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Polarização da luz Vitor Souza Premoli Pinto de Oliveira Física exp. II – Licenciatura em Física – CCENS Universidade Federal do Espírito Santo – UFES 2019/02 - Alegre-ES Resumo. O presente relatório tem como objetivo a analise acerca do fenômeno de polarização da luz, tendo como objeto de estudo a pratica oriunda de polarizadores, bem como a exploração do uso do ângulo de Brewster; não obstante, será produzido uma discussão do efeito de rotação de Faraday e sua relação com o uso de polarizadores. Palavras chave: Polarizadores, Ângulo de Brewster, Rotação de Faraday _______________________________________________________________________________________ 1. Introdução A polarização é uma característica de uma onda eletromagnética que tem como função indicar a orientação dessa onda. Sempre se usa como direção de uma polarização de onda como base o vetor campo elétrico �⃗� ,à medida que este se propaga num meio material, e não o vetor campo magnético �⃗� . Isso se deve “pois quase todos os detectores de ondas eletromagnéticas funcionam pela ação da força elétrica sobre os elétrons do material e não pela ação da força magnética” [1]. Dessa forma, por exemplo, quando o campo elétrico (e, consequentemente o campo magnético) oscila em uma única direção, diz-se que a luz é linearmente polarizada, ou plano polarizada Figura 1 [1] Polarização linear, [2] Polarização circular, [3] Polarização elíptica Existem outros tipos de polarização, tal como é retratado na figura 1, podendo estar comportado de forma linear, circular ou elíptica. Ondas produzidas por emissoras de rádio, por exemplo, são em geral linearmente polarizadas. Para a luz visível, a situação é diferente. Fontes comuns de luz, tais como lâmpadas emitem ondas eletromagnéticas que não são polarizadas. Dessa forma, a sua propagação acaba sendo em todas as direções transversais possíveis. 1.1. Filtros polarizadores Para produzir um feixe de luz polarizada a partir de uma fonte de luz não polarizadas (denominada também de luz natural) é necessário literalmente de um filtro polarizador que tem como função passar somente uma componente da onda com polarização em determinada direção. O filtro mais comum responsável por isso é o chamado polaroide (nome derivado da marca registrada Polaroid). “Desenvolvido inicialmente pelo cientista norte-americano Edwin H. Land, esse material apresenta uma propriedade chamada dicroísmo, uma absorção seletiva na qual um dos componentes da onda é absorvido muito mais acentuadamente do que o outro” Figura 2 Luz natural incidindo sobre um polaroide Portanto, assim como é mostrada na figura 2, quando um feixe de luz natural atinge o polarizador, apenas uma componente da onda é emitida, nesse caso a indicada pelo eixo de polarização, e o resto é absorvida pelo aparelho. 1.2. Polarização por reflexão A luz natural pode ser polarizada parcialmente ou totalmente por meio da reflexão. Quando a luz não polarizada incide sobre uma superfície refletora, observa-se que existe uma reflexão preferencial para as ondas em que o vetor campo elétrico vibra perpendicularmente ao plano de incidência. Para um determinado ângulo de incidência 𝜃𝑃, denominado ângulo de Brewster (ou ângulo de polarização, observa-se que a luz refletida é linearmente polarizada na direção perpendicular ao plano de incidência e o feixe refratado é parcialmente polarizado, paralelamente ao plano de incidência, assim como é mostrada na figura 3. Figura 3 Luz incidindo sobre uma superfície refletora e sofrendo polarização “Em 1812, o cientista inglês sir David Brewster descobriu que, quando o ângulo de incidência é igual ao ângulo de polarização 𝜃𝑃, o raio refletido é perpendicular ao raio refratado” [2]. Dessa forma, tendo a figura 3 como referência, podemos dizer que 𝜃𝑏 = 90° − 𝜃𝑃 . Se usarmos a lei de Snell com base nisso, podemos ver que: 𝑛𝑎𝑠𝑒𝑛𝜃𝑃 = 𝑛𝑏𝑠𝑒𝑛𝜃𝑏 (1) 𝑛𝑎𝑠𝑒𝑛𝜃𝑃 = 𝑛𝑏𝑠𝑒𝑛(90 − 𝜃𝑃) = 𝑛𝑏𝑐𝑜𝑠𝜃𝑃(2) 𝑇𝑔𝜃𝑃 = 𝑛𝑏 𝑛𝑎 (3) 𝜃𝑃 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( 𝑛𝑏 𝑛𝑎 ) (4) Dessa forma, conseguimos uma relação que nos indicará o ângulo responsável por polarizar a luz, ou melhor dizendo, o próprio ângulo de Brewster. 1.3. Rotação de Faraday Ainda se tratando de polarização, um efeito que será estudado no presente relatório é o chamado “rotação de Faraday”. O efeito “foi observado em 1845 por Michael Faraday em um pedaço de material vítreo colocado entre os polos de um eletroímã” [3]. o mesmo se trata de um efeito ótico- magnético em que o plano de polarização de uma onda eletromagnética sofre uma rotação à medida que a luz passa através de certos materiais e é exposta a um campo magnético paralelo a sua direção de propagação. A aplicação desse efeito vai desde analisar misturas de hidrocarbonetos ou até fazer moduladores óticos. 2. Procedimento Experimental 2.1. Polarização da luz– experimento 1 Para utilização foram usados os seguintes materiais: • 01 base metálica com duas mantas magnéticas. • 01 fonte de luz branca • 01 lente cristal convergente biconvexa com Ø 6cm e distância focal de 12cm, • 04 cavaleiros metálicos; • 01 diafragma com uma fenda; • 01 anteparo para projeção; • 02 polaroides. Primeiramente, foi colocado sobre a base metálica um cavaleiro metálico com lente convergente de distância focal 12cm e fixado no cavaleiro o diafragma com uma fenda. Após, foi colocar na extremidade da base metálica um anteparo para projeção e conseguinte ligado a fonte de luz. Logo após, foi colocar sobre a base metálica, um polaroide fixo no cavaleiro à 10cm da lente, e depois outro polaroide a 10 cm do primeiro polarizador. Em foi observado a projeção luminosa que era projetada no anteparo. Em seguida, foi girado o segundo polaroide sobre o cavaleiro num ângulo de 90º em relação ao primeiro polaroide, e novamente foi observado o que ocorria. 2.2. Polarização da luz – experimento 2 Para utilização foram usados os seguintes materiais: • 01 fonte de luz branca • 01 lente cristal convergente biconvexa com Ø 6cm e distância focal de 12cm; • 04 cavaleiros metálicos; • 01 diafragma com uma fenda; • 01 disco giratório Ø 23cm com escala angular e subdivisões de 1°(transferidor); • semicírculo de acrílico; • 01 anteparo para projeção com fixador magnético; • 02 polaroides. Primeiramente, foi colocado na frente da fonte de luz um cavaleiro metálico com uma lente convergente de distância focal 12cm e o diafragma com uma fenda. Após isso, foi ligado a fonte de luz e ajustado o raio luminoso bem no centro do transferidor. Figura 4 Esquematização do processo de polarização através do semicírculo de acrílico Depois foi colocar o semicírculo no disco ótico, conforme a figura 4, e ajustado no disco ótico de tal modo que o ângulo de incidência seja igual à 0° e o ângulo de refração também seja 0°. E assim como é mostrado na figura 4, foi fixado em outro cavaleiro metálico um polaroide e em outro cavaleiro o anteparo de projeção. Para observação, foi girado o disco ótico 20°; observando o raio refletido, foi colocado na mesma direção do raio refletido o polaroide e projetado o feixe refletido no anteparo a 10cm do polaroide. Em seguida, girou-se o polaroide em 90º e observado a projeção do feixe luminoso e após retornou-se o polaroide para a mesma posição. O mesmo foi feito para o ângulo de 40° do disco ótico. Em seguida, repetiu-se esses procedimentos para os ângulos entre 50° e 60°, com o intuito de encontrar um ângulo de reflexão de tal modo que girando o polaroide a projeção desaparecesse. 2.3. Polarização da luz - rotação de Faraday Para a prática foram utilizadosos seguintes componentes: • 01 base metálica; • 01 fonte de luz branca; • 01 lente de vidro convergente biconvexa com Ø50mm, DF 50mm, em moldura plástica com fixação magnética; • 01 lente de vidro biconvexa Ø50mm, DF 100mm, em moldura plástica com fixação magnética; • 01 lente de vidro convergente plano- convexa com Ø60mm, DF 120mm, em moldura plástica com fixação magnética; • 02 polaroides; • 05 cavaleiros metálicos; • 01 anteparo para projeção com fixador magnético; • 01 régua de plástico. Inicialmente, foram colocados sobre a base metálica a fonte de luz e os 5 cavaleiros metálicos: • O primeiro cavaleiro havia a lente de cristal convergente biconvexa com distância focal de 5cm mais a lente cristal convergente plano convexa com Ø6cm e distância focal de 12cm; • Segundo e terceiro cavaleiro continham os polaroides; • Quarto cavaleiro continha a lente de cristal convergente com Ø5cm e distância focal de 10cm, em moldura plástica com fixação magnética; • E por último, o quinto cavaleiro continha o anteparo de projeção. Para manipulação do experimento, foi ajustado a posição da lente de 5cm de distância focal com o intuito que o feixe de luz iluminasse bem o primeiro polaroide colocado a aproximadamente 10cm. Em seguida, o segundo polaroide foi colocado a aproximadamente 5cm do primeiro de tal modo que também ficasse bem iluminado. Esse ultimo foi colocado de forma cruzada com o polaroide anterior, de tal forma que impedisse a passagem de luz para o anteparo de projeção. Por fim, para observação do efeito de rotação de Faraday, foi posto a lente de 10cm de distância focal para projetar no anteparo a imagem da régua colocada entre os polaroides. 3. Resultados e Discussão 3.1. Polarização da luz– experimento 1 A fenda utilizada nesse experimento, e assim como nos próximos, teve como função permitir que a passagem da luz se concentre apenas em uma faixa luminosa, sendo dessa forma mais fácil de posicionar a luz em cima do polaroide, resultando em um efeito de polarização mais perceptível na hora que ocorresse. Figura 5 a esquerda o polarizador está com o eixo na mesma direção da luz, a direita o polarizador está com o eixo perpendicular à direção da luz. Para o evento ocorrido na figura 5, foi possível ver a ação do polarizador a direita da imagem. Em um feixe de luz que havia polarização linear na direção vertical, ao atingir o polarizador posicionado a esquerda da imagem, foi possível perceber que não houve mudança alguma na luz, visto que ao se encontrar no anteparo, praticamente não houve mudança alguma. Portanto pela lógica, se nessa posição o polarizador apenas permitia a passagem de luz na vertical, se girado, o mesmo apenas deixaria passar luz pela horizontal. Dessa forma, assim como ocorreu na figura 5, foi isso que ocorreu; foi visto que a intensidade decaiu muito em comparação com a primeira situação, demonstrando que boa parte da componente vertical da luz foi absorvida pelo polaroide. 3.2. Polarização da luz – experimento 2 Figura 6 [1] Ângulo de incidência em 20°, [2] 40° e [3] 56° Na realização do experimento, foi possível ver que à medida que se aproximava dos ângulos entre 50° e 60°, a luz começava a perder sua intensidade. Adotando que o polarizador na figura 6 está com o seu eixo de polarização direcionado apenas para a passagem da direção vertical da luz, viu que o ângulo em que se apresentava menor intensidade era o ângulo de (56,0 ±0,5)° — adotando que a incerteza de um instrumento manual é dado como a menor divisão da escala( 1°) dividido pela metade. Dessa forma, consequentemente, o ângulo achado é o chamado ângulo de Brewster. Que assim como dito na introdução, é o ângulo em que ao sofrer reflexão, a luz perde uma de suas componentes, nesse caso, a direção vertical. tolerância de erro 5%, nos podemos encontrar a tangente do ângulo de polarização, dada como (1,48 ± 0,1). Levando em consideração a expressão 3 e que o índice de refração do ar é 1, é possível produzir uma comparação quanto a índice de refração do material e verificar se o ângulo medido é realmente o ângulo de Brewster. Levando em consideração a faixa de incerteza, podemos ver que confere o resultado obtido, visto que o índice de refração do acrílico é de 1,49. 3.3. Polarização da luz - rotação de Faraday Figura 7 [1] Polarizadores no mesmo eixo de polarização, [2] Polarizadores com eixos cruzados, [3] Momento quando a régua é posta entre os dois polarizadores No primeiro caso da figura 7, a luz apenas sofre polarização em um eixo. No segundo caso, como os polarizadores estão com os eixos cruzados, a luz que é polarizada no primeiro polaroide, é praticamente absorvida pelo segundo, gerando dessa forma uma mancha escura no anteparo. Para que o anteparo voltasse a ser projetado pela luz com uma maior intensidade era necessário ou que os polarizadores estejam no mesmo eixo ou que a luz fosse rotacionada para o eixo em que estava o segundo polarizador. Para evitar a primeira opção, foi posto em prática a segunda alternativa colocando uma régua simples entre os dois polarizadores, assim como mostra a figura 7, e dessa forma, consequentemente, aplicando o efeito de rotação de Faraday. Para que ocorra o efeito e a luz possa rotacionar, é necessário que há a presença de um campo magnético paralelo a sua direção de propagação. Enfim, como é visto pela figura 7, o efeito ocorreu; isso se deu pois a presença do campo magnético se deu presente devido ao próprio aparato ao qual foi posto o experimento, visto que em volta seja a base, os cavaletes metálicos, lentes e até mesmo os polarizadores possuem na sua composição imãs( sendo os responsáveis por fixarem sobre a plataformas e bases). Originando dessa forma o campo magnético necessário para que haja o efeito de rotação. 4. Conclusão Apesar dos efeitos de polarização e até mesmo de rotação de Faraday terem ocorrido, os mesmos não ocorreram com tanta eficácia assim como era de se esperar. Os polarizadores utilizados estavam em péssimas condições, revelando aberturas grandes nas lentes ao qual em vez de polarizar a luz, deixavam a passar totalmente. Essas rupturas nos obrigavam a achar pontos da lente ao qual ainda possuía o filme responsável por polarizar, tendo que por vez inclinar o feixe de luz para que só assim conseguíssemos o efeito. Esse ato acabava deixando o feixe de luz não somente com uma direção de polarização mais, tendo, portanto, direções tanto na vertical e na horizontal. Dividindo da intensidade da luz dessa forma, a mesma não era totalmente absorvida em um eixo, assim como desejado, deixando a experimentação com cada vez mais incertezas presentes. A ideia de que as lentes estavam em péssimas condições é de maior perspicuidade no experimento de rotação, onde na situação 2 da figura 7, a projetação era para estar totalmente apagada, sendo assim totalmente absorvida pelo segundo aparato. Com a experimentação foi possível observar que o mesmo não ocorreu, apesar de se conseguir o resultado esperado, o mesmo não foi de total sucesso. 5. Referências [1] H. D. Young, R. A. Freedman., F. W. Sears, & M. W. Zemansky. (2009). Sears e Zemansky física III: eletromagnetismo. Pearson. 12° edição.13-14. [2] H. D. Young, R. A. Freedman., F. W. Sears, & M. W. Zemansky. (2009). Sears e Zemansky física III: eletromagnetismo. Pearson. 12° edição.19. [3] PINHEIRO, Felipe; SAMPAIO, Luiz C. Introdução à Magneto-Óptica–Uma abordagem microscópica. Rio de Janeiro, Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, 1999.
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