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Noções gerais de Linguística, Sociolinguística, Psicolinguística, de Gramática e suas contribuições para o estudo da Língua Materna APRESENTAÇÃO Os estudos desta unidade apresentarão conceitos introdutórios sobre Saussure, Chomsky, Bakhtin, Labov, entre outros nomes importantes das teorias linguísticas. Cada uma dessas correntes se justifica nas aulas de língua materna por abordar um novo pensamento, um ponto de vista diferente sobre o objeto - a língua, linguagem - a ser compreendido por estudantes e professores. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre linguística, sociolinguística, psicolinguística e gramática relacionando seus pressupostos ao trabalho em sala de aula no ensino de língua materna. Você vai explorar cada corrente para que possamos entender suas contribuições ao ensino/aprendizagem de português brasileiro. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as diferentes noções gerais de linguística.• Relacionar as diferentes correntes linguísticas ao ensino de língua materna.• Reconhecer abordagens linguísticas nas aulas de língua materna.• INFOGRÁFICO Analisar a importância de cada corrente linguística no ensino de língua materna pode auxiliar o professor a compreender os fenômenos inerentes à atividade docente como, por exemplo, os processos realizados pelos alunos em fase de alfabetização, a forma de apresentar a diversidade como uma das formas de realização da língua e a gramática como um instrumento prescritivo, mas não excludente e é isso que veremos no infográfico a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO Neste capítulo, você vai conhecer as diferentes concepções de ensino com base nas diferentes perspectivas linguísticas. Inicie seus estudos em A leitura, a escrita e o papel dos professores e siga lendo até As abordagens linguísticas na prática da sala de aula. Boa leitura. METODOLOGIA DO ENSINO DA LINGUAGEM Mateus Forcelini Noções gerais de linguística, sociolinguística, psicolinguística, gramática e suas contribuições para o estudo da língua materna Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar as diferentes noções gerais de linguística. � Relacionar as diferentes correntes linguísticas ao ensino de língua materna. � Reconhecer abordagens linguísticas nas aulas de língua materna. Introdução Os estudos deste capítulo trarão pinceladas de conhecimento sobre Saussure, Chomsky, Bakhtin, Labov, entre outros nomes importantes dessas teorias. Cada corrente linguística se justifica nas aulas de língua materna por abordar um novo pensamento, um ponto de vista diferente sobre o objeto - a língua, linguagem - a ser compreendido por estudantes e professores. Neste texto, você vai aprender sobre linguística, socio- linguística, psicolinguística e gramática no que tange às suas atuações em sala de aula de língua materna. Você vai explorar alguns conceitos básicos de cada corrente para que possamos entender seus alcances e suas limitações nas aulas de português brasileiro. A leitura, a escrita e o papel dos professores É de conhecimento de professores em formação que muitas correntes linguísti- cas podem atuar em uma sala de aula de língua portuguesa. Além disso, se faz necessário que professores de língua materna dominem diferentes correntes para que possam auxiliar seus alunos por meio de diferentes abordagens, visando o conhecimento linguístico nas aulas de português brasileiro. A cada ano novos rankings escolares que medem numericamente o desempe- nho de alunos na leitura e na escrita questionam o trabalho dos professores. Na maioria das vezes, os resultados não são positivos, como você pode ver a seguir: [...] na relação de ensino-aprendizagem na escola muito se tem falado do fracasso no ensino de língua (seja gramática, interpretação, ou escrita), que se reconhece pela constatação de que há conhecimentos que não são consistentes, não duram: o aluno aprende na hora e logo depois ‘esquece’. Na realidade, o que se passa é que não houve aprendizagem, porque o que não faz sentido na história do sujeito ou na história da língua para o sujeito não ‘cola’, não ‘adere’. (ORLANDI, 2002, p. 28). Na citação anterior, você pode perceber a problematização sobre a não aprendizagem dos alunos. Desse modo, pode se perguntar: como posso fazer essa “cola” funcionar? Por muitas vezes, os alunos ficam alheios às aprendizagens de leitura e de escrita. Isso ocorre ou porque elas estão fora do seu mundo ou porque a forma como são apresentadas não faz sentido para a sua aquisição. Por muitas vezes, aprender a ler e a escrever em língua materna não é um processo, mas sim um obstáculo a ser superado com muito sacrifício. As diferentes correntes linguísticas A contribuição de Saussure Para começar a destrinchar a linguística em sala de aula, você deve se fami- liarizar com o trabalho do grande mestre genebrino Saussure. Em sua obra Curso de Linguística Geral, no capítulo que se intitula “As gramáticas e suas subdivisões”, Saussure (2012) começa falando da linguística estática, aquela que pretende ser descritiva. Você pode entender esse tipo de linguística como Metodologia do ensino da linguagem2 uma gramática. O linguista afirma que a lexicologia, por exemplo, foi excluída dessa gramática. Nela, a prioridade é a abordagem morfológica e sintática. Saussure (2012) desmistifica essa separação, dizendo que é ilusória. Afinal, para ele, só se entende uma flexão em nível associativo, pois formas e funções são solidárias e seria impossível separá-las. Preste atenção no trecho a seguir: Atribuem-se geralmente as preposições à gramática; no entanto, a locução preposicional em consideração a é essencialmente lexicológica, de vez que a palavra consideração nela figura com seu sentido próprio. [...] muitas relações expressas em certas línguas por casos ou preposições são expressas, em outras, por compostos, já mais próximos das palavras propriamente ditas (port. Reino dos céus e alem. Himmerleich), ou por derivados (port. Moinho de vento e polonês wiatr-ak), ou, finalmente, por palavra simples (fr. Bois de chauffage e russo drová, fr. Bois de construction e russo lyês). A alternância de palavras simples e de locuções compostas, no interior de uma mesma língua (cf. Considerar e tomar em consideração, vingar-se e tomar vingança) é igualmente muito frequente. (SAUSSURE, 2012, p. 184-185). Nascido na Suíça em 1857, Ferdinand de Saussure foi o responsável pela cons- tituição da linguística como uma ciência autônoma. Suas contribuições teóricas incluem as famosas dicotomias língua vs. fala, diacronia vs. sincronia, sintagma vs. paradigma e significante vs. significado. O trabalho de Saussure forneceu as bases para o desenvolvimento da teoria estruturalista, no século XX. Sendo coerente à sua crítica à classificação gramatical, Saussure propõe um estudo “gramatical” por meio dos eixos associativo e sintagmático. Ele entende que um sentido e uma função só são perceptíveis a partir do todo. Qualquer ponto da gramática mostraria a importância de estudar cada questão desse duplo ponto de vista (associativo e sintagmático). Assim, a noção de palavra coloca dois problemas distintos, segundo a consi- deremos associativamente ou sintagmaticamente; o adjetivo fr. Grand oferece, no sintagma, uma dualidade de formas e associativamente outra dualidade. (SAUSSURE, 2012, p. 190). 3Noções gerais de linguística, sociolinguística, psicolinguística, gramática ... Essas críticas podem levar você a refletir sobre a noção de gramática e a sua abordagem em sala de aula. Como você sabe, há diferentes tipos de gramática. Com certeza você deve ter percebido que tais críticas recaem principalmente no ensino tradicional de gramática. Essa abordagem de gramática acaba por se confundir com o ensino de língua, se você entender que a transmissão de regras é o objetivo principaldo ensino de um idioma. No entanto, se sabe que isso é uma grande enganação. A gramática gerativa de Chomsky Quando pensar em gramática, é sempre interessante que você se lembre da gramática gerativa de Noam Chomsky. Ela prevê o estudo de uma competência linguística, destrinchando as estruturas linguísticas em árvores sintáticas de superfície ou de profundidade. Com uma atuação em diferentes áreas do conhecimento, o norte-americano Noam Chomsky é considerado o pai da linguística moderna. Desde os anos 1950, ele propõe ideias que desenvolvem e reformulam sua principal contribuição à linguística: a teoria gerativa. É interessante você considerar que muitos professores, quando vão para as aulas de língua portuguesa, atrelam o estudo de texto à leitura e a escrita de forma gramatical. Isso, por muitas vezes, faz com que eles entendam e ensinem o texto como pretexto. Para o ensino de gramática, você precisa estar alicerçado em teorias mais progressistas, que não fundamentem a regra pela regra. Tem de fugir do normativismo. Sociolinguística Ainda na temática do fracasso escolar, você deve estar familiarizado com a sociolinguística. A sociolinguística surge como campo de atuação sobre a língua em razão da sociedade. Ou seja, de acordo com ela, idade, sexo e região, Metodologia do ensino da linguagem4 por exemplo, são fatores essenciais para o analisar linguístico. Desse modo, a sociolinguística dá voz aos embates culturais que adentram a sala de aula: A linguagem é também o fator de maior relevância nas explicações do fracasso escolar das camadas populares. É o uso da língua na escola que evidencia mais claramente as diferenças entre grupos sociais e que gera discriminações e fracasso: o uso, pelos alunos provenientes das camadas populares, de variantes linguísticas social e escolarmente estigmatizadas provoca preconceitos linguísticos, eleva as dificuldades de aprendizagem, já que a escola usa e quer ver usada a variante-padrão socialmente pres- tigiada. (SOARES, 2000, p. 17 apud OLIVEIRA, 2016, p. 297). É da sociolinguística o valorizar dos dialetos nas suas tarefas, nas perguntas dos alunos, nos falares de corredor. Cabe a ela o valorizar de qualquer mani- festação de língua, não somente a língua padrão, que, na maioria das vezes, é a única apreciada na sala de aula de língua materna. Essa valorização se dá por meio de falas e análises de textos que possuem variações linguísticas, para que se crie no aluno uma consciência linguística social. Análise do Discurso (AD) A análise do discurso também entra como uma vertente de ensino. Isso ocorre pois ela entende que os discursos fazem parte de um interdiscurso, de uma formação discursiva que engloba os já ditos. Seria interessante se você pen- sasse as aulas de língua materna não como um repositório de informações a serem meramente repetidas, mas sim como um lugar de descobertas. Nele, o aluno pode reconhecer a sua cultura nas semelhanças com as outras, além de conhecer o diferente com a desconstrução dos preconceitos. Nesse raciocínio, o sujeito, que para a AD é aquele que constitui a língua e se constitui nela, é produto do seu inconsciente e determinado historicamente. Ele poderá se compor como sujeito mais aberto, amplo, poroso e crítico. Sendo assim, o aluno precisa ser capaz de questionar e indagar o que lhe é passado nas salas de aula. Porém, como é possível questionar sem antes conhecer? O conhecimento se dá por meio da leitura, o que torna o ato de ler um círculo sem fim. Somos capazes de questionar porque lemos e conhecemos. Romão e Pacífico (2006, p. 14) destacam a importância de ressaltar junto com o aluno a pluralidade de sentidos presentes tanto no texto escrito quanto nas imagens. Elas defendem que a escola deveria exercitar a leitura polissêmica, o que motivaria os estudantes a descobrir as outras leituras de um mesmo texto. 5Noções gerais de linguística, sociolinguística, psicolinguística, gramática ... Psicolinguística Na perspectiva da psicolinguística, segundo Wouk (1975), a linguagem é um comportamento verbal. A psicolinguística envolve a formação e a apreensão de conceitos na língua materna, e também a formação mental da linguagem. Segundo a autora, nessa área, a preocupação é com os problemas motores da linguagem, a percepção dos sons, os problemas neurofisiológicos e as relações entre pensamento e linguagem. Nessa abordagem linguística, se fala muito em estratégias de ensino, como você pode analisar abaixo, segundo Monteiro (1997, p. 61): De acordo com as considerações expostas até aqui minha proposta em relação aos conteúdos a serem desenvolvidos no ensino de língua materna para as séries iniciais segue abaixo: 1) Fala e prática de análise de textos orais; 2) Estratégias auxiliares da fala em situações formais e informais; 3) Estratégias auxiliares de pré-leitura; 4) Estratégias auxiliares de leitura; 5) Leitura e prática de análise de textos lidos (não pseudotextos); 6) Estratégias auxiliares da escrita levando em conta a funcionalidade dos textos e seus respectivos gêneros; 7) Desenvolvimento de atividades de monitoria dos textos produzidos; 8) Escrita e prática de análise de textos produzidos; 9) Reflexões complementares sobre língua. As abordagens linguísticas na prática da sala de aula A escola pode ser um espaço de ressignificação, portanto ela precisa dar espaço para as novas construções. Nesse sentido, é interessante que você reflita sobre este interessante convite de Foucault desvendado por Fischer (2001, p. 222): O convite de Foucault é que, através da investigação dos discursos, nos defrontemos com nossa história ou nosso passado, acertando pensar de outra forma o agora que nos é tão evidente. Assim, libertamo-nos do presente e nos instalamos quase num futuro, numa perspectiva de transformação de nós mesmos. Nós e nossa vida, essa real possibilidade de sermos, quem sabe um dia, obras de arte. Metodologia do ensino da linguagem6 Nesse sentido, é necessário recusar as fáceis interpretações, as implicações unívocas e a busca insistente pelo sentido último. Portanto, você deve instigar as posições possíveis do falante para que ele efetivamente possa ser sujeito do seu enunciado. Ao terminar de ler este texto, você deve ter percebido que há inúmeros jeitos de ir para a sala de aula com uma teoria. E você imagina com seria dar aulas munido de várias delas? Que rico seria um ensino de língua assim, que foge do tradicional, mas que sabe analisá-lo. Você deve se convencer cada vez mais de que vale a pena buscar o senso crítico dos alunos a fim de trazer à tona as possibilidades de escolha de quem se pode e se quer ser. Questões identitárias são extremamente relevantes para o ensino de língua. Só assim o aluno vai apreender a cultura do outro e questionar a sua. Como educadores, é possível perceber que há várias concepções sobre o que significa dominar a língua portuguesa, mas nosso questionamento deve centrar-se na concepção que efetivamente possa atender às necessidades educacionais de nossos alunos e que contribua para inseri-los na sociedade globalizada da qual fazemos parte. Em uma primeira concepção, o que se observa é o aprendizado da língua portuguesa como simples armazenamento de informações (regras) e conhe- cimento estrutural da gramática da língua predominantemente em sua forma escrita, sem que isso alcance maior significação para o aluno. A ênfase na modalidade escrita induz à ideia equivocada de que a fala é o espaço do “erro”, e onde há um menor cuidado com a linguagem. Em uma segunda concepção, o aprendizado está pautado na memorização de nomenclatura gramatical, que, por muitas vezes, além de descontextualizada, é incoerente devido às suas definições estabelecidas por critérios de convenção nos compêndios gramaticais e não por critérios linguísticos. Uma terceira concepção plausível, e esta é a que nos interessa, é a de que o aprendizado da língua portuguesa tem como significado o desenvolvimentoda habilidade funcional, ou seja, o desenvolvimento de competências comu- nicativas, discursivas, entre outras. 7Noções gerais de linguística, sociolinguística, psicolinguística, gramática ... No aprendizado da língua portuguesa, o uso do conhecimento (o que está sendo assimilado e a forma como esses conhecimentos irão ser utilizados) deve ocorrer simultaneamente, já que o conhecimento da linguagem é construído de acordo com os usos que os falantes fazem dela ao interagir em sociedade. Pode-se afirmar que o uso da linguagem é uma atividade interativa, realizada entre dois ou mais interlocutores (usuários da língua), que se realiza sob a forma de textos orais ou escritos veiculados em diferentes suportes e com diferentes propósitos comunicativos. O aprendizado da língua portuguesa pode ofertar ao aluno muito mais que a aquisição e o domínio de novos hábitos linguísticos; esse aprendizado influencia o processo educativo como um todo, levando o aluno a perceber melhor a natureza da linguagem, conscientizando-se ainda mais sobre seu funcionamento, estimulando/ampliando a capacidade de apreciar diferentes culturas e desenvolvendo a habilidade de lidar com as diferentes formas de expressão. Algumas atitudes podem ser adotadas por professores e alunos para que a linguagem tenha um uso democrático que contribua para a participação efetiva de todos em condição de igualdade, tais como: � identificação e valorização das variedades linguísticas existentes nas diferentes regiões do país; � posicionamento crítico diante de textos, identificando os argumentos, posições ideológicas e possíveis conteúdos discriminatórios ou precon- ceituosos neles veiculados; � estimulação da leitura como fonte de informação, aprendizagem, lazer e arte; � reconhecimento de que os domínios dos usos sociais da linguagem oral e escrita podem oportunizar a participação política e cidadã do sujeito, transformando, ampliando e melhorando as condições dessa participação. Como propõem a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os Parâ- metros Curriculares Nacionais (PCNs), a escola precisa expandir seus hori- zontes e se abrir para a pluralidade de linguagens veiculadas nos diferentes contextos sociais com o objetivo de desenvolver as habilidades de produção e compreensão de mensagens, ou seja, o aluno deve ser capaz de enxergar a língua como enunciação, discurso, e não somente como uma ferramenta de comunicação que possibilite sua mobilidade social. Interação é a palavra de ordem do momento: o ensino da língua portuguesa deve decorrer de uma nova Metodologia do ensino da linguagem8 concepção na qual ela estabeleça relação com aqueles que a utilizam, com o contexto em que é produzida/utilizada e com as condições históricas e sociais nas quais esse processo acontece. A escola e a sala de aula de língua portuguesa precisam estar abertas para os gêneros textuais que circulam em nossa sociedade, tornando-se espaço de análise e produção desses mesmos gêneros e tipos em que eles se convertem, segundo as necessidades comunicativas expressas pelos contextos interacionais. É extremamente relevante que a escola dos dias de hoje compreenda a importância, ou melhor, a necessidade que nossos alunos têm de dominar de maneira ampla e eficaz o maior número possível de dialetos, pois essa é a condição imposta para a inserção no mundo letrado e para a eficiência comunicacional, garantindo, assim, sua cidadania. 1. Sobre o “fracasso escolar” nas aulas de língua portuguesa, podemos entender que: a) Por vezes é em relação às variantes escolhidas. Muita informação linguística confunde o aluno. b) Por vezes o fracasso escolar se dá pela escolha de textos normativos. c) O fracasso escolar se dá, na maioria das vezes, porque somente uma abordagem de ensino de português é trabalhada: a tradicional. d) O fracasso escolar se dá pelas abordagens mentalistas em sala de aula. e) O fracasso escolar se dá porque hoje em dia só se quer falar sobre variantes e se esquece de ensinar a língua padrão. 2. Conforme Silva (2001), uma das falhas da gramática tradicional é a sistematização dos fatos linguísticos dissociados do uso concreto da língua. Ao ignorá-lo, outros aspectos também passam a ser desconsiderados. Quais? a) As diferenças entre as modalidades oral e escrita; 2) a influência do contexto em condicionar o uso das variedades dialetais; 3) a interferência do “tempo” no processo evolutivo da língua. b) As semelhanças entre as modalidades oral e escrita; 2) a influência do contexto em condicionar o uso das variedades dialetais; 3) a interferência do “tempo” no processo evolutivo da língua. c) As diferenças entre as modalidades oral e escrita; 2) a influência do contexto em condicionar o uso das variedades dialetais; 3) a não 9Noções gerais de linguística, sociolinguística, psicolinguística, gramática ... interferência do “espaço” no processo evolutivo da língua. d) As diferenças entre as modalidades oral e escrita; 2) a influência da escrita para condicionar a fala; 3) a interferência do “tempo” no processo evolutivo da língua. e) As diferenças entre as modalidades oral e escrita; 2) a influência da escrita para condicionar a fala; 3) as diferenças de nomenclaturas para analisar a fala segundo a escrita. 3. “A leitura é um processo complexo que envolve diferentes fatores. Para ler e compreender um texto, o leitor usa de muitos subprocessos, variando desde o nível inconsciente do processamento gráfico até o nível altamente consciente da atenção, exigida em tarefas como a monitoração da própria compreensão.” (LEFFA, 1996). Essa é uma citação que pode ser atribuída a qual corrente linguística? a) Psicolinguística b) Sociolinguística c) Gramática tradicional d) Discursiva e) Mentalista 4. Imagine que, em uma aula de português como língua materna, uma professora está usando duas reportagens para ensinar o gênero e o posicionamento de jornais. Ela poderia estar utilizando qual abordagem linguística? a) Abordagem gerativa para mostrar somente as orações subordinadas. b) Abordagem analista do discurso para mostrar as diferenças entre léxicos e estruturas escolhidas. c) Abordagem psicolinguística que visa descobrir as leituras possíveis de um texto. d) Abordagem sociolinguística que se apoia na língua padrão. e) Abordagem da gramática tradicional que visa a entender os verbos dicendi. 5. Por que é importante que o professor compreenda de forma clara as diferenças entre as abordagens linguísticas para o ensino de língua portuguesa? a) Para que saiba escolher, nas suas aulas, qual é a melhor abordagem para atingir determinado objetivo de ensino. b) Para que eleja sempre uma abordagem para ensinar a língua materna. c) Para que se torne um professor teórico. d) Para que seus alunos reconheçam qual é a melhor abordagem. e) Para que suas aulas possam trazer todas as concepções em uma tarefa só. Metodologia do ensino da linguagem10 FISCHER, R. Foucault e a análise do discurso em educação. Cadernos de Pesquisa, Porto Alegre, n. 114, 2001. LEFFA, V. J. Fatores da compreensão na leitura. Cadernos do IL, Porto Alegre, v. 15, n.15, p.143-159, 1996. MONTEIRO, R. S. Contribuições psicolinguísticas para o ensino de língua portuguesa. Rev. de Letras, Fortaleza, v. 19, n. 1/2, jan./dez. 1997. OLIVEIRA, L. C. de. A abordagem sociolinguística no ensino de português. Caletros- cópio, Mariana, v. 4, n. especial, 2016. ORLANDI, E. P. Língua e conhecimento linguístico: para uma história das ideias no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002.ROMÃO, L. M. S.; PACÍFICO, S. M. R. Era uma vez uma outra histó- ria: leitura e interpretação na sala de aula. São Paulo: Difusão Cultural do Livro, 2006. SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 2012. SILVA, R. V. M. Contradições no ensino de português: a língua que se fala x a língua que se ensina. 4. ed. 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Para seu colega a gramática é um manual com regras de bom uso da língua. Nesta perspectiva, a única forma apreciada de língua é a padrão, é a norma, ou seja, qualquer variante é considerada desvio. Então surge um desafio, sobretudo para você: a diretora quer que vocês trabalhem juntos em oficinas de redação. Como você faria para não ferir a concepção do colega e nem a sua? - Você sabe que há diferentes concepções de gramática em uma sala de aula. - Você tem o entendimento da Gramática Descritiva, em que se analisa a língua como um dado à luz de uma teoria ou método. - Você conhece a Gramática Internalizada de Chomsky, em que se entende que o falante tem desde que nasce. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A concepção de linguagem determina o que e como ensinar Neste vídeo, Cláudio Bazzoni, assessor da Prefeitura de São Paulo, trata das diferentes concepções de linguagem que pautaram o ensino de Língua Portuguesa no século XX e explica como as práticas de leitura e de escrita devem ser ensinadas na escola. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Língua Portuguesa na BNCC Alice Junqueira, especialista em alfabetização e letramento do Cenpec, fala sobre os pontos fundamentais da BNCC para o componente Língua Portuguesa. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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