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Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo • 80% das pessoas terá um episódio de dor lombar durante a vida. Destes: → 50% resolve em 1 semana sem tratamento; → 90% resolve em 6-12 semanas sem tratamento; → 7-10% persiste após 6 meses, são considerados como dor lombar crônica; → Chance de recaída de até 75%, essa chance aumenta nos pacientes com dor lombar crônica; • É uma causa frequente de ida os pronto socorros. • Primeira causa de incapacidade em pessoas com menos de 45 anos; • A maioria dos casos é sem causa definida (inespecífica); • Fatores biofísicos, psicológicos e sociais interferem na dor e no seu impacto. • Todo tipo de dor chega ao córtex e gerará incapacidade ou não, dependendo da intensidade, do processamento, das experiências do paciente e os fatores supracitados. • É um sintoma e não uma doença; • Conceito: dor localizada entre a margem inferior das últimas costelas e as nádegas, que pode vir ou não acompanhada de dor nos MMII; → Lombalgia ou lumbago: quando é só dor na coluna lombar → Lombociatalgia: quando atinge o nervo. Nesses casos, tem irradiação de acordo com a raiz do nervo acometido. • A região lombar é composta por 5 vértebras lombares, que estão separadas entre si por discos intervertebrais. → Os discos vertebrais são formados por anéis lamelares circunscritos chamados anulus fibrosus, um tecido mais enrijecido e no centro há o núcleus pulposus que é uma camada mais líquida, isso confere a resistência e a elasticidade do disco. → Com o passar dos anos, a lamela do anel fibroso pode ter um processo de fissura e o material gelatinoso se extravasa, formando a hérnia de disco. • Na parte posterior da coluna, há outra articulação chamada articulação interfacetária, trata-se de uma articulação sinovial, que podem sofrer inflamações como as demais articulações do corpo (artrite infecciosa, artrite da gota, etc). • Os forames intervertebrais estão na região posterior, onde passam as raízes medulares; Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo • Há também o canal vertebral, onde vai ter a medula e no final da coluna (L2), ficam só as raízes, a cauda equina; • Há um ligamento longitudinal anterior cobrindo toda a coluna vertebral na parte anterior; • Na parte posterior há o ligamento anterior posterior; • Há o ligamento amarelo após o canal vertebral. FLEXÃO LOMBAR EXTENSÃO LOMBAR • Ao fazer a flexão da coluna lombar (indo para trás) a frente), gera um processo de compressão na região anterior do disco, fazendo esse disco correr para a região posterior. Ao fazer isso, vai estreitar a luz do forame oval e se houver alguma raiz nervosa na região, pode ser comprimida. → Hérnia de disco: piora na flexão, pois piora a compressão pré existente; → Artrose: melhora a dor, pois o forame se alarga. • Ao fazer extensão da coluna lombar (indo par a frente), a compressão do disco se dá na região posterior. → Hérnia de disco: melhora na extensão. → Artrose: piora na extensão por estreitar o forame intervertebral, que fica mais próximo a articulação interfacetária. • Várias estruturas inervadas; • Muitos achados nos exames de imagem também ocorrem em pessoas assintomáticas; ALTERAÇÃO Assintomáticos Sintomáticos Degeneração discal 34% 57% Protrusão discal 19% 42% Extrusão discal 2% 7% Espondilolistese 3% 6% Estenose espinhal 14% 60% Obs.: protrusão é o início de uma hérnia, pois hérnia é quando há o extravasamento e a protrusão é o abaulamento. Obs.: espondilolistese é quando uma vértebra escorrega sobre a outra além do nível permitido para não causar dor. • Nociceptiva: disco intervertebral, facetaarticular, platô vertebral. • Neuropática: Raíz nervosa, estenose do canal vertebral • Central: interpretação, sensibilização; • Dor referida. • Duração: → Aguda: < 6 semanas (1 mês e meio); → Subaguda: entre 7 - 12 semanas; → Crônica: > 12 semanas (3 meses). • Inflamatória ou mecânica? • Sinais e sintomas de maior morbidade (red flags): alerta para dor lombar de causa importante ou mais grave: Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo RED FLAGS: Extremos de idade (acima dos 50 ou abaixo dos 20); História ou suspeita de câncer; Sintomas como febre, calafrios, perda de peso, sem outra explicação convincente; Dor à noite e ao deitar; Trauma maior/grave ou trauma menor em idosos ou com osteoporose; Anestesia em sela (no quadril) em pacientes com síndrome da cauda equina; Déficit neurológico progressivo ou grave em MMII (ciatalgia bilateral, fraqueza nas pernas, retenção urinaria ou incontinência fecal); Imunossupressão ou uso crônico de corticoide; Uso de fármacos ou drogas endovenosas; Falha terapêutica após 6 semanas de tratamento (manutenção ou piora do quadro) • Sinais e sintomas que sugerem recorrência/cronificação, faltas ao trabalho e déficit funcional (Yellow flags) YELLOW FLAGS Humor deprimido ou negativo (principal fator de risco para cronicidade), isolamento social; Crença que a dor e a manutenção da atividade são lesivas; Comportamento doentio (insistência em ficar de repouso por longo período); Tratamento prévio que não se adequa as melhores práticas; Indícios de exagero na queixa e esperança de recompensa. História de abuso de atestado médico; Problemas no trabalho, insatisfação com o emprego. Trabalho pesado com poucas horas de lazer; Superproteção familiar ou pouco suporte familiar. • Inspeção estática: INSPEÇÃO ESTÁTICA DA COLUNA VERTEBRAL Pele e fâneros Cicatrizes, vesículas, manchas, lesões eritemato-descamativas ou tumefação; Trofismo muscular Contraturas, hipotrofias ou atrofias Deformidades Assimetria dos ombros, escoliose, cifose ou lordose. • Inspeção dinâmica: flexão, extensão, inclinação lateral, rotação. → Avaliada desde que o paciente entra na sala. • Palpação: → Tende a procurar pontos dolorosos: a) Palpa os processos espinhosos (na região mediana, em L1 até a região do sacro). Nessa região, só haverá dor nos casos de trauma com fratura e em pacientes poliqueixosos com hiperalgesia ou alodinia b) Palpa a região paravertebral direita e esquerda: são comuns as contraturas musculares, que podem ser a causa ou consequência da dor lombar; c) Palpar as cristas ilíacas. • Testes específicos: → Teste de Schober: marca na altura da crista ilíaca e 10 cm acima, com o paciente ereto. Em seguida, solicita-se que o paciente faça a extensão da coluna e ver quanto aumentou entre os dois pontos marcados. Se marcar 5cm ou mais, tem boa mobilidade lombar. Caso contrário, indica diminuição. Não é diagnóstico, só indica mobilidade; → Teste de Lasègue: faz a elevação do membro em extensão e o paciente refere dor na coluna lombar entre 30 e 70°, que pode ter irradiação ou não; → Manobra de Valsalva: paciente assopra a mão sem deixar o ar sair, provocando uma maior compressão na coluna lombar. Se o paciente já tinha compressão prévia na região, com esse aumento, ele referirá dor lombar. → Sinal das pontas: pede para o paciente ficar na ponta dos dedos (avalia a raiz nervosa de S1 e S2) e com o calcanhar (avalia a raiz nervosa de L5 e L4) Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo • Reflexos: • Irradiação: importante perguntar para qual região da perna irradia e até que região é. • Classificar em 1 de 4 tipos: → Dor lombar inespecífica (93%) → dor lombar mecanopostural que não tem uma causa totalmente definida, nem uma causa grave causando. → Dor lombar com radiculopatia ou estenose (4%) → ex: síndrome da cauda equina; → Dor lombar específica/inflamatória (1%) → ex: espondilite anquilosante, sepse de coluna, tuberculode se coluna, entre outros. → Dor lombarreferida (2%) → ex: pielonefrite, cólicas renais, alteração genital (útero, ovário). • Quais as causas de dor lombar? → Espondilose é o mesmo que artrose, que é o envelhecimento da coluna lombar; → Síndrome de DISH: é quando há uma artrose bem grave na coluna lombar; → Idiopática: estresse, postura, noite mal dormida, etc. • Espondilose lombar ou atrose (10%): as alterações são: → Degeneração discal; → Protusão discal; → Osteófitos; → Calcificações; → Diminuição do espaço articular (faceta); → Estreitamento forame intervertebral. • Hérnia discal (4%): Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo → Protusão discal: o disco saiu do seu local de origem; → Protusão discal focal: numa parte desse disco teve extravasamento de líquido; → Extrusão discal: o extravasamento é bem maior, chegando a romper as lamelas. É o laudo de hérnia de disco. → Sequestração discal: quando a hérnia rompe, perde a continuidade com o disco e esse conteúdo pode ir para a região superior ou inferior. É a hérnia extrusa. • Espondilolistese (2%): deslizamento parcial ou total de uma vértebra sobre a outra: → Grau I: até 25%; → Grau II: > 25%, até 50%; → Grau III: > 50% até 75% → Grau IV: > 75% até 100%; → Grau V: maior que 100% (apoptose): • Estenose de canal medular (3%): as causas são hérnia discal (A), hipertrofia facetaria (B), hipertrofia do ligamento amarelo (C), entre outros. → 20 a 30% dos pacientes com mais de 60 anos têm de forma assintomática; → Quando a estenose do canal medular e comprime as raízes nervosas, o paciente pode ter a claudicação neurogênica, que o paciente sente dor ao andar, precisando parar. Diferentemente da claudicação vascular, esse tipo de claudicação não se limita a região da panturrilha, ela se estende das nádegas aos pés. → Piora com ortostase, atividade física, extensão lombar; → Melhora com a flexão llombar; → Maior gravidade: priaprismo, alteração esfincteriana, alteração de sensibilidade e dos reflexos tendinosos. • DISH (Forrestier): são calcificações antero-laterais vertebrais contíguos na ausência de degeneração discal significativa. Ou seja, são bicos de papagaio na região anterior da coluna, mantendo, geralmente, a região posterior sem alterações. • Fraturas com osteoporose (4%): → Fraturas de baixo impacto são as mais comuns; → Aumento de 2 a 8x na mortalidade; → Com o tempo a coluna vai perdendo a altura e diminuindo os corpos vertebrais, causadas por microfraturas, até que ela começa a ficar encurvada na velhice. O processo é indolente e Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo significa que ela pode ter fraturas por osteoporose. • Idiopática (70%): de causa músculo-ligamentar. → Paciente relaciona com os hábitos de vida: postura, atividade física, etc. → Pode acabar achando um ponto de dor; → Síndrome miofascial: trata-se de uma contratura muscular que não teve seu devido relaxamento. Ao exame físico, quando o médico aperta em determinado ponto, ela simula uma dor ciática, irradiando; → Quando o médico aperta, o paciente refere dor no ponto, ou seja, de fácil localização. • <1% das causas. Destes: → 97% são metástases; → Tumores sólidos: adenocarcinomas (mama, pulmão, próstata, tireoide e TGI); → Tumores não sólidos: mieloma múltiplo (febre, dor óssea, perda de peso, hipercalcemia e insuficiência renal e imagem de sal e pimenta); • História de neoplasia aumenta o risco em: 7% (atenção básica) e 33% (atenção secundária); • Na Tomografia, a neoplasia se manifesta com hipercaptação do corpo vertebral de forma assimétrica. • <1% das causas; • Risco: imunossuprimidos, comorbidades e uso de drogas endovenosas; • São piogênicas (S. aureus e S. epidermidis) OU granulomatosas (tuberculose e brucelose); • Inclui: espondilodiscite (osteomielite vertebral, abscesso epidural e infecção na faceta articular; • Raras, mas mortalidade razoável: → 3% abscesso epidural, 6% osteomielite e 11% são espondilodiscite piogênica. A infecção não respeita os limites das vértebras, por isso na imagem várias vertebras estão contíguas, tendo destruição destas. • <1%¨das causas; • Grupo de doenças chamadas espondiloartrites com características comuns: → Lombalgia inflamatória, que piora no repouso, melhora com a atividade; → Dactilite: inflamação no dedo todo, chamando de “dedo de salsisha”; → Entesite: inflamação onde o osso insere no tendão; → Uveíte: inflamação da camada úvea do olho, que pode ser anterior ou posterior; → HLA-B27: marcador genética, um MHC de classe I apresentando HLA B27. • Quais são as doenças clássicas que compõem as espondiloartrites? → Espondilite anquilosante (mais importante): apresenta-se com dor lombar, restrição da mobilidade e todos os sintomas já citados do grupo. → Artrite psoriática: é o paciente que tem lesões cutâneas e passa a desenvolver artrite, podendo Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo desenvolver a dor lombar. A dor geralmente vem após as lesões de pele, mas em 10% podem vir antes. → Artrite reativa: as artrites que ocorrem 30 dias após uma infecção prévia (de via aérea superior ou do TGI). Dentro delas, há a síndrome de reiter, com a tríade: uretrite, uveíte e conjuntivite. → Secundária a doença inflamatória intestinal: doença de Chron e retocolite ulcerativa. → Osteófitos: cresce no sentido horinzontal, o bico de papagaio; → Sindesmófitos: calcificação do ligamento, cresce ho sentido vertical → Teste de Schober; → Teste de Petrick ou Fabére: pede para o paciente fazer flexão, abdução do quadril e rotação externa com uma das pernas. O paciente, então, segura o joelho e a crista ilíaca do outro lado, logo em seguida exerce uma pressão na mão que estava no joelho para baixo, apertando o fêmur contra o quadril, fazendo pressão na articulação sacroilíaca na região posterior. O paciente, então, refere na região posterior, da nádega (apenas nesse local). O mesmo procedimento é repetido com a outra perna. • 2% das causas; • Causas: → Prostatite, endometriose, doença renal, TGI ou aneurisma de aorta. • História clínica e exame físico: suficiente na maioria dos casos; • Exames de imagem: → Raio- x simples: o primeiro a ser solicitado. Progredir com outros exames de imagem se for necessário, conforme a queixa do paciente. → Casos específicos: TC, RNM, Cintilografia. • Exames de laboratório: na maioria não são necessários para diagnóstico de dor lombar, apenas para diagnósticos diferenciais. → Para doenças específicas: VHS, PCR, hemograma, cálcio, entre outros. • LOMBALGIA AGUDA/SUBAGUDA: → Analgesia de acordo com a intensidade da dor: analgésicos simples, AINES, opióides e relaxantes musculares (ciclobenzaprina); → Repouso: menor tempo possível. Não necessita se afastar do trabalho, no máximo 1 dia; → Na maioria das vezes não é necessário fazer reabilitação; → Tratar causa específica se for identificada: corticoide, antibiótico, cirurgia, quimioterapia/radioterapia. Se não descobrir a causa, mantém só na analgesia e repouso mínimo. • LOMBALGIA CRÔNICA: → Analgesia: relaxantes musculares, tricíclicos, ISRS, reabilitação. Analgésicos possuem muitos efeitos colaterais quando usados de forma crônica, por isso não fazem parte desse tratamento crônico, apenas da dor aguda. Os opioides também não fazem parte, já que causam dependência. → Reabilitação para evitar exacerbações: fisioterapia ou atividade física, a depender do nível da dor. Ex: pode começar com a fisioterapia e orientações gerais, depois evoluir para um pilates e depois para a atividade física (que pode ser academia, até natação e hidroginástica) deacordo com a preferência do paciente; Isadora Albuquerque – Medicina 7° periodo → Outras terapias: acupuntura, psicoterapia (paciente com ganho secundário ou dependência psicológica) • INDICAÇÃO CIRÚRGICA: → Para hérnia discal, estenose do canal medular e espondilolistese (escorregamento); → Síndrome da cauda equina (emergência); → Déficit neurológico importante (motor): o paciente não anda; → Déficit progressivo. • Levantar da cama: → Deitado em decúbito dorsal, movimenta as penas e faz lateralização do corpo, colocando as pernas para fora da cama. Em seguida, coloca a força do braço para levantar da cama. • Dormir: → Dormir de lado: o travesseiro tem que preencher a região do ombro, de modo que a cabeça fique alinhado, pois toda vez que desalinha a coluna cervical, a coluna lombar tenta compensar. Entre as pernas, usa-se travesseiro com o mesmo propósito. → Decúbito dorsal: travesseiro mais baixo para não ficar elevando a cabeça. • Atividades diárias: → Postura: manter a coluna ereta. Ao agachar para pegar algo, importante manter a coluna reta e flexionar os joelhos para não pressionar a coluna lombar. → Para lavar a louça, importante deixar um banquinho para apoiar o membro de forma alternada, para manter o descanso sempre de uma das duas; → Usar o celular e o computador mais próximo da cabeça na altura, de modo que não seja necessário inclinar a coluna; → Evitar cintas abdominais, pois enfraquecem a musculatura, pois toda a força aplicada fica nela, prejudicando o alinhamento. Podem ser usadas em casos raros, como nos: pós operatório de cirurgia da coluna.
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