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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS (UFT) CAMPUS UNIVERSITÁRIO PALMAS-TO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO. LEO NETTO AIRES ALVES RESENHA CRÍTICA. CAPITULO 2 – A Hermenêutica Jurídica entre o Positivismo e o Pós-Positivismo: considerações gerais. PALMAS-TO 2021 LEO NETTO AIRES ALVES RESENHA CRÍTICA. CAPITULO 2 – A Hermenêutica Jurídica entre o Positivismo e o Pós-Positivismo: considerações gerais. Trabalho apresentado à disciplina de Introdução ao Estudo do Direito, como requisito parcial para obtenção de nota da Turma 2020/2, do curso de graduação em Direito da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Professor Dr: Aloísio Alencar Bolwerk PALMAS-TO 2021 1 RESENHA CRÍTICA Leo Netto Aires Alves.1 REFERÊNCIA: BOLWERK, Aloísio Alencar. A hermenêutica jurídica entre o positivismo e o pós-positivismo: Considerações Gerais. In: HERMENÊUTICA e interpretação do Direito Civil. 1º. ed. [S. l.]: Editora D'Plácido, 2018. cap. 2, p. 19-37. ISBN 9788584257423. DADOS SOBRE O AUTOR Aloísio Alencar Bolwek possui graduação em Direito e estudos pós-graduados em Direito Público. Mestre em Direitos Difusos e Coletivos pela Universidade Metropolitana de Santos e Doutorado em Direito Privado (com distinção magna cum laude) pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Professor Adjunto da Fundação Universidade Federal do Tocantins. Professor Permanente do Programa de Mestrado Profissional em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos da UFT/ESMAT. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Hermenêutica Jurídica, Direito Civil, Direito Constitucional e Direitos Humanos, atuando principalmente nos seguintes temas: métodos hermenêuticos de interpretação do Direito, Hermenêutica e princípios constitucionais, Direitos Humanos e Direitos Fundamentais. Líder do Grupo de Pesquisa Hermenêutica Jurídica registrado no CNPQ. Advogado. DADOS SOBRE A OBRA O livro de duzentos e sessenta e quatro páginas é prefaciado pelo Professor Doutor em Direito, ocupante da 14º cadeira da Academia Mineira de Letras Jurídicas César Augusto de Castro Fiuza. Que diz; O presente trabalho faz análise da hermenêutica jurídica entre o positivismo e pós- positivismo a fim de apresentar como produto o método jurídico axiológico enquanto nova forma de conhecimento científico a ser empregado no Direito Civil. Para sua formulação, foi preciso percorrer o pensamento positivista, que ganhou força pela simplificação que promoveu ao Direito, e também a corrente pós-positivista, alicerçada em interpretações valorativas que terminam por refinar uma hermenêutica 1 Acadêmico do 1º Período de Direito da Universidade Federal do Tocantins (UFT). E-mail: netto.aires@mail.uft.edu.br 2 reflexiva sobre ideias de justiça. O Direito assume roupagem funcional e a proposta de sociedade aberta é incorporada para permear edificação jurídica ajustada à realidade social no que toca às relações privadas. (FIUZA, 2018) SÍNTESE DO CAPITULO 2 – A Hermenêutica Jurídica entre o Positivismo e o Pós- Positivismo: considerações gerais. A eclosão do positivismo emerge no século XIX na França, com o intuito de proteger o cientificismo como fonte do conhecimento verdadeiro, opondo-se a quaisquer objeções metafísicas ou unicamente subjetivas, buscando a verdade do conhecimento por intermédio da sistematização do pensamento, através das análises empíricas e adoção do pensamento lógico dedutivo, na procura das leis gerais a reger os fenômenos observáveis. Crendo na possibilidade de interpretar os processos sociais que pelo pressuposto reducionista é pertencente ao mundo físico e ao alcance da experiência. Isto posto, o autor traz a reflexão o Positivismo Jurídico, que não provém do Positivismo Filosófico, apesar de que já houve uma certa ligação entre os dois termos por alguns positivistas jurídicos que também eram positivistas filosóficos, certo é, que em suas bases os dois se divergem, sendo o primeiro originário da Alemanha, e o segundo da França. Suscitando que o Positivismo Jurídico deriva da locução direito positivo, que atua em contrapartida ao direito natural, e a qualquer doutrina senão o positivo. Afirmando, que é imprescindível o conhecimento das origens do positivismo jurídico, tendo em vista, que é prejudicial esquecer-se da inexorabilidade do contexto histórico que cria as realidades jurídicas, pois, é por intermédio desta análise que o autor considera que se pode identificar o pós-positivismo dada a herança metodológica do positivismo jurídico. A repercussão do positivismo jurídico alude desde o século XIX e ainda hoje toma conta da Teoria do Direito, incorporando-se a corrente dominante no pensamento jurídico do Brasil. Nesta lógica, salientam-se os aspectos jurídico-políticos, que vieram antes do positivismo jurídico, rompendo com as concepções tradicionais ao Direito, que começa ser compreendido como direito advindo de uma autoridade, a partir da construção humana que se concretiza por interposto da edição de texto e logra o grau de legalidade preestabelecida. Concebendo-se por meio do positivismo o Direito como um dado, um objeto unitário, recusando a concepção que o produto é fruto da prática interpretativa e construtivista, paralisando o emergir do Direito Natural, e dos costumes. 3 Destarte, mediante o positivismo o Direito autônomo propulsionou suas forças, opondo- se às concepções de justiça plasmadas pela plasticidade artificial da interpretação dos juristas da época. Opondo-se ao pensamento jurídico clássico romano, ainda influente diante a realização do direito nos casos concretos, afastando-se do compromisso de cumprimento de uma normatividade de um ato de positivação, considerando a juris prudentia elemento basilar. Conseguinte, menciona-se o pensamento jusracionalista da época moderna que aponta os caminhos para o pensamento jurídico. O jusracionalismo quebra com o raciocínio prudencial, vendo o direito sob uma ótica dedutiva alinhavada por uma racionalidade capaz de firmar imperativos, adotando o pensamento antropocêntrico, visto que a verdade se concebe a partir do próprio indivíduo pensante. O Direito então com o advento moderno-iluminista do século XX recebe caráter paradigmático, abdicando-se da filosofia prática, e tornando-se parte da criação humana e prevalentemente positivado nos textos legais, renunciando os apelos religiosos de regulação da vida, e inferindo o contratualismo como justificativa auto reguladora dos direitos e juízos, sendo de suma relevância para grandes sistematizações futuras, como nas codificações em que o Direito pode ser radicado. Isso levou o homem a uma emancipação dos seus interesses e o possibilitou uma ordem comum traduzida na normatividade que deriva na lei positiva do Estado. Neste sentido, o positivismo jurídico ganha forma nesta perspectiva engatinhada pelas sociedades capitalistas, e alicerça-se nas perspectivas racionalistas de justificação do direito. Com suas obras de alto teor cientificista e na inclusão da vontade geral traduzindo a marca da soberania popular presente na legitimidade do poder do Estado. Daí decorre no século XIX na Alemanha o desdobramento interpretativo do pensamento do juspositivismo científico descrito como uma dedução a partir de um sistema capaz de se alimentar e realimentar dos próprios conceitos sem a necessidade de buscar outros fundamentos, valores ou diretrizes, dos quais não integravam o universo jurídico. Em sequência, pela sistematização científica a concepção do sistema jurídico passou a ser fechado, capaz de prever a forma de incidência do Direito sobre o caso concreto a ser decidido, adotando umaprevisibilidade da aplicação correta do Direito positivo. Esperando-se uma postura de cientista do operador da lei, sendo ele responsável pela neutralidade e rigor, sem inferência de seus valores morais ou políticos, na técnica de subsunção da lei ao caso fático. Que pela reiteração da ideia de vontade popular legitimava a legalidade do estado e do discurso jurídico. 4 Em decorrência, surge uma problemática ao formar-se uma aplicação mecânica da lei limitando unicamente o pensamento jurídico ao conhecimento do Direito positivo, pela pretensão desta exacerbada neutralidade que impossibilita e paralisa o plano ideológico. À vista disto, a teoria pós-positivista que não se estabelece unicamente da revisão do positivismo, mas, das diversas correntes anteriores compondo as interpretações e diálogos entre valores, princípios e regras, aprimorando sua hermenêutica com a inclusão das ideias e parâmetros de justiça. No esforço por superar o estrito legalismo, todavia, não desmerecendo o texto na sua validade e legitimidade, levantando os imbróglios centrais do positivismo jurídico, e efetuando um estudo e análise, a fim de levantar uma interpretação, tendo seu eixo de investigação zetético, estabelecendo divisão entre o mundo do “ser” e do ‘‘dever ser’’. O Autor diz que é errôneo enquadrar o pós-positivismo enquanto corrente interpretativa que peca pela abstração e recai muitas vezes no campo metafísico, não sendo uma tentativa de superação do positivismo jurídico, muito menos dedicando-se apenas a mera crítica da insuficiência do mesmo na aceitabilidade de outras fontes como as morais e políticas. Bolwerk (2018), continua sua crítica trazendo à tona outra ponderação pertinente, ao mencionar a capciosa exegese que vê o pós-positivismo como modelo de superação do positivismo jurídico, no decorrer de uma ultrapassagem não fundamentada dos textos de normas, pela interpretação “valorativa” na procura ultrajante por justiça. Com o pós-positivismo surge o propósito questionador da mecanicidade e neutralidade do modelo positivista, por afastar-se da realidade e abrindo mão da dimensão estruturante do Direito, fonte de sua normatividade. Nesta perspectiva, o pós-positivismo propõem redundar uma hermenêutica capaz de reconhecer os nexos causais que aliam o Direito e realidade, sem se opor a validade da norma pela vontade estatal, tendo em seu processo de formação da norma jurídica a aproximação do “ser” e do “dever ser”, assim dizendo, da norma diante de casos concretos. Respeitando-se a positividade do texto que continua sendo parte do Estado de Direito, vista como limite material da atividade jurídica interpretativa. Não obstando-se do tecnicismo positivista e da neutralidade, porém, por juízo de adequação entre a norma jurídica e a facticidade específica. Além disso, o pós-positivismo quando em contexto do Estado Democrático de Direito necessita de um ambiente participativo e comunicativo entre os pilares do Estado de Direito, ou pode recair em um autoritarismo. Esta comunicação é um elemento primordial tornando o pós-positivismo singular ao transferir transparência e se colocar como elemento de justificação racional, legítimo que impulsiona a democracia no processo de elaboração e edificação do sistema jurídico. 5 O Autor deduz que o normativismo impulsionado pelo pós-positivismo, leva em consideração a experiência jurídica, levando em conta a historicidade dos impasses reverberantes nas questões sociais e políticas, necessárias para efetividade das prescrições jurídicas com efetividade. Mediante o dito, o mesmo infere uma pergunta. Como filtrar e refinar as informações reais que podem ser utilizadas para fins de composição da norma jurídica? Explicando o autor faz menção a Friedrich Müller (2000), que desenvolve o conceito de “concretização” uma técnica de objetivação e disciplina de seleção das fontes, adotando uma metodologia indutiva, valorizando a interdependência entre norma e realidade no processo de elaboração. Orientando o pensamento jurídico pelos dados da incidência social, sem o afastamento da normatividade na composição do arcabouço jurídico, que após o juízo interpretativo, subjuga-se o juízo de adequação, para eficácia do texto com a realidade fática. Por fim, enfatiza que o capítulo em voga apresenta uma abordagem geral sobre a mudança da hermenêutica jurídica dentro das correntes do positivismo e do pós-positivismo, abordando-as como pensamento jurídicos que se propuseram a cuidar do tratamento da norma, em equivalência a hermenêutica adotada por cada vertente, não seguindo a linha antipositivista, todavia, a pós-positivista, ressaltando o valor e contribuição do positivismo no processo histórico, político, jurídico, e principalmente social. Não adotando a ideia de superação do positivismo pelo pós-positivismo, entendendo esta ideia como falaciosa ou efeito placebo, reiterando o legado do positivismo. POSICIONAMENTO CRÍTICO O capítulo analisado elucida de forma bem abrangente as concepções acerca do positivismo e do pós-positivismo, portando o acatamento de autores indubitavelmente doutos sobre o tema, tais como Noberto Bobbio, Franz Wieacker, Dimitri Dimoulis, António Manuel Hespanha, entre outros, elucidando considerações de supra relevância no tocante a hermenêutica jurídica, utilizando-se de conceitos estritamente densos e metódicos. Clarificando as concepções e expondo críticas acerca do positivismo e pós-positivismo e evidenciando as problemáticas presentes em ambos os métodos de pensamento, que finaliza com uma resolução para o imbróglio, todavia, ilustrando a inegável contribuição das correntes de caráter complementar. 6 A partir da página 34, é possível observar as considerações finais do autor, dando as suas principais contribuições acerca dos assuntos abordados, reverberando os tênues equívocos do positivismo e do pós-positivismo, trazendo a tona que para dirimir estes conflitos é necessária uma interpretação coesa das normas mediante juízo de adequação, no intuito que o texto possa ser compreendido coerentemente, após ressaltar as peculiaridades e eficácias das duas correntes, declarando o seguimento da linha pós-positivista, e reitera que uma linha não supera a outra. O autor tem um indiscutível talento em seguir uma linguagem ordinária dos operadores do Direito, que por certas vezes pode dificultar a interpretação dos que ainda não a possui (no caso eu), porém, levo em consideração o público a que se destina a obra, e compreendo a tecnicidade, ademais, sugiro que nas próximas edições adicione notas de rodapé nos termos de língua estrangeira e com alta carga subjetiva. Salvo as críticas, sem sombra de dúvidas, a completude do capítulo é axiomático e indico a leitura para todos os alunos do 1º período do curso de Direito, haja vista, que por mais difícil que tenha sido compreender alguns termos, necessariamente a leitura deste capitulo me concedeu a perfeita compreensão do positivismo e do pós-positivismo, desde suas raízes históricas até a contemporaneidade.
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