Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Potenciais de membrana e potenciais de ação Refere-se a atividade elétrica da célula, a capacidade que a célula tem de reagir aos estímulos e gerar uma resposta. Distribuição iônica Propriedade das células: potencial elétrico É a capacidade que a célula por ser um corpo energizado possui de atrair ou repelir cargas elétricas. A partir da caracteristica das cargas elétricas, ocorre a movimentação dos íons para dentro e para fora das células. Considerando, teoricamente, que não há movimentação dos íons, considera-se a célula como um ambiente neutro (cargas igualmente distribuidas entre o meio externo e interno). No entanto, ocorre uma distribuição assimétrica dos íons através da membrana devido a movimentação dessas moléculas, originando, assim, o potencial elétrico da célula. Dessa forma, a célula apresenta um acúmulo de cargas negativas e, o meio externo, possui um acúmulo de cargas positivas, dando uma diferença de potencial eletrico que será medida através da voltagem. Potencial de membrana Potencial de membrana é a diferença de potencial elétrico através da membrana plasmática, originado a partir de um desequilibrio elétrico da distribuição das cargas elétricas dentro e fora da membrana. Fatores que influenciam o potencial de membrana: 1. Gradiente de concentração de diferentes íons através da membrana; 2. Permeabilidade da membrana a estes íons. Depende do canal iônico. Potencial de Nernst/potencial de equilíbrio/força eletromotriz: Nível do potencial através da membrana que se opõe precisamente à difusão efetiva de um íon em qualquer direção através da membrana. A grandeza do potencial de Nernst é determinada pela proporção entre as concentrações desse íon específico nos dois lados da membrana. Quanto maior essa proporção, maior será a tendência para que o íon se difunda em uma direção, e, por conseguinte, maior o potencial de Nernst necessário para evitar difusão efetiva adicional. A medição do potencial de membrana é realizado pela técnica do eletrodo. Alterações da voltagem da membrana Relaciona-se com o canal iônico operado por voltagem. O potencial de membrana é alterado, principalmente, devido a influência dos íons Na+ e K+. Potencial de repouso: É o potencial de membrana quando a célula está em repouso (estável), ou seja, quando ela não está se comunicando (teoricamente). Dessa forma, o gráfico de uma célula em repouso será retilíneo/constante. Uma célula em repouso, apresenta os seus canais dependentes de voltagens fechados e somente o canal de vazamento está aberto (K+/Na+). Assim, na realidade, não é possível manter um ambiente interno neutro, pois apenas hipoteticamente é possível que a célula não esteja realizando alguma comunicação, já que na realidade o canal de vazamento está a todo momento aberto permitindo a passagem de K+ para fora da célula e de Na+ para dentro da célula (difusão simples por proteína canal). Apesar das trocas ser entre íons positivos, a célula não fica positiva, e sim, negativa. O canal de vazamento possui uma afinidade maior para o potássio (100x maior), assim, haverá uma perda grande de potássio dentro da célula e as cargas negativas irão se sobressair, assim, a célula acumula cargas negativas e fica mais negativa. Além disso, a bomba de sódio e potássio, presente em todas as células, possui uma importância muito grande no tangente a manutenção do potencial negativo da célula. Nela, para cada três cargas positivas que estão sendo retiradas da célula (Na+), somente duas cargas positivas voltam para a célula (K+), assim, a cada transporte haverá a perda de uma carga positiva pela célula e, assim, se manterá o potencial de repouso da célula que é negativo. A bomba de Na+/K+ além de manter a homeostasia celular também ajuda a manter o gradiente elétrico. Resumindo: Os canais de vazamento dão origem ao potencial de repouso e esse potencial é mantido pela bomba de sódio e potássio. Potencial graduado: É uma mudança do potencial de membrana que é diretamente proporcional à força do estímulo. O potencial graduado ocorre nos dendritos ou no corpo celular, pode ser despolarizante (resposta excitatória) ou hiperpolarizante (resposta inibitória). Se o estímulo chegado na célula resulta em uma alteração de cargas tornando o potencial interno da célula positivo, ocorreu uma despolarização, já se o estímulo tornou a célula ainda mais negativa, houve uma hiperpolarização. O potencial de ação pode ser gerado através de um potencial graduado, caso o potencial graduado seja excitatório e atinja o limiar de disparo. Toda resposta inibitória impede que o potencial de ação aconteça. Potencial de ação: O potencial de ação é uma alteração do estado de repousa da membrana, que leva à excitação da célula. Trata-se de uma alteração da permeabilidade iônica da membrana em resposta a um estímulo. O potencial de ação é o que nos mantem vivos, pois é ele que faz com que o coração bombeei o sangue para o sistema circulatório. Cada batimento cardíaco é resultado de um potencial de ação. A realização de tudo o que envolve o comando do sistema nervoso só é possível devido ao potencial de ação. O potencial de ação só ocorre após uma resposta excitatória com força suficiente para atingir o limiar de disparo. Quando o estímulo excitatório alcança o limiar de disparo, ele entra em uma fase ascendente, momento em que o potencial de membrana fica mais positivo (entra carga positiva), atinge-se o pico e começa a fase descendente, o potencial de ação fica novamente mais negativo, até ultrapassar o potencial de repouso. Estímulos sublimiares – estímulo excitatório, mas que não atingiu o potencial de ação. Propriedades do potencial de ação: ▪ “Tudo-ou-nada”: ou o potencial de ação ocorre em seu máximo de despolarização (quando o estímulo chega ao limiar) ou ele não ocorre (se o estímulo ficar abaixo do limiar). Em outras palavras, se o estímulo atingir o limiar de disparo, é tudo e gera potencial de ação no seu máximo (independente da força do estímulo) e, se o estímulo não atingir o limiar de ação, é nada e não gera potencial de ação. Fases do potencial de ação: I. Repouso: o interior da célula é negativo e o potencial de membrana está estável. II. Despolarização - fase ascendente: ocorre estímulo para abertura dos canais de sódio e de potássio. Os canais de sódio se abrem rapidamente após o estímulo e os canais de potássio mais lentamente, assim, haverá uma maior entrada de sódio na célula e essa por consequência se tornará mais positiva. III. Repolarização - fase descendente: é a volta para o repouso. Os canais de potássio terminam a sua abertura, assim, haverá uma saída maior de potássio, o que deixa a célula mais negativa, em compensação, os canais de sódio são inativados. IV. Hiperpolarização: o potencial de membrana fica mais negativa do que o potencial de repouso, pois os canais de potássio se fecham lentamente, dessa forma, a célula ficará negativa por um tempo maior. Entendendo o gráfico: 1-Potencial de membrana em repouso; 2- Estímulo para a despolarização; 3-A membrana despolariza até o limiar. Os canais de Na+v se abrem e o Na+ entra na célula, os canais de K+v começam a se abrir lentamente; 4- A entrada rápida de Na+ despolariza a célula; 5- Os canais de Na+ inativam-se e os de K+ mais lentos terminam de se abrir; 6- O K+ move-se do LIC para o LEC, resultando no acúmulo das cargas negativas dentro da célula; 7- Os canais de K+ também são lentos para fechar, permanecendo abertos e mais K+ deixa o interior da célula, tornando-a mais negativa; 8- Os canais de K+ voltagem-dependentes fecham-se, e um pouco de K+ entrana célula através dos canais; 9- A célula retorna à permeabilidade iônica de repouso e ao potencial de membrana em repouso. Processos regulatórios dos canais dependentes de voltagem: ▪ Canais de K+: os canais de K+, como todo canal iônico, apresentam a sua comporta de ativação (abre e fecham o canal) que se alteram mediante a mudança de voltagem. ▪ Canais de Na+: os canais de Na+, apresentam duas comportas, uma de ativação (lado externo) e outra de inativação (lado interno) do canal. Dessa forma, canais de sódio apresentam três estágios de abertura: 1. Durante o repouso, os canais dependentes de voltagem estão fechados, porque a comporta de ativação está fechando, bloqueando o canal, mas a comporta de inativação, está aberta. 2. Com a presença de estímulo, a comporta de ativação se abre e a comporta de inativação permanece aberta (processo corresponde a fase ascendente); 3. O outro estágio, coincide com a abertura da comporta de ativação e o fechamento da comporta de inativação, assim, o canal está bloqueado/inativo pela comporta de inativação. O bloqueio do canal pelo fechamento da comporta de inativação é importante para o período refratário. O período refratário significa que uma vez que o potencial de ação tenha começado, um segundo potencial de ação não pode ser desencadeado antes que o primeiro termine, o que significa que os potenciais de ação não se sobrepõem. Portanto, a inativação do canal de sódio funciona como uma proteção para que dois potenciais de ação não se sobreponham. Tipos de gráficos de potencial de ação: ▪ Neurônios e células musculares esqueléticas: ▪ Células cardíacas (células contráteis): antes de acontecer a repolarização da célula, o gráfico faz uma elevação chamada de platô. Esse tipo de célula não repolariza imediatamente após o pico, pois existe a participação de canais de cálcio dependente de voltagem, além da participação de potássio e sódio que levam a uma despolarização sustentada antes que haja a repolarização. Os canais de cálcio, assim como os de potássio, são lentos para abrir, eles começam a se abrir quando as aberturas dos canais de sódio vão sendo concluídas, por isso, a sustentação do gráfico antes do processo de repolarização. ▪ Células cardíacas (auto-rítmicas): são células auto-excitavéis, esse tipo de célula não depende de estímulos externos para que o potencial de ação aconteça. Diferenças entre o potencial graduado e o potencial de ação: ▪ Potencial graduado: estímulos podem ser somados; ▪ Potencial de ação: estímulos não podem ser somados.
Compartilhar