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CIPROFLOXACINO Introdução O ciprofloxacino é um potente antibiótico da classe das fluorquinolonas que possui um amplo espectro de atividade contra vários microrganismos patogênicos que podem incapacitar ou matar seres humanos e animais. É um antibiótico de primeira escolha na terapia de infecções urinárias complicadas e de diarréias bacterianas. É também um agente alternativo para o tratamento de várias infecções sexualmente transmissíveis. O Ciprofloxacino manteve o amplo espectro de ação antimicrobiana em bacilos gram negativos, entretanto, a atividade consistente em Pseudomonas aeruginosa é o que marca a sua atividade neste grupo de microrganismos. Outro aspecto notório de seu espectro de ação se dá na ampliação de atividade em cocos gram positivos. As fluoroquinolonas atualmente correspondem a uma das classes de antibióticos mais prescritos no mundo, respondendo por um quinto de todos os antimicrobianos vendidos na década passada. O Ciprofloxacino é um medicamento que pode ser obtido gratuitamente no Brasil, pelo SUS, pois consta na Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais (comprimido). Histórico Ciprofloxacina, desenvolvida pela Bayer (Cipro®) foi aprovada em 1987, pela “Food and Drug Administration” (FDA-EUA), como um antibiótico oral, sendo a formulação intravenosa aprovada em 1991. Mesmo após tantos anos de uso nos Estados Unidos, este fármaco tem se mantido eficaz contra um amplo número de infecções bacterianas. A origem das fluorquinolonas está intrinsecamente relacionada com a das quinolonas. O ácido nalidíxico, um derivado sintético produzido a partir do processamento da Cloroquina, foi a primeira quinolona a apresentar atividade antibacteriana. No entanto, o grande avanço da quimioterapia antibacteriana das fluorquinolonas ocorreu no final da década de 1970, quando a introdução de um átomo de flúor conferiu um amplo e potente espectro de atividade antimicrobiano, obtendo-se, assim, a norfloxacina, patenteada em 1978, sendo a primeira fluorquinolona a apresentar potente atividade bacteriana. Atualmente, a ciprofloxacina é o principal representante da classe. Apresentações Oftálmico: solução de 3mg/mL; pomada de 3,3 mg/g Oral: Comprimidos revestidos de 250, 500, 700 mg Comprimidos de liberação expandida de 500 mg e 1 g; suspensão com 50 e 100 mg/mL Parenteral: 2mg/mL para infusão IV Preço ● Caixa com 7 e 6 comprimidos revestidos, 500 mg Genérico - Medley Farmácia 1: R$18,99 Farmácia 2: R$ 22,88 Referência - Bayer Farmácia 1: R$139,27 Farmácia 2: R$144,03 Posologia Indicações Dose diária para adultos – via oral Infecção do trato respiratório: - de acordo com a gravidade e o agente etiológico 2x 250 a 500 mg Infecção do trato urinário: - aguda, não complicada - complicada 1 a 2x 250 mg 2x 250 a 500 mg Gonorreia Dose única de 250 mg Diarreia 1 a 2x 500 mg Infecções graves, com risco de vida 2x 750 mg Crianças e adolescentes: dados clínicos e farmacocinéticos dão suporte ao uso de ciprofloxacino em pacientes pediátricos com fibrose cística (idade entre 5 e 17 anos) e com exacerbação pulmonar aguda associada a infecção por Pseudomonas aeruginosa, na dose oral de 20 mg/kg, duas vezes ao dia (dose máxima diária de 1.500 mg). Mecanismo de ação O mecanismo de ação das fluorquinolonas envolve a alteração da função das topoisomerases tipo II procarióticas, chamadas de DNA girase (durante o processo de replicação do DNA da bactéria, ocorre a abertura de um trecho da dupla fita, para que seja possível o processo de replicação, consequentemente haverá uma maior pressão sobre as torções existentes antes dessa forquilha, a enzima dna girase diminui o número de torções através de quebras do segmento e selando novamente ao remover um giro do DNA, para diminuir essa pressão) Normalmente, as topoisomerases II ligam-se a ambas as fitas de uma molécula de DNA e as quebram, permitindo que outro fragmento da mesma molécula passe através da quebra do DNA de dupla fita. As quinolonas inibem essas enzimas antes que o segundo segmento de DNA possa passar, estabilizando, assim, não permitem que o processo de replicação continue, promovendo rupturas nas cadeias de nucleotídeos, gerando pontas livres, e consequentemente a degradação da molécula de DNA. As quinolonas, quando presentes em baixas concentrações, inibem reversivelmente as topoisomerases tipo II, sendo a sua ação bacteriostática. Entretanto, quando presentes em altas concentrações, que são rapidamente alcançadas nos pacientes tratados, as quinolonas convertem as topoisomerases em agentes que lesam o DNA ao estimular a dissociação das subunidades da enzima do DNA quebrado. O DNA com dupla quebra não pode ser replicado, e não pode haver transcrição através dessas quebras. A dissociação da topoisomerase do DNA e/ou a resposta bacteriana à quebra de dupla fita levam finalmente à morte celular. Por conseguinte, as quinolonas em doses terapêuticas são antibióticos bactericidas. Resistência ● Mutação na topoisomerase II e IV É a principal forma de resistência, ocorre devido às mutações espontâneas que levam a alterações no sítio de ligação do antimicrobiano, implicam na redução da afinidade do fármaco com o seu sítio de ligação, impedindo a ação da droga. A resistência se deve a uma ou mais mutações puntiformes na região de ligação sa quinolona na enzima-alvo ou a mudança na permeabilidade do organismo (geralmente estafilococos, P. aeruginosa, Serratia marcescens). A resistência a uma fluoroquinolona, confere, em geral, resistência cruzada a todos os outros membros da classe. ● Sistemas de efluxo: Os principais sistemas de efluxo das quinolonas são QepA e OqxAB, mediados por plasmídeos, promovem a sua expulsão da célula bacteriana, impedindo sua ação e provocando a resistência a este fármaco. ( CATTOIR et al., LI e NIKAIDO, 2009; PAGES e AMARAL, 2009;KIM et al., 2009). ● Aminoglicosídeo acetiltransferase Os plasmídeos podem produzir uma variante da proteína modificadora de aminoglicosídeos, codificada pelo 38 gene aac(6’)-lb-cr, que promove acetilação dos sítios de ação das fluorquinolonas (PARK et al., 2006). Farmacocinética ● Absorção Comprimidos revestidos Após a administração oral de doses únicas de 250 mg, 500 mg e 750 mg de comprimidos revestidos de Cipro®, o ciprofloxacino é absorvido rápida e amplamente principalmente através do intestino delgado, atingindo as concentrações séricas máximas 1 a 2 horas depois. Solução parenteral As concentrações séricas máximas médias após infusão intravenosa de ciprofloxacino são atingidas ao final da infusão. A farmacocinética do ciprofloxacino é linear dentro do intervalo posológico, até 400 mg por via intravenosa. ● Distribuição A ligação protéica do ciprofloxacino é baixa (20 – 30%) e a substância no plasma encontra-se fundamentalmente sob a forma não ionizada. O ciprofloxacino pode difundir-se livremente para o espaço extravascular. O grande volume de distribuição no estado de equilíbrio, de 2-3 L/kg de peso corpóreo, mostra que o ciprofloxacino penetra nos tecidos e atinge concentrações que claramente excedem os valores séricos correspondentes. ● Metabolismo Foram relatadas pequenas concentrações de 4 metabólitos, identificados como desetilenociprofloxacino (M1), sulfociprofloxacino (M2), oxociprofloxacino (M3) e formilciprofloxacino (M4). M1 a M3 apresentam atividade antibacteriana in vitro comparável ou inferior à do ácido nalidíxico. O M4, o menor em quantidade, apresenta atividade antimicrobiana in vitro quase equivalente à do norfloxacino. ● Eliminação O ciprofloxacino é amplamente excretado sob forma inalterada pelos rins e, em menor extensão, por via extrarrenal. Indicações terapêuticas ● Trato respiratório: pode ser consideradocomo tratamento recomendável em casos de pneumonias causadas por Klebsiella spp., Enterobacter spp., Proteus spp., Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Haemophillus spp., Legionella spp. e Staphylococci. ● Ouvido médio (otite média), conjuntivite e seios paranasais (sinusite), especialmente se a infecção for causada por organismos gram-negativos, inclusive Pseudomonas aeruginosa ou Staphylococci. ● Rins e/ou trato urinário eferente. ● Órgãos genitais, inclusive anexite, gonorreia e prostatite. ● Infecções bacterianas no trato gastrointestinal. ● Infecção ou risco iminente de infecção (profilaxia), em pacientes com sistema imunológico comprometido (por exemplo, pacientes em uso de imunossupressores ou pacientes neutropênicos). Descontaminação intestinal seletiva em pacientes sob tratamento com imunossupressores. ● Crianças: No tratamento da exacerbação pulmonar aguda de fibrose cística, associada à infecção por Pseudomonas aeruginosa, em pacientes pediátricos de 5 a 17 anos de idade. Os estudos clínicos em crianças foram realizados na indicação acima. Para outras indicações clínicas a experiência é limitada. Não se recomenda, portanto, o uso do ciprofloxacino para outras indicações diferentes da mencionada acima. O tratamento deve ser iniciado somente após cuidadosa avaliação dos riscos e benefícios, pela possibilidade de reações adversas nas articulações e nos tecidos adjacentes. ● Antraz por inalação (após exposição) em adultos e crianças Para reduzir a incidência ou progressão da doença após exposição ao Bacillus anthracis aerossolizado. Resultados terapêuticos Os resultados das experiências clínicas realizadas e documentadas demonstraram que os microrganismos causadores das infecções foram erradicados em 81,9% dos casos. Clinicamente, quase 94,2% dos pacientes apresentaram melhora acentuada ou recuperação completa. Eventos adversos Em geral, as fluoroquinolonas são bem toleradas. Os efeitos mais comuns são náuseas, vômitos e diarreia. Ocasionalmente, ocorre cefaléia, tontura, insônia e rash cutâneo (incidência entre 1% e < 10%). Contraindicações Gestantes e lactantes, pacientes que apresentam hipersensibilidade aos derivados quinolônicos. Pode ser usado por idosos na menor dose possível estabelecida pelo médico. Toxicidade Há relatos de alguns casos de toxicidade renal reversível após superdose aguda. Os pacientes devem ser mantidos bem hidratados. Interações Alimentos e produtos lácteos: A administração concomitante de Cipro® e laticínios ou bebidas enriquecidas com minerais (por exemplo, leite, iogurte, suco de laranja enriquecido com cálcio) deve ser evitada porque a absorção do ciprofloxacino pode ser reduzida. Contudo, o cálcio da dieta, proveniente da alimentação normal, não afeta significativamente a absorção. Interações com exames: A potência do ciprofloxacino in vitro pode interferir no teste de cultura de Mycobacterium tuberculosis pela supressão do crescimento micobacteriano, causando resultado falso negativo em espécimes de pacientes que estejam fazendo uso de Ciprofloxacino. Interações medicamentosas: antiarrítmicos, antidepressivos tricíclicos, macrolídeos, antipsicóticos, antagonistas da vitamina K, metoclopramida, omeprazol e outros. Anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs): Estudos realizados com animais demonstraram que a associação de doses altas de quinolonas (inibidores da girase) e de certos anti-inflamatórios não-esteroides (exceto o ácido acetilsalicílico) pode provocar convulsões.
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