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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 2012.1

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0 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA LICENCIATURA PLENA 
 
 
 
MARIA ZILMA DE VASCONCELOS NUNES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM 
DA CRIANÇA NO CONTEXTO ESCOLAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FLORÂNIA - RN 
2015 
1 
 
MARIA ZILMA DE VASCONCELOS NUNES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA 
CRIANÇA NO CONTEXTO ESCOLAR 
 
 
 
Trabalho de Intervenção Socioescolar 
apresentado à Universidade Estadual Vale do 
Acaraú, como requisito parcial para obtenção 
do título de Licenciada em Pedagogia. 
 
 
Orientadora: Prof.ª Esp. Iranete de Medeiros 
Souza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FLORÂNIA - RN 
2015 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
N972i Nunes, Maria Zilma de Vasconcelos. 
 
 A importância da família no processo de ensino 
aprendizagem da criança no contexto escolar. / Maria Zilma de 
Vasconcelos Nunes. – Florânia/RN: ed. do autor, 2015. 
 50 f. 
 
 Orientador: Prof.ª Esp. Iranete de Medeiros Souza 
 
 
 Trabalho de Intervenção Socioescolar apresentado 
à Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, como 
requisito parcial para a obtenção do título de Licenciada em 
Pedagogia. 
 
 1. Família - Intervenção. 2. Escola - Intervenção. 3. 
Aprendizagem - Intervenção. I. Título. 
 
IBRAPES/UVA/RN CDU 
37.064 
 
3 
 
MARIA ZILMA DE VASCONCELOS NUNES 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM 
DA CRIANÇA NO CONTEXTO ESCOLAR 
 
 
 
Trabalho de Intervenção Socioescolar 
apresentado à Universidade Estadual Vale 
do Acaraú (UVA), como requisito parcial para 
obtenção do título de Licenciada em 
Pedagogia. 
 
 
 
Aprovado em outubro de 2015. 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 ___________________________________________________________________ 
Prof.ª Esp. Iranete de Medeiros Souza - Orientadora 
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) - FLORÂNIA/RN 
 
 
 
 __________________________________________________________________ 
Prof.ª Esp. Dalvani Laurentino da Silva - Convidada 
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) – FLORÂNIA/RN 
 
 
 
 
Prof.ª Esp. Eva Lorena Azevedo Dantas - Convidada 
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) - FLORÂNIA/RN 
 
 
 
 
 
 
FLORÂNIA - RN 
2015 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a toda minha família, em especial 
ao meu esposo, pela força, incentivo e compreensão. 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
A Deus, o Ser Supremo, que me dá força para vencer os obstáculos e desafios 
enfrentados; 
Ao meu pai, Jose Daniel de Vasconcelos e a minha mãe Josefa Barbosa da Costa 
de Vasconcelos, pelo incentivo e ajuda constante; 
Ao meu esposo, José Jeomar Nunes, e aos meus filhos, Jefté de Vasconcelos 
Nunes e Gisely de Vasconcelos Nunes, por proporcionarem muitas alegrias todos os 
dias; 
Aos colegas de curso, em especial ao meu grupo de trabalho, Ana Claudia, 
Aleksandra Clementino e Patrícia Teixeira, com as quais sempre estou dividindo 
alegrias e angústias; 
A minha professora e amiga, Iranete de Medeiros Souza, bem como aos demais 
docentes desta instituição de ensino, pela contribuição que a mim está sendo 
proporcionada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Não adianta a escola atribuir a educação de seus 
alunos aos respectivos pais, nem os pais exigirem da 
escola tal função. A situação atual é conflituosa e temos 
que ajudar a resolvê-la para o benefício de uma geração, 
pois a educação virou uma batata quente que ninguém 
quer segurar”. 
 
 Tiba 
7 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho discorre sobre “A importância da família no processo de ensino 
aprendizagem da criança no contexto escolar”. Nesse sentido, abordar-se-ão alguns 
aspectos inerentes à relação “família/escola”, a partir do quais serão apresentados e 
discutidos os principais fundamentos defendidos por teóricos sobre a relevância e 
valorização da temática em meio à comunidade escolar, tendo como objetivo 
principal fornecer subsídios que possam servir de base para implementação de 
estratégias que visem ao estabelecimento e/ou aperfeiçoamento de uma relação 
cada vez mais harmoniosa entre as partes envolvidas. Para tanto, esta realização 
consiste na investigação por meio da pesquisa bibliográfica e de campo referendada 
a luz de teóricos tais como: Moreno, Oliveira, Santos, Silva, Sousa, Tiba, dentre 
outros. Assim, espera-se contribuir com o desenvolvimento do ensino, através da 
exposição da temática ora evidenciada, tanto de forma teórica quanto prática. No 
último caso, mediado por uma Intervenção Socioescolar, envolvendo os professores 
e gestores da escola, pais e/ou responsáveis, na perspectiva de que o êxito escolar 
da criança necessariamente envolve o trabalho conjunto entre os educadores e a 
família. 
 
Palavras-chave: Família. Escola. Ensino. Aprendizagem. Criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
ABSTRACT 
 
 
This paper discusses “The importance of family in the child's learning process of 
teaching in the school context”, in this regard will be addressed aspects inherent in 
the relationship "family-school" from which the main foundations defended will be 
presented and discussed by theoretical about the relevance and value of the subject 
among the school community, with the main objective to provide subsidies that can 
form the basis for the implementation of strategies aimed at the establishment and / 
or improvement of an ever more harmonious relationship between the parties. To this 
end, this realization is to investigate by literature and endorsed the light of theoretical 
field such as Moreno, Oliveira Santos, Silva Sousa, Tiba, among others; thus 
expected to contribute to the development of education through the theme of the 
exhibition now shown both theoretically and practical, in the latter case mediated by a 
Socioescolar intervention involving teachers and school managers, parents and / or 
guardians with a view that academic achievement of children necessarily involves 
joint work among educators and family. 
 
 
Key words: Family. School. Education. Learning. Child. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
GRÁFICO 01 - Distribuição das famílias únicas e conviventes principais por 
tipo.......................................................................................................................... 
 
18 
GRÁFICO 02 – Proporção de famílias únicas e conviventes principais por sexo 
do responsável........................................................................................................ 
 
20 
GRÁFICO 03 – A cooperação da família é fundamental para o desenvolvimento 
escolar das crianças............................................................................................... 
 
41 
GRÁFICO 04 – Existe omissão por parte das famílias no acompanhamento 
escolar dos filhos?.................................................................................................. 
 
42 
GRÁFICO 05 – Existe cooperação dos pais e/ou responsáveis quanto ao 
incentivo e auxílio nas tarefas escolares dos filhos?.............................................. 
 
43 
GRÁFICO 06 - A interação desenvolvida entre escola e família corresponde às 
expectativas?.......................................................................................................... 
 
4410 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 11 
2 FAMÍLIA: uma abordagem histórica........................................................... 13 
2.1 NOVAS FORMAÇÕES FAMÍLIARES E SUA IMPORTÂNCIA NO 
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA............................................................. 
 
15 
2.2 IMPORTÂNCIA DOS PAIS NA VIDA ESCOLAR DOS FILHOS.................... 24 
3 FAMÍLIA ESCOLA: uma abordagem relacionada...................................... 28 
3.1 FAMÍLIA ESCOLA: com objetivos comum..................................................... 30 
4 IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ENSINO 
APRENDIZAGEM DA CRIANÇA NO CONTEXTO ESCOLAR: Uma 
intervenção Socioescolar............................................................................ 
 
 
35 
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA CAMPO DE ESTÁGIO.......................... 37 
4.2 METODOLOGIA DO TRABALHO.................................................................. 38 
4.3 RECURSOS DIDÁTICOS UTILIZADOS......................................................... 39 
4.4 AVALIAÇÃO ................................................................................................... 41 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 46 
 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Família e escola naturalmente são instituições que desempenham papel 
fundamental na sociedade. Nesse sentido, o presente estudo traz uma abordagem 
do ponto de vista científico sobre “a importância da família no processo de ensino- 
aprendizagem da criança, no contexto escolar”. Para isso, sua realização baseia-se 
em pesquisas bibliográfica e de campo, tendo como principal referencial teórico 
IÇAMI TIBA, na obra Quem Ama Educa. 
Sabendo que a educação é um processo que se desenvolve não apenas no 
âmbito escolar, mas também no meio familiar e social, é importante que se faça um 
estudo relacionado à família e à influência que esta exerce no contexto escolar, em 
especial no que se refere ao processo de ensino-aprendizagem da criança. Daí a 
titulação desta produção: A importância da família no processo de ensino- 
aprendizagem da criança no contexto escolar. 
O ambiente escolar tem, sem dúvida, função muito importante na educação 
e formação do ser social, o que não tira o papel da família de fazê-lo. Por isso, a 
parceria de ambas é de suma importância para que, juntas, possam atuar como 
agentes facilitadoras, visando ao pleno desenvolvimento do educando. 
Nesse sentido, a finalidade desta produção é realizar um estudo mais 
detalhado sobre a temática, no qual possam ser expostos os impactos positivos e 
negativos referentes ao processo de ensino-aprendizagem da criança e que estejam 
diretamente ligados à relação entre família e escola, sendo que a escolha pela 
temática justifica-se pela observação, frente à omissão de muitos pais e/ou 
responsáveis em relação a sua participação na vida escolar dos filhos, bem como ao 
posicionamento das escolas e professores a esse respeito, tendo como principal 
objetivo conscientizar as famílias sobre a importância de sua participação no 
acompanhamento escolar dos alunos, proporcionando assim uma melhor interação 
entre elas e a escola. 
Para uma melhor compreensão do leitor, o presente trabalho encontra-se 
dividido em capítulos e subcapítulos assim sequenciados: 
O capítulo inicial traz uma apresentação acerca do trabalho desenvolvido, 
onde se procura evidenciar para o leitor uma visão geral sobre a escolha da 
temática, importância da produção, metodologia utilizada, referencial teórico, 
objetivos, dentre outros aspectos inerentes. 
12 
 
 O capítulo 2 apresenta, em síntese, uma abordagem histórica sobre a 
família, evidenciando alguns elementos que nortearam sua trajetória dos primórdios 
aos dias atuais, novas configurações, impactos no desenvolvimento da criança e 
importância dos pais na vida escolar dos filhos. 
O capítulo 3 traz uma abordagem envolvendo a relação entre família e 
escola, destacando a necessidade do trabalho conjunto entre educadores e pais, 
com vistas ao desenvolvimento do aprendizado escolar do aluno. 
 O quarto capítulo apresenta uma abordagem socioescolar, a partir de um 
fórum de discussão realizado no Centro Educacional do Saber (CES), o qual faz 
parte da rede privada de ensino no Município de Florânia/RN, atendendo na 
modalidade infantil e fundamental I, destacando-se no referido capítulo a 
caracterização do campo de estágio, metodologia do trabalho, formas de avaliação e 
resultados obtidos. 
Por fim, o quinto capítulo registra as considerações do autor acerca da 
temática enfatizada e as conclusões decorrentes do estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
2 FAMÍLIA: uma abordagem histórica 
 
Ao longo da história humana, o modo de relação e convívio entre as pessoas 
passaram por diversas transformações, alcançando o que atualmente se conhece 
por sociedade contemporânea. Nesse mesmo aspecto, o surgimento da família 
também pode ser entendido como sendo resultado da própria evolução da espécie, 
destacando-se e distinguindo-se em cada época e sociedade. Os primeiros registros 
históricos, obtidos com base em estudos antropológicos, mostram que, inicialmente, 
as primeiras sociedades possuíam configuração essencialmente coletiva, tribal, 
nômades, e muito embora houvesse certa hegemonia em termos de organização 
social, o relacionamento entre pares e seus descendentes, naquele contexto, 
apresentava conjuntura totalmente diferente daquela que posteriormente viria 
consolidar-se como INSTITUIÇÃO FAMÍLIA. 
Em relação a isso, Aries (1991, apud, MORENO, 2012, p.33), enfatiza: 
 
seria vão contestar a existência de uma vida familiar na Idade Média. Mas a 
família subsistia no silêncio, não despertava um sentimento suficientemente 
forte para inspirar poetas e artistas. Diferentemente, a partir do (SÉCULO 
XV-XVI), há o nascimento e o desenvolvimento do sentimento de família. 
Daí em diante, a família não é apenas vivida discretamente, mas é 
reconhecida como um valor e exaltada por todas as forças. 
 
Seguindo o mesmo campo de estudo, outros autores(as) destacam alguns 
aspectos importantes, relativos à forma de organização familiar na sociedade dita 
primitiva. 
Nesse sentido, Narvaz; Koller, (2006, p. 50), ressaltam: 
 
organizações humanas nem sempre foram patriarcais. Estudos 
antropológicos (Engels, 1884/1964; Muraro,1997) indicam que, no início da 
história da humanidade, as primeiras sociedades humanas eram 
coletivistas, tribais, nômades e matrilineares. Tais sociedades (ditas 
“primitivas”) organizavam-se predominantemente em torno da figura da 
mãe, a partir da descendência feminina, uma vez que desconheciam a 
participação masculina na reprodução. 
 
Para os autores(as) desta citação, o modelo acima descrito sofreria drásticas 
modificações ainda no período da Roma Antiga, inaugurando então uma nova fase 
organizacional com o surgimento daquela que ficou conhecida por SOCIEDADE 
PATRIARCAL; nesse novo contexto, a imagem do homem, vista anteriormente como 
elemento secundário, passa ocupar o centro da organização social. Segundo Narvaz; 
14 
 
Koller (2006, p. 50) “[...] Esse novo organismo social – a família – consolidou-se 
enquanto instituição na Roma Antiga. A família romana era centrada no homem, 
sendo as mulheres, no geral, meras coadjuvantes”. É Importante ressaltar que tais 
mudanças foram impulsionadas principalmente pelo desenvolvimento do 
conhecimento e pela instituição da propriedade privada. A partir de então, os 
vínculos afetivos entre participantes de um mesmo grupo ou descendentes foram 
sendo estreitados, contribuindo para a desvinculaçãodo pensamento coletivo 
predominante, ao mesmo tempo em que surge um pensamento mais individualista, 
dando origem à FAMÍLIA MONOGÂMICA, tendo como característica relevante o 
domínio do homem sobre a mulher. 
Os relatos obtidos demonstram que a origem e formação da família no 
decorrer da história caracterizam-se como fazendo parte de um longo e contínuo 
processo evolutivo, norteados por sucessivas mudanças, levando em consideração; 
necessidades, cultura, nível de conhecimento alcançado e valores difundidos, ou 
seja, não pode ser entendido de forma única e isolada, mas dinâmica. 
Para Narvaz; Koller (2006, p. 49), 
 
A família não é algo biológico, algo natural ou dado, mas produto de formas 
históricas de organização entre os humanos. Premidos pelas necessidades 
materiais de sobrevivência, vivência e de reprodução da espécie, os 
humanos inventaram diferentes formas de relação com a natureza e entre 
si. As diferentes formas de organização familiar foram, portanto, inventadas 
ao longo da história. [...] Houve, e ainda há, outras configurações familiares, 
entre elas as famílias chefiadas por mulheres, as famílias matrifocais, 
matrilineares e matrifocais, centradas na figura e na descendência feminina. 
 
Também se pode observar que mudanças ocorridas em relação à atuação 
do Estado e da Igreja na sociedade influenciaram decisivamente para a formação da 
família nuclear moderna, contribuindo para o fortalecimento dos vínculos familiares e 
introduzindo novos valores, que passaram a nortear as relações individuais e 
sociais. 
Sobre o assunto, Moreno (2012, p. 35), afirma: 
 
A família nuclear conjugal moderna – quer dizer, pai, mãe e filhos - da forma 
como é definida hoje em dia, não foi sempre assim; há cerca de três 
séculos, mudanças na atuação do Estado e da Igreja começaram a valorizar 
o ´sentimento de família`, isto é, os laços familiares começaram a ser 
reconhecidos socialmente, e a educação e criação de uma criança nascida 
de um casal, passam a ser, cada vez mais, da responsabilidade da família. 
15 
 
Portanto, levando em consideração os variados arranjos familiares, bem 
como diferentes concepções de sentimento da família ocorridos no decorrer da 
história, pode-se inferir, que essa organização reflete, sobretudo, o viver de um 
povo, podendo ser distinguida em época e espaço; nessa perspectiva, a imagem de 
uma formação familiar única e perfeitamente organizada, não pode ser considerada, 
pois essa concepção envolve vários fatores presentes em uma sociedade, sejam 
estes de ordem política, religiosa, cultural, dentre outras. Por outro lado, 
independentemente do arranjo em que essa pode ser encontrada, não se pode 
negar a importância de sua representação, haja vista ser através dela formados 
todos os laços que norteiam as relações interpessoais existentes. 
 
2.1 NOVAS FORMAÇÕES FAMÍLIARES E SUA IMPORTÂNCIA NO 
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 
 
O campo de estudo relativo à família abrange diversas disciplinas ligadas às 
ciências humanas, tais como: Filosofia, Psicologia, Pedagogia, Direito, Ciências da 
Religião, Antropologia e outras, mostrando-se, portanto, um campo fértil para as 
mais variadas abordagens a esta relacionada. Nesse aspecto, podem-se encontrar 
diversos estudos produzidos, dos quais muitos deles enfatizam as novas formações 
familiares, fatores que influenciaram esse novo cenário e os impactos decorrentes. 
Para tanto, é importante destacar as significativas mudanças ocorridas no último 
século, sobretudo no que tange ao avanço do conhecimento, através da chamada 
revolução técnico-científico, a qual consolidou o processo de globalização, 
protagonizando grandes transformações nas estruturas sociais vigentes. 
 Em consonância, Maluf (2010, p. 37), enfatiza: 
 
o século XX funcionou como ácido, fazendo desmoronar, ou pelo menos 
apagar, os princípios de sentido e valor que formavam os quadros da vida 
humana. A desconstrução das tradições levada à potencialidade que 
paradoxalmente traz um alargamento de horizonte passando da ideia inicial 
de egoísmo para a otimização do social, aliada à evolução dos costumes e 
a alteração das mentalidades e o desenvolvimento científico-tecnológico, 
deixam ao homem o questionamento de que essas intensas mudanças 
eventualmente trouxeram de novidade ou até mesmo de vantagem. 
 
 
É possível observar que o autor expressa, em síntese, os impactos das 
intensas mudanças ocorridas nos últimos tempos, as quais desencadearam avanços 
16 
 
em todos os campos de estudo e promoveram significativas mudanças nas 
estruturas sociais; notadamente todos esses fatores exercem influência decisiva 
para nova configuração dos arranjos familiares. 
Nesse novo contexto, uma das mudanças mais importantes ocorridas diz 
respeito à evolução da ciência no campo da reprodução humana, com a introdução 
de métodos anticoncepcionais e das técnicas de FECUNDAÇÃO IN VITRO. Essas 
avanços possibilitaram tanto o controle de natalidade, como viabilizaram a 
reprodução de quem possui algum impedimento. 
Para Teixeira; Parente, Boris (2009, p. 25), 
 
as novas tecnologias reprodutivas conceptivas interrogam o conceito de 
família, ao introduzirem na sua constituição a participação da ativa ciência, 
por meio de intervenções no corpo em termos orgânicos, implicando 
vivências subjetivas e culturais que buscam ressignificar a organicidade do 
corpo e suas limitações, agora vistas como desafios para a biotecnologia. 
Assim, as experiências de masculinidade e feminilidade, bem como as de 
maternidade e paternidade estão, constantemente, sendo postas em xeque, 
exigindo que plurais modalidades de experiência subjetiva sejam 
consideradas. 
 
Como bem exposto, a difusão e aplicação das inovações técnico-científicas 
com ênfase no campo da reprodução humana têm produzido uma verdadeira 
reviravolta nas estruturas sociais, como por exemplo, introduzindo mudanças nas 
formas de organização e estrutura familiar. Nesse contexto, a mulher adquiriu mais 
autonomia, passando a exercer o poder de escolha sobre a maternidade; e ainda 
facultou-lhe a decisão de gerar filho com a participação de um parceiro. 
Notadamente, as relações sexuais deixaram de ser um pressuposto para procriação, 
e tornaram-se mais em um ato de prazer. 
Ainda de acordo com Teixeira; Parente, Boris (2009, p. 25), 
 
Os contraceptivos contribuíram para autonomia do desejo das mulheres 
com relação ao desejo dos homens. O domínio de técnicas destinadas a 
impedir a fecundação proporcionou às mulheres a reivindicação ao direito 
do prazer, independente do dever de procriar. Em outras palavras, a 
contracepção permitiu fazer uso dos prazeres sem risco de gerar filhos, a 
ponto de permitir às mulheres recusar o papel materno que o casamento 
lhes destinava. 
 
 
O outro aspecto importante relativo à FECUNDAÇÃO IN VITRO é que a 
intervenção médica passa a ocupar papel relevante no processo reprodutivo, ao 
mesmo tempo em que o ato sexual perde importância. Embora essa não seja ainda 
17 
 
uma prática tão comum, dados os altos custos financeiros envolvidos, percebe-se 
uma tendência à popularização. No entanto, esse ainda é um assunto muito 
polêmico, principalmente entre os setores mais conservadores da sociedade, haja 
vista interferir diretamente na concepção sobre paternidade, maternidade e filiação, 
o que consequentemente exige a quebra de paradigmas ligados à família, religião e 
outros. 
Frente a essa realidade, Teixeira; Parente, Boris (2009, p. 37), ressaltam: 
 
a possibilidade de utilização de novas técnicas reprodutivas conceptivas 
proporcionam infinitas possibilidades de procriação, o que vem gerando 
polêmica em várias áreas. O ato sexual vem perdendo sua importância, 
deixando de ser o elo entre as gerações, enquanto a tecnologia vem 
tomando seu lugar. As questões ligadas à filiação tornam-se complexas: 
uma criança pode ser gerada a partir da doação de esperma e/ou dos 
óvulos;pode ter herança genética de várias pessoas; pode ser gerada por 
um parente próximo ou por um desconhecido; pode ser filha de uma mãe 
solteira ou de um casal homossexual. 
 
Todo esse contexto tem possibilitado uma maior abertura na sociedade, 
contribuindo na formação de novos conceitos e valores sociais, com decorrentes 
mudanças na estrutura, organização e padrões familiares, bem como nas 
expectativas e papéis de seus membros, além de possibilitar inserção de outras 
modalidades de arranjo familiar. 
Para Maluf (2010, p. 41), 
 
A sociedade vem se conscientizando de que existem outras possibilidades 
de relacionamento a serem aceitas. Desta sorte, legiões de homens e 
mulheres, com diversa orientação sexual, começam a experimentar novas 
fórmulas de relacionamentos afetivo, do namoro ao casamento, com todas 
as repercussões e desdobramentos daí decorrentes, donde se destaca uma 
maior abertura à tolerância e à diversidade. 
 
Dentro dessa nova realidade, cresce também o número de famílias 
caracterizadas pela presença de apenas um dos genitores, famílias reconstituídas e 
famílias compostas ou extensas; estabelecendo-se na sociedade uma diversidade 
cada vez maior de arranjos familiares. 
A esse respeito, Maluf (2010, p. 35), afirma: 
 
a família monoparental configura-se de forma desvinculada da ideia de um 
casal e seus filhos, pois esta é formada pela presença e inter-relação da 
prole com apenas um de seus genitores, por diversas razões: viuvez, 
divórcio, separação judicial, adoção unilateral, pelo não reconhecimento da 
18 
 
prole pelo outro genitor, inseminação artificial (homóloga - após a morte do 
marido, ou de mulher solteira; heterológa), produção independente. 
 
 Considerando os desdobramentos da atual conjuntura, caracterizar a 
formação de um arranjo familiar ideal tem se tornado uma discursão cada vez mais 
complexa, tendo em vista as múltiplas concepções envolvidas, não sendo possível 
definir ao menos um ponto de equilíbrio, o que abre margem para diversos 
questionamentos, inclusive no âmbito jurídico, onde várias lacunas precisam ser 
preenchidas, ou seja, adquirir um aspecto legal. No entanto, como se pode observar, 
trata-se de um processo em curso, portanto passivo, de constantes adequações, o 
que dificulta a construção de um consenso a ser aplicado. 
Segundo Sarti (2010, apud, MORENO, 2012, p. 48), 
 
embora a família continue sendo objeto de profundas idealizações, a 
realidade das mudanças em curso abalam de tal maneira o modelo 
idealizado, que se torna difícil sustentar a ideia de um modelo ´adequado`. 
Não se sabe mais, de antemão, o que é adequado ou inadequado 
relativamente à família. No que se refere às relações conjugais, quem são 
os parceiros? Que família criaram? Como delimitar a família se as relações 
entre pais e filhos cada vez menos se resumem ao núcleo conjugal? Como 
se dão as relações entre irmãos, filhos de casamentos, divórcios, 
recasamentos de casais em situações tão diferenciadas? Enfim, a família 
contemporânea comporta uma enorme elasticidade. 
 
Em relação a elaboração de leis que versem sobre a questão, é possível 
perceber que, embora muita coisa ainda precise ser feita, já houve avanços 
significativos no sentido de evitar prejuízos e garantir o cumprimento dos princípios 
que regem os direitos humanos, resguardando, sobretudo, o respeito à vida e à 
dignidade. 
De acordo com Moreno (2012, p. 46), 
 
no ano de 2010, a regulamentação do ´Projeto Pai Presente`, da 
Corregedoria do Concelho Nacional de Justiça (CNJ), teve por objetivo 
garantir o cumprimento da lei 8.560, de 29 de dezembro de 1992, que 
regula a investigação de paternidade dos filhos, a fim de identificar os pais 
que não reconhecem seus filhos e garantir que eles assumam suas 
responsabilidades. 
 
Considerando a conjuntura brasileira no que tange as modificações 
ocorridas na estrutura familiar, é importante enfatizar o que as informações oficiais 
trazem de concreto, a esse respeito, O INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA 
19 
 
E ESTATÍSTICA (IBGE), sobre dados do Censo demográfico realizado no ano de 
2010. Analise-se o gráfico 01: 
 
GRÁFICO 01: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observando o gráfico, pode-se comprovar as transformações ocorridas na 
configuração da família brasileira entre os anos (2000/2010); comparadas as 
informações contidas quanto à distribuição de famílias com arranjo monoparental, 
verifica-se um crescimento considerável que se acentua quando esta se baseia na 
figura feminina, passando de 11,6% no ano 2000 para 12,2 em 2010, o que 
representa um aumento percentual de 0,6%; quando esta configuração se 
incrementa, parentes passam de 3,7% em 2000 para 4,0 em 2010, crescimento de 
3%. No mesmo cenário, quando colocada a figura masculina como genitora, também 
se percebe que houve crescimento, passando de 1,5% em 2000 para 1,8% em 
2010, ou seja, aumento de 0,3%; quando se inclui a esta os parentes, o aumento no 
período é de 0,2%, passando de 0,4% em 2000, para 0,6% no ano de 2010. 
20 
 
Outro dado importante refere-se ao grande aumento no número de famílias 
constituídas apenas pelo casal, sem a presença de filhos, que passou de 13,0% em 
2000 para 17,7 em 2010, num crescimento de 4,7%. Ao mesmo tempo se identifica 
um declínio de 7,0% no número de famílias com filhos, que passou de 56,4% em 
2000 para 49,4% em 2010. 
Os dados levantados não apresentam especificidade quanto a outros tipos 
de arranjo familiar menos tradicional, que segundo o próprio Instituto responsável 
pelo levantamento, IBGE (2012): “Na configuração das famílias chamadas 
conviventes, o algoritmo construído só permite identificar os três tipos mais comuns: 
monoparental feminina, casal com filhos e casal sem filhos’’. 
Entretanto, a partir da leitura gráfica, é possível identificar outros arranjos 
familiares contidos no campo denominado “OUTRO’’, onde, por exemplo, pode estar 
inserida a união homoafetiva, além de outras que, no conjunto, registraram aumento, 
passando de 4,2% em 2000 para 6,3% em 2010, com um crescimento de 2,01%. 
Ainda relacionado ao Censo Demográfico 2010, outro dado que requer 
atenção por ter se apresentado bastante expressivo é a porcentagem de mulheres 
que se declararam responsáveis pela família, mesmo quando levado em 
consideração a presença de um cônjuge, o que confirma uma tendência da 
conjuntura social contemporânea. Fato confirmado pelo próprio Instituto Brasileiro de 
Geografia e estatística (2012). 
Assim pronuncia-se: 
 
Os motivos para este aumento podem ser creditados a uma mudança 
de valores culturais relativos ao papel da mulher na sociedade 
brasileira. O ingresso maciço no mercado de trabalho, o aumento da 
escolaridade em nível superior combinados com a redução da 
fecundidade são fatores que podem explicar este reconhecimento da 
mulher como responsável pela família. 
 
Para melhor compreensão dessa nova realidade, observem-se os dados do 
gráfico 02: 
 
 
 
 
 
21 
 
GRÁFICO 02 
 
 
 
Todas essas mudanças têm sido sistematicamente objeto de estudo, 
constituindo-se como um novo desafio a ser enfrentado, especialmente quando 
considerada a inserção da criança no ambiente familiar, haja vista a importância que 
a família representa em todo seu processo de desenvolvimento, desde o provimento 
das necessidades primárias como: abrigo, proteção, alimento, educação, até 
aquelas mais complexas, tidas como responsáveis pela formação emocional e 
cognitiva. 
Sobre essa temática, Froebel (2001, apud, ARAÚJO, 2010, p. 14), sustenta: 
 
[..] A educação deve ser iniciada, continuando cada vez mais intensamente 
o cuidado físico e a formação moral. Nesse período, a educação do homem 
corresponde inteiramente à mãe, ao pai, à família, e o homem depende 
dessa família, e com ela, por natureza, forma um todo, inseparável e 
indivisível. 
 
 
Considerando o exposto, percebe-se claramente a influênciaque a família 
exerce sobre a criança, constituindo-se como núcleo responsável pela transmissão 
22 
 
dos principais atributos necessários a sua formação, através dos quais ela constrói 
sua visão de mundo. Na mesma direção, encontram-se sistemáticas afirmações. 
Segundo Teixeira; Parente; Boris (2009, p. 30, et al “[..] a família prevalece na 
primeira educação, na repressão dos instintos, na aquisição da língua justamente 
chamada materna. Por isso, ela preside os processos fundamentais do 
desenvolvimento psíquico [...]”. 
No mesmo sentido, Souza; Filho (2008, p. 3), declaram: 
 
O ambiente familiar é o ponto primário da relação direta com seus 
membros, onde a criança cresce, atua, desenvolve e expõe seus 
sentimentos, experimenta as primeiras recompensas e punições, a primeira 
imagem de si mesma e seus primeiros modelos de comportamentos - que 
vão se inscrevendo no interior dela e configurando seu mundo interior. Isto 
contribui para a formação de uma ´´base de personalidade``, além de 
funcionar como fator determinante no desenvolvimento da consciência, 
sujeita a influências subsequentes. 
 
Entretanto, quando levadas em consideração as profundas transformações 
ocorridas, alguns autores chamam a atenção para o fato de que a família não pode 
ser estudada e compreendida, aplicando apenas os princípios do senso comum, 
pois em muitas situações esse ambiente tornou-se instável e desorganizado, 
protagonizando inúmeros atos de desrespeito aos direitos fundamentais do 
indivíduo. 
. Segundo, Sarneto (2005, apud, MORENO, 2012, p. 46), 
 
As transformações na estrutura familiar põem a descoberto o caráter 
mítico de algumas teses do senso comum que veem no núcleo 
familiar o espaço aproblemático e “natural” de proteção e 
desenvolvimento da criança. Com efeito, este é um lugar 
problemático e crítico, onde tanto se encontra o afeto quanto a 
disfuncionalidade, tanto o acolhimento quanto os maus-tratos. Desse 
modo, a transformação familiar convida a que a família seja pensada 
como instituição social em mudança, sendo, como tal, construída e 
estruturada, e não como uma entidade natural, imune ao pathos da 
vida social. 
 
É a partir dessa visão que o estado passa a interferir de maneira mais 
enfática no seio da família, conferindo um aspecto jurídico ao que via senso comum 
estava sob dependência e restrito ao convívio familiar, o que nem sempre se 
traduzia no respeito aos direitos e às condições necessárias ao pleno 
desenvolvimento da criança. 
Nesse sentido, a Constituição Federal (1988), assegura: 
23 
 
 
Art. 227. E dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda 
Constitucional nº 65, de 2010). 
 
No mesmo sentido, a lei 8.069 de 13 de julho de 1990 instituiu O 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, que assim dispõe: 
 
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do 
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos 
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, 
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária. 
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, 
pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, 
vexatório ou constrangedor. 
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e 
cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, 
como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, 
pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos 
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer 
pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-
los. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014). 
 
Importante destacar as novidades trazidas no (art. 18-A), especialmente 
quando se refere aos termos: PAIS, PELOS INTEGRANTES DA FAMÍLIA 
AMPLIADA, PELOS RESPONSÁVEIS, denotando assim, que tal inclusão reflete as 
profundas modificações ocorridas nos últimos anos na estrutura familiar, a qual, 
desempenha papel fundamental no desenvolvimento da criança que atualmente se 
encontra inserida em uma diversidade de arranjos familiares, marcados cada vez 
mais pelo crescimento dos interesses individuais em detrimento aos da família, o 
que tem gerado instabilidade e conflitos. Em meio a todos esses desdobramentos, a 
criança aparece como maior prejudicada, dada a sua fragilidade e dependência; daí 
a necessidade da intervenção do estado. Entretanto, a família continua sendo vista 
como elemento essencial. 
Reconhecendo essa importância, o próprio Estatuto da criança e do 
Adolescente assegura a toda criança ou adolescente o direito de ser criado em 
família. Vejam-se: 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13010.htm#art1
24 
 
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no 
seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada 
a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de 
pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. 
 
Importante ressaltar que o mesmo estatuto, além de assegurar à criança e 
ao adolescente o direito de serem criados no ambiente familiar, também dispõe 
sobre a proteção das crianças e menores de possíveis atos ilegais que venham ser 
praticados contra os mesmos por parte da família. 
 
2.2 IMPORTÂNCIA DOS PAIS NA VIDA ESCOLAR DOS FILHOS 
 
A presença efetiva dos pais na vida escolar dos filhos é vista por educadores 
e especialistas como de fundamental importância para o desenvolvimento do 
aprendizado, pensamento este que encontra amparo nos inúmeros estudos 
realizados visando ao esclarecimento das causas responsáveis pelo êxito ou 
fracasso escolar da criança. Fazendo uma análise de alguns desses trabalhos, 
encontram-se resultados bem parecidos, os quais convergem quase sempre no 
mesmo sentido, muito embora alguns deles também destaquem um conjunto de 
fatores que, aliados à participação dos pais, configuram-se determinantes para o 
sucesso do aprendizado; no entanto, estes sempre estão ligados à realidade 
vivenciada pela criança no ambiente familiar e diz respeito a questões estruturais ou 
socioeconômicas em que a família encontra-se inserida, o que acaba influenciando 
negativamente na própria relação dos pais com a educação escolar dos filhos, não 
sendo possível desvincular a importância da relação ora destacada com o 
rendimento escolar dos alunos. 
Discorrendo sobre sua pesquisa, Santos (2010, p. 125), descreve: 
 
No conjunto dos dados fornecidos pelos entrevistados, a influência e a 
participação dos pais na aprendizagem dos alunos foram os aspectos que 
tiveram maior destaque, bem como sua vinculação com aspectos 
socioeconômicos das famílias. Os entrevistados consideram que esse 
indicador é o que mais pode contribuir para o sucesso dos alunos, e 
também enfatizaram que a falta dele é o que mais converge para que os 
alunos não alcancem os bons resultados de aprendizagem. 
 
Considerando o mesmo estudo, é importante demonstrar parte do relato feito 
por uma professora durante a entrevista, através da qual é possível entender a 
questão segundo a visão do educador, que expõe seu entusiasmo frente a sua nova 
25 
 
turma, exalta a participação dos pais e mostra certa frustação em relação ao seu 
trabalho quando não pode contar com a colaboração desses no processo de 
aprendizagem da criança. 
Assim, Santos (2010, p. 131), afirma que: 
 
os alunos dos quaisa família participa, a gente vê a diferença. Esta turma 
que eu tenho esse ano é muito boa e a gente vê a diferença assim, os pais 
são participativos. Eles cobram, eles perguntam, eles se interessam. “Meu 
filho não veio, professora, o que eu poderia estar fazendo? Que lição que 
ele perdeu? Onde eu posso estar acompanhando? Tem dificuldades? Em 
que eu posso estar ajudando?” Agora aqueles que a família não se 
interessa, a criança também não se interessa muito. Porque a gente pode 
até cobrar na sala, mas se você não tem um respaldo, aí não tem 
continuidade (Professora EG- Escola G). 
 
 
Diante do relato da professora, é possível perceber que essa participação é 
tida como indispensável para o sucesso escolar da criança, no entanto, para alguns 
autores, esta nem sempre é uma tarefa fácil. Conforme relatos, em muitos casos 
ainda se encontram dificuldades, por parte das escolas, na inserção dos pais ou 
responsáveis na vida escolar dos filhos, o que se acentua quando levados em 
consideração fatores socioestruturais presentes no lar, como: relação conflituosa 
entre os pais, violência doméstica, vícios, dentre outros; nesses casos, os pais 
quase sempre não demonstram interesse em acompanhar a vida escolar dos filhos, 
o que reflete no mal desempenho dos alunos. 
Na mesma direção, Silva; Moreira (2013, p. 261) demonstram: 
 
identificamos que os alunos com problemas em casa, como pais que brigam 
muito, que tem algum tipo de vício, que são violentos, apresentam 
dificuldades de aprendizagem, de leitura e de socialização com outras 
crianças, entre outros aspectos. Assim, consideramos que o aluno com 
dificuldades na sala de aula certamente enfrenta problemas em casa, e os 
pais são ausentes, tanto da escola como da vida escolar dos filhos em 
geral. Por outro lado, os alunos que contam com pais e/ou responsáveis 
presentes na sua vida escolar apresentam desenvoltura nas relações 
sociais e aprendizagem diferenciada. 
 
Em outros casos, afirma-se que essa participação até acontece, porém de 
maneira conflituosa, pais não entendem os professores, que por sua vez atribuem a 
estes falta de responsabilidade, de compromisso e até despreparo para lidar com a 
educação escolar dos filhos. No meio desse embate, aparecem professores 
sobrecarregados, desmotivados, pais insatisfeitos e educação deficitária. 
26 
 
Entretanto, embora tarefa complexa, a construção de uma relação harmoniosa entre 
as partes é compreendida como necessária e decisiva para o sucesso dos objetivos 
envolvidos. Para Nicolau (2000) (apud, MORENO, 2012, p. 94), “[...] uma relação 
de respeito e de cumplicidade pode ser construída. Isso não é fácil. Embora seja 
altamente desafiador, é possível de ser alcançado [...]”: 
Ainda, segundo Melo (2000, apud, MORENO, 2012, p. 92), 
 
[...] é um exercício de aceitação das diferenças. Os pais aprendem a 
exercer seu direito de participar do atendimento dado aos filhos, ao mesmo 
tempo em que aprendem a compreender o ponto de vista dos profissionais 
da Educação Infantil. Por outro lado, os profissionais aprendem seu direito 
de se fazerem ouvidos pelos pais, mas também aprendem seu dever de 
respeitar a cultura e o saber das famílias. 
 
Nesse sentido, é importante entender que para construir qualquer relação é 
necessário percorrer um caminho, que mesmo depois de alcançado pode ser 
marcado por avanços e/ou retrocessos, cujo laços vão sendo aperfeiçoados na 
medida da disposição apresentada pelas partes envolvidas. Nesse meio, o 
surgimento das divergências são inevitáveis, e em alguns momentos parecem ser 
insuperáveis; entretanto, quando encaradas de forma natural e com maturidade, 
essa relação torna-se consistente, de forma que não mais pode ser abalada ou 
desfeita. O mesmo raciocínio pode ser aplicado quando se trata da relação entre pai 
e/ou responsáveis, educadores e escola em geral. Certamente as divergências 
surgirão, no entanto, havendo disposição das partes no sentido de superá-las, a 
construção de um ambiente favorável ao bom desenvolvimento escolar da criança 
torna-se possível. Para tanto, o diálogo e o respeito às diferenças encontradas, 
precisam ser observadas por todos os envolvidos, pois como visto, o êxito da 
educação escolar da criança não pode estar desvinculada da boa relação entre as 
partes ora destacadas. 
Em consonância, Spodek; Saracho (1998, apud, MORENO, 2012, p. 93) 
afirmam: 
 
o trabalho com os pais é uma parte importante da educação de qualquer 
nível, especialmente quando se trata de crianças muito pequenas. Os 
professores precisam desenvolver um entendimento dos pais de seus 
alunos e da sua situação familiar, bem como uma variedade de técnicas 
para trabalhar com os pais, de forma que sirvam de diferentes propósitos. 
Mais importante ainda: eles devem entender que a educação de crianças 
pequenas não pode ser considerada isoladamente. Para ter sucesso no 
27 
 
trabalho com as crianças, os professores precisam da cooperação ativa dos 
pais. 
 
 
Para eles, a cooperação dos pais na educação escolar dos filhos torna-se 
ainda mais importante quando envolve o ensino infantil, sendo primordial o empenho 
dos educadores no sentido de estabelecer uma relação entre família e escola que 
permita o diálogo e compreensão entre as partes, o que consequentemente facilitará 
a superação dos obstáculos vivenciados, contribuindo para o alcance dos objetivos 
almejados tanto pela escola quanto pela família, propiciando ao aluno o pleno 
desenvolvimento de suas potencialidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
3 ESCOLA FAMÍLIA: uma abordagem relacionada 
 
A escola naturalmente é vista como um ambiente marcado por desafios, 
sobretudo dado o papel que ela desenvolve na sociedade, mas atualmente percebe-
se claramente que estes nunca foram tão significativos. Assuntos como falta de 
limites, desrespeito na sala de aula e desmotivação dos alunos fazem parte da rotina 
da maioria das escolas brasileiras. Nunca se observou tantos professores cansados 
e, muitas vezes, doentes física e mentalmente. Sentimento de impotência e 
frustação tornaram-se comuns em meio à comunidade escolar. Afinal, em que 
consistem todos esses problemas? Como solucioná-los? Em busca de respostas e 
possíveis soluções, tanto governo quanto escola e sociedade procuram unir 
esforços, visando a transformar a atual realidade, que para muitos é um reflexo das 
profundas transformações ocorridas na sociedade, as quais teriam impactado num 
primeiro momento a estrutura familiar e, por consequente, a escola. 
Frente a problemática, Dessen; Polonia (2007, p. 22), destacam: 
 
e é por meio das interações familiares que se concretizam as 
transformações nas sociedades que, por sua vez, influenciarão as relações 
familiares futuras, caracterizando-se por um processo de influências 
bidirecionais, entre os membros familiares e os diferentes ambientes que 
compõem os sistemas sociais, dentre eles a escola, constituem fator 
preponderante para o desenvolvimento da pessoa. 
 
 Nesse sentido, embora distintas, as funções exercidas por essas 
instituições apresentam estreita relação que, juntas, colaboram na formação do 
indivíduo e estabelece os laços vividos em sociedade. Para Dessen; Polonia (2007, 
p.27); “para compreender os processos de desenvolvimento e seus impactos na 
pessoa, é preciso focalizar tanto o contexto familiar quanto o escolar e suas inter-
relações”. 
 Entretanto, esse pensamento nem sempre foi assim, sendo importante 
destacar que a instituição escolar, de certa forma, é um fenômeno recente, 
diferentemente da família, que como visto inicialmente neste trabalho, suas origens 
remetem aos primórdios, enquanto a escola teria surgido a partir do 
desenvolvimento industrial e consequente necessidade por trabalhadores 
qualificados. 
De acordo com Sousa; Filho, (2008, p. 4), 
29 
 
 
a produtividade demandava trabalhadores melhorespreparados para operar 
máquinas, concertar engrenagens e entender de processos produtivos, 
enfim, precisava-se de pessoas que dominassem minimamente os 
conhecimentos necessários nas fábricas. Nesse contexto, a escola seria 
responsável pelo ajustamento do educando a um mundo mecânico e social. 
 
Segundo os autores, a escola teria surgido a partir de uma necessidade 
social, fruto das transformações ocorridas e, portanto, para exercer função bem 
específica, que mais tarde ganharia maiores repercussões, passando a exercer 
influência além da formação profissional do indivíduo. 
Ainda, Sousa; Filho, (2008, p. 4), afirma: 
 
no século XX, o acesso à escola tomou proporções nunca antes 
imaginadas; a dedicação cada vez maior de homens e mulheres ao trabalho 
fez com que as funções da família começassem a ser divididas com a 
escola. Esta progressividade passou a ter um papel maior na formação dos 
indivíduos e a se tornar de grande importância educacional. 
 
Para eles, Sousa; Filho (2008, p. 4), “além de fornecer modelos 
comportamentais, fonte de conhecimento e de ajuda para independência emocional 
da família, também passa ser um local de formação para o ser social [...]”. 
Diante do observado, percebe-se que no decorrer do tempo a função da 
escola foi sendo ampliada na mesma proporção em que as relações na família se 
transformavam, o que pode reforçar o pensamento, segundo o qual, a crise 
vivenciada na escola reflete em grande parte as profundas transformações ocorridas 
mais recentemente no interior da família. Para muitos, as mudanças conduziram a 
uma desorganização generalizada no seio familiar, sobrecarregando a escola que, 
embora desempenhe função notável na formação do indivíduo, não está preparada 
para suprir certas demandas, as quais são exclusivas da família. 
No mesmo sentido, Oliveira (2000, apud, GARCIA, 2005, p. 62), ressalta: 
 
o saber parece não rondar mais a escola, e a função moral parece não ser 
mais função da família. Neste impasse de objetivação de funções, verifica-
se uma extrema dilatação nos âmbitos de atuação, especialmente nos da 
escola, a qual, como num processo de osmose, passa a ocupar, os 
perímetros internos da família, assumindo a educação moral. [...] Ao 
assumir o papel de reparadora do que foi mal feito pela família, a escola 
passa a configura-se como um apêndice dessa instituição. 
 
A afirmação feita por estes autores ratifica o pensamento de que a crise 
enfrentada nas escolas reflete a vivenciada pela família. Reconhecendo a 
30 
 
necessidade de reestruturação no ensino brasileiro, criaram-se vários dispositivos 
jurídicos, dentre eles a LEI 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 (LDB), que 
estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A partir de então, a família 
passa a representar legalmente função de destaque na educação. 
Que assim dispõe: 
 
Art.1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na 
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino 
e pesquisa, nos movimentos sociais e organização da sociedade civil e nas 
manifestações culturais. 
Art.2º A educação é dever da família e do estado, inspirada nos princípios 
de liberdade, e nos ideais de solidariedade humana; tem por finalidade o 
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
 
Portanto, as relações desenvolvidas no seio familiar são tidas como parte do 
processo da educação escolar criança. Desta forma, pode-se inferir que a partir dela 
se origina a base pedagógica do ato de aprender, pois é na família que o indivíduo 
vivencia os primeiros afetos e cuidados, ao mesmo tempo em que desenvolve suas 
habilidades que, posteriormente, serão vivenciadas e enriquecidas nas instituições 
de ensino. Visando garantir que todos tenham acesso à educação escolar; o 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA), em seu Art. 55, diz - “os 
pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de 
ensino”. 
 
3.1 FAMILIA ESCOLA: com objetivos comuns 
 
Como visto anteriormente, pode-se concluir que na sociedade 
contemporânea, “família e escola” são instituições que se complementam. Assim 
sendo, uma não substitui a outra. No entanto, quando ambas caminham juntas 
visando ao alcance de objetivos comuns, tanto ganha escola quanto família e 
sociedade. Desta forma, quando se pensa em educação de qualidade, aquela 
baseada na “formação cidadã”, ou seja, uma educação que vá além dos limites do 
conhecimento científico e profissional, necessariamente estas duas instituições 
devem ser vistas como parceiras em toda a condução do processo, principalmente 
na educação infantil e fundamental, período em que notadamente são desenvolvidas 
31 
 
todas as bases necessárias à formação do indivíduo, tanto nos aspectos morais e de 
valores, quanto do intelecto. 
 Nesse contexto, é importante a compreensão de que parceria não significa 
interferência, mas sim respeito mútuo às diferenças existentes e cooperação. 
 Na mesma concepção, Tiba (2012, p. 186), sustenta: 
 
[...] Quando a escola, o pai e a mãe usam a mesma linguagem e têm 
valores semelhantes, os dois principais contextos da criança, a família e a 
escola demonstram uma segurança e coerência extremamente favorável ao 
seu desenvolvimento. 
 
Entretanto, é preciso considerar o fato de que atualmente a escola comporta 
alunos advindos dos mais variados arranjos familiares e, portanto, cada uma deles 
representa seu próprio universo. Sendo assim, a comunidade escolar está 
convidada a superar mais um desafio. É preciso que todos entendam que a imagem 
de família pautada na figura de pai, mãe e filho, já não convive sozinha, que nem por 
isso o aluno advindo de um arranjo familiar menos tradicional deixa de ter uma 
família; que seus responsáveis, mesmo não sendo pais biológicos, são incumbidos 
por lei a assumirem suas responsabilidades para com a criança, mas que em meio a 
todas essas diferenças, a construção de um relacionamento harmonioso continua 
sendo o primeiro passo a caminho dos objetivos. 
Assim como os pais e/ou responsáveis precisam estar inteirados da vida 
escolar da criança e não apenas de como anda seu grau de aproveitamento nos 
estudos, a escola precisa estar informada do contexto vivenciado por seus alunos 
fora do ambiente escolar. Esse compartilhamento de informações entre ambas as 
partes possibilita o planejamento e aplicação de estratégias pedagógicas, no sentido 
de superar as deficiências encontradas, propiciando ao aluno um desenvolvimento 
almejado. 
Ainda de acordo com Tiba (2012, p.185), 
 
para que os pais possam conhecer realmente seus filhos, é 
importante estar bem informados de seu comportamento na escola. 
Embora não seja de sua competência, muitas vezes a escola pode 
orientar os pais a superar dificuldades domésticas com um 
determinado filho [...] se todos os pais soubessem dessa 
possibilidade de ajuda e tivessem a sabedoria de procurar a escola, 
muitos conflitos, desajustes relacionais, problemas de juventude, 
migrações e dificuldades escolares seriam, sem dúvida, resolvidos a 
tempo. 
 
32 
 
 
Na mesma proporção, a escola precisa conhecer o contexto vivenciado 
pelos alunos e, a partir desse conhecimento, implantar estratégias pedagógicas 
visando superar as deficiências encontradas no educando. Segundo Raczyskin 
(2003), (apud, SANTOS, 2010, p. 148) “para que ocorra a eficácia escolar, é 
imprescindível que a escola conheça a realidade de cada aluno, pois somente dessa 
maneira é possível adequar os processos de ensino às características particulares 
de cada um deles”. Por isso, essa relação não pode ser vista como imposta ou 
condicionada, mas espontânea e natural, pois como observado, não se trata da 
busca de interesses individuais, mas do desenvolvimento de conhecimentos, 
visando à formação do indivíduo em todos os seus aspectos. 
A esse respeito,a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), 
dispõe: 
Art. 22- A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, 
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da 
cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos 
posteriores. 
 
A mesma Lei de Diretrizes e Bases também estabeleceu mecanismos legais, 
para que essa interação pudesse ser legalmente efetivada, bem como estendeu o 
conceito de família. 
Ao tratar dessa participação, ela estabelece: 
 
Art.12.Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e 
as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: 
VII- informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e se, for o 
caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, 
bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola. 
 
Como se pode perceber, a lei foi elaborada levando em consideração as 
transformações ocorridas na estrutura familiar, o que reflete a real conjuntura 
vivenciada nas instituições escolares, apontando para necessidade do 
reordenamento das concepções organizacionais e pedagógicas implantadas, 
sobretudo na relação estabelecida entre a escola e família. Também se abre espaço 
à gestão participativa ou democrática do sistema público de ensino na educação 
básica, o que representou um grande avanço no modelo educacional. 
Nesse aspecto, a Lei de Diretrizes e Bases dispõe: 
 
33 
 
Art.14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática 
na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os 
seguintes princípios: 
I- Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto 
pedagógico da escola; 
II- Participação das comunidades escolar e local, em conselhos escolares 
ou equivalentes. 
 
Fica evidente que uma das prerrogativas da escola é prover meios de 
inclusão que possibilitem a interação e participação da comunidade escolar nos 
processos pertinentes ao desenvolvimento da educação. Desta forma, fica claro que 
é preciso haver iniciativa da escola; a partir daí, essa parceria passa ser viabilizada. 
Contudo, é certo que no contexto da educação atual não existe mais espaço para 
escola e família caminharem em lados opostos, estando evidente que dessa 
interação depende não só o desenvolvimento da educação escolar mas da própria 
sociedade, pois como visto, a nova escola deve estar pautada em formar cidadãos 
para a vida, tarefa que, se executada isoladamente, não pode ser confirmada. 
 Nessa perspectiva, todos precisam caminhar juntos e com objetivos comuns 
que possam levar à construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde haja 
mais respeito e menos violência, onde as diferenças não sejam motivos de 
discórdias, mas de cooperação. 
A esse respeito, Perrenoud (2000, apud, GARCIA, 2005, p. 38) enfoca: 
 
A parceria é uma construção permanente, que se operará melhor se os 
professores aceitarem tomar essa iniciativa, sem monopolizar a discussão, 
dando provas de serenidade coletiva, encarando-a em alguns espaços 
permanentes, admitindo uma dose de incerteza e de conflito e aceitando a 
necessidade de instâncias de regulação. 
 
Portanto, embora a responsabilidade pela educação englobe toda sociedade 
e não apenas escola e família, estas exercem funções primordiais, estando seus 
resultados diretamente vinculados com o sucesso ou fracasso educacional e social 
do indivíduo, sendo que o atual cenário denota um quadro extremamente 
preocupante e desafiador, principalmente para a escola, dada o alargamento das 
responsabilidades a ela atribuídas. 
Sendo assim, qualquer ação que seja desenvolvida pela escola visando o 
desenvolvimento educacional, necessariamente deve envolver uma relação baseada 
na cooperação entre as partes, o que muitas vezes tem se mostrado um importante 
obstáculo a ser superado. 
34 
 
Sobre o assunto, Dessen; Polonia (2007, p. 25) defende: 
 
Uma de suas tarefas mais importantes, embora difícil de ser implementada, 
é preparar tanto alunos como professores e pais para viverem e superarem 
as dificuldades em um mundo de mudanças rápidas e de conflitos 
interpessoais, contribuindo para o processo de desenvolvimento do 
indivíduo. 
 
Como visto, os desafios da realidade ora vivenciada pela comunidade 
escolar brasileira, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento da educação, 
abrange toda uma conjuntura social, cuja configuração tem sido marcado por 
profundas transformações ocorridas em escala global, desencadeando os mais 
diversos impactos na formação moral e social do indivíduo favorecendo o 
surgimento de conflitos nas relações interpessoais com prejuízos diversos para toda 
sociedade, o que reforça a necessidade de uma parceria efetiva entre família e 
escola, haja vista serem instituições notadamente formadoras dos laços que 
permeiam a formação humana com reflexos direto na sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
4 IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA 
CRIANÇA NO CONTEXTO ESCOLAR: uma Intervenção Socioescolar 
 
A relação estabelecida entre família e escola, sistematicamente tem sido 
apontada por muitos autores como fator determinante para o êxito ou fracasso 
escolar do aluno, constituindo-se um dos temas mais recorrentes no campo de 
pesquisa educacional, dada à relevância dos resultados obtidos, bem como ao 
complexo contexto no qual ambas as partes atualmente estão inseridas. 
Nessa direção, quando se considera a importância da valorização dessa 
temática como parte permanente nos processos de construção da educação, 
encontra-se uma vasta literatura, que fornece base suficientemente sólida, com fim 
de implementação de ações capazes de promover uma interação cada vez mais 
produtiva entre escola e a família. De acordo com MacBeath (1994, apud SANTOS, 
2010, p.126), “[...] o relacionamento entre o professor e os pais é crucial para contar 
com a casa como um aliado, ou torná-la a inimiga das atividades educativas (ou não 
educativas) da sala de aula”. 
O pensamento expresso pelos autores deixa evidente que essas instituições, 
embora exerçam papéis sociais distintos, estão diretamente correlacionadas e, 
necessariamente, precisam caminhar juntas, com vistas ao alcance de objetivos 
comuns, ou seja, tanto a escola quanto a família desempenham na sociedade 
funções estratégicas e, por conseguinte, são complementares. Um dos importantes 
autores o qual traz uma relevante contribuição sobre a temática, diz respeito a “Içami 
Tiba” criador da teoria da (integração relacional), segundo a qual afirma: o sucesso 
de um grupo depende do bom relacionamento entre os integrantes deste grupo. Ou 
seja, relacionamentos saudáveis geram bons frutos e estruturam as crianças, jovens 
e adultos, e consequentemente, transformam, para melhor, a sociedade. Este que 
foi um importante teórico brasileiro de renome internacional com várias obras 
publicadas ao longo de sua trajetória dentre elas: Quem Ama Educa, na qual são 
evidenciados diversos aspectos inerentes à influência exercida pela família na 
educação da criança, também exalta a necessidade de cooperação entre pais e 
professores. 
Discorrendo sobre o tema, Tiba (2012, p. 184), sustenta: 
 
36 
 
a escola sozinha não é responsável pela formação da personalidade, mas 
tem papel complementar ao da família. Por mais que a escola infantil 
propicie um clima familiar à criança, ainda assim é apenas uma escola. A 
escola oferece condições de educação muito diferentes da existente na 
família. A criança passa a pertencer a uma coletividade, que é sua turma, 
sua classe, sua escola, é um crescimento em relação ao “eu” de casa, pois 
ali ela praticamente é o centro. 
 
Assim sendo, o desenvolvimento da educação escolar, embora seja uma 
atribuição da escola, não pode ser trabalhada de forma independente ou isolada do 
seio familiar, pois como visto, esta oferece indispensávelsuporte para o 
desenvolvimento da criança em todos os seus aspectos. 
Para Tiba (2012, p, 190), “se os pais acompanharem o rendimento escolar 
dos filhos desde o começo do ano, poderão identificar precocemente essas 
tendências e, com apoio dos professores, reativar seu interesse por determinadas 
disciplinas problemáticas”. Com isso, fica claro que o trabalho escolar não deve ser 
feito de maneira isolada, mas em constante interação com a família. 
Ainda segundo Tiba (2012, p. 186): 
 
se a parceria família/escola se formar desde os primeiros passos da 
criança, todos terão muito a lucrar. A criança que estiver bem, vai melhorar 
ainda mais, e aquela que tiver problemas, receberá ajuda tanto da escola 
quanto dos pais. 
 
Portanto, analisando o atual contexto vivenciado pelas escolas brasileiras 
em que a falta de interesse por parte dos alunos é considerada um dos fatores 
preponderantes para o baixo índice de aprendizagem, a implantação de estratégias 
capazes de despertar o interesse das famílias pela vida escolar dos filhos, de forma 
que professores, pais e/ou responsáveis estabeleçam vínculos de cooperação em 
busca de superar os desafios encontrados, constitui-se uma via relevante que não 
pode ser desprezada. 
Buscando compreender como se desenvolve a relação família/escola e 
também procurando contribuir para construção e/ou aperfeiçoamento da cooperação 
entre as partes com vistas ao desenvolvimento educacional, o presente estudo traz 
uma Intervenção Socioescolar, a partir de um fórum de discussão realizado no: 
“Centro Educacional do Saber” (CES), a qual faz parte da rede privada de ensino no 
município de Florânia/RN, atendendo à modalidade infantil e fundamental I, 
envolvendo os pais e/ou responsáveis dos alunos, professores e gestores da 
referida escola. 
37 
 
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO 
 
A presente Intervenção Socioescolar foi desenvolvida na escola Centro 
Educacional do Saber (CES), situada na rua Francisco Juvenal de Moura, nº 02, 
bairro Paz e Amor, no município de Florânia, no Estado do Rio Grande do Norte. A 
referida instituição foi criada na data de 23/01/2005, a qual atende nos turnos 
matutino e vespertino, à modalidade de ensino infantil e fundamental I. 
Quanto à estrutura física, a referida escola é composta de 08 (oito) salas de 
aula, 01 (uma) sala de leitura, 01 (uma) cozinha, 01 (uma) sala de áudio visuais, 01 
(uma) sala de direção e secretaria, 04 (quatro) banheiros - sendo 02 (dois) 
adaptados para educação infantil e 02 (dois) para o ensino fundamental, 01 (uma) 
sala para orientação e coordenação pedagógica, 01 (uma) área de recreação 
composta por um mini-parque de diversão, contendo (balanço, casinha, gangorra, 
escorrego), além de uma área livre utilizada para prática de brincadeiras diversas, 
com estrutura física nova, mantendo-se sempre limpa e organizada, com visão 
ampla para todas as salas de aula e de fácil acesso para as pessoas com 
necessidades especiais. 
Quanto aos demais recursos materiais da escola, encontram-se: carteiras, 
mesas, quadros, aparelho de TV, filmadora, computador, vídeo cassete, aparelho de 
som, DVD, máquina de xerox, máquina fotográfica, bebedouro e geladeira. Todos 
esses recursos estão em ótimo estado de conservação, sendo utilizados diariamente 
na instituição, os quais são considerados suficientes para atender a demanda da 
clientela. 
Com relação ao acervo bibliográfico e recursos didáticos, a instituição 
apresenta quantidade e qualidade suficiente para suprir as necessidades dos 
educadores e educandos no processo de ensino aprendizagem. 
O Projeto Político Pedagógico desenvolvido pela escola visa ao 
envolvimento de toda comunidade escolar: gestores, coordenadores, professores e 
família, de maneira que todos colaborem para o bom desenvolvimento do plano em 
ação. 
A escola também trabalha com uma corrente filosófica que favorece o 
método de projetos denominado crítico social dos conteúdos, propagando a ideia de 
que os conteúdos vistos não podem limitar-se a atender um currículo estático e pré-
determinado, mas que estes conteúdos precisam ter significado para a vida do 
38 
 
discente, estando de acordo com a sua realidade e necessidade, colaborando para a 
formação de um cidadão crítico e atuante. 
Ainda apresenta um quadro completo de funcionários composto por: 
(professores, auxiliares de secretaria, auxiliares de serviços gerais), além de uma 
equipe pedagógica formada por gestor, coordenador e supervisor. 
Analisados os diversos aspectos inerentes à caracterização da escola, 
passou-se então a trabalhar a implementação do trabalho de Intervenção 
Socioescolar, que consistiu na realização de um fórum de discussão envolvendo os 
pais e/ou responsáveis, professores e gestores da referida instituição de ensino, 
tendo como objetivo contribuir para o desenvolvimento educacional, através da 
conscientização e incentivo à construção e/ou aperfeiçoamento da relação entre 
família e escola. A escolha da temática, objeto da intervenção, deu-se 
principalmente por se observar a dificuldade relatada por muitos educadores com 
relação ao desinteresse de muitos pais no acompanhamento da vida escolar dos 
filhos, o que pode influenciar negativamente para o aprendizado do aluno. Portanto, 
desenvolver atividades que visem aproximar as famílias da escola serão de suma 
importância. 
Na mesma direção Tiba (2012, p. 186), afirma: 
 
as famílias só mudam quando atingidas por algum evento muito forte. Por 
estar por dentro dos avanços culturais, a escola deve orientar os pais com 
leituras adequadas, esclarecimentos e palestras. Os pais precisam dessa 
orientação e inclusão. 
 
Em síntese, quando se analisa o pensamento expresso pelo referido autor, 
pode-se concluir que cabe à escola desenvolver ações que possam despertar o 
interesse das famílias em participar, de modo efetivo, da vida escolar do aluno. 
 
4.2 METODOLOGIA DE TRABALHO 
 
No contexto escolar, o processo de ensino e aprendizagem, muitas vezes é 
interpretado de maneira muito restrita, pois muitos acreditam que a responsabilidade 
do ensinar e do aprender se limita apenas ao professor e ao aluno, sendo que, na 
realidade, este processo é muito mais complexo e abrangente e, para alcançar os 
seus objetivos, se faz necessário o envolvimento de vários seguimentos, em 
39 
 
especial a interação entre família e escola, através de uma efetiva participação dos 
pais no acompanhamento escolar dos filhos, o que nem sempre acontece de forma 
satisfatória. De acordo com Oliveira (2008, p. 9), “quando se encontra o equilíbrio 
na integração escola/família, formam-se cidadãos para a vida”. 
Outros teóricos enfocam que, embora essencial, essa relação nem sempre 
se desenvolve de maneira eficiente, tendo em vista a má percepção, tanto de 
educadores quanto das famílias, nas responsabilidades assumidas. Segundo 
Bhering (2003), quanto à função de cada um, (pais e professores), embora 
apresentem preocupações comuns, como o bom desempenho escolar das crianças, 
pais e professores acreditam ter tarefas diferentes e mostram-se relutantes em fazer 
aquilo que consideram ser tarefa do outro. 
Frente a essa realidade, o que fazer para aproximar os pais da escola? A 
participação da família constitui uma forma significativa de colaboração. Ao 
promover maior aproximação destas na vida escolar da criança, propicia-se a 
interação necessária ao bom desenvolvimento do aluno, contribuindo para 
superação do déficit de aprendizagem e diminuição da evasão escolar. Contudo, 
para que essa aproximação seja efetivada de maneira eficiente, é preciso que a 
escola faça a sua parte, buscando essa aproximação com uma proposta pedagógica 
que envolva não só o aluno como também suas famílias. 
Por isso, para um melhor entendimento da comunidade escolar sobre a 
“importância da participação da família na escola”, é importante que se busque 
métodos queauxiliem não apenas a realização do trabalho, mas principalmente que 
sejam ferramentas capazes de contribuir para alcance dos objetivos propostos. 
Assim, buscando o melhor aproveitamento possível por parte dos 
participantes, na realização do fórum de discussão utilizaram-se recursos 
audiovisuais e de multimídia, haja vista serem tecnologias que apresentam 
resultados significativos, principalmente quando considerado o tipo de ação a qual 
foi desenvolvida. Nesse sentido, a metodologia empregada envolveu a exposição de 
material teórico, ilustrações relacionadas e palestras ministradas por profissionais 
especialistas: 01 (uma) psicóloga, 01 (uma) assistente social, que possibilitaram a 
interação entre os participantes, despertando interesse e fomentando o debate. 
 
 
 
40 
 
4.3 RECURSOS DIDÁTICOS UTILIZADOS 
 
Os recursos didáticos podem ser compreendidos como conjunto de materiais 
que podem ser utilizados de forma simultânea ou não, cujo fim é auxiliar no 
processo de ensino-aprendizagem. São classificados como: recursos naturais, 
pedagógicos, culturais, dentre outros. Também podem ser classificados como 
audiovisuais, tecnologias independentes e dependentes. 
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), material 
didático é um instrumento de trabalho. Na sala de aula, informa, cria, induz à 
reflexão, desperta outros interesses, motiva, sintetiza conhecimentos e propicia 
vivências culturais. Sua aplicabilidade só enriquece a prática docente. 
Nesse contexto, Souza, (2007 p. 111) afirma que “recurso didático é todo 
material utilizado como auxílio no ensino-aprendizagem do conteúdo proposto para 
ser aplicado pelo professor a seus alunos”. 
 Historicamente, a evolução dos recursos, como propõe, Wilbur Schramm 
(2004), passa por quatro gerações. Primeira geração: explicação no quadro, mapas). 
Segunda geração: manuais, livros, textos impressos. Terceira geração: gravações, 
fotografias, filmes, fixos, rádio, televisão. Quarta geração: laboratórios linguísticos, 
instrução programada, emprego de computadores. 
Os recursos didáticos dividem-se em: recursos visuais, recursos auditivos, 
sendo que escolha e aplicabilidade de cada um deles deve estar relacionada 
diretamente com o trabalho a ser desenvolvido e aos objetivos almejados, 
configurando-se de suma importância para o bom desenvolvimento das atividades 
propostas, pois a partir desses recursos são colocados em prática projetos 
previamente elaborados. 
Levando em consideração os objetivos e as peculiaridades envolvidas na 
realização da Intervenção, optou-se porutilizar os seguintes materiais: 
 Data show; 
 Frases reflexivas; 
 Lápis; 
 Papel; 
 Cartolina; 
 Notebook. 
41 
 
4.4 AVALIAÇÃO 
 
A avaliação constitui-se parte importante do trabalho desenvolvido, pois, 
como sabido, é através dela que se pode concluir se os objetivos almejados através 
da implementação do projeto foram alcançados ou não, em que grau isso ocorreu, 
se de maneira parcial ou total. Essas informações serão consideradas o resultado 
prático de todo um projeto teórico apresentado e, consequentemente, fornecerão 
base de sustentação para apresentar uma conclusão sobre a pesquisa ou estudo 
levantado. 
Conforme define Luckesi (1996, p. 33), “é como um julgamento de valor 
sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de 
decisão". Ou seja, ela implica um juízo valorativo que expressa qualidade do objeto, 
obrigando, consequentemente, a um posicionamento efetivo sobre o mesmo. 
No mesmo sentido, Demo (1996, apud, GONÇALVES; AZEVEDO), destaca: 
 
refletir é também avaliar, e avaliar é também planejar, estabelecer objetivos 
etc. Daí os critérios de avaliação, que condicionam que seus resultados 
estejam sempre subordinados a finalidades e objetivos previamente 
estabelecidos para qualquer prática, seja ela educativa, social, política ou 
outra. 
 
Considerando todo o contexto no qual a Intervenção Socioescolar foi 
desenvolvida, a avaliação constou da aplicação de questionários previamente 
elaborados, contendo 10 (dez) questões fechadas, que foram respondidas por 
professores, gestores da escola e pais e/ou responsáveis ali presentes. 
Esses questionários contemplaram questões pertinentes a toda temática 
apresentada e discutida no decorrer do trabalho, o que possibilitou a obtenção de 
informações relativas ao contexto vivenciado pelas partes, aproveitamento do 
trabalho desenvolvido, assimilação dos conteúdos ministrados, impactos gerados e 
sua contribuição no âmbito do desenvolvimento escolar e social da comunidade. 
Participaram da avaliação um total de 100 integrantes da comunidade 
escolar, dos quais 85 (oitenta e cinco) foram pais e/ou responsáveis e 15 (quinze) 
entre professores e gestores da escola. Depois de analisados os resultados colhidos 
conforme constam no (gráfico 03), ficou demonstrado que tanto educadores quanto 
os pais e/ou responsáveis são unânimes ao afirmarem que a participação da família 
42 
 
é de fundamental importância para o desenvolvimento escolar do aluno. Veja-se o 
gráfico 03: 
 
GRÁFICO:03
 
 
 
Conforme denotam os números, pode-se entender que existe um 
pensamento comum entre família e escola, o que em tese remeteria a uma 
participação efetiva de todas as famílias no acompanhamento escolar dos alunos. 
No entanto, quando se observam outros dados resultantes sobre a questão, verifica-
se um posicionamento diferente, tanto dos pais quanto dos educadores, apontando 
que na realidade essa participação precisa ser aprimorada. 
Nesse sentido, quando perguntados se existe omissão por parte da família 
quanto ao acompanhamento escolar do aluno, todos os educadores responderam 
que (SIM), resposta seguida pela grande maioria dos pais e/ou responsáveis, 
conforme demonstra o gráfico 04: 
 
 
 
 
 
PROFESSORES E
GESTORES
PAIS E/OU
RESPONSÁVEIS
SIM 15 85
NÃO 0 0
15 
85 
0 0 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
TO
TA
L 
D
E 
P
A
R
TI
C
IP
A
N
TE
S 
 A COOPERAÇÃO DA FAMÍLIA É FUNDAMENTAL PARA O 
DESENVOLVIMENTO ESCOLAR DA CRIANÇA? 
43 
 
GRÁFICO: 04 
 
 
 
Como visto, apenas uma pequena parcela dos participantes notadamente 
restrita aos pais e/ou responsáveis considera não haver omissão por parte das 
famílias no acompanhamento escolar dos filhos; portanto, comparando as respostas 
dos quesitos (importância da família para o desenvolvimento escolar do aluno) e se 
(existe omissão por parte dos pais no acompanhamento escolar dos filhos), pode-se 
concluir que, embora todos os participantes sejam conscientes das suas 
responsabilidades frente aos desafios da educação, a grande maioria concorda que 
muitos pais não cumprem com seu papel na educação escolar dos filhos. 
Outro dado relevante diz respeito ao quesito (continuidade em casa do 
trabalho desenvolvido em sala de aula), se a maioria dos pais colabora com os 
professores incentivando seus filhos e auxiliando-os com tarefas escolares. 
Confrontando os números, vê-se certa divergência frente ao posicionamento 
adotado pelos educadores e os pais e/ou responsáveis. Observe-se o gráfico 05: 
 
 
 
 
 
PROFESSORES E
GESTORES
PAIS E/OU
RESPONSÁVEIS
SIM 15 73
NÃO 0 12
15 
73 
0 
12 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
TO
TA
L 
D
E 
P
A
R
TI
C
IP
A
N
TE
S 
 EXISTE OMISSÃO POR PARTE DAS FAMÍLIAS NO 
ACOMPANHAMENTO ESCOLAR DOS FILHOS? 
44 
 
GRÁFICO: 05 
 
 
 
Os números expostos no (gráfico 05) aparentam estar na contramão 
daqueles trazidos no (gráfico 04), pois enquanto naquele a grande maioria dos 
questionados concordam existir omissão por parte das famílias no acompanhamento 
escolar dos filhos, neste as respostas parecem convergir na maior parte, em sentido 
contrário. 
Entretanto,

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