combustíveis a uma temperatura compreendida entre 250 e 600 ºC. É possível incinerar outros resíduos, como os industriais ou os resíduos agrícolas ou ainda os resíduos de segunda geração, como os lodos de estação de tratamento. O comburente é em general o ar, mesmo se o oxigênio puro é as vezes utilizado. b - o forno e seus auxiliares , instalação central de base, representa aproximadamente 25 a 50 % do custo do conjunto. Os fornos são a grelha fixa ou móveis, rotativas ou a efeitos piroliticos. Para os fornos de capacidade superior à 2500 th/h distingue-se : dispositivo de introdução dos resíduos, um suporte de combustão, dispositivo de avanço dos resíduos e de reviramento, câmara de combustão revestida interiormente de refratários, a evacuação dos gases c - A valorização da energia produzida é utilizada no aquecimento urbano + industrias ou aquecimento urbano + eletricidade. O fluído portador do calor é geralmente o vapor d'agua. Na França, a Agência Nacional pela Recuperação e Eliminação dos Resíduos, estima que o preço do do KWh é inferior ao preço do KWh fornecido pelas energias "nobres" (carvão, gaz, óleo,...), para as unidades de capacidade superior à 5 T/h. Dois fatores limitam estes procedimentos : a oscilação do preço das energias nobres e a variabilidade do estoque de resíduos disponiveis. d - A escória representa, em geral, 30 % do pêso e 10 % do volume dos resíduos urbanos. Elas tem uma granulometria que varia de 0 à 30 mm, rica em elementos metálicos e fragmentos de vidro. A escória funde à temperaturas comprendidas entre 1000 e 1100 ºC. Elas contém: de 1 à 5 % de produtos orgânicos não queimados, de 10 à 15 % de metais livres de 80 à 90 % de escórias própriamente ditas. A escória pode ser utilizada em Ciência dos Materiais e técnicas de estradas como camada de fundação. Em Atêrro Sanitário elas podem ser utilizadas como material de fundo, diques ou coberturas. Resíduos Urbanos (a) Incinerador (b) Escórias (d) Água quente, vapor, eletricidade (c) Tratamento de fumaça Poeiras, efluentes,lodo (e) 9 e - As fumaças tem uma temperatura comprendida entre 900 e 1000 ºC. Antes de sair elas devem ter uma temperatura comprendida entre 150 e 300 ºC. Após resfriamento por diferentes técnicas, os componentes são: Nitrogenio 60 à 75 % Anidrido carbonico 6 à 14 % Oxigênio 6 à 14 % Vapor d'agua 5 à 15 % As poeiras ou cinzas podem conter substâncias tóxicas minerais (mercúrio e cádmio) ou orgânicas (já foram já detectadas dioxinas) adsorvidas. Dispositivos regulamentares sobre a presença de cloro (combustão de PVC) obrigam á um tratamento mais complexo. 2 - COMBUSTÍVEIS DERIVADOS A fim de diminuir os problemas apresentados pela utilização dos resíduos brutos como combustível, novas técnicas foram desenvolvidas. O objetivo principal é o de elaborar um combustível mais homogêneo, facilmente acondicionável, estocável, transportável e de melhor qualidade energética. Pré-tratamento Triagem Acondicionamento Numerosos processos são propostos : Combusoc, Combor, OTV, SUAL ... Eles associam a fabricação de um combustivel estocável (20 á 40 % do peso inicial e 60 % do valor energético global dos resíduos urbanos) à produção de condicionadores de solos orgânicos e de diferentes matérias primas : metais, vidros, plásticos, etc ... O futuro destes processos é fortemente ligado à evolução dos preços dos combustíveis. Por outro lado, estes produtos são atrativos sómente para quem tem uma experiência no ramo, sem contar com os problemas relacionados à combustão (corrosão pelo cloro). 3. PIRÓLISE E OUTROS PROCEDIMENTOS TÉRMICOS As frações orgânicas podem ser térmicamente decompostas em atmosfera isenta ou pobre em oxigênio. Segundo a composição dos resíduos , a temperatura e o modo de pirólise dos produtos obtidos podem ser denatureza muito diferentes : resíduos de carbono óleos orgânicos gases Resíduos urbanos brutos Trituração Fração combustível Secagem e Granulação Vidro, metais, cinzas, inertes, etc... Combustível 10 Estes sub-produtos são valorizáveis como matérias primas ou combustíveis. A pirólise, sendo um fênomeno endotérmico, é necessário um suporte energético exterior. Para os resíduos orgânicos algumas experiências foram desenvolvidas, sem grande sucesso aparente (Rio de Janeiro e USA - processo ANDCO-TORRAX). 4. FERMENTAÇÃO ANAEROBIA Em atmosfera deficitária de oxigênio, os micro-organismos anaeróbios digerem as matérias orgânicas (glucidios, lipidios, protideos, celulose, ...) produzindo um gas essencialmente constituido de metano (CH4) e de dióxido de carbono (CO2). Os resíduos urbanos, ricos em matérias orgânicas deste tipo, se prestam ótimamente à esta evolução e podem constituir um potencial de biogas valorizável no plano energético. Distinguem-se duas grandes opções no caso dos resíduos urbanos : a exploração em atêrro sanitários e em reatores. A título de exemplo, apresentamos os seguintes dados : 1 m 3 de biogas (60 % de CH4 e 40 % de CO2) correspondem a 5000 th, ou seja : 0,58 dm 3 de óleo, 2,24 kg de madeira 0,53 m 3 de gas natural Estima-se que 1 T de resíduos urbanos pode produzir de 140 à 280 m3 de biogas. Se ele não é simplesmente queimado, o biogas pode, após depuração, ser injetado num sistema de distribuição ou alimentar grupos electrogenos. Em São Paulo, depois de engarrafado sob pressão, o biogas serve de combustível aos caminhões de coleta da prefeitura. Porém, a experiência parece mostrar que todas estas valorizações são muito delicadas à ter sucesso nos planos técnicos e econômicos. 5. MATÉRIAS PRIMAS ORGÂNICAS Esta opção está sómente no estágio de pesquisas à carater experimental. Nós assinalamos, a titulo de informação, dois exemplos de estudos portando sobre a fração orgânica dos resíduos urbanos, ricos em compostos à base de celulose ou hemicelulose. a- Estes compostos podem fornecer, por hidrólise por exemplo, açucares podendo fazer o objeto de transformações posteriores. b- Foi também estudada a produção dos acidos acético e propionicos por fermentação anaérobia (Universidade Católica de Louvain-Bélgica). A priori, o desenvolvimento industrial destas opções parece ser mais adaptado aos resíduos agro-alimentares. 6. MATÉRIAS PRIMAS MINERAIS METAIS Ferro Ele pode ser recuperado pela coleta seletiva em certos locais (artesões, pequenos industriais, ...) e bairros ou sobre os atêrros sanitários mesmo. Por outro lado, ele pode ser recuperado por triagem magnética ou manual em usinas de reciclagem e compostagem. A presença de estanho é um complicador do problema. Aluminio A embalagem em aluminio (para as bebidas, ou latas, aerosóis, utensilios de cozinha, etc) está em pleno desenvolvimento. A sua reciclagem é muito 11 interessante no plano energético : o aluminio de primeira fusão necessita de 13.000 KWh por tonelada contra 650 KWh para o de segunda fusão. Outros metais Um processo desenvolvido por uma empresa americana (RAYTHEON SERVICE - Massachussets) apresenta para a separação de metais á partir das escórias de incineração, os seguintes resultados : ¦ 1,5 T de Al 100 T de escórias ¦ 1,0 T de Zn - Cu ¦ 30,5 T de metais ferrosos Por mais interessante que eles sejam, estes processos não parecem encontrar sucesso do ponto de vista econômico. 7. MATERIAIS DE ESTRUTURA E LIGANTES HIDRÁULICOS Nós vimos que as escórias de incineração dos resíduos urbanos podem ser utilizadas em técnicas de estradas assim como certos resíduos de vidro e de matérias plásticas podem ser incorporados à outros materiais. 8. VIDRO Nos nossos resíduos, o vidro representa aproximadamente 3 à 6 % em pêso. Existe um interesse energético, tecnológico e ecológico na valorização deste material. As garrafas constituem o essencial deste produto, sob formas variáveis. O modo mais simples de recuperação das garrafas é a consignação. Esta prática não é, entretanto, muito compátivel com as estratégias" econômicas e comerciais" de certos fabricantes destes materiais. A coleta, em função da utilização e segundo as circunstâncias, pode ter diferentes formas : Global o vidro é extraído mecânicamente ou manualmente do resíduo bruto ao mesmo tempo que outros materiais, Seletiva pelo intermédio de uma lixeira suplementar ou por substituição, num dia dado, Container o vidro é depositado nestes receptáculos, que são instalados nas calçadas e em lugares préviamente definidos. A valorização dos vidros pode ter diferentes formas : a) - Vidro quebrado : após moagem e triagem, o produto obtido consome duas vezes menos energia numa nova fusão. Entretanto, certas impurezas são obstáculos contrários à fabricação de garrafas à partir do vidro quebrado : metais, como o chumbo, estanho e aluminio, elementos redutores : papéis, plásticos, madeira, borracha vidros especiais não fundiveis : porcelana, pedras, etc ... A estes problemas se adiciona o da côr. O "branco" não pode, por exemplo, admitir mais de 0,5 % de vidro quebrado verde (de cromo). Em certos países Europeus, a taxa de utilização do vidro moído supera os 25 % (50 a 80 % em alguns casos). 12 b) - Reciclagem das garrafas : atualmente, graças à uma mecanização extremada, pode-se lavar, triar, classificar e controlar as garrafas (35.000 Ton/ano em uma usina francêsa). Este modo de reciclagem pode tambem ser adaptado, de maneira mais artesanal, à situações locais. 9. MATÉRIAS PLÁSTICAS (Polietileno - PE, Policloreto de Vinila - PVC e Poliestireno - PS) Mais que o vidro, as matérias plásticas tem um forte conteúdo energético. Elas são pouco ou não assimiláveis pelo meio natural, indesejáveis nos compostos e geram àcido clorídrico na incineração (PVC). Interessa-se sobretudo aos termoplásticos, que podem ser reutilizados como matéria plástica após moagem e fusão, contráriamente aos termodurssissáveis, bem mais dificeis à valorizar. Encontra- se principalmente nos resíduos urbanos : PVC : garrafas transparentes PE : recipientes opacos, sacos alimentares, etc ... PS : expandido ou não (isopor) A recuperação é orientada geralmente para as garrafas de PVC, apesar de sua fraca densidade (30 à 40 g por garrafa contra aproximadamente 600 g por garrafa de vidro). As outras matérias plásticas sómente são recuperadas através de operações de triagem, de coletas globais ou seletivas nos centros de triagem de materiais. A primeira operação é a de separação das matérias plásticas entre elas e de impurezas (sobretudo os papéis), utilizando seguidamente três caracteristicas próprias : Densidade PE = 0,92 à 0,95 ; PS = 1,05 ; PVC = 1,4. A separação neste caso pode ser feita por flotação ou por triagem balística pneumática (corrente de ar); Propriedades Dielétricas são isolantes elétricos. Pode-se coletá-los pelo intermédio de campos eletrostáticos, após moagem. Propriedades Higroscópicas é utilizada na separação dos papéis, seguidamente em complemento dos processos eletrostáticos. Uma vez separadas, as diferentes matérias plásticas podem conduzir, após fusão e adição de aditivos, à fabricação de canalizações elétricas tubulares e caminhos de cabos elétricos (PVC), etc. PE e PS podem conduzir, após extrusão, à peças moldadas, placas, etc. 10. FIBRAS CELULÓSICAS DE RECUPERAÇÃO (FCR) O consumo de papelão e de papéis em geral (jornal, revistas, domésticos embalagens, computador, etc) é bastante importante. Este gasto importante de papéis sensibilisa muito o público, sobretudo pela necessidade de preservação dos recursos florestais. A taxa de recuperação é medida pela [recuperação interior aparente/consumo geral]. Todo o segrêdo de melhoria da taxa de recuperaçãoestá no dominio da coleta seletiva e do mercado pois, a separação das FCR à partir dos resíduos urbanos brutos se debate contra custos econômicos elevados e uma qualidade insuficiente. É preciso observar também que os "contaminantes" se multiplicam nos papéis : matérias plásticas, cola, aluminio, tintas offset, metais, etc ..., o que não facilita a sua reciclagem. A valorização dos papéis usados está orientada para a fabricação de novos papéis assim como para a fabricação de alcool, e incorporação em outros materiais (painéis isolantes). 12. CONDICIONADORES DE SOLO 13 Os fertilizantes orgânicos desempenham um papel importante na agricultura, sobretudo no que diz respeito à melhoria da estrutura do solo, da capacidade de retenção em àgua, das propriedades drenantes, da aeração, etc. Assim, os resíduos urbanos constituem uma fonte de matéria orgânica muito solicitada. Existem várias opções, tais quais : a. Reutilização (após peneiramento) dos produtos de atêrros sanitários Os materiais extraídos podem ser utilizados na melhoria das condições dos solos. Estes produtos não recebem a denominação de composto. b. Valorização da componente orgânica fluida dos processos de separação de fase. Depois de alguns anos, alguns processos se desenvolvem, principalmente no exterior, consistindo na separação através de fortes pressões, das fases liquidas e sólidas dos resíduos. Esta ultima, pode dar origem a um condicionador por simples fermentação ao ar livre. c. Utilização do sub-produto da digestão em reatores - Os processos de digestão anaeróbia dos resíduos urbanos precedentemente evocados conduzem à um sub-produto utilizável como fertilizante agrícola. d. A Compostagem - A compostagem é, com a incineração e o atêrro sanitário, um dos tres processos de base de eliminação dos resíduos urbanos. Este modo de eliminação será objeto de curso detalhado. e. Lombricompostagem - As minhocas e outros vermes desempenham um papel importante nos ciclos naturais, remoendo os solos, ativando a mineralisação e umidificando os solos. Estes vermes, entretanto, podem ser os hospedeiros intermediários de numerosos microrganismos patogênicos para os animais. Eles podem também acumular substâncias tóxicas. 14. ALIMENTAÇÃO PARA ANIMAIS É sempre possivel, por meio de métodos mecânicos ou manuais, de isolar uma fração comestíel. É o caso, por exemplo, da usina de Roma ou da instalação piloto Revalord (França). Com efeito, é sobretudo a coleta separada dos resíduos que justifica a existência desta opção. 15. TECNICAS DE MEIO AMBIENTE As escórias de incineração dos resíduos urbanos tem propriedades especíicas que,em certas condições de utilização,permitem seu uso em depuração de efluentes poluídos. O efeito térmico, a presença de cal, as propriedades filtrantes e adsorventes permitem uma redução significativa do volume de efluentes e da carga poluente (metais, matérias oxidáveis, côr, odor, ...). TECNICAS DE ELIMINAÇÃO 17 - 18 - 19 Nós não abordaremos a incineração (17), os tratamentos químicos (18) e biológicos (19), que podem ser incluidos em cadeias completas de tratamento, para finalizar a enumeração das opções de tratamento com a técnica de atêrro sanitário. 20. ATERRO SANITÁRIO 14 Os atêrros sanitários, unica técnica de eliminação a receber a totalidade dos resíduos (incineração -25 à 30 %- e compostagem -15 à 30 %- apresemtam certas porcentagens de produtos não eliminados), são objeto depois de alguns anos de numerosos estudos e beneficiam de progressos significativos, o que lhe confere todas as qualidades de uma técnica industrial. Numerosos livros e cadernos técnicos descrevem perfeitamente as prescrições técnicas na matéria : a escolha do local adequado, as regras de instalação em geral e as técnicas de exploração são bem estabelecidas. A proteção das àguas subterrâneas e superficiais é fator preponderante e devem ser controladas periodicamente (piezometros). As àguas de percolação devem ser coletadas, analisadas e tratadas. A gestão do biogas resultante da fermentação deve ser assegurada por dispositivos de drenagem e de coleta (o biogás deve se valorizado ou queimado no atêrro). Tôdas as disposições devem ser tomadas para evitar a poluição sonora (máquinas e transporte), a dispersão pelo vento de papés e plásticos, a proliferação de insetos, roedores e aves. Em fim de exploração, o atêrro deve ser recoberto e ajardinado, de tal maneira que ele possa ser utilizado para outras finalidades (àreas de lazer, esporte, campos,...). Apesar de tôda esta "tecnicidade", é preciso constatar que a implantação de tais instalações incorre em problemas crescentes. Cada um apreciando mais esta técnica quando ela é instalada ao lado do vizinho menos próximo... 5. CONCLUSÃO Este rápido sobrevôo das opções de valorização dos resíduos urbanos não permitiu, talvez, de colocar em evidência a grande diversidade e totalidade dos esforços tecnológicos empregados depois de alguns anos para abordar com sucesso o tratamento deste material tão complexo; economia e psicologia não fazendo sempre um bom casamento com tecnologia e ecologia. Se o "ouro das latas de lixo" é provávelmente um mito, a presença destes "caros" resíduos não acabou ainda de excitar nossa imaginação. Ótimo !!! * * * * * * * * * * * * * * * * * *