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GENÉTICA MICROBIANA – ENGENHARIA DE BIOPROCESSOS – 2º ERE - 2021 Estudo Dirigido 1 – Nucleotídeos e Ácidos Nucleicos; Estrutura dos Ácidos Nucleicos; Metabolismo do DNA (Replicação, Reparo e Recombinação) e Mutações Gênicas Profa. Isabel Cristina Braga Rodrigues isabelcbraga@ufsj.edu.br Campus Alto Paraopeba - Bloco 2 - Sala 218 1. Mostre, com esquemas, a estrutura dos nucleotídeos que compõe o DNA e o RNA, indicando os locais onde ocorrem as ligações de hidrogênio entre duas moléculas de DNA e as ligações peptídicas entre os nucleotídeos. 2. Explique como é organizada a molécula de DNA, enfatizando seus componentes e orientação. Comente as formas A, B e Z. A forma B (estrutura de Watson e Crick também é conhecida como forma B do DNA ou B-DNA) é a estrutura mais estável para uma molécula de DNA de sequência aleatória sob condições fisiológicas, sendo, desta forma, o ponto de referência padrão em qualquer estudo das propriedades do DNA. Duas variantes estruturais que tiveram suas estruturas cristalográficas bem caracterizadas são as formas A e Z. A forma A é favorecida em muitas soluções que são relativamente livres de água. O DNA é ainda organizado na forma de dupla-hélice à direita, mas a hélice é mais larga e o número de bases por volta helicoidal é 11, em vez de 10,5 como no B-DNA. O plano dos pares de bases no A-DNA está inclinado em cerca de 20º relativo aos pares de bases do B-DNA, então os pares de bases no A-DNA não estão perfeitamente perpendiculares ao eixo da hélice. Essas mudanças estruturais aprofundam o sulco maior enquanto fazem o sulco menor mais superficial. Os reagentes usados para promover cristalização de DNA tendem a desidratá-lo, e assim a maioria das moléculas de DNA pequenas tendem a cristalizar na forma A. A forma Z do DNA é um afastamento mais radical da estrutura B; a diferença mais óbvia é a rotação helicoidal à esquerda. Nessa forma são encontrados 12 pares de bases por volta helicoidal, e a estrutura aparece mais delgada e alongada. O esqueleto de DNA adquire uma aparência de ziguezague. Certas sequências nucleotídicas dobram em hélices Z à esquerda muito mais facilmente que outras. Para formar a hélice à esquerda no Z-DNA, os resíduos púricos mudam para a conformação syn, alternando com pirimidinas na conformação anti. O sulco maior é pouco aparente no Z-DNA, e o sulco menor é estreito e profundo 3. Compare as moléculas de RNA e DNA. Por que a molécula de RNA é menos estável? O DNA é uma estrutura maior e mais extensa que o RNA. O DNA contém duas cadeias que se complementam uma à outra e que se conectam através de ligações químicas. O RNA consiste em um único cordão. Tanto o DNA quanto o RNA contém duas bases púricas principais, adenina (A) e guanina (G), e duas pirimídicas. No DNA e no RNA, uma das pirimidinas é a citosina (C), mas a segunda pirimidina não é a mesma nos dois: é a timina (T) no DNA e a uracila (U) no RNA. Apenas raramente a timina é encontrada no RNA ou a uracila no DNA. Os ácidos nucleicos têm dois tipos de pentoses. As recorrentes unidades desoxirribonucleotídicas do DNA contêm 29-desoxi-D-ribose e as unidades ribonucleotídicas do RNA contêm D-ribose. Embora o DNA e do RNA pareçam ter duas diferenças – pentoses diferentes e a presença de uracila no RNA e timina no DNA – é a pentose que define a identidade do ácido nucleico. Se o ácido nucleico contém 29-desoxi-D-ribose, é DNA por definição, embora possa apresentar alguma uracila. Da mesma forma, se o ácido nucleico contém D-ribose é RNA, independentemente da sua composição de base. O DNA é estruturalmente mais estável que o RNA, em parte por causa da composição da sua porção açúcar. A desoxirribose, que carece de um átomo de oxigênio, não reage tão prontamente quanto a ribose. Às vezes, as moléculas de açúcar perdem suas ligações com as bases nitrogenadas: esses erros acontecem com mais frequência no RNA que no DNA. A cadeia dupla de DNA também estabiliza a molécula, impedindo que os produtos químicos a destruam facilmente. 4. Por que a dupla-hélice é a forma mais estável do DNA? Porque a forma de dupla hélice é bastante forte. O DNA toma esta forma naturalmente por duas razões. Tem de ser 'dupla' de maneira que possa conseguir replicar-se e a hélice, estando entrelaçada, é mais forte que duas cadeias paralelas porque puxando em uma direção qualquer a cadeia não se desfaz, por isso é a forma mais estável da molécula. 5. Foi descoberto um novo vírus, cujo genoma tem 28% de A, 23% de T, 24% de C e 25% de G. O que isto lhe diz sobre o genoma do vírus? O conteúdo de A é diferente de T e o C diferente de G, o que nos diz que ele não ocorre o pareamento, logo esse DNA é de fita simples ( ou seja um RNA). Essas proporções nos indicam que o genoma desse vírus é composto de DNA fita simples. 6. Se o conteúdo GC de uma molécula de DNA é de 56%, quais as porcentagens das quatro bases (A, T, C, G) nesta molécula? A quantidade de Adenina será de 22% no filamento de DNA. Esse número se deve ao fato das bases nitrogenadas se agruparem aos pares, e cada uma possui um par único, no caso da citocina, é a guanina, e da adenina é a timina. Já que temos 56% de guanina + citocina, pode-se confirmar que temos 28% de guanina e 28% de citocina, totalizando os 56% do código genético, os outros 48% só podem ser adenina e timina, já que estão presentes na mesma quantidade, temos que 24% do DNA é adenina e o resto do DNA será timina. 7. Se a timina constitui 15% das bases em uma molécula específica de DNA, que porcentagem de bases tem a citosina? Se a timina tem 15%, logo a adenina também tem 15%, totalizando 30% do código genético, o restante 70% são de citosina 35% e guanina 35%. 8. A temperatura na qual uma amostra de DNA se desnatura pode ser usada para avaliar a proporção de seus pares de nucleotídeos que são GC. Qual seria a base para esta determinação, e o que uma alta temperatura de desnaturação de uma amostra de DNA indicaria? Citosina e Guanina se ligam através de três ligações de hidrogênio, enquanto Adenina e Timina se ligam através de duas ligações de hidrogênio. A molécula em questão sofrerá desnaturação mais facilmente caso apresente maior número de pares A-T e será desnaturada menos facilmente caso apresente maior número de pares C-G. 9. Explique o que significa replicação conservativa e semiconservativa. A replicação do DNA é um processo semiconservativo, pois cada uma das suas moléculas recém formadas conserva uma das cadeias da molécula que a originou e forma uma cadeia nova, complementar ao seu molde. Na conservativa, a replicação produz dois dúplex: um formado por duas fitas molde, e outro, por duas fitas filhas. 10. Explique o processo de replicação do DNA, utilizando uma figura que mostre as duas forquilhas de replicação. Explique o que são fragmentos de Okazaki, proteínas SSB e primer de RNA, e as funções das proteínas DNA polimerase I, DNA polimerase III, RNA primase, helicase, DNA ligase. A fita de DNA é composta por ligações fosfodiéster do carbono 5’ de uma base nitrogenada ao carbono 3’ de outra base, na fita contínua a polimerização das bases nitrogenadas é feita de forma ininterrupta, o que não ocorre na fita descontínua, onde a polimerização ocorre com algumas interrupções e correndo a adição de novos primers para que haja a polimerização, esses fragmentos de que "construídos" são denominados fragmentos de Okazaki. As proteínas SSB possuem afinidade imensa com a fita simples de DNA ela tem um papel importantíssimo na replicação, pois previnem o reanelamento da molécula de DNA assim essa proteína age impedindo essa retorção. Os primers de RNA são pequenas sequências de RNA que funcionam como iniciadores do processo de polimerização das bases, a partir do molde deDNA. A DNA polimerase I, embora não seja responsável pela maior parte da transcrição gênica ela possui atividade de exonuclease e é responsável pelo reparo do DNA, como atividade exonuclease revisora ela catalisa a hidrólise de nucleotídeos não pareados um de cada vez na ponta 3’ da cadeia de DNA, assim desta forma realizando a revisão da polimerização, ela realiza a revisão 5’-3’ ligação fosfodiéster terminal, essa atividade exonucleásica 5'-3' é importante pela remoção do primer e para revisão de erros como dímeros de pirimidinas. A DNA polimerase III é a principal responsável pelas ligações dos nucleotídeos à fita molde, ela tem uma alta processabilidade, potência catalítica e alta fidelidade à fita molde, ela é uma haloenzima assimétrica que desliza pela fita simples enquanto 1000 nucleotídeos por segundo são polimerizados pela ação catalítica da enzima. A RNA primase é a enzima responsável pela sintetização do primer iniciador o qual, posteriormente será complementado pela DNA polimerase. A helicase é a enzima responsável pela quebra das ligações de hidrogênio que fazem as ligações de uma fita a outra desta forma a forquilha se movimenta abrindo a fita dupla. A DNA ligase é responsável por catalisar a ligação fosfodiéster entre fitas de DNA que são complementares, formando assim uma fita contínua de DNA. 11. Por que a polimerização de ácidos nucléicos ocorre somente na direção 5’→3’? A enzima que realiza a abertura da dupla fita, tem sempre como ponto inicial de abertura localizada no carbono 5’ dessa forma a iniciação da polimerização do DNA também ocorre no sentido 5’→3 inicial de quebra de ligação. 12. Qual é a importância da atividade de exonuclease 5’→3’? Quais enzimas possuem essa atividade? Degrada nucleotídeos de uma das fitas, desmanchando a dupla hélice (remove oligonucleotídeos iniciadores). A atividade enzimática da DNA polimerase I que remove o primer de RNA tem uma atividade de exonuclease diferente - esta enzima remove um nucleotídeo de cada vez do 5’ do primer 13. Como o estado de metilação do DNA interfere na replicação? Por que esse processo é importante? Num mesmo organismo pluricelular existem diferentes tipos de células e as diferenças são induzidas pelo controle dos genes que são transcritos (ativados) em cada célula. Algum processo deverá atuar no DNA para que esses diferentes tipos de células se formem durante o desenvolvimento do ser vivo, de outra forma, todas as células somáticas do organismo, possuidoras da mesma carga cromossômica, seriam idênticas. O processo de controle da transmissão de genes ativados e desativados, de uma geração de células às seguintes, ainda não está bem esclarecido. O que se sabe é que muitas células mantêm as suas características únicas quando são estabelecidas em cultura in vitro. Os mecanismos regulatórios envolvidos devem ser estáveis e, uma vez estabelecidos, são transmitidos às células-filha quando a célula se divide. Existem vários modelos para explicar os mecanismos da regulação génica. A metilação do DNA, suprime a transcrição de determinados genes e também promove a alteração da estrutura da cromatina para formas mais condensadas. Mas, o modelo proposto para explicar a influência da metilação do DNA na expressão gênica, não deixa de ser polêmico pois, para uma grande parte dos genes envolvidos nesse último fenômeno, torna-se necessário o controle adicional de determinadas proteínas regulatórias. Talvez a metilação influencie profundamente a alteração da estrutura da cromatina e que, de alguma forma, isso conduza à inativação gênica. As sequências muito repetidas do genoma parecem favorecer a forma em Z do DNA e essas regiões são, em geral, menos sensíveis às endonucleases. Existem evidências de que essas zonas são fortemente metiladas e também que contêm muitos genes inativos (Felsenfeld & McGhee, 1982; Rich et al., 1984; Klaas & Amasino, 1989). Ainda não é clara a relação entre o aparecimento da forma em Z do DNA, a sua metilação e a inativação dos genes. 14. Explique o mecanismo de ação da DNA ligase. Na replicação de DNA, o trabalho das ligases é unir fragmentos de DNA recém sintetizados para formar uma fita sem emenda. As ligases usadas na clonagem de DNA fazem basicamente a mesma coisa. Se dois pedaços de DNA tiverem terminações complementares, a DNA ligase pode juntá-las para fazer uma molécula intacta. Comentado [1]: resposta13 - https://repositorio.ipcb.pt/bitstream/10400.11/676/1/19 97%20Ribeiro%20Agroforum.pdf Como a DNA ligase faz isso? Usando o ATP como fonte de energia, a ligase catalisa uma reação em que o grupo fosfato terminal da extremidade 5' de uma fita de DNA é ligado ao grupo hidroxila terminal da extremidade 3' da outra. Esta reação produz um esqueleto intacto de açúcar-fosfato. 15. Como os íons Mg2+ favorecem a ação da enzima DNA polimerase? Co-fator essencial para a atividade da Taq DNA polimerase DNA polimerase I: Especificidade requer pareamento Watson-Crick. Envolve dois íons metálicos, usualmente Mg2+; Um deles ativa o grupo 3’OH do primer para o ataque nucleofílico ao grupo fosfato do dNTP que entra; O outro orienta e eletrostaticamente estabiliza o grupo trifosfato. 16. Pode uma exonuclease remover nucleotídeos de uma molécula circular de DNA? Explique sua resposta. Exonucleases são enzimas que atuam na clivagem de nucleotídeos a partir do final (exo) de uma cadeia polinucleotídica, eliminando um nucleotídeo por vez. Através de uma reação de hidrólise há a quebra de ligações fosfodiéster pela extremidade 3' ou 5, levando em consideração uma molécula cíclica não clivada não terá como haver ação de uma exonuclease 17. Explique de forma geral os processos de reparo, citando que tipos de mutação eles corrigem e sua função no contexto celular: a. Mal-pareamento O reparo do emparelhamento errôneo ou mal-pareamento de DNA (MMR – “mismatch repair”) corrige pares errôneos de bases e alças desemparelhadas no DNA, eventualmente introduzidos por erros de replicação, ou lesões que interfiram com a atividade replicativa das DNA polimerases. Também está envolvido em meiose e recombinação. Atualmente muitos pesquisadores vêm propondo a existência de interação entre os diferentes mecanismos de reparo de DNA. Por exemplo, embora TCR tenha sido inicialmente descrito como sendo responsável pela remoção de lesões induzidas por luz UV, é hoje reconhecido por ser um fenômeno mais geral que opera em outros tipos de lesões no DNA. Entre essas, podemos citar as lesões oxidativas geradas por irradiação ionizante ou induzidas por ROS como timina glicol (Tg) e 8-oxo-7,8-diidroguanosina (8-oxoGuo)10. Outro exemplo pode ser a interação entre NER e MMR, onde MSH2 (“mismatch repair protein 2”), uma proteína conhecida por estar envolvida em MMR, foi descrita por interagir fisicamente com alguns Comentado [2]: Para mais informações: https://pt.khanacademy.org/science/biology/biotech- dna-technology/dna-cloning-tutorial/a/restriction- enzymes-dna-ligase componentes do NER. Dessa forma, o que se sugere é que os mecanismos de reparo de DNA, apesar das suas preferências por determinadas lesões, trabalham de uma forma bastante integrada. b. Por Excisão de bases Remove lesões provocadas por produtos da desaminação da citosina e adenina. Atua, principalmente, em modificações causadas por agentes endógenos. O mecanismo inicia-se, primeiramente, pelo reconhecimento e excisão de bases danificadas pelas DNA glicosilases sem ou com atividade 3’-AP liase associada. A excisão da base resulta em um sítio abásico (AP – apurínico ou apirimidínico) sem ou com incisão 3’, que é reconhecido por outro grupo de enzimas, as AP – endonucleases, que fazem a incisão na extremidade 3’ ou 5’ do sítio AP, gerando uma lacuna. Esta é preenchida através de polimerização e ligação de novos nucleotídeosà sequência de DNA. c. Por excisão de nucleotídeos O reparo por excisão de nucleotídeos (NER – “nucleotide excision repair”) é um dos mais importantes processos de reparo e tem sido intensamente estudado devido a sua versatilidade em operar, principalmente, em danos provocados por agentes exógenos que causam distorção da dupla-hélice do DNA, como por exemplo, aqueles causados por luz UV. O processo do NER em eucariontes envolve a ação de mais de 30 proteínas que atuam em 5 passos sucessivos: reconhecimento da lesão; abertura da dupla hélice de DNA onde está localizada a lesão; dupla incisão distante alguns nucleotídeos dos lados 5’ e 3’ do sítio da lesão; síntese do novo DNA utilizando como molde a fita não danificada e ligação da porção 5’ da nova fita sintetizada à cadeia pré-existente. O NER possui atividade heterogênea em regiões distintas do genoma e prossegue mais rapidamente e com maior fidelidade na fita transcrita de um gene ativo que na fita ou em um gene não transcrito. Esse processo, dependente da ação da RNA polimerase II (RNApolII), denomina-se reparo acoplado à transcrição (TCR), que assegura um rápido reparo dos genes ativos em contraponto com o reparo do genoma global (GGR), iniciado por um complexo de reconhecimento diferente. d. Por recombinação Outro mecanismo importante na proteção da molécula de DNA é o reparo por recombinação. Uma das lesões que pode ser reparada por esse mecanismo é a dupla quebra da cadeia de DNA criada por vários processos normais da célula ou por agentes exógenos, como irradiação ionizante. Existem dois caminhos envolvidos no reparo desse tipo de lesão: recombinação homóloga (HR – “homologous recombination”), que assegura um reparo bastante preciso; e junção de pontas não homólogas (NHEJ – “non-homologous end joining” ), sujeito a erro. 18. Diferencie recombinação genética homóloga e recombinação sítio-específica. Cite as principais funções destes processos. Recombinação homóloga: A permuta genética ocorre entre um par de sequências de DNA homóloga, isto é sequências de DNA com nucleotídeos iguais ou similares Funções em eucariotos: Contribui para o reparo de vários tipos de lesões no DNA Provê, em células eucarióticas, uma ligação física temporária entre as cromátides, que promove a segregação ordenada dos cromossomos na primeira divisão celular meiótica Aumenta a diversidade genética em uma população Recombinação sítio-específica: Envolve uma reação entre sítios específicos, não necessariamente homólogos. Cada sistema consiste de uma enzima (recombinase) e uma pequena (20 a 200pb) e única sequência onde a recombinase age (sítio de recombinação). Ocorre em todas as células com papéis especializados que variam de uma espécie para outra: o Regulação da expressão de certos genes. o Promoção de rearranjos de DNA programados no desenvolvimento embrionário. o Ciclos de replicação de alguns DNAs virais. A recombinação sítio-específica ocorre apenas em sequências alvo específicas e esse processo pode também envolver um intermediário Holliday. Clivam o DNA em pontos específicos e ligam as fitas aos novos parceiros. Esse tipo de recombinação é encontrada em todas as células e suas funções incluem a integração do DNA e a regulação da expressão gênica. 19. Como ocorre a formação dos intermediários de Holliday na recombinação genética homóloga? Mecanismo: As subunidades da recombinase ligam-se ao sítio de recombinação, uma fita em cada DNA é clivada em pontos particulares e as fitas clivadas unem dois novos parceiros – intermediário Holliday. 20. O que é uma mutação? É uma mudança que ocorre de forma aleatória no material genético. ● Mutação por Substituições Nucleotídicas: 1. Mutações de Sentido Trocado Uma única substituição de nucleotídeo (ou mutação pontual) em uma seqüência gênica pode alterar o código em uma trinca de bases e causar a substituição não sinônima de um aminoácido por outro no produto. Tais mutações são denominadas mutações de sentido trocado {missense) porque alteram o "sentido" da codificação do gene ao especificar um aminoácido diferente. Embora nem todas as mutações de sentido trocado conduzam a uma alteração observável na função proteica, a proteína resultante pode não funcionar adequadamente, pode tornar-se instável e degradar-se rapidamente, ou pode falhar em localizar a sua posição intracelular correta. Em muitos distúrbios, tais como a beta-talassemia, a maioria das mutações detectadas em diferentes pacientes compreende mutações de sentido trocado. 2. Mutações sem Sentido As mutações pontuais em uma sequência de DNA que causam a substituição de um códon normal para um aminoácido por um dos três códons de término (ou "parada") são chamadas de mutações sem sentido (nonsense). Como a tradução do RNA mensageiro (RNAm) cessa quando o códon de término é atingido, uma mutação que converte um éxon codificante em um códon de término promove a parada da tradução no meio da sequência codificante do RNAm. As consequências das mutações de término prematuras são duplas. Em primeiro lugar, o RNAm transportando uma mutação prematura é frequentemente alvo de rápida degradação (através de um processo celular conhecido como decaimento do RNAm mediado por mutações sem sentido), e a tradução não é possível. Em segundo, mesmo que o RNAm seja suficientemente estável para ser traduzido, a proteína truncada é tão instável que é rapidamente degradada dentro da célula. Enquanto algumas mutações pontuais criam um códon de término prematuro, outras podem destruir o códon de término normal e permitir, assim, que a tradução continue até que outro códon de término do RNAm seja alcançado a jusante. Tal mutação irá levar a um produto proteico anormal com aminoácidos adicionais em sua extremidade carboxiterminal, e poderá também perturbar as funções reguladoras normalmente exercidas pela região 3' não traduzida a jusante do códon de término normal. 3. Mutações que Afetam a Transcrição, o Processamento e a Tradução do RNA O mecanismo normal pelo qual os transcritos iniciais de RNA são feitos e depois convertidos em RNAms maduros (ou versões finais de RNAs não codificantes) requer um progenitor. Essa taxa, no entanto, varia de gene para gene ao longo do genoma e, talvez, de população para população ou mesmo de indivíduo para indivíduo. De forma geral, essa taxa, combinada com considerações sobre o crescimento e a dinâmica populacional, prevê que deve haver um número enorme de mutações relativamente novas (e, portanto, muito raras) na atual população mundial atual de sete bilhões de indivíduos. É previsto que a grande maioria dessas mutações seja de alterações de nucleotídeo único em porções não codificantes do genoma e provavelmente tenha pouco ou nenhum significado funcional. No entanto, em nível populacional, o impacto coletivo potencial dessas novas mutações em genes de importância médica não deve ser negligenciado. Assim, mesmo para um gene codificante de uma proteína única de tamanho médio, podemos esperar várias centenas de recém-nascidos por ano com uma nova mutação na sequência codificante deste gene. ● Deleções, Inserções e Rearranjos Algumas deleções e inserções envolvem apenas alguns nucleotídeos e são, em geral, mais facilmente detectadas pelo sequenciamento direto dessa parte do genoma. Em outros casos, um segmento substancial de um gene ou um gene inteiro é deletado, duplicado, invertido, ou translocado para criar uma nova organização de sequências gênicas. Dependendo da natureza exata da deleção, inserção ou rearranjo, uma variedade de diferentes abordagens laboratoriais pode ser usada para detectar a alteração genômica. Algumas deleções afetam apenas um pequeno número de pares de bases. Quando tal mutação ocorre em uma sequência codificante e o número de bases envolvidas não é um múltiplo de três (i.e., não é um númerocompleto de códons), o quadro de leitura será alterado começando no ponto de inserção ou deleção. O resultado das mutações é chamado de mutações de mudança de matriz de leitura (frameshift). A partir do ponto de inserção ou de deleção, uma sequência diferente de códons é, portanto, gerada, codificando aminoácidos incorretos seguidos por um códon de término na matriz alterada, o que levará a um produto proteico funcionalmente alterado. Em contraste, se o número de pares bases inserido ou deletado for um múltiplo de três, não ocorrerão mudanças na matriz de leitura e haverá uma simples inserção ou deleção de aminoácidos correspondentes no produto gênico normalmente traduzido. Inserções ou deleções maiores, que variam de cerca de 100 a mais de 1.000 pb, são tipicamente referidas como "indels", como vimos no caso de polimorfismos anteriores. Elas podem afetar múltiplos éxons de um gene e causar distúrbios maiores na sequência codificante. Um tipo de mutação de inserção envolve a inserção de um elemento móvel, como aqueles pertencentes à família de DNA repetitivo LINE. Estima-se que, em qualquer indivíduo, aproximadamente 100 cópias de uma subclasse particular da família LINE no genoma sejam capazes de se movimentar por retrotransposição, como abordado anteriormente. Tal movimento não só gera diversidade genética em nossa espécie, como também pode causar doenças por mutagênese insercional. Por exemplo, em alguns pacientes com a hemorragia grave do tipo hemofilia A são encontradas seqüências LINE com vários pares de quilobases de tamanho inseridas em um éxon do gene do fator VIII, que interrompem a seqüên cia de codificação e inativam o gene. Inserções LINE ao longo do genoma também são comuns em câncer de colo, refletindo a retrotransposição em células somáticas. 21. Como o tautomerismo das bases do DNA pode gerar mutantes pontuais? Quais são as possíveis mutações que ocorrem no DNA devido a tautomerismos? A adição de bases incorretas algumas vezes ocorre porque uma base está momentaneamente na forma tautomérica não usual, permitindo que ela forme ponte de hidrogênio com um parceiro incorreto. 22. Como os seguintes agentes químicos causam mutações: a. Ácido Nitroso: Sua atuação consiste em alterar a estrutura das bases. O ácido nitroso (HNO2), responsável pela desaminação da adenina e da citosina. A adenina desaminada se transforma em hipoxantina (figura abaixo), que pareia com a citosina e não com a timina (A-T se transforma em G-C). b. 5-Bromo Uracila Devido à sua semelhança com determinadas bases nitrogenadas, eles podem ser incorporados ao DNA, substituindo-as. O 5-bromouracil, análogo da timina, que normalmente se liga à adenina. Ele pode, entretanto, sofrer alterações estruturais e se ligar à guanina. Dessa forma, na duplicação seguinte, o par A-T muda para G-C (figura a seguir), caracterizando uma mutação gênica do tipo transição, como veremos mais adiante. c. Agentes Intercalantes Reagem com o DNA adicionando grupamentos etil ou metil às bases, enfraquecendo sua ligação com a desoxirribose. Como consequência, há um mau pareamento ou total perda da base modificada, criando uma falha. A principal base afetada é a guanina, embora outras também possam ser alquiladas. A guanina perdida, por exemplo, pode ser substituída por qualquer outra base nitrogenada. Como exemplos desses agentes citamos: DES (dietilsulfato), EMS (etilmetanossulfonato), enxofre nitrogenado e gás mostarda. Este último foi um dos primeiros grupos de mutagênicos químicos descobertos graças a estudos envolvendo operações militares durante a Segunda Guerra Mundial. Os agentes alquilantes constituem os mais potentes mutagênicos.
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