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Caso clínico R.R.P, 48 anos, engenheiro civil, apresentou episódios de dor lombar aguda em 15 de setembro de 2018, com irradiação para região glútea, MI direito e formigamento na região plantar, tornozelos e dedos direitos. A dor aumentava durante a adoção de posturas em sedestação e decúbito dorsal e diminuía durante a marcha. A TC apresentava nódulos de Schmrol em L3, protrusão discai L4 e L5, com obliteração dos recessos laterais. A conduta clínica inicial foi a manutenção em repouso por um período de 15 dias, acompanhada de medicação analgésica e anti-inflamatória. Na primeira consulta físioterápica o paciente apresentava um bloqueio total nos movimentos de cintura pélvica, com leve inclinação do tronco para frente e o sinal de Laségue (+) a partir de 30°. 1) Com base nesse caso clínico levante todas os prováveis diagnósticos médicos para esse quadro clinico. Cite todos que você imaginar que possa gerar a clinica citada acima. 2) Quais estruturas poderão estar causando esse quadro de dor? Ou quais alterações poderão estar levando a esse quadro? 3) Quais sinais/sintomas foram observados 4) Quais os movimentos estão limitados devido ao quadro álgico? 5) Quais possíveis testes para diferenciar o diagnóstico? 6) Quais perguntas são direcionadoras para a solução desse quadro? 7) Quais os prováveis exames laboratoriais serão uteis no auxilio diagnostico? 8) Qual provável tratamento. Saia da caixinha, abra sua mente! 9) Quando NÃO tratar ou o que NÃO REALIZAR nesse caso? Hérnia de Disco http://materiais.sbf.org.br/cif-2019-aula-prof-dr-jose-lima-obrigado http://materiais.sbf.org.br/cif-2019-aula-prof-dr-jose-lima-obrigado Nomenclatura variada • HERNIA DISCAL ou HERNIA DE DISCO • HERNIA DE DISCO INTERVERTEBRAL • RADICULOPATIA LOMBAR • RADICULOPATIA CERVICAL • PROLAPSO DE DISCO INTERVERTEBRAL • DISCO ROTO Definição • A hérnia de disco é um processo em que ocorre a ruptura do anel fibroso, com subsequente deslocamento da massa central do disco nos espaços intervertebrais. Etiopatogenia • É considerada uma doença extremamente comum, que causa séria inabilidade em seus portadores. • Estima-se que 2 a 3% da população sejam acometidos desse processo, cuja prevalência é de 4,8 % em homens e 2,5 % em mulheres, acima de 35 anos. • 2º lugar de maior relato de dor nas consultas médicas Etiopatogenia • Mais comum em L4-L5 e L5-S1 (80-90%); • Limitação de ADM, principalmente em flexão; • Geralmente unilateral; • Melhora com repouso e piora com movimento • Piora após período de pé ou sentado (sobrecarga) • Diagnostico diferencial: Se bilateral na lombar, avaliar hérnia central ou outras complicações mais graves como a “Síndrome da Cauda Equina”... Classificação das hérnias e acordo com a dimensão DENOMINAÇÃO % DO CANAL ACOMETIDO Pequena Até 12% Média De 12 a 25% Grande De 25 a 50 % Gigante Mais de 50% Hérnia de disco Causas: • Levantamento de cargas excessivas anteriormente → força excessiva em flexão + rotação + extensão • Alterações biomecânicas→ postura, movimentos bruscos ou repetitivos • Alterações degenerativas (espondiloartroses) → idade → alterações do conteúdo da água e proteoglicanos, responsáveis pela hidratação do disco • Fatores genéticos • Tabagismo • Obesidade • Pequenas deformidades • Sedentarismo → flacidez muscular • Traumatismo • Má formação congênita • Neoplasia (Olivier,1996) Fisiopatologia da Hérnia de Disco LESÕES DISCAIS • Protrusão Quando há uma deformidade no disco causado pela projeção do núcleo no sentido posterior, no entanto não há rompimento da camada interna e externa do ânulo fibroso • Prolapso – Quando a deformidade do disco é mais acentuada por causa do rompimento da camada interna do ânulo fibroso, tendo compressão de nervo e medula. Apenas as fibras mais externas seguram o núcleo. LESÕES DISCAIS • Extrusão – Quando há rompimento da camada interna e externa do ânulo, provocando uma projeção da hérnia mais acentuada. Nesse caso a hérnia fica sob o ligamento longitudinal posterior, fazendo a pressão aumentar no local. O material discal move-se para dentro do espaço epidural. Em alguns casos os ligamentos podem se romper, aliviando a pressão e a dor do paciente. LESÕES DISCAIS • Sequestro – fragmentos discais (anel e núcleo) fora do disco, podendo se propagar para o canal medular Lesões Discais (MAGEE, 2002) • “O rompimento do ânulo fibroso leva à formação da hérnia, que pode ser contida, não contida, extrusa subligamentar ou transligamentar e sequestrada”. Do artigo: Hérnia de disco cervical no adulto: tratamento cirúrgico. DIRETRIZES EM FOCO, 2012 (Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Sociedade Brasileira de Reumatologia) Tipos de hérnias • Hérnia Anterior: • Sob o ligamento longitudinal anterior • Raramente tem significado clinico • Compressão no espaço pré-vertebral • Hérnia Póstero-lateral: • Lateral do canal vertebral, ou porção inicial do forame de conjugação; compressão dos nervos espinhais e da medula espinhal. • Compressão radicular • Hérnia Póstero-mediana ou Central: • parte central do canal; não comprime nervos, porém comprime a medula espinhal e seus vasos, podendo causar mielopatia. • Hérnia lateral: • comprime os nervos intercostais e na cervical comprime canal da artéria vertebral Sintomas • Hérnias de Disco Cervical • Hérnias de Disco Torácica • Hérnias de Disco Lombar Hérnia de Disco Cervical X Lombar Locais mais frequentes são a região lombar e a cervical, principalmente nas suas partes mais baixas. Hérnia de Disco Cervical • Tem maior relação com posturas inadequadas da cabeça e dos ombros, com esforços e movimentos impróprios em membros superiores, • C5-C6 e C6-C7 Hérnia de Disco Lombar • Tem grande relação com os esforços de carregar pesos, na posição de inclinação do tronco para a frente, com rotação da coluna e sem o devido suporte. • L4-L5 ou L5-S1 • Pode acontecer compressão da medula espinhal resultando em fraqueza dos membros inferiores e alterações para o controle de eliminação da urina e das fezes (casos mais graves). Ambos → dor localizada, com sensação de travamento isoladamente, ou com dor irradiada para o membro (superior ou inferior), devido à compressão de raízes nervosas. Hérnia de Disco Cervical Etiopatogenia • A radiculopatia em consequência ao prolapso do disco intervertebral cervical, em geral, ocorre entre a terceira e quarta décadas da vida, durante as fases iniciais da degeneração do disco intervertebral, quando se observam fissuras na circunferência do ânulo fibroso → processo inflamatório cervicobraquialgia distribuída pelo dermátomo correspondente à raiz nervosa Movimentos que podem provocar dor/lesão cervical Movimentos que podem provocar dor/lesão cervical A cervical e a tecnologia ? • Alguns pacientes podem apresentar paresia e/ou diminuição do reflexo osteotendinoso profundo do músculo correspondente ao nível comprometido. • A cirurgia é opção de tratamento nos pacientes que não respondem às medidas clínicas por tempo adequado (2 a 3 meses) ou que apresentam dor intratável e/ou à disfunção neurológica progressiva TRATAMENTO CONSERVADOR Dermátomo e Miótomo • A medula: 31 pares de nervos espinhais → filamentos radiculares ventrais e dorsais • A área da pele inervada por axônios sensitivos de cada raiz nervosa, é chamada de dermátomo → a porção da pele que contém a área inervada por um nervo, desde a sua raiz até sua porção final. • O conjunto de fibras musculares inervadas por axônios motores de cada raiz nervosa, de cada segmento medular, é chamada de miótomo. Dermátomos Miótomos DANCINHA Hérnia de Disco Cervical Disco raiz Dor e paresias Perda de sensibilidade Perda motora Perda do reflexo C4-5 Pescoço, ombros, membros superiores Ombro Deltóide, bíceps Bíceps C5-6 Pescoço, ombro , parte lateral do braço e território radial do antebraço ao hálux e indicador Polegar, indicador , parteradial do antebraçoi, parte lateral do braço Bíceps Bíceps, supinador C6-7 Pescoço, parte lateral do braço, dedos anular e indicador Indicador, dedo médio, parte radial do antebraço Tríceps,extensor ulnar do carpo Tríceps, supinador C7-C8, T1 Parte ulnar do antebraço e mão Metade ulnar do dedo anular, dedo mínimo Músculos intrínsecos da mão, extensores do punho Nenhum Sintomas e sinais da ruptura lateral de Disco Cervical C5 C6 3 Musculocutaneo C7 C5 C6 2 Axilar C5 C6 C7 5 Radial C8 T1 C5 C6 4 Mediano C7 C8 C8 2 Ulnar T1 M A R M U Hérnia de Disco Torácica (HDT) • Os primeiros relatos de hérnia de disco torácica foram publicados por Key em 1838 e por Middleton and Teacher em 1911 e a primeira revisão de casos cirúrgicos em 1936 por Hawk. Desde então, várias vias de acesso foram descritas e ainda não existe uma considerada “padrão-ouro” para o tratamento desta doença. • Raro: A incidência de hérnia de disco torácica com déficit neurológico é de 1/1.000.000 embora o achado incidental em ressonância magnética seja 10-20%. • Indicação cirúrgica nesta doença é rara, correspondendo 0,15 – 4% das cirurgias para hérnia de disco IUNES et al 2016 Aspectos clínicos relevantes • Associação da HDT com Doença de Schuermann e trauma • Acomete mais o sexo masculino, entre 4ª e 6ª décadas. • Calcificações intradiscais são achados marcantes, ocorrendo em cerca de 60% dos casos, • Aproximadamente, 75% das hérnias de disco torácicas localizam-se abaixo de T8, principalmente T11-T12 Aspectos clínicos relevantes • Manifestação clínica inicial: dor em região do dorso → sintoma inespecífico→ atraso diagnóstico. • Radiculopatia (compressão de raiz nervosa) → com dor irradiada, hipoestesia em dermátomo intercostal, mas a ausência de miótomos na região • Mielopatia (compressão da medula) é a forma de apresentação mais comum na prática clínica, no contexto de investigação de paraparesia, alteração sensitiva com nível torácico e alterações esfincterianas. Diagnóstico por imagem • RNM apresenta a maior acurácia para o diagnóstico, mas a radiografia e a tomografia computadorizada são fundamentais para definirmos as características da calcificação quando presente. Hérnia de Disco Lombar • As póstero laterais são as mais comuns, podendo pinçar uma ou até duas raízes nervosas, a medula e a cauda equina. O mais comum é pinçar os nervos espinhais. • A medula espinhal termina na 1a e 2a VL, a partir da 2a e 3a VL para baixo já é a cauda equina. • Se for lombar alta comprime dura máter, nervos e a medula. • Se for lombar baixa, comprime dura máter, nervos e cauda equina. Hérnia de disco lombar Sintomas: • Com/sem dor lombar, com/sem irradiação; • Dor e espasmos lombares locais; • Dor aguda ao espirrar, tossir e ao tentar elevar objetos à frente; • Piora da dor em flexão ou extensão; • Alívio ao deitar. Sintomas: • Dor irradiada: fisgada, choque e bem delimitada (dermátomos); • Dor referida: mal definida, na lombar, sacrilíaca, nádegas e/ou coxas. • Perda de força em MMII (miótomos); • Alteração da marcha • Diagnostico diferencial: piriforme? Facetas? fibrose das raízes nervosas?.... Hérnia de disco lombar Sintomas e sinais da ruptura lateral de Disco lombar Disco raiz Dor e paresias Perda de sensibilidade Perda motora Perda do reflexo L3-L4 Superfície anterior da coxa, parte inferior Superfície antero- medial da coxa estendendo pela perna até a parte interna do pé. Quadríceps Reflexo patelar L4-L5 Irradia por trás da perna até a parte lateral da panturrilha e cruza pelo dorso do pé até o hálux Usualmente envolve a parte lateral da coxa e o hálux Extensor longo do hálux; menos comumente, músculos de dorsiflexão do e eversão do pé. (calcanhares) Nenhum L5-S1 Irradia por trás da panturrilha até o pé e os pododáctilos Quase sempre compromete a parte exterior da panturrilha, a parte exterior do pé, e os pododáctilo menores; menos comumente, a parte posterior da coxa. Gastrocnêmio, e ocasionalmente músculos de eversão do pé. (ponta dos pés) Reflexo patelar Movimentos que podem provocar dor/lesão lombar Se a sua musculatura/articulação não esta preparada para esse movimento você ira lesar!! Bandeiras Vermelhas (Existem mais de 46 sinais listados na literatura como alerta) São sinais e sintomas de alerta que podem sugerir a possibilidade de doenças graves como: • Fraturas • Câncer → Suspeita de neoplasia • Infecções • Síndrome da cauda equina→ Sinais neurológicos bilaterais e disfunção vesical ou intestinal • Aneurisma da aorta • Historia de traumatismo, osteoporose ou idade acima de 70 anos • Dor que não modifica com medicação ou posição. • Dor severa ininterrupta • Perda de peso não intencional • Dor constante que não melhora ao repouso ou a noite • Ausência de melhora dos sintomas dentro de um mês • Não ter histórico anterior de dor lombar • Trauma recente • Uso de esteroides ou imunossupressores por longos períodos • Idade inferior a 20 anos ou acima de 55 anos • Febre → Corresponde apenas a 1 % dos casos de dor lombar . PRESSÃO DISCAL (Magee) Estudo de Nachelson and cols.* Dor irradiada ao movimento Magee, 2002 EXAMES COMPLEMENTARES • Não são observadas nas radiografias (mesmo assim verificar os criterios ABCS = A) alinhamento; B) densidade óssea; C) espaço cartilaginoso; S) alterações nos tecidos moles) • Observar na RMN e TC, mas... • → Mais de 50% dos adultos saudáveis apresentam alterações discais na TC. Exame por imagem • RMN TC Ressonância Magnética Nuclear Hernia de Disco Cervical Hernia de disco torácica Hernia de Disco Lombar TESTES Elevação da perna reta Teste de Lasègue • Peça o paciente para prender a respiração e fazer força como que se quisesse evacuar. • Em seguida pergunte se houve agravamento da dor , e em caso afirmativo, peça-lhe para descrever a localização. Manobra De Vasalva – lombar e cervical Teste de Hoover Sinal das Pontas - lombar • Pede-se ao paciente para andar com a ponta dos pés e depois com os calcanhares: • Não consegue andar com um dos calcanhares → compressão da raiz L5. • Não consegue andar com uma das pontas dos pés → compressão da raiz S1. Teste de Slump Teste de compressão/distração TRATAMENTO ? MOVIMENTO HOJE Tratamento • Terapia Comportamental (incentivar a movimentação e retorno às atividades)→ preparar o paciente (articulação, musculo, etc para isso) • Terapia manual (manipulações); • Método McKenzie; Método de Willians, Klapp... • Mobilização neural (se há dor irradiada) • Reeducação Postural Global • Estabilização cervical/ lombopélvica (Pilates); • Hidroterapia • Eletrotermofototerapia • Acupuntura • Tração • .... Tratamento Conservador • Repouso (quadro álgico??) • AINES ou esteroides orais, analgésico a a curto prazo • Aplicação de calor? Gelo? Demais... (quadro álgico) • Modificação de atividades → preparo para elas! • Tração →Mobilização • Estabilização segmentar • Controle motor • Alongamentos/ fortalecimentos • Terapia manual • Relação com outras articulações Tratamento → Considerações ❑ INDIVIDUAL. Cada caso um caso, cada individuo um individuo ❑ EXCELENTE AVALIAÇÃO! → Avalie todos os campos, avalie o paciente como um todo! ❑MOVIMENTO: procure devolver o movimento e evite a imobilização → varias técnicas para isso → investigue posições de dor Tratamento cirúrgico • 78% bons resultados • Artrodese • Hemilaminectomia • Laminoforaminotomia • Discectomia • Indicações cirúrgicas: • Sinais progressivos de disfunção da raiz ou da medula • Falha do tratamento conservador em aliviar a dor radicular ou déficit motor Prevenção - Orientações →nunca restringir o movimento →prepare o paciente sempre Próxima aula • Apresentar em 2 minutos UMA NOVIDADE sobre o tratamento das dores da coluna. • Abrir câmera e relatara novidade encontrada (pode ser teste, tratamento, questionário...) • Relatar a referência (onde buscou) • Atividade pontuada GERAR APRENDIZADO http://materiais.sbf.org.br/cif-2019-aula-prof-dr-jose-lima-obrigado http://materiais.sbf.org.br/cif-2019-aula-prof-dr-jose-lima-obrigado
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