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Maria Paula M. Mattei | Tutorial 3 UC 13 1 Dores Abdominais Crônicas Funcionais É a dor que carece de uma causa reconhecida; Ocorrem em todas as faixas etárias, mas os sintomas geralmente começam antes dos 40 anos. Maior prevalência nas mulheres Não têm características alarmantes com: ▪ Febre ▪ Dor grave ▪ Perda ponderal significativa ▪ Icterícia ▪ Disfagia progressiva (alimento não desce corretamente) ▪ Vômito recorrente ▪ Dor ou diarreia noturna ▪ Fezes com sangue ou teste de sangue oculto positivo Exames laboratoriais são normais Têm um prognóstico benigno, mas afetam a qualidade de vida. Os tratamentos farmacológicos eficazes são limitados, logo, abordagens cognitivo-comportamentais e de medicina alternativa são relevantes. Fisiopatologia: Não têm uma clara fisiopatologia periférica ou central, mas ainda sim causa dor persistente. Talvez haja alterações nas interações entre o cérebro e o intestino → eixo cerebrointestinal. Existem contribuições variáveis de fatores periféricos como a microbiota intestinal, ativação imunológica da mucosa, motilidade e ácidos biliares. Além disso, existe uma percepção elevada de sinais viscerais pelo SNC → hipersensibilidade visceral Apesar da heterogeneidade das doenças, todas têm em comum: ▪ Estresse aumenta a sensibilidade ▪ Percepção exacerbada dos sinais viscerais ▪ Coexistência frequente de distúrbios dolorosos crônicos e psiquiátricos Síndrome do Intestino Irritável É a dor/desconforto abdominal recorrente associada à defecação ou alteração dos hábitos intestinais com ausência de doença orgânica que possa explicar os sintomas. É subdividida em: ▪ SII com diarreia ▪ SII com constipação ▪ SII com hábitos intestinais mistos ▪ SII pós-infecciosa → pacientes desenvolveram sintomas de SII mesmo com a resolução da gastroenterite bacteriana ▪ SII inespecífica → quando não se encaixam em nenhum desses subgrupos Podem coexistir com síndromes gastrointestinais orgânicas, como a colite ou doença celíaca → pacientes reportam a colite com sintomas desproporcionais ao grau de inflamação da mucosa, além de poderem continuar a ter sintomas de colite mesmo depois do tratamento sucedido. Epidemiologia: Distúrbio comum Mais incidente em mulheres Apresenta-se mais comumente entre os 30 e 50 anos, mas é comum nas crianças, e, nesses casos, chamamos de dor abdominal recorrente. Os pacientes afetados têm 3x mais dias de faltas nos compromissos Etiologia: Não há um consenso, mas sabemos que tanto alterações periféricas quanto centrais estão presentes. Fisiopatologia: Alterações de Motilidade Gastrointestinal A motilidade é quantitativamente diferente das pessoas saudáveis, mas não são qualitativamente diferentes. ↳ Essa característica não é confiável para ser usada como critério diagnóstico. SII com Diarreia: Trânsito colônico acelerado Maior frequência de contrações de alta amplitude no cólon (correlacionam-se com a dor abdominal em cãibra, diarreia e incontinência fecal). SII com Obstipação: Trânsito colônico mais lento Resposta de motilidade colônica prolongada ou exagerada após ingestão alimentar ↳ Pacientes relatam exacerbação de dor abdominal após se alimentarem Alterações de Secreção Hipersensibilidade Visceral: estímulos normais do esôfago, estômago e intestino (peristalse, sais biliares, moléculas sinalizadoras e ácidos) provocam dor ou desconforto. O estímulo pode vir da peristalse ou da distensão pelos conteúdos luminais (alimentos, líquidos, gases e fezes). Maria Paula M. Mattei | Tutorial 3 UC 13 2 As anormalidades na secreção e absorção intestinal de líquidos e eletrólitos e de síntese e secreção de ácidos biliares provavelmente são contribuintes para alterações dos hábitos intestinais. Pacientes com SII têm maior ativação das vias parassimpáticas sacrais em resposta aos estressores, o que induz ainda mais as contrações e secreções do intestino posterior. Possuem menor diversidade da flora bacteriana intestinal, com aumento de gram-negativos e diminuição das Bifidobacterium e Lactobacillus Pacientes com sintomas predominantes de constipação, há uma superproliferação bacteriana no intestino delgado Alguns alimentos podem piorar os sintomas, como leite, trigo, oligossacarídeos fermentáveis, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis (FODMAP). SII com Diarreia: Permeabilidade intestinal aumentada Metabólitos da microbiota, infecções de TGI e estresse psicológico crônico podem diminuir a função da barreira epitelial nos indivíduos suscetíveis. Liberação aumentada de serotonina pelas células enterocromafins no epitélio intestinal após refeição estimulam demais os nervos aferentes vagais e neurônios entéricos que sinalizam secreção e motilidade (ambas aumentadas). Genética Existe possível associação com polimorfismos em genes relacionados ao sistema de sinalização ao longo do eixo cérebro-intestino. Os fatores epigenéticos – principalmente estresse – têm sido identificados como uma influência importante para o risco de desenvolver SII. Sinais e Sintomas: Localização dos sintomas é muito variável, mas a dor é mais relatada no abdome inferior Dor/desconforto ocorrem quando o paciente está acord São agravadas pela emoção ou estresse, má qualidade do sono e ingestão de alimentos Podem ser leves a graves. Os pacientes com SII têm prevalência 3x a mais de fibromialgia e enxaqueca. Geralmente coexiste com a síndrome da fadiga crônica, cistite intersticial, prostatite crônica, dor pélvica crônica e distúrbios temporomandibulares. Dores tendem a melhorar com evacuações. Diagnóstico: Os critérios de Roma III podem estabelecer diagnóstico sem muitos testes adicionais: Sintomas psicológicos e diagnósticos psiquiátricos, como ansiedade, depressão, somatização, hipocondria e fobias são comuns em pacientes com SII, mesmo nos que têm sintomas mais leves. A prevalência da coexistência de fatores psíquicos com SII é mais frequente nos atendimentos terciários. Maria Paula M. Mattei | Tutorial 3 UC 13 3 Devemos excluir outros diagnósticos antes de dizer que é SII se: ▪ Sintomas acordam durante sono ▪ Sintomas não relacionados com defecação ou ingestão de alimentos ▪ Sintomas constantes ▪ Sintomas não aliviados por qualquer intervenção psicológica ▪ Perda de peso (exceto nos pacientes com depressão ou distúrbios alimentares) ▪ Fezes com sangue ▪ Anemia ▪ História familiar de doença inflamatória intestinal, câncer de cólon e doença celíaca Fazer uma rápida avaliação psicossocial é útil para identificar fatores de risco de dor crônica (eventos traumáticos no início da vida ou somatização, ansiedade, depressão e estresse significativo) Exame físico geralmente é normal, mas pode revelar sensibilidade abdominal, especialmente no quadrante inferior esquerdo ou cólon sigmoide palpável e sensível. Exames Diagnósticos Devemos fazer o mínimo de exames complementares em pacientes com menos de 50 anos e que atendem aos critérios de Roma III É controversa a questão de quando pedir hemograma completo, velocidade de hemossedimentação ou estudos de tireoide Deve-se investigar doença celíaca em pacientes com diarreia predominante ou hábitos intestinais alternados de diarreia e constipação e naqueles com história familiar da doença, além daqueles que perceberam que o glúten é um fator desencadeante Fazemos biópsias de cólon para colite microscópica ou colagenosa só em quadros de diarreia grave e persistente Colonoscopia nos pacientes acima de 50 anos com presença de sangramento retal ou perda de peso inesperada Desconforto abdominal inferior nas menstruações ou associado a perda de peso devemos fazeravaliação ginecológica Se a diarreia for curta, procuramos giardíase Diagnósticos diferenciais Em predominância de diarreia ou hábitos intestinais variáveis: ▪ Doenças s intestinais inflamatórias (p. ex., doença de Crohn, colite ulcerativa, colite microscópica ou colagenosa); ▪ Doença celíaca ▪ Supercrescimento bacteriano no intestino delgado ▪ Síndromes de má absorção (intolerância à lactose) ▪ Má absorção de sais biliares ▪ Insuficiência pancreática ▪ Malignidade (tumores) EM predominância de constipação: ▪ Inércia colônica ▪ Manifestações de TGI de Parkinson ▪ Pseudo-obstrução ▪ Contração paradoxal do assoalho pélvico ▪ Obstrução da saída pélvica decorrente de causas estruturais (prolapso retal) Tratamento: Tratamento sintomático para normalizar os hábitos intestinais e diminuir a dor intestinal Fornecer uma explicação biológica plausível para o paciente e garantir que seus sintomas são reais Falar que o prognóstico é benigno Intervenção alimentar pode ser útil Medicamentos devem ser direcionados para os sintomas: constipação, diarreia e dor abdominal Dispepsia Funcional O termo “dispepsia” se refere a dor ou desconforto persistente, recidivante ou periódico – dispepsia = mal digestão Epidemiologia: Maior prevalência em mulheres Bastante relação com SII, muitos pacientes possuem sintomas das duas doenças. Pacientes acham que têm gastrite Etiologia: Alterações da Função Motora Tem sido associada ao esvaziamento gástrico retardado ou acelerado – o último é mais raro. No esvaziamento retardo existe uma hipomotilidade do estômago, caracterizada por uma frequência diminuída ou com redução da amplitude das ondas de peristalse. Alterações da Função Sensorial Diminuição do limiar de percepção da distensão mecânica do estômago Infecção Gastrointestinal A colonização do estômago por H. pylori é encontrada um uma grande parte dos pacientes com dispepsia funcional, mas ainda não é uma etiologia bem estabelecida. Sistema Nervoso Central Comorbidades psiquiátricas estão comumente associadas, especialmente ansiedade e depressão – mas o papel delas ainda é controverso Sinais e Sintomas: Maria Paula M. Mattei | Tutorial 3 UC 13 4 Limitamos os sintomas aos localizados no epigástrio ou abdome superior. Frequentemente pioram após as refeições Sintomas clássicos são: ▪ Saciedade precoce (incapacidade para terminar uma refeição de tamanho normal) ▪ Plenitude pós-prandial ▪ Estufamento Diagnóstico: É guiado pelos critérios de Roma III: Critérios diagnósticos de Roma III para subgrupos de pacientes com dispepsia funcional Dispepsia Funcional Para diagnóstico deve haver um ou mais dos seguintes: - Plenitude pós-prandial - Saciedade precoce - Dor epigástrica - Queimação epigástrica É necessário a ausência de doença estrutural (incluindo endoscopia digestiva alta) que possa justificar os sintomas. Síndrome do Desconforto Pós‑Prandial Um dos seguintes ou ambos: - Enfartamento pós‑prandial (plenitude) que incomoda, ocorrendo após refeições de tamanho normal e pelo menos várias vezes por semana - Saciedade precoce que impede que se termine uma refeição regular pelo menos várias vezes por semana Critérios de apoio: Presença de inchaço abdominal superior, náusea pós‑prandial ou eructação excessiva podem estar presentes. Síndrome da dor epigástrica pode coexistir Síndrome da Dor Epigástrica Um ou mais dos seguintes: - Dor ou queimação localizada no epigástrio, de gravidade pelo menos moderada e pelo menos uma vez por semana - Dor intermitente - Dor não generalizada ou localizada em outras regiões abdominais ou torácicas - Dor não aliviada pela defecação ou passagem de gases - A dor não atende aos critérios para distúrbios do esfíncter de Oddi ou da vesícula biliar Critérios de apoio: A dor pode ter qualidade de queimação, mas sem componente retroesternal A dor normalmente é induzida ou aliviada pela ingestão de uma refeição, mas pode ocorrer em jejum A síndrome do desconforto pós‑prandial pode coexistir *Os critérios devem ser satisfeitos em relação aos últimos três meses, com início do sintoma há pelo menos seis meses antes do diagnóstico. O principal é identificar os pacientes com sintomas dispépticos em razão de doença orgânica em vez de desordem funcional Se sintomas de alarme (perda de peso inexplicada ou vômitos recorrentes) coexistem com dispepsia, é preciso excluir câncer. Considerar úlcera péptica e doença do refluxo gastroesofágico Verificar se paciente está usando medicamentos (como AINEs) que causam as dores Se paciente tem vômito postergado de alimentos não digeridos, pesquisar gastroparesia diabética ou idiopática. Quando fazer endoscopia? Paciente com 55+ anos Paciente com teste não invasivo positivo para H. pylori Pacientes que usam AINEs rotineiramente * Manejo da dispepsia nas populações com moderada (> 10%) a alta prevalência de H.. pylori. EDA: endoscopia digestiva alta; !BP: inibidor de bomba de prótons; Exames Diagnósticos Endoscopia é o padrão-ouro Teste de H. pylori Tratamento: Melhorar as refeições da pessoa, com alimentos mais leves, com menores porções e mais frequentes. Como não há risco de evoluir para doença ulcerosa péptica e câncer (verificar se paciente possui fatores de risco para essas doenças), fazemos terapia empírica de bloqueadores de bomba por 1 mês em pacientes menores de 55 anos. Omeprazol 20 mg em jejum Antagonista de receptor de histamina – ranitidina e cimetidina Tratar H. pylori se ela estiver presente Maria Paula M. Mattei | Tutorial 3 UC 13 5 Síndromes Aderenciais São tecidos cicatriciais com formato de cordão ou em faixas que ligam os órgãos Epidemiologia: Exceto pelo câncer, as aderências pélvicas são as causas mais comuns de obstrução intestinal. Etiologia: Podem ser genéticas Mulheres maiores de 55 anos são as mais afetadas Quando a cavidade abdominal é acometida por alguma doença ou cirurgia: ▪ Endometriose ▪ Diverticulite ▪ Apendicite ▪ Colicistite ▪ DIP ▪ Laparotomia Fisiopatologia: São faixas de tecido que podem se formam entre os órgãos abdominais (útero, trompas, ovários ou intestino) e/ou entre esses órgãos e a parede do abdômen. Desequilíbrio no processo de fibrinólise e fibrinogênese, gerando um processo inflamatório. Fios de sutura, talco da luva, vários aspectos podem causar esse desequilíbrio. Sinais e Sintomas: Geralmente assintomático, ou apresenta-se como obstrução intestinal, dor pélvica ou abdominal, distensão e dor acíclica. Dependendo da sua localização, as aderências podem dificultar a gravidez ou podem causar obstrução intestinal ou dor. Mulheres com aderências pélvicas em torno das trompas têm um maior risco de gravidez ectópica (tubária) Sinéquias uterinas: Aderências que se formam dentro do útero (intra-uterinas) pode contribuir para a infertilidade e abortos de repetição. Aderências envolvendo o intestino delgado (intestino) pode bloquear parcialmente ou completamente seu intestino (obstrução intestinal). Podem causar dor no abdômen ou na pelve, especialmente se elas alterarem a posição habitual dos órgãos pélvicos ou se ficarem fixos (presos) em uma posição anormal. Diagnóstico: A cirurgia é a única maneira de confirmar a presença e a localização das aderências pélvicas. Verificar se não fez nenhuma cirurgia ou se tem DIP (outras infecções também. Tratamento: Antes de desenvolver a doença, deve-se cuidar em qualquer cirurgia. Pode-se fazer tratamento expectante porque a cirurgia não trata a longo prazo. Nos pacientes com obstrução, pode-se fazer sonda nasogástrica com solução parenteral e alimentação leve e várias vezes ao diapara voltar o peristaltismo. Varizes Pélvicas Também pode ser chamada de síndrome da congestão pélvica (SCP) É uma dilatação e tortuosidade do plexo venoso pélvico associado à diminuição do retorno venoso Epidemiologia: Ocorre em até 10% das mulheres É uma das principais causas de dor pélvica crônica, principalmente após os 30 anos, Mais frequente em: Menacme Multíparas jovens com quadro de dor pélvica crônica Etiologia: Genética Enfraquecimento e dilatação das veias pélvicas (gonadais, ovarianas e ilíacas internas) Gestação acelera o processo Síndromes compressivas venosas (Cockett, May Thurner e Nutcracker) Compressão por tumor ou endometriose. Maria Paula M. Mattei | Tutorial 3 UC 13 6 Fisiopatologia: Dificultam o retorno do fluxo do sangue para o coração e causam dores crônicas abdominais. A dilatação das veias na pelve ocorre pelo mesmo motivo que a dilatação das veias nas pernas (varizes): a falha de suas válvulas e o aumento da pressão venosa. Aumento do útero durante a gravidez pode comprimir e edemaciar as veias Sinais e Sintomas: Desconforto durante ou após a relação sexual Cólicas menstruais muito intensas Sangramento menstrual exuberante Dor abdominal durante ou após atividade física intensa Dor, peso e cansaço dos membros inferiores durante o período menstrual ou ao ficar um tempo em pé Podem aparecer veias dilatadas na vulva, vagina, glúteos ou parte mais alta da coxa Diagnóstico: As veias da pelve se comunicam com as da perna, por isso, antes de tratar varizes em MMII, descartar a existência de varizes pélvicas Suspeitar em pacientes que têm dor na relação sexual, varizes na vulva, vagina e glúteos e nas pacientes com recidiva de varizes após cirurgia, além de pacientes com dor pélvica crônica. O exame pélvico revela-se normal sem endurecimentos ou massas palpáveis Fazemos ultrassom com doppler transvaginal venosa para visualização da circulação pélvica. Tomografia abdominal ou pélvica e angiorressonância. A flebografia, que é o melhor exame, é reservado para o momento do tratamento cirúrgico, pois o acesso para o exame é exatamente o mesmo do procedimento terapêutico. Tratamento: Medicações para controle dos sintomas, que induzem a vasoconstrição e suprimem a função ovariana (prgestágenos) → não recomendável a longo prazo. Medicação flebotômica Em algumas situações é necessário a cirurgia minimamente invasiva embolizante Meias elásticas medicinais tem papel importante nos mmii contribuindo para melhor drenagem do volume de sangue. Endometriose Presença de endométrio fora da cavidade uterina. Doença ginecológica crônica, benigna, estrogênio- dependente e de natureza multifatorial. Epidemiologia: Mulheres na fase reprodutiva Afecção ginecológica comum História familiar positiva Nuliparidade Etiologia / Fisiopatologia: 3 tipos: Peritoneal: presença de endométrio no peritônio de forma superficial Ovariana: presença de endométrio nos ovários, ou cistos (endometriomas) Endometriose profunda: a lesão que penetra no espaço retroperitoneal ou na parede dos órgãos pélvicos, com uma profundidade de 5 mm ou mais. Fisiopatologia ainda é tema de discussão e apresenta várias teorias baseadas em evidências clínicas e experimentais. Teoria de Sampson ou da Menstruação Retrógrada: mulheres apresentam líquido livre na pelve em época menstrual, sugerindo, assim, que certo grau de refluxo tubário ocorra. Células endometriais, então, implantar-se- iam no peritônio e nos demais órgãos pélvicos, dessa forma, iniciando a doença. Maria Paula M. Mattei | Tutorial 3 UC 13 7 Teoria da Metaplasia Celômica: lesões de endometriose poderiam originar-se diretamente de tecidos normais mediante um processo de diferenciação metaplásica. Teoria Genética: predisposição genética ou alterações epigenéticas associadas a modificações no ambiente peritoneal (fatores inflamatórios, imunológicos, hormonais, estresse oxidativo) poderiam iniciar a doença nas suas diversas formas. Sinais e Sintomas: Dor pélvica (principalmente na menstruação) ↳ Se apresenta como dismenorreia, dor pélvica crônica, dispareunia profunda (dor no sexo) ou dores associadas a defecação ou micção durante a fase menstrual. Infertilidade por obstrução das tubas. Alterações intestinais cíclicas - distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipação, disquezia e dor anal no período menstrual Alterações urinárias cíclicas - disúria, hematúria, polaciúria e urgência miccional no período menstrual Diagnóstico: Exame físico: nódulos ou rugosidades em fundo de saco ao exame especular; ao toque, útero com pouca mobilidade, nódulos dolorosos em fundo de saco de Douglas Ultrassom transvaginal Ressonância magnética Videolaparoscopia, caso os exames acima saírem normal, mas a suspeita clínica é forte → padrão ouro Biópsia para excluir malignidade Tratamento: Deve ser encarada como doença crônica que requer um plano de tratamento para toda a vida. Só se faz cirurgias em mulheres com endometrioma, obstrução ureteral ou intestinal, infertilidade ou sem melhora com tratamento hormonal Se dor leve a moderada sem nenhuma evidência ultrassonográfica de endometrioma, usar anti-inflamatório não hormonal (AINH) e contraceptivos hormonais para evitar cirurgias. ↳ Avaliar após ¾ meses e se efetivo, manter esquema até o desejo de engravidar ou menopausa. Se mantiver dor, AINH deve ser mantido, mas o contraceptivo trocado por combinação hormonal diferente~. - Uso contínuo do anti-concepcional Mulheres que querem engravidar, usam somente AINH, mas devem evitar os seletivos COX-2 Referências: VON ROENN, Jamie H.; PAICE, Judith A.; PREODOR, Michael E. Current Diagnóstico e Tratamento da Dor. 1. ed. McGraw- Hill, 2008. GOLDMAN, Lee; I. SCHAFER, Andrew. Goldman‑Cecil Medicina. 25. ed. Elsevier, 2018. COELHO, Júlio Cezar Uili. Aparelho Digestivo: clínica e cirurgia. 4. ed. Atheneu, 2012. BASTOS, Francisco Reis; GANDRA, Mariane; FELIX, Marco T.. Varizes Pélvicas. Flebología y Linfología, v. 15, n. 5, p. 905- 910, maio 2010. Disponível em: http://www.sflb.com.ar/revista/2010_05_15-03.pdf. Acesso em: 10 mar. 2021. V SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE FLEBOLOGIA, 2013, São Paulo. Varizes Pélvicas. Blucher Medical Proceedings. Disponível em: http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east- 1.amazonaws.com/medicalproceedings/flebologia/SIF_55.p df. Acesso em: 10 mar. 2021. SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA ALBERT EINSTEIN. Guia do Episódio de Cuidado: Endometriose. Disponível em: https://www.einstein.br/Documentos%20Compartilhados/C are-Pathways-Einstein-Endometriose.pdf. Acesso em: 10 mar. 2021. Podgaec S, Caraça DB, Lobel A, Bellelis P, Lasmar BP, Lino CA, et al. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Ginecologia, no. 32/ Comissão Nacional Especializada em Endometriose). Disponível em: http://www.as.saude.ms.gov.br/wp- content/uploads/2019/09/Protocolo-Endometriose.pdf. Acesso em: 10 mar. 2021.
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