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AULA_2_-_SOBRE_COMUNICAÇÃO_JURÍDICA_2016-2

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Uma língua não é falada do mesmo modo por todos os seus falantes. 
Ao contrário a língua varia conforme varie a classe social do falante, o 
local onde ele nasceu ou reside, a situação em que ele deve falar ou 
escrever. 
 
 
VARIANTES LINGUÍSTICAS 
 
 Modalidade escrita e falada. Em contato 
direto com o falante, a língua falada é 
mais espontânea, mais viva, mais 
concreta, menos preocupada com a 
gramática. Conta com vocabulário mais 
limitado, embora em permanente 
renovação 
EIXOS DETERMINANTES DE UMA VARIANTE LINGUÍSTICA 
 
VARIANTES SOCIAIS – DETERMINAM DUAS NORMAS BÁSICAS: 
 
 1- CULTA: transmitida pela tradição escolar; 
2 – POPULAR: utilizada por pessoas com 
grau relativamente baixo de 
escolaridade. 
 
A LINGUAGEM CULTA 
 O vocabulário é selecionado e adequado; dir-se-ia, até, ritualizado ou 
mesmo burocratizado e, por isso, menos variado. Se escolhessem as 
“dez mais” usadas pelos juristas, por certo, figurariam na lista: 
OUTROSSIM, ESTRIBAR, 
 MILITAR (verbo), SUPEDÂNEO,INCONTINENTI, DESSARTE, 
DESTARTE, TUTELA, ARGUIR, ACOIMAR. 
 
 
 
 
 
Qual a forma mais 
correta? 
Não existe forma mais correta, existe 
sim a forma mais adequada de se 
expressar de acordo com a situação. 
Dessa forma, a pessoa que fala bem 
é aquela que consegue estabelecer 
a forma mais adequada de se 
expressar de acordo com a situação, 
conseguindo o máximo de eficiência 
da língua. 
Aspectos gerais da comunicação 
 Desde os primórdios, o homem sempre quis se comunicar, a fim de 
compartilhar seus pensamentos, ideias e experiências de mundo. 
 A aquisição da capacidade de transmitir uma determinada mensagem e ser 
 compreendido pelo seu interlocutor tornou-se uma espécie de busca 
incansável do indivíduo através dos tempos e, por esse motivo, o homem 
está sempre desenvolvendo novas formas de comunicação. 
 Há vários meios eficazes para a veiculação de uma mensagem, no entanto, 
sem dúvida alguma, a linguagem humana se sobrepõe a qualquer outro 
meio de comunicação. Entende-se por comunicação o ato de tornar algum 
acontecimento comum a outras pessoas. 
CONTEXTUALIZANDO... 
COMUNICAÇÃO É a forma como as pessoas se relacionam 
entre si, dividindo e trocando experiências, ideias, 
sentimentos, informações, modificando mutuamente a 
sociedade onde estão inseridas. Sem a comunicação, cada um de 
nós seria um mundo isolado. 
 
 
Comunicar é tornar comum, podendo ser um ato de mão única, 
como TRANSMITIR (um emissor transmite uma informação a um 
receptor), ou de mão dupla, como COMPARTILHAR (emissores e 
receptores constroem o saber, a informação, e a transmitem). 
Comunicação é a representação de uma realidade. 
 Serve para partilhar emoção, sentimento, informação. 
A COMUNICAÇÃO E SEUS ELEMENTOS NO PROCESSO DA 
LINGUAGEM E DA ESCRITA 
 O entendimento 
 E NO DIREITO? 
 Nesta prática social é que se assentam 
sua raízes: conjunto de normas 
reguladoras da vida social. 
 
 
QUAL É O OBJETIVO DA COMUNICAÇÃO? 
 
 
 COMUNICAÇÃO JURÍDICA 
 
 
 O QUE É? 
 
 
 COMO ACONTECE? 
 O ato comunicativo jurídico ocorre quando 
há cooperação entre os interlocutores. O 
emissor da mensagem tem o pensamento 
e busca a expressão verbal para 
expressá-lo (direção onomasiológica); o 
receptor, por sua vez, possui a expressão 
verbal e busca o pensamento, objetivando 
a compreensão da mensagem (direção 
semasiológica). 
COMUNICAÇÃO JURÍDICA 
 Roman Jakobson, em seu texto “Linguística e comunicação”, oferece um 
esquema que ajuda a compreender com facilidade o que envolve o ato de 
comunicação. 
 
Contexto - o assunto que envolve remetente e destinatário e o contexto linguístico 
que envolve a mensagem. 
 Mensagem - a informação que se pretende transmitir. 
 REMETENTE ---------------------------------------- DESTINATÁRIO 
 quem transmite a quem a mensagem se dirige 
 a mensagem 
 
 código – conjunto de elementos e regras que permitem a compreensão da 
mensagem.. 
 CANAL 
 Esse esquema básico reúne todos os elementos necessários para que a 
comunicação transcorra perfeitamente. A falta ou deficiência de um deles pode 
levar ao comprometimento da comunicação. 
 
 
 destinatário – O remetente inicia a comunicação com a intenção de 
estabelecer contato com alguma ou com algumas pessoas. 
 
 No processo judicial, embora a lide seja travada com a parte 
contrária, o destinatário direto desse ato de comunicação é a 
autoridade judiciária a quem devemos encaminhar a peça jurídica a 
ser elaborada. 
 
 Essa questão é crucial para a identificação do endereçamento 
correto e é a parte do texto pela qual começamos a redigir as peças 
jurídicas. 
 
 Nas peças processuais é importante não esquecer que o nome 
das partes aparece apenas no preâmbulo; ao longo da petição, 
devem ser substituídos por nomes jurídicos, de acordo com o 
determinado pela legislação. 
 
 Em uma ação cível, aquele que propõe a ação é, em regra, 
nomeado como REQUERENTE e aquele que sofre os efeitos da 
demanda chamamos de REQUERIDO; em reclamações 
trabalhistas, ao autor chamamos RECLAMANTE e ao réu 
RECLAMADO; em ações penais, conforme o caso, 
QUERELANTE/QUERELADO, DENUNCIADO, RÉU, ACUSADO. 
 
 
 VERBAL 
 
 E 
 
 NÃO-VERBAL 
 
A COMUNICAÇÃO JURÍDICA PODE SER: 
 
 A COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DA LINGUAGEM ESCRITA: 
TEXTO 
 
É O PRODUTO DE UM PROCESSO 
COMUNICATIVO QUE APRESENTA 
UMA UNIDADE DE SENTIDO. 
 
 Vejamos cada um deles: 
 
 a) remetente – REQUERENTE se não houver o remetente, ou seja, aquele que 
dá o impulso inicial ao ato de comunicar-se, a comunicação não se inicia. 
 
 Via de regra, nos processos judiciais, o juiz aguarda a manifestação das 
partes, para só então pronunciar-se a respeito. Se a pessoa interessada não 
leva o fato ao conhecimento do juiz, nada ocorre no judiciário, nos termos do 
art. 2º do CPC: 
 Art. 2º. Nenhum juiz prestará tutela jurisdicional senão quando a parte ou o 
interessado a requerer, nos casos e formas legais. 
 Se, conforme dito anteriormente, comunicamo-nos com uma intenção, 
esta intenção textual é sempre voltada a alguém, sendo certo que desde 
Aristóteles, sabemos que o foco do destinador deve sempre ser seu destinatário, 
as preferências e expectativas com que este toma contato com o texto, tornando-
se a figura central da retórica jurídica. 
 
 
COMO SÃO EMPREGADOS NA COMUNICAÇÃO 
JURÍDICA 
 A petição inicial; os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio 
e residência do autor e do réu; o fato e os fundamentos jurídicos do 
pedido; o pedido com suas especificações; o valor da causa; as provas 
com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados e, 
por último, o requerimento para a citação do réu. 
Interessa à teoria da comunicação jurídica apenas estes requisitos: o 
juiz ou o tribunal, o autor, o réu, o fato e os fundamentos jurídicos do 
pedido e o pedido 
 O juiz (primeira instância) ou tribunal (segunda instância) são os 
primeiros receptores da petição inicial. 
O Juiz de Direito recebe a petição inicial e toma conhecimento de seu 
conteúdo. Depois determina a citação do réu para que ele também 
saiba o teor da petição inicial. Assim, o réu defender-se-á das 
acusações que lhe pesam. Quando o réu for citado, ele passará a ser o 
receptor da mensagem jurídica. 
O fato e os fundamentos jurídicos do pedido constituem a mensagem 
veiculada pelo emissor ao receptor. 
Trata-se de uma mensagem jurídica redigida em linguagem forense, 
inteiramente técnica. Por isso, o código utilizado para transmitir a 
comunicação jurídica recebe o nome de Português Jurídico. 
 Saliente-se que na comunicação jurídica o fato e os fundamentos jurídicos resultam 
no pedido formulado 
pelo autor na petição inicial. Ele deve ter em mira a proteção jurisdicionale, para tanto, 
formula sua pretensão, 
submetendo-a ao crivo do Poder Judiciário, representado na pessoa do Juiz de Direito, 
a fim de que o pedido seja 
julgado procedente. Conclui-se deste raciocínio que o referente não só contextualiza 
os acontecimentos ocorridos 
no mundo jurídico que justificam a elaboração da petição inicial, como fundamenta o 
pedido formulado pelo 
autor. 
Os elementos da teoria da comunicação presentes na petição inicial podem ser , 
assim, classificados: 
a) emissor: é autor da petição inicial; 
b) receptor: em um primeiro momento, é o Juiz de Direito, depois, o réu; 
c) mensagem: é a veiculação do fato e dos fundamentos jurídicos do pedido; 
d) canal: é a folha de papel onde se redige a petição inicial 
e) código: é o Português Jurídico ou a linguagem forense utilizada na produção do 
texto jurídico da petição inicial; 
f) referente: é o contexto que justifica a elaboração da petição inicial e fundamenta o 
pedido que deve ser claro e objetivo. 
 No ambiente judicial, é o processo fisicamente 
constituído o canal de comunicação entre remetente e 
destinatário. 
 código – 
 Para que a comunicação se estabeleça é fundamental 
que as partes envolvidas compartilhem o mesmo código. 
Em se tratando de redação forense, é fundamental a 
utilização de norma culta e linguagem técnica. 
 
 Em uma ação cível, aquele que propõe a ação é, em regra, 
nomeado como REQUERENTE e aquele que sofre os efeitos da 
demanda chamamos de REQUERIDO; em reclamações 
trabalhistas, ao autor chamamos RECLAMANTE e ao réu 
RECLAMADO; em ações penais, conforme o caso, 
QUERELANTE/QUERELADO, DENUNCIADO, RÉU, ACUSADO. 
 
 
 Não podemos esquecer que, nos termos do art. 156 do CPC, “em 
todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo”. Além 
disso, de acordo com o art. 13 da CF/88, “A língua portuguesa é o idioma 
oficial da República Federativa do Brasil”. 
 
 Portanto, tome cuidado com excessivos e visíveis erros de português. 
 Com efeito, a língua portuguesa é muito complexa e repleta de exceções à 
regra, no entanto, nada justifica erros de sintaxe que comprometem a 
própria estrutura textual, tais como erros de concordância, de regência 
verbal e de pontuação. 
 
 A expressão ruído está sempre 
interligada a barulho, zoada, sons 
incômodos que, de algum modo 
atrapalham em alguma atividade, seja 
lazer, trabalho ou diálogo, dificultando a 
realização ou conclusão de alguma tarefa 
visto que interrompe o clima de 
estabilidade em que se encontrava. 
 
RUÍDOS 
 
 Na comunicação ruídos significam 
“obstáculos à comunicação mais 
propriamente à eficácia da comunicação” 
(CALDAS, 2010), entendendo-se por 
ruídos “qualquer fonte de erro, distúrbio ou 
deformação da fidelidade na comunicação 
de uma mensagem, seja ela sonora, seja 
visual, seja escrita” (CARVALHO[3], 
2013). 
 No discurso religioso, cujas linhas diretrizes eram o mementi mori 
(morte/juízo,inferno/paraíso). 
 
 
 
ONDE MAIS O DISCURSO PERSUASÓRIO COERCITIVO SE FEZ 
PRESENTE? 
 
 Vertente autoritária 
 Típica dos textos jurídicos, basta atentar-se para o 
 Código Penal e para expressões como: 
 intime-se, 
 afixe-se e cumpra-se, revoguem-se as disposições em 
 contrário, arquive-se, conduzir sob vara 
 militari, justiça imperante. 
 “Além de comum a lei é, por igual, obrigatória. Ela 
ordena 
 “O ato comunicativo jurídico não se faz, pois, apenas como linguagem 
enquanto língua (conjunto de probabilidades linguísticas postas à 
disposição do usuário), mas também, e essencialmente, como discurso, 
assim entendido o pensamento organizado à luz das operações do 
raciocínio, muitas vezes como estruturas preestabelecidas, as peças 
processuais.” 
 “A linguagem técnica é produzida sobretudo com a função referencial da 
linguagem, centrada no contexto ou no referente. Na linguagem jurídica, as 
afirmações reivindicativas de direitos devem vir acompanhadas sempre das 
causas que lhes deram origem. Não é adequado, pois, reclamar, por 
exemplo, por uma indenização se o autor da ação não indica os fatos que 
deram origem a um suposto prejuízo. A correção gramatical, no caso das 
peças forenses, não é suficiente: conhecer a lei que foi infringida, bem 
como as variadas modalidades de documentos que permitem o acesso à 
Justiça, são outros requisitos relevantes.Fundamental é lembrar que toda e 
qualquer forma de comunicação se apoia no binômio emissor-receptor; não 
há comunicação unilateral. A comunicação é, basicamente, um ato de 
partilha, o que implica, no mínimo, bilateralidade.” 
DISCORRA ACERCA DAS INFORMAÇÕES 
 “O jargão serve como um dos sinais distintivos da linguagem, mas utilizar algumas 
expressões em repetição, que não mais são que forma de revelar-se como membro 
de uma classe, a dos operadores do Direito, no caso, não é sinal de boa expressão, 
de bom texto, de construção clara. Ao contrário, revela-se como pobreza de estilo, 
como falta de conhecimento ou de segurança para a utilização de outros termos de 
nossa língua que não somente se expressam com o mesmo valor, como também 
utilizam uma linguagem mais corrente que permitem troca por outros termos, 
sinônimos, que acabam por organizar uma construção textual, no mínimo, de 
leitura mais fluente. Ao redigir, então, o autor deve distinguir o que é termo técnico, 
insubstituível e com carga semântica determinada, daquilo que é propriamente 
jargão. Não se afirma que o jargão não se possa utilizar nunca, pois ele, como 
qualquer outro termo, também é parte do universo de linguagem que o autor tem à 
sua disposição. Entretanto, ao contrário do termo técnico, a gíria profissional não 
deve ser repetida várias vezes em um texto, pois o leitor sabe que o jargão pode 
ser trocado por outras palavras de valor semelhante, do uso corrente da língua, ao 
contrário do termo técnico, cuja repetição se admite, em tese, por lhe faltarem 
sinônimos com a mesma carga de significado” (RODRIGUES, V. G. O. Manual de 
redação forense. 1. ed. Campinas: Jurídica Mizuno, 2000). 
 jargão s.m. - código linguístico próprio de um grupo sociocultural ou profissional 
com vocabulário especial, difícil de compreender ou incompreensível para os não-
iniciados. Ex.: “Impende aludir ao venerando argumentos suso mencionado...” 
comentar v.t.d. - explicar, analisar, falar sobre.

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