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2-Concepções de linguagem e língua

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METODOLOGIA 
DO ENSINO DA 
LINGUAGEM
Letícia Finkenauer
Michela Carvalho da Silva
Concepções de linguagem 
e língua e as diferentes 
abordagens pedagógicas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 n Identifi car o conceito de linguagem e de língua de uma forma geral.
 n Explicar o conceito de linguagem em diferentes abordagens de ensino.
 n Contrastar o conceito de língua em diferentes abordagens de ensino.
Introdução
Para alguns a língua é um sistema interno, para outros a língua é um 
sistema com dimensão e interferência social. Desse modo, isso define 
nossas tarefas em sala de aula e como estudamos as estruturas linguísticas 
de diferentes línguas. Neste texto, você vai conhecer algumas teorias 
linguísticas que abordam os conceitos de língua e linguagem. Desse 
modo, cada teoria também tem a sua concepção pedagógica e didática 
desses conceitos como modo de trabalho.
Língua, linguagem e fala: alguns apontamentos 
Exercitar a docência em linguística não é tarefa fácil. Tudo começa quando 
você se depara com seu objeto de análise, de estudo e de ensino: a língua. Por 
isso, é necessário estar alicerçado em concepções teóricas sobre os conceitos 
de língua, linguagem e fala. 
Ferdinand de Saussure, conhecido como pai da linguística, introduziu os 
princípios gerais para o estudo da língua. Essa iniciativa foi importante para o 
fazer linguístico e para situar a linguística em um momento moderno. Saussure 
(2012) propôs métodos de estudo das línguas, ou seja, trabalhou para que se 
entendesse a linguística como uma ciência. 
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Para isso, Saussure (2012) começou abordando o conceito de signo e sua 
natureza. Ele desmistificou o entendimento de língua como uma nomen-
clatura e a elevou a um sistema: um sistema de signos. Assim, você deve 
imaginar que existem métodos de análise que podem dar conta do sistema da 
língua. Os signos se recortam uns aos outros e, consequentemente, formam 
unidades.
Nesse sentido, é possível entender o valor que possui o sistema, pois é por 
meio dele que se pode atribuir significado à massa amorfa que é a linguagem. 
A língua não é um conjunto de signos delimitados de antemão. Portanto, o 
valor é que determina o que é a unidade.
O Curso de Linguística Geral, de Ferdinand de Saussure, é considerado o marco inaugural 
da Linguística Moderna. Publicada em 1916, esta é uma obra póstuma que, na verdade, 
não foi escrita por Saussure. Trata-se de uma compilação de notas feitas por alunos 
ao longo de cursos oferecidos pelo linguista na Universidade de Genebra entre 1906 
e 1911. Por esse motivo, há várias questões em aberto nesse livro, não desenvolvidas 
ou sem respostas.
Ainda dentro da discussão sobre unidade, Saussure (2012) contrapôs a 
linguística às outras ciências, que têm suas unidades dadas de antemão. A 
partir disso, chegou à conclusão de que a língua não apresenta unidades con-
cretas imediatamente reconhecíveis, como acontece nas outras ciências. Ele 
refletiu sobre o problema de definir o que é unidade e afirmou que a matéria 
de uma palavra sempre pode ser renovada na fala. Por isso a classificação 
das palavras em substantivos, adjetivos, entre outras, perde o sentido e se 
torna problemática em muitos momentos. É na fala que pode haver variantes 
já previstas pelo sistema.
A língua e a fala são interdependentes. A primeira é o instrumento e a outra é o 
produto. Isso corrobora a ideia de que a língua existe na coletividade, ou seja, na fala. 
Metodologia do ensino da linguagem24
Metodologia_do_ensino_U1_C02.indd 24 07/03/2017 13:57:22
Nos estudos da linguagem, há outro grande linguista, chamado Noam 
Chomsky. Para ele, a língua é um conjunto de estruturas, e os falantes têm 
um conhecimento inato de como se operam essas estruturas (NASI, 2007). 
Ou seja, a teoria elaborada por ele entende que os seres humanos têm uma 
predisposição genética para adquirir a linguagem:
A teoria que abarca os estudos chomskyanos é o gerativismo. Gerativismo 
porque propõe o uso de uma gramática gerativa, relacionada com as 
possibilidades de cada língua de gerar expressões. Assim, para Lyons 
(1981), os gerativistas estão interessados no que as línguas têm em comum, 
o que representa um retorno à antiga tradição da gramática universal. 
Ainda para este autor, o “coração” do gerativismo está na distinção entre 
competência e desempenho. (NASI, 2007).
No entanto, ainda que os conceitos de competência e desempenho tenham 
sido revolucionários no campo da linguística, Noam Chomsky sofreu duras 
críticas à sua visão de língua. Para os críticos, essa visão é alicerçada em uma 
concepção mentalista da linguagem, excluindo seu uso real e social.
A dimensão social da linguagem
Segundo Souza, Stefanello e Spilmann (2010), nos anos 1980, a dimensão 
social da linguagem passou a ser vista e valorizada por meio das metodologias 
de ensino de língua pautadas pela Competência Comunicativa (CC). Segundo 
os autores, a teoria vygotskiana ganhou força ao postular que o indivíduo é 
um ser social. Logo, sua interação com o ambiente em que vive e suas rela-
ções interpessoais são fundamentais para a construção do conhecimento e 
do desenvolvimento psicológico. E essa interação se dá por meio da língua. 
Os autores lembram que a concepção de aprendizagem vygotskiana se 
relaciona ao que Bakhtin entende por linguagem, ou seja, ambos consideram o 
aspecto ideológico da linguagem. Por isso, na teoria sociointeracionista, se deve 
estudar a língua em uso e a sua realização como processo linguístico-discursivo. 
Sendo assim, uma vez que a língua em uso constitui uma das bases do ensino 
por competências defendido nos PCNEMs (Parâmetros Curriculares Nacionais 
para o Ensino Médio), PCNs+ (Parâmetros Curriculares Nacionais) e OCEMs 
(Orientações Curriculares para o Ensino Médio), se entende que o estudante 
de línguas no Brasil é levado a desenvolver um conjunto de capacidades e 
habilidades para serem usadas em diversas situações comunicativas. Nesse 
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sentido, para a teoria sociointeracionista, a língua é uma dimensão social 
em que competências e habilidades são mobilizadas pelos falantes a fim de 
interagirem na sociedade e de resolverem problemas concretos. 
Ainda nesse aspecto social, há uma corrente linguística bem definida 
que se chama sociolinguística. Alguns de seus representantes são Labov, 
Bortoni-Ricardo e Marcos Bagno. Nessa perspectiva, há uma relação estreita 
entre língua e sociedade. Segundo Matsumoto e Campos (2015), o foco dessa 
perspectiva é entender a língua em diferentes contextos. Aqui, se usa a ex-
pressão “linguagem falada”. 
Conceituando língua e linguagem na sociolinguística: 
A língua é uma função sociocomunicativa e, por isso, funciona sob a ótica de elementos 
internos e externos a ela. 
A linguagem é a parte falada, possuidora de intencionalidade, regionalismos, con-
texto social, entre outros elementos. O seu valor é a representação do pensamento 
(MATSUMOTO; CAMPOS, 2015).
Língua, linguagem e ensino
É importante que você leve os conceitos de língua e linguagem da sociolinguís-
tica para a sala de aula. Eles permitem discussões abrangentes sobre o fazer e 
a estrutura linguística na sociedade, dando ao aluno mais representatividade. 
Outra teoria interessante é a Análise do Discurso (AD). Nessa teoria, há 
uma rede de conceitos complexos para analisar os discursos. Discurso e língua 
não são iguais e, por vezes, não andam próximos. Para a AD, a língua é um 
fenômeno linguístico que abrange falhas, atos de fala e esquecimentos como 
parte integrante, porque a noção de inconsciente se faz presente. 
Para responder à pergunta-bússola do estudo proposto – Qual é a noção 
de língua para a AD? –, faz-se necessário passear por distintos conceitos 
de língua e como essas acep ções delíngua se relacionam entre si: língua 
imaginária, língua fluida, língua materna, língua estrangeira e língua 
nacional. Antes de adentrar no estudo pormenorizado das con cepções 
de língua, evidencia-se que a língua da linguística aplicada é justamente 
Metodologia do ensino da linguagem26
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o avesso da concepção de língua da AD. A língua da AD é a materialidade 
específica do discurso, é ‘[...] aquela da ordem material, da opacidade, da 
possibilidade do equívoco como fato estruturante, da marca da histo-
ricidade inscrita na língua. É a língua da indefinição do direito e avesso,
do dentro e fora, da presença e ausência.’ (FERREIRA, 2005, p. 17 apud
LORENSET, 2013, p. 160).
Desse modo, a heterogeneidade e a incompletude são partes da língua. 
Também nesse sentido você pode entender por linguagem uma língua fluida 
que não pode ser contida em fórmulas (LORENSET, 2013).
Como você deve ter percebido, cada teoria traz um novo ponto de vista 
sobre o objeto língua e, portanto, uma forma diferente de trabalho com a língua 
materna. Uma aula que se utiliza de concepções gerativas terá um processo 
e um produto totalmente diferentes daqueles de uma aula que se utiliza de 
noções discursivas. 
Não existe teoria certa ou errada para dar uma aula de português: existe teoria mais 
adequada para analisar um elemento da língua a fim de se chegar a determinado 
raciocínio. Por isso, é de extrema necessidade que o professor domine as diferentes 
concepções para que ele tenha clareza de sua prática e de sua teoria. 
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ARAUJO, M. J. A. A psicolinguística e a aquisição da linguagem. WebArtigos, 2009. Dis-
ponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/a-psicolinguistica-e-a-aquisicao-
-da-linguagem/28917/>. Acesso em: 30 jan. 2017.
LORENSET, R. B. C. A noção de língua para a análise do discurso. Unoesc & Ciência, 
Joaçaba, v. 4, n. 2, p. 157-168, jul./dez. 2013.
MATSUMOTO, A. S.; CAMPOS, M. R. de A. A diversidade linguística e o ensino de língua 
materna: o papel da sociolinguística. Revista Philologus, Rio de Janeiro, ano 21, n. 61, 
jan./abr. 2015. Suplemento.
NASI, Lara. O conceito de língua: um contraponto entre a gramática normativa e a 
lingüística. Revista Urutágua, Maringá, n. 13, ago.-nov. 2007.SAUSSURE, F. de. Curso de 
linguística geral. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.
SOUZA, A. P. R. de; STEFANELLO, C. A.; SPILMANN, I. A. A concepção sociointeracio-
nista no ensino do inglês: o professor e o livro didático. Roteiro, Joaçaba, v. 35, n. 1, 
p. 23-52, 2010.
Metodologia do ensino da linguagem30
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