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Dispersão e comprimento de onda da luz Vitor Souza Premoli Pinto de Oliveira Física exp. II – Licenciatura em Física – CCENS Universidade Federal do Espírito Santo – UFES 2019/02 - Alegre-ES Resumo. O presente relatório possui como estudo a dispersão da luz provocada por um prisma, tendo como analise o desvio que cada comprimento de onda sofre a partir do índice de refração do meio. Não obstante, será abordada o efeito de difração e com o auxílio de uma rede de difração será determinado o comprimento de onda da luz. Palavras chave: Rede de difração, dispersão, comprimento de onda _______________________________________________________________________________________ 1. Introdução A refração é um fenômeno no qual a luz tem sua velocidade alterada a partir do momento que a onda muda de um meio para outro. A medida da mudança de velocidade da luz refratada pode ser calculada por meio de um coeficiente adimensional denominado índice de refração(n). Por definição, ele é dado como o “quociente entre a velocidade da luz, (qualquer onda eletromagnética) no vácuo e a velocidade da luz num determinado meio” [1]. Dessa forma, analiticamente, temos que o índice(n) é dado como: 𝑛 = 𝑐 𝑣 (1) Onde 𝑐 é a velocidade da luz no vácuo e 𝑣 a velocidade da luz no meio em que ela se apresenta. “Assim, o índice de refracção permite quantificar qual a influência do meio sobre a luz, comparada com a influência do vácuo sobre a luz” [2]. Um ponto para ressaltar é que levando em consideração que a velocidade da luz é o maior valor possível, podemos ver que o modulo do índice de refração sempre será maior que 1. Além de afetar diretamente a velocidade com que a luz se propaga em seu interior, o índice de refração, por meio da lei de Snell, pode indicar o desvio angular que as ondas podem sofrer na mudança de um meio para o outro. 𝑛𝑎𝑠𝑒𝑛𝜃𝑎 = 𝑛𝑏𝑠𝑒𝑛𝜃𝑏 (2) Onde 𝜃𝑎 e 𝜃𝑏 são, respectivamente, os ângulos referentes ao meio onde contém o raio incidente e raio refratado. E 𝑛𝑎 e 𝑛𝑏são os índices de refração cada meio. Figura 1 Reflexão e Refração para três casos Assim como é remetido na figura 1, podemos produzir uma análise qualitativa, onde dependendo do valor do índice de refração de ambos os materiais, traçando-se uma normal nesse diagrama, o raio refratado pode tanto se afastar dessa normal ou se aproximar cada vez mais dela. É importante notar também que assim como é mostrado na situação c, ao menos que o raio incidente seja perpendicular à interface, a luz não sofrerá desvio, independentemente dos materiais envolvidos. 1.1. Dispersão Lembrando que: 𝜆 = 𝑣 𝑓 (3) Onde 𝜆 é o comprimento de onda, 𝑣 a velocidade e 𝑓 a frequência da mesma. Se substituirmos a expressão 3 na expressão 1, e considerarmos que independente do meio a frequência da onda é a mesma, temos que: 𝑛 = 𝜆𝑜 𝜆 (4) Onde o 𝜆𝑜é o comprimento de onda no vácuo. Dessa forma, mostrando que o índice de refração para a luz em qualquer meio, exceto o vácuo, depende do comprimento de onda. Ou seja, “isso significa que quando um feixe luminoso é formado por raios de luz de diferentes comprimentos de onda, o ângulo de refração é diferente para cada raio; em outras palavras, a refração espalha o feixe incidente” [3]. Isso é justificável, visto que a “a luz branca comum é uma superposição de cores cujos comprimentos de onda abrangem todo o espectro visível” [4]. Esse efeito de espalhamento da luz é conhecido como “dispersão cromática”. Um exemplo de dispersão, ao qual também é objeto de estudo nesse relatório, é o prisma. Figura 2 Efeito de dispersão em um prisma; o tracejado na interface indica o caminho que a luz deveria percorrer. Podemos ver, pela figura 2, que em um prisma a dispersão cromática já ocorre de vez na primeira interface e é acentuada quando passa pela segunda. “O desvio (mudança de direção) produzido pelo prisma se eleva com o aumento do índice de refração e da frequência e com a diminuição do comprimento de onda” [5]. 1.2. Rede de difração Conceitualmente é definido o efeito de difração, como o alargamento sofrido por um feixe de luz ao passar for uma fenda estreita. Em decorrência do efeito de difração, além de sofrer esse alargamento, o mesmo produz uma figura de interferência denominada “figura de difração”. Assim, como mostra a figura 3, a mesma é formada por um máximo central largo e intenso (a mais clara, fruto de uma interferência construtiva das ondas), onde respectivamente de forma simétrica ao máximo central, é seguido por uma série de franjas de máximos mais estreitos, porém menos intensos. Figura 3 Figura de difração originada de um feixe de luz monocromático Geralmente, não é comum observar no dia a dia figuras de difração como é mostrado na figura 3, visto que a maioria das fontes de luz não são monocromáticas e nem pontuais. Se usássemos uma fonte de luz branca, a mesma teria uma figura de difração formada por cada comprimento de onda pertencente. Em consequência, não poderíamos ver nenhuma figura de difração individual, em virtude da superposição de ondas dessa figura. Para estudar esse conceito de difração ocorrida por uma luz policromática, usaremos como objeto de estudo a rede de difração. A mesma é um dispositivo constituído por um grande número de fendas paralelas, todas com mesma largura e com a mesma distância entre os centros de duas fendas consecutivas. Essa distância é conhecida como constante de rede(D); e se conhecida, é possível através dela, determinar comprimentos de onda, 𝜆, desconhecidos. Com efeito, da expressão: 𝜆 = 𝐷 𝑋 (𝑎2+𝑋2)1/2 (5) Onde, 𝑎 é distancia da rede de difração e o anteparo ao qual a figura de difração é projetada e X é dado como a distância do centro de cada cor até o centro do máximo central. 2. Procedimento Experimental A primeira experimentação se deu por parte da decomposição da luz através de um prisma. Para isso foram usados os seguintes materiais: • 01 fonte de luz branca; • 01 base metálica; • 01 lente cristal convergente biconvexa com distância focal de 5cm; • 01 lente cristal convergente biconvexa com distância focal de 10cm; • 01 prisma 60°; • 01 diagrama com uma fenda; • 01 disco giratório; • 01 anteparo para projeção. Dados os materiais, foi montado o experimento, assim como está sendo aludido na figura 4. Figura 4 Esquematização do experimento de decomposição da luz branca através de um prisma Tendo a fonte de luz branca acoplada a base metálica, foi colocado na frente da fonte luminosa à 4cm a lente convergente. Em seguida, foi colocado a fenda na frente da lente e ajustada sua posição a modo que depois que ligado a fonte, a mesma ficasse bem iluminada, para que logo depois fosse colocado em frente a fenda, uma lente convergente, de distância focal f=10cm. Após isso, foi colocado o suporte para disco ótico sobre a base metálica e em cima dele o prisma de 60°. Ligado a fonte de luz, foi ajustado o prisma de modo que o raio luminoso atingisse uma das faces do prisma; em seguida girou-se o prisma, com ajuda do disco ótico, até obter o espectro de decomposição da luz. Sua visualização se deu pelo auxílio do anteparo de projeção que era iluminado por esse espectro de decomposição. Registrada as observações obtidas, foi dado início para segunda parte da experimentação. A segunda experimentação se deu por parte da decomposição da luz através de um prisma. Para isso foram usados os seguintes materiais: • 01 fonte de luz branca; • 01 base metálica; • 01 lente cristal convergente biconvexa com distância focal de 5cm; • 01 lente cristal convergentebiconvexa distância focal de 10cm; • 01 diafragma com uma fenda; • 01 rede de difração 1000 fendas / mm; • 01 anteparo para projeção com fixador magnético e régua milimetrada -150mm 0 +150mm. Tendo a figura 5 como referência, foi montado o experimento assim como é aludido abaixo. Figura 5 Esquematização do experimento de determinação do comprimento de onda da luz Primeiramente, foi colocado na frente da fonte luminosa à 4cm, uma lente convergente de distância focal 5cm. Em seguida foi colocado na frente da lente o diafragma com uma fenda e depois foi utilizado uma lente convergente de distância focal 10cm para projetar a fenda no anteparo. Em seguida, foi colocado a rede de difração na frente da lente divergente e ajustado a posição da rede de modo que ficasse a 14cm do anteparo de projeção. Para finalizar, foi ligado a fonte e ajustado a lente, rede de difração e fenda de modo que a figura de difração produzida pelo anteparo ficasse bem nítida. Concluindo, foi registrado as observações e dado como encerrado as experimentações. 3. Resultados e Discussão 3.1. Decomposição da luz branca através de um prisma Através dos registros abaixo, foi possível fazer uma análise quanto ao espectro de cores que foi formado no anteparo de projeção. Figura 6 Ao lado esquerdo a projeção do espectro de decomposição da luz e a direita uma vista superior do experimento mostrando quão os feixes de luz desviaram da rota original da luz Podemos ver na figura 6, ainda que em uma intensidade fraca, que parte da luz ainda continuou percorrendo o trajeto original da mesma. Levando isso como base, podemos ver o quão os feixes desviaram do caminho que luz deveria seguir. Em uma ordem crescente de desvios temos: Violeta, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. Com relação aos extremos do desvio, é notável que o Azul sofreu maior desvio, enquanto o espectro de cor vermelha sofreu o menor desvio. De certa forma, podemos ver que isso está acordo com a teoria imposta na introdução. Já que sofrerá maior desvio aquele que tiver o menor comprimento de onda, e de fato o azul é a radiação que cumpre com esse requisito – vermelho está entre 620 e 760 nm, enquanto o azul fica entre 380 e 450 nm. Produzindo uma análise qualitativa quanto a velocidade da radiação em relação no prisma, podemos ver pela expressão (1) que terá a maior velocidade aquele que tiver o menor índice de refração dentro do prisma. Remetendo-se a figura 1, podemos ver pelo caso a (lembrando que o vidro sempre terá um índice de refração maior do que do ar) que quanto maior o índice de refração no meio b maior será o desvio; dessa forma valendo-se ao contrário. Como em um prisma a dispersão cromática já ocorre de vez na primeira interface e é acentuada quando passa pela segunda, do mesmo modo que o espectro de cor vermelha desviou menos na segunda interface, o mesmo vale para a primeira. Ou seja, a cor vermelha tem o menor índice de refração dentro do prisma e em consequência a maior velocidade dentro dele. Valendo-se da lógica aplicada, é possível fazer uma análise contrária, onde quem tem menor velocidade no prisma, acaba sendo o que tem o maior índice de refração, ou seja, o que sofreu maior desvio da trajetória. Dessa forma, o violeta acaba sendo o que tem maior velocidade nesse meio. 3.2. Determinação do comprimento de onda da luz Assim como mostra a figura 7 foi possível através do anteparo milimetrado medir as distancias X do centro de cada cor até o centro do máximo central. Vemos que a partir da raia central, a ordem das cores se dá por: Violeta, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho Figura 7 Figura de dispersão produzida pelo feixe de luz branca após atingir a rede de difração Levando em consideração que a constante da rede de difração é dada como 𝟏𝟎−𝟔 𝒎 (visto que o aparato utilizado possui 1000 linhas por milímetro) e que a distancia do anteparo até a projeção é dada como (0,140 ± 0,0005) m; através da expressão 5 é possível calcular o comprimento de onda 𝝀 de cada cor visualizada na figura 7. Tabela 1 Comprimento de onda das cores 𝒄𝒐𝒓 𝒂(𝒎) ±𝒂(𝒎)* 𝑿(𝒎) ±𝑿(𝒎)** 𝝀(𝒏𝒎) ±𝝀(𝒏𝒎)** Vermelho 0,140 0,0005 0,113 0,0005 628 2 Laranja 0,105 600 2 Amarelo 0,101 585 2 Verde 0,085 519 3 Azul 0,075 472 3 Violeta 0,065 421 3 *incerteza dada como a menor divisão da escala dividida pela metade (visto que foi usado um instrumento manual para fazer a medição); ** Incerteza dada pela formula geral para propagação de incerteza; 𝝈 = √( 𝝏 𝝏𝐕𝒂 𝝈𝐕𝒂) 𝟐 + ( 𝝏 𝝏𝐕𝑿 𝝈𝐕𝑿) 𝟐 Com uma análise visual e comparando-se com a tabela, podemos ver que a radiação que teve maior comprimento de onda 𝝀 e junto a isso a que sofreu a interferência construtiva mais afastada da raia central foi o espectro de cor vermelha, assim como é mostrada pela própria figura 7. Em uma análise analítica da expressão 3, podemos ver que aquela radiação que há a maior frequência é aquela que possui o menor comprimento de onda. É claro, adotando que a velocidade da luz no ar seja a mesma para todos os comprimentos de onda. Dessa forma, o violeta acaba sendo o comprimento de onda de maior frequência se comparada dentre as outras radiações listadas. 4. Conclusão Podemos observar como de fato os valores tabelados na tabela 1 cumpriram com os valores esperados para os comprimentos de onda, encontrados normalmente em livros e sites. Valendo também para a experimentação de decomposição da luz branca através do prisma. Segundo a introdução, o desvio da luz produzido pelo prisma se eleva com o aumento do índice de refração e da frequência e com a diminuição do comprimento de onda. Analisando os resultados obtidos, vemos que o violeta foi a radiação que ficou mais afastada da direção da luz. Consultando a tabela 1, podemos ver com veracidade, assim como cumpre a parte teórica, que essa radiação possui o menor comprimento de onda, se compararmos com o restante das cores listadas. Em decorrência, também foi a que teve a menor frequência, levando a ser uma das características de garantir o maior desvio da luz. Porém isso acaba sendo consequência da expressão 3, que assim como analisada no experimento de determinação do comprimento de onda da luz, terá a menor frequência, aquela radiação que tiver o menor comprimento de onda. 5. Referências [1] ALBERTO, Ooptometrista RAUL et al. Índice de refracção e Índice de dispersão. [2] ALBERTO, Ooptometrista RAUL et al. Índice de refracção e Índice de dispersão. [3] D. Halliday (2012). Fundamentos de Física: Óptica e física moderna. Volume 4. Grupo Gen- LTC, 19. [4] H. D. Young, R. A. Freedman., F. W. Sears, & M. W. Zemansky. (2009). Sears e Zemansky física IV: eletromagnetismo. Pearson. 12° edição.12. [5] H. D. Young, R. A. Freedman., F. W. Sears, & M. W. Zemansky. (2009). Sears e Zemansky física IV: eletromagnetismo. Pearson. 12° edição.13.
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