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Uma língua não é falada do mesmo modo por todos os seus falantes. Ao contrário a língua varia conforme varie a classe social do falante, o local onde ele nasceu ou reside, a situação em que ele deve falar ou escrever. VARIANTES LINGUÍSTICAS Modalidade escrita e falada. Em contato direto com o falante, a língua falada é mais espontânea, mais viva, mais concreta, menos preocupada com a gramática. Conta com vocabulário mais limitado, embora em permanente renovação EIXOS DETERMINANTES DE UMA VARIANTE LINGUÍSTICA VARIANTES SOCIAIS – DETERMINAM DUAS NORMAS BÁSICAS: 1- CULTA: transmitida pela tradição escolar; 2 – POPULAR: utilizada por pessoas com grau relativamente baixo de escolaridade. A LINGUAGEM CULTA O vocabulário é selecionado e adequado; dir-se-ia, até, ritualizado ou mesmo burocratizado e, por isso, menos variado. Se escolhessem as “dez mais” usadas pelos juristas, por certo, figurariam na lista: OUTROSSIM, ESTRIBAR, MILITAR (verbo), SUPEDÂNEO,INCONTINENTI, DESSARTE, DESTARTE, TUTELA, ARGUIR, ACOIMAR. Qual a forma mais correta? Não existe forma mais correta, existe sim a forma mais adequada de se expressar de acordo com a situação. Dessa forma, a pessoa que fala bem é aquela que consegue estabelecer a forma mais adequada de se expressar de acordo com a situação, conseguindo o máximo de eficiência da língua. Aspectos gerais da comunicação Desde os primórdios, o homem sempre quis se comunicar, a fim de compartilhar seus pensamentos, ideias e experiências de mundo. A aquisição da capacidade de transmitir uma determinada mensagem e ser compreendido pelo seu interlocutor tornou-se uma espécie de busca incansável do indivíduo através dos tempos e, por esse motivo, o homem está sempre desenvolvendo novas formas de comunicação. Há vários meios eficazes para a veiculação de uma mensagem, no entanto, sem dúvida alguma, a linguagem humana se sobrepõe a qualquer outro meio de comunicação. Entende-se por comunicação o ato de tornar algum acontecimento comum a outras pessoas. CONTEXTUALIZANDO... COMUNICAÇÃO É a forma como as pessoas se relacionam entre si, dividindo e trocando experiências, ideias, sentimentos, informações, modificando mutuamente a sociedade onde estão inseridas. Sem a comunicação, cada um de nós seria um mundo isolado. Comunicar é tornar comum, podendo ser um ato de mão única, como TRANSMITIR (um emissor transmite uma informação a um receptor), ou de mão dupla, como COMPARTILHAR (emissores e receptores constroem o saber, a informação, e a transmitem). Comunicação é a representação de uma realidade. Serve para partilhar emoção, sentimento, informação. A COMUNICAÇÃO E SEUS ELEMENTOS NO PROCESSO DA LINGUAGEM E DA ESCRITA O entendimento E NO DIREITO? Nesta prática social é que se assentam sua raízes: conjunto de normas reguladoras da vida social. QUAL É O OBJETIVO DA COMUNICAÇÃO? COMUNICAÇÃO JURÍDICA O QUE É? COMO ACONTECE? O ato comunicativo jurídico ocorre quando há cooperação entre os interlocutores. O emissor da mensagem tem o pensamento e busca a expressão verbal para expressá-lo (direção onomasiológica); o receptor, por sua vez, possui a expressão verbal e busca o pensamento, objetivando a compreensão da mensagem (direção semasiológica). COMUNICAÇÃO JURÍDICA Roman Jakobson, em seu texto “Linguística e comunicação”, oferece um esquema que ajuda a compreender com facilidade o que envolve o ato de comunicação. Contexto - o assunto que envolve remetente e destinatário e o contexto linguístico que envolve a mensagem. Mensagem - a informação que se pretende transmitir. REMETENTE ---------------------------------------- DESTINATÁRIO quem transmite a quem a mensagem se dirige a mensagem código – conjunto de elementos e regras que permitem a compreensão da mensagem.. CANAL Esse esquema básico reúne todos os elementos necessários para que a comunicação transcorra perfeitamente. A falta ou deficiência de um deles pode levar ao comprometimento da comunicação. destinatário – O remetente inicia a comunicação com a intenção de estabelecer contato com alguma ou com algumas pessoas. No processo judicial, embora a lide seja travada com a parte contrária, o destinatário direto desse ato de comunicação é a autoridade judiciária a quem devemos encaminhar a peça jurídica a ser elaborada. Essa questão é crucial para a identificação do endereçamento correto e é a parte do texto pela qual começamos a redigir as peças jurídicas. Nas peças processuais é importante não esquecer que o nome das partes aparece apenas no preâmbulo; ao longo da petição, devem ser substituídos por nomes jurídicos, de acordo com o determinado pela legislação. Em uma ação cível, aquele que propõe a ação é, em regra, nomeado como REQUERENTE e aquele que sofre os efeitos da demanda chamamos de REQUERIDO; em reclamações trabalhistas, ao autor chamamos RECLAMANTE e ao réu RECLAMADO; em ações penais, conforme o caso, QUERELANTE/QUERELADO, DENUNCIADO, RÉU, ACUSADO. VERBAL E NÃO-VERBAL A COMUNICAÇÃO JURÍDICA PODE SER: A COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DA LINGUAGEM ESCRITA: TEXTO É O PRODUTO DE UM PROCESSO COMUNICATIVO QUE APRESENTA UMA UNIDADE DE SENTIDO. Vejamos cada um deles: a) remetente – REQUERENTE se não houver o remetente, ou seja, aquele que dá o impulso inicial ao ato de comunicar-se, a comunicação não se inicia. Via de regra, nos processos judiciais, o juiz aguarda a manifestação das partes, para só então pronunciar-se a respeito. Se a pessoa interessada não leva o fato ao conhecimento do juiz, nada ocorre no judiciário, nos termos do art. 2º do CPC: Art. 2º. Nenhum juiz prestará tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e formas legais. Se, conforme dito anteriormente, comunicamo-nos com uma intenção, esta intenção textual é sempre voltada a alguém, sendo certo que desde Aristóteles, sabemos que o foco do destinador deve sempre ser seu destinatário, as preferências e expectativas com que este toma contato com o texto, tornando- se a figura central da retórica jurídica. COMO SÃO EMPREGADOS NA COMUNICAÇÃO JURÍDICA A petição inicial; os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; o pedido com suas especificações; o valor da causa; as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados e, por último, o requerimento para a citação do réu. Interessa à teoria da comunicação jurídica apenas estes requisitos: o juiz ou o tribunal, o autor, o réu, o fato e os fundamentos jurídicos do pedido e o pedido O juiz (primeira instância) ou tribunal (segunda instância) são os primeiros receptores da petição inicial. O Juiz de Direito recebe a petição inicial e toma conhecimento de seu conteúdo. Depois determina a citação do réu para que ele também saiba o teor da petição inicial. Assim, o réu defender-se-á das acusações que lhe pesam. Quando o réu for citado, ele passará a ser o receptor da mensagem jurídica. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido constituem a mensagem veiculada pelo emissor ao receptor. Trata-se de uma mensagem jurídica redigida em linguagem forense, inteiramente técnica. Por isso, o código utilizado para transmitir a comunicação jurídica recebe o nome de Português Jurídico. Saliente-se que na comunicação jurídica o fato e os fundamentos jurídicos resultam no pedido formulado pelo autor na petição inicial. Ele deve ter em mira a proteção jurisdicionale, para tanto, formula sua pretensão, submetendo-a ao crivo do Poder Judiciário, representado na pessoa do Juiz de Direito, a fim de que o pedido seja julgado procedente. Conclui-se deste raciocínio que o referente não só contextualiza os acontecimentos ocorridos no mundo jurídico que justificam a elaboração da petição inicial, como fundamenta o pedido formulado pelo autor. Os elementos da teoria da comunicação presentes na petição inicial podem ser , assim, classificados: a) emissor: é autor da petição inicial; b) receptor: em um primeiro momento, é o Juiz de Direito, depois, o réu; c) mensagem: é a veiculação do fato e dos fundamentos jurídicos do pedido; d) canal: é a folha de papel onde se redige a petição inicial e) código: é o Português Jurídico ou a linguagem forense utilizada na produção do texto jurídico da petição inicial; f) referente: é o contexto que justifica a elaboração da petição inicial e fundamenta o pedido que deve ser claro e objetivo. No ambiente judicial, é o processo fisicamente constituído o canal de comunicação entre remetente e destinatário. código – Para que a comunicação se estabeleça é fundamental que as partes envolvidas compartilhem o mesmo código. Em se tratando de redação forense, é fundamental a utilização de norma culta e linguagem técnica. Em uma ação cível, aquele que propõe a ação é, em regra, nomeado como REQUERENTE e aquele que sofre os efeitos da demanda chamamos de REQUERIDO; em reclamações trabalhistas, ao autor chamamos RECLAMANTE e ao réu RECLAMADO; em ações penais, conforme o caso, QUERELANTE/QUERELADO, DENUNCIADO, RÉU, ACUSADO. Não podemos esquecer que, nos termos do art. 156 do CPC, “em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo”. Além disso, de acordo com o art. 13 da CF/88, “A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil”. Portanto, tome cuidado com excessivos e visíveis erros de português. Com efeito, a língua portuguesa é muito complexa e repleta de exceções à regra, no entanto, nada justifica erros de sintaxe que comprometem a própria estrutura textual, tais como erros de concordância, de regência verbal e de pontuação. A expressão ruído está sempre interligada a barulho, zoada, sons incômodos que, de algum modo atrapalham em alguma atividade, seja lazer, trabalho ou diálogo, dificultando a realização ou conclusão de alguma tarefa visto que interrompe o clima de estabilidade em que se encontrava. RUÍDOS Na comunicação ruídos significam “obstáculos à comunicação mais propriamente à eficácia da comunicação” (CALDAS, 2010), entendendo-se por ruídos “qualquer fonte de erro, distúrbio ou deformação da fidelidade na comunicação de uma mensagem, seja ela sonora, seja visual, seja escrita” (CARVALHO[3], 2013). No discurso religioso, cujas linhas diretrizes eram o mementi mori (morte/juízo,inferno/paraíso). ONDE MAIS O DISCURSO PERSUASÓRIO COERCITIVO SE FEZ PRESENTE? Vertente autoritária Típica dos textos jurídicos, basta atentar-se para o Código Penal e para expressões como: intime-se, afixe-se e cumpra-se, revoguem-se as disposições em contrário, arquive-se, conduzir sob vara militari, justiça imperante. “Além de comum a lei é, por igual, obrigatória. Ela ordena “O ato comunicativo jurídico não se faz, pois, apenas como linguagem enquanto língua (conjunto de probabilidades linguísticas postas à disposição do usuário), mas também, e essencialmente, como discurso, assim entendido o pensamento organizado à luz das operações do raciocínio, muitas vezes como estruturas preestabelecidas, as peças processuais.” “A linguagem técnica é produzida sobretudo com a função referencial da linguagem, centrada no contexto ou no referente. Na linguagem jurídica, as afirmações reivindicativas de direitos devem vir acompanhadas sempre das causas que lhes deram origem. Não é adequado, pois, reclamar, por exemplo, por uma indenização se o autor da ação não indica os fatos que deram origem a um suposto prejuízo. A correção gramatical, no caso das peças forenses, não é suficiente: conhecer a lei que foi infringida, bem como as variadas modalidades de documentos que permitem o acesso à Justiça, são outros requisitos relevantes.Fundamental é lembrar que toda e qualquer forma de comunicação se apoia no binômio emissor-receptor; não há comunicação unilateral. A comunicação é, basicamente, um ato de partilha, o que implica, no mínimo, bilateralidade.” DISCORRA ACERCA DAS INFORMAÇÕES “O jargão serve como um dos sinais distintivos da linguagem, mas utilizar algumas expressões em repetição, que não mais são que forma de revelar-se como membro de uma classe, a dos operadores do Direito, no caso, não é sinal de boa expressão, de bom texto, de construção clara. Ao contrário, revela-se como pobreza de estilo, como falta de conhecimento ou de segurança para a utilização de outros termos de nossa língua que não somente se expressam com o mesmo valor, como também utilizam uma linguagem mais corrente que permitem troca por outros termos, sinônimos, que acabam por organizar uma construção textual, no mínimo, de leitura mais fluente. Ao redigir, então, o autor deve distinguir o que é termo técnico, insubstituível e com carga semântica determinada, daquilo que é propriamente jargão. Não se afirma que o jargão não se possa utilizar nunca, pois ele, como qualquer outro termo, também é parte do universo de linguagem que o autor tem à sua disposição. Entretanto, ao contrário do termo técnico, a gíria profissional não deve ser repetida várias vezes em um texto, pois o leitor sabe que o jargão pode ser trocado por outras palavras de valor semelhante, do uso corrente da língua, ao contrário do termo técnico, cuja repetição se admite, em tese, por lhe faltarem sinônimos com a mesma carga de significado” (RODRIGUES, V. G. O. Manual de redação forense. 1. ed. Campinas: Jurídica Mizuno, 2000). jargão s.m. - código linguístico próprio de um grupo sociocultural ou profissional com vocabulário especial, difícil de compreender ou incompreensível para os não- iniciados. Ex.: “Impende aludir ao venerando argumentos suso mencionado...” comentar v.t.d. - explicar, analisar, falar sobre.
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