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RELIGIÃO NO 
BRASIL E ÉTICA
RELIGIÃO NO 
BRASIL E ÉTICA
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DOUGLAS MOACIR FLOR
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-3752-0
Capa religiao_no_brasil_e_etica.indd 1 20/12/2013 17:13:39
IESDE BRASIL S/A.
Curitiba
2014
Douglas Moacir Flor
Religião no Brasil e Ética
© 2007 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor 
dos direitos autorais.
Capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: IESDE BRASIL S/A.
IESDE BRASIL S/A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
________________________________________________________________________________
F649r
 Flor, Douglas Moacir
 Religião no Brasil e ética / Douglas Moacir Flor. - 1. ed. - Curitiba, PR : IESDE 
Brasil, 2014. 
102 p. : il. ; 28 cm. 
 ISBN 978-85-387-3752-0
 1. Brasil - Religião. I. Título.
13-07930 CDD: 200.981
 CDU: 2(81)
________________________________________________________________________________
12/12/2013 13/12/2013 
Movimentos religiosos no Brasil | 7
Nova espiritualidade | 7
Como se caracterizam os movimentos religiosos | 8
Religiões africanas | 9
Religiões afro-brasileiras | 10
Espiritismo | 13
O Cristianismo I | 17
Conhecer Jesus é fundamental | 17
O amor ágape | 18
A história | 19
Jesus – o mestre | 19
O Cristianismo II | 25
A Bíblia – livro sagrado do Cristianismo | 25
A Reforma do século XVI | 35
Introdução | 35
Lutero | 36
A Reforma Luterana – pensamento | 41
A base de Lutero | 41
Pensamento de Lutero | 42
A Igreja tenta silenciar Lutero | 42
A excomunhão de Lutero | 43
A bula papal | 45
Declarado herege | 46
O exílio | 46
A volta | 47
O casamento de Lutero | 47
A morte de Lutero | 47
A paz de Augsburgo | 48
A Igreja Luterana e a Educação | 51
Lutero e a Educação | 51
O Luteranismo pós-reforma | 54
A Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) | 55
Questões fundamentais de Ética | 65
Questões básicas | 65
Ética Social e Ética Religiosa | 67
Princípios de Ética | 71
Algumas questões | 71
Ética – algumas reflexões de ordem geral | 72
Ética e Moral | 72
Consciência | 75
O direito positivo e o senso de justiça | 75
Responsabilidade | 76
O livre-arbítrio | 76
Ética – uma perspectiva cristã | 83
Ética – uma abordagem Religiosa e distinção da Social | 83
Ética – uma perspectiva religiosa cristã | 84
Ética Religiosa cristã e Moral Religiosa – os Dez Mandamentos | 86
Ética Social cristã | 87
Ética – assuntos práticos | 91
A ordem da vida: a Ética nas questões da vida | 91
A Ética da corporeidade | 94
A ordem familiar: a Ética na família | 95
A ordem de justiça: a Ética nas questões legais | 97
A ordem civil: a Ética na política | 98
Apresentação
Estamos iniciando uma caminhada. Há mais de 15 anos trabalho com a disciplina de Cultura 
Religiosa. O começo sempre é difícil. Existe uma resistência natural do aluno em estudar os 
conteúdos. O preconceito fica claro quando se define a disciplina como aula de religião. Outros 
ainda pensam em catequese. Mas não será este o nosso objetivo. Apenas quero caminhar com 
vocês no sentido de construir uma reflexão madura sobre a vivência e o comportamento religioso 
das pessoas e a influência que exercem sobre a vida de cada um de nós.
Ao final de cada semestre, fico surpreso com a reação dos alunos. A maioria considera a disciplina 
muito interessante. É claro que alguns resistentes ficam indiferentes, pois não tiveram a coragem 
de abrir o coração e aceitar conceitos essenciais para se viver uma boa vida.
Trabalho em uma Universidade Confessional, isso significa que a mesma está ligada a uma 
Instituição Religiosa. Mas nem por isso queremos impor o que pensamos. Vamos apenas 
debater. Se puder ajudá-los com essa reflexão, com certeza o farei. 
Você irá encontrar neste livro um panorama das maiores religiões do mundo. Notará a 
pluralidade religiosa e terá uma ideia da riqueza de pensamento e valores das religiões 
estudadas. Também iremos estudar mais detalhadamente o Cristianismo e a Reforma 
Luterana, pois são movimentos que influenciaram diretamente na existência da 
Universidade Luterana do Brasil. Por fim, estudaremos Ética. Particularmente, a ética cristã 
e os valores que ela pode acrescentar na vida de cada um de nós.
Nesta caminhada, muitos dos textos têm a participação de professores de Cultura Religiosa 
que nesses 15 anos estão ao meu lado. Citamos aqui Ronaldo Steffen, Jonas Dietrich, Valter 
Kuchenbecker, Egon Seibert, Ricardo Rieth, Valter Steyer, Thomas Heimann, Nereu Haag e Bruno 
Muller. Além desses, não podemos deixar de citar o Capelão Geral da Universidade Luterana do 
Brasil, pastor Gerhard Grasel, e o Diretor do curso de Teologia da Ulbra, pastor Leopoldo Heimann. 
São pessoas que têm ajudado não somente a construir esta trajetória em Cultura Religiosa, como 
têm colaborado com o aprofundamento da reflexão e ajudado muitas pessoas.
Douglas Moacir Flor
 Resumo
Encontramos milhares de religiões no mundo todo. Cada uma das gran-
des religiões proporcionou material para a formação de novos movi-
mentos religiosos que vêm crescendo a cada ano. Vamos analisar neste 
texto como esses movimentos se formam e ainda algumas religiões pre-
sentes no Brasil.
Movimentos 
religiosos no Brasil
Nova espiritualidade
Com a evolução tecnológica e científica do último século e com explicações não religiosas para 
o curso dos eventos, pode-se pensar que o homem tenha deixado a religião de lado e buscado novas 
alternativas para a sua vida. É bom lembrar que estamos num processo de secularização. Com isso, no-
tamos que também os conceitos éticos ensinados pelas religiões não afetam mais as questões sociais. 
Mas será que as religiões estão mesmo perdendo a força?
Talvez isso esteja acontecendo com as religiões tradicionais. Mas a cada ano novas seitas e novos 
movimentos vêm surgindo, e, como no Brasil há liberdade de culto religioso, nada impede que se inven-
te uma nova religião a cada dia. Por outro lado, os problemas sociais e as necessidades do ser humano 
fazem com que ele ainda recorra à religião.
Hoje, as igrejas cristãs têm de lutar não só contra a discriminação, mas também contra uma 
série de diferentes tendências religiosas, entre elas algo que pode ser chamado de esoterismo (GA-
ARDER, 1989, p. 253).
8 | Movimentos religiosos no Brasil
É verdade também que as pessoas preferem falar sobre nova “espiritualidade”. É a palavra da 
moda, fugindo especialmente das igrejas tradicionais. Gaarder (1989, p. 254), falando sobre isso, explica 
que o conceito de nova espiritualidade é muito abrangente, pois compreende:
novas campanhas missionárias de religiões antigas como o Hinduísmo e o Budismo;::::
novas seitas cristãs;::::
novas seitas religiosas não cristãs, que adotam ideias de uma ou de mais de uma das principais ::::
religiões do mundo;
antigas noções esotéricas;::::
novo “conhecimento”, que com frequência é uma mistura de ciência moderna com antigos ::::
conceitos religiosos. 
Como se caracterizam os movimentos religiosos 
Cada movimento religioso tem a sua característica. Cada um busca modificar o seu ritual, adap-
tando-o ao gosto dos seus fiéis e também atendendo às suas necessidades. Mas encontramos em al-
guns autores características que nos ajudam a analisar estes movimentos.
Normalmente, foram fundados por alguém com forte personalidade, que teve uma revelação da 
divindade e se sente chamado a liderar uma igreja. Pode ser uma “figura messiânica” a quem as pessoas 
recorrem em épocas de crises espiritual, cultural ou política. Mas também pode ser, como em vários 
movimentos, inspirados pelo Hinduísmo, um “guru” (mestre religioso) que exige a completa obediência 
e devoção de seus discípulos. Oguru em si não é necessariamente divino, mas representa o divino e, 
portanto, pode receber oferendas de seus seguidores (GAARDER, 1993, p. 256).
Outras características comuns aos novos movimentos religiosos é que eles sempre se dizem uni-
versais e aplicáveis para todos. Aparecem como a solução de todos os problemas e oferecem uma vida 
próspera aos seus fiéis. Ao mesmo tempo, é muito comum que sejam usados os nomes de grandes líde-
res religiosos para aprofundar ou melhorar a sua propaganda. Assim usam, sem nenhum medo, o nome 
de Jesus, Moisés, Maomé e Buda e os tomam como precursores. Normalmente, os novos movimentos 
não repudiam as outras religiões, mas as consideram antiquadas.
Normalmente, eles exageram na busca pela experiência interior do indivíduo e ignoram os dog-
mas e as leis das religiões tradicionais. “A experiência interior, segundo eles, propicia uma liberdade 
total, que promove a tranquilidade, a harmonia e a felicidade.” (GAARDER, 1993, p. 256). O problema está 
no fato de que o indivíduo pode encontrar a si mesmo, muitas vezes sem a necessidade da presença 
de Deus, contrariando assim a maioria das religiões. Portanto, sempre lembrem-se de que precisamos 
buscar o equilíbrio nas práticas religiosas e não chegar ao fanatismo religioso.
9|Movimentos religiosos no Brasil
Religiões africanas 
O tráfico de escravos 
A colonização do Novo Mundo, a partir do século XVI, mudou para sempre a história da África. 
Vulneráveis, entre outros motivos devido a uma sucessão de lutas tribais, os negros africanos tornaram-
se presas fáceis dos exploradores do tráfico de escravos. Conquistadores da França, da Inglaterra, da 
Holanda e de Portugal disputavam essa mão de obra, importante para o aproveitamento das riquezas 
naturais e para o cultivo de terras na América.
Inicialmente, os negros eram capturados pelos muçulmanos que os trocavam com os portugue-
ses por prisioneiros de conquistas marítimas. Aos poucos, o tráfico de escravos organizou-se e deixou 
de ser ilegal, contando com o apoio e a proteção de todos os governos. O comércio de negros só ter-
minaria com a Revolução Industrial na Europa, que deu origem a um novo modelo econômico.
A captura de negros 
Vemos também que os mouros eram os intermediários entre os portugueses e os grandes fornecedo-
res de escravos. Todavia, com o decorrer do tempo, as negociações passaram a ser feitas diretamente com 
os régulos (chefes tribais) nas aldeias. Os negros eram quase sempre caçados pelos próprios mercadores, 
mediante o pagamento de um tributo aos régulos. Eles eram arrastados até o litoral e embarcados em navios 
negreiros. Antes de cruzarem os mares em direção aos novos domínios, eram marcados com ferro em brasa 
no ombro, no peito ou na coxa. Muitos não sobrevivam à viagem devido às péssimas condições da traves-
sia. Calcula-se que de 3 a 5 milhões de africanos tenham morrido confinados em cubículos nos portos, nos 
porões dos navios e nas guerras tribais ocasionadas pelo comércio escravagista. O tráfico negreiro durou 
três séculos. Nesse período, cerca de 10 a 15 milhões de africanos chegaram à América. Estima-se que de 
500 a 7 mil deles foram levados para a América do Norte. Os demais foram trazidos para as Américas do Sul 
e Central.
A origem dos escravos
O trecho da costa africana localizado entre Cabo Verde (Senegal) e Luanda (Angola) tornou-se 
uma reserva de escravos para as plantações do Novo Mundo. Dos cerca de um milhão de africanos 
aprisionados pelos portugueses no início do século XVII, mais da metade era de Angola, do Congo e 
de Benin. Os demais escravos foram capturados na Costa do Ouro (Gana) e da Senegâmbia (entre o rio 
Senegal e as ilhas Sherbo, em Serra Leoa).
10 | Movimentos religiosos no Brasil
A história mostra que no ano de 1640, quando se libertou da dominação espanhola, a monarquia 
portuguesa conservava apenas algumas possessões africanas e o Brasil. As colônias africanas passaram 
a ser meras fornecedoras de escravos para as plantações brasileiras de cana-de-açúcar, que representa-
vam, naquela época, a mais importante fonte de divisas para Portugal.
Chegada ao Brasil
Os portugueses tinham autorização para escravizar índios. Mesmo sendo um fato negativo, mui-
tos o fizeram. Mas, como o tráfico de negros mostrou-se altamente lucrativo, eles deram preferência à 
escravização de africanos. O lucro chegava a 600%. Todos ganhavam: a burguesia europeia, que mon-
tou entrepostos de escravos na costa africana; a Coroa Portuguesa, que cobrava altos impostos dos 
senhores de engenho, não só pela importação de escravos, como também pela exportação do açúcar 
produzido pela mão de obra negra; e os próprios colonizadores, que tinham à disposição trabalhadores 
escravos, que podiam ser negociados como mercadoria.
Os primeiros escravos chegaram ao Brasil em 1549. Dez anos depois, cada senhor de engenho 
recebeu um Alvará Real com permissão para adquirir 120 negros, pagando um terço de seu valor como 
imposto de importação. Os escravos vinham de Angola, de Moçambique, da Costa do Marfim, de Serra 
Leoa, de Gâmbia, da Nigéria, da Libéria, do Congo, de Cabinda e de Bissau. Entre eles havia integrantes 
de culturas diversas e milenares como nagôs, jejes, minas, mandingas, hauçás, fulas, benguelas, tapas e 
angicos. Estima-se que no século XVI tenham chegado ao país cerca de 100 mil escravos negros – núme-
ro superior ao de brancos que viviam aqui naquela época. Até o fim do tráfico negreiro para o Brasil, em 
1850, calcula-se que entre 4 e 5 milhões de escravos chegaram ao país, onde o regime de escravatura 
só foi abolido em 1888.
Religiões afro-brasileiras
Apesar de lamentarmos profundamente o tráfico de escravos, foi por meio dele que recebemos no 
país uma riqueza enorme de cultura. A fusão de crenças e costumes africanos, católicos e indígenas deu 
origem a uma nova cultura religiosa, representada principalmente pela Umbanda e pelo Candomblé. 
Na época da escravidão, os cultos africanos foram condenados e perseguidos pela Igreja Católica. 
As práticas, quase sempre clandestinas, e a natureza secreta de alguns rituais deixaram poucos registros 
dos costumes religiosos dos negros africanos no Brasil. A documentação sobre esses rituais, produzida 
por autoridades, desqualificou e reduziu a religiosidade negra à mera feitiçaria. Ainda hoje, quando o 
número de praticantes e simpatizantes chega a 70 milhões de pessoas, segundo a Federação Nacional 
de Tradição e Cultura Afro-brasileira, os cultos afro-brasileiros enfrentam preconceitos, críticas e ataques 
de alguns segmentos da sociedade.
O Candomblé
Essa é a religião afro-brasileira mais influente no país. A base de sua prática é a reverência e o culto 
aos orixás. Olorum é considerado o ser supremo, o princípio das coisas. Os orixás, emanações de Olorum, 
11|Movimentos religiosos no Brasil
originaram-se dos ancestrais dos clãs africanos, divinizados há mais de 5 mil anos. Embora sejam asso-
ciados aos santos cristãos, possuem características humanas como a vaidade, a raiva, a força e o ciúme.
As diferentes origens dos escravos explicam a multiplicidade de manifestações do Candomblé 
pelo território brasileiro. Em cada canto do país, pratica-se um tipo de culto, mas preserva-se certa uni-
dade em torno da liturgia e das crenças originais, trazidas pelos africanos.
Rituais e pedidos
Os cultos do Candomblé são realizados no terreiro, também denominados “roça” ou “casa de san-
to”, usado simultaneamente como templo e moradia. Durante os rituais, o terreiro é decorado de acordo 
com as cores do orixá cultuado, os participantes entoam cantos de louvor e fazem diversas oferendas 
a essa divindade. Algumas cerimônias, especialmente quando há oferenda de animais sacrificados, são 
restritas aos iniciados.
Tanto os devotos de orixás como os simpatizantes do Candomblé recorrem aos terreiros em bus-
ca de proteção, de saúde, de prosperidade, de paz e de ajuda para a resolução de problemas existen-
ciais, como o desemprego e as desilusões amorosas.Muitas pessoas procuram os terreiros para enviar 
ou desfazer um “trabalho de demanda” (magia para prejudicar).
No Candomblé, a consulta aos orixás é feita principalmente por meio da leitura de jogos divina-
tórios, como os búzios. A resolução do problema apresentado exige a utilização de ebós, oferendas, 
orações e rituais africanos, de acordo com a complexidade de cada caso.
Os terreiros
Nessa espécie de templo, o dia a dia dos mortais mistura-se com os rituais dos orixás. Em muitos 
casos, a divisão dos espaços de um terreiro lembra os egbes – antigas habitações coletivas dos clãs dos 
povos de língua iorubá. Nos quartos-de-santo ficam os pejis (altares) e os assentamentos (as represen-
tações com objetos e símbolos dos orixás). O espaço do santuário, no qual se fixa o axé, a força do so-
brenatural, é extremamente sagrado. Alguns orixás possuem quartos dentro da casa, enquanto outros, 
apenas na área externa. As festas que reúnem os fiéis e as divindades do Candomblé são promovidas 
no barracão.
Orixás e sincretismo no Candomblé 
Essas divindades estão ligadas à força da natureza e possuem um equivalente entre os santos do 
catolicismo.
Oxalá, deus da criação, equilibrado e tolerante, mantém sincretismo com Nosso Senhor do Bonfim.
Oxóssi, deus da caça, pode representar São Jorge ou São Sebastião.
Ogum, deus da guerra e do ferro, equivale a Santo Antônio ou São Jorge.
Omolu ou Obaluaê, deus das doenças, é relacionado a São Lázaro e São Roque.
Xangô, deus do fogo e do trovão, corresponde a São Jerônimo ou São Pedro.
12 | Movimentos religiosos no Brasil
Iansã, deusa dos ventos e das tempestades, relaciona-se com Santa Bárbara.
Oxum, deusa das águas doces, da fecundidade e do amor, equivale a Nossa Senhora da Conceição 
ou Nossa Senhora das Candeias.
Oxumaré, deus da chuva e do arco-íris, representa São Bartolomeu.
Ossaim, deus da folhas e ervas medicinais, corresponde a São Benedito.
Nanã, deusa da lama e do fundo dos rios, representa Nossa Senhora Santana.
Iemanjá, deusa dos mares e oceanos, corresponde a Nossa Senhora da Conceição ou Nossa Se-
nhora da Glória.
Exu, que aparece nas experiências do candomblé, não é um orixá, mas um intermediário entre 
este e os seres humanos.
Liderança religiosa
O processo ritualístico do candomblé é comandado por um 
pai de santo, chamado de babalorixá, ou por uma mãe de santo, 
chamada yalorixá. A função dos dois, além de incorporar o seu orixá, 
é dar licença aos seus seguidores para que levem diante dele seus 
pedidos e desejos.
A Umbanda
A Umbanda surgiu na década de 1920, no Rio de Janeiro. Com 
o passar dos anos, foi se propagando pelo Brasil e tomando conota-
ção de “religião universal” (GAARDER, 2000, p. 298).
A preocupação dos umbandistas não é manter ou preservar as raízes africanas, mas sim pensar 
suas raízes como brasileiras. É afro, mas afro-brasileira. Assim, encontramos nesta religião uma caracte-
rística importante a ser ressaltada:
[...] a Umbanda também pode ser dita religião brasileira porque é resultante de um encontro histórico único, que 
só se deu no Brasil: o encontro cultural de diversas crenças e tradições religiosas africanas com as formas popula-
res de Catolicismo, mais o sincretismo hindu-cristão trazido pelo Espiritismo Kardecista de origem europeia. Eis aí 
a Umbanda, um sincretismo religioso originalmente brasileiro. (GAARDER, 2000, p. 299)
Na Umbanda, a divindade maior é adorada sob vários nomes, especialmente Zambi, que é tido 
como perfeito e não criado ou concebido. Notem o sincretismo. Logo a seguir, vem o Orixá-maior, 
chamado de Oxalá, identificado com Jesus Cristo e que está no comando dos orixás (semelhante aos 
anjos no catolicismo romano) e dos santos (espíritos evoluídos e desencarnados, semelhantemente ao 
pensamento Kardecista). 
Os orixás e os santos têm como função comandar as linhas (faixas de vibração espiritual correspondentes a cada 
elemento da natureza, semelhantes à vivência religiosa indigenista) e os chefes de falange (entidades espirituais 
evoluídas que servem como guias a um conjunto de espíritos de menor evolução em relação aos orixás e que vibram 
na mesma linha espiritual; são também conhecidos como entidades). Os espíritos de menos evolução guiados pelos 
Iemanjá.
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13|Movimentos religiosos no Brasil
chefes de falange são como guias espirituais, espécie de mensageiros dos orixás e santos, que se manifestam como 
caboclo (espírito dos índios), pretos velhos (espíritos de escravos africanos) e crianças, a fim de trazerem aos homens 
ainda encarnados as mensagens dos orixás. (STEFFEN, 2000, p. 62)
Os terreiros são organizados em sete linhas tradicionais: de Oxalá, de Iemanjá, de Oxóssi, de 
Xangô, do Oriente ou das crianças, africanas ou das almas e de Ogum. Na Umbanda, a consulta é 
feita por meio de um médium, e os “trabalhos” são realizados pelo espírito que está incorporado nele 
durante os rituais.
A liderança religiosa
O pai de santo e a mãe de santo são quem comandam os rituais. Eles fazem parte da chamada 
hierarquia espiritual.
O pai/mãe de santo, ao incorporar seu orixá/guia, deixa-se levar pela incorporação, permitindo que ele se manifeste 
dentro de suas qualidades específicas. Fazem parte de suas funções: incorporar o espírito protetor, identificar os espíri-
tos que baixam, riscar o ponto, explicar a doutrina, dar os passes, curar as doenças e adivinhar pelos búzios. (STEFFEN, 
2000, p. 64)
Assim temos uma ideia de como funciona a Umbanda e os seus rituais. É claro que existem mui-
tos pontos que podem ser aprofundados, mas nossa intenção aqui é a de resumir as características 
mais importantes.
Espiritismo
Os alunos sempre pedem para que falemos sobre o Espiritismo, pois principalmente no Brasil 
encontramos muitas pessoas adeptas a essa religião. Aliás, a pergunta é: o espiritismo é uma religião? 
Muitos espíritas fazem questão de dizer que espiritismo não é religião, mas ciência.
Origem do Espiritismo
O Espiritismo surgiu na França com Leon Hippolyte Denizard 
Rivail, conhecido como Allan Kardec (1804-1869). Foi ele quem “sis-
tematizou uma série de conhecimentos religiosos e deflagrou um 
movimento que se definia, ao mesmo tempo como ciência, filosofia e 
religião” (STEFFEN, 2000, p. 38).
Allan Kardec foi quem trouxe em sua sistematização os mi-
lenares conhecimentos evolucionistas. Retoma a reencarnação e a 
Lei do Carma, como no Hinduísmo. Também fala sobre a pluralidade 
dos mundos, isto é, a existência de vários planos habitados, já que a 
Terra não é o único mundo habitado, mas um planeta material e dis-
tante da perfeição. Esses pensamentos distanciaram o Espiritismo 
do Cristianismo, já que são contrários ao pensamento cristão. Allan Kardec.
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14 | Movimentos religiosos no Brasil
Como o Espiritismo entende o ser humano
A visão do Espiritismo sobre o ser humano é tridimensional. Os elementos são os seguintes:
o corpo: sem valor em si mesmo, é a parte menos nobre do ser humano e só adquire valor na ::::
medida em que possibilita uma relação com o planeta Terra;
o espírito ou alma: de criação divina, é o princípio inteligível responsável pelo pensamento, ::::
vontade e senso moral; é portador do livre-arbítrio, ou seja, da capacidade de escolher quais 
atos executar (os atos bons privilegiam a caridade, enquanto os maus, a materialidade). A 
união do espírito com o corpo se dá a partir da concepção, iniciando assim a possibilidade de 
decidir por atos que permitirão ou não a evolução da dimensão espiritual;
o perispírito: é a condensação de um fluido universal, normalmente invisível, que possibilita e ::::
explica as aparições nas sessões espíritas. É como se fosse um envoltório do espírito, necessá-
rio para a união das duas dimensões anteriores e razão pela qual o perispírito não é só material 
e nem só espiritual (STEFFEN, 2000, p. 40).
Como o Espiritismo entende o mundo
O mundo é concebido em dois planos: o material, onde habitam os espíritos encarnados ou aque-
les a quem chamamos deseres humanos vivos; e o espiritual, onde habitam os espíritos desencarna-
dos. 
A comunicação entre os dois planos só é possível graças ao médium, que tem a função de 
intermediar e interpretar os espíritos por meio de diferentes aptidões, que o tornam capaz de cap-
tar e transmitir as mensagens recebidas. Os sinais podem ser emitidos de várias maneiras como: 
com efeitos físicos – batidas, levitação, transporte de objetos; auditivos – sons; artísticos – pintura, 
desenho, poesia, romance, musicais; e psicográficos – captação da escrita desenvolvida por um 
espírito desencarnado.
Finalmente, Espiritismo é um assunto atual. As novelas vêm há muito tempo discutindo vários as-
suntos sobre fenômenos espíritas. Frequentemente, vemos ou ouvimos falar das experiências de “quase 
morte”. Muitas pessoas que já estiveram próximas da morte afirmam que a sua alma deixou o corpo. São 
as experiências extracorporais. O exemplo mais citado é o de pessoas que, deitadas na mesa de opera-
ção, foram puxadas para um estado espiritual, voltando depois para o corpo.
As religiões que vimos neste capítulo são interessantes de serem estudas e pesquisadas. Encon-
tramos milhares de brasileiros adeptos a elas. Nossa questão aqui não é dizer se é certo ou errado prati-
car o Candombé, a Umbanda ou o Espiritismo. Apenas é bom ressaltar que é difícil praticar o Catolicis-
mo, por exemplo, e ao mesmo tempo optar por estes rituais. As concepções de origem, sentido da vida 
e destino são muito diferentes. 
15|Movimentos religiosos no Brasil
Atividades
1. Você já observou a diversidade de movimentos religiosos que encontramos no Brasil? Faça uma 
relação dos que você conhece.
2. Como você analisa a questão do sincretismo religioso?
3. No seu entender, Espiritismo é ciência ou religião? Explique.
16 | Movimentos religiosos no Brasil
Ampliando conhecimentos
Existe um livro interessante e de linguagem fácil sobre o assunto desta aula:
ZICMAN, Renée; MOREIRA, Alberto. Misticismo e Novas Religiões. Petrópolis: Vozes, 1994.
Autoavaliação
1. Como você avalia os movimentos afro-brasileiros e de que forma você detecta traços da Umbanda 
e do Candomblé na cidade onde mora?
Referências
KUCHENBECKER, Valter. O Homem e o Sagrado. Canoas: Editora da Ulbra, 2000.
STEFFEN, Ronaldo. As grandes religiões do mundo. In: KUCHENBECKER, Valter. O Homem e o Sagrado. 
Canoas: Editora da Ulbra, 2000.
ZICMAN, Renée; MOREIRA, Alberto. Misticismo e Novas Religiões. Petrópolis: Vozes, 1994.
 Resumo
A maior de todas as grandes religiões. Jesus surpreendeu com sua 
mensagem, uma proposta de vida nova para seus seguidores. Uma es-
perança ligada não somente a esta vida, mas também à eternidade. É 
difícil falar do Cristianismo sem vivê-lo. Quem o vê de fora muitas ve-
zes não compreende o quanto ele pode mudar a vida de alguém. Isso 
porque ser cristão exige fé acima de tudo. Neste texto você vai ler um 
pouco sobre a história do Cristianismo. Mas, apesar de todos os dados 
históricos, é fundamental entender a essência desta religião. 
O Cristianismo I
Conhecer Jesus é fundamental
Note como são interessantes as anotações do historiador Huston Smith, um dos grandes estudio-
sos das religiões. Retiramos estas frases do seu livro As Religiões do Mundo (1991).
Jesus convidou o povo a ver as coisas de um modo diferente, certo de que, se elas o fizessem, ::::
seu comportamento mudaria de acordo com a nova visão.
Jesus usou particularidades que faziam parte do mundo das pessoas: grão de mostarda e solo ::::
rochoso, servos e senhores, casamentos e vinhos. Essas particularidades deram aos seus ensi-
namentos um toque de realidade; ele estava falando de coisas que realmente faziam parte do 
mundo de seus ouvintes.
Nós vimos a sua glória. Existe no mundo, escreveu Dostoiévski, somente uma figura de beleza ::::
absoluta: Cristo. Essa figura infinitamente bela é um milagre infinito.
18 | O Cristianismo I
Toda a sua vida foi de humildade, doação de si e de um amor ::::
totalmente altruísta. A prova suprema de sua humildade é a im-
possibilidade de descobrirmos exatamente o que Jesus pensa-
va de si mesmo.
Jesus gostava das pessoas e elas, por sua vez, gostavam dele. ::::
Elas o amavam; amavam-no intensamente, e eram muitas.
Chegou um momento em que eles sentiram que, olhando ::::
para Jesus, olhavam para algo semelhante a Deus em forma 
humana. Nós vimos a sua Glória [...] cheio de graça e verdade 
(João 1.14).
O amor ágape1
Uma das primeiras observações sobre os cristãos feitas por um estranho é “Veja como esses cris-
tãos amam-se uns aos outros”. Uma parte integrante dessa atenção mútua era a ausência total de barrei-
ras sociais; tratava-se de uma confraria de iguais, como definiu uma estudiosa do Novo Testamento. Ali 
estavam homens e mulheres que não só diziam que todos eram iguais aos olhos de Deus, mas também 
viviam de acordo com essa afirmação.
Ficar triste na presença de Jesus era uma impossibilidade existencial. Essa era uma qualidade dos 
cristãos. Também, as palavras de Jesus foram claras: “que a minha alegria esteja convosco e a vossa ale-
gria seja completa” (João 15.11).
Os estranhos ficavam perplexos. Aqueles cristãos, espalhados aqui e ali, não eram numerosos, 
não eram ricos nem poderosos. Na verdade, enfrentavam mais adversidades do que o indivíduo médio. 
Porém, em meio às provações, haviam encontrado uma paz interior que se expressava numa alegria que 
parecia exuberante.
O único poder capaz de realizar transformações como essa que descrevemos é o amor. O amor 
só cria raízes nas crianças quando chega até elas. É um fenômeno reativo e, literalmente, uma resposta. 
Deus amou primeiro. Não é difícil imaginar a mudança que teria se processado nos primeiros cristãos ao 
se descobrirem amados por Deus. O amor que as pessoas aprenderam com Cristo envolvia pecadores e 
marginais, samaritanos e inimigos.
Completamente convencidos disso, os discípulos saíram para conquistar um mundo que, acredi-
tavam, Deus já conquistara para eles.
1 Ágape: é o amor fraternal entre os cristãos, ordenado por Jesus no Novo Testamento, que se expressava de três maneiras práticas: na doação 
de esmolas – daí ágape ser traduzido por caridade –, em reuniões da igreja e saudações cristãs – demonstradas pelo ósculo (beijo) –, e nas 
refeições nas quais os crentes participavam.
Jesus Cristo.
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.
19|O Cristianismo I
A história
No início do século I, quando surge o Cristianismo, toda a região do mar Mediterrâneo está sob o 
poder de Roma. A história dessa religião está ligada à história do Império Romano e à do povo hebreu. 
Aliás, para se conhecer a história do Cristianismo é necessário também um bom conhecimento do Ju-
daísmo. Os profetas do Antigo Testamento já anunciaram, muitos anos antes, a vinda do Messias, de 
um libertador. A Palestina, Terra Prometida por Deus aos hebreus, sofreu, ao longo dos anos, um enfra-
quecimento político e social. O povo, que havia passado por anos de prosperidade e de unidade sob os 
reinados de Davi e Salomão, estava abalado pelas disputas internas entre diversas tribos. Após a morte 
do Rei Salomão, em 931 a.C., a Palestina foi dividida em reino do norte (Israel) e do sul (Judá) e sofreu 
sucessivas invasões até cair em poder dos romanos, por volta de 60 a.C. 
O nascimento de Jesus
Os evangelhos relatam que Jesus foi concebido pela força do Espírito Santo e foi dado à luz por Maria, 
uma jovem virgem pertencente à tribo de Judá e à descendência de Davi. O menino-Deus dos cristãos nas-
ceu na cidade de Belém quando Herodes governava a Judeia (antigo reino de Judá). Ele cresceu em Nazaré, 
pequena cidade da região da Galileia, na atmosfera simples de uma casa de carpinteiro. Não encontramos 
nos evangelhos um relato sobre a juventude de Jesus. O último relato acontece no templo, em Jerusalém, 
quando Jesus, aos 12 anos, é encontrado conversando com os doutores da lei. Depois disso o evangelho 
resume: “E crescia Jesus em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens”. 
A pregaçãoJesus começa a pregar após ser batizado por João Batista. A sua pregação é o anúncio de um 
novo reino. Ele chama o povo ao arrependimento e anuncia o perdão de Deus. Arrependimento signifi-
ca transformação. É mudança de vida. O cristão que se arrepende dos seus pecados muda a sua forma 
de viver. Vive para o próximo, vive pela fé em Deus – o Criador, e ama como Deus ama o seu povo. 
O objetivo dos evangelhos não era a veracidade histórica, e sim a proclamação de uma mensa-
gem. Eles explicam o sentido da morte de Jesus, do seu sacrifício e da sua ressurreição. Os evangelhos 
mostram que Jesus de fato tinha autoridade divina e que de fato ressuscitou. A fé cristã não pode ser 
justificada por meios científicos, nem refutada com base nesses métodos.
Jesus – o mestre
Jesus era chamado rabi – “mestre” ou “professor”. Não foi por acaso que ele reuniu multidões de 
pessoas. Suas parábolas2 e sermões eram preciosos. Falava por meio de máximas, por meio de conversas 
com os discípulos ou com pessoas que encontrava. Leia, posteriormente, a conversa que Jesus teve com 
o jovem rico. Ela está no evangelho de Mateus, capítulo 19, versículos 16 a 26. Outro método de pregar 
era por meio de sermões. O mais interessante é o Sermão da Montanha. 
2 Analogias, comparações por meio das quais se apresentava um fato do cotidiano com significado celeste.
20 | O Cristianismo I
As parábolas se constituíram numa das melhores formas de ensinar. As histórias de Jesus sempre 
foram usadas para dar um sentido às perguntas dos discípulos e dos demais seguidores. Para que vocês 
tenham uma ideia dos ensinos de Jesus, há três parábolas encontradas na Bíblia Sagrada, no Novo Testa-
mento, livro de Mateus, que resumem de modo magistral o seu ensino a respeito do amor de Deus para 
com a humanidade, do amor que seus seguidores têm a ponto de perdoar seus ofensores e do amor 
que olha para o lado e os move a assistir quem dele necessita.
A morte de Jesus
A ação de Jesus, sua mensagem, a maneira de lidar com as pessoas, seus milagres, a quebra de 
muitas tradições, também criaram sentimento de ódio nos seus opositores. As críticas de Jesus não eram 
baseadas em questões econômicas ou políticas; sua preocupação maior e fundamental estava na auten-
ticidade das relações humanas e na sinceridade de propósitos com as quais as pessoas esperavam cultuar 
a Deus. Por isso criticou o templo, os sacerdotes, os mestres de lei, os escribas. Poucas pessoas compreen-
deram a essência da sua mensagem. Por isso, também foi levado a morrer numa cruz. Foi considerado um 
desordeiro, um perigo para a sociedade e para os interesses dos governantes e religiosos.
A morte de Jesus.
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O que precisamos compreender é que a morte de Jesus, para os cristãos, era algo anunciado pe-
los profetas no Antigo Testamento. Ele é visto como verdadeiro homem, mas também como verdadeiro 
Deus. Segundo a Bíblia, Jesus assumiu a forma de homem para sofrer e morrer, pagando a culpa pelos 
pecados de toda a humanidade. Ao que crer nele, é assegurado o perdão de pecados, a ressurreição do 
seu corpo para a vida eterna.
A ressurreição
 Este é o ponto-chave, a mensagem cristã. Jesus morreu, mas ressuscitou dentre os mortos. Um 
simples homem não faria isso. É algo racionalmente impossível para qualquer ser mortal, mas não para 
21|O Cristianismo I
Deus. Deus mostra à humanidade que é maior do que a morte. Jesus venceu a morte e está na presença 
do Pai. A ressurreição é que dá legitimidade ao Cristianismo. Sem ela, a vida e a obra de Jesus não fariam 
sentido. Por isso os cristãos anunciam que “Cristo vive”. 
Uma das piores coisas do mundo é perder alguém que se ama. A morte é cruel, é dura. Ela ceifa a 
vida de pessoas idosas, de meia-idade, de jovens e de crianças por meio de doenças incuráveis como o 
câncer ou a aids, infartos, acidentes e assim por diante.
Ela liquida com sonhos de trabalho, estudo, namoro, casamento, viagens etc.
Deus não a criou. Ela é consequência direta da desobediência dos primeiros homens, Adão e Eva. 
É o salário do pecado (Romanos 6.23). E como cada ser humano tem cometido pecados por meio de 
pensamentos, desejos, palavras e ações, todos, dia mais, dia menos, morrerão.
Para muitos, a morte é o fim de todas as coisas. Contudo, a Bíblia Sagrada diz que tudo não termi-
na com ela, que existe a ressurreição. A ressurreição de Lázaro (João 11.1-46) é prova disso.
Certa vez, este amigo de Jesus, Lázaro, estava doente. Suas irmãs, Maria e Marta, imediatamente 
mandam avisá-lo, dizendo: “Está enfermo aquele a quem amas”. Jesus não sai imediatamente do lugar 
em que se encontrava para auxiliá-lo. Lázaro morre e é sepultado.
Quatro dias depois de Lázaro ter sido sepultado, Jesus chega à Betânia. Marta vem ao seu encon-
tro e lhe diz: “Se estivesse aqui, meu irmão não teria morrido”. Jesus retrucou dizendo que ele iria res-
suscitar. Maria o crê, só que para o fim dos tempos, no último dia. Jesus, porém, afirma: “Eu sou a ressur-
reição e a vida, quem crê em mim, ainda que morra, viverá”. O que Jesus estava dizendo era que ele era 
Senhor sobre a morte, e que ele ressuscitaria a seu amigo Lázaro. De fato, aquilo que parecia impossível 
aos olhos de todos, aconteceu: Lázaro ressuscitou depois de quatro dias de sepultamento.
Jesus ressuscitou, segundo os evangelhos, muitas pessoas. Entre elas citamos Lázaro, o filho de 
uma viúva da cidade de Naim, e a filha de Jairo. Ele próprio ressuscitou ao terceiro dia e prometeu que 
no último dia todos ressuscitarão.
Todos os cristãos sabem que irão morrer. O que eles não sabem é quando isso acontecerá. Talvez 
dentro em breve, repentinamente. Talvez depois de doença prolongada, ou depois de atingirem uma 
idade avançada. Vivendo pouco ou muito, eles creem que ressuscitarão e isso os consola. Para eles, esta 
é a mensagem central da Igreja Cristã: existe ressurreição porque Cristo ressuscitou. Ele, Jesus, vive; 
portanto, eles também viverão. E é esta a mensagem que tem consolado cristãos de todas as idades 
quando precisam se despedir de alguém que amam.
Nossa sugestão é que você faça uma leitura de um dos evangelhos. É o relato fiel do nascimen-
to, vida e morte de Jesus. A fé do cristão está baseada nestes relatos. A Igreja Cristã acredita que estes 
textos são revelados por Deus. Por isso também são inquestionáveis. Pegue uma Bíblia, abra no Novo 
Testamento e escolha entre os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas ou João.
Não podemos esquecer que a história do Cristianismo é uma continuação da História do povo ju-
deu. Jesus é o Messias prometido pelos profetas já no Antigo Testamento e suas características fecham 
com os textos de Isaías, por exemplo.
22 | O Cristianismo I
Atividades
1. Como você entende a questão do nascimento de Jesus, gerado pelo Espírito Santo?
2. Qual a importância da ressurreição de Jesus para o Cristianismo?
3. Após a leitura do texto, procure discutir com os colegas e amigos o sentido da morte de Jesus.
23|O Cristianismo I
Ampliando conhecimentos
Recomendo, para um conhecimento maior do tema, a leitura de um dos Evangelhos que conta a história 
de Jesus. Pode ser os Evangelhos de Mateus, Marcos ou Lucas. 
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Revisada e atualizada. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
Autoavaliação
1. O que você entende ser importante na mensagem do Cristianismo? Que tipo de aplicação prática 
é possível fazer para uma vida mais feliz?
24 | O Cristianismo I
Referências
BÍBLIA. Potuguês. Bíblia Sagrada. Tradução de: Almeida. Revista e atualizada. São Paulo: Sociedade 
Bíblica do Brasil, 1999.
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Edição revisada e atualizada. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 
1991.
KUCHENBECKER, Valter. O Homem e o Sagrado. Canoas: Editora da Ulbra, 2000.
SHIMITH, Huston. As Religiões do Mundo. São Paulo: Cultrix, 1991.
 Resumo
Vamos fazer neste texto uma reflexão maior sobre o Cristianismo e como 
a fé cristã pode ser colocada em prática. Praticamente todo o texto foi 
trabalhadopor um colega nosso da disciplina de Cultura Religiosa, o 
professor Egon Seibert, que escreve do coração.
O Cristianismo II
A Bíblia – livro sagrado do Cristianismo 
Is
to
ck
ph
ot
o.
A palavra Bíblia significa conjunto de livros, o que ela na verdade é, sendo que se divide em dois 
grandes blocos, o Antigo (AT) e o Novo (NT) Testamentos. A palavra testamento lembra aliança ou acor-
do, estabelecidos entre Deus e os seres humanos. No caso do AT, o mesmo refere-se a Abraão, que 
recebeu a promessa de vir a ser uma grande nação, de onde viria o Messias, o Redentor de todos os 
26 | O Cristianismo II
homens. Também lembra a libertação da escravidão do Egito através do sangue do cordeiro. Quanto 
ao NT, é lembrado o cumprimento da promessa de que o Messias veio na pessoa de Jesus, que ele salva 
os homens da morte eterna com o derramar do seu sangue – o sangue da nova aliança – e envia seus 
mensageiros ao mundo para pregar seu evangelho. Para facilitar a sua leitura, a Bíblia foi dividida em 
capítulos e versículos (SEIBERT, 2002).
Antigo Testamento
É formado por 39 livros, escritos em hebraico e aramaico pelos profetas, de mais ou menos 1260 
até 400 a.C.
Livros
Livros da Lei (Pentateuco);
Históricos – Josué até Ester;
Poéticos – Jó até Cantares de Salomão;
Profetas maiores – Isaías até Daniel;
Profetas menores – Oséias até Malaquias.
Conteúdo do Antigo Testamento
Destacamos:
Criação do mundo em seis dias;
Queda em pecado pelos primeiros homens;
Promessa do Messias, Redentor;
Formação e história do povo de Israel;
Profecias sobre Jesus: Gênesis 3.15, 12.2; Isaías 7.14, 53.4-11; Miquéias 5.2; Salmo 16.10.
Novo Testamento
É formado por 27 livros, escrito em grego pelos evangelistas e apóstolos entre 50 até 100 d.C.
Conteúdo do Novo Testamento
Destacamos:
quatro evangelhos que narram vida, ensinos, milagres, sofrimento, morte, ressurreição e ::::
ascensão de Jesus;
27|O Cristianismo II
atos dos Apóstolos: iniciando pela ascensão, narra o Pentecostes, a formação da Igreja Cristã, o ::::
seu desenvolvimento, as suas atividades e as perseguições que Jesus sofreu;
cartas: Paulo (13), Pedro, Judas, Tiago; Hebreus (não se sabe o autor), João;::::
profecia: Livro de Apocalipse – Revelação. ::::
A Bíblia contém duas grandes doutrinas, a Lei e o Evangelho. Veja as suas diferenças no quadro 
abaixo: 
A Lei O Evangelho
Ensina o que nós devemos fazer ou 
deixar de fazer.
Ensina o que Deus fez e ainda faz pela 
nossa salvação.
Manifesta o nosso pecado e a ira de Deus.
Manifesta o nosso Salvador e a graça 
de Deus.
Exige, ameaça e condena eternamente 
quem não cumpre os mandamentos.
Promete, dá e sela o perdão, vida e 
Salvação e crê em Jesus.
Provoca a ira no homem e o afasta de 
Deus.
Chama e atrai para Cristo, opera a fé.
Deve ser pregada aos impenitentes. Anuncia-se aos atemorizados.
A lei serve como freio (impedindo que 
o mal tome conta do mundo), espelho 
(revelando os erros humanos), e norma 
(mostrando ao ser humano como agir).
O Evangelho é a boa-nova da graça do 
amor de Deus em Cristo Jesus (João 
3.16), e motiva o cristão à prática das 
ações que agradam.
 Esse é o livro sagrado do Cristianismo, a Bíblia. Os cristãos a leem e nela meditam porque a acei-
tam como a palavra de Deus. Eles a creem porque:
ela diz de si mesma que é a palavra de Deus (2Timóteo 3.16: “Toda a Escritura é inspirada ::::
por Deus”);
ela não se contradiz, pois sempre apresenta o mesmo remédio para a enfermidade chamada ::::
pecado: a fé em Cristo;
suas profecias se cumpriram e cumprem. Exemplos: queda em pecado – consequências; di-::::
lúvio; cativeiro e desterro de Israel; a vinda do Salvador Jesus; destruição de Jerusalém (Tito, 
ano 60); perseguições; fim dos tempos – Marcos 13.31: “Passarão céus e terra, mas as minhas 
palavras não passarão”;
ela dá uma explicação às perguntas como: donde vim, para onde vou, por que vivo? (Efé-::::
sios 2.8-10);
seu estudo convence da verdade, de que Jesus é o caminho que conduz à vida eterna (João ::::
14.6). Lema da Ulbra: Ueritas uos liberabit! (João 8.31-32): “Se vós permanecerdes na minha 
palavra, conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (SEIBERT, 2002).
28 | O Cristianismo II
Ensinos de Jesus e a sua prática entre 
os cristãos sobre o amor para com o que retorna arrependido
A Parábola do filho pródigo (Lucas 15.11-32).
Para muitos, em vez de O filho pródigo, a parábola deveria receber o título de O pai que espera 
ou O pai amoroso, porque na verdade retrata o amor de Deus Pai para com aqueles que se afastam 
dele e retornam arrependidos.
A parábola nos apresenta três personagens que queremos analisar:
1.ª O filho mais moço: pede ao pai a sua parte da herança1 que este não tinha obrigação nenhu-
ma de lhe dar. 
 O jovem parte e gasta tudo de maneira dissoluta, extravagante e imoral. Quando o dinheiro aca-
ba, por coincidência surge grande fome. Procura empregos e o que lhe sobra é tornar-se por-
queiro. Aceita o emprego porque imagina que ali pudesse alimentar-se com alfarrobas – vagens 
gigantes, que eram dadas para os porcos comer. Ninguém, no entanto, lhe dá alguma coisa.
 Caindo em si lembra-se da casa do pai, na qual a situação dos escravos era melhor que a sua. 
Resolve voltar, pedir-lhe desculpas e suplicar-lhe que o aceite de volta como escravo.
2.ª O pai: algo interessante Jesus registra – o Pai estava aguardando a volta do filho. Ao vê-lo na 
estrada o reconhece e vai ao seu encontro. Compadece-se dele, abraça-o e beija.
 O filho reconhece sua situação: não tinha nenhum direito, nada para exigir. Só uma súplica: 
aceita-me como um dos teus escravos.
 Aí vem a surpresa: o pai reintegra o filho na família – melhor roupa, anel no dedo, sandálias 
nos pés, novilho cevado, música, danças, festa. Por quê? Este meu filho estava morto e revi-
veu, estava perdido e foi achado.
3.ª O irmão mais velho: este volta do campo depois de uma jornada de trabalho. Ouve o som da 
música, gritos de alegria. Intrigado, pergunta o que estava acontecendo. Ao saber do que se 
tratava, uma reação estranha para aquele momento: indignado, não quer entrar nem partici-
par da festa. O pai o procura e o irmão mais velho quer repreender o pai: estou a tanto tempo 
contigo e nem um cabrito preparas para festejar comigo. Mas este teu filho (não é seu irmão), 
que foi embora e gastou tudo, volta e é recebido com festas? Até o novilho cevado (engordado 
na estrebaria) é abatido para festejar?
 O pai então o chama à realidade: tudo isso aqui é teu. Nada perdeste; a herança continua 
sendo tua. Mas era preciso que nos alegrássemos, pois este teu irmão estava morto e revi-
veu, estava perdido e foi achado.
O ensino dessa parábola:
Jesus, na presente parábola, narra de uma maneira bem clara que Deus é o Pai que recebe o pecador que o busca em ar-
rependimento sincero. Os que retornam, por piores que tenham sido as suas ações do ponto de vista humano, serão por 
ele recebidos (Quem vem a mim, de modo algum o lançarei fora). Ele, porém, aponta para as atitudes, por vezes hipócritas, 
1 De acordo com os costumes de então, um terço dos bens do pai. Depois de recebê-la não teria mais direitos sobre aquilo que o pai viesse a 
adquirir.
29|O Cristianismo II
de quem se julga de sua família e que se dá o direito de discriminar quem errou e que, arrependido, deseja voltar a este 
convívio. Ao invés de lamentar que alguém volta arrependido e é aceito por Deus em sua família, cristãos deveriam 
alegrar-se, pois o que Deus mais deseja é que todos se arrependam dos seus pecados e vivam. (SEIBERT, 2002)
Sobre o perdão ao próximo
O credor incompassivo, sem misericórdia (Mateus 18.21-35)
Jesus é colocado diante de uma questão intrigante: quantas vezes alguém deve perdoar ao seu 
próximo? Alguns admitiam até sete vezes. Jesus, porém diz que devem ser 70 vezes 7, com o que deseja 
mostrar que seus seguidores perdoam sempre. É neste contexto que ele conta a parábola do credor 
incompassivo para ensinar a sua vontade a respeito do perdão.
Na parábola,Jesus fala sobre um rei que ajusta contas com os seus servos. Um deles lhe deve 10 
mil talentos, o equivalente a 480 mil quilos de ouro. Isso hoje representaria no mínimo um valor de 5,5 
bilhões de reais. Como o devedor não tem com o que pagar, o rei manda que seja vendido tudo o que 
ele tem, bem como ele próprio e seus familiares. Desesperado, este se lança aos pés do rei e suplica por 
misericórdia. E não é que o rei o atende e perdoa?
Depois de tamanha generosidade, o perdoado sai aliviado da presença do rei e encontra um con-
servo seu que lhe devia 100 denários. Um talento, 48 quilos de ouro, equivalia a 10 mil denários. Cada 
denário por sua vez correspondia a 4,8 gramas de ouro, o que resultaria num valor de cerca de mais ou 
menos R$5.500,00. Que diferença. O que podia se esperar? Que o que fora perdoado também perdoasse. 
E aí a surpresa: ele lança seu companheiro na prisão de onde só sairia depois de haver pago a dívida.
Os amigos deste por sua vez o delatam ao rei que agora, irado, o chama de servo malvado e o lança na 
prisão, entregando-o aos verdugos (carrascos ou algozes).
Através desta parábola, Jesus quer ensinar que a nossa dívida (de pecados, de erros) diante de Deus 
é tão grande que não podemos resgatá-la. É verdade, muitos o querem fazer. No entanto, segundo Jesus 
isso é impossível. Eis porque o apóstolo Paulo ensinou que é por graça que se é salvo (Efésios 2.8-9).
O que fazer com os nossos pecados? Apelar para o amor de Deus que, por causa de Cristo, nos per-
doa. O apóstolo João recomenda em 1João 1.9: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para 
nos perdoar e purificar de toda a injustiça.”
Assim como Deus nos perdoa devemos também perdoar aqueles que pecam contra nós, que 
nos ofendem. É fácil? Não é não. Mas esta é a vontade de Deus e seu amor, somente ele pode mover-
nos a agir em amor.
Alguns motivos que podem levar alguém a não perdoar:
falta de humildade diante de Deus;::::
desejo de vingança (o outro precisa pagar – muitos casais estragam sua vida por esta causa);::::
desconhecimento da enormidade do amor divino, que sempre está pronto a perdoar.::::
Recomendamos que leiam na Bíblia, Efésios 4.31-5.2, através do site da Sociedade Bíblica do 
Brasil (SEIBERT, 2002).
30 | O Cristianismo II
Sobre o amor ao próximo
O bom samaritano (Lucas 10.25-37)
Um intérprete da lei perguntou certo dia a Jesus o que deveria fazer para herdar a vida eterna. Jesus 
lhe disse: o que está escrito na lei? Ele respondeu: ama a Deus de todo o coração, alma e entendimento e ama 
ao próximo como a ti mesmo. Jesus, por sua vez, falou: faze isto e viverás. Como que se desculpando, o intér-
prete da lei perguntou: quem é o meu próximo? Foi aí que Jesus lhe contou a parábola do bom samaritano.
Um homem fora assaltado, deixado semimorto na estrada. Na estrada de Jerusalém a Jericó pas-
sam pelo assaltado um sacerdote e um levita. Nenhum o assiste. Finalmente Jesus diz que também veio 
um samaritano, inimigo de Israel. E este cuida do homem ferido, leva-o até um pequeno hotel onde 
paga o atendimento que lhe é prestado e promete voltar para pagar todo o tratamento.
É então que Jesus pergunta quem foi o próximo do que fora assaltado? E o intérprete da lei, muito 
contrariado, precisa reconhecer que fora o que usara de misericórdia com ele. Diante disso, Jesus lhe diz: 
vai e procede tu de igual modo.
O amor ao próximo foi uma das características dos cristãos da Igreja Primitiva. Havia entre eles, 
especialmente em Jerusalém, muitos pobres. A Igreja, através de ofertas voluntárias, sustentava seus 
pobres. Especialmente as viúvas recebiam seu rancho semanal.
De repente surge um problema. As viúvas de origem grega sentem-se prejudicadas. Começam a 
receber menor auxílio que as de origem judaica. Reclamam. Pedro então convoca as lideranças e orde-
na que sejam eleitos sete diáconos, sete homens fiéis que cuidem da distribuição do alimento entre os 
pobres. Ele e os demais apóstolos iriam dedicar-se ao que foram incumbidos pelo Senhor Jesus: o ofício 
da oração e da pregação do Evangelho.
A diaconia é o serviço amoroso que o cristão presta ao seu próximo em resposta ao amor de Deus. 
Ela lida com as consequências e causas do pecado: doenças, sofrimentos, pobreza, miséria, ganância, 
preguiça, exploração, luto, solidão, violência (assaltos, estupros, homicídios), guerra, catástrofes natu-
rais, fome, vícios, insensibilidade, solidão, morte.
Sugestões de como se pode demonstrar amor ao próximo:
visitando doentes em seus lares e hospitais (câncer, aids, lepra);::::
visitando idosos (nossos avós ou pais) para conversar, passear (asilos, casas-lares, creches, or-::::
fanatos);
visitando os que sofrem (enlutados, órfãos);::::
visitando os presos;::::
auxiliando os pobres (alimentos, roupas, remédio, estudo, emprego);::::
encaminhando dependentes de drogas ou de álcool às instituições especializadas;::::
olhando pelos portadores de deficiências físicas (hospitais), mentais (APAE), visuais (doação ::::
de córneas), auditivas etc;
lutando contra a poluição, preservando a natureza (lixo, inseticida, biodegradáveis), rios, ar, ::::
florestas, solo;
31|O Cristianismo II
lutando pela justiça social e contra qualquer tipo de discriminação (igualdade no trato ::::
com a lei);
lutando pelo direito à vida (contra o aborto);::::
apoiando o pacifismo (não à violência, à guerra);::::
lutando contra a corrupção – não sendo corruptor nem corrupto;::::
ajudando e orientando migrantes e desempregados;::::
organizando palestras sobre higiene, saúde, drogas, em associações de bairros;::::
participando da vida política do país.::::
O cristão busca inspiração em Jesus e no seu amor. Ele ensinou no Evangelho de João 15.12: 
Amai-vos como eu vos amei. No Evangelho de Mateus 25.31-46 é mostrado que os que creram e produ-
ziram os frutos terão a vida eterna.
No livro O Homem e o Sagrado, o professor Jonas Dietrich descreve a pessoa de Jesus e o seu ensino. Diz: “No en-
sino de Jesus, encontramos a expressão mais íntima de seu extraordinário sentimento de amor para com todas as 
pessoas. Este amor (ágape) é, sem dúvida, a lição mais dura e desafiadora que Deus, na pessoa de Jesus, deixou 
como exemplo aos seus discípulos, para que estes atuassem como instrumentos retransmissores deste sentimen-
to às demais pessoas em palavras, pensamentos e atos”. (SEIBERT, 2002)
Muitos acham entediante fazer a leitura da Bíblia. Tem gente que tem até vergonha de carregar 
a Bíblia. Mas por outro lado, podemos encontrar neste livro temas interessantes para o nosso dia a dia. 
Lá nós encontramos a palavra de Deus. Aliás, como afirmam os cristãos, a Bíblia é a palavra de Deus. Lá 
nós encontramos aquilo que Deus deseja para cada um. Não conheço nenhum livro que tenha uma 
mensagem tão bonita como esta.
Atividades 
1. Leia na Bíblia Sagrada o Salmo 23 e relate o que descobriu nesta poesia.
32 | O Cristianismo II
2. Leia também o texto de Provérbios, capítulo 1, e escreva sobre o sentido do texto em, no máximo, 
dez linhas.
3. O que a Parábola do Filho Pródigo nos ensina para a vida? Lucas 15.11-32.
Ampliando conhecimentos
Ler pelo menos uma das parábolas de Jesus e refletir: como aplicar esta parábola no século XXI.
33|O Cristianismo II
Autoavaliação
1. Como é possível a experiência de perdoar o próximo e amá-lo, mesmo depois de saber que aqui 
incluímos também os nossos inimigos?
34 | O Cristianismo II
Referências
BÍBLIA. Bíblia Sagrada. Tradução de: Almeida. Revista e atualizada. São Paulo: Sociedade Bíblica de 
Brasil, 1999.
SEIBERT, Egon. O Cristianismo. Texto inédito, mas usado nas aulas de Cultura Religiosa da Univer-
sidade Luterana do Brasil, 2002.
 Resumo
No século XVI, causas religiosas, políticas, econômicas e sociais deram ori-
gem à Reforma Luterana. Com isso, chegamos à segunda grande divisão 
do Cristianismo e o fim da hegemonia da Igreja Católica no Ocidente. O 
personagem principal desta história chama-se Martin Luther (Martinho 
Lutero – 1483-1546).Doutor em Teologia, Lutero estudou a Bíblia e lutou 
para retornar à essência do Cristianismo. Notou os desvios do catolicismo 
e chamou a Igreja à reforma. Queria reformar a sua própria Igreja, a Igreja 
Católica Apostólica Romana. As resistências, as discussões teológicas e a 
sua excomunhão levaram ao surgimento de um novo movimento: o Lu-
teranismo.
A Reforma do século XVI
Introdução
Nos séculos XV e XVI, a Europa viveu um período de intensas mudanças políticas, científicas e 
culturais, que marcaram a transição da Idade Média para a Era Moderna. O sistema feudal estava em 
crise, as cidades floresciam e a burguesia ganhava força como classe social. O movimento renascentista, 
iniciado no século XIV, influenciava a arte e o pensamento europeus. A invenção da Imprensa por Gu-
tenberg, em 1450, possibilitava a popularização de textos clássicos e da Bíblia, cujos estudos e a leitura, 
até então, eram restritos ao clero. A Inquisição, comandada pela Igreja Católica Romana, condenava à 
fogueira todos aqueles que ameaçavam sua doutrina ou seu poder político. Portugueses, espanhóis e 
ingleses davam início às grandes navegações, já que a tomada de Constantinopla pelos turco-otoma-
nos, em 1453, havia fechado o caminho mais curto para as Índias, onde mercadores europeus buscavam 
especiarias – esse fato foi marcante para o descobrimento da América, em 1492, por Cristóvão Colombo, 
e do Brasil, em 1500, por Pedro Álvares Cabral.
36 | A Reforma do século XVI
O período foi marcado também pelo fortalecimento das monarquias nacionais, o que suscitava uma 
oposição cada vez mais forte às ingerências da Igreja Católica na vida política e civil dos europeus. 
Este é o quadro que encontramos na época de Lutero, por volta de 1500. É um resumo histó-
rico de uma época que nos leva a horas de leitura agradável, notando a mudança de mentalidade 
de um mundo oprimido pela estagnação da história.
 Lutero
Pode ser que você não tenha lido nada sobre ele, mas vai des-
cobrir na sua história que a vida e as coisas não são mero acaso. Ele 
acreditava que por trás de suas ações, dos seus escritos e das suas 
decisões, Deus estava presente e o conduziu à Reforma de 1517. Aqui 
vai um breve resumo da sua história. 
O meio familiar e a educação
Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483 em Eisleben, uma pequena cidade da Alemanha. 
Seus pais eram de origem camponesa e eram religiosos tradicionais. Seu pai adquiriu, pouco a pouco, 
certo bem-estar por seu trabalho na extração mineira. Não havia na família nem sacerdotes nem mon-
ges. Segundo depoimentos do próprio Lutero, sua educação foi severa e algumas vezes foi castigado 
fisicamente a ponto de fugir de seu pai. Disse ainda que numa determinada vez, por ter pegado uma 
noz indevidamente, apanhou de sua mãe até sangrar.
Sua formação escolar ocorreu em três etapas:
de 1488 a 1497, frequentou a escola municipal de Masfeld. Ali aprendeu os rudimentos do la-::::
tim, o canto e, com toda a certeza, as expressões principais da fé cristã: os dez mandamentos, 
o pai-nosso, a ave-maria, o credo. Os métodos empregados na escola eram os tradicionais, 
fundados em particular na memorização e sem excluir o uso frequente de pancadas;
de 1498 a 1501, foi aluno em Eisenach. Ali frequentou a “escola do Trívio”, uma escola que ensi-::::
nava as três disciplinas fundamentais: a gramática, a retórica e a dialética;
em 1501, Lutero iniciou seus estudos universitários em Erfurt, uma das principais universida-::::
des alemãs da época. A Faculdade de Direito, à qual o pai de Lutero o encaminhou, tinha uma 
boa reputação. Como era de costume, diferente das Universidades hoje, ele começou estu-
dando durante três anos na Faculdade de Artes. Nesse ciclo, se formou nas disciplinas tradi-
cionais: gramática, dialética e retórica, que constituíam o trívio; geometria, aritmética, música 
e astronomia (quadrívio). Teve que participar também de cursos de ética e de metafísica. A fa-
miliaridade de Lutero com a lógica aristotélica e seus conhecimentos da ética e da metafísica, 
do mesmo Aristóteles, remontam ao ensino recebido durante esses anos. Em 1502 tornou-se 
bacharel, o que lhe permitiu ensinar aos principiantes a gramática, a retórica e a lógica. A 7 
de janeiro de 1505 recebeu o grau de mestre. Durante esse tempo, participou de cursos e mi-
nistrou outros. Era igualmente incumbido de tomar parte em debates acadêmicos, exercício 
tradicional das universidades na época.
Martinho Lutero.
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37|A Reforma do século XVI
O monge
Como Lutero tornou-se monge se estava estudando Direito?
Lutero mesmo conta a sua história, mais tarde, numa das conversas à mesa. Referiu-se ao temporal que 
o surpreendera a 2 de julho de 1505 perto de Stotternheim. Aterrorizado por um raio que quase o fulminara, 
o jovem homem exclamara: “Ajuda-me, Santa Ana, que me tornarei monge”. De volta a Erfurt, o estudante 
despediu-se de seus amigos e submergiu, a 17 de julho de 1505, no convento dos agostinianos da cidade.
Existem outros dados que podem explicar a ida de Lutero ao convento. Melanchton relatou acer-
ca da morte súbita de um amigo pouco antes do acontecimento. Outra fonte diz que Lutero teria sido 
ferido nos meses precedentes por um golpe de espada.
A verdade é que havia por trás dos fatos um sentimento de culpa, um medo da severidade de 
Deus, como alguém que diariamente cobra das pessoas pelos seus pecados. Numa de suas prédicas, 
em 1534, ele relata:
Fui monge por quinze anos, sem contar o que tinha vivido antes. Li com zelo todos os seus livros e fiz tudo quanto 
estava ao meu alcance. Em nenhum momento consegui achar consolo em meu batismo; ao contrário, pensava conti-
nuamente: Ó, quando finalmente poderás tornar-se piedoso e fazer o suficiente, para teres um Deus misericordioso? 
Através de pensamentos como esse, fui incitado em direção à mongeria, tendo me atormentado e supliciado através 
do jejum, do frio e da vida severa. (LUTERO, 1995)
O sacerdote
Entrando para o convento e seguindo a tradição dos monges agostinianos, Lutero tornou-se um 
sacerdote. Em 27 de fevereiro de 1507, Lutero foi consagrado diácono, e em 3 de abril ordenado sacer-
dote. No dia 2 de maio celebrou sua primeira missa na presença de seu pai. Na parte central da celebra-
ção, no momento do ofertório, Lutero foi tomado por uma angústia súbita. “Quem é aquele com quem 
tu falas?”. Teria dito ele para si mesmo, segundo seu testemunho de 1540. “A partir desse momento li a 
missa com um intenso pavor.” Ao que parece, tratou-se do temor de aproximar-se de maneira direta da 
majestade de Deus. A angústia continuou por um tempo. Lutero sentia o peso de uma imagem de Cristo 
esboçada essencialmente como juiz.
Os estudos para o ensino de Teologia
Estudar Teologia foi o caminho para Lutero encontrar respostas às suas angústias. Foi também o 
caminho para descobertas importantes e para a Reforma de 1517. 
Começou seus estudos em 1507. De outubro de 1508 ao outono de 1509, mudou-se para Wit-::::
tenberg, a fim de aí prosseguir seus estudos e assumir cursos na faculdade de Artes. 
Em março de 1509, tornou-se bacharel em Bíblia na Faculdade de Wittenberg.::::
Em outubro de 1512, obteve o grau de Doutor e começou a ensinar. Passou a comentar a Bíblia ::::
para os estudantes da Faculdade de Teologia de Wittenberg.
Entre 1513 a 1518, seu ensino abordou sucessivamente os Salmos, depois as Epístolas aos Ro-::::
manos, aos Gálatas e aos Hebreus. 
38 | A Reforma do século XVI
Depois de 1509, utilizou-se uma nova tradução de Aristóteles. Havia um cuidado especial no ::::
ensino do grego e do hebraico, sobretudo a partir de 1517-1518, quando foram fundadas no-
vas cátedras para essas disciplinas.
A partir de 1511, foi-lhe confiada a pregação em seu convento. Pouco depois tornou-se sub-::::
prior e regente de estudos. Vigário de distrito após 1515, passou a ser o responsável por 10 a 
20 conventos em Meissen e na Turíngia.
A crise interior
A entrada na vida monástica não acalmou Lutero. Não encontravapaz interior, vivia angustiado. 
Num de seus relatos ele mesmo diz: 
Eu me martirizava com a oração, o jejum, as vigílias, o frio. [...] Que procurava com isso, senão a Deus? Ele sabe com 
quanto zelo observei minha regra (monástica) e que vida severa eu levava [...] Pois eu não confiava em Cristo, antes o 
tomava por nada além de um juiz severo e terrível, tal como se costuma pintá-lo assentado sobre o arco-íris. (LIENHARD, 
1998)
A chave para o problema de Lutero foi encontrada com muito estudo das Escrituras (Bíblia). Com-
preendeu que a justiça de Deus, da qual nos fala o Evangelho, não é aquela de Deus juiz, mas a aceitação 
do ser humano pecador por Deus, a dádiva de Cristo concedida por Deus ao ser humano. É unido a Cris-
to na fé que o ser humano poderá viver, ou seja, subsistir diante de Deus. Foi na carta do Apóstolo Paulo 
aos Romanos que Lutero encontrou um versículo desafiador que diz: “O Justo viverá por fé”. A justiça de 
Deus, que é dada pela fé, que está assentada tão só em Deus e em sua misericórdia. 
O conflito com a Igreja tradicional
O nome de Lutero começou a aparecer na Igreja a partir de 1517, quando ele atacou pela primeira 
vez a questão das indulgências. Para ele, elas desferiam um duro golpe na sinceridade da penitência.
O que eram as indulgências?
Eram entendidas como a remissão, pela Igreja, de uma pena que tinha sido imposta ao penitente, 
depois que ele tinha confessado sua falta e recebido a absolvição. Isso, por sua vez, baseava-se na ideia 
de que um ato pecador compreendia não apenas uma falta, mas também uma pena que o pecador 
devia cumprir sobre a terra ou no purgatório.
A prática das indulgências existia desde o século XI. No início, só abrangiam as penas impostas pela Igreja na vida terrena. 
Posteriormente foram estendidas àquelas do purgatório, abrangendo aí também aquelas que se referiam às pessoas já 
falecidas. As indulgências ajudavam a enriquecer o tesouro da Igreja e veio com o tempo atender às necessidades finan-
ceiras do papado. A indulgência contra a qual Lutero iria se levantar tinha sido promulgada em 1506 e renovada em 1517. 
As somas recolhidas estavam destinadas a financiar a construção da basílica de São Pedro em Roma. Uma percentagem 
cabia ao arcebispo Alberto de Mogúncia, que organizava na Alemanha a venda das indulgências, empregando os serviços 
de Tetzel. A aquisição de uma indulgência custava 1 florim para o artesão e 25 florins para os reis, príncipes e bispos. Para 
se ter uma ideia, o custo de subsistência de uma pessoa importava em 1 florim para uma semana. (LIENHARD, 1998)
Para Lutero, o cristão precisava de um arrependimento verdadeiro. A indulgência não poderia 
dispensá-lo, pois em caso contrário o cristão tornar-se-ia vítima de uma falsa segurança.
39|A Reforma do século XVI
Por isso, quando escreve as 95 teses, de 31 de outubro de 1517, Lutero escreve: “Ao dizer: fazei 
penitência, [...] nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência” (tese 
número 1). “Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas” 
(tese 71), mas não se deveria aí depositar sua confiança (teses 32, 49, 52), e, sim, “ensinar aos cristãos 
que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indul-
gências” (tese 43). Lutero chegou à base da doutrina das indulgências, ao definir o tesouro da Igreja. Não 
estariam em questão os méritos excedentes de Cristo e dos santos, mas “o verdadeiro tesouro da Igreja 
é o Santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus”. 
Resumindo, indulgência era um documento que vendia perdão dos pecados. As pessoas pode-
riam comprar perdão para si ou para qualquer outra pessoa, amigo, familiar, mesmo que já estivessem 
mortos. Foi a gota d’água para que Lutero publicasse, no dia 31 de outubro de 1517, as 95 teses, que 
falam sobre os abusos da Igreja. Ele deseja uma reforma, uma revisão das posições teológicas da mes-
ma. Para Lutero, qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão plena de pena e 
culpa, mesmo sem carta de indulgência.
Lutero não tinha uma ideia clara da repercussão que teriam as suas teses e o eco que isso 
causaria, mas tinha uma convicção: não estava falando nada que fosse contra os princípios bíblicos. 
Ele mesmo diz:
Em primeiro lugar, protesto que absolutamente nada quero dizer ou sustentar senão o que é e pode ser sustenta-
do primeiramente nas Sagradas Escrituras e a partir delas, depois em e a partir dos Pais da Igreja aceitos e até ago-
ra conservados pela Igreja Romana e, por fim, a partir dos cânones e das decretais pontifícias. (LUTERO, 1995)
Sempre gostei de ler sobre Lutero. Especialmente porque sempre achei seus textos atuais, por 
parecer que está falando dos problemas da nossa época. Interessante é que Lutero sempre encontrou 
respostas para suas aflições nas Escrituras Sagradas. Era a sua fonte de vida, fonte de inspiração. Lutero 
mostrou que aí está um manual seguro de orientação para a vida.
Atividades
1. Como você analisa a presença de Deus na trajetória de Lutero?
2. Na sua visão, a ideia de Lutero era ser um novo Papa ou seu desejo era somente corrigir erros 
teológicos da Igreja a qual ele pertencia?
40 | A Reforma do século XVI
3. Qual foi a importância da Reforma para a evolução do pensamento humano?
Ampliando conhecimentos
A indicação de leitura são as obras de Lutero já traduzidas para o português. Já existem nove livros 
traduzidos com as principais ideias do reformador.
LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas. Porto Alegre: Concórdia, 1995.
Autoavaliação
1. Numa reflexão mais aprofundada é possível considerar a Reforma Luterana como uma obra atual. 
Quais os aspectos possíveis de se aplicar no nosso cotidiano?
Referências
LIENHARD, Marc. Martim Lutero: tempo, vida e mensagem. São Leopoldo: Sinodal, 1998.
LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas. Porto Alegre: Concórdia, 1995.
Resumo
Hoje, quando falamos em Reforma Luterana, buscamos entender alguns 
aspetos importantes que nos reportam para o século XXI. Quando falamos 
em causas da ruptura com o catolicismo, podemos aventar várias possibi-
lidades. Seriam causas econômicas, políticas, nacionalismo, individualismo 
renascentista e uma preocupação crescente pelos abusos eclesiásticos. Tudo 
isso se percebe. Mas o fato é que a causa básica foi a religiosa. Lutero tinha 
a intenção única de reformar a sua querida Igreja, que era a Igreja Católica 
Apostólica Romana. Como não foi compreendido e acabou excomungado, 
a solução foi seguir com os seus simpatizantes para um outro caminho. Sur-
ge assim o Luteranismo. Lutero não desejava esse nome. Ele mesmo disse: 
“peço que deixem de lado o meu nome e não se chamem luteranos, mas 
cristãos” (LUTERO, 1995).
A Reforma Luterana – pensamento
A base de Lutero
Todos os fundamentos doutrinários de Lutero são bíblicos. Estudioso da Bíblia e professor de Teo-
logia, ele estava convicto de que a palavra de Deus era fonte para a vida. É com base neste conjunto de 
livros que ele busca força para contrapor todos os abusos cometidos pela Igreja de sua época. Foi da Bíblia, 
no livro de Romanos, que Lutero entende a justificação pela fé: “Visto que a justiça de Deus se revela no 
evangelho, de fé em fé, como está escrito: o justo viverá por fé” (Romano 1,17). Significa que o homem é 
justificado por Deus pela fé e não pelas obras. Isso se opõe à ideia de que o povo precisava comprar as 
indulgências para ser salvo.
42 | A Reforma Luterana – pensamento
O grande diferencial apontado por ele nos textos é a insistência nas palavras de ordem: “apenas Deus; apenas as escri-
turas e apenas a Graça”. Esta última só é conseguida mediante a conscientização e fé nas duas anteriores. A justificação 
pela fé move e alicerça o Protestantismo. Porém, esta graça nos vem de graça, nos é dada de forma gratuita por Deus, 
sem intermediários ou simonias. “Para recebermos a salvação pela graça que vem apenas por meio do Senhor Jesus é 
preciso que hajauma sinceridade e absoluta confiança em Deus e na Sagrada Escritura”. (MARQUES, 2005, p. 203)
Na dieta1 de Worms, em março de 1521, Lutero foi convidado a se retratar. Pediu um prazo para 
dar a resposta e quando voltou “falou como um profeta de Deus: se não lhe provassem pela Escritura 
Sagrada que tinha escrito algo contrário à doutrina cristã, não se retrataria” (STEYER, 2000, p. 130).
Pensamento de Lutero
Além do sucesso da Reforma do século XVI, Lutero foi um incansável escritor. Depois de ser exco-
mungado, em 26 de maio de 1521, ele foi “sequestrado” por um amigo seu, Frederico, o Sábio. Assim:
Durante aproximadamente dez meses no Castelo de Wartburgo, escreveu diversas obras teológicas, destacando-se, 
porém, a sua tradução do Novo Testamento do original grego para o alemão. Uma obra mestra, pois graças ao seu 
talento e conhecimento linguístico, conseguiu unificar os cerca de duzentos dialetos existentes numa única língua 
padrão. (STEYER, 2000, p. 130)
A Igreja tenta silenciar Lutero
Apesar da alegria de muita gente em ter visto Lutero atacar o comércio de indulgências, natural-
mente, outras pessoas o odiaram. Principalmente os amigos dominicanos de Tetzel, um dos grandes 
interessados em arrecadar dinheiro. Os mesmos começaram a espalhar mentiras sobre Lutero. Ao ouvir 
essas mentiras, o imperador Maximiliano I escreveu para o papa instando com ele para que fizesse al-
guma coisa a respeito de Lutero. 
A situação começou a ficar difícil para o monge. Para piorar, ele acabara de pregar um sermão vi-
goroso sobre a excomunhão, afirmando que uma pessoa excomungada iria para o Céu caso conservas-
se a fé no coração. Se o povo acreditasse nisso, a Igreja perderia a sua mais potente arma. Assim, o papa 
Leão X tomou providências e convocou Lutero para apresentar-se em Roma, a fim de ser examinado. Em 
seguida, o papa modificou esta ordem e disse ao cardeal Caetano que prendesse Lutero. Posteriormen-
te, o papa deu instruções no sentido de que, se Lutero se arrependesse de seus ataques, fosse liberado; 
caso contrário, a Igreja devia puni-lo com a excomunhão.
Pelo menos Lutero tinha um protetor. Tratava-se do eleitor Frederico, o Sábio, da Saxônia. 
Frederico tinha em alta estima o seu professor de religião. Muitos dos seus oficiais, incluindo o 
pregador da corte, George Spalatin, estavam do lado dele e de Frederico. O eleitor estava decidido 
a fazer com que Lutero tivesse um julgamento justo, o que não aconteceria se seus inimigos con-
1 Dieta: Assembleia Legislativa que reunia todas as forças políticas da Alemanha, convocada pelo imperador, com a finalidade de discutir 
assuntos de interesse civil e religioso.
43|A Reforma Luterana – pensamento
seguissem pôr as mãos nele. Assim sendo, Frederico, engenhosamente, tornou ineficazes todas as 
suas tentativas de retirar Lutero de sua proteção.
Em outubro de 1518, Lutero teve três encontros com o cardeal Caetano. O cardeal tinha or-
dens expressas de Roma para não entrar em debate público com Lutero. Ele seria simplesmente 
solicitado a retratar-se, ou seja, desdizer o que havia declarado oralmente ou por escrito. Se fizesse 
isso, seria perdoado e voltaria a ser novamente um “verdadeiro filho da Igreja”. Caso contrário, ou-
tras medidas seriam tomadas.
Lutero tomou uma postura humilde diante de Caetano, mas mesmo assim não chegaram a um 
acordo. Lutero disse que não iria se retratar, a menos que alguém mostrasse, pela Bíblia, que ele estava 
errado. Caetano não podia fazer isso. Por fim, o cardeal zangou-se e ordenou que Lutero se retirasse e só 
se apresentasse novamente quando estivesse pronto a se retratar.
Dias depois, Lutero viu a cópia de um anúncio feito pelo papa, no qual era chamado de herege, ou 
seja, aquele que acredita ou ensina doutrina falsa. O papa o tinha declarado culpado sem nem mesmo 
ouvir as suas razões. Caetano escreveu a Frederico chamando Lutero de herege e pedindo que ele fosse 
mandado a Roma ou forçado a abandonar a Saxônia. Lutero defendeu-se das acusações de Caetano e 
disse que apelaria para um concílio geral da Igreja.
Frederico estava numa enrascada. Não sabia se entregava Lutero ou não. Voltou-se para os seus 
professores universitários à procura de conselho. Praticamente todos eles estavam ao lado de Lutero. 
Frederico queria cumprir o seu dever cristão. Se Lutero estivesse certo, ele cometeria um pecado contra 
Deus por entregá-lo aos seus inimigos. Se estivesse errado, então certamente haveria homens bastante 
instruídos na Igreja para demonstrar os erros dele. Mas isso só poderia ser feito se dessem a Lutero uma 
boa chance para explicar e defender as suas ideias.
Conversando com o papa, Frederico conseguiu fazer com que um representante seu visitasse 
a Saxônia e conversasse com Lutero. O homem escolhido foi Charles Von Miltitz. Ele era da Saxônia 
e parente de Frederico. Enquanto atravessava a Alemanha, Miltitz foi descobrindo que muita gente 
estava ao lado de Lutero e que Frederico não o entregaria. Após conversar com Lutero, Miltitz disse 
que faria um relatório favorável ao papa. Lutero prometeu que pararia de pregar contra as indulgên-
cias se seus inimigos parassem de atacá-lo. Também permitiu que um bispo alemão examinasse seus 
ensinos e apontasse neles quaisquer erros. Os dois homens se despediram em paz. Com o relatório 
entregue em Roma, o papa perdoou Lutero e lhe deu as boas vindas de reingresso na Igreja. Ele esta-
va ansioso para acabar de vez com as dificuldades na Alemanha, porque outros problemas lhe ocupa-
vam a mente. Inesperadamente, porém, morreu o imperador Maximiliano. As questões eclesiásticas 
foram esquecidas por um pouco, enquanto um novo imperador tinha sido escolhido. Deus estava 
dando a Lutero um pouco mais de tempo. 
A excomunhão de Lutero
Lutero havia concordado em permanecer em silêncio se os seus oponentes também o fizessem. 
Mas eles não cumpriram a parte deles no acordo. 
44 | A Reforma Luterana – pensamento
O primeiro debate sobre as teses de Lutero foi marcado para a cidade de Leipzig. O doutor 
Carlstadt, de Wittenberg, e o doutor Eck, de Ingolstadt, seriam os debatedores. Este último, natu-
ralmente, estava disposto a atacar e acabar com Lutero, que foi junto com Carlstadt na esperança 
de que pudesse ter uma chance de tomar parte no debate e defender-se contra as acusações de 
Eck. Em junho de 1519, Lutero cavalgou as 40 milhas (cerca de 65 quilômetros) até Leipzig, junto 
com vários outros professores de Wittenberg. Duzentos estudantes com espadas e alabardas foram 
junto para protegê-lo.
O debate foi realizado no castelo do duque George. Segundo as regras, um dos contendores de-
via levantar-se e falar durante meia hora. Em seguida, seria a vez do outro. Estas notas seriam enviadas 
a várias Universidades para avaliação.
Durante a primeira semana, Eck disputou com Carlstadt. Confiando em sua memória extraordiná-
ria, Eck não fazia uso de notas nem de livros. Carlstadt, pelo contrário, consultava uma pilha de livros à 
medida que falava. Isso era cansativo para a audiência, mas os argumentos de Carlstadt pareceram mais 
consistentes quando os registros foram mais tarde lidos e julgados. Notando isso, Eck solicitou que as 
regras do debate fossem alteradas, de modo que nenhum livro pudesse se consultado durante a discus-
são. A audiência apoiou a ideia. Daí para frente, Carlstadt começou a perder terreno no debate.
Lutero assumiu o lugar de Carlstadt em 4 de julho de 1519. O ponto principal da discussão era: 
“Como e quando o papa tornou-se o cabeça da igreja cristã?” Eck insistia em que Cristo mesmo fez de 
Pedro o primeiro papa. Lutero, até historicamente, mostrava que depois de Cristo passaram-se centenas 
de anos sem que houvesse papa algum. Pedia a Eck, acima de tudo, argumentos da escritura. Eck fazia 
referência aos escritos dos pais da Igreja Primitiva e às leis e decretos dos concílios. Lutero disse: “com 
todo o respeito devido aos pais, prefiro ater-me às sagradas escrituras”. 
Ao ver que Lutero estava levando a melhor no

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