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Aula 3 – Fisiologia Humana Potencial eletroquímico da membrana II e potencial de ação propagado no axônio • Permeabilidade seletiva O íon potássio é consideravelmente mais permeável dentre os demais íons, desta forma, mesmo que os íons acrescidos como cloro e sódio sejam permeáveis, o potássio é o responsável por determinar de maneira mais efetiva o potencial de repouso da membrana, por isso, o potencial de repouso da membrana é de cerca de -90,8 mV. O P se refere à permeabilidade, sendo o do potássio em torno de 100, sódio 1 e cloro 10, por isso se por exemplo considerarmos uma célula comum, o potássio é o íon de comprometimento do potencial de repouso, como o gradiente de concentração ou químico é o que induz o movimento de efluxo, o potencial dentro da célula permanece negativo porque o potássio sai da célula carregando sua carga positiva. Salientando que o cálcio não é considerado mesmo sendo importante para alguns fenômenos, isto porque a permeabilidade da célula para o cálcio é consideravelmente menor. A permeabilidade é afetada pela habilidade que a célula tem se desenvolver no organismo e de se especializar, como por exemplo um neurônio, que possui como principal tipo de proteína que viabiliza a permeabilidade na membrana, tem-se o canal de sódio, que são característicos dos neurônios, principalmente os canais rápidos de sódio. A permeabilidade resulta das propriedades dos canais propriamente dito, como seu diâmetro, sua forma e a natureza das cargas elétricas e das ligações químicas ao longo da sua superfície interna. O potencial de repouso da célula nada mais é do que a resultante a partir da média dos potenciais dos íons relacionados. Despolarização nada mais é do que a aproximação do potencial de repouso do ponto zero, em que as concentrações geram o potencial resultante, bem como a permeabilidade que equivale à zero. Já se a carga do potencial é reduzida ou aumentada significativamente de maneira maior, tem-se a hiperpolarização. E se após a redução da polaridade, tem-se o retorno à antiga polaridade afirmamos que houve uma repolarização. Potencial de ação propagado no axônio • Equação de Goldman: Inclui diversos potenciais de equilíbrio (sódio, potássio, cloro e cálcio) e gera um potencial de equilíbrio resultante e intermediário entre todos os íons considerados. Considera-se a condutância, e esta é uma outra maneira de se expressar a permeabilidade da membrana e de que maneira podemos controlar a permeabilidade. Se considerarmos a permeabilidade como fator que influencia a resultante elétrica, se algum íon não é permeável, ele não interfere no potencial transmembrana, então esse íon não é capaz de gerar uma diferença elétrica, mesmo que a diferença química seja enorme, se a membrana não é permeável ao íon, nenhuma diferença elétrica é gerada, como por exemplo o cálcio. Ou seja, quando a membrana é permeável à diversos íons, o potencial de difusão deve considerar três fatores: a polaridade das cargas elétricas de cada íon, a permeabilidade da membrana da proteína e as concentrações (C) dos respectivos íons no lado interno e no lado externo da membrana. O cálcio possui uma certa diferença química, contudo, a permeabilidade ao cálcio é muito reduzida, desta forma, a condutância gerada a partir do cálcio não é incluída em situações de repouso. Eventualmente é que o cálcio pode possuir uma condutância, como por exemplo nos fenômenos em que ele é importante. Então o controle da permeabilidade seletiva é fundamental para a geração de eventos elétricos ativos na membrana celular. É o gradiente de concentração de cada um desses íons, que ajuda a determinar a voltagem do potencial de membrana. Além disso, o grau de importância de cada um desses íons na determinação da voltagem é proporcional à permeabilidade da membrana para cada íon em particular. É importante destacar que a permeabilidade dos canais de sódio e potássio passa por rápidas alterações durante a transmissão dos impulsos nervosos, enquanto a permeabilidade dos canais de cloreto não tem grandes alterações durante o processo. Assim, essas rápidas alterações nos canais de sódio e potássio são as responsáveis de maneira primária por transmitir os sinais nos nervos. • A permeabilidade da membrana pode ser alterada Eventos de abertura ou fechamento de canais iônicos, sendo estes o de cálcio, potássio, cloro e sódio, que são os canais mais comuns e os responsáveis por alterar a permeabilidade. Como por exemplo nas células musculares lisas do intestino, o cálcio é extremamente importante, bem como nos neurônios o cálcio é o fator importante na modificação do comportamento dos canais iônicos. As comportas das proteínas canais fornecem um meio para controlar a permeabilidade iônica dos canais, então acredita-se que algumas dessas comportas sejam extensões da molécula semelhante às das proteínas transportadoras com 7 domínios ou mais, e que podem ocluir a abertura de um canal ou podem ser retiradas dessa abertura por alteração da conformação da própria molécula da proteína. Esse comportamento é realizado por meio da avaliação do ambiente externo, como por exemplo estiramento mecânico (como quando o coração bombeia o sangue, este aumenta o volume de sangue quando o coração bombeia acaba por dilatar a parede dos vasos, e esse estiramento mecânico causado pelo lançamento do volume de sangue é um estímulo para a abertura dos canais iônicos). De mesma forma, as alterações de voltagens como o que acontece com a despolarização de algumas células, para alguns canais iônicos, a despolarização é um estímulo da abertura ou fechamento de canais iônicos, esses canais são chamados de canais dependentes de voltagem. A presença de um ligante, como neurotransmissores, como a acetilcolina, que se ligam às proteínas e estas a reconhecem, quando este ligante está presente, as proteínas alteram os canais, no caso dos ligantes, existem canais que são responsáveis por mais de um íon, sendo ligantes de cátions no geral. Cada canal possui suas estruturas químicas denominadas isoformas, como dentre os próprios canais de sódio, podendo existir até canais permeáveis à dois íons como cátions (sódio e potássio). Além disso, a condutância, o limiar de ativação/inativação e a velocidade de ativação/inativação constituem fatores que influenciam o comportamento dos canais iônicos na membrana e são os responsáveis pela variação desse comportamento. Então, é possível concluir que a abertura e o fechamento desses canais podem ser controlados por dois modos: (1) Variações na voltagem, em que nesse caso a conformação molecular do canal ou das suas ligações químicas reage ao potencial elétrico através da membrana celular, ou (2) Controle químico, em que algumas comportas das proteínas canais dependem da ligação de substâncias químicas com a proteína, isso causa mudança conformacional da proteína ou de suas ligações, podendo abrir ou fechar o canal proteico. Este último constitui um dos principais tipo de controle, o chamado canal de acetilcolina, em que a acetilcolina abre esse canal, formando um poro negativamente carregado, com diâmetro de cerca de 0,65 nanômetros, que permite a passagem de moléculas sem carga ou íons positivos menores. Esse tipo de comporta é extremamente importante para a transmissão de impulsos nervosos de uma célula nervosa para outra e das células nervosas para as musculares, causando a contração muscular. - Mudanças de permeabilidade geram eventos elétricos Potencial graduado possui uma magnitude variável e possui uma resposta de alcance curto na célula, apresenta decaimento e pode iniciar o potencial de ação, ou seja, temos um potencial que se inicia, mas que ao decorrer do tempo se dissipa por possuir magnitude variável. Já o potencial de ação possui magnitude elevada, mas é mantida, possui alcance longo e sem decaimento. • Potencialgraduado Se nós consideramos uma fonte próxima à célula, tem-se uma condição de repouso inicialmente e um impulso quadrado é aplicado, que gera uma resposta celular decorrente do estímulo e provoca uma resposta que não é quadrada e que se mostra através da membrana, isto porque o estímulo gera uma resposta que atinge um valor máximo, mas que depois de um tempo, o estímulo não possui a mesma magnitude, essa ampliação depende da magnitude do estímulo. Quando o estímulo decai, pode-se perceber que as alterações são geradas a partir das mudanças que a membrana. Neste caso, ocorrem despolarizações ou hiperpolarizações, dependendo da resposta da célula e estes, são gerados a partir do estímulo, cuja amplitude depende exclusivamente do estímulo aplicado. O potencial graduado é uma resposta de magnitude variada, mas de amplitude pequena, contudo existe um limiar, ou seja, um ponto de voltagem na célula em que ela é super sensível, quando o potencial de repouso alcança esse limiar, tem-se a formação do potencial de ação que causa uma ação e gera um fenômeno biológico, portanto, o potencial graduado não necessariamente gera uma ação, mas sim pode alcançar o limiar de ação da célula e gera o potencial de ação. O limar é o ponto no qual a célula passa a gerar um potencial de ação, esse limiar é atingido quando outra célula interage com a célula e gera um potencial suficiente para atingi-lo. Como por exemplo em uma célula muscular, que mesmo possuindo um potencial graduado, que acontece próximo ao ponto de estímulo, contudo, nenhuma contração é efetivada, contudo, quando o limiar de excitação é atingido, tem-se a geração de um potencial de ação capaz de gerar a contração no músculo. Vale salientar que quanto mais distante do ponto de estímulo, o potencial graduado tem sua magnitude reduzida, isso acontece devido as variações de polaridade geradas na membrana, como por exemplo a despolarização, que pode ser tecnicamente definido como a inversão nas concentrações de cargas como o pontinho indo na direção do zero, mas essa despolarização pode ter sido causada por um aumento na permeabilidade de um íon específico como sódio, que leva o pontinho preto para a positividade, contudo, tudo isso é relativo, isto porque, as regiões em que ocorreu a despolarização, é estabilizada por canais iônicos presentes nas laterais do ambiente celular. Então como o primeiro estímulo foi a abertura de um canal, a despolarização começa a influenciar as demais regiões e tem-se o decaimento na intensidade da onda. Isso influencia na possibilidade de ter nervos de dimensões variadas e assim, se o nervo é maior a influência é maior, se o nervo é grosseiro, tem- se a maior magnitude e consequentemente, maior decaimento, isso nos permite afirmar que o decaimento depende da resistência do meio interno, podendo passar mais ou menos potência elétrica, influenciando na velocidade com a qual os nervos são capazes de produzir a transmissão da informação. Um neurônio possui corpo, dendritos e axônio, em que o estímulo é aplicado na região do corpo ou dendrito, é processado no corpo e é transmitido até o axônio e este é responsável por encaminhar a mensagem ou estímulo até uma outra célula. O potencial graduado provoca um fenômeno de despolarização, mas na região do axônio é muito menor, então o limiar não é alcançado, então na zona de disparo entre o corpo e o axônio que é onde se tem a maior população de canais de sódio, o potencial graduado não possui intensidade suficiente, o sinal não consegue chegar até o final do axônio, não se transformando em informação ou sinal. Se o potencial graduado chega até a região de disparo e consegue alcançar o limiar de ação, tem-se a for mação do potencial de ação, isto porque ao chegar na zona de disparo, ainda se tem energia suficiente para enviar o estímulo para a célula próxima e gerar o potencial de ação. Então a representação passa de uma gotinha e agora tem-se um abalo maior, capaz de transmitir sinais de alto alcance e sem decaimento, capaz de produzir sinalização rápida e direta. Vale salientar que a hiperpolarização não produz potencial de ação, mas se caso o potencial graduado é aplicado acima do limiar tem-se o disparo caracterizado como disparo excitatório, então o pico dele é de nível positivo, então ele cai até baixo das condições de potencial de repouso e em seguida retorna para a forma comum. Como a resposta gera um potencial de ação, o potencial graduado é retirado, pois este é apenas o indutor da resposta. Potencial de ação é um fenômeno de alteração rápida do potencial transmembrana, compõem um ciclo estereotipado de despolarização e repolarização do potencial transmembrana (potencial de ação do coração possui o mesmo formato de antes, potencial do neurônio é o mesmo desde o começo), estes ocorrem numa sequência lógica de despolarização e repolarização (envolvente a hiperpolarização entre as duas). As despolarizações de grandes magnitudes, como 100 mV, saindo do -70 mV até mesmo o +40 mV. O potencial de ação constitui uma linguagem básica da comunicação celular. A sequência do potencial de ação é que a despolarização ocorre saindo do -70 mV até o 0, do 0 até o +30mV tem-se o Overshoot, de 30 até 0 tem-se a repolarização, esta vai até -70 mV, como a célula fica menos negativa que -70 tem-se uma hiperpolarização. O limiar vai ser um determinado valor em que a resposta acontece e o período refratário, em que a resposta capaz de gerar o gatilho (limiar alcançado que não pode ser revertido), este realiza a despolarização, repolariza, hiperpolariza e retorna ao ponto de repouso ocorre em 1 milisegundo. Esse fenômeno é caracterizado como biofísico que acontece em célula definida como biofísica e que não pode ser tratado como fenômeno mecânico. Todo o trajeto em que a célula sai do potencial de repouso e vai até a situação de repouso novamente acontece em torno de 8 milisegundos, então o período refratário é o que determina a impossibilidade de parar o processo. Este pode ser o absoluto, que é a primeira parte do fenômeno que vai até a metade do decaimento, quando se encaminha para a hiperpolarização e durante esse período refratário, nenhum estímulo aplicado na célula é capaz de gerar potencial de ação. Já quando se fala em período refratário relativo, se houver um estímulo na célula, pode ser que aconteça a iniciação de um outro fenômeno dependendo da magnitude do estímulo aplicado, e assim, tem- se uma segunda resposta. Todo esse fenômeno depende dos canais iônicos e mudanças nas permeabilidades. A abertura dos canais de sódio gera o aumento da permeabilidade ao sódio, quando o ponto de permeabilidade máxima é atingido, ocorre a despolarização e assim, a linha vermelha que caracteriza o potencial de ação atinge seu pico, então a despolarização é máxima. Como resposta secundário, tem-se a abertura gradual dos canais de potássio e aumenta a permeabilidade ao potássio, este começa a limitar a permeabilidade ao sódio, o que dá forma ao pico do potencial de ação, essa redução da permeabilidade do sódio depende da voltagem, que pode ser alterada pela liberação de um neurotransmissor capaz de gerar o potencial graduado e alcança o limiar. Então na faixa inicial entre -70 e -55 tem-se a abertura de alguns canais e já entre +30 e 0, tem-se o fechamento desses canais e a abertura de outros canais. Em seguida ambas caem, sendo uma mais lenta. Esses canais são chamados canais rápidos de sódio (para a linha amarela) e os canais de potássio são os canais retificadores, o que gera o potencial de repouso mais negativo na fase de pós hiperpolarização. Quando os canais retificadores se fecham, somente os canais de liberação de potássio permanecem e mantém a liberação de potássio, o que gera o potencial da célula. Isto porque o sistema das proteínas do canal de sódio, possui comportas que podem medir a voltagemdos estímulos aplicados, se o estímulo é capaz de abrir a comporta que permite a passagem do sódio, então se ocorre uma despolarização a comporta de ativação se abre, liberando o fluxo de sódio e assim a despolarização ocorre, então quando chega no determinado nível de despolarização, uma outra parte da molécula muda de conformação e fecha o poro novamente, é importante salientar que são regiões distintas do canal, então esse canal só consegue funcionar novamente depois que as duas estruturas, que são a comporta de ativação e de inativação, em que a primeira deve estar fechada (não permitindo a passagem de sódio) e a segunda aberta, que inativa a passagem de sódio para o meio intracelular, fazendo com que o potencial retorne para o potencial de repouso, estes fenômenos estão situados no período refratário absoluto, então não adianta a célula recrutar esse canal de sódio porque ele vai estar realizando seus movimentos de passagem transmembrana, e a variação dos estados de abertura e fechamento do canal determinam a existência e ocorrência do período refratário absoluta e relativo. • Propagação do Potencial de Ação (PA) Ocorre pela disseminação local de correntes iônicas das regiões ativas para as mais inativas, isso é realizado pelo reforço das estruturas cabulares nas células. Então a velocidade de condução depende das propriedades do cabo, das constantes de tempo e de comprimento, bem como de variações na velocidade de condução podem ser vistas pelo aumento no tamanho do nervo e como a mielinização do axônio que aumenta a velocidade de condução devido à condução saltatório, esta é causada pelo envolvimento do axônio pela bainha de mielina, então cada fenômeno daquele de despolarização deve ser capaz de influenciar as regiões vizinhas a ponto de conduzir informações, então no geral, neurônios não mielinizados precisam gerar o potencial de ação ponto a ponto do axônio. Na mielinização, existem células de Schwam, que são célula de gordura de maneira a não permitir que o axônio fique em contato com o líquido extracelular, então somente o nódulo de Ranvier permanece em contato com o líquido extracelular, essa exposição diminuída faz com que ocorra um encurtamento do axônio para que o tráfego do fenômeno elétrico seja menor, isso acontece porque as resistências elétricas no meio intracelular são menores do que a do local extramembrana, então o resistor presente na membrana que controla a permeabilidade, é maior na região membranar propriamente dita, então se a despolarização é ponto a ponto, na célula de Schwam essa resistência não é efetiva, o que diminui a distância e aumenta a velocidade de condução do potencial de ação.
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